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JULIA ANALYCE JEFF

ARQUITETURA E URBANISMO



JULIA ANALYCE JEFF

ARQUITETURA E URBANISMO

Trabalho de estudo e intervenção do Baixo Centro - Área 3 - da disciplina de Projeto I do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas, sob a orientação da Doutora Professora Rachel Almeira. Alunos: Julia Andrade, Analyce Soares, Jefferson Soares Ferreira Belo Horizonte, dezembro de 2017


SUMÁRIO


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INTRODUÇÃO

SITUAÇÃO LOCAIS DE HISTORIA E MEMORIA USOS E MOBILIDADE

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LUGARES SOCIAIS

AMBIENTAL E VEGETAÇÃO

INTERVENÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS


INTRODUÇÃO “Não se pode ler a cidade a partir de um eixo classificatório único: é preciso variar os ângulos de forma a captar os diferentes padrões culturais que estão na base de formas de sociabilidade que existem, coexistem, contrapõem-se ou entram em confronto no espaço da cidade” (MAGNANI, 1993, p.4).

Vista aérea: baixo centro, entre Avenida dos Andradas e Viaduto Santa tereza.


Este trabalho, realizado em trechos do Centro e do bairro Floresta, na cidade de Belo Horizonte, teve como principal objetivo desenvolver um novo olhar sob o ambiente que frequentemente utilizamos. Algumas perguntas centrais nortearam o nosso diagnóstico: Quem sao os usuários frequentes desses espaços? O que as pessoas acham desses espaços? De que modo as pessoas que passam, frequentam, trabalham ou moram nesses espaços se apropriam das ruas e praças? Como que esses espaços podem afetar o cotidiano de quem o utiliza? Quais são os lugares de referência para essas pessoas?

gulos para olhar os espaços urbanos, tais quais: o olhar fotográfico, o olhar de dentro do ambiente, o estático, o olhar social e o olhar panorâmico visto de cima. Um conjunto de percepções que somado a outros olhares, tanto da equipe, quanto do próprio usuário, dão o início para novas descobertas, mesmo que estranhas! Em nossas observações percebemos que a nossa relação com a cidade muda. Já não vemos simplesmente as edificações isoladamente e já temos conseguido observar a relação social do usuário, tanto com o espaço construído, quanto com a natureza.

mentalmente, da disciplina. Foi um exercício coletivo para moldar nosso olhar disciplinado e conseguir extrair do óbvio uma percepção fora do padrão, do olhar do senso comum. Ao olharmos para a nossa cidade, conseguimos identificar os mesmos contrastes descritos por Magnani e ao treinar o nosso olhar, conseguimos identificar uma especificidade de cada pedaço, tal como onde começa e onde termina. Foram treinos os primeiros olhares. Das edificações para as pessoas, das pessoas para a natureza e da natureza para a relação homem e espaço.

Por meio da observação conseguimos identificar “um quadro de contrastes exacerbado pela heterogeneidade e desigualdade social e cultural, pela fragmentação e compartimentação de espaços de moradia e vivência, pela violência, pela degradação e perversa distribuição dos equipamentos coletivos.” (MAGNANI, 1993, p.3).

Durante esses olhares, percebemos que em Belo Horizonte existe uma pluralidade de grupos sociais e um lugar comum para cada grupo. Especificamente falando sobre a área estudada, observamos que é um espaço onde podemos encontrar diferenças de raça, credo, grau de escolaridade, renda, idade, gênero, valores morais e culturais.

Um olhar fotográfico tem um papel em primeiro momento talvez que não tão importante quanto os demais, mas com ele podemos captar o que se passa nas ocasiões que observamos, é uma forma de poder representar sem palavras a importância de cada ambiente que se ressalta.

Da mesma forma que o antropólogo é guiado por teorias e conceitos durante o seu olhar disciplinado, o arquiteto também possui elementos norteadores, conforme Uriarte (2013) que compõem os diversos ân-

O olhar disciplinado exige disciplina, como a própria palavra sugere. É preciso ver para além da carne, da primeira visão da imagem, mas também do olhar da alma, da experiência, emoção, da vivência e, funda-

Com base nesse diagnóstico foram criados diversos mapas que reúnem as informações mais importantes recolhidas ao longo de nossas visitas.


