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JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FISÍCA ESCOLAR: COMPONENTES ESSENCIAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGINIFICATIVA. COOPERATIVE GAMES IN SCHOOL PHYSICAL EDUCATION: KEY COMPONENTS FOR LEARNING SIGINIFICATIVA. Jefferson Campos Lopes Doutorando em Ciências do Desporto – UTAD Mestre em Educação - Unimonte Professor- UNIBR – São Vicente jeffted@uol.com.br RESUMO Atualmente, um dos objetivos da Educação Física escolar é aproximar o indivíduo de seu contexto cultural, social e pessoal. Para isso, dentre as diversas metodologias existentes para o ensino do movimento, encontram-se os Jogos Cooperativos. Assim sendo, este artigo apresenta uma revisão bibliográfica dos teóricos (Pcn’s,1998; Salermo,2004; Huizinga,2007; Oliver,2000; La Talle,2003; Freire, 2005; Orlick,2006; Brotto,1999; Lopes, 2002; Scalon,2004; Santos,2008 e Delors,1998), cujos fundamentos contribuem para o processo ensino-aprendizagem na formação integral do ser humano. PALAVRAS-CHAVE: Jogos Cooperativos. Educação Física. Aprendizagem. ABSTRACT Currently, one of the scholar Physical Education goals is to approach the subject of their cultural, social and personal contexts. For this, among the various existing methods for teaching movement, are the Cooperative Games. Therefore, this article presents a literature review on the theoretical authors Salerno (2004); Huizinga (2007); Oliver (2000); La Talle (2003); Freire (2005 b); Orlick (2006); Brotto (1999); Lopes (2002); Scalon (2004); Santos (2008) Delors (1998) and PCNs (1998), whose foundations contribute to the teaching-learning process in the thorough formation of the human being. KEYWORDS: Cooperative Games. Physical Education. Learning.


INTRODUÇÃO Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da Educação Física apresentam as diretrizes dos conteúdos curriculares em nível Nacional, tendo em vista orientar e garantir a coerência das políticas de melhoria de ensino, por meio de discussões, pesquisas e recomendações; além disso, auxilia a prática pedagógica dos docentes da área na construção de seu planejamento a fim de atender ao projeto políticopedagógico da escola de forma coesa e dinâmica. Neste sentido, segundo os PCNs (BRASIL, 1998, p.28) “dentro desse universo de produções da cultura corporal de movimento, algumas foram incorporadas pela Educação Física como objetos de ação e reflexão”; assim sendo, os conteúdos são justamente as produções que compõem a proposta do documento, ou seja, os esportes, jogos, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e conhecimentos sobre o corpo. De acordo com os estudos de Salerno (2004), a cultura corporal consiste em conteúdos, os quais permeiam as manifestações das danças, ginásticas, lutas, dos esportes e jogos para levar o discente a refletir, explorar, criar, recriar e entender o mundo, por meio da linguagem corporal. Segundo Huizinga ( 2007), Uma atividade livre, conscientemente tomada como ‘não séria’ e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras (HUIZINGA, 2007, p. 16).

Oliver (2000) destaca a riqueza proporcionada pelos jogos de oposição e de cooperação, os quais possibilitam à criança confrontar-se com o outro e a resolver os problemas apresentados durante a atividade realizada. Para La Taille (2003), pesquisador piagetiano, os jogos consistem em simples assimilação funcional, exercícios das ações individuais aprendidas, os quais geram ainda um sentimento de prazer pela ação lúdica em si e pelo domínio sobre as


ações; portanto, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança (LA TAILLE, 2003). Por último, Freire (2005b) infere sobre o fenômeno jogo e sua complexidade, principalmente no que se refere a suas principais características, cujo simplismo de análise de alguns autores, os quais na tentativa de descrever o fenômeno jogo, tolhem a sua visão e partem do pressuposto positivista.

JOGOS COOPERATIVOS Os jogos cooperativos foram criados e recriados com o intuito de serem desenvolvidos como uma alternativa em relação à competição. São jogos que despertam o processo de cooperação entre os participantes, a consciência de um estado ativo, pois todos são importantes, e as transições entre a vida pessoal e as atitudes na coletividade. Os primeiros jogos cooperativos, segundo Orlick (2006), foram identificados em regiões remotas do ártico canadense, com os povos aborígenes e de Papua Nova Guiné. Essas experiências influenciaram na construção dos jogos cooperativos para uma nova jornada. Brotto (1999) compreende que, pela variabilidade de situações e da população, tornou-se necessário categorizar os jogos cooperativos e suas diferentes formas de aplicação para integrar os jogos cooperativos em diferentes contextos, dentre eles, a educação física escolar, disciplina mantenedora de competições discentes constantes. A partir do quadro abaixo de Lopes (2002), visualizam-se as principais características dos Jogos Competitivos e Jogos Cooperativos.


