JOGOS COOPERATIVOS: O JOGO E O ESPORTE COMO EXERCÍCIO DA CONVIVÊNCIA – Fábio Otuzi Brotto (Resenha Crítica) Autor: Jefferson Campos Lopes
BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte como Exercício de Convivência. 4 ed. Editora: Palas Athena. 2013. Fabio otuzi brotto, nasceu em Rio Claro/SP,possui Mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1999), Bacharelado em Psicologia pela Universidade São Marcos (1989) e Licenciatura em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santo Andre (1981). Foi Co-fundador do Projeto Cooperação e atualmente é SócioFocalizador do Projeto Cooperação, criador da I Pós Graduação em Jogos Cooperativos do Brasil,docente da Universidade Holística Internacional de Brasília. Facilitador credenciado do “Jogo da Transformação” (Innerlinks-EUA e Findhorn Foundation-Escócia).
Tem
experiência na área de Educação Física e Psicologia, com ênfase em Jogos Cooperativos, Pedagogia da Cooperação, Desenvolvimento de Comunidades Colaborativas e Transformação pessoal. O livro Jogos Cooperativos: O Jogo e o Esporte como Exercício de Convivência do autor Fabio Otuzi Brotto, é uma obra inovadora que relata o uso exarcebado da competição como um único caminho a ser desenvolvido dentro da educação física. Brotto apresenta uma mudança de ensinar e aprender que busca contribuir para que as pessoas possam resgatar o seu potencial de viver juntas e realizarem objetivos comuns, aprendendo a viver uns com os outros, ao invés de uns contra os outros. Este processo é desenvolvido através da cooperação onde existe outra maneira de poder jogar além da competição atualmente utilizada ainda nos dias de hoje na educação física. Trata-se de um estudo filosófico pedagógico acerca dos jogos cooperativos para promover a ética da cooperação e desenvolver as competências necessárias para a melhoria da qualidade de vida atual para a vida das futuras gerações. 164
REVISTA MAGSUL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FRONTEIRA n. 2, v. 2 (2017) - ISSN: 2526-4788
Com os jogos cooperativos, a Educação Física pode enxergar com muito mais facilidade a integralidade do ser humano e a necessidade de trabalhar valores tais como a solidariedade, a liberdade responsável e a cooperação. Ao utilizarmos os jogos cooperativos estamos nos referindo ao envolvimento e à participação das crianças, adolescentes e adultos nos jogos, mostrando aumento da colaboração, da solidariedade, da amizade e do respeito entre elas. Assim os jogos cooperativos, irão permitir aos participantes das atividades uma nova forma de jogar, melhoria da interação social, levando-os a perceber a possibilidade de haver divertimento sem a competição a que estão acostumados dentro da sociedade. O autor ao resgatar as atividades dos participantes e adaptá-las à proposta dos jogos cooperativos, observa-se um método e uma oportunidade para estabelecer um diálogo mais próximo com as pessoas. Ao permitir a participação de todos, o professor/facilitador coloca-se em condição de igualdade e estabelece um exemplo efetivo de como abrir caminho para cooperação, o diálogo, o aprendizado recíproco e a busca de convergências passando a dar conta desse movimento, que fortalece a convivência entre todos. O livro é organizado em cinco capítulos: O jogo em uma sociedade em transformação, a consciência da cooperação, jogos cooperativos, jogos cooperativos: uma pedagogia para o esporte, o jogo e o esporte como exercício de convivência. O livro possui ainda algumas considerações finais, bibliografia e anexos. Na primeira parte do trabalho, Brotto expõe os conceitos e abordagens de jogo, fazendo uma relação dele com as dimensões do ser humano e uma relação profunda com a vida humana, afirmando que: Jogo do jeito que vivo e vivo do jeito que jogo. Trazendo a realidade de como se joga e reflexo do jeito que se vive no dia a dia dentro da sociedade.. A partir do capítulo “a consciência da cooperação”, Brotto fala sobre a diferença gritante que há entre a cooperação e a competição, quais os alcances, os objetivos e os sentimentos envolvidos em uma situação competitiva e em uma situação cooperativa. Comenta também sobre alguns mitos que surgem quando falamos em cooperação, deixando bem claro que há alternativas, não porque a competição é ruim e a cooperação é boa, mas porque a cooperação é mais necessária se queremos um mundo melhor. “Não sou contra a competição, sou francamente a favor da cooperação”. O capítulo termina com uma proposta 165
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para que o desenvolvimento da cooperação seja desenvolvido por todos, mostrando que a sociedade cooperativa é uma possibilidade, que exige um continuo olhar atento e prática constante de comportamentos cooperativos. No capítulo três Brotto, dedica-se a falar dos jogos cooperativos com profundidade, da sua origem, da sua evolução, de como esse movimento foi espalhando-se pelo mundo até chegar ao Brasil. Aqui no Brasil a trajetória dos jogos é mostrada de forma cronológica. Mostra ainda os conceitos e as características dos jogos cooperativos, principalmente contrastando com as características dos jogos competitivos. Jogos cooperativos são bem mais que jogos desenvolvidos em sala de aula, ou em quadras, por isso, Brotto mostra a visão que movimenta os jogos cooperativos e os princípios sócio-educativos da cooperação: a convivência, a consciência e a transcendência. No capítulo quatro “jogos cooperativos: uma pedagogia do esporte”, o autor discorre sobre o esporte como algo muito presente na experiência humana e como conteúdo da disciplina de Educação Física. Ao esporte ele une a pedagogia, transformando-a em uma linha de pesquisa que aplica a ciência do esporte aos princípios sócio-educativos para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. É o uso do esporte como meio de educação. Ainda nesse capítulo Brotto fala da importância da cooperação no esporte ensinando ao pedagogo do esporte todas as categorias de jogos cooperativos, os critérios para formação de grupos, a visão sobre premiação e as ações cooperativas, que são ações de criação e organização de eventos grandes de cooperação. No último capítulo, o autor relaciona tudo que foi exposto ao exercício da convivência, e estimula o leitor a desejar e lutar por um mundo melhor, sem perdedores ou vencedores, mas um mundo onde todos vencem juntos. Um verdadeiro desafio na construção de um mundo onde nós nos importamos com o outro, porque ele é parte de nós. Ao finalizar sua obra o autor apresenta uma proposta que pode ser considerada como uma filosofia de vida onde nossas experiências através dos jogos cooperativos têm demonstrado que modificar atitudes, crenças e valores que são geradores de muitos conflitos são uma forma complexa de viver na sociedade. Mostram também que há muito a aprender e a refletir sobre como desmistificar a competição e levar a cooperação além do espaço e do momento do jogo cooperativo. 166
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Assim o maior objetivo é o convívio, e a realização de planos em comum, onde é essencial saber respeitar os demais participantes, promovendo à ética e fazendo com que as pessoas que se acham inferiores , se tornem felizes com a integração no meio destes jogos cooperativos. A meu ver esta obra traz o compromisso dos educadores que é buscar o desenvolvimento e a transmissão de valores que estimulem a solidariedade, o respeito mútuo, a compaixão e muitos outros, mas sem, com isso, incentivar os alunos à resignação, à conformação e a subserviência. Ao contrário, o papel do educador, trabalhando com jogos cooperativos, é o de despertar o senso crítico para as questões sociais e para o maior desafio da humanidade o de conviver juntos respeitando as diferenças que possam existir entre todos.
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