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Outubro 2015
As boas-vindas Conquistar a UC com Ciência Opinião: “Sonhar é partir!”
Outubro, 2015 // Número 4/15 Coordenador: João Cardoso // Edição: João Cardoso Pelouro da Comunicação e Imagem: Inês Almeida, Jéssica Tavares, João Cardoso, Luís Henriques, Margarida Marques, Maria Inês Alfaiate, Tiago Gonçalo.
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Editorial Novo ano, novo capítulo, nova página. É este início de ano que traz novas pessoas para o curso, mas que também significa o fim para algumas. E é esse o principal foco deste Biótopo; é mostrar aos recém-chegados o que é a cidade da Saudade para aqueles que veem os seus dias em Coimbra a chegarem ao fim; é mostrar pouco a pouco, palavra por palavra, o que é a cidade que os albergará nos próximos anos e o que esta lhes trará. É mostrar-lhes que um dia, também eles terão mil histórias para contar. Nesta edição podemos contar com um discurso de boasvindas da Presidente atual do Núcleo de Estudantes de Biologia, Cristina Figueiredo, bem como um Descobre Coimbra diferente, as típicas reviews na secção reformada, designada de Notas Culturais; as Conquistas da UC, contará com grandes descobrimentos da nossa
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Destaques Prefácio//4 Sabias que… Universidade de Coimbra//5 Descobre Coimbra Palácio dos Melos//7 Notas Culturais//8 Conquistas da UC//11 Opinião//14 Passatempos do Biólogo//16
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Universidade no antes e no agora, e um texto de despedida também, de uma ex-coordenadora deste pelouro e estudante de Biologia, Sofia Carvalho. E para terminar, os Passatempos do Biólogo. Saudações académicas, Coordenador da Comunicação e Imagem, João Cardoso
Gostavas de ver um texto teu, ou algo que aches interessante publicado no Biótopo? Envia tudo para neb.comunicacao@gmail.com!
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Prefácio Colega, Antes de mais, sê muito bem-vindo(a) a esta cidade e a esta Academia. Inicias agora uma nova etapa da tua vida, chegaste ao ensino superior, à Universidade de Coimbra, à tua nova casa. Muitas devem ser as dúvidas e as angústias que trazes contigo, mas também o entusiasmo e a vontade de começar esta nova fase. O Núcleo de Estudantes de Biologia está aqui para te ajudar a ultrapassar esses desafios. Existimos para te apoiar em tudo aquilo que precisares, seja a nível académico ou pessoal. Queremos partilhar contigo aquilo que já aprendemos em Coimbra e acompanhar-te ao longo deste teu percurso. Quero também lembrar-te que ser estudante universitário não é só fazer uma licenciatura, é muito mais que isso. É uma oportunidade de crescer, crescer enquanto pessoa, de sermos uma versão melhorada de nós mesmos. Agora que és membro da Universidade de Coimbra e também da Associação Académica de Coimbra convido-te a participar ativamente em ambas e a crescer com elas. Tanto a UC como a AAC trabalham constantemente para te proporcionar uma melhor formação, existindo imensas atividades em que podes participar, podendo começar pelo teu núcleo de estudantes. Vem conhecer-nos e ver como trabalhamos em prol dos estudantes de Biologia e participa, estamos a contar contigo! Cristina Figueiredo Presidente do NEB|AAC