SITUAÇÃO

Belo Horizonte é a primeira capital planejada do país, com apenas 120 anos, possui uma área de 331 km² e está localizada na região central do estado de Minas Gerais. Atualmente a cidade está dividida em 9 regiões: Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova. A região da área de estudo é a Centro-Sul, que também possui sua subdivisões em centro-sul, centro, hipercentro e baixo centro. O que caracteriza a região central é a Avenida do Contorno, que traça toda a sua delimitação. A área de estudo está situada em grande parte no baixo centro, apesar de ser considerada uma das regiões mais degradadas da cidade, apresenta uma vocação para a vida noturna, festas, intervenções e eventos culturais. Compõem a região de estudo as ruas Espírito Santo, Bahia, Carijós, Tupinambás e avenida Amazonas, além do viaduto Santa Tereza, que faz ligação do centro ao bairro Floresta, e as ruas Tabaiares, Urucuia e Tapuias do mesmo bairro. A área de estudos foi dividida em três partes para organizar da melhor forma as visitas técnicas e os olhares disciplinados, a saber:


MAPA DE SITUAÇÃO

PARTE I

Trechos: Rua Espírito Santo, Av Amazonas, Bahia, Carijos 1a visita diurna, dia de semana - olhar de cima: Othon Palace - olhar fotográfico: Othon e as ruas em geral - demais olhares: analisando as ruas

PARTE II

Trechos: Rua da Bahia, viaduto Santa Tereza, Arão Reis, metrô, rua Sapucaí 1a visita diurno, fim de semana 2a visita noturna, fim de semana - olhar de cima: viaduto Santa Tereza e Rua Sapucaí - olhar fotográfico: viaduto/ ruas em geral/ Rua Sapucaí - Demais olhares: análises de todas as ruas

PARTE III

Trechos: Rua Sapucaí, rua Tapuias, Av Francisco Sales, Rua tabaiares, 1a visita: diurna, fim de semana 2a visita: noturno, fim de semana - olhar de cima: Rua Sapucaí e algum prédio - olhar fotográfico: ruas em geral, Rua Sapucaí, prédio sindicato dos ferroviários - demais olhares: análise das ruas


LOCAIS DE HISTÓRIA E MEMÓRIA

Assossiação Mineira de Ferroviários. Rua sapucaí

Viaduto Santa tereza.


O mapa abordado é sobre Lugares de História e Memória, onde mostramos as épocas de construção dos edifícios da área estudada, os patrimônios culturais tombados, as manifestações culturais contemporâneas e os lugares simbólicos que tenham importância para grupos sociais. Na área, é possível perceber a diversidade arquitetônica dos edifícios em razão da época em que eles foram construídos, incluindo desde edifícios bastante antigos, até muito recentes e modernos. Como exemplo, a Praça Rui Barbosa, ou Praça da Estação, nome popular do local, estão plantados alguns dos marcos das origens da história e arquitetura neoclássica da capital mineira. O lugar, na região central de Belo Horizonte, viu a cidade nascendo, em 1894, cinco anos após a proclamação da República do Brasil. Após a instalação das linhas de metrô e trem, a Estação Central foi, desde os primeiros tempos da nova capital, uma importante referência urbana, como pórtico de recepção e despedida das pessoas que vinham conhecer as inovadoras obras arquitetônicas e urbanísticas da cidade em construção.

O primeiro relógio público de Belo Horizonte foi instalado no alto da torre da Estação, cuja praça começou a ser construída em 1904. Dezoito anos depois, em 1922, um novo prédio, em estilo neoclássico, foi erguido para atender a cidade. Hoje, a Praça Rui Barbosa centraliza um circuito cultural formado pelos prédios do Museu de Artes e Ofícios, Casa do Conde de Santa Marinha, Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, o Viaduto de Santa Tereza e a Serraria Souza Pinto. A grande maioria dos prédios é da década de 20, formando um dos principais acervos do estilo neoclássico da cidade.

