ANALISE PATOLÓGICA DE UM EDIFICAÇÃO HISTÓRICA NA RUA DA AREIA, CENTRO, JOÃO PESSOA - PB.

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IMÓVEL 708 RUA DA AREIA RESTAURO II


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO DISCIPLINA: RESTAURO II– 2018.2 PROFESSORA: LIZIA AGRA; JOALISSON CUNHA EQUIPE: HEBERT COSTA, IVINA EMANUELA, MARIA LAÍS, MATHEUS JOSÉ E SÉRGIO MURILO.

TÍTULO: LEVANTAMENTO CADASTRAL IMÓVEL 708, INTERVENÇÃO EM EDIFICAÇÃO DE INTERESSE, HISTORICO PARA CONSERVAÇÃO E RESTAURO. Ed.: 01, JOÃO PESSOA,2018. Trabalho apresentado aos professores Joalisson Cunha e Lizia Agra, como parte dos requisitos para obtenção de nota referente ao semestre 2018.2. 19 DE OUTUBRO DE 2018.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO SITUAÇÃO LOCALIZAÇÃO

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BREVE HISTÓRICO ÉPOCA DA CONSTRUÇÃO

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CARACTERISTICAS ESTILISTICAS

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

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LEVANTAMENTO IMÓVEL 708 – DESENHOS

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JUSTIFICATIVA DO USO PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO CONCLUSÃO REFERENCIAS

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FIG01: Demarcação da quadra no sentindo sudeste.

INTRODUÇÃO Os monumentos históricos são importantes ligações com o passado, cuja integridade deve ser preservada sem modificar sua autenticidade, a fim de transmitir esse valor simbólico e memorial para o futuro, e é através da pratica de medidas de preservação que podemos garantir a sua sobrevivência. O presente trabalho é composto por duas etapas, que visa descrever e documentar o estudo de uma Bem de interesse histórico e cultural para conservação, informações que nortearão para uma futura proposta de intervenção e reutilização do imóvel. Nesta primeira etapa foi realizado a identificação e diagnóstico do Bem selecionado, que está localizado na Rua da Areia, 708. Para melhor compreensão, foram estabelecidos algumas linhas de averiguação, visando compreender o significado atual do Bem e ao longo do tempo como patrimônio cultural, sob: contexto histórico, contendo informações necessárias para o seu entendimento, assim como o estilo predominante, identificação dos materiais e técnicas construtivas, programa e pré-dimensionamento, levantamento fotográfico para uma melhor visualização dos espaços e pormenores arquitetônicos, levantamento cadastral apresentado através de representações gráficas detalhada, permitindo assim um melhor conhecimento.

LOCALIZAÇÃO

FONTE: Acervo Pessoal.

A edificação em analise, situa-se através da localização cartográfica atual 22.130.0379.0000, n 708, na rua da Areia, no Bairro do Centro, na cidade de João Pessoa. FIG02: Mapa de localização do Imóvel.

SITUAÇÃO Segundo TINEM (2005), A edificação está inserida em uma quadra de centro histórico, que compõe o percurso do tempo, através de uma quadra que foi consolidada na segunda metade do século XIX, ou seja. um tempo depois em relação a rua como um todo, deste modo o trecho foi proposto com o intuito de ligação entre a parte mais baixa da cidade e a porção mais alta, promovendo uma demarcação da evolução da cidade. Deste modo, a área foi demarcada por instancias de proteção (IPHAN E IPHAEP), com a prerrogativa de Área de Preservação Rigorosa (APR)

FONTE: Acervo Pessoal.