Tabela 1 Jogos Competitivos e Jogos Cooperativos

JOGOS COMPETITIVOS São divertidos apenas para alguns.

JOGOS COOPERATIVOS São divertidos para todos.

Divisão por categorias: meninos X Há mistura de grupos, os quais brincam meninas, criando barreiras entre as juntos, criando alto nível de aceitação pessoas e justificando as diferenças mútua. como uma forma de exclusão. Os perdedores ficam de fora do jogo e Os jogadores estão envolvidos nos jogos simplesmente se tornam observadores. por um período maior, tendo mais tempo para desenvolver suas capacidades. Os jogadores não se solidarizam e ficam Aprende-se a se solidarizar com os felizes quando alguma coisa de “ruim” sentimentos dos outros e desejam acontece aos outros. também o seu sucesso. Os jogadores são desunidos.

Os jogadores aprendem a ter um senso de unidade.

Os jogadores perdem a confiança em si, Desenvolvem a autoconfiança, porque quando rejeitados ou quando perdem. todos são bem aceitos. Pouca tolerância à derrota. Desenvolve A habilidade de perseverar, em face das em alguns jogadores um sentimento de dificuldades é fortalecida. desistência, em face das dificuldades. Poucos se tornam bem-sucedidos.

Todos encontram um caminho para crescer e desenvolver.

Fonte: BROTTO, 1999, p.75 De acordo com a tabela acima, a educação do movimento se instaura em valores, tanto nos jogos cooperativos como nos competitivos; entretanto, os cooperativos


permitem a participação de todos; desenvolvem as competências e, além disso, não mantêm cobranças rotineiras, tampouco julgamentos, uma vez que ressaltam o trabalho do grupo. Como se viu, nos competitivos, existe a possibilidade de exclusão dos participantes, cujas habilidades para determinada atividade não sejam desenvolvidas. Assim sendo, é relevante o conhecimento de outras formas de jogos, os quais possam integrar a todos: ganhadores ou perdedores. Nesse sentido, os Jogos cooperativos propõem novas formas de diminuir a agressividade dos indivíduos, resgatar atitudes de solidariedade, sensibilidade, cooperação, comunicação e alegria. Tais atributos agem diretamente no processo educativo, a fim de solucionar problemas de maneira pacífica e ética. Nesses jogos, todos participam com vista à segurança do grupo, independente de suas habilidades ou capacidades (SCALON, 2004). Segundo Brotto (2001), por meio desses jogos, é possível entender que não existem problemas negativos, objetivos impossíveis e conflitos evitáveis, pois ao se compartilhar o jogo da vida de maneira cooperativa, descobrem-se formas de autoconhecimento e de intervenção com o mundo.

DESENVOLVIMENTO Como se disse, os jogos cooperativos buscam diminuir situações agressivas e promover a sensibilidade, cooperação, comunicação, alegria e solidariedade. Assim sendo, o processo traz uma aprendizagem significativa para o discente. Para Santos (2008, p. 33), “A aprendizagem somente ocorre se quatro condições básicas forem atendidas: a motivação, o interesse, a habilidade de compartilhar experiências e a habilidade de interagir com os diferentes contextos”. Em vista disso, apresentam-se duas linhas, as quais promovem a aprendizagem significativa: 1. A primeira respalda-se na Comissão Internacional da UNESCO, sobre Educação para o século XXI (DELORS, 1998) e baseia-se nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver junto. Nessa linha, conhecer é entender e conhecer o