á os lugares simbólicos é o que se perpetua de um outro tempo e que transmitem ritos para uma sociedade, lugar que tem forte importância histórica e cultural para determinados grupos sociais, locais onde grupos ou povos se identificam ou se reconhecem, possibilitando existir um sentimento de formação de identidade e de pertencimento. Atualmente, a Praça da Estação é um dos mais importantes espaços de manifestações populares e principal espaço público para a realização de shows e eventos sendo um lugar histórica e culturalmente simbólico para os moradores de Belo Horizonte.

Os patrimônios culturais são todos os bens reconhecidos de acordo com sua ancestralidade, importância histórica e cultural de uma região que adquirem um valor único e de durabilidade representativa simbólica. Dada tal importância, ocorre o tombamento, que tem como objetivo dar proteção a esses patrimônios. O Viaduto Santa Tereza, por exemplo, foi construído em 1929 e tombado como patrimônio cultural do município na década de 1990, como parte integrante do conjunto arquitetônico da praça Rui Barbosa. Além do Viaduto Santa Tereza, a Praça da Estação, tombada em 1988 e muitos outros edifícios apresentados no mapa.

As principais manifestações culturais que ocorrem na área estudada, acontecem principalmente no Viaduto Santa Tereza (tanto em cima quanto em baixo dele) e na Praça da Estação. Essas manifestações são de extrema importância social e cultural para toda a cidade, são a identidade e o poder da voz do povo, capazes de impactar e mobilizar toda a cidade. Uma das maiores manifestações que ocorrem na área é a Praia Da Estação. A história da praia começou em janeiro de 2010, como uma reação a um decreto municipal, no qual o então


MAPA DE LOCAIS DE HISTÓRIA E MEMÓRIA

prefeito Marcio Lacerda proibiu eventos na Praça da Estação. Logo após a assinatura do decreto, algumas pessoas começaram a se movimentar e questionar a decisão. As pessoas foram para a praça se banhar. Mesmo com cunho político, a praia se tornou icônica e tem agregado, cada vez mais, as pessoas da cidade uma ou duas vezes no ano. Ali de tudo acontece: a ambulante que vai de biquíni trabalhar, crianças brincando na fonte, amigos fazendo piqueniques, e há quem leve também o seu som. Todas essas características observadas na área são essenciais para a construção do espaço como um todo, garantindo a identidade histórica e social do local.



USOS E MOBILIDADE

Ponto de ônibus - Rua da Bahia

Estação Central


Neste espaço de nosso estudo realizado, serão expostas as diferenças de usos presentes nas edificações, as localizações, as condições presentes para a transição de pessoas que possuem mobilidade reduzida. Este trecho é muito utilizado diariamente por diversos tipos de pessoas, é um local de transição importante da cidade e simultaneamente sua importância devida ao comércio e fluxo de pessoas. A área localiza-se próxima da estação central de metrô, e por tal característica, costuma ter uma quantidade surpreendente de pessoas que circulam diariamente pelo local, o mesmo acontece com o fluxo de veículos, devido as importantes avenidas que cruzam os pontos do lugar. A sua variedade no fluxo está ligada diretamente há uma relação entre o dia e hora, podemos ver que durante a semana o fluxo de pessoas e muito mais intenso, em especial durante a manhã e tarde, durante a noite o número de pessoas fica reduzido. Já nos fins de semana o fluxo é bem menor em todos os horários, com exceção do viaduto, quando ocorrem os eventos. Uma característica que de destaque do local, é o predomínio de áreas comerciais, especialmente localizadas mais próximas ao centro. Em grande parte, observamos também uma grande quantidade de pré-