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Sabias que… Inês Almeida … A Universidade de Coimbra é a universidade mais antiga do país e uma das mais antigas do mundo. A universidade foi criada em 1290 pelo Rei D.Dinis mas nem sempre permaneceu em Coimbra, esta, em tempos, esteve localizada em Lisboa e só em 1537 se fixou permanentemente em Coimbra. A UC é composta por 8 faculdades espalhadas pelos 3 polos, onde estudam mais de 20200 alunos. Aqui estudaram inúmeros notáveis, tais como António Oliveira Salazar, Luís de Camões, entre muitos outros. Sendo a mais antiga das universidades do país, aqui pode-se viver a experiência académica de uma forma bastante amplificada: desde tunas à Queima das Fitas (todas as tradições académicas podem ser encontradas na Universidade de Coimbra), praxe ou até mesmo o uso de capa e batina. A universidade de Coimbra Alta e Sofia é considerada Património Mundial da UNESCO em 2013, focando apenas na UC-apesar de que toda a cidade de ar medieval constitui parte da experiência académicaaconselho a visitar o Paço das Escolas onde podemos encontrar a Biblioteca Joanina (onde a sua manutenção e longevidade se deve aos morcegos). O biótopo dá as boas vindas aos novos estudantes e espera que tenham uma experiência única nesta cidade, dando algumas dicas para viveres uma experiência única: Visitar museu académico; Subir até à Cabra; Passear no nosso lindo botânico; Correr pelas ruas da alta; Subir as monumentais; Uma tarde bem passada com amigos e cerveja na AAC; Enfim, é bastante difícil colocar em tão poucas palavras o que é realmente a Universidade de Coimbra mas vais sem dúvida “levar contigo para a vida”. Lembra-te que não sais daqui só com uma licenciatura e não há melhor cidade que te possa oferecer uma experiência tão única e mágica. -5-
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Descobre Coimbra: Palácio dos Melos Inês Almeida A Casa dos Melos situa-se no campus universitário, polo I, mais precisamente ao lado da faculdade de Direito. A Casa dos Melos ou O palácio dos Melos, muitas vezes apelidado também de antiga faculdade de Farmácia, foi construída no século XVI, mas apenas no final do século XIX incorporou a universidade de Coimbra. Com uma arquitetura típica dos colégios renascentistas, a casa dos Melos atualmente pertence à faculdade de Direito, o que num futuro próximo pode ser utilizada como a biblioteca da faculdade, este projeto de remodelação vai ser conduzido pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, onde o principal objetivo é a harmonia entre a literatura e a arquitetura. Um espaço bastante icónico onde o seu verdadeiro potencial não é aproveitado, além que também é património mundial da UNESCO, devemos preservar ao máximo. Em suma, é um espaço bastante agradável, além de uma arquitetura fantástica podemos aproveitar também o jardim. Um sítio fantástico para um passeio de final de tarde onde o equilíbrio e a paz são as palavras-chaves.
Mapa interativo de Coimbra: Visita http://worldheritage.uc.pt/pt/ para mais informações
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Notas Culturais Margarida Marques, Maria Inês Alfaiate & Tiago Gonçalo Música: Serenata de Coimbra – Luiz Goes O cantor Luiz Goes, uma das maiores referências da canção de Coimbra, licenciou-se em Medicina, em Coimbra, tendo exercido a profissão de dentista ao mesmo tempo que apostava na sua carreira artística. «Durante muito tempo para se cantar o fado de Coimbra tinha se ser à maneira do Menano com voz fininha e por aí adiante. Eu quis aproveitar o que estava feito para introduzir uma forma mais livre da canção coimbrã». (Luiz Goes) E assim, Luiz Goes marcava os seus fados com uma invulgar convicção na interpretação da letra, graças a profundidade que dava às palavras e à sua melodiosa voz. Em Março de 1957, Luiz Goes dá voz ao álbum do Coimbra Quintet, primeiramente intitulado “Serenata de Coimbra”, e, posteriormente, “Fados de Coimbra”. O álbum foi um êxito internacional, tendo sido o disco de música portuguesa mais vendido em todo o mundo por várias décadas. Consta de vários famosos fados, como “Fado Hilário”, “Fado Estudante” e “Serra d'Arga”. “Foi um disco que causou um grande impacto. Tecnicamente é muito mais -7-
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evoluído. É um disco em que a voz é posta ao serviço da cultura e não da pieguice.
