Como citar esse texto: ALEGRIA, João. A pele dos muros: grafites e representações sociais. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: http://joaoalegria.webnode.com. Acessado em [inserir a data].
A pele dos muros: grafite e representações sociais. João Alegria
Grafite: palavra, frase ou desenho, geralmente de caráter jocoso, informativo, contestatório ou obsceno, em muro ou parede de local público. (Dicionário Aurélio) Introdução
Este texto busca representações sociais do grafite.1 O grafite está relacionado a um fenômeno social em expansão, no campo das culturas jovens, conhecido como movimento hip hop. Ao lado de uma maneira de dançar, cantar e vestir-se – o brake, o rap e o estilo b-boy, outras formas de expressão do hip hop – o grafite busca expressar uma “visão de mundo” que os envolvidos com o hip hop pretendem afirmar perante a sociedade. Mas, qual conhecimento coletivo, ou seja, que representações sociais têm sido produzidas a partir da convivência cotidiana com os grafites, nas ruas das grandes cidades? Para dar conta de um processo social singular, ao qual o hip hop, no Rio de Janeiro, está relacionado, fomos buscar auxílio nas investigações daqueles que se dedicaram a decifrar o universo funk carioca. Com esse intuito, procedemos à leitura de livros e artigos dedicados ao tema, bem como às contribuições dos que se ocupam dessa expressão cultural enquanto processo de produção de identidades. Se a literatura especializada nos deu acesso ao contexto sócio-cultural a que nos referimos acima, ancorando o trabalho em determinadas “visões do real”, por outro lado, a realização de entrevistas, junto a diferentes sujeitos sociais, foi fundamental para que pudéssemos apreender as representações sociais relativas ao grafite. Afinal, as representações sociais ...circulam nos discursos, são trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens midiáticas, cristalizadas em condutas e em organizações materiais e espaciais (Jodelet 2001:17-18). A ferramenta teórica de que nos valemos — a noção de representações sociais — foi proposta pelo pensamento de Serge Moscovici e vem sendo desenvolvida por vários pesquisadores. Nosso objetivo não é produzir uma explicação definitiva para o fenômeno em questão, nem indicar o estudo das representações sociais como o único caminho para compreender os grafites. Neste texto, o próprio pensar sobre uma determinada experiência está sendo assumido como ...prácticas socioculturales cambiantes, complejas, fluidas... que, a um só tempo,