2016 ❘ edição 97 ❘ mar-abr
Arquitetura, Tecnologia e Ecoeficiência
AÇO NA ARQUITETURA » Agência Premium Nova Faria Lima, SP Collaço e Monteiro
» Edifícios habitacionais em Paris Tetrarc Architects
» Edifício Gaia, SP Technè
9 771808 691004
ISSN 1808-6918
R$ 30,00
» Nova norma para sistema steel deck » Proteção passiva em estruturas de aço
Centro de inovação Kraton Polymers do Brasil ❘ Oliveira Cotta Arquitetura ❘ Paulínia, SP
A NOVA ENVOLTÓRIA RESPONDE AOS
ESTRUTURA METÁLICA EM PROJETO DE RETROFIT
ÂNGULOS DE INCIDÊNCIA SOL AR, REDUZINDO AS CARGAS TÉRMICAS
Segundo o arquiteto João Oliveira Cotta, do escritório Oliveira Cotta Arquitetura, para atender ao desafio de desenvolver um projeto com essas características sobre uma base antiga, foi criada uma segunda pele no edifício, através do uso de estruturas metálicas e diferentes materiais de revestimento, conforme a posição de cada uma das fachadas. Solução que também respondeu às exigências de sustentabilidade da edificação. Construído há dez anos, o prédio térreo passou por reforma completa na área interna e nas fachadas, em obra realizada no período de seis meses. A área construída passou de 570 para 760 metros quadrados, distribuídos em dois blocos: o primeiro abriga a recepção de clientes e a diretoria; no segundo estão os laboratórios e a administração.
ENVOLTÓRIA METÁLICA
Segundo Cotta, como não era possível modificar significativamente a volumetria da fachada original, a solução foi trabalhar com o conceito de segunda pele a partir dos estudos de insolação e tirando partido da tecnologia de estrutura metálica. Desse modo, os materiais foram aplicados conforme a necessidade do controle de incidência solar. As antigas faces de bloco de concreto com pintura acrílica e esquadrias de ferro ganharam uma envoltória constituída de estrutura metálica revestida, o que promoveu agilidade na execução da obra e permitiu trabalhar independentemente das fachadas existentes. Para o arquiteto, o desafio do projeto consistiu em desenvolver uma estrutura metálica estável, que suportasse as novas cargas e ao mesmo tempo se apresentasse esbelta. A solução foi compô-la com um frame principal e uma subestrutura, que exerce a função de contraventamento. »
ARQUITETURA
ARQUITETURA
Como não era possível fazer grandes mudanças na volumetria da fachada original 51
da edificação, o projeto de reforma e ampliação utilizou o conceito de segunda pele, recorrendo à tecnologia proporcionada pelas estruturas metálicas, em associação com o uso de brises-colmeia, revestimento metálico, vidro e painéis de alumínio composto.
EMPRESA
química localizada em Paulínia, interior de São Paulo, a Kraton Polymers do Brasil tinha planos de ampliar seu laboratório, adequando os espaços de desenvolvimento e pesquisa de novos produtos à área administrativa e recepção de clientes. O objetivo era criar um ambiente com atmosfera tecnológica, que expressasse suas atividades, considerando o conforto dos usuários e a racionalização de recursos para a realização da obra.
DETALHE DA ANTIGA CONSTRUÇÃO
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REENTRÂNCIAS COM INCLINAÇÃO NEGATIVA PROTEGEM O VÃO-LUZ DA INCIDÊNCIA SOL AR
Centro de inovação Kraton Polymers do Brasil ❘ Oliveira Cotta Arquitetura ❘ Paulínia, SP
Telha metálica Rufo Perfil metálico tubular Ø 20x20 cm A
A
Calha em chapa galvanizada
O frame principal possui quatro pilares tubulares de aço metalon com dimensões de 20 x por 20 centímetros, instalados nas extremidades das fachadas do bloco menor. A subestrutura é formada por tesouras produzidas com perfis tubulares de aço metalon medindo 5 x 5 centímetros. Essas tesouras são apoios, no sentido transversal da estrutura da segunda pele, fixados no edifício para dar estabilidade. Completam a estrutura metálica perfis tubulares de 10 x 15 centímetros.
Calha apoiada em estrutura metálica
Telhado existente
Chanfro em placa de ACM Estrutura metálica para sustentação das placas de ACM
Construção existente
O ACESSO À RECEPÇÃO TEM RECUO REVESTIDO COM PAINEL DE ALUMÍNIO COMPOSTO
Placa de ACM B
B Estrutura metálica para sustentação das placas de ACM TÉRREO
PL ACAS DE VIDRO TRANSLÚCIDO COM 3,80 METROS
Para a ancoragem da estrutura metálica foi feito um baldrame, constituído de uma viga de concreto, que recebeu os pilares de aço e as cargas da estrutura metálica. Esta, por sua vez, está travada na estrutura da edificação existente, através de perfis tubulares e retangulares. Instalada a 1,30 metro de distância de todas as fachadas, a estrutura metálica recebeu diferentes revestimentos e com isso foi possível dar novas formas ao edifício.
DE ALTURA PROTEGEM A FACHADA ORIGINAL , ONDE SE ENCONTRA A SAL A DE REUNIÕES
Chanfro em placa de ACM
Perfil metálico tubular Ø 7x15 cm
CORTE A A DETALHE DA FACHADA EM CHANFRO
CORTE BB
ELEVAÇÃO 1
Elevação 3
SEGUNDA PELE
De acordo com o arquiteto, o conceito da nova envoltória baseia-se no princípio de manutenção da volumetria original e adição de uma pele externa, que responde aos ângulos de incidência solar de forma a bloquear a radiação direta durante a maior parte do tempo. Assim, foi possível minimizar as cargas térmicas e proporcionar ambientes de trabalho confortáveis, com potencial de funcionar por boa parte do ano com ventilação e luz naturais. Para revestir o edifício, o arquiteto respeitou as características de cada uma de suas faces, utilizando diferentes combinações de materiais, conforme a demanda específica de proteção solar, em relação à orientação e à ocupação interna dos ambientes. Foram utilizados brises-colmeia, revestimento metálico, esquadrias de alumínio, painéis de alumínio composto e sistema de vidros C Glass.
Elevação 2
Elevação 4
ELEVAÇÃO 2
ELEVAÇÃO 3
Elevação 1
IMPL ANTAÇÃO
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ELEVAÇÃO 4
Na fachada frontal do primeiro bloco, voltada para o oeste, o sistema C Glass, da Pilkington Profilit, forma uma segunda pele de vidro ventilada. Trata-se de um sistema de vidros autoportantes no formato de U, para dar maior resistência nas bordas, que utiliza estrutura de fixação composta por perfis de alumínio, percorrendo todo o requadro das placas de vidros, perfis de PVC aplicados na interface do metal com o vidro e silicone na vedação para garantir a estanqueidade. Cada placa tem »
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Centro de inovação Kraton Polymers do Brasil ❘ Oliveira Cotta Arquitetura ❘ Paulínia, SP
NO BLOCO POSTERIOR, QUE ABRIGA OS L ABORATÓRIOS, A FACHADA TEM BRISES
CAIXILHOS COM QUADROS FIXOS E JANEL A MA XIM-AR PERMITEM O
DE ALUMÍNIO TIPO COLMEIA E PAINÉIS DE REVESTIMENTO METÁLICO
CONTROLE DO FLUXO DE AR, FAVORECENDO A VENTIL AÇÃO NATURAL
aproximadamente 3,80 metros de altura e seis milímetros de espessura. “Com essa solução, boa parte da radiação solar incidente foi retida no C Glass com acabamento translúcido, protegendo a fachada original, onde se encontra a principal sala de reuniões”, explica o arquiteto. “Nessa mesma face foram utilizados painéis de alumínio composto e painéis metálicos MW 270, da Refax. Este último foi aplicado no volume menor, onde se encontra a recepção, por possuir um acabamento mais refinado, auxiliando a redefinir a imagem e o conceito da edificação em direção a uma abordagem mais inovadora. Na lateral direita, o revestimento metálico foi perfurado para garantir a troca de ar através da ventilação na cavidade existente entre a pele de vidro e a fachada original”, completa Cotta. No bloco posterior, que abriga os laboratórios, a face com orientação leste/oeste recebeu brises de alumínio do tipo colmeia com 10 x 10 centímetros, da Refax, combinados com painéis de revestimento metálico. De acordo com Cotta, além de proteger a fachada original dos baixos ângulos solares, os brises utilizados verticalmente como
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revestimento tiveram a função de esconder algumas das utilidades dispostas no corredor técnico, localizado entre a antiga fachada e aquela proposta no retrofit.
FICHA TÉCNICA
Obra ❘ Centro de Inovação Cliente ❘ Kraton Polymers do Brasil Local ❘ Paulínia, SP Projeto ❘ maio/novembro de 2013 Conclusão da obra ❘ maio de 2014 Área construída ❘ 760 m²
Os brises são compostos por perfis tipo U de alumínio, encaixados entre si formando grelhas dispostas em dupla face, unidas através de presilhas de aço temperado e cinta perimetral em formato C. Equidistantes 1,30 metro da fachada antiga, os brises foram instalados numa subestrutura metálica, que por sua vez foi ancorada na estrutura metálica principal. Na interface do brise com a estrutura metálica foram usadas cantoneiras metálicas para fixação. Além do controle solar, essa solução possibilita a ventilação da área técnica e cria uniformidade visual. Os mesmos painéis de revestimento metálico aplicado na face leste/oeste do bloco posterior foram utilizados nas fachadas norte e sul, respectivamente, nas cores cinza-claro (cor alumínio R99) e preta. “Como a face norte recebe maior incidência solar ao longo do ano, a cor clara apresenta maior coeficiente de reflexão da radiação solar, contribuindo para o tratamento térmico da recepção”, detalha Cotta.
A antiga caixilharia de ferro foi substituída por caixilhos produzidos com vidro laminado incolor de oito milímetros, colados com silicone em perfis de alumínio com acabamento em pintura eletrostática na cor branca. Para que o usuário tenha maior controle sobre o fluxo de ar externo, obtendo mais conforto térmico e ventilação natural, o arquiteto adotou caixilhos constituídos por quadro fixo no vão central e janela maxim-ar nas extremidades. (Por Gilmara Gelinski) •
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Essas fachadas possuem reentrâncias com inclinação negativa vedadas por painéis de alumínio composto na cor azul. As reentrâncias têm a função de unir as janelas da fachada original com a segunda pele e em alguns casos proteger o vão-luz da incidência solar, funcionando como um beiral. Para a instalação do ACM utilizou-se uma estrutura secundária de metalon, seguindo a modulação exigida pelo fabricante.
EQUIPE TÉCNICA
Arquitetura ❘ João Oliveira Cotta e Rosa Oliveira Cotta Construção ❘ Construtora J Fonseca (estruturas metálicas, fachadas de vidro, brises, e instalação dos revestimentos metálicos) Fotos ❘ Ronaldo Rizzuti FORNECEDORES
Vidros C Glass ❘ Pilkington Profilit/Vidro Sistemas RECEPÇÃO E SAL A DE REUNIÕES
Brises-colmeia, ACM e painéis metálicos ❘ Refax
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