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CARTA AO LEITOR
SUMÁRIO
Júbilo, alegria, louvor, é o que celebramos, ao surgir o número 29 que assinala o quinto aniversário de GENIUS, o veículo da cultura paraibana. Há cinco anos, vimos revelando em suas páginas matérias que dizem respeito a história, memória, literatura, filosofia, artes plásticas, ciência política, jornalismo, folclore, religião, historiografia, meio ambiente, música popular brasileira, poesias, contos, crítica literária, cinema, turismo e tantas mais de grande interesse para os leitores. Os textos divulgados em GENIUS, cabe ressaltar, abrangem as matérias acima apontadas relacionadas, não apenas com a Paraíba, mas também com o Brasil e com o Mundo, conforme o interesse que eles possam despertar no leitor. Tudo isso podemos comprovar através do Índice remissivo de matérias que tivemos a preocupação e o cuidado de elaborar e divulgar nesta edição para facilitar aos leitores e pesquisadores uma consulta breve ao conteúdo de suas diferentes edições. Tocante, por exemplo, aos verbetes que se voltam para a Paraíba, lá se contêm textos que interessam à sua história, à sua literatura, à sua ensaística, assim como uma seção dedicada aos paraibanos que pertenceram ou venham a pertencer à Academia Brasileira de Letras, com a transcrição de seus discursos de posse, aos elogios que lhes fizeram os confrades recepcionistas ou, ainda, os panegíricos proferidos por quantos os substituíram nas respectivas cadeiras. Com isso contribuímos para que se mantenha a imortalidade das figuras imorredouras de Pereira da Silva, José Lins do Rego, Assis Chateaubriand, José Américo de Almeida, Ariano Suassuna, Celso Furtado e Aurélio de Lira Tavares. No que tange ao Brasil, sobressaem estudos sobre sua história e sua historiografia, assim como figuras que engrandeceram sua literatura, sua política e sua música, tais como, Epitácio Pessoa, Augusto dos Anjos, Machado de Assis, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Carlos Drumond de Andrade, Olavo Bilac, Guiomar Novais, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e tantos outros. Finalmente, a projeção dos temas estrangeiros nas páginas de GENIUS evidencia-se pelas análises em torno de Einstein e a descoberta das ondas gravitacionais; o feminicídio na América Latina; Kant e o idealismo alemão; Beaudelaire, Tomás de Aquino, e outros temas. Ao assinalarmos os cinco anos de GENIUS, é de nosso dever agradecer aos colaboradores e assinantes pelo prestígio que oferecem a esta revista, assim como àqueles que todo bimestre procuram-na nas bancas, assegurando a sua veiculação e permanência no espaço jornalístico da Paraíba.
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CINEMA As dificuldades de um novo lar
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HISTÓRIA Transposição das águas do são francisco
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PARAIBANOS NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Um curioso cruzamento de polemista e de repórter
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RESENHA LITERÁRIA Ah, essas vozes. Recorrentes, sempre
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MEMÓRIA Nise da Silveira, rebeldia que gera ciência
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HISTÓRIA MUNICIPAL Evolução Histórica da Cidade de Borborema Antecedentes
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TURISMO Sentimento em Berlim
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LITERATURA O poeta só inspira admiração
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DIVAGAÇÃO Amor x Alzheimer
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CRÍTICA LITERÁRIA Carlos Alberto Jales e a palavra submersa
Novembro/Dezembro/2017 - Ano V Nº 28 Uma publicação de LAN EDIÇÃO E COMERCIO DE PERIÓDICOS LTDA. Diretor e Editor: Flávio Sátiro Fernandes (SRTE-PB 0001980/PB) Diagramação e arte: João Damasceno (DRT-3902) Tiragem: 1.000 exemplares Redação: Av. Epitácio Pessoa, 1251- Sala 807 – 8º andar Bairro dos Estados - João Pessoa-PB - CEP: 58.030-001 Telefones: (83) 99981.2335 E-mail: flaviosatiro@uol.com.br Impresso nas oficinas gráficas de A União Superintendência de Imprensa e Editora CARTAS E LIVROS PARA O ENDEREÇO OU E-MAIL ACIMA
CAPA: Fdgdgdg ISSN: 2357-833
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COLABORAM NESTE NÚMERO: 4
AILTON ELISIÁRIO [Sentimento em Berlim] Possui graduação em Direito pela Universidade Regional do Nordeste (1987), em Ciências Econômicas pela UFPB (1968), mestrado em Economia pela UFP (1983) e especialização em Direito Civil pela Universidade Estadual da Paraiba (1987). É professor titular da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande. ANDRÉS VON DESSAUER [As dificuldades de um novo lar] Mestre em Economia e Ciência Política pela Universidade de Munique, Alemanha. Comentarista cinematográfico no triângulo Rio de Janeiro-São Paulo-João Pessoa sobre filmes cult. Articulista em vários periódicos nacionais. ÂNGELA BEZERRA DE CASTRO [O poeta só inspira admiração] Professora da Universidade Federal da Paraíba, escritora, crítica literária, membro da Academia Paraibana de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 31, cujo patrono é Epitácio Pessoa. Escreveu, dentre outros livros Um certo modo de ler, Releitura de A Bagaceira e Um ponto no infinito contínuo. BARTYRA SOARES [Carlos Alberto Jales e a palavra submersa] Natural de Catende (PE), radicada no Recife. Poetisa, contista, dramaturga. Publicou vários livros de
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poesia e de contos. Sua peça, Oratório da Paixão, escrito em parceria com Maria do Carmo Barreto Campello de Mello, foi encenada em várias cidades de Pernambuco e no Recife. FELIZARDO DE MOURA JANSEN [Amor & Alzheimer] Bacharel em direito, Advogado, membro da Academia Paraibana de Letras Jurídicas (APLJ), onde ocupa a Cadeira. JOÃO CABRAL DE MELO NETO (In Memoriam) (Recife, 1920 – Rio de Janeiro, 1999) [Um curioso cruzamento de polemista e de repórter] Poeta e diplomata. Um dos mais expressivos nomes da poesia brasileira. Ganhou o Prêmio Neustadt, considerado o Nobel Americano. Pertenceu à Academia Pernambucana de Letras e à Academia Brasileira de Letras. Em seu ingresso na Academia Brasileira de Letras, foi saudado por José Américo de Almeida (v. GENIUS, nº 15, 2016, Um precursor de vanguardas.) KRISHNAMURTI GOES DOS ANJOS [Ah, essas vozes. Recorrentes, sempre] Escritor, pesquisador, poeta e crítico literário. Autor de livros de contos e dois romances históricos, Il Crime dei Caminho Novo e O Touro do rebanho. Obteve o primeiro lugar no Concurso Internacional – Prêmio José de Alencar, da União Brasileira de Escritores (UBE/RJ), na categoria Romance.
CINEMA AS DIFICULDADES DE UM NOVO LAR Andrés von Dessauer
De um lado extremo, o fluxo de milhares refugiados, só com a roupa, no corpo, buscam uma nova vida na Europa enquanto que, do outro lado, a classe privilegiada russa compra casas luxuosas em Londres. Os dois movimentos, tão contraditórios, comungam do mesmo anseio: encontrar uma vida melhor. Entre essas pontas, existem centenas de formas diferentes da “minha casa, minha vida”, incluindo ou não banheiras jacuzzi. Fica evidente a mentalidade nômade do ser humano, mas que tende a se estabelecer, quase sempre em uma nova caverna. De tão comum, esse movimento, apesar de estar, muitas vezes, direta ou indiretamente, presente na 7ª Arte, passa despercebido nas telas.Os dois filmes, comentados abaixo, relatam casos em que uma mudança radical de domicilio pode-se deparar com a impossibilidade de se instalar em uma nova ‘casa’. Ademais, a força normativa do “way of life” anterior pode chamar as personagens para seu antigo habitat.No filme LE ROI DE COEUR, uma pérola entre as obras da cinematografia, os loucos se esbarram com o lado bélico da humanidade e voltam para o seu manicômio. Já no filme romântico juvenil MOONLIGHT KINGDOM, um escoteiro aventureiro é impedido de viver uma vida alternativa na natureza, com seu primeiro amor. LE ROI DE COEUR – Esse Mundo é dos Loucos A capacidade de vencer o tempo é umas condições “sine qua non” para alçar um filme à categoria “cult”. A comédia “Le Roi de Coeur” (no Brasil, Esse Mundo é dos Loucos) do diretor francês Philippe de Broca, lançada em 1966, em cartaz por anos a fio, em Cambridge (Massachusetts), é um perfeito exemplo dessa resistência. De fato, com leveza e, ao mesmo tempo, ironia ímpar, o “cult” de Broca consegue levar ao picadeiro a “guerra” e a “loucura”, temas muito próximos, mais afeitos ao drama, como se vê em “O Estranho no Ninho”, de 1975, no qual Jack Nicholson, incorpora
o líder de uma rebelião deflagrada no âmago de um hospício. Em “Le Roi” a beligerância fica por conta dos “normais”, já que o manicômio praticamente não possui portas e, os loucos utilizam a bucólica cidadezinha francesa de Marville como um imenso “playground”. Porém, como toda loucura é impregnada de vestígios de racionalidade, ao tomar posse da referida cidade, os loucos de Broca constituem uma sociedade apartada de preconceitos e bastante funcional. Ao fazer alusão a um jogo de cartas, o título, em sua versão original (carecedor de uma tradução brasileira menos livre), já prenuncia que as principais ações serão conduzidas pelo sempre bem humorado “homo ludens”, que vê a vida como um jogo de prazer. E, em contraposição a essa figura, têm-se dois exércitos rivais (alemães x escoceses), a simbolizar o “homo bellicus”. O universo marcial retratado em suas várias nuances de cinza e conclusões previsíveis é ambiente de regras estáticas pouco fecundas. E, sob esse aspecto, contrasta, frontalmente, com o mundo colorido dos
insanos, que embora também possua “leis”, se apresentam essas mais flexíveis e condizentes com a realidade mutante. A trilha sonora tem o poder de nos remeter a um circo a céu aberto, onde animais de grande porte transitam livremente e, o majestoso leão se mantém na jaula por vontade própria, só se alterando quando tolhido em seu direito de ir e vir. E nesse ambiente lúdico, pouco ortodoxo, nem mesmo a figura da “Morte” (do “Sétimo Selo”, Bergman) escaparia do cheque aplicado por um simpático chipanzé. Em meio a isso, o ato de despir-se e buscar abrigo no manicômio chega a ser bastante lógico, considerando que, “num mundo louco, só os loucos são equilibrados”, nas palavras do aclamado diretor Akiro Kurosawa. Assim, como “de perto, ninguém é normal”, a insanidade se apresenta como uma questão de proporcionalidade dentro de cada um de nós. Cabe, então, ao espectador definir qual dos mundos é menos atingido pelo vírus da loucura. Hoje, transcorridos 46 anos, a afirmativa de que “a melhor viagem é aquela realizada através de uma janela”, parece ter ganho um novo sentido, na medida em que, da associação entre o “homo faber” e o “homo sapiens” nascera a internet, a nos permitir viajar em um só “click”. MOONRISE KINGDOM A alternativa “hipster” Um trabalho cinematográfico, via de regra, conta com aproximadamente trinta gêneros classificatórios. E, dentre esses ganham destaque decrescente, pela expressiva bilheteria, os filmes de aventura, ação, terror e comédia romântica. Essa classificação, todavia, nem sempre é algo fácil diante da inevitável sobreposição de temas em uma mesma película. Seja como for, as obras atemporais, bem como aquelas que não se enquadram no tradicional costumam ser arquivadas na estante reservada aos filmes cults que, por sua vez, conta com uma prateleira especialmente de-
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dicada aos filmes hipsters, vocábulo que representa um estilo de vida contrário ao senso social predominante. Valendo dizer, essa expressão de origem controversa, também mantém relação com o imperativo “abra os olhos” servindo como fonte de inspiração para diversas tribos urbanas como nerds, geeks, oldschool. Um filme hipster portanto, carrega como característica preponderante a marca indelével da originalidade. Pioneiro, nesse sentido, fora o longa “Rocky Horror Picture Show” seguido por inúmeros outros (“Bagdad Café”, “Dogville”, “Clube de Luta”, “Miss Sunshine”, “Crash”, dentre outros). Recentemente, dois longas do diretor Wess Anderson, enriqueceram essa lista: “A Família Tennebaum” (2001) e a aventura românica juvenil “Moonrise Kingdom” (2012), narrada no limite entre o real e o fantástico. Em uma interpretação livre, aliás, o acampamento de escoteiros se revela um bom exemplo de sociedade hipster criada pelo Barão Baden-Powell em 1907. E, nesse contexto, o protagonista-escoteiro (Jared Gilman) de 12 anos, órfão, que atende pelo nome de Sam (em uma irônica contraposição à figura do “Uncle Sam”) é um hipster dentro de uma comunidade hipster.