dios de uso misto o que significa: comercial nas partes inferiores, e de usos residenciais nas partes superiores. Um pouco mais distante, nas áreas próximas ao bairro Floresta, um pequeno trecho com algumas construções de usos totalmente residenciais. Outro importante destaque é uma grande parte da região designada totalmente para o uso público de ler e utilidades como: parte das praças, as áreas localizadas abaixo do viaduto onde costumam realizar eventos de grandes públicos e etc, é um lugar de grande diversidade de estilos e pessoas. Com relação ao estado dos passeios ao longo do trajeto, encontramos muitas irregularidades, que dificultam bastante o uso desse ambiente para pessoas com mobilidade reduzida ou algum tipo de necessidade especial que precise de auxilio. E um ponto negativo de se destacar, por ser uma área da cidade tão importante. A falta de preparo e adaptação pode ser um motivo para dificultar circulação para todos os públicos. Por outro lado as ruas possuem uma boa quantidade de placas sinalizadoras, sinalização para os nomes das ruas, e até mesmo alguns prédios com um reconheci-

mento especial. Os pontos de transporte público, possuem uma razoável distribuição, porém com um destaque na parte mais central, próxima ao local de maior fluxo diário de pessoas. Os locais para estacionamento nas ruas são controlados pelo uso de circular rotativa, com um tempo de uso limitado, mas existem diversos opções em locais privados onde é possível estacionar pagando um valor pré estabelecido por tempo. A área localiza-se próxima da estação central de metrô, e por tal característica, costuma ter uma quantidade surpreendente de pessoas que circulam diariamente pelo local, o mesmo acontece com o fluxo de veículos, devido as importantes avenidas que cruzam os pontos do lugar. A sua variedade no fluxo está ligada diretamente há uma relação entre o dia e hora, podemos ver que durante a semana o fluxo de pessoas e muito mais intenso, em especial durante a manhã e tarde, durante a noite o número de pessoas fica reduzido. Já nos fins de semana o fluxo é bem menor em todos os horários, com exceção do viaduto, quando ocorrem os eventos.


MAPA DE USOS E MOBILIDADE



LUGARES SOCIAIS


O traçado planejado da capital permite perceber as mesmas características estruturais das ruas da área em análise. No hipercentro, as ruas possuem três faixas em mão única e calçadas amplas, que chegam a ser insuficientes para garantir a plena circulação de pedestres, que se intensifica nos horários de pico, em meio à desordem orquestrada pelos passos apressados de pedestres, gritos de vendedores ambulantes, buzinas e freios dos carros apressados que tentam ganhar tempo no trânsito. A competição entre carros, pessoas e ônibus por uma passagem compõem a paisagem do cruzamento da avenida Amazonas com a Rua da Bahia, próximo à Praça Rui Barbosa. A cada quarteirão, os pontos de ônibus ficam lotados de pessoas a espera do transporte público, que inclusive, ocupa grande parte da via. Em meio à rotina da cidade, as marcas de lixo e manchas pelo chão torna a atmosfera do ambiente menos preservada. O número de pessoas em circulação na região é bem considerável. Pode ser percebido um grande volume de pessoas se deslocando para o trabalho. Em certos horários, conseguimos perceber um número crescente de idosos. Estudantes também são percebidos em menor escala comparado com trabalhadores e idosos. A faixa

etária predominante na região está entre 35 e 60 anos. O fluxo social é bem diversificado, desde pessoas em situação de rua à homens vestidos em social completo, com predominância de pessoas com vestimentas mais simples. Algumas pessoas exercem trabalho informalmente, como ambulantes e camelôs, ao ponto de serem notificadas e removidas pela fiscalização da prefeitura no ato da nossa visita técnica. Dentro da dinâmica da cidade, há poucos encontros, olhares mais atentos e desconfiados, apenas de passagem. Já no bairro Floresta, o ritmo dos passos diminuem, percebe-se um fluxo maior de residentes, além de trabalhadores e idosos. Não há vendedores ambulantes e o número de lojas de comércio e de serviços também é menor. O bairro possui imóveis antigos e alguns, perceptivelmente, em estado decadente de conservação, mas grande parte são residências que foram aos poucos sendo incorporadas com o reuso.