Filme: Capas Negras Realizado por Armando Miranda, conta com o protagonismo da tão grande Amália Rodrigues. É gravado na Real República Rás-Teparta, e trata o romance de um quartanista de Direito com uma tricana. Estreou em Coimbra em 1947, mas uma semana depois a sua exibição viria a ser proibida pelo Ministro da Educação, graças à contestação incansável dos estudantes, que viam essas imagens como uma ofensa à Tradição Coimbrã que conheciam. 33 anos mais tarde regressou às bilheteiras, mostrando-se um sucesso nacional e internacional, e estando em cartaz durante 22 semanas. No entanto, esta exibição continuou a não ser bem vista, dadas algumas falhas que denegriam a imagem da Academia de Coimbra dos anos 40. Esses erros custaram a reputação que até aí se tinha construído, acabando por retratar a cidade do Mondego e dos Estudantes como um antro de uma Tradição desrespeitada, de Doutores que pediam toda e mais alguma moça em casamento, sustentando-se com o dinheiro das amantes, e de alunos que se formavam para trabalharem em parceria com o insucesso. Em termos praxísticos também ficou um pouco aquém. Apesar destes e outros erros, que na década de 40 eram inconcebíveis e nenhum estudante, dessa -8-
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altura ou contemporâneo a nós, se revê neles, é bonito prestar atenção à arquitetura de Coimbra, numa comparação com a atualidade. Note-se o estado de alguns monumentos, conservados, e ainda a existência do Arco da Traição. Portanto, pondo de parte as falhas, não deixa de ser um filme que aconselho, seja para ouvir as serenatas – como a “Feiticeira” -, assistir a jantares de antigos estudantes, perceber a vida numa República, ou reparar nas referências à Queima das Fitas “que é a data mais feliz para nós, estudantes de Coimbra”, como para desenvolver um lado crítico relativamente à verdadeira Coimbra, como os que por aqui passam deviam conhecer.
Livro: Só, de António Nobre O livro que constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX foi escrito pelo poeta, natural da cidade do Porto, ainda este estudava Direito na Universidade de Coimbra. A sua integração na vida estudantil não correu da melhor forma, tendo mesmo acabado por desistir do curso, emigrando para Paris ao fim de dois anos. O próprio autor declara que este “é o livro mais triste de Portugal”, marcado por uma constante visão cinzenta da vida, por um desejo de exílio e por um profundo peso da melancolia. Coerentemente, o poeta escreve de forma clara a sua má adaptação à vida académica e boémia de Coimbra, descrevendo no entanto com fascínio e felicidade as memórias das paisagens sobre o mondego e das ruas apertadas da alta coimbrã.
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Um livro marcado pela lamentação e pela nostalgia mas no entanto com uma linguagem extremamente rica e simbólica da época em que se insere, que recomendo a qualquer estudante de Coimbra, pela maravilha com que autor mexe nas palavras e pela pureza dos seus sentimentos. “Minha capa vos açoite Que é para vos agasalhar Se por fora é cor da noite Por dentro é cor do Luar.” António Nobre, Coimbra, 1890.
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Conquistas da UC JĂŠssica Tavares & LuĂs Henriques O antes 1800 foi o ano da descoberta do terceiro elemento da tabela periĂłdica, o LĂtio. Por detrĂĄs desta descoberta estĂŁo JĂśns Berzelius, Johan Arfwedson, Claude Berthollet e o brasileiro JosĂŠ BonifĂĄcio de Andrada e Silva, tambĂŠm conhecido como o Patriarca da IndependĂŞncia do Brasil. Este Ăşltimo formou-se em Filosofia Natural (1787) e Direito CanĂłnico (1788) na Universidade de Coimbra, no entanto os seus estudos nĂŁo terminaram por aĂ. Em 1790 deu inĂcio a um perĂodo de estudos nos grandes centros cientĂficos da europa, onde estudou quĂmica, botânica, mineralogia e metalurgia. Em 1800 numa mina na ilha de UtĂś, da SuĂŠcia descobriu o mineral Petalita (đ??żđ?‘–đ??´đ?‘™đ?‘†đ?‘–4 đ?‘‚10 ) onde mais tarde, em 1817 foi detetado por Arfwedson a presença do metal alcalino LĂtio, este nome provĂŠm do latim lithus que significa pedra, devido ao facto de este no seu estado natural ser sĂłlido. Para alĂŠm desta descoberta, Andrada e Silva ainda estĂĄ associado Ă descoberta de 12 novos minerais e mais tarde regressou a Coimbra onde se dedicou ao ensino da metalurgia.