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BREVE HISTÓRICO + ÉPOCA DA CONSTRUÇÃO Segundo TINEM (2005), a cidade de João Pessoa surgiu as margens do Rio Sanhauá em 1585, com a nomenclatura inicial de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves administrada inicialmente pelos os Portugueses, até a invasão Holandesa, que provocou uma estagnação no desenvolvimento da mesma. Deste modo, “pode-se concluir que a ocupação se deu neste intervalo de 40 anos (entre a expulsão dos holandeses e 1692), revelando um desenvolvimento expressivo para os padrões de uma cidade de crescimento muito lento.” (TINEM, 2005, p7) Efetivando assim a formação do bairro do Varadouro. Desta maneira, o crescimento inicial da cidade ocorreu no que hoje nomear-se de Cidade Baixa, “A primeira área identificada é o núcleo principal da Cidade Baixa, polarizado pelas ruas Visconde de Inhaúma (antiga rua do Varadouro), Conde D’Eu (atual rua Maciel Pinheiro) e Barão da Passagem, (atual rua da Areia) que já estavam definidas desde o século XVII.” (TINEM, 2005, p12) Sendo assim, a edificação em analise, situa-se através da localização cartográfica atual 22.130.0379.0000, n 708, na rua da Areia, no Bairro do Centro, na cidade de João Pessoa, não foi identificado uma datação exata do surgimento da edificação, no entanto segundo dados IPHAEP, a construção foi efetivada no início do século XX, aparentada com o estilo eclético. Nesse sentido, os dados históricos influenciam na prospecção da informação, pois, “Na zona Sudoeste e no aclive Cidade Baixa/Cidade Alta verificou-se: a implantação da estrada de ferro, a ocupação da rua do Cajueiro e do último quarteirão sudeste da rua da Areia. [...] embora os primeiros quarteirões da rua da Areia, na Cidade Baixa, estivessem totalmente consolidados em 1858, o trecho em forte aclive, no acesso à Cidade Alta, ainda estava vazio, e foi, por isso, incluído nas áreas não consolidadas. Até 1889, ele foi ocupado, seguindo o alinhamento da rua e modificando o traçado do antigo caminho.” (TINEM, 2005, p16.) Desta forma, os arquivos fotográficos também influenciam, através deste aparato verificou-se que em 1903 a edificação já se encontra instalada no local, promovendo a aproximação de datação entre 1889 (início do processo de finalização da consolidação) a 1900 (datação registra pelo IPHAEP), concluindo a inserção entre o final da segunda metade do século XIX ao início do século XX (FIGURA01).

FIG03: 1903 – Rua da Areia, no sentindo norte- Rua Barão da Passagem, com Marcação do imóvel.

FONTE: URBANIZAÇÃO PB FIG04: 2010 – Rua da Areia, no sentindo norte- Rua Barão da Passagem.

FONTE: URBANIZAÇÃO PB

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FIG05: FACHADA COM MARCAÇÕES DO ESTILO ECLÉTICO.

PLATIBANDA PRESENÇA DE ARCOS

FONTE: Acervo Pessoal.

AMPLIAÇÃO ORNAMENTOS FLORAIS

CARACTERISTICAS ESTILISTICAS

Segundo Teixeira (2010), o estilo eclético ganha força no Brasil a partir do século XIX, ORNAMENTOS proporcionando um progresso nas cidades, FLORAIS substituindo, muitas vezes, edificações FALSAS COLUNAS coloniais com o intuito de promover “implicações nesta nova arquitetura, através das concepções higienistas, e do acesso aos ORNAMENTOS FLORAIS novos serviços públicos – água e esgoto – assim como a presença de banheiros, com uso de ladrilhos hidráulicos. As casas apresentam elementos importantes para uma maior circulação do ar, como janelas com ESQUADRIAS LONGAS COM venezianas e bandeiras nas portas e janelas.” VENEZIANA (Teixeira, 2010, p.49). Sendo assim, Teixeira (2010) ainda destaca alguns discretos elementos decorativos, realizados em gesso, como ornamentos florais, falsas colunas e frontões. Deste modo, a edificação é registrada com o estilo eclético, proporcionando a identificação através do frontão, que tem a funcionalidade da platibanda, ou seja, elemento que esconde a coberta, além da presença dos arcos, que marcam a fachada de forma decorativa, os elementos ornamentais florais, sobrepostos na fachada, falsas colunas e o quesito de ALINHAMENTO alinhamento a rua, seguindo a leitura do COM A RUA lugar. No que diz respeito ao processo de higienização, a residência apresenta portas e janelas com um maior dimensionamento, abonadas de venezianas e vidro, com o intuito de captar ventilação e iluminação natural. AMPLIAÇÃO

ORNAMENTOS FLORAIS


F10

F11

F08 F05

F02

F09

F12

F07/03

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 01- Planta baixa Fachada frontal da edificação de estudo, localizada na Rua da Areia, número 708 (laranja); Corredores de circulação que fazem ligações entre os ambientes internos e externos (cinza)

Figura 02- Vista fachada frontal edificação.

da da

Figura 08: Vista da entrada principal da casa, corredor que dá acesso aos ambientes.

Figura 03- Vista externa da porta em madeira maciça, com vidro e gradil em ferro.

Figura 09: Vista do corredor, através da sala de jantar.

Figura 04- Acesso a residência promovido pela formatação de dois degraus .