mundo, no qual o homem se insere. Fazer, por sua vez, é por em prática os conhecimentos e a aquisição de competências. Ser é um processo dialético, iniciado pelo conhecimento de si mesmo para abrir, em seguida, a relação com o outro. Viver junto é compreender e respeitar as diferenças existentes entre os indivíduos. 2. A segunda é pedagógica e apoiada nos Eixos da pedagogia da cooperação. De acordo com Brotto (2001), são: a convivência, a consciência e a transcendência. A Convivência (vivência) é uma ação compartilhada como contexto principal para a aprendizagem, no processo de reconhecimento de si mesmo e dos outros; a Consciência (repensar) é a reflexão sobre a vivência e as possibilidades de modificar atitudes, a perspectiva de melhorar a participação, o prazer e a aprendizagem; a Transcendência (transformação) é a disposição para dialogar, decidir em consenso, experimentar as mudanças propostas e integrar no Jogo e na vida as transformações desejadas. Para que haja um resultado significativo, é necessário lembrar sempre que a competição está enraizada, pelo ser humano, como uma forma natural e única de se conquistar algo, haja vista as competições pessoais, cotidianas e profissionais. Os jogos cooperativos devem ser introduzidos em etapas, para que os alunos possam entendê-las e vivenciá-las. Segundo Brotto (2001), na Educação Física, essas etapas podem ser realizadas por meio das categorias: 

Jogos Cooperativos sem perdedores - essas categorias se formam com uma única equipe, em que todos têm o único objetivo de enfrentar um desafio comum e ao final todos ganham.

Jogos de resultado coletivo – todos em um só grupo; caracterizam-se como ação coletiva em busca de resultado comum e não do confronto.

Jogos de Inversão – são formadas equipes diferentes e, em determinado ponto, há inversão de jogadores e placares; possibilitam a percepção de que todos fazem parte do mesmo time.


Jogos Semicooperativos – são atividades indicadas para grupos iniciantes em jogos cooperativos. O objetivo é fortalecer a cooperação entre os membros do mesmo time.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a construção de atitudes cooperativas e de outros conteúdos da dimensão atitudinal, os quais fazem parte do ensino dos PCN´S na Educação Física é necessário que os jogos cooperativos deixem de ser somente uma alternativa casual no ensino. Ao aplicar os jogos cooperativos, pode-se mostrar a importância da vitória coletiva sobre a individual; desenvolver a autonomia, as interrelações sociais, o físico e o intelecto. Em uma sociedade que valoriza o “ter” em detrimento do “ser”, por meio dos jogos cooperativos é possível resgatar valores de respeito e igualdade universal. A escola pode ser um espaço de propostas educativas para resolver conflitos e aprendizagens significativas. Acredita-se na importância dos jogos cooperativos como instrumentos mediadores para a formação moral, política, crítica e social de crianças e adolescentes. Assim sendo, espera-se que os discentes estejam preparados para novos desafios, superem dificuldades e sejam encorajados a aprendizagens inéditas, as quais lhes servirão de bases sólidas para o futuro, tanto na escola como na vida. Segundo Correia (2007), a proposta dos Jogos Cooperativos, embora seja inovadora e adequada para minimizar as consequências negativas de uma Educação Física escolar extremamente competitiva, exige mais estudos para o aprofundamento dos seus aspectos filosóficos, sociológicos e pedagógicos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: educação física. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental, 1998. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício de convivência. Dissertação de Mestrado. Universidade estadual de campinas. São Paulo, 1999. ___________________ Jogos Cooperativos Criando Organizações onde todos podem VenSer Juntos!. Projeto Cooperação em parceria com o Sesc/SP. 2001. CORREIA, Marcos Miranda. Jogos Cooperativos e Educação Física Escolar: possibilidades e desafios. Digital, Buenos Aires, ano 12,n. 107, abril, 2007. FREIRE, João Batista.Jogo dentro e fora da escola (Orgs.). Campinas. Autores Associados, 2005.b HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. LA TAILLE., Y. Prefácio. In, PIAGET, J. A construção do real na criança. 3.ed. São Paulo: Editora Ática, 2003. LOPES, J.C. Educação para convivência: a contribuição dos jogos cooperativos na discussão dos pilares da educação. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. UNIMONTE/SP. 2002. OLIVER, Jean Claude. Das brigas aos jogos com regras: enfrentando a indisciplina na escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. ORLICK, Terry. Cooperative Games and sports, joyful activicties for everyone. United States. Human kinetics publishers, 2006.


SANTOS, J. C. F. dos. Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre: Mediação, 2008. SCALON, Roberto Mário. A psicologia do esporte a criança. Porto Alegre: Edipucrs, 2004. SALERNO, M.B.; ARAÚJO, P. F. Educação física escolar como espaço inclusivo. In: Movimento e Percepção, v.4, no. 4/5, p.01 – 12, 2004.


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