Praça Rui Barbosa


MAPA LUGARES SOCIAIS



AMBIENTAL E VEGETAÇÃO Antes de analisar os aspectos ambientais, um breve resumo sobre o ambiente da área em estudo. A edificação do hipercentro revela traços de Art Déco, com edifícios em linhas retas e curvas simplificadas, com acabamento em reboco ou tinta sob massa acrílica. É perceptível a falta de conservação dos edifícios, danificadas pelo tempo e pelo vandalismo. Também é perceptível o baixo volume de áreas verdes e a presença de árvores em menor porte. Grande parte dos edifícios são de uso comercial, além das lojas de comércios variados. O Viaduto Santa Tereza é um dos ícones do hipercentro e cartão postal de Belo Horizonte. Sua ocupação contempla o encontro da Avenida Assis Chateaubriand, atravessa a Avenida dos Andradas e vai de encontro com o Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Importante construção que liga o hipercentro ao bairro Floresta.

A vegetação encontra-se em formato padrão da cidade, com arborização de médio e de grande porte espaçadas a duas e/ou três por quadra. A maior densidade verde da região analisada encontra-se na praça Rui Barbosa, ao lado da Praça da Estação e no canteiro central da Avenida Francisco Sales. A menor densidade encontram-se na avenida dos Andradas, no Viaduto Santa Tereza na Rua Sapucaí e na Praça da Estação. Existe também na região a passagem do Ribeirão Arrudas, que foi coberto pelo asfalto e concreto na última reforma da Avenida dos Andradas, além das fontes de água da Praça da Estação, com funcionamento periódico. O clima na região do hipercentro é sensivelmente mais quente em relação ao trecho do bairro floresta, com variação entre dois e três graus de diferença


MAPA AMBIENTAL E VEGETAÇÃO


INTERVENÇÃO Diante da realidade posta pela observação cautelosa e disciplinada, ao olharmos para a nossa área de estudo, identificamos os mesmos contrastes descritos por Magnani, “um quadro de contrastes exacerbado pela heterogeneidade e desigualdade social e cultural” (1993, p.3). A distância entre o baixo centro e o bairro Floresta se torna visível aos olhos na medida em que se observa o fluxo de pessoas em direções opostas e claramente agrupadas. Conseguimos identificar uma especificidade de cada pedaço, do baixo centro e do bairro, tal como onde começa e onde termina. O viaduto Santa Tereza, um elo de ligação importante entre as disparidades, é utilizado sobretudo como via de passagem de carros, e o seu ambiente estritamente de concreto e asfalto, torna a travessia à pé desconfortável e a permanência inviável, desencorajando a qualquer um dos grupos a assumir uma aproximação. Como elo de ligação e conexão, a proposta de intervenção no viaduto a seguir busca estimular o encontro e o convívio de duas realidades paralelas, tão próximas e, ao mesmo tempo, tão distantes.


PROJETO CONECTA BH Partimos da ideia de uma intervenção existente, chamada ecobox, apresentada pelo livro Urbanismo Ecológico, por: Mohsen Mostafavi e Gareth Doherty, que apresenta uma intervenção de horta coletiva, o objetivo era de usar um espaco que nao esteja em uso e criar um local onde diversas pessoas possam plantar e compartilhar os resultados. Após amadurecer a ideia e visando nosso local de implantação não poderia comportar tal evento devido a questão de limite de tempo, buscamos inspiração em outros eventos, de ideia similar. Encontramos diversas feiras que possuíam ideias voltadas ao lado ambiental e sustentável, como principal fonte de inspiração encontramos o “Projeto Aproxima” que fica em Belo Horizonte, e nos ajudou a se inspirar nas modificações da nossa ideia. O Projeto Aproxima, porém, resgata a conexão entre o campo e a cidade que havia se perdido nas últimas décadas. Houve uma diminuição da valorização daquilo que é cultivado e produzido localmente, e esse projeto

buscou contribuir com o processo de resgatar o sentimento de pertencimento e de orgulho pelo que é feito em Minas Gerais. Outro projeto que nos inspirou igualmente foi o Encontro: Partilhando Mudas e Sementes BH, que acontece em períodos longos no Parque Municipal. O projeto consiste em trocas de mudas, armazenadas num mesmo local para que cada um possa escolher as que mais gostar. Com nossa fonte de inspiração, resolvemos ampliar e modificar para algo de menor duração, então surgiu a ideia de criação da nossa feira Conecta BH de produtores de orgânicos e sustentabilidade. Também inspirados na ideia de uma horta no local, mas com os produtos já prontos para a colheita, acrescentamos diversas atividades para complementar e diversificar os interesses presentes no evento. Outro ponto de conexão a ser aproximado é o movimento cultural que ocorre debaixo do viaduto. Atrações culturais podem ser incrementadas para compor o ambiente de aproximação. Dessa forma temos à dispo-

sição um projeto completo, que intervém na paisagem do resgate de áreas verdes para o viaduto por meio da horta comunitária, da aproximação do produtor rural com a cidade por meio da feira de orgânicos e dos espaços de convívio e aproximação social por meio das atrações culturais de e para quem já frequenta ou passa pela região.

LOCALIZAÇÃO

Nossa área de intervenção será a parte superior do viaduto Santa Tereza e uma parte da Rua Sapucaí. Ambas as ruas serão fechadas totalmente durante o evento e serão oferecidas alternativas para o trânsito nos períodos em que ocorrerão .

DURAÇÃO DO EVENTO

Idealizamos todo do evento que acontecerá em um fim de semana (Sábado e Domingo), com duração de 16 horas, com início às 08h ate as 18h.


DIVISÃO DOS ESPAÇOS

A intervenção foi organizada em três grandes espaços: O espaço Ecobox, o espaço Feira e o espaço interação e convívio. O Espaço Ecobox situa-se no início da intervenção e representa um convite para quem vem da região do hiper centro. nele constam a horta para estimular a troca comunitária e pontos de apoio, como sanitários e equipe de suporte. O espaço Feira é destinado à produtores mineiros e/ou produtores locais de orgânicos para estimular o consumo de agricultura familiar e a economia local, destinado tanto para quem vem do hiper centro, quanto para quem vem do bairro Floresta. O espaço Interação e Convívio é o local onde todos se encontram. Conterá uma praça de alimentação com foods truck, estrutura para interação cultural e de recreação.

ESTRUTURA

Bicicletário Banheiros químicos Horta (EcoBox) Pontos de apoio ( informações, dúvidas, achados e perdidos) Postos de Saúde Tendas para exposição de produtos e parcerias Food trucks (com comidas com foco em produtos orgânicos) Área de oficinas Palco com diversas atividades e atrações Parte voltada para recreação infantil e também espaço lúdico

ATRAÇÕES E ATIVIDADES Durante todos os dias do evento serão organizadas diversas atividades, como oficinas para ensinar sobre sustentabilidade e como reciclar diversos itens do dia a dia. Atrações musicais diversificadas, alem de atividades que propõem uma chance a todas as pessoas terem oportunidades de se expressarem e se apresentarem de forma livre, e também um espaço com um sarau de poesias, também aberto para todas as pessoas.


INTERVENÇÃO VIADUTO SANTA TEREZA VISTA 1: SUPERIOR GERAL


INTERVENÇÃO VIADUTO SANTA TEREZA VISTA 2: SUPERIOR - ESPAÇO CONVÍVIO E ESPACO FEIRA


INTERVENÇÃO VIADUTO SANTA TEREZA VISTA 3: OBSERVADOR - ESPAÇO ECOBOX E ESPAÇO FEIRA


INTERVENÇÃO VIADUTO SANTA TEREZA VISTA 4: OBSERVADOR - ESPAÇO DE INTERAÇÃO E CONVÍVIO



CONSIDERAÇÕES FINAIS O conjunto da obra aqui apresentado foi um exercício coletivo para moldar nosso olhar disciplinado e conseguir extrair do óbvio uma percepção fora do padrão, do olhar do senso comum. Ao olharmos para a nossa cidade, nos despimos do cidadão comum, a partir desse ponto, a nossa relação com a cidade muda, de sujeitos passivos para interventores. Já não vemos simplesmente as edificações isoladamente e já temos conseguido observar a relação social do usuário, tanto com o espaço construído, quanto com a natureza, e como podemos melhorar essa relação com a intervenção.




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