Joana Cerejo Araújo | José Cardoso Santos | Álvaro Azevedo Santos
A informação, na sociedade actual, adquiriu proporções de insumo essencial para o seu desenvolvimento. Há um crescente reconhecimento da importância destes valores intangíveis para o crescimento da produção e disponibilização de informação, bem como para permitir o acesso desta a um maior número de indivíduos.
As indústrias criativas incorporam mecanismos de comunicação nas suas diferentes formas de linguagem e expressão. A cor como informação configurou-se no objecto de estudo, por se tratar de um elemento da linguagem visual com relevância nos processos de comunicação e por contribuir significativamente para a composição dos aspectos sintácticos, semânticos e pragmáticos dos dados.
We've gone from being exposed to about 500 ads a day back in the 1970s to as many as 5,000 a day today.
Jay Walker-Smith, Yankelovich Consumer Research
Historicamente, a cor desde os seus primordios tem vindo a conquistar e a vincular a sua identidade e personalidade. Interpretando Gage1, parece-nos curioso que um fenómeno como o da Cor, que é uma experiência sensorial primária para a maioria de nós, e que atrai tantas análises nos seus mais variados pontos de vista e áreas, está longe de ser entendida como um todo. Gage, J. (1999). Colour and Meaning, arte science and symbolism. Thames & Hudson. London.
Problemática - Educação - Intuição
Estudos de Caso
Segundo o departamento de comunicação da instituição, intitulam como Índigo a cor escolhida para a nova imagem do Banif. Contudo, se olharmos para a origem e etimologia do Índigo, deparamos com autores como Isaac Newton, Isaac Asimov, Gage e Anne Varichon que ressaltam que a origem da palavra Índigo vem do Latim indicum "índigo" e do Grego indikon "corante azul da Índia".
Designar a cor de uma forma rigorosa, permite educar a sensibilidade estética. Viabiliza por consequentemente, uma percepção e reconhecimento da transmissão dos dados sensoriais e culturais inerentes ao domínio da cor. Assim sendo, estamos perante um claro erro sintáctico entre a nomenclatura da cor com a sua real aparência.
Neste caso houve uma desvalorização da importância que a cor pode exercer numa composição visual. Cairam no erro de apenas pensar na inovação que seria trazer uma cor desta gama para o contexto bancário, sem analisar a fundo quais as consequências cognitivas que esta cor trazia inerentes a si. Cor inadequada ao target.
Apesar da maioria deste target ser leigo a conteúdos teóricos e culturais das cores, regem-se pelos seus sentidos fisiológicos e cognitivos. Consequentemente, há o risco de o target induzir-se pelo contexto sociocultural português, podendo associar inconscientemente esta cor ao fúnebre - Domingo de Ramos; comércio farmacêutico e até mesmo à homossexualidade (Violeta une Masculino ao Feminino azul + vermelho = violeta.)
A cor não é somente uma propriedade estética na sua aplicabilidade, esta agrega em si uma pluralidade de condicionalismos. O seu poder cognitivo é uma ferramenta para identificar os elementos que devem atrair a atenção, de forma a interagir eficazmente com o receptor.
O slogan desta campanha pretendia fazer uma clara associação entre aspectos: Tangíveis (cor da camisola da selecção brasileira) e Intangíveis (garra, emoção, determinação e conquista). Contudo, a referida cor, no universo futebolístico brasileiro, significa cobardia e medo Branding com aspectos pejorativos.
A referida campanha redundou num grande fracasso, por não terem sido tidos em atenção aspectos culturais muito próprios do povo brasileiro, nomeadamente o facto de tradicionalmente o amarelo estar associado aos referidos aspectos. A cor é, pois, um produto cultural!
Pelos casos estudados, consideramos que a negligente e aleatória utilização e manipulação de cores por profissionais, o faz incorrer no risco das suas mensagens e projectos serem um completo fracasso, com repercussões na saúde financeira das entidades emissoras da mensagem.
Há a necessidade de criação e utilização de metodologias capazes de produzir resultados eficazes na criação de mensagens baseadas no estudo da teoria cor. Como resposta a esta problemática, propomos a criação de uma plataforma digital que ofereça forte argumentação nas práticas teóricas dos mecanismos cromáticos com grande enfoque nas condicionantes socioculturais.
O objectivo desta plataforma seria contribuir para uma maior eficiĂŞncia e produtividade dos sectores criativos. Preenchendo desta forma uma lacuna existente no mercado. A plataforma digital daria responda eficazmente Ă necessidade de escolha de paletas cromĂĄticas baseadas no contexto em que esta necessita se inserir.
Muito Obrigada pela Vossa Atenção.
Joana Cerejo Araújo | José Cardoso Santos | Álvaro Azevedo Santos