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O agora De Coimbra chegam notícias de que pode estar aberto um caminho para novos tratamentos de doenças cardiovasculares. Tem tudo a ver com uma proteína especializada na comunicação entre células vizinhas denominada de conexina43 existente nos exossomas (vesículas extracelulares). É uma descoberta de investigadores da Universidade coimbrã: os exossomas podem funcionar não só como uma forma de comunicação entre células distantes mas também como um “sistema de controlo de qualidade”, através do qual as células podem expulsar conteúdos indesejados ou tóxicos. Esta conclusão, publicada no jornal online Scientific Reports, do grupo Nature, pode conduzir a “novas abordagens terapêuticas, nomeadamente no tratamento de doenças cardiovasculares, utilizando os exossomas como veículo de fármacos e a conexina43 como um facilitador da libertação do conteúdo dos exossomas nas células alvo”, explica a UC em comunicado de imprensa. O coordenador do estudo, Henrique Girão, comprova como os exossomas "têm um grande potencial clínico e terapêutico". Como estão presentes na saliva e no sangue, por exemplo, é possível isolá-los e "identificar nos seus constituintes moléculas que podem funcionar como biomarcadores para diagnóstico ou prognóstico de doença". O investigador adianta também: “uma vez isolados, é ainda possível manipular o seu conteúdo, nomeadamente em termos de fármacos, e voltar a introduzi-los no organismo, podendo assim funcionar como veículos terapêuticos".
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O estudo foi realizado em linhas celulares, modelos animais e amostras humanas e, relembrando sempre o papel da conexina43 na mediação da comunicação entre células adjacentes, demonstra ainda que a mesma proteína “pode também mediar a comunicação dos exossomas com as células”. Agora, face à descoberta os investigadores podem utilizar agora esta para a investigação de novos tratamentos nomeadamente a nível cardiovascular, apesar de esta nova descoberta também poder ser utilizada no combate a vários tipos de doença como referido pelo investigador Henrique Girão. Os investigadores vão ainda colaborar com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra na avaliação, em contexto clínico, da conexina43 como possível indicador para as enfermidades cardiovasculares
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Opinião: “Sonho em ficar! Sonhar é partir!” Sofia Carvalho Há quatro anos começou a minha aventura. A entrada no ensino superior, a cidade nova e totalmente desconhecida, os quase 200km que a separavam da minha casa, conseguir (sobre)viver sozinha sem os pais, fazer novos amigos e sobretudo perceber aquele encanto que todos os que por ela passam sentem. Se disser que cresci mais naquele primeiro ano em Coimbra do que nos outros 18 que já tinha vivido, não minto, com certeza. Desde logo deixei-me deslumbrar por tudo à minha volta. Coimbra exala tradição e eu estava disposta a absorver tudo. O primeiro contacto mais direto que tive foi na Praxe, presente desde o primeiro dia. Tantas capas negras vi passarem por mim, tantos sapatos pretos conheci, tantas vozes me chegavam aos ouvidos que não pude senão deixar-me inundar pelo espírito e orgulho de estudar na mais antiga universidade portuguesa, conhecer e viver as tradições e sentir o peso da responsabilidade de continuar o legado de milhares de estudantes ao longo dos seus mais de 7 séculos de história. Depois vieram os passeios aos lugares históricos, o Fado de Coimbra, as tardes à beira rio ou numa tasquinha da baixa, e o amor foi crescendo. É difícil resumir e passar para o papel tudo o que me marcou, mas consigo afirmar com toda a certeza que vivi Coimbra ao máximo, e nem poderia ser de outra forma. Posso dizer que já conheço bem os “cantos à casa”, que não falhei uma serenata ou um cortejo, que fiz amigos para toda a vida,
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que não trocava as noites mais aleatórias por nada nem me via a iniciar a minha vida adulta em mais lado algum. E agora, com cadeiras feitas, diploma na mão e coração cheio, a sensação é que de Coimbra nunca se tem demais e desengane-se quem pense que está lá apenas “de passagem”, pois só depois de deixarem de pisar as suas ruas todos os dias é que sabem bem a falta que vão sentir de viver Coimbra e o verdadeiro valor da palavra Saudade.
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Passatempo do Bi贸logo Palavras Cruzadas
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