Figura 10: Ligação do corredor para a área externa, localizada na parte posterior da casa.

Figura 05- Janela veneziana em madeira maciça com vidro e gradil de ferro.

Figura 11 Forro em madeira maciça, estilo lambri, com pintura em tinta óleo cinza.

Figura 06- Degraus de acesso a residência, e antigo suspiro de ventilação do esgoto (bordô);

Figura 12: Composição dos ladrilhos do corredor.

Área externa da edificação. Corredores de acesso.

Figura 07- Elementos decorativos inseridos na fachada frontal.

Figura 13, 14, 15 e 16: Variedade de ladrilhos inseridos na área interna do corredor.

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO F25 F28

F20 F21

F24 F18/26

F19

F22/23

Figura 17- Planta baixa Sala de estar, possui duas janelas em madeira maciça e vidro com gradil em ferro, que permite visualização direta para Rua da Areia. Possui área total de 10,35 m² (amarelo); Quarto 01 com área total de 8,51 m², fica entre a sala de estar e quarto 02, possui diferentes acessos (laranja).

Figura 18: Vista da porta que divide sala de estar e quarto 01.

Figura 24: Porta com duas folhas em madeira, que dá acesso ao corredor.

Figura 19: Janelas em madeira maciça e vidros coloridos.

Figura 25: Porta em madeira maciça envernizada.

Figura 20: porta com duas folhas veneziana com bandeira em madeira.

Figura 26: Paredes nas cores branco e verde. Vista da porta que de acesso para sala de estar.

Figura 21: porta com duas folhas lisas com bandeira em madeira maciça.

Figura 26: Forro em madeira maciça, estilo lambri, com recorte a 45 graus nas extremidades.

Figura 22: Forro em madeira maciça, estilo lambri, com pintura em tinta óleo cinza.

Sala de estar. Quarto 01.

Figura 23: Ladrilho hidráulico com forma geométricas inserido no ambiente.

Figura 27: Madeiramento com telha cerâmica colonial.

Figura 28: Composição ladrilhos hidráulicos entre os ambientes, sala e quarto 01.

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F39

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

F33

F37/38

Figura 29- Planta baixa Quarto 02, ambiente com área total de 8,75 m². Muitos objetos em seu interior, o que dificultou a variedade de fotografias (Verde); Sala de jantar, ambiente com área total 15,28 m². Possui janela alta em madeira maciça e acesso voltados para área externa (bege).

Figura 30: Vista lateral quarto 02, com esquadria em madeira maciça

Figura 34: Vista da porta de madeira maciça que dá acesso para a cozinha

Figura 35: Acesso para o quarto 02

Figura 31: empilhados, circulação.

Objetos impedindo

Figura 36: Janela alta em madeira maciça, e porta que dá acesso a área externa da casa.

Figura 32: Parede em reboco de cal e areia.

Figura 37: Madeiramento da coberta sala de estar, e parte do forro em madeira com acabamento trançado.

Quarto 02. Sala de Jantar.

Figura 33: Ladrilho hidráulico aplicado no quarto 02.

Figura 38: Ladrilho hidráulico sala estar.

Figura 39: Janela alta, voltada para a parte posterior da casa, em madeira maciça trançada e gradil em ferro.

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

F45

F48

F43

F49/50

F42

Figura 40- Planta baixa Cozinha possui bancada em fibra de vidro apoiada em alvenaria. Seu acesso é feito através da sala de jantar, e possui área total de 10,60 m² (rosa). Último ambiente da edificação, acrescido com o tempo com área total de 9,15 m² (azul)

Figura 41: Vista cozinha através da sala de jantar.

Figura 42: Porta em madeira maciça, que dá acesso para área externa posterior.

Figura 43: Bancada em fibra de vidro, com azulejos 15x15 sobrepondo janela de madeira maciça.

Figura 45: Vista da porta madeira maciça que dá acesso para área externa da casa.

Figura 46: Aberturas na parede com tela em aço perfurado, permitindo iluminação natural.

Figura 47: Parede em alvenaria, com acabamento em reboco de areia e cal.

Figura 43: Abertura na parede, com fechamento em tela de aço perfurada.

Figura 48: Janela em madeira maciça, voltada para o corredor da área externa.

Figura 44: Madeiramento coberta, com telha cerâmica colonial.

Figura 49: Contrapiso.

Cozinha. Ambiente.

Figura 45: Ladrilho hidráulico cozinha.

Figura 50: Madeiramento da coberta com acabamento serrado.

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F53

F52

F54

LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

Figura 51- Planta baixa Área externa da casa, com paredes em alvenaria de vedação acrescentada em tijolo cozido, com acabamento em reboco de cal e areia. Com área total de 53,96 m².

Figura 52: Corredor de acesso a área externa (quintal).

Figura 53: edificação

Quintal

da

Figura 54: Madeiramento coberta, com telha cerâmica colonial.

Figura 55: Sacada na janela do corredor.

Área externa (quintal).

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

USO ATUAL Através da análise de distribuição dos cômodos, demostrada por meio da concepção da distribuição espacial que contempla, sala de estar, sala de jantar, quartos, cozinha e área de serviço, além da distribuição e formatação das aberturas, constata-se um layout arquitetônico que se remete a uma edificação residencial, além da comprovação identificada em escritura, fornecida pelo IPHAEP. Com isso, nota-se que a funcionalidade foi mantida até os dias atuais, no entanto o imóvel encontra-se desprovido de uso, em estado de abandono, consequentemente as características históricas apresentam-se comprometidas, promovido pela falta de manutenção e conservação.

ESPAÇO

QUANTIDADE

EQUIPAMENTO

POP. FIXA

POP. FLUT.

ÁREA MINÍMA

REFERÊNCIA

BARISTA

01

BALCÃO, PIA, FRIZER, ÁRMARIO

1

20

12 m²

BOTANIQUE CAFÉ BAR/ NEUFERT.

SALÃO

01

MESA,CADEIRA S, BANCOS

2

25

40 m²

COFFETOWN SALVADOR / NEUFERT

COZINHA

01

GELADEIRA, PIA, FOGÃO, ÁRMARIO

2

5

15 m²

BOTANIQUE CAFÉ BAR/ NEUFERT.

ÁREA EXTERNA / FLORICULTURA

01

MESA, CADEIRAS,ESTA NTE

0

30

40 m²

COFFETOWN SALVADOR / NEUFERT

LAVABO / PCD

02

EQUIPAMENTOS ESPECIFICOS

0

10

6,25 m²

CODIGO DE OBRAS/ MANUAL DO ARQUITETO

FLORICULTURA

01

ESTANTE

1

20

20 m²

MANUAL DO ARQUITETO / NEUFERT

NOVO USO O centro da cidade de João Pessoa efetiva-se com a predominância de uso comercial, por consequência, necessidade e potencialidade no local, além da edificação apresentar cômodos que se assemelham com o dimensionamento, a proposta de uso será uma cafeteria associada a uma livraria, o que proporcionará o resguardo a história local, além de elementos da edificação que merecem ser restaurados, conservados e destacados, como os ladrilhos hidráulicos, esquadrias e forro, com isso o novo uso promoverá animação urbana, resgatando a utilização do lugar. Desta maneira, a legislação vigente municipal no promove a pertinência do uso, situado na Macrozona Adensável Prioritária (ZAP), inserido na Zona Comercial Central (ZC), sendo uso CL (comércio local) permitido.

CONCLUSÃO Esta primeira etapa do trabalho teve como escopo, compreender, identificar e documentar o Bem escolhido, desenvolvido através de uma metodologia de levantamento cauteloso e preciso, proporcionando a absorção completa de informações do espaço. Deste modo, o olhar ao bem histórico deve nos proporcionar o senso de preservação por nos remeter a um passado que demostra a evolução de povos e cidades. Sendo assim, a catalogação, e o zelo no momento de promover um novo uso é indispensável, pois cada edificação apresenta suas particularidades que merecem ser compreendidas e respeitas, por esse motivo que o levantamento arquitetônico deve ser muito mais preciso, diagnosticando as problemáticas e riquezas históricas

REFERENCIAS TINEM, Nelci, Para além da dicotomia Cidade Alta/ Cidade Baixa: um estudo historiográfico da forma urbana em João Pessoa (PB). João Pessoa, 2005. AGUIAR, Wellington, Cidade de João Pessoa: a memória do tempo. João Pessoa: Idéia, 1993. ALMEIDA, Horácio de Contribuição para uma bibliografia paraibana. João Pessoa, A União, 1994. MAIA, Alexandre et al. Evolução do uso residencial em João Pessoa. João Pessoa, monografia de conclusão do CAU/UFPB, 1984. TEIXEIRA, Simone, Arquitetura Eclética em Campos dos Goytacazes. São Paulo,2010.

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