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Membro de uma família disfuncional, esse personagem central tenta trilhar seu próprio destino ao lado da igualmente pré-adolescente Suzy (Kara Hayward) e o espírito de aventura nascido desse pacto juvenil, torna possível a descoberta dos rudimentos do amor e do companheirismo. O fato de sentir-se, ao mesmo tempo, prisioneiro e abandonado faz crescer o anseio de “fuga” e o desejo de transpor obstáculos. Mas como todo pré-adolescente, Sam tem atitudes próprias de sua idade e seus questionamentos sobre a vida se mostram mais interessantes que qualquer eventual resposta. O número de estrelas conhecidas, ofuscadas pelo frescor juvenil, é surpreendente e, dentre elas estão: Edward Norton, Frances McDormand, Bill Murray, Harvey Keitel, Jason Schwartzman e Tilda Swinton. Nessa constelação merece destaque a atuação de Bruce Willis, totalmente desatrelada de seus personagens estereotipados. Moonrise Kingdom é, portanto, uma exaltação à liberdade de sonhar, movida pelo entusiasmo da juventude que, descompromissada com a vida adulta, aparentemente distante, possibilita ao espectador reviver fagulhas de sua própria puberdade. g
HISTÓRIA TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO Maria de Lourdes Lemos de Luna (Lourdinha Luna) Inicio meu texto com um agradecimento ao engenheiro civil-militar, João Ferreira Filho e ao deputado Francisco de Assis Quintans, os primeiros, na Paraíba, a se empenharem para que o transporte de águas do rio da Integração Nacional se tornasse realidade, no Nordeste do Brasil. Quando, no cooper matinal do Cabo Branco, se registrava a ausência do coronel João Ferreira, ele estava em São Paulo, Estado mais rico e produtivo da Confederação brasileira. Com sua palavra convincente tentava influir os paulistanos a aderirem à ideia da transposição de águas do São Francisco, uma maneira de prevenção, nos anos sáfaros, na região nordestina, da enxurrada de desempregados em busca de refrigério, na cidade progressista. Outras comunidades acataram a palavra do representante da Paraíba e estamos a caminho da plenitude do beneficio imaginado há mais de século e meio. A QUIMERA ANUNCIADA O sonho da transposição de águas do São Francisco vem do Império. Antes, e na constância da gestão de dom Pedro II, o Nordeste registra trinta e duas (32) estiagens prolongadas que atingiram total ou parcialmente a região. Onze (11) secas violentas ocorreram entre 1804 e 1898, por mais de dois anos. Nas últimas, de 1891 e 1898, o país era regido pelo sistema republicano, com Deodoro da Fonseca e Campos Salles no poder, respectivamente. Na seca de 1877, a mais tenebrosa, anota-se o caráter paternalista do Imperador, com registro, na sessão legislativa de 14 de outubro de 1877: “Venderei a última joia da Coroa, contanto que nenhum nordestino morra de fome e sede.” O longo período, marcado pela ausência de chuvas regulares no século XIX, de 1822 a 1889, o Nordeste conviveu com problemas econômicos e sociais como perda de safras, sede, fome, inanição e endemias... Até o começo da centúria XXI, nada foi
feito para anular as sequelas que o campo improdutivo lega aos agricultores. Os gestores públicos atentaram, tão só, para os efeitos conjunturais e transitórios, como esmolas aos famintos e sedentos. PLANO ANTONIO MARCOS DE MACEDO No ano de 1847, numa visão antecipada da catástrofe de 1877, o Intendente do Crato-CE, Marcos Antônio de Macedo, elaborou um plano para a construção de um canal que captaria águas do São Francisco, em frente à ilha Assunção. Dai o braço aquático seria conduzido a céu aberto, ao Riacho dos Porcos, afluente do rio Salgado e deste ao Jaguaribe, no Ceará. Esse era o caminho de combate ao flagelo. Como deputado eleito pela província do Piauí, Marco Antônio apresentou o documento de sua autoria ao Imperador Pedro II, que o considerou eficiente para redimir a zona castigada pela calamidade de 1877, que se avizinhava. Na malfadada estiagem citada a região do semiárido perdera 90% do rebanho e 50% da população. Na Corte houve reação ao projeto de Marco Antônio, encabeçada pelo barão de Capanema, embora a situação fosse desesperadora e o sertão nordestino carecesse de socorro hídrico e alimentar. A resistência arrimava-se no alto custo financeiro das obras, em face dos obstáculos da Chapada do Araripe, que impediam a correnteza de chegar, por gravidade, à bacia hidrográfica do Jaguaribe. PLANO DE MIGUEL ARROJADO LISBOA Com a morte do sonhador, juiz de Direito, deputado, escritor, politico e ex-governador do Piauí, o magistrado Marco Antônio de Macedo, após a rejeição monarquista, viu sua ideia cair em profunda letargia. O concebido em razão de estudos esclarecedores ressurgiu em 1913, em plena fase
republicana, com o engenheiro civil e geólogo Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Diretor Geral do IOCS, embrião do futuro DNOCS. As mudanças na nomenclatura da Empresa Pública não invalidaram os relevantes serviços prestados ao Nordeste. Na condição de Diretor das Obras Contra as Secas de 1909/12 e de 1920/27, em importantes observações geológicas encontrou em Picui-PB, o mineral Turmalina. A pedra semi-preciosa é rica em ferro e apresenta-se na grande variedade de cores do arco íris, que vão do preto-azulado, ao castanho escuro, amarelo, azul e cor-de-rosa. Raramente são incolores. Ao ser descoberto o arenito por Arrojado Lisboa, em sua homenagem foi batizado com o epiteto de “arrojadite”. Ainda hoje o seixo valioso concorre para o cofre municipal da localidade fincada no Curimataú Ocidental.. Em agosto de 1913, em palestra no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, Arrojado Lisboa mostrou, cientificamente, que águas do São Francisco, nessa época, um caudal volumoso, poderia alcançar o Rio Salgado e dai o Jaguaribe, desde que havia, nessa trajetória, um desnível de 160 metros, favoráveis à implantação do projeto. Acreditou o palestrante que, pela aceitação geral de engenheiros e estudantes da arte de criação de estruturas e aplicação de recursos naturais, o enigma poderia ser decifrado pela jovem república. Porém, o que foi ordenado não saiu do papel. PLANO DE EPITACIO PESSOA Depois de uma parada de seis (6) anos, assume a Presidência da República, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, após ter sido Senador da República em 1915, num ano de baixa invernia. Para um dos postos mais expressivos da Nação, Epitácio teve como coordenador de sua campanha Legislativa o correligionário e admirador José Américo de Almeida. Como mandatário da Nação, consagrado
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em 1919/22, o filho do Nordeste, nascido em Umbuzeiro-PB, deu inicio à sua gestão, com um grande programa de Obras Contra as Secas. Convidou para operar no Brasil duas Empresas dos Estados Unidos e uma da Inglaterra, que construíram 205 grandes açudes, 220 poços profundos e 500 km de ferrovias, para ligar entre si, os Estados do Nordeste. Ainda começou os estudos e o orçamento para levar água do São Francisco até a Chapada do Araripe, o que seria a “redenção do Nordeste”, nas palavras do Marechal Rondon. No Senado e em cargos que ocupou nos três poderes do Brasil republicano, Epitácio deu vivo testemunho do sofrimento dos seus irmãos nordestinos, nos anos de desolador estio. Em missão na Europa, em substituição a Ruy Barbosa, Epitácio foi Juiz na Corte Internacional de Haia. Nessa condição fez palestras sobre a ideia geral de Marcos Antônio de Macedo e a de Miguel Arrojado Lisboa, ambas na mesma direção. Em face da repercussão favorável, entregou os esboços ao especialista em hidráulica, Fonseca Rodrigues, na ocasião em vilegiatura na Europa, com vistas à aplicação tecnológica de escoamento de águas pluviais. Revistos os desenhos e, com base nas informações contidas neles, o analista sugeriu gerar energia hidráulica em Paulo Afonso e transportá-la através de fiação até Cabrobó. Daí fazer a elevação mecânica para transporte de águas à Chapada do Araripe. Contudo o que estava bem encaminhado recebeu do sucessor de Epitácio, o anti-Nordeste Artur Bernardes, o esconderijo de sua gaveta. PLANO PRESIDENTE JOÃO FIGUEIREDO O projeto dormiu até 1982, quando no governo do Presidente João Batista de Figueiredo a região nordestina convivia com uma seca avassaladora. Na formação de seu Ministério convidou o colega de farda, coronel Mario Davi Andreazza, para ocupar o Ministério do Interior. Em seu currículo se lê que o convidado foi um dos mais interessados em tornar perene o rio Jaguaribe, com a retirada de 330 m³ de água do São Francisco para os rios intermitentes do Nordeste Setentrional. O Ministro vitalizou os projetos Lagamar, Sertanejo, Nordeste, todos no interesse do Ceará. Com estudos demorados e o rigor em sua elaboração, o regime militar chegava ao fim com a passagem para a democracia. FERNANDO COLLOR DE MELLO Em 1989, houve a primeira eleição direta para a Presidência da República. Eleito Fernando Afonso Collor de Mello, que derrotou o metalúrgico Luiz Inácio da Silva
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(O Lula veio depois para dar sonoridade ao nome, sem expressão). O “Caçador de Marajás” (slogan de Collor, na campanha presidencial, ao chegar à Casa da Dinda, residência oficial do governante, esperava-se de sua mocidade (40 anos) uma gestão isenta de vícios e riscos... Nascido Collor de Melo, no Rio de Janeiro, em 1946, quando na constância de seu pai Arnon de Mello no Senado da República-RJ, o gaúcho Arnon de Mello fez sua carreira politica em Alagoas, berço de sua esposa. Por seu carisma foi Ministro do Governo Provisório de Getúlio Vargas, em 1930. Na redemocratização de 1945, cerrou fileira ao lado dos que queriam o retorno da democracia, surrupiada dos brasileiros em 1937. Na conjuntura vigente o alagoano Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito pelo voto popular, a acender a lâmpada da esperança no Nordeste brasileiro. Se tinha bons propósitos para com os habitantes dos confins nordestinos, esses se esvaíram com sua renuncia ao cargo mor da Nação, antecedendo-se ao impeachment, que chegou quando já afastado do poder!... Presidente da Nação, Collor de Mello, nos dois anos em sua chefia, não teve um gesto de acatamento ao traslado de águas do rio São Francisco, para minorar a expiação dos seus eleitores, viventes no semiárido, nos constantes anos estéreis. No entanto cuidou de medidas estranhas e de grande impacto no país, como o confisco da poupança e dos ativos monetários dos brasileiros, que revoltou poupadores e levou muitos à morte. Collor introduziu no cenário de Brasília, com amostragem para o mundo, as estripulias do Chefe de Estado desportista. Ao ganhar o apodo de “homem aranha”, esperavase a qualquer hora vê-lo subir pelas paredes, travessura que o presidente dos EEUU, George Bush, interpretou como “traquinice de criança.” O GOVERNO DE ITAMAR FRANCO Itamar Franco, como seu sucessor, foi omisso no assunto transposição. Cuidou, porém, da moeda ao trocar o cruzeiro real (CR$) pelo real (R$), uma mudança abençoada por todos nós, que sofríamos com a asfixia que nos impunha a maldita inflação. O Vice-Presidente Itamar convocou para o Ministério do Interior o Senador do Rio Grande do Norte, Aloisio Alves, uma perspectiva de revitalização da quimera dos nordestinos, em ter água de beber do São Francisco. Surpreendente foi a contestação do Senador rio-grandense José Agripino Maia, que se sentiu ameaçado de perder a mordomia, sobre o fluvial que cortava suas pro-
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priedades rurais, discussão mostrada todos os dias na sessão do Senado, transmitida pela TV-Senado. Na fase do projeto, a Engenharia Militar teve, apenas, a função de observadora. Dez anos depois o Nordeste se via às voltas com nova seca e nada foi feito para mitigar o sofrimento nordestino. Coisa nenhuma se faz em um governo com a eficácia de uma vara de condão. São muitas as barreiras a sepultar quimeras e ideais. Há sempre interesses subterrâneos para alijar o que é salutar para o povo. PLANO DE FERNANDO H CARDOSO. Chegamos ao governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Nada nos animava a esperar dele uma ação objetiva, favorável à região seca, por sua condição de paulista, inimigo contumaz Do clima carente de água doce. Em seu discurso de posse, FHC pediu aos brasileiros que esquecessem sua condição de Sociólogo, aviso que ninguém entendeu, desde que, a Sociologia trata das relações sociais que se concretizam em normas, leis, valores e instituições conscientes, para uma boa coexistência, com a comunidade. No caso do presidente recém-eleito, era importante uma ambiência com todos os que o guindaram à esfera maior da Nação. Estarrecida, a mídia comentou o assunto meses a fio. Dois anos depois, teve de encarar uma nova seca. Ante o inevitável, FHC determinou ao seu Ministro da Integração Nacional, Senador Fernando Bezerra (PE) desenvolver um esquema com características diferenciadas dos traçados já existentes. Concluído o estudo, que recebeu a denominação de: Projeto da Integração da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Sua função precípua seria unir o conjunto de vertentes que margeiam rios do Nordeste Setentrional para seu estágio final. O titulo pomposo ao invés de animar a população do semiárido, desanimou-a, pela procrastinação decorrente do surgimento de um novo projeto, que demandava mais tempo para sua prática. O ordenado visava o abastecimento 390 cidades, com 12 milhões de habitantes. Vale lembrar que os contrários ao plano temiam perder suas vantagens com a passagem das águas para localidades fora do seu traçado, o que retardaria a implantação da obra. Naturalmente com vistas à reeleição e a necessidade de contar com o Nordeste, FHC foi dando vida a projetos secundários importantes, porém, nenhum foi conclusivo. Às voltas com a sua reeleição, FHC, descartou o que não podia fazer. Com certeza, se não fosse esse transtorno, teria jorrado água
do São Francisco nos rios e reservatórios nordestinos. Portanto a seca de cinco (5) anos (2012/17) não teria sido tão cruel. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA O sindicalista Luiz Inácio foi a segunda grande esperança frustrada dos brasileiros. Depois de quatro campanhas infrutíferas, fora sagrado, em 2002, Presidente da República do Brasil. A animação chegou a todos os lugares, em face do programa – Apagar o último candeeiro – do século XX. Para se perpetuar no Poder, fez olhos de não ver ao que acontecia na pátria amada, quando se ausentava do país por outros interesses. Em suas vilegiaturas pela América do Sul, o país era governado de fato pelo Chefe da Casa Civil, José Dirceu. Na intenção de conquistar seu segundo mandato, em 2006, Lula visitou a Paraíba. Em palanque armado no Parque Solon de Lucena, tendo a seu lado o ex-governador José Maranhão, o presidente do Brasil, solenemente, prometeu fazer a transposição de águas do São Francisco, a partir de 2007, com inauguração prevista para 2012.
O entusiasmo pelo candidato do PT foi tão grande que o governador da Paraíba, do PSDB, Cassio Cunha Lima, montou um comitê para favorecer o candidato do PT à reeleição. Durante o período de administração do PT, retomaram-se os esboços da transposição para fazer a interlocução dos afluentes temporários do São Francisco na direção do Eixo-Leste. Empresas foram contratadas, porém a corrupção, a medusa de mil cabeças, exigiu seu quinhão e o plano foi mutilado com a elevação dos valores das obras projetadas. As queixas da sociedade variavam de tom, mas desaguavam no mesmo mar de desilusão!... Nos primeiros albores da transposição, as insatisfações com o traslado das águas, em especial para Campina Grande, se fizeram mais constantes. Em mais de seis (6) meses, a longa travessia por tabuleiros secos não garantia o armazenamento de água suficiente para abastecer a Rainha da Borborema e as 18 cidades em seu entorno. Segundo informa o estudioso no assunto, coronel João Ferreira, engenheiro civil e militar, conhecedor profundo do assunto a quem dou a palavra: “Previa-se na coloca-
ção das Estações Elevatórias, sete (7) bombas verticais. Seis (6) para operarem, continuamente, e uma (1) para ficar no aguardo do revezamento para a manutenção. Entretanto, só duas (2) foram implantadas, o que deixa o sistema sem segurança para o transporte da água canalizada”. A pressa de inaugurar o Eixo Leste, com anos de atraso, desde que iniciada em 2007 e prometida para 2012, só em março de 2017 chegou o hídrico aos carrascais paraibanos. A esse respeito, tomo por empréstimo, as palavras do cel. João Ferreira e transcrevo sua sentença: “A vulnerabilidade quanto à manutenção do Açude Epitácio Pessoa ou Boqueirão e mais dependentes em seu redor, fica difícil.” Arremato: sem o auxilio do rio Tocantins, caudaloso e profundo, que se aproxima do São Francisco por um fenda tectônica a menos de 100 km entre eles, a transferência de águas do rio Opará (nome antigo) para o Nordeste, é inviável. Depois de tantos transtornos, que venha a nós a sábia lição de frei Leonardo Boff. “Importante é saber, mais importante é saber e fazer”. g
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PARAIBANOS NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
UM CURIOSO CRUZAMENTO DE POLEMISTA E DE REPÓRTER João Cabral de Melo Neto
Quando se vem ouvir falar de um homem como Assis Chateaubriand, é natural que se espere ouvir falar tanto do homem (do homem, simplesmente, ou do homem de ação e de suas realizações) quanto do jornalista e do escritor. Talvez, mesmo, ouvir falar mais do homem e de suas realizações do que do jornalista; e menos ainda, decerto, do escritor. A partir de certa época, Chateaubriand se empenhou, tão intensamente (embora paralelamente), em atividades estranhas à de jornalista, que o jornalista que ele foi, mais do que qualquer outra coisa, ficou num segundo plano, quase escondido pelas obras que, como homem de ação, ele realizou; da mesma forma, aliás, como o escritor que havia nesse jornalista ficou num segundo plano, escondido pelo jornalista e prejudicado pelas condições em que, como jornalista, ele tinha de trabalhar. Pois foi, precisamente, porque a figura do jornalista e a qualidade do escritor estão, a meu ver, injustamente, esquecidas de lado, que me decidi a concentrar-me nelas. Compreendo os riscos desta decisão. Falar do jornalista e do escritor que foi exclusivamente jornalista, além de ser tarefa mais apropriada para um ensaio do que para um discurso, traz a obrigação de dar a ver o mais significativo de uma obra, escrita toda ela para jornais, que é imensa e variadíssima, e da qual é pequena a parte reeditada em livros. E compreendo, também, os “efeitos” de que estou abrindo mão: a extraordinária presença humana de Chateaubriand, de quem se disse que era um “homem do Renascimento”, parece pedir que se faça dele um perfil do mesmo tipo do que ele fez, aqui mesmo, de seu antecessor na Academia. Contudo, mesmo que eu quisesse fazer de Chateaubriand um perfil do tipo do que ele fez de Getúlio Vargas, não passaria, esse perfil, de uma enumeração dissaborida de anedotas alheias, sabidas de ouvir contar. Estive com Chateaubriand uma única vez em minha vida, e embora nosso diálogo se
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tenha prolongado por umas duas horas de monólogo, esse contato não me permitiria trazer aqui a presença de um homem tão numeroso e complexo. Reunir anedotas sobre esse homem não seria tarefa difícil, materialmente. Muitas delas estão publicadas e muitas são conhecidas, até por tradição oral. Por outro lado, ainda vive, felizmente, a maioria dos companheiros que com ele conviveram tantos anos, e dos colaboradores que com ele viveram tantas campanhas. Mas que verdade, como retrato, teria esse Chateaubriand anedótico, feito por um homem que apenas o conheceu? Isso para não falar no caráter problemático do processo. O gesto ocasional, que é uma anedota, permite, no máximo, a compreensão correta de um comportamento de momento, ou de um estado de espírito de momento. E por ser coisa pessoal, uma anedota contada sobre um homem, por uma pessoa determinada, pode nada dizer a outras pessoas que conheceram igualmente o mesmo homem. Nada dizer e, até, ser contradita por outra anedota, ocorrida com outra pessoa em outra circunstância. Além do que, há as deformações em que cai fatalmente o narrador, com a propensão para acentuar o que lhe parece mais característico de tal homem, mas que talvez só a esse narrador parecerá característico. Para o retrato de um homem, com a vivacidade e o temperamento versátil de Chateaubriand, o método está longe de ser o mais indicado. Quanto à obra não literária do homem de ação Assis Chateaubriand, permiti que nem mesmo a enumere. Ela está aí, de pé, mais visível que sua obra de escritor, e recordá-la é, por isso, desnecessário. A respeito dessa obra não literária, eu gostaria apenas de chamar a atenção para dois de seus aspectos: para o fato de ter sido como jornalista, por meio de campanhas jornalísticas, que Chateaubriand chegou a realizá-la; e para o caráter cultural da maioria das instituições que ele chegou a realizar. Esses dois aspectos,
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com a confiança no poder da palavra e com o apreço à Cultura que fazem supor, muito mais do intelectual, bastariam para justificar minha preferência por vos falar do jornalista e do escritor entre os vários Chateaubriand de que é possível se falar. Devo esclarecer que não me proponho a deixar de lado, inteiramente, o homem Chateaubriand, e falar, técnica e profissionalmente, do jornalista e do escritor. O que me proponho a deixar de lado é a anedota desse homem, aquilo que os que privaram mais com sua pessoa do que com sua escrita têm tendência a considerar todo esse homem: ou o mais significativo desse homem. Nem poderia ser outro o método de alguém que quisesse dar a entender a obra de um escritor que foi sobretudo um jornalista. Pois se, num jornalista qualquer, já é difícil traçar uma linha nítida entre sua obra e sua personalidade, em Chateaubriand essa dificuldade se faz impossibilidade. A obra de um jornalista, todos o sabemos, não é nunca a obra de um escritor de gabinete, e uma análise puramente estilística não levaria muito longe. Para se apreender a obra de um jornalista, creio, mesmo quando se está apenas à procura de sua qualidade literária, é indispensável levar-se em conta o homem que a escreveu: desde as condições em que esse homem escreveu até o que levava esse homem a escrever. No caso de Chateaubriand, essas condições foram as condições comuns aos jornalistas profissionais. Mas há nele um traço psicológico que não se pode deixar de levar em conta, e que ele mesmo definiu, ao declarar no Senado: “Sou uma índole de controvérsia”. Índole que, sem dúvida nenhuma, Chateaubriand pôde expressar amplamente, pois não sei de jornalista que mais se tenha envolvido em controvérsias, que mais tenha amado a controvérsia. Era como se só concebesse viver nesse clima, e não espanta que, apesar de tudo o que de positivo ele realizou, tenha vindo a ser um dos homens
mais controvertidos do nosso tempo. Esse traço de seu caráter, aliás, já se havia revelado em sua mocidade. Lembremo-nos da maneira inteiramente gratuita com que, em A Morte da Polidez, lançouse contra Sílvio Romero, na polêmica que este mantinha com José Veríssimo. E esse traço de caráter continuou pela vida afora: a leitura de seus discursos no Senado dá a impressão de que o orador só “entrava em calor” quando os apartes se cruzavam a sua volta, ou quando violentamente aparteado ele mesmo. Nessa atmosfera de polêmica viva ele parecia mais à vontade e toda sua vivacidade despertava. Essa era a atmosfera preferida de sua inteligência e a mais propícia a seu estilo de escritor e ele tudo parecia fazer para provocá-la. No entanto, se reconhecer no homem esse gosto da controvérsia é a meu ver essencial para entender-se a obra do jornalista, é a meu ver dispensável o estudo da substância de suas muitas controvérsias. E não deixo suas ideias de fora deste elogio acadêmico apenas por conveniência, pessoal ou acadêmica: por nem sempre estar de acordo com o que ele combateu ou defendeu, ou para não trazer aqui, hoje que a Academia lhe presta sua homenagem pública, motivos que possam embaçar a figura do grande escritor que por tantos anos foi membro desta Casa. Deixo de lado essas ideias porque elas não ajudam a compreender a qualidade da obra do escritor. Elas foram para ele, mais que nada, o pretexto que lhe permitia escrever como ele preferia escrever: como quem
luta. Mas essas ideias não constituem um corpo sólido e sistemático que tivesse dado cor e sabor ao escritor Assis Chateaubriand; ou sem a consideração do qual não se pudesse sentir, nem dar a sentir, a maneira desse escritor, com o que nela é válido e pessoal. O próprio Chateaubriand tinha consciência desse outro traço de sua personalidade e chegou mesmo a confessá-lo. Também no Senado, referindo-se um dia a Rui Barbosa, disse: “Era um vasto erudito, um maravilhoso ourives da língua, um gênio enciclopédico, mas faltava-lhe Weltanschauung... Sei bem o que é isso porque sofro do mesmo mal.” Homem de idéias Chateaubriand o foi, mas num outro sentido: no sentido de homem capaz de levar até o fim as idéias que o interessavam em determinado momento; no de se comprometer por uma ideia. Por isso, mais do que as ideias desse homem é a maneira como esse homem adotava as ideias que tem utilidade para se definir o jornalista Assis Chateaubriand. Assim, é pedindo perdão por minha preferência de escritor, o que não pode ser de estranhar numa Casa de escritores, e à qual comparece uma audiência já habituada, decerto, com a vaidade que dizem ser a nossa, a dos escritores, que venho a vossa presença pronunciar o elogio do grande prosador paraibano do Umbuzeiro. E não disse “grande prosador paraibano do Umbuzeiro” como forma retórica: é que, para mim, o jornalista Assis Chateaubriand foi na verdade um prosador dos melhores, e um prosador em que estão presentes os traços mais distintivos
dos escritores do Nordeste. Pode surpreender que, para tentar definir o tipo de jornalista que foi Chateaubriand, comece eu por dizer o que ele não foi nunca; ou nunca se interessou em ser: um editorialista. Íntimo amigo seu, companheiro de jornal de dezenas de anos, disse-me, mesmo, que não se lembrava de haver visto um só editorial escrito por ele. Isso é significativo, embora possa surpreender num homem que, desde a mocidade, foi um jornalista de redação, e que, mais tarde, dono de jornais, nunca se limitou a ser um homem de empresa, interessado exclusivamente em marcar a linha de seus jornais: mas que continuou, toda a vida, um jornalista de escrever. Não sei as razões do desinteresse de Chateaubriand pelo editorial, esse gênero de Jornalismo que é o de mais categoria entre os muitos ingredientes que entram na cozinha de um jornal; desinteresse tanto mais de chamar a atenção porque o editorial é a tribuna política do jornal, e quando se pensa em que Chateaubriand foi um jornalista preponderantemente político. Talvez que esse desinteresse viesse da necessidade mínima de disciplina que o gênero requer. Mas acho mais provável que Chateaubriand não confiasse em sua capacidade de escrever impessoalmente, e que achasse não haver sentido em escrever anonimamente editoriais cujo autor seria identificado, à leitura das primeiras frases, pelo leitor menos arguto. Esse desinteresse explica, a meu ver, muita coisa. Sobretudo mostra que Chateaubriand se sentia pouco inclinado a escrever com a impessoalidade de estilo do editoria-
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lista clássico, com a sua superfície polida, com seu tom mais de árbitro que de advogado, mesmo quando advogado, e que, mesmo quando advogado, tem de eliminar de sua dicção tudo o que é o timbre, ou o sotaque, de um homem determinado, intérprete que ele é, no editorial, menos do ponto de vista de um homem do que do de uma instituição ou do de uma corrente de opinião. Prosa essa, de editorialista, que tantos escritores de transparente fatura deu à nossa história literária e que tantos nomes deu à vossa Academia. Daí ter Chateaubriand preferido, sempre, o artigo assinado: é que nesses artigos ele podia se abandonar inteiramente a sua maneira pessoal de escrever, sua maneira informal de escrever, sem ter de abafar para nada a viveza de sua frase nem de disfarçar seu sotaque inconfundível. Nesse sentido, vale notar que muitos desses artigos assinados, por sua matéria, caberiam melhor num editorial. Mas Chateaubriand preferia fazer deles a opinião de um homem: e muito embora os jornais em que os escrevia lhe pertencessem, escrevendo artigos assinados, esse homem radicalmente inconvencional devia se sentir mais livre, não digo de contradizer a linha de seus jornais, mas de transbordar dela, como se fosse ele um colaborador de fora, um outro Assis Chateaubriand, livre dentro dos jornais de Assis Chateaubriand. Imagino também que, assinando seus artigos, além de maior liberdade, digamos, literária, Chateaubriand devia sentir mais liberdade para exercer aquilo de que falei há pouco, com suas mesmas palavras: sua “índole da controvérsia”. E não só mais liberdade como mais efetividade para abrir polêmicas, um artigo assinado podendo, muito mais do que um editorial anônimo, despertar debates e reações, por ser a obra de um homem determinado, que, se identificando, faz-se responsável, e diante de quem é mais difícil a alguém fazer-se de desentendido; uma obra que não é uma obra sem face, como o editorial, que é obra como que de ninguém, por parecer vir de uma entidade abstrata, quase obra como de máquina. O gosto da controvérsia explica também o feitio desse polemista: sua maneira de lançar-se nos debates sem meias-tintas nem meias-palavras; empenhando-se neles apaixonadamente; entregando-se completamente a cada um deles, sem o cálculo do homem político, que sabe até onde quer e deve chegar, nem as reservas do homem de empresa, que receia ir mais além desse onde chegar: para só citar dois tipos sociais com que ele tanto conviveu, com cujos interesses sempre
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esteve associado, mas que o devem ter visto sempre, quando seu associado, desconfiadamente, como um verdadeiro espalha-brasas. E (não creio que seja absurdo dizê-lo) esse seu gosto da controvérsia o deve ter levado, de propósito, e mais de uma vez, a adotar campanhas que ele sabia as mais impopulares. Depois desse seu gosto da controvérsia, há um segundo traço em Assis Chateaubriand que me parece essencial para definir o tipo de jornalista que ele foi. Deste, também, ele tinha consciência, e muitas vezes aludiu a ele: gostando mesmo de se classificar como repórter, “simples repórter”. Na verdade, em tudo o que escreveu, sente-se a preponderância do fato acontecido, do dado concreto, da observação de momento, da anedota vista ou ouvida; e tudo o que ele escreveu parte sempre do episódico e está limitado pelo circunstancial: coisas, todas essas, que constituem o instrumento e o material do repórter. E vê-se também, em Chateaubriand, muito pouco de discussão abstrata de ideias e quase nada de especulação ou de jogo de idéias. Em seu livro A Alemanha, está muito à vista um dos lados mais característicos desse repórter: a atração maior que sentia pelos homens do que pelas coisas. A metade dos capítulos tem por título o nome da personalidade que entrevistou, e as entrevistas que fez são a base de quase todas essas reportagens. Chateaubriand mesmo, no prefácio, dá-se conta disso: Domício da Gama, que já lera algumas das correspondências que eu enviara ao Correio da Manhã, foi o primeiro a sugerir-me a idéia de um livro sobre a Alemanha. Só me reclamava ele, com aquela sua infinita doçura de desencantado, um pouco de paisagem. O livro saiu; mas infelizmente aparece sem paisagem, como um bosque de inverno setentrional ou de verão do Nordeste. As tintas de colorido humano, a espaço aqui derramadas, não suprem a ausência de graça vegetal, que me pedia aquela voz amiga. O que Chateaubriand chamou de “colorido humano” foi, de fato, o que sempre o atraiu. Contudo, esse repórter que parece pensar somente a partir de fatos que observou, e escrever somente com os fatos que tem na mão, nunca foi o repórter que se apaga por detrás do que os fatos dizem. Chateaubriand participava, e nunca friamente, do sentido dos fatos que lançava, punha de enfiada, empilhava em cada artigo. E essa sua atitude não vem da época de jornalista eminente. Essa incapacidade de apagar-se por detrás da linguagem dos fatos é visível, já, no autor
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das reportagens sobre a Alemanha de 1920: muitas das entrevistas que fez então, quando não soam como verdadeiros debates entre o entrevistador e o entrevistado, revelam a mão do entrevistador, completando, discutindo, sublinhando o que disseram os entrevistados; levando-os, a todos, na direção da tese de todo o livro. Esses dois traços do jornalista Assis Chateaubriand criavam uma dualidade que descreve melhor do que nada, o que ele foi como jornalista: um curioso cruzamento de polemista e de repórter; de homem em que era muito forte a “índole da controvérsia” e de homem que, à linguagem das ideias abstratas, preferia a linguagem factual do repórter. Não é que o polemista e o repórter se alternassem, ora num, ora noutro artigo. Eles se alternavam, mas dentro de um mesmo artigo, dando-lhe um hibridismo que não era a menor originalidade de seu estilo de jornalista. O jornalista Assis Chateaubriand era um repórter de debate e um polemista que escrevia com coisas. É evidente que falar da obra de um jornalista, e de um jornalista prolífico e de toda a vida como Chateaubriand, obriga a simplificar e a generalizar. Não pretendo dizer que Chateaubriand não tenha escrito nunca uma pura reportagem. Em sua obra de jornalista existe de quase tudo, e até artigos da prosa mais desinteressada, quase como feitos para si mesmo. Lembro-me, por exemplo, dos artigos que escreveu na campanha pela criação dos aeroclubes, datados muitos deles de bordo do “Raposo Tavares”, avião em que deve ter cruzado, palmo a palmo, todos os céus do País. Em muitos deles, a ausência do que defender, ou combater, levou-o a escrever, mais do que reportagens, inocentes crônicas de viagem. E às vezes mesmo, nessas viagens vazias, a ausência do que reportar levou-o a escrever páginas que poderiam passar, quase, como páginas de um jornal íntimo, e não de viagem. Páginas menos para lidas que para escritas; porque escrever, embora a luta fosse o clima de sua inteligência, é o que era para Chateaubriand a necessidade compulsiva. E nem o exílio, nem as viagens, nem qualquer de suas atividades extrajornalísticas conseguiram interromper essa corrente de palavra escrita que começou no jornalista adolescente do Diário de Pernambuco. Essa corrente de palavra escrita, só a doença final conseguiria rompê-la. Mas a qualquer melhora, ele recomeçava a escrever, e, sobrevivente do primeiro golpe da doença, ao querer se recuperar, vendo que não poderia mais escrever a mão, aprender a escrever a máquina foi seu primeiro cuidado. Como se
nele o sentimento de existir coincidisse, ou se confundisse, com a atividade de escrever. Seu gosto da controvérsia explica, acho eu, certo ponto de sua biografia: porque depois de um concurso para a Faculdade de Direito do Recife e de uma viagem ao Rio para defender a cátedra que por motivos políticos não lhe queriam dar, no Rio tenha ele permanecido, entregue ao Jornalismo, como se de repente tivesse compreendido que a atividade de professor não poderia satisfazer aquele seu gosto da controvérsia; e que a atividade de jornalista num meio mais limitado, como o da província, não poderia satisfazer esse gosto, ou satisfazê-lo com a intensidade que, pelo que se depreende de sua vida posterior, Chateaubriand devia então desejar. Da mesma forma que seu gosto da controvérsia, seu lado de repórter, de homem cuja linguagem é feita mais de fatos do que de idéias, explica outro ponto de sua biografia: seu curto exercício da profissão de advogado, a que se dedicou, em certa ocasião, no Rio de Janeiro. Quem sabe?, essa profissão, que lhe permitiria escrever e agir permanentemente num clima de controvérsia não o tenha interessado muito tempo porque, nela, a controvérsia, embora se inicie num plano concreto, não permanece nunca nesse mesmo plano. Mas fatalmente se amplia, e vai subindo, de instância a instância, para planos em que é mais frequente o debate de idéias, até acabar, muitas vezes, num plano de pura especulação de ideias. Ora, o gosto da especulação, nesse homem de grande curiosidade intelectual, está tão ausente de seus temas quanto o abstrato do debate de ideias está ausente de sua linguagem. Se não será motivo de surpresa para ninguém dizer que Chateaubriand foi um grande jornalista, creio que poderá, sim, causar surpresa dizer que ele foi, também, um gran-
de escritor. Há certa tendência em se querer ver, num jornalista, menos sua obra escrita do que o que ela provoca; menos o prosador do que o homem público. Ora, como Chateaubriand manteve durante mais de cinqüenta anos seu braço a braço diário com a opinião pública do País, e como deixou toda uma série de realizações não literárias, mais de homem público, ele, mais do que nenhum, correu o risco de que a qualidade de sua prosa ficasse despercebida. Porque, para o leitor corrente, a expressão grande escritor, quando aplicada a um jornalista, está destinada ao escritor que, de fora da redação, também escreve para jornal; muito mais para este do que para quem, dentro da redação, escreve sujeito às condições em que tem de trabalhar o profissional de jornal; isto é, os que possuem aquele tipo de inteligência que Eliot definiu como a do jornalista: a “que só pode dedicar-se a escrever, ou que só produz o melhor do que escreve, debaixo da pressão de uma ocasião imediata...” Assim, permiti-me inverter os termos da tendência mais geral e dizer que Chateaubriand foi um grande jornalista não por suas realizações nem por suas lutas, mas, antes de tudo, porque foi um grande escritor em prosa. E grande escritor não por haver escrito conservadoramente, mas, e sobretudo, porque foi um escritor criador: um escritor que soube passar ao lado de todos os rolos compressores a serviço da uniformidade, e, portanto, da pobreza estilística, não pelo puro gosto de subverter regras, mas porque havia nele essa qualidade especial, e rara, que revela, mais do que qualquer outra, o verdadeiro escritor: certa maneira pessoal de usar a linguagem que dá um sotaque original ao que ele escreve. Não gratuitamente mas funcionalmente original, isto é, adaptado ao que ele tem a dizer, e capaz de fazer
mais significativo o que ele tem a dizer. E o que é importante fazer notar: homem de redação toda a vida, mesmo quando dono de jornais, o exercício do Jornalismo nunca neutralizou o que me parece o traço mais saliente de seu estilo de escritor, que foi o de escrever numa língua falada. Nisso, aliás, Chateaubriand, homem de redação, se aparta do que acontece com os homens de redação. Pois se as condições do trabalho de redação prejudicaram esse escritor sob certos pontos de vista, não puderam prejudicá-lo naquilo que, para um escritor, é essencial: encontrar sua voz própria, esse sotaque pessoal, que Chateaubriand, com o instinto do verdadeiro prosador, transformou em estilo. A língua de jornal, por mais simples e espontânea que seja, e por mais dia a dia que seja o fato que tem de noticiar, não é uma língua falada. O exercício do Jornalismo, a obrigação de escrever, de qualquer maneira, sobre o que quer que aconteça, e sempre contra o relógio, não leva o jornalista a empregar sua maneira própria de falar, sua voz física: sim, o leva a empregar uma língua outra, a língua de jornal, o jornalês. O correcorre e a improvisação, entregando o jornalista a sua espontaneidade, não o entrega aos tiques pessoais de sua voz física, mas a seus tiques profissionais automatizados: uma série de fórmulas e de lugares-comuns, absolutamente de ninguém, e que afloram mecanicamente a sua desatenção, precisamente porque ele não pode pôr toda sua atenção no que escreve. Não creio que seja este o momento para entrar em considerações sobre a viabilidade de se escrever numa língua falada absoluta. Um leitor de Chateaubriand que o tenha conhecido, mesmo superficialmente, como é meu caso, recordará como sua escrita se parecia com sua voz física. Como já disse, estive com ele uma só vez em minha vida.
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Mas se antes daquelas duas horas de monólogo quase ininterrupto, seus artigos já me pareciam bons exemplos de estilo falado, tive a impressão, ouvindo-o falar naquela noite, de que conhecia sua voz há muitos anos: desde os anos de minha primeira adolescência, quando lia seus artigos do Diário de Pernambuco. E já nunca mais o pude ler sem ter a impressão de que o estava ouvindo falar. Voltava-me sempre o timbre de sua voz, colocada sempre em seu mais alto registro, mas que parecia ter alguma coisa que a abafava e que dava ao tom de sua conversa a sensação de que ele estava sempre em luta, em primeiro lugar contra sua própria garganta. E voz sempre tensa, intensa, apaixonada, como no limite de si mesma: por menos controvertido que fosse o assunto da conversa; por menos discussão e mais narração que fosse o assunto da conversa, como no meu caso, que era de coisas da política do Pernambuco de sua mocidade. Creio que se pode sentir uma evolução clara no estilo de Chateaubriand, assinalada, exatamente, pela maior frequência em sua prosa dessa língua falada. Ela está ausente, por exemplo, em A Morte da Polidez, em que ele parece menos interessado em escrever com sua voz própria do que em dar uma demonstração de que o jornalista de vinte anos conhecia bem a técnica dos grandes polemistas da época. E se essa língua falada começa a aparecer em A Alemanha, livro de 1921, a verdade é que aparece em muito poucos momentos, como se o jornalista de trinta anos ainda não tivesse consciência daquilo que viria a ser sua maneira, ou não se sentisse ainda com toda a liberdade de exercê-la. Por outro lado, se é certo que o estilo do primeiro Chateaubriand é menos pessoal como textura, e está ainda longe da estupenda liberdade com que escreveu a partir dos últimos anos vinte, é também verdade que a estrutura de seus primeiros artigos é muito mais construída e bem acabada. Esses artigos e reportagens mais antigos têm mais coesão e coerência e não sofrem do fragmentarismo das obras de sua maturidade (que contudo são, como já disse, muito mais pessoais como textura). Ao mesmo tempo, sua prosa mais antiga parece saber melhor onde quer chegar, segue uma continuidade mais linear e clara do que a prosa de rumo caprichoso de sua maturidade, que é inesperada, sempre a ponto de transbordar de si mesma, ou de se bifurcar por atalhos incidentais absolutamente imprevisíveis. Não pretendo que houvesse em Chateaubriand um projeto consciente de escritor de
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chegar a uma linguagem falada. Creio, bem mais, que ele chegou a ela por motivos psicológicos que estão, mesmo, no oposto de qualquer “vontade de estilo”. A linguagem falada se foi desenvolvendo nele à medida que foi mudando sua situação de jornalista: à medida que esta lhe foi dando uma maior liberdade como prosador. Mas seu estilo não é em nada um estilo construído, planejado: é simplesmente o estilo que ele achou quando sua situação de jornalista-dono-de-jornais lhe permitiu escrever, não em estilo de jornal, mas da maneira como bem lhe parecesse. Ora, ao poder escrever como bem lhe parecesse, Chateaubriand se viu escrevendo como falava. Essa maior liberdade de que o jornalista-dono-de-jornais, com seu temperamento informal e insofrido, passou a gozar, explica, a meu ver, dois aspectos de seu estilo: o primeiro é essa falta de estrutura, a que me referi há pouco. A liberdade de poder escrever como bem lhe parecesse não o obrigava a dominar a impaciência e a pressa que o jornalista dos primeiros anos tinha de dominar, e como que o desobrigava de selecionar, entre tudo o que lhe ocorria sobre um assunto, os elementos mais relevantes: escolhê-los e organizá-los numa estrutura determinada. Chega a parecer que Chateaubriand ignorava que a organização de uma mensagem aumenta o impacto dessa mensagem, tanto por impedir que seus diversos elementos percam sua força, anulando-se ou dispersando-se, quanto porque, em matéria de comunicação, o conjunto tem uma força maior do que a simples soma de seus elementos. O segundo aspecto é a crescente presença, em sua linguagem de jornalista, da linguagem do Nordeste. Quando liberado dos espartilhos da convenção jornalística, a que o obrigava o fato de escrever para jornais de outros, Chateaubriand encontra, escrevendo, sua maneira de falar, sua voz física: ora, por debaixo dela estava o Nordeste, que era o timbre e a dicção dessa voz. Foi a presença dessa linguagem do Nordeste, viva ainda nesse nordestino depois de tantos anos de ausência, que a muitos de seus leitores de fora da região pareceu, às vezes, gosto pelo puro pitoresco, senão expressões inventadas por um amor gratuito ao pitoresco. Entretanto, sua maneira de escrever é a maneira de falar de sua região, tanto quanto os tons de humor, extremados em caricatura, que ele empregou freqüentemente. Ao me referir ao emprego da língua falada como a qualidade que melhor define o prosador Assis Chateaubriand, talvez seja preciso um esclarecimento. Nesses arti-
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gos de sua maturidade, que são aqueles em que sua prosa se faz mais pessoal, sua língua não tem a entonação horizontal, lhana, em tom de conversa, qualidades em que se pensa, geralmente quando se fala de língua coloquial. Por isso, usei a expressão língua falada e não língua coloquial. Esses artigos estão escritos numa língua falada, mas na língua falada pessoal do homem Assis Chateaubriand, e não numa língua de quem estava procurando reproduzir a maneira de falar de uma situação determinada, ou de uma pessoa outra. Assim, ela nada tem dos tons variados de uma conversa, mas o tom único de uma discussão, ou de um debate. E é a língua de uma pessoa que fala como quem discute, como era a própria fala de seu autor, e que discute sempre apaixonadamente. E também não se sente nela, jamais, o tom do oráculo ou do professor; e menos o de quem pretende dizer a palavra definitiva e lapidar. E, sempre, a voz de Chateaubriand, a voz física de alguém que busca convencer e influenciar alguém; é sempre a voz de quem está numa discussão e se apoderou da palavra num interminável monólogo, e que, por isso mesmo, porque parece monologar durante uma discussão, nunca esquece a presença do adversário, e, embora não lhe ceda a palavra, monologa como antecipando todas as possíveis objeções desse adversário; e é sempre a voz de quem, embora apaixonado, não despreza o adversário e não se situa jamais acima dele: mas se esforça sempre para se manter num nível em que a discussão seja possível; e sobretudo em que a discussão possa continuar. Essa prosa falada de Chateaubriand se foi fazendo tão natural que, a partir de certo momento, é impossível distinguir o que escreveu como artigo de jornal do que escreveu como discurso; ou o discurso que improvisou, e que, recolhido por algum taquígrafo, foi publicado como artigo de jornal, da transcrição de um monólogo informal do conversador infatigável que ele era. Seus discursos no Senado, tanto como seu discurso de recepção na Academia, e os muitos outros que ia improvisando nas mil inaugurações e batismos de suas campanhas, muitos deles publicados no local reservado a seu artigo diário, são boas confirmações disso. Não creio que para chegar a esse estilo de prosa, que faz de Chateaubriand um caso especial em nosso jornalismo profissional, tenha sido casualidade o fato de, nascido em 1891, ter sido ele contemporâneo dos criadores de nosso Modernismo. Nada sei da opinião que Chateaubriand fazia do grande movimento renovador nem até que ponto se
interessou por ele. Na época da Semana de Arte Moderna, Chateaubriand já estava dedicado ao Jornalismo político, e as questões literárias, que o haviam ocupado na mocidade, deviam estar fora de sua área de interesse; na época do Modernismo, seu destino de jornalista já estava cristalizado, embora não ainda a prosa desse jornalista. Nem me causaria surpresa saber que sua atitude em relação a muitos dos princípios do Modernismo tenha sido de incompreensão. Mas não se pode deixar de fazer notar que sua prosa foi ganhando personalidade paralelamente à obra dos escritores de 1922. Temperamento que nada tinha do pseudoclássico da época, inconvencional até no comportamento, espírito curioso e sem preconceitos, é impossível que Chateaubriand não tenha sido marcado, senão pelas teorias, sim pela maneira de fazer, primeiro, dos modernistas, que lutavam para criar uma Literatura que usasse uma língua mais aproximada da que se usa no Brasil; e, depois, pelo Romance do Nordeste e pela obra de outros romancistas do Sul dos anos posteriores a 1930, que lutavam para diminuir o fosso que se tinha ido cavando entre nossa língua escrita e nossa língua falada. Ou marcado, senão pela maneira de fazer, ao menos pelo exemplo de inconformismo estilístico que davam aqueles escritores, inconformismo que não devia repugnar ao homem inconvencional de raiz que foi Assis Chateaubriand. Assis Chateaubriand, com o sense of humour que não era uma das menores qualidades de sua prosa, ao se empossar nesta Cadeira, chamou-a de “paiol de pólvora”. Disse que era “barulhenta” a “memória dos que aqui se sentaram”, e chegou mesmo a
falar na “rotina desse clima celerado da Cadeira de Gonzaga...” E com outro traço de humour, que completa e realça o primeiro, excluiu-se ele mesmo dessa rotina, dizendo: “Acredito que a Academia me elegeu como quem busca uma natureza de equilíbrio para tirar o demônio que há mais de cinquenta anos ronda esta Cadeira.” Por mim, devo dizer que não consigo ver nenhuma tradição comum às personalidades de Tomás Antônio Gonzaga, Silva Ramos, Alcântara Machado e Getúlio Vargas; e à qual seria estranha a de Assis Chateaubriand. E se tento imaginar uma tradição que possa parecer comum ao patrono da Cadeira e aos que me antecederam, descubro é que a memória do próprio Chateaubriand não foi a menos “barulhenta” delas. É possível que o “demônio que ronda essa Cadeira”, e que fez dela um “paiol de pólvora”, seja o demônio que gosta de seduzir o intelectual, soprando-lhe ao ouvido os encantos de uma carreira política. Mas se é esse o demônio, a verdade é que não é ele assim exclusivo da “Cadeira de Gonzaga”, pois tem seduzido, ou tentado seduzir, tanto ocupantes de outras Cadeiras da Academia quanto escritores de fora daqui. De fora daqui, da Academia, e de fora do Brasil. E se fosse necessário indicar os territórios da preferência desse demônio, eu diria que ele age com mais frequência naqueles países em que as condições da vida social não permitiram ainda diferençar, suficientemente, os intelectuais (homens de vocação criadora, nas Artes e nas Ciências) dos homens políticos que, ocasionalmente, participam da vida intelectual: quer porque o nível desses intelectuais é menos elevado,
e os homens políticos podem, em seus momentos de fastio ou ostracismo, passar por um deles, quer porque, dispondo de mais cultura do que os que possuem verdadeira vocação política, os intelectuais são atraídos e utilizados por estes. De onde não ser raridade o caso de intelectuais que, pensando mais em sua superioridade cultural própria do que na diferença de estrutura mental entre as duas atividades, imaginam-se capazes do papel de homem político. Possivelmente, nesta Cadeira, os casos de sedução tenham sido mais frequentes. Mas o tal demônio não parece ter prevalecido contra seu fundador, intelectual puro, professor que exerceu seu magistério com uma entrega absoluta. A vida de Silva Ramos é dessas que nos fazem acreditar em que a vocação é uma força absorvente. Poeta e tradutor de poetas, seu interesse pela mecânica da língua o absorvia demais para que ele dedicasse mais tempo à pura criação. Decerto foi a força dessa vocação que lhe deixou os ouvidos moucos à sedução de tal demônio, isso numa época em que a rareza de homens com formação como a dele devia fazer mais fácil abrir-se um caminho na Política. E é curioso notar que, de volta de Coimbra, não se demorou muito como delegado de polícia em sua cidade do Recife, e cedo preferiu a esse cargo, que era porta habitual de entrada na Política, o encargo de professor de meninos. É verdade que esse demônio parece ter prevalecido em dois casos: no do próprio Assis Chateaubriand e no de Gonzaga, patrono da Cadeira. Mas não sei até que ponto a participação na Conspiração mineira do grande lírico brasileiro do Porto (que, apesar de ser do Porto, foi o criador de uma das
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tradições mais brasileiras de nosso lirismo tanto quanto do primeiro nome brasileiro não indígena de mulher: Marília), sendo um ato político, continha o desejo de participar mais tarde, como político, da vida daquele Brasil pelo qual estava conspirando. Creio, bem mais, que a sua foi uma tomada de posição diante de uma situação que considerou injusta, e que, participando da Conspiração e escrevendo as Cartas Chilenas, atos políticos ambos, estava agindo mais como um intelectual lúcido e responsável do que se candidatando à vida de político profissional. No caso dos dois outros ocupantes da Cadeira, Alcântara Machado e Getúlio Vargas, se houve vitória de algum demônio, foi a de um demônio diferente do primeiro. Foi a vitória de um demônio outro, igual de ativo também, mas que age com intenções opostas à de seu companheiro; este outro seduz para a Literatura pessoas cuja vocação é, primordialmente, a ação política. No caso de Alcântara Machado, talvez porque lhe tenha cabido mais raramente o poder político, coisa que impede a entrega simultânea a qualquer atividade fora dele mesmo, a sedução levou-o mais longe: levou-o ao exercício mesmo da Literatura. Mas não é de estranhar que tenha sido História o que escreveu, gênero mais próximo de sua vocação verdadeira, a de político, e uma história bem próxima de seus interesses de político: a de coisas de seu Estado de São Paulo. Sua inteligência e sua cultura extraordinárias salvaram-no de fazer obra de simples amador. No caso de Getúlio Vargas, porque o exercício do poder político foi longo e lhe coube desde muito jovem, o segundo demônio só o pôde seduzir com o gosto pela vida literária no sentido em que esta pode ser tomada como convivência com escritores. Nessa convivência, Getúlio Vargas deve ter apurado certo bom gosto que se sentia na maneira como pronunciava seus discursos, sempre discreta, sem os derramentos e dósde-peito da maioria dos “tribunos”, que em 1930 o carregaram até o Catete, nos braços de uma oratória municipal e já então fora de moda, e que, para muita gente, ainda hoje, é o que significa “falar bem”. Quanto a Chateaubriand, seu caso é mais difícil de deslindar. Não chamo sedução política os mandatos de Senador que lhe vieram já passada a maturidade, numa idade em que a experiência de viver imuniza um homem de sua inteligência de querer ser o que sabe não poder ser. O demônio da política o seduziu não no sentido de levá-lo a fazer-se um político profissional, mas no de levá-lo a fazer do Jornalismo político o
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gênero mais frequente de sua atividade de jornalista. Além disso, Chateaubriand se viu constantemente envolvido na vida política de seu tempo, e não somente como jornalista mas como protagonista. Contudo, se se examina de perto sua “presença na Política”, não se pode deixar de notar, e de admirar, a maneira como ele se movia dentro dela: com uma liberdade e uma disponibilidade que têm mais a ver com o comportamento do intelectual do que com o do político, de profissão ou de vocação. Cabe notar também que, se ele esteve sempre envolvido na Política, raramente esteve comprometido com partidos políticos. Ele adotava esta ou aquela tese, esta ou aquela campanha, este ou aquele partido político, mas isso não acarretava a adoção da ortodoxia de um partido. O “contingente e o episódico”, próprios do jornalista, marcavam também sua fidelidade política, e uma campanha parecia ser a medida máxima dessa fidelidade. Essa incapacidade de ortodoxia, sensível no Chateaubriand “político”, é muito mais do intelectual, gente que, para muita gente, sofre do que lhe deve parecer uma verdadeira perversão mental: a de querer analisar as coisas e as ideias, a aceitá-las sem mais nada; a de entender pontos de vista os mais contrários e, sobretudo, a de não querer colocar sua capacidade de entendimento por debaixo de qualquer conveniência de partido ou sectarismo. Essa incapacidade de ortodoxia que, ao se manifestar em relação a certos valores chega a ser qualificada como criminosa, é não só a obrigação da inteligência como sua condição de ser. E no intelectual se manifesta em todo seu comportamento: inclusive em relação às regras recebidas de seu quefazer criador, e temos então os artistas; ou em relação às concepções recebidas sobre a estrutura da realidade, e temos então os cientistas: como a história da Cultura, em sua permanente sucessão de formas subvertidas, nos mostra abundantemente. Em Chateaubriand, a incapacidade de ortodoxia se mostra com clareza na história de seus contatos com políticos e em sua atuação dentro da vida política. Se em sua vida não se encontra o caso de uma orgulhosa e definitiva retirada da Política, encontram-se momentos, não tão raros assim, em que ele se abstém de participar, até como testemunha, de crises e de campanhas políticas importantes. A impressão que se tem é de que, nesses momentos, um morno tédio pela Política o invadia, e que ele ia buscar noutros tipos de ação, the sound and the fury que exigia sua extraordinária vitalidade. É natural
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que, nesses momentos de tédio, ele já não pudesse regressar aos interesses puramente intelectuais de sua mocidade. Condicionado tanto tempo pelo Jornalismo político, só a ação viva, imediata, a ação sobre os homens e não sobre as coisas e as ideias, poderia, já, satisfazê-lo. Pois foi desses momentos de tédio da vida política que nasceram todas essas campanhas que ele lançou e com as quais realizou toda essa obra não literária que todos tanto admiramos. SENHORES ACADÊMICOS, ESTÁ EM MARIANNE MOORE: O sentimento mais profundo se mostra sempre em silêncio; não em silêncio, mas contenção. Assim, permiti que vos expresse com a contenção de um lacônico (mas intenso) “muito obrigado”, meus agradecimentos por me haverdes acolhido a vossa companhia e pela maneira como me haveis acolhido. E agradecimentos, também, por haverdes escolhido para me receber o grande pioneiro, e mestre, não só de todos nós escritores do Nordeste, mas de toda uma geração de escritores brasileiros, José Américo de Almeida; e, para “ungir-me”, Múcio Leão, meu primo e conterrâneo, que publicou em seu “Autores e Livros” os primeiros poemas meus divulgados no Sul. Um outro motivo tenho para esse laconismo. Fazer render demais meu agradecimento acabaria sendo uma forma de vaidade. Acabaria parecendo que eu, ao insistir em vossos gestos para comigo, estava querendo menos salientar vossa benignidade do que salientar a pessoa, eu mesmo, a quem dispensastes tanta benignidade. Assim, para compensar o laconismo de um “muito obrigado” e expressar meu reconhecimento de outra maneira, quero dizer que me sinto muito honrado em vir a ser um de vós. E não apenas pelo que cada um de vós representa em nossa vida intelectual como porque a Academia, que vós todos, em conjunto, constituís, é uma de nossas instituições em que se tem mantido mais vivo o respeito pela liberdade do espírito. Daí (e não sei de maior elogio que se possa fazer a um corpo de escritores, homens para quem a liberdade de espírito é condição de existência) meu empenho em declarar que, entrando para a Academia, não tenho o sentido de estar abdicando de nenhuma das coisas que me são importantes como escritor. Na verdade, venho ser companheiro de escritores que representaram, ou representam, o que a pesquisa formal, no nível da textura e da estrutura do estilo, tem de mais
experimental; escritores outros cuja obra é uma permanente, e renovada, denúncia de condições sociais que espíritos acomodados achariam mais conveniente não dar a ver; escritores que, em momentos os mais diversos de nossa história política, têm combatido situações políticas também as mais diversas; escritores que, já acadêmicos, têm julgado livremente a Academia, patronos de suas Cadeiras e membros de suas Cadeiras. E tudo isso sem que a Academia tenha procurado exercer nenhuma censura e sem que a posição de acadêmicos tenha levado esses escritores a qualquer autocensura. Nestes últimos instantes de meu discurso de posse, antes de que ela se tenha consumado, quando talvez ainda seja insuspeito para falar da Academia, porque ainda não me “confundi” nela (como disse Valéry), quero dizer também que não a vejo, hoje em dia, menos representativa da Literatura Bra-
sileira do que o foi, em seus primeiros anos, ou em qualquer época posterior; e, também, que a vejo mais representativa da Literatura Brasileira do que são, de suas respectivas literaturas, outras Academias de Letras, mais antigas e prestigiosas. Mais representativa e mais aberta do que outras academias mais famosas. Porque não creio que nessas academias se encontre, como entre vós, o número de escritores marcados pelo empenho de renovação e de transformação sem o qual toda Cultura está condenada ao esclerosamento. E se, entre vós, há também escritores dedicados a gêneros de Literatura que, por sua natureza, não dependem de maneira imediata da pesquisa de novas formas de expressão, o fato de esses escritores haverem escolhido os renovadores que aqui estiveram e que aqui estão, demonstra neles uma compreensão do fenômeno literário que não se vê noutras
academias. Assis Chateaubriand, embora de seus votos na Academia eu não tenha conhecimento, mas que, como dono de jornal, soube confiar a crítica e a orientação literária de seus jornais a escritores empenhados em renovar formas de expressão ou a teóricos e defensores do que estava sendo renovação, para não falar de todos os verdadeiros escritores que fizeram ou ainda fazem parte de seus jornais e revistas, Assis Chateaubriand, ia eu dizendo, foi um homem que compreendeu a necessidade de renovação permanente de qualquer forma cultural. Pois este é um detalhe que me deixa também “obrigado” pela sucessão que me confiastes. g
(*) Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, sucedendo ao paraibano Assis Chateaubriand de quem fez o elogio, na sessão solene de 6 de maio de 1969.
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RESENHA LITERÁRIA AH, ESSAS VOZES. RECORRENTES, SEMPRE. Krishnamurti Góes dos Anjos
O cronista, na abalizada opinião de José Castello, depois da explosão de gêneros promovida pelo modernismo do século XX, torna-se uma figura exemplar. Transforma-se em um pioneiro que, entre escombros e imprecisões, e sempre pressionado pelo real, se põe a desbravar novas conexões entre literatura e vida – sem que nem a literatura nem a vida venham a ser traídas. É um andarilho solitário a promover simultaneamente dois caminhos: o que leva da literatura ao real, e o que, em direção contrária, conduz do real à literatura. Acrescentemos a isto, o argumento levantado por Theodor Adorno de que, se o indivíduo entrou em crise e a literatura pôde expressá-la, é que a lírica soube incorporar de modo requintado o ajuste necessário para a representação da realidade, ainda que suas características essenciais comportassem primeiro a expressão individual. Decorre que o vigor coletivo da lírica contemporânea, além de dar lugar às manifestações individuais do sujeito, contempla também o coletivo dos aspectos sociais. O sujeito poético passa a representar um sujeito coletivo muito mais universal e mantém uma relação com a realidade social que lhe é antitética, o que exige da interpretação muito mais que a análise dos elementos formais do texto, pois a matéria social pede elucidação, na medida em que está incorporada na composição, assim como o seu tempo histórico. Pensando nessas e em outras questões, é que abrimos a leitura do pequeno livro de crônicas do escritor e jornalista de carreira William Costa. Para tocar tuas mãos (Ideia, 2017) chama a atenção por revelar textos de uma penetração psicológica e social e uma força poética fora do comum. É clara a intenção do autor em trabalhar palavras e sentidos, já que a crônica permite este gesto, de estar cá e lá, da incerteza, da reflexão, do poético em coisas que parecem comuns, mas aos olhos do cronista transformam-se em matéria-prima de alta qualidade. Por meio da prosa poética o autor repensa o fazer cronístico. Veja-se o exemplo: “A crônica que persigo é fugaz como a borboleta. Ou a mão que me tocou na multidão. A sua forma ideal assemelhar-se-ia à do poeta, que ‘sai do casulo no sol da manhã (a crônica é matutina) e, antes que o dia acabe,
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suas asas desfeitas rolam nas calçadas’. Não são assim os sonhos?”. (“Ambição crônica”). Assumindo em outros textos uma posição francamente filosófica, o autor questiona uma vez mais, e de dentro de seu tempo e seu mundo, as mesmas perguntas fundamentais que desde os gregos definem a filosofia: “O cérebro pulsa com a antiga pergunta que ecoa no éter, resvala nos planetas e asteroides e desaparece no Cosmos. ‘Quem sou eu? Haverá um lugar onde todas as ‘vozes do silêncio’ se encontram? Em quantos idiomas (vivos ou mortos) elas se expressam? Quem as guarda, traduz e responde?”. Enigmas tolos da criança que ainda habita em seu peito”. (“Deságuas”) William Costa é hábil em promover em seus textos a permanência de um fato (retirado ou não da memória), revirando a substância de seu tempo e, simultaneamente, escapando da passagem dos anos. Em sua versatilidade criadora o autor arquiteta crônicas construídas por meio de metalinguagem, outras parecem marchar rumo ao conto, à narrativa mais espraiada com certa estrutura de ficção e ainda noutras, ressoa a intimidade, a história do cotidiano sempre com a possibilidade de sentidos adicionais. Transitando livremente entre poesia e prosa, o autor segue incorporando cada vez mais estruturas móveis, mobilizando o estilo para aprofundar também um inconformismo. Nesse sentido, a escrita fragmentária torna-se característica de alguns textos, disposto que está o autor, a tornar a crônica uma obra aberta, representação de um mundo caótico. Num enfoque muito mais social do que individual a preocupação em captar o detalhe cotidiano diminui em relação à preocupação com os problemas maiores que estão em jogo, que estão por trás da situação narrada. O sofrimento (há reflexões amargas na obra), não está na esfera individual. A denúncia social, equilibrada ao momento lírico, provoca efeitos contundentes no leitor. Problemas de homens comuns, num país tão cheio de desigualdades e discrepâncias, como símbolos de riqueza convivendo ao lado da miséria pura e simples. O homem que observa em torno e por toda parte “as terríveis garras do Poder cravadas no lombo do Ego manipulando suas vontades mesquinhas”. Trecho:
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“A tormenta tecnológica da publicidade aflige o espírito vacilante. Os valores espirituais recuam ante o forte temporal materialista que ameaça desabar. Nos abrigos concretos do nepotismo, do fisiologismo, da hipocrisia, do falso moralismo, hienas (almas corrompidas) sorriem à espera do baque das presas virtuais”... ‘Cada um por si e Deus contra todos’, diz a frase pichada n’O muro. Os supermercados da fé anunciam escandalosas promoções. O mercado editorial estende suas gigantescas mãos oferecendo ajuda. No consultório, a mente especialista, grávida de hipnóticas teses universitárias, seduz a incauta cobaia com a promessa de acabar com suas dores e angústias. Crescem os filhos. Os desejos engordam. Envelhecem. Perdem os cabelos. A satisfação da necessidade material. Origem pré-histórica do egoísmo. A pressão familiar. Sonhos na cabeça. E um resto de salário nos bolsos. Teoria e prática. Onde encontrar ouvidos para confissões tão íntimas? Um toco de madeira sequer para se segurar, em rio de águas tão bravias?”. (“O livro efêmero dos dias”) Não há como negar; ao homem de nosso tempo é vendida a sensação de que o consumo pode preencher o doloroso vazio da vida, trazido pelas agruras do trabalho subalterno e pelas misérias morais e espirituais que preenchem parte do cotidiano. Numa sociedade marcada pelo privilégio e pela desigualdade, proclama-se em alto e bom som que o homem vale pelo que consome, ou pelo que tem, não pelo que é. O capitalismo safado no qual vivemos cria a ilusão de que as oportunidades são iguais para todos, a ilusão de que triunfam os melhores, os mais trabalhadores, os mais diligentes, os mais econômicos, mas em verdade, a situação, para início de conversa, é a desigualdade, porque o próprio sistema, a própria concorrência, entre empresas e entre homens, entre todos contra todos, recria permanentemente assimetrias. A esse propósito veja-se “Orquídeas selvagens” e “Dos mortos e suas flores”. Desde priscas eras o ato de caminhar adquiriu para a humanidade um importante significado psicológico e simbólico. “Levanta-te, toma teu leito e anda”, diz o Evan-
gelho (João, 5:8), ou seja, vá em busca de seu destino, de seus objetivos. Os filósofos gregos muitas vezes ensinavam a seus discípulos caminhando, e Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C.) cunhou expressão famosa: Solvitur ambulando. Caminhar resolve (os problemas, as dúvidas). Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em suas Confissões afirmou: “Só consigo meditar quando caminho. Minha mente só trabalha junto com minhas pernas”, e tanto assim foi, que obra póstuma sua publicou-se sob o título de Lês rêveries du promeneur solitaire ou “Os devaneios do caminhante solitário”. William Costa escreveu também várias crônicas nas quais se não é ele o próprio caminhante, cria personagens nessas condições. Aqui um andarilho em uma praia, ali um flâneur - que vem do verbo flâner, a vagar por João Pessoa a maneira de um Charles Baudelaire (1821-1867), ou aquele caminhante que foi Walter Benjamin (18921940), circulando por Paris a observar o que se passava ao seu redor. Ainda outros caminhantes: Friedrich Nietzsche (1844-1900), defendeu que: “Os grandes pensamentos resultam da caminhada”. E finalmente, ante referência explícita ao escritor estadunidense Gary Snyder que há no livro, nos lembramos de que aquele autor escreveu: “Caminhar é a grande aventura”. Na crônica “Amanhece – Carta a Gary Snyder” em forma de missiva, há a conclusão: “Gary, amigo, tranço nas suas palavras os meus pensamentos. E encho de flores e de céu o cesto invisível, porque também me sinto velho, como se tivesse vivido muitas vidas. E agora nunca poderei saber se sou um louco ou se fiz o que determina o meu carma. Paz, guerra, religião, revolução, nada disso ajudará. Este Horror se dissemina no ágil polegar e no ávido cerebrozinho que aprendeu a pegar bananas com uma vara.” Muito bem; todo esse esforço de memória que o nosso “ávido cerebrozinho” vem fazendo até aqui, não configura pernóstica demonstração de erudição. Há maior complexidade do que simplesmente “pegar bana-
nas com uma vara”. Voltemos a atenção para um segundo detalhe importante que a obra de Costa suscita: A menção à obra do norte-americano Gary Snyder com seus pressupostos para uma “nova poética da natureza” – recorde-se que atualmente os Estados Unidos se retiram do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, veja-se a ironia –, que remete a outros americanos. Ralph Waldo Emerson (1803-1882) e sua filosofia de encontrar a essência humana, através de um mergulho interior persistente. Henry David Thoreau (1817-1862), com seus elementos simbólicos destinados a validar a sua visão de uma vida espiritual alicerçada na natureza e finalmente Walt Whitman (1819-1892), considerado o poeta da Natureza, pela presença constante em quase toda a sua obra. Decerto se poderá também encontrar gente dessa estirpe nas plagas brasileiras, como Manoel de Barros (1916-2014), nosso poeta pantaneiro com sua poética de forte referencial na natureza... Mas afinal, que casta de andarilhos é essa? Veja-se a definição na crônica “Estirpe”: “Gente que anda sem destino certo pelo oco do mundo, expressando visões em dialetos que os ouvidos do senso comum não conseguem decifrar”. “Sim porque há quem cultive dentro de si um jardim. Uma ilha espiritual, de contornos moldados por um olhar lírico, onde a alma descansa (rede armada sob as árvores de sombra, prenhe de ninhos de pássaros, sentindo a brisa suave, a água fresca, o cheiro da fruta madura, a mão que acaricia o ventre e os cabelos, a magia do amanhecer, a luz solar que banha e revigora o corpo e a alma de suas feridas)”. (“O quarto de Mnemósine”) Fica-nos, todavia, ao cabo da leitura de um livro como Para tocar tuas mãos, uma estranha sensação de mensagem latente que intensifica-se de tempos em tempos por meio desses andarilhos solitários, amantes da natureza que passeiam ainda por “Belos parques. No entanto, precários e efêmeros. As grandes
almas do passado os habitaram na plenitude. Algumas lá estiveram em rápida passagem (é possível ver suas pegadas na areia). Outras apenas os pressentem. Mas o grande rio humano passa ao largo, espraiando-se no plano baixo do planeta. Fertiliza o mundo com o húmus maligno que carrega (instintos, aleivosias, distúrbios, psicopatias)”. Ainda em um planeta no qual [“Sete bilhões de pensamentos congestionam o espaço mental do mundo, afora sete vezes sete bilhões de transmissões telepáticas – que a toda hora chegam do passado -, neste planeta sem antenas capazes de captá-las. No ponto imóvel, escuro, equidistante, a Deusa–Mãe, altruísta, irradia a Grande Sabedoria para os insensatos debruçados sobre seus umbigos, com celulares ultramodernos tapando-lhes os ouvidos”]. (“Instantâneos”) Aos que se derem ao prazeroso trabalho de pensar um pouco mais detidamente sobre esse pequeno livro de William Costa neste início de século XXI, numa perspectiva de conjunto das crônicas reunidas, poderá observar e refletir detidamente ainda na última frase da crônica “Palavras no quarador”: “Ah, essas vozes. Recorrentes, sempre.” Vozes às quais se junta a de William Costa para dizer-nos mais uma vez, e quantas outras mais forem necessárias e ninguém se engane, de que virá -, “o banquete que anunciará a era do espírito”, queiramos ou não. Adiante pois. g Krishnamurti Góes dos Anjos é escritor, pesquisador e crítico literário. Autor de Il Crime dei Caminho Novo (romance histórico), Gato de Telhado (contos), Um Novo Século (contos), Embriagado Intelecto e Outros Contos e Doze Contos & Meio Poema. Tem participação em coletâneas e antologias, algumas resultantes de Prêmios Literários. Possui textos publicados em revistas no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Venezuela, Panamá, México e Espanha. Seu último livro publicado pela editora portuguesa Chiado – O Touro do Rebanho (romance histórico), obteve o primeiro lugar no Concurso Internacional - Prêmio José de Alencar, da União Brasileira de Escritores (UBE/ RJ), em 2014, na categoria Romance.
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MEMÓRIA NISE DA SILVEIRA, REBELDIA QUE GERA CIÊNCIA Tiago Eloy Zaidan Ao sair de Maceió rumo a Salvador, para cursar medicina, no início da década de 1920, uma jovem alagoana levou consigo uma frase do pai, professor de matemática: “Nunca aceite privilégios por ser mulher”. O pai a amava, mas a frase demonstrou ser mais irônica do que feliz. Durante a vida, o fato de ser mulher em uma área então dominada por homens, exigiria da jovem um esforço dúplice. Em 1926, Nise da Silveira (1905-1999) se tornou a primeira médica alagoana. E este foi apenas o prelúdio do que estava por vir. Uma revolução na psiquiatria. É possível que justamente por ser do sexo feminino, Nise tenha se mudado para o Rio de Janeiro depois de formada. Não é difícil imaginar, em meio à década de 20, a resistência da sociedade baiana ou alagoana a uma jovem médica. Na então capital federal, todavia, a vida também não foi fácil. Nise morou em pensões de segunda categoria e fez refeições em casa de amigos, até que conseguiu ser aprovada em um concurso público. Passou a trabalhar no Hospital Nacional de Alienados, onde começou a ensaiar um modus operandi diferenciado no tratamento dos pacientes. Mas não teve muito tempo. O clima de ódio e denuncismo incitado pelo governo e por setores da imprensa, na época, interrompeu a história da médica. Nise morava no próprio trabalho. Em seu quarto, uma enfermeira teria encontrado livros marxistas – considerada leitura subversiva. Denunciada, a psiquiatra foi detida no próprio hospital e conduzida ainda com a vestimenta de trabalho. O episódio de intolerância, infelizmente, encontra paralelo nos dias de hoje. Para se ter ideia, recentemente, o blogueiro Rodrigo Constantino, que ganhou notoriedade como colunista da revista Veja, divulgou uma lista com nomes de artistas, intelectuais e jornalistas. A conclamação era para que os relacionados fossem boicotados e fustigados por serem o que chamou de “petralhas”. Precedendo a lista, o blogueiro explicou que, para os integrantes de sua Index, “O desprezo público também é muito
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bem-vindo, como vaias, olhares hostis e até xingamentos. […]”. No espaço destinado aos comentários sobre a postagem, os leitores do blog de Constantino denunciavam outras pessoas, por suspeitarem serem elas simpatizantes do PT ou do comunismo. Na prisão, Nise conheceu o conterrâneo escritor Graciliano Ramos (1892-1953) – que também estava preso por motivos políticos. O período de reclusão de Graciliano rendeu, aliás, o clássico Memórias do Cárcere (1953). Mesmo depois de solta e absolvida, a vida de Nise jamais foi a mesma. Exonerada do antigo trabalho e estigmatizada, a médica passou por dificuldades até ser reincorporada ao serviço público em 1944. Foi lotada no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II. Neste espaço, a despeito da oposição de muitos de seus pares, a alagoana entraria para a história ao introduzir a arte no tratamento dos pacientes, em contraposição a práticas sádicas – como o eletrochoque e castigos físicos. No antes marginalizado setor de terapia ocupacional, os pacientes eram convidados a confeccionar, livremente, as suas próprias peças, tais como pinturas e esculturas. O professor do Instituto de Psicologia da USP, João Frayze-Pereira, relata um dos casos: “Internada em 1937, Adelina Gomes, camponesa humilde, cuja tragédia resumiase no desejo de ser flor, foi acolhida pela doutora Nise em 1946. Daí em diante, por mais de quatro décadas, pintou e esculpiu todos os dias. O desejo de ser deu lugar ao de fazer. Adelina fez flores”. Justamente por propugnar a proatividade, no contexto do tratamento, Nise preferia o termo cliente a paciente, já que o último indicava resignação e passividade. Outra técnica heterodoxa empregada pela médica – fã de animais, desde a tenra idade – era utilizar cachorros vira-latas como “coterapeutas”. A jornalista Bárbara Mengardo faz saber que em “Um determinado dia, um doente trouxe um cachorro machucado e ela deu condições para que ele tratasse do animal. À medida que o animal melhorava, o doente também melhorava. A partir daí criou um setor de uso do animal
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em terapia”. O afeto – antes ausente naquele espaço – passou a abundar, e a recuperação dos pacientes era notória – o que não aplacou a oposição à médica dentro do hospital .Diante do sucesso das pinturas – reconhecidas por críticos de arte, como Mário Pedrosa (19001981), um diretor do hospital chegou a dizer que “[...] à noite, Nise trocava as obras feitas pelos loucos, por outras, feitas por grandes artistas”, revela Bárbara Mengardo. É curioso notar que foram os atores do campo da cultura quem primeiro legitimaram o trabalho de Nise e de seus pacientes, e não os pares médicos. Justamente o campo cultural, afeito às vanguardas e, hoje, tão vilipendiado pelos setores conservadores da sociedade. A repercussão alcançada – sobretudo na imprensa – e a intensa produtividade dos artistas do centro psiquiátrico motivaram a criação do Museu de Imagens do Inconsciente, em 20 de maio de 1952, idealizado pela própria médica. Antes e depois da inauguração do espaço, no Rio de Janeiro, os trabalhos artísticos foram expostos em locais tão diversos como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (outubro de 1949), Salão Nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (novembro de 1949) e em Zurique, por ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria (setembro de 1957). Esta última exposição, aberta por ninguém menos que Carl Gustav Jung (1875-1961). FILME BIOGRÁFICO O longa Nise: No Coração da Loucura, atualmente nos cinemas, é uma empreitada do diretor carioca Roberto Berliner, conhecido por documentários como Herbert de Perto (2009). Aliás, a experiência como documentarista faz-se sentir aqui. O enredo se inicia justamente em um momento delicado da vida de Nise da Silveira: o regresso da médica do constrangedor período de reclusão – de cerca de um ano e meio – pelo “crime” de posse de livros marxistas. Portanto, como se não bastasse o fato de ser mulher, em uma área dominada
por homens machistas, e de propor uma revolução na psiquiatria, pairava, ainda, sobre Nise, a pecha de comunista – de fato, um crime, no ambiente conservador em que se vivia. A primeira cena do longa retrata, justamente, o momento da volta da médica ao trabalho, no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II. A metafórica tomada inicial, em que Glória Pires, no papel de Nise, precisa bater repetidamente no portão do manicômio (chega a esmurrá-lo), para finalmente ser recebida, já dá pistas do quão difícil será a acolhida das suas ideias pelos colegas. Mas, indica também, desde já, que a médica é persistente. Em seu trabalho, Berliner humaniza a psiquiatra. E relata o hercúleo esforço de Nise para estruturar o setor de terapia ocupacional do hospital, o qual estava abandonado em detrimento de tratamentos como a eletro-convulsão e a lobotomia – exaltados como inovadores pelos demais psiquiatras de então. Além de Glória Pires, o longa tem, em seu elenco, Augusto Madeira, Roberta Rodrigues e Felipe Rocha, os quais interpretam a equipe de enfermeiros que trabalham com a médica. Dignos de louvor, constam os atores que interpretam, convincentemente, os internos do Centro Psiquiátrico Nacional: Claudio Jaborandy, Simone Mazzer (irreconhecível, no papel da emblemática paciente Adelina Gomes), Roney Villela, Bernardo Marinho, Flávio Bauraqui, Fabrício Boliveira e Júlio Adrião. A produção tem rodado festivais pelo mundo, sem deixar jurados e público indiferentes. Prova disso são os prêmios conquistados no Festival de Tóquio (melhor filme e melhor atriz) e no Festival do Rio (melhor filme júri popular). CONJUNTURA O filme surge em um contexto de refluxo do empoderamento das mulheres no Brasil,
especialmente nos campos social e político. A primeira mulher eleita para chefiar o executivo federal na história do país foi recentemente afastada do cargo, em um processo controverso e criticado internacionalmente. Em seu lugar, um novo governo foi instalado, sob a liderança do pemedebista Michel Temer. Já na composição da equipe ministerial de Temer, nenhuma mulher foi contemplada. Ou seja, todos os ministros nomeados foram homens, seletividade que não ocorria desde o governo de Ernesto Geisel (19741979), durante a ditadura militar– o que dá uma noção do tamanho do refluxo. Os sinais da crise de empoderamento feminino não se restringem ao meio político. No seio da sociedade civil, a revista Veja, da família Civita, protagonizou um dos atos mais emblemáticos desta nova onda reacionária. Em matéria publicada em 18 de abril, o periódico apresentou, como arquétipo, a então “quase primeira-dama”, Marcela Temer, sob a manchete “Bela, recata e ‘do lar’”. Na matéria, Marcela é tida como uma mulher de sorte, por ter um marido apaixonado, e é descrita como educada e discreta. “Marcela é uma vice-primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola, cuidar da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também (nas últimas três semanas, foi duas vezes à dermatologista tratar da pele)”, revela a matéria. O perfil de Marcela, pela ótica da revista Veja, parece querer devolver às mulheres o posto de primeira-dama, com direito a todos os clichés. De certa forma, Marcela é apresentada como um contraponto saudoso e louvável à mulher turrona e protagonista, personificada na figura da então presidenta Dilma. “Ainda que não dê para comparar a trajetória da presidente [Dilma] com a da vice-primeira-dama, acredito que o objetivo foi mostrar essa diferença de perfil entre as duas”, declarou a professora de Comuni-
cação da pós-graduação da ESPM, Selma Felerico, em depoimento ao portal UOL. Ainda ao portal UOL, a coordenadora do curso de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, Helena Jacob,esclarece que “O recatada e o ‘do lar’ vêm de encontro ao ‘bela’ para formar a imagem de mulher perfeita, que sabe se colocar no lugar dela e é submissa ao marido”. Para a professora de jornalismo, “Essa escolha de palavras foi muito infeliz. Não me espanta a repercussão negativa que o perfil teve, embora no Brasil, ainda exista aquela imagem de que uma mulher foi estuprada porque estava de roupa curta”. *** Voltando ao nosso tema principal, embora sem apoio institucional, e vilipendiada e desprezada pelos colegas, Nise da Silveira estava certa. O movimento antimanicomial é pungente e tem sido cada vez mais respaldado pela legislação. Na Lei nº 10.216, aprovada em 2001, por exemplo, “a mudança de modelo de atendimento aparece como uma sugestão no item IX do parágrafo único, do artigo 2º, expressa como direito da pessoa em ‘ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental’”, explica Silvio Yasui, na obra Rupturas e encontros: desafios da reforma psiquiátrica brasileira Do alto de sua compleição física frágil, a médica alagoana venceu a intolerância política, o machismo avassalador – que se vale, não raro, da ridicularização da outra – e da desumanidade dos tratamentos propostos pelos seus pares, e protagonizou uma verdadeira ruptura epistemológica na psiquiatria. Em tempo: o Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, em cujo portão a médica reincorporada ao serviço público precisou bater repetidas vezes para ser recebida, hoje atende pelo nome de Hospital Instituto Nise da Silveira. g
REFERÊNCIAS
MENGARDO, Bárbara. Nise da Silveira. In SOUZA, Hamilton (Org.). Grandes cientistas brasileiros. São Paulo: Casa Amarela, s.d. p. 147. ZAIDAN. Tiago Eloy. Aluta pelo espólio da democracia partidária. Pátria Latina, 12 de abril de 2016. Disponível em: http://www.patrialatina. com.br/a-luta-pelo-espolio-da-democracia-partidaria/. Acesso em 24 de maio de 2016. FRAYSE-PEREIRA, João. Nise da Silveira: imagens do inconsciente entre psicologia, arte e política. Revista Estudos Avançados, 17 (49), 2003. p. 197 – 208. p. 207. MENGARDO, Bárbara. Nise da Silveira. In SOUZA, Hamilton (Org.). Grandes cientistas brasileiros. São Paulo: Casa Amarela, s.d. p. 153. DIONISIO, Gustavo Henrique. Museu de Imagens do Inconsciente: considerações sobre sua história. Revista Psicologia Ciência e Profissão, 21 (3), p. 30-35. Setembro de 2001. ARBEX, Thais & BILENKY, Thais. Ministério de Temer deve ser o primeiro sem mulheres desde Geisel. Folha de S. Paulo. 12 de maio de 2016. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1770420-ministeriado-de-temer-deve-ser-o-primeiro-sem-mulheres-desde-geisel. shtml. Acesso em 20 de maio de 2016. LINHARES, Juliana. Marcela Temer: bela, recatada e “do lar”. Revista Veja. 18 de abril de 2016. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/ brasil/bela-recatada-e-do-lar. Acesso em 20 de maio de 2016. DINIZ, Thais & ANDRADE, Thamires. “Bela, recatada e do lar” é forma infeliz de descrever alguém. Portal UOL. 20 de abril de 2016. Disponível em: http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2016/04/20/bela-recatada-e-do-lar-e-forma-infeliz-de-descrever-alguem.htm. Acesso em 21 de maio de 2016. YASUI, Silvio. Rupturas e encontros: desafios da reforma psiquiátrica brasileira. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2010. p. 63. ISSN: 2357-833
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HISTÓRIA MUNICIPAL EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADE DE BORBOREMA - ANTECEDENTES Ramalho Leite Bananeiras, até 1827 pertencia a Vila de São Miguel da Baia da Traição ou Vila de Mont Mor da Preguiça e, a partir de então, foi integrada ao território da Vila Real de Brejo de Areia. Essa incorporação não demorou muito: em 10 de outubro de 1833, o presidente Antônio Joaquim de Melo sancionou a lei que deu emancipação política ao município, que passou a ter sede na Vila de Bananeiras. Essa lei tornou Bananeiras a segunda maior área geográfica do Estado, “arrastando consigo os territórios de Guarabira, Cuité e Pedra Lavrada” no dizer de Horácio de Almeida. Pelo texto da lei, porém, está citada Serra da Raiz e, os seus limites chegavam à fronteira do Rio Grande do Norte, com Araruna inserida, até 1877, quando conquistou sua independência. A população de Araruna sempre reclamou a distância de nove léguas entre o distrito e a sede municipal, onde “são obrigados a prestar o serviço do júri, reunir colégio eleitoral e requerer qualquer ato judicial”, pois, desde 1857 fora criada a comarca de Bananeiras. O Barão de Mamanguape, senador do Império e Presidente da Província, assinou a lei 616 que criou a Vila de Araruna. Nas décadas finais do Século XIX, o coronel Antônio Amâncio da Silva e sua esposa Águeda Rodrigues Ramalho, ele nascido em Piancó e ela em Bonito de Santa Fé por volta de 1856, deixam o sertão e se estabelecem no distrito de Tacima, onde nasceria, 1880, o primogênito desse casal, José Amâncio Ramalho. Seu pai era influente na política de Araruna e rico proprietário de terras. O jovem, que conheceríamos no futuro como um grande empreendedor, estudou em João Pessoa e depois foi concluir seus estudos na vetusta Faculdade de Direito do Recife, no ano de 1908, turma de que fez parte o escritor, político e renomado brasileiro José Américo de Almeida. Visionário desde a juventude, frustrado por não ter estudado engenharia, José Amâncio, contudo, exerceria grande influência no desenvolvimento econômico desta região, a começar por Araruna onde se fixou inicialmente.
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José Amâncio não havia concluído ainda o curso de direito. Convenceu os políticos da Vila de Araruna a construir um Mercado Público, como meio de organizar seu comercio e desenvolver o progresso daquela comunidade. Ainda no ano de 1908, o bacharelando assinou um contrato com o Conselho Municipal de Araruna para erigir aquele empreendimento. A Vila de Araruna não dispunha mais do que dez contos de reis anuais. O Mercado custaria cerca de trinta contos. José Amâncio resolveu bancar a construção, dentro de algumas condições que lhe asseguravam a exploração dos serviços por cerca de dez anos. A repercussão dessa iniciativa colocou o empreiteiro em alta diante da sociedade ararunense, causando ciúmes aos Targinos que, desde então, já dominavam o poder econômico e político da Vila. O espaço político que José Amâncio tentava conquistar lhe foi negado. Sua divergência com os Targinos levou à rescisão do contrato de exploração do Mercado. Um acordo foi celebrado e pelos quatro anos restantes, o contratado recebeu quatro contos de reis de indenização. “Idealista, corajoso, espírito criador e de acurada visão do futuro, Amâncio trazia consigo os ideias de mudanças despertadas com a chegada do novo século” diz Humberto Fonseca, traçando seu perfil. Por volta de 1914, desfeita a sociedade com o Conselho Municipal de Araruna, José Amâncio resolve buscar novos ares. Há um registro de que desde 1912, teria comprado terras a um tal de João da Mata. O único que identifiquei, era influente em Araruna e se tratava do capitão João da Mata Lins Fialho que, detentor de posses nesta área, as vendeu a José Amâncio. O trem acabara de aportar na Vila de Camucá e José Amâncio divisou novos horizontes onde exercer seu espirito empreendedor.A essas terras, dr.Zé Amâncio, como tornar-se-ia conhecido, denominou Boa Vista. Até 1943 chamou-se Camucá e, finalmente, Borborema.
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UM DISTRITO DE DESTAQUE O trem passaria dez anos tendo Borborema como sua parada final. Somente depois de concluído o túnel da Serra da Viração, o comboio alcançou Bananeiras, isto por volta de 1925. Alguns anos antes, em 1919, a sede municipal passou a utilizar a energia elétrica. O distrito de Camucá, porém, já estava iluminado pela iniciativa de José Amâncio Ramalho, criador da Hidroelétrica Borborema. Daqui seria distribuído energia para sete cidades do brejo. Uma barragem do rio Canafístula possibilitou essa inventiva pioneira no nordeste, perdendo apenas para Delmiro Gouveia que aproveitou as águas do São Francisco para uma pequena usina destinada à sua fábrica de linhas. Depois surgiria Paulo Afonso. O lago que se formou com o barramento do rio, invadiu terras e derrubou casas que ficavam na sua margem. Ainda lembro que, nos anos mais secos, a queda do nível da barragem deixava ver os alicerces das casas submersas. Os proprietários foram indenizados. Descobri escrituras de terras compradas a um pernambucano de Timbaúba, de nome José Cavalcanti e, também do doutor Nuno Guedes Pereira, todas inundadas pelo açude. Antônio Nogueira Campos, outro pioneiro, por igual teve terras cobertas pelas águas. Para compensar as ruas desaparecidas, foi elaborado um novo traçado da cidade, e o distrito ganhou avenidas largas e espaçosas que não se vê em outra cidade da região. Essas ruas receberam a denominação dos estados brasileiros. Eu, por exemplo, nasci na rua Amazonas, hoje Barôncio Lucena. Tudo obra do desbravador José Amâncio Ramalho que tenho como Fundador do Povoado de Boa Vista, depois Borborema, Camucá e novamente Borborema. Conseguida a energia, outros empreendimentos surgiriam. Os engenhos de produção de rapadura e aguardente, somente a partir dos anos 1960 adotariam a energia elétrica como força propulsora, inclusive o Engenho de José Amâncio,que ficava no pé da queda
d´água e a dois passos da usina de energia. Um pouco acima, foi instalada uma indústria de fécula e ainda um despolpadora de arroz. Dessas inIciativas de Amâncio, resta o açude e, até pouco tempo, o bueiro da fecularia já desaparecido. Sua sirene, acionada na passagem do trem por seu terreiro, ainda ressoam em meus ouvidos. Nascido na beira da linha, foi o segundo som que me chegou aos ouvidos. O primeiro, foi o grito da parteira mãe Luiza: é homem. Nas minhas narinas, ainda sinto o cheiro da fuligem cuspida pela Maria Fumaça. O trem e a energia elétrica foram os dois alicerces propulsores do desenvolvimento do distrito. Um comercio efervescente e um centro de compra e venda de especiarias formou-se por aqui. A civilização do café e os seus resultados nos bolsos do produtores, refletem ainda hoje no casarioantigo que se mantém intacto, merecendo tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico, para evitar sua descaracterização. Para montar a usina elétrica, chegaram os alemães. Mecânicos dos melhores, depois se estabeleceram para consertar e fabricar peças de engenhos e alambiques. Frederico Kramer esteve aqui até 1922. Voltou à Alemanha e trouxe seu irmão Harris que casou com uma Lucena, dona Alzira, chefe dos Correios até se aposentar. Guilherme Groth completou o trio germano. Este foi comerciante o tempo todo. Esteve em Borborema até 1936, quando se tem notícia de venda de alguns imóveis seus ao dr. Zé Amâncio. Mudou-se para Moreno (Solânea) onde ficou até que lhe queimaram a casa, após afundamento de navios brasileiros pelas forças do Eixo. Chegou de volta à Borborema em 1942 com os salvados do incêndio. Aqui se estabeleceu fazendo de meu pai, Arlindo Rodrigues Ramalho, o seu
sócio brasileiro. Vendiam tecidos, ferragens, material de construção e até agua destilada para encher bateria. Frederico, que em Borborema também negociou com café, migraria depois para Natal e nos anos 1930,era o gerente da Usina Borborema, em Bananeiras. Encontramos o registro de sua passagem por esse emprego, no Livro de Tombo da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, em queixa do padre José Diniz, inconformado com a ação do alemão cortando a luz da igreja a mandado do proprietário da Usina, sob a justificativa de que caia a qualidade da energia publica quando eram acesas as luzes da Matriz. Nos anos 1940, com a grande guerra começando nos campos da Europa, Borborema ganhou perfil no Censo Demográfico daquele ano, como registrou Coriolano de Medeiros no seu Dicionário Corográfico da Paraíba: “Na Vila encontra-se a queda d’água da Canafístula, movimentando a usina elétrica que fornece energia e luz à vila, à vila de Solânea e às cidades de Serraria e Bananeiras. É servida de estação ferroviária, por agencia postal e por duas escolas públicas primárias que tiveram 160 matriculados em 1942 e uma frequência média de 102. Segundo o recenseamento de 1940, tem a vila 312 prédios urbanos, 8 suburbanos, 1.750 rurais e a população urbana, 1.262 habitantes; suburbana 87 e rural, 3.419,” A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO O registro de Coriolano Medeiros sobre a educação na Vila, demoraria a sofrer alterações. Por muitas décadas, apenas o chamado curso primário, era ministrado. A primeira professora nomeada pelo estado para
atuar na cidade foi Argentina Pereira Gomes que lecionou no Liceu Paraibano até perto dos setenta anos, demorando a se aposentar. Seu nome batizou uma Escola de Formação de Professores, na Capital. Fui seu aluno de português no Liceu e ela, sabendo que eu aqui nascera, fazia questão de ressaltar esse detalhe do seu curriculum: - Fui a primeira professora de Borborema, dizia orgulhosa. As irmãs Jardim, dona Matilde, dona Laura e dona Aline, por muitos anos, pontificaram na educação de muitas gerações. Fui aluno de dona Laura e de dona Matilde. Na direção do grupo escolar quase se eterniza a professora Jaldete Guedes Pereira de quem fui aluno no último ano do curso primário. Mas a minha querida professora foi mesmo Carminha Costa. Dedicada aos seus alunos, com ela não precisava comprar livros. Ditava as aulas que eu copiava e depois meu pai passava a limpo. Minha primeira professora chamava-se Maria Candido e teve um triste fim depois de um casamento infeliz. Em Borborema, quem quisesse estudar mais, teria que se mudar. Eu, por exemplo, fui exilado para Natal. Somente nos anos 1970 foi criada uma unidade de ensino médio, a Escola Comercial que consegui instalar através da Fundação Padre Ibiapina. Fui diretor da Escola e o sr. Antônio Costa, seu secretário e professor de contabilidade. Na administração do governador Dorgival Terceiro Neto quando eu já era deputado estadual, estadualizei a escola. O prefeito Amâncio Ramalho, conseguiu instalar o segundo grau. Está ai funcionando a Escola Estadual Efigênio Leite e a partir dele, muitos jovens borboremenses ingressaram no curso superior. Era esse o meu desejo, expresso quando da criação do colégio estadual: que os meus jovens conter-
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râneos tivessem na sua terra, a oportunidade de estudo que eu não tive. Para a história, gostaria de registar: fui o primeiro bacharel em direito nascido na cidade. O primeiro médico foi Cícero Pereira que morava em casa vizinha à do meus pais. O primeiro odontólogo,Geraldo Nogueira Campos era filho de Tota Nogueira. O segundo foi João Américo Pinto, filho do comerciante Júlio Pinto. Hoje, com muita alegria sei que é difícil contar os filhos desta cidade que conseguiram o grau superior. O NASCER DE UMA CIDADE Quando Solânea lutava pela sua independência, o dr. ZéAmâncio mandou chamar meu pai para participar de uma reunião em sua residência. Chegando lá, ele encontrou o vereador João Rocha, o advogado Alfredo Pessoa de Lima e o professor Alencar, membros da comissão encarregada dos tramites visando a emancipação do distrito de Moreno. Dr. Zé Amâncio tinha uma proposta a fazer ao meu pai: se ele aceitasse que o Distrito de Borborema fosse agregado ao Município de Solânea, seria nomeado primeiro prefeito do novo município. Meu pai recusou a oferta e justificou que estava lutando pela independência de Borborema. Solânea tornou-se cidade em 1953, Borborema em 1959.
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À época, a Assembleia Legislativa exigia do município sede, uma Resolução que indicasse os limites da nova unidade a ser criada. A Câmara de Bananeiras votou a Resolução 34/58 de 12 de dezembro de 1958, autorizando o desmembramento e fixando os limites. Um projeto do deputado Antônio Nominando Diniz foi transformado na Lei 2.133, de 18 de maio de 1959, dando autonomia ao território do antigo distrito de Camucá. A criação da Comarca de Borborema também constava da lei, todavia, um veto parcial do governador Pedro Gondim negou a comarca e liberou a cidade. Sua instalação ocorreria a 12 de novembro daquele mesmo ano, com a nomeação e posse do primeiro prefeito, sr. Antônio Barbosa da Costa. Este, ao lado de Arlindo Rodrigues Ramalho, Dionísio Pereira dos Santos, Diógenes Pinto de Sena, Severino Leite Ramalho, Aristeu Uchoa Pinto, José Luciano de Medeiros, Carmelo Gomes de Souza, Francisco Cardoso, José Aguiar Bezerrae outros, representavam a comissão de frente da luta pela emancipação política de Borborema. Em 3 de outubro de 1960 foi realizada a eleição do primeiro prefeito, recaindo a escolha, justamente, no vereador e servidor público Arlindo Ramalho. Seu vice Antônio Targino Leão venceu a José Aguiar Bezerra. Meu pai obteve 338 votos sagran-
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do-se prefeito contra as pretensões do agrônomo Rubens Guerreiro de Lucena que alcançou 156 sufrágios. O analfabeto ainda não votava. A primeira Câmara Municipal foi composta dos seguintes vereadores: Severino Leite Ramalho, presidente; Reginaldo Leite de Queiroz, José do Carmo Ramalho, Cicero Ferreira da Silva, Dionísio Pereira dos Santos, Luiz Galdino Ferreira, e José Luciano de Medeiros. Naquele tempo as campanhas eram feitas a pé, ou a cavalo. Meu pai detinha uma relação com os nomes de todos os eleitores, apelidos, parentesco e residências. Mas lhe faltava o cavalo. O major Augusto Bezerra lhe emprestou o animal e, montado nele, meu pai visitou todos os eleitores do município, casa por casa. Anunciada a vitória, uma caravana motorizada partiu de Borborema para Bananeiras, nos jeeps e caminhões disponíveis. À época a cidade contava apenas, doze veículos. À frente da caravana, desde a entrada da cidade, ia meu pai, montado no cavalo, ambos cansados da batalha vencida. Todos desceram dos veículos e a caminhada foi até a casa do major Augusto, onde o cavalo foi solenemente devolvido ao seu dono. Com o nascimento da cidade, começa um novo capítulo da sua história. g
TURISMO SENTIMENTO EM BERLIM Ailton Elisiário
Chegamos a Berlim à boca da noite, para usar a expressão dos antigos. Primeira vez que ali íamos, com o intuito de conhecermos a cidade da melhor maneira possível em muito pouco tempo. À entrada do hotel estava a imagem de um urso de cor vermelha e outro no saguão de pernas para o ar. Indagamos desde logo o que significava e nos disseram que o urso é o símbolo de Berlim, possivelmente provindo de Albrecht I de Brandemburgo, Duque da Saxônia, chamado de Albrecht “der Bär” (o urso). A primeira impressão que tive foi a de uma cidade de clima pesado de sofrimento, impressão noturna que perdurou depois durante o dia, quando saímos para um “tour” e nos deparamos com um resto do famigerado muro de Berlim. O muro que há mais de 20 anos dividia a cidade em duas, uma Berlim oriental sob o domínio socialista e outra Berlim ocidental sob o domínio capitalista, derrubado em novembro de 1989, o que dele sobrou foi utilizado por artistas de vários países para suas pinturas. De fato, apesar de decorridos quase 30 anos de sua derrubada, ainda hoje os habitantes mantêm em mente a fronteira criada pelo muro. Quem mora na
parte oriental ao se dirigir para o outro lado diz que vai ao ocidente e vice-versa. O nome Berlim significa mangue, lamaceiro, local úmido. Talvez isso explique o fato da cidade não transparecer que ali exista felicidade mais perene. Um terreno pantanoso que os Hohenzollern a partir de 1415 transformaram no centro do império alemão, mas que em 1918 tornando-se democrático teve com os nacionais socialistas em 1933 uma hierarquia autoritária, praticando violência e terror, com uma ganância sem limite: “Hoje a Alemanha é nossa e amanhã o mundo inteiro”. Ao final da Segunda Guerra Mundial estava destruída e partilhada pelos países vencedores. O campo de concentração de Sachsenhausen que visitamos e que serviu de modelo para todos os demais similares, pela sua história de assassinatos e matanças produzidos entre 1936 e 1945 pelos nazistas, invadiu a nossa alma desse sentimento de sofrimento contido naquela impressão sentida desde a nossa chegada. Ali milhares de pessoas inocentes morreram por desnutrição, enfermidades, maus tratos, fuzilamento, enforcamento, tiro na nuca, câmara de gás.
Amenizou a impressão o famoso Portão de Brandemburgo. Construído em 1791 com o propósito de reverenciar a paz, tem sido palco de fatos históricos importantes da nação alemã. Idealizado por Friedrich Wilhelm II, são seis colunas dóricas que dividem o portão em cinco passagens não simétricas, porque retratam hierarquia: pela do meio mais larga passava a família real e os cidadãos só podiam passar pelas passagens mais estreitas das extremidades. Encimado por uma quadriga de cavalos guiados pela deusa romana Vitória, o Portão marcou a divisão entre o leste e o oeste de Berlim, tornando-se hoje o símbolo da reunificação da cidade. Deixamos Berlim após nos deliciarmos com um enorme joelho de porco movido a chopp e sob a alegria e o canto dos comensais numa cervejaria no centro da cidade. Neste campo gastronômico, a cerveja alemã concorre com a belga, mas os alemães são bons na fabricação de salsichas, que se tornaram o tira gosto por excelência. Mas, ainda com aquele sentimento que ficou, resolvi ler Minha Luta, de Hitler, para buscar se possível extrair as raízes e compreender o porquê disso. g
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LITERATURA O POETA SÓ INSPIRA ADMIRAÇÃO Ângela Bezerra de Castro
Qualquer leitor, mesmo o mais afeito à poética de Sérgio de Castro Pinto, consideraria o risco ou o desafio de falar sobre essa Folha Corrida que reúne os poemas escolhidos do autor. Além da simbologia do cinquentenário e da solenidade que se impõe, existe uma fortuna crítica plural e sólida, cuja convergência de pontos de vista é salvo-conduto do poeta, válido em todo o território nacional. Há muito, Sérgio é reconhecido como poeta paraibano e brasileiro pelas melhores e mais respeitadas vozes da crítica jornalística ou universitária, referendadas por depoimentos de poetas incontestáveis. Teses e dissertações foram dedicadas à obra do autor e muitas são as leituras de textos isolados que merecem destaque pela competência analítica e pela argúcia na decifração dos processos característicos da elaboração poética, reveladores da originalidade inventiva de Sérgio. O livro, hoje lançado, inclui três prefácios que acompanharam as publicações precedentes. Em seu conjunto, representam uma síntese dos parâmetros críticos que consagraram os traços fundadores da expressão lírica “onde corre o rio e onde incorre o risco da descoberta de cada um” Neste meio século, a criação literária de Sérgio tornou-se parte de minha experiência existencial. Muitas vezes vivi a alegria de conhecer o novo poema pela emocionada voz do autor, reverberando em todos os tons da revelação que anuncia o milagre. Leitora, admiradora e amiga, não saberia estabelecer uma ordem de prevalência entre esses atributos. Mas não há dúvida de que, sendo de minha paixão o gênero que identifica o autor, é natural que tenha sido a poesia o elo mais forte a nos aproximar. Lembro-me do primeiro texto que
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transformei em matéria para minhas aulas de Português, no segundo grau: duas odes à borracha. Era 1971. E tenho ainda presente o impacto da força imaginária do poeta, interferindo como um desafio para aqueles adolescentes. Tantas foram as redações motivadas pela interpretação do poema, todas procurando descobrir o interior das coisas mais surpreendentes. A poesia provocando os jovens leitores para um novo olhar, para transgredir o visível, “e ir sempre além /do que se pode ir”. A utopia teórica do poeta concretizada na experiência transformadora da educação. Os textos de Sérgio foram uma constante em minha prática pedagógica, especialmente na Universidade. Pela natureza e atualidade da criação e também porque muitos dos seus poemas passaram a integrar a antologia particular de minha preferência. Essa admiração pelos poetas, pela forma única e insuperável de dizer, que se cristaliza na densidade de cada verso, está presente em tudo quanto escrevo. Sendo evidente que a recorrência à citação implica o reconhecimento de que não existe outra formulação substitutiva para a transfiguração que se condensa na “misteriosa condição de poema” de onde emerge e se projeta para os séculos a voz da humanidade. Embora existam versos de Sérgio citados em meu discurso de posse na APL e na recente leitura que fiz do memorial e das crônicas de Hildeberto, quero deter-me, particularmente, na apresentação escrita para o EU (Fac-símile da edição de 1912) publicado em memória do centenário da morte de Augusto dos Anjos pela Biblioteca Mário de Andrade e Edições Narval. Inserido em meu texto por uma ordem natural de prioridade, se impõe o encantamento do poema de Sérgio, a lua de augusto, ainda mais se comparado a uma longa explicação histórica, teórica e crítica sobre a superação do parnasianismo registrada na concepção poética do gênio paraibano
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e a consequente antecipação de postulados modernos que ainda viriam a ser anunciados uma década depois. Participar dessa edição histórica do EU significou um dos resultados mais compensadores de minha atividade crítica. Considero mesmo um presente do Destino, assinalando-me para que se solidificasse um vínculo tangível entre o livro mais que centenário e o poema “contundente” de Sérgio: “lâmina”, “gume”, “sabre”, conforme se traduz em seu ideal estético, “e se quiserem esterco, estrume que aduba a memória.” Precedido pela estrofe de Tristeza de um quarto minguante, onde “A lua magra” é comparada a um “paralelepípedo quebrado”, a lua de augusto se ergue crescente, no apelo a elementos contidos na epígrafe, mas que se vão revestindo de outra conotação, até que a releitura lírica alcance o absoluto da desconstrução crítica. Desde o título, a lua e suas fases extrapolam o referencial para instaurar no estrato simbólico a semântica da criação literária. De modo que nova e cheia de modernidade é a lira de Augusto dos Anjos, na preamar de sua linguagem arrebentadora e arrebatadora. Aqui exemplificada pelo imprevisível da comparação, cujo vigor se reitera na sugestão visual, auditiva e conceitual. O poema de Sérgio se desenvolve, inicialmente, em três dísticos, todos estruturados pela afirmação categórica da metáfora predicativa. Neles predominam os versos de seis sílabas, sendo o último abreviado para que nele se instaure o ritmo da intrepidez iconoclasta. É no terceiro dístico que se redimensiona a inusitada imagem do “paralelepípedo quebrado” e, então, transfigurada pelo aprimoramento de que resulta a estilização,
“a lua de augusto é uma pedrada” O autor é exímio nesse procedimento retórico que considero suporte para muitas de suas características de estilo reconhecidas pela crítica. No caso específico da criação em análise, é quase mágico, é mesmo extraordinário o efeito obtido pelo uso da palavra transitiva, posta como núcleo predicativo da representação metafórica. Apura-se o epílogo do poema pela superposição da exigência sintática com o recurso poético do “enjambement”. E surge, como o nome, o complemento, o transbordamento estrambótico, aquele antes elevado a príncipe dos poetas brasileiros, cuja identidade chegava a se confundir com a métrica de sua predileção. Destacado das três pequenas estrofes, para maior rendimento expressivo, projeta-se o último verso, expandindo-se no longo encadeamento de sílabas e sons a que se reduz o alexandrino, desfigurado pela ironia. O nome completo, na exorbitância de sua extensão, perde o referencial das alturas parnasianas e subjaz à força impactante que impulsiona o deslocamento da pedra, sinalizando o esmagamento das impropriedades repetidas pela história, pela crítica e até pelo folclore literário, quando comparados Augusto e Bilac. Na sequência desta leitura, enfatizei a coerência entre a realização do poema ana-
lisado e o que chamei de ideal estético do poeta. Ou seja, os pressupostos que se afirmam sempre que o autor elege como tema a linguagem, o poema, ou o próprio processo de escrever. Existe uma tradição neste procedimento, de modo que certos poemas passam a representar verdadeiros manifestos, repetidos como princípios de uma tendência que se instaura. Não se pode medir exatamente a repercussão de versos como: “A vida só é possível reinventada” ou “Não quero mais saber do lirismo que não é libertação” ou, ainda, “Penetra surdamente no reino das palavras. Mas reconhecemos que eles representam linhas de força na poética do século XX. Nessa Folha Corrida também se incluem textos enriquecidos pela reflexão metalinguística. Neles, o poeta coloca de modo mais incisivo a aguda consciência do ofício de escrever, enunciando princípios que se concretizam e podem ser conferidos em suas publicações pela interação entre o dizer e o fazer. Chama a atenção o amadurecimento dessa temática, desde o primeiro texto, publicado em 1970, com o título de poema. Nele, Sérgio se alonga mais do que é comum na maioria de suas criações e fixa princípios dos quais não se afasta até hoje
“e por isto provoca e rasga cortes na superfície lisa de cada um”. Firma-se um credo poético, uma profissão de fé, quando o autor emite conceitos originais sobre os elementos característicos de sua atividade: a palavra, o poema, o poeta, o escrever. Sérgio também inclui o lápis e o papel, no tratamento peculiar que reserva aos objetos, reinventados pela figuração inaugural de suas metáforas. “o lápis é um caniço pensante na maré vazante da linguagem.” Na elaboração do poema lapidar, é a sutileza de utilizar o verbo partir, em sua forma pronominal, que permite ao poeta converter o papel em pedra e acumular o título de significações. Apenas cinco versos que parecem imantados em sua coesão. E o mínimo de palavras para o fecho breve, intensificado pela elipse cortante: “a folha é lousa. poemas, epitáfios.”
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Não utilizando as formas fixas, Sérgio cria, para cada poema, arquiteturas que se integram ao conteúdo e à expressão. Quando equipara o escrever/não escrever ao dilema existencial ser ou não ser, ele trabalha com a premissa dupla, o raciocínio insolúvel, do qual toda saída leva ao sofrimento, à mortificação: um suicídio branco ou um suicídio em branco; um consumir-se ou um consumar-se. Detendo-se na proposição maior, o leitor descobrirá que escrever é a saída para o dilema. Escrever é ser. Ser não apenas da palavra mas sobretudo do símbolo. Assim chegamos às alternativas finais do dilema: com ou sem metáforas, eis a questão. Portanto, é imperativo “consumir-se/no fogo brando das palavras”, nessa alquimia geradora da alegoria poética. Na representação do confronto poeta x poema, também se impõe a rendição à palavra, com o poeta submetido a nova provação: “às vezes, fera presa e acuada entre as grades do poema-jaula doma-o o chicote das palavras”.
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É esse estado de coisas que o poeta recusa, em sua negação enfática. “pound, eu não sou nenhuma antena.” E, quando se define, é para acentuar ainda mais a diferença entre as duas realidades: a do poeta e a representada pela antena, mesmo que ambas existam em função da imagem. A confissão lírica, em sua natureza de antítese, acumula símbolos para subverter a nitidez captada pelo engenho tecnológico: “eu sou a pane e a interferência dos meus fantasmas
O texto com que encerro a leitura desta sequencia de conceitos que corporificam os princípios poéticos do autor é o recado a pound. Mensagem aparentemente direta e clara, como se espera de
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um recado. Mas o contraste entre o que se nega e o que se afirma traz para o poema a tensão do universo globalizado império da imagem em tempo real, com os consequentes desdobramentos da dominação ideológica, veiculada na sedução da cor, do brilho e da perfeição ilusória. Tudo sustentado pelo poder da antena em seu alcance ilimitado.
no tubo de imagens dos poemas.” Essa aguçada consciência da construção poética confere um seguro desenvolvimento ao processo criativo de Sérgio,
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sempre marcado por uma forte coerência interna e por um nível de qualidade sem oscilações. A originalidade acompanha todas as suas fases. Há sempre um novo olhar capaz de enxergar o inimaginável, de equiparar as realidades mais distintas. Não tenho dúvida em afirmar que a metáfora predicativa é o instrumento mais eficaz do seu estilo. Ela interfere, definitivamente nas características mais marcantes desta poesia de obstinada elaboração. No absoluto poder de síntese, na capacidade de extrair do mínimo o máximo de significação e abrangência. No processo estrutural que faz desabrochar o poema para explodir em substantiva conclusão. Não é por acaso que Sérgio é profeta em sua terra. Construiu um lugar de destaque na cena cultural, desde jovem, e cada vez mais se faz marcante a influência que exerce na poesia aqui produzida. O texto de Sérgio é intertexto para outros poetas que dialogam com seus temas e com suas concepções estéticas inovadoras. Lembro aqui o querido Lúcio Lins com o título As lãs da insônia. E poderia multiplicar os exemplos para dizer que a liderança do poeta-professor tem sinal positivo. È a divisão que soma, que acrescenta e faz diferença de qualidade, no ambiente cultural contemporâneo. g
DIVAGAÇÃO AMOR
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ALZHEIMER
Felizardo de Moura Jansen
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, o mal que leva o nome de seu descobridor, Alois Alzheimer, “é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Suas vítimas são pessoas idosas, e por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como esclerose ou caduquice”. O Alzheimer apresenta-se pela perda de funções cognitivas, tais como a falta de memória, de orientação, de atenção e da mais cruel dessas deficiências, a “limitação da linguagem” pela morte das células cerebrais. Uma doença que na realidade tem sido muito dolorosa para todos que têm acompanhado essa guerra incessante e, sobretudo, desgastante. Um drama que, quase diaria-
mente, este articulista e seus familiares mais próximos têm vivido, mas, sobremodo, a Sra. Fátima de Lucena Jansen que, em verdade, tem sido esposa abnegada e querida, que, numa guerra incansável, não sai do lado de seu esposo, seja aonde for... Sim! Temos visto que, por amor, Fátima, diariamente, se doa ao nosso genitor, o Desembargador Orlando Jansen. De modo sinóptico, sinto que podemos dizer, agora, sobre esse seu cruel padecer, que é em cima de uma cama ou, às vezes, em uma cadeira de rodas, nos últimos quatro anos de luta diária e constante do meu forte pai da terra, que, graças ao Pai do Céu, marcha para os 93 anos de existência, pois “Eu creio”. E o que é o amor? Já proclamou Luiz Vaz de Camões, para gravarmos no bron-
ze: “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que doi e não se sente”. Continua: “É um bem querer mais que bem querer, é um andar solitário entre a gente; é um nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha sem se perder”. Enfim, o Amor são todas essas vibrantes e eloquentes sensações que, encantadoramente, são expostas em versos e rimas pelo nº 1 dos poetas portugueses. Daí, embasado no épico lusitanto sobre o amor e, particularmente, no drama que vive o meu genitor Orlando Jansen, com o Alzheimer, resolvemos escrever de modo especial, para quem no Amor crer: Amor é dar-se sem querer nada em troca, a não ser o prazer de sentir e se entregar, a quem fez por merecer...! g
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CRÍTICA LITERÁRIA CARLOS ALBERTO JALES E A PALAVRA SUBMERSA Bartyra Soares Mesmo livre de cânones restritivos, de movimentos ou de escolas literárias, a poesia de Carlos Alberto Jales não ignora que um estilo poético apurado não dispensa certas palavras incomuns. Afinal, a poesia constitui um fundamental retrato de épocas específicas no processo de revelação dos valores estéticos da humanidade. A poesia contribui para romper paradigmas convencionais de uma época e faz com que as pessoas vejam o mundo de uma maneira renovada, no qual se insiram novas formas de ser. Portanto, ela pode oferecer uma consciência ampla dos mais escondidos sentimentos, que formam o substrato do ser humano, ao qual raramente ele tem acesso, por ser sua vida uma contínua evasão do mundo visível e sensível. Por isso, não se deve afrouxar os laços do alerta para que não se caia na vulgaridade. A experiência da palavra, que encontra a sua síntese mais elevada na poesia, é sentimento e emoção, tanto para o autor como para quem se dispõe a lê-la. É uma experiência própria, individual, singular. Consciente dessas verdades, não é exagero advertir que a poesia de Carlos Alberto Jales, salvo raras exceções, não entrega com facilidade seu universo poético ao leitor. São pouquíssimos os poemas que basta um olhar de quem os lê para de imediato descobrir o conceito, a mensagem e o sentido transmitidos. Quanto aos demais poemas,
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embora exijam uma leitura mais atenta, ninguém deixa de logo perceber a beleza, a qualidade literária, a profundidade e o alto teor estilístico. Não há como encontrar na sua poesia uma marca registrada no que diz respeito ao foco temático de seu fazer poético, apesar do lirismo e ritmo melódico. É com a mesma facilidade que ele transita por aspectos filosóficos, sociais, existenciais e metafísicos. Entretanto, várias e várias vezes, inclusive em dois títulos - “AS Noites Sonâmbulas” e “Nesta Noite” -, imagens noturnas povoem seus versos. Ao passo que, poucas vezes, o leitor se depare com tardes e apenas duas vezes encontre a luminescência de uma manhã de sol na sua plenitude. Exceção aberta para a neta Júlia: “E chegaste escoltada pelo sol...” E outra exceção para o poema “Pedalando pelo Tempo”: “...andrajos do tempo, mas assim mesmo cantando para o sol...” Ressalte-se que este poeta natalense de pés fincados na Paraíba há mais de quarenta anos, é, sem dúvida, um poeta dos mistérios das vivências humanas, um intérprete da vida e da morte, da solidão e da angústia, da infância, do tempo presente e do que virá. Enfim, um “espelho” a refletir a realidade dos episódios da natureza, das manifestações do homem na essencialidade de seus sonhos e descrenças. Sonhos e descrenças desgarradas do banal, do óbvio, do silêncio
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que nada tem a revelar, tão diferente do silencioso percurso dos versos que se encontram em “Palavra Submersa” - seu quarto livro recentemente publicado, entregando ao leitor sessenta e cinco poemas de alto nível. Isso acontece em decorrência de que o autor deste “Palavra Submersa” trabalha com mestria o emprego das figuras de linguagem, símbolos e signos - vigas mestras de uma poesia que se preza, se renova, cresce e evolui a cada livro forjado com maturidade e competência. Para isso, o autor maneja com desenvoltura tanto os aspectos conotativos como os denotativos. A justaposição dos dois sentidos - literal e transcendental - garantem um melhor efeito poético de sua força criativa. Outra característica de sua poesia encontra-se nas repetições intencionais do mesmo verso no início de cada estrofe. adquiram-se como exemplo, entre outros: “As flautas...” (As flautas), “As tardes indigentes...” (As tardes indigentes), “Vem...” (Convite) e “Eu te perdoo...” (Poema ao desconhecido). Uma outra característica do autor é recorrer ao emprego das antinomias como em “Certeza”: “Eu sei que a palavra tem a leveza / de uma pluma,a densidade do ferro...” Ante tantos recursos, não há como o leitor não perceber que este novo livro será capaz de levá-lo para as mais inesperadas e reveladoras constatações da beleza que lhe oferta a poesia de Carlos Alberto Jales. g
ÍNDICE REMISSIVO DE MATÉRIAS Nºs 1 a 28 (2013 a 2017): 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, EEPMG, maio/2014, EEAA, novembro/2014, EEEP, maio/2015, EEJLR, novembro/2015(*)
CARLOS DRUMOND DE ANDRADE Melancolia e ironia em Carlos Drumond de Andrade – Chico Viana, nº, 2013.
Matéria, título, autor, nº e ano da edição de GENIUS.
CATOLÉ DO ROCHA Catolé do Rocha dos anos 40 - Raimundo Nonato Batista, nº 3, 2013.
ABELARDO JUREMA O Centenário de nascimento de Abelardo Jurema – Equipe GENIUS, nº 5, 2014 Abelardo Jurema, meu pai – Abelardo Jurema Filho, nº 5, 2014 Abelardo Jurema e a federalização da Universidade da Paraíba – Cláudio José Lopes Rodrigues, nº 5, 2014 ACADEMIAS Academia Paraibana de Letras Jurídicas em festa – Equipe GENIUS, Nº 26, 2017 Dois jovens juristas – Flávio Sátiro Fernandes [Saudação a Francisco Seráfico da Nóbrega Coutinho e Renata Mangueira], nº 26, 2017 Posse da nova diretoria da APCA – Equipe GENIUS, nº 27, 2017 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Cerimonial e protocolo no Estado pós-moderno – Itapuan Botto Targino, nº 3, 2013. ADYLLA ROCHA RABELLO Aos 83 anos morre a professora e escritora paraibana Adylla Rocha Rabello – Equipe GENIUS, nº 11, 2015 Tempo de gratidão – Gerardo Rabello, nº 11, 2015 Eu, minha mãe e os planos de Deus – Roberto Rabello, nº 11, 2015 A lição de Adylla – Gonzaga Rodrigues, nº 11, 2015 Uma mulher forte – Damião Ramos Cavalcante, nº 11, 2015 Exemplo de mulher - Abelardo Jurema Filho, nº 11, 2015 Minha professora favorita - Neno Rabello, nº 11, 2015 Lembranças à beira-mar – Martinho Moreira Franco, nº 11, 2015 Adylla, sem mais nada – Flávio Sátiro Fernandes, nº 12, 2015 A responsabilidade em suceder Adylla – Ruy de Vasconcelos Leitão, nº 16, 2016 ÁGUA Reflexões sobre os recursos hídricos particularmente do Estado da Paraíba – Joaquim Osterne Carneiro, nº 25, 2017 ALOÍSIO FERNANDES BONAVIDES Jornalista paraibano morre em Brasília, aos 92 anos de idade – Equipe GENIUS, nº 11, 2015 ALTIMAR PIMENTEL Altimar, um garimpeiro de estórias populares – Oswaldo Meira Trigueiro, nº 6, 2014 AMARO DE LYRA E CÉSAR De Lyra e César, um poeta universal nos sertões da Paraíba – Ana Maria César, nº 6, 2014 ANNIBAL BONAVIDES Memórias de meus tempos no O POVO – Anníbal Bonavides, nº 8, 2014 Um jornalista intemerato e intimorato – Equipe GENIUS, Nº 8, 2014 ANTÔNIO CÂNDIDO Encontros com Antônio Cândido: Depoimento e metacrítica – Neide Medeiros Santos, nº 27, 2017 ANTROPOLOGIA Engels & Morgan: Uma leitura antropológica de A Origem da Família – Carlos Alberto Azevedo, nº 11, 2015 ARIANO SUASSUNA Tessituras – Elizabeth Marinheiro, nº 12, 2015 Ariano – O cavaleiro da Pedra do Reino, nº 25, 2017 Eu me chamo Ariano – Juca Pontes, nº 27, 2017 ARQUITETURA Mário Glauco Di Láscio – Um ícone de nossa arquitetura (Entrevista) – Flávio Sátiro Fernandes, nº 2, 2013 ARTES PLÁSTICAS Arte e cultura na obra de Miguel Guilherme – Walter Galvão, nº 9, 2015 ASCENDINO LEITE Ascendino Leite e a magia estética das coisas feitas – José Mário da Silva Branco, nº 13, 2016 AUGUSTO DOS ANJOS Augusto dos Anjos e a Escola do Recife – Flávio Sátiro Fernandes, nº 4, 2013 A cena edipiana em “A árvore da serra” – Chico Viana, nº 13, 2016 Excesso e falta em Augusto dos Anjos – Chico Viana, EEAA, novembro/2014 Augusto dos Anjos, o gênio lírico – Ernani Sátyro, EEAA, novembro/2014 Escritas da violência no EU, de Augusto dos Anjos – Maria Olívia Garcia R. Arruda, EEAA, novembro/2014 Augusto dos Anjos e a Escola do Recife – Flávio Sátiro Fernandes, EEAA, novembro/2014 O otimismo na poesia de Augusto dos Anjos – Verucci Domingos de Almeida, EEAA, novembro/2014 Augusto dos Anjos e o Nonevar – Chico Viana, EEAA, novembro/2014 Augusto dos Anjos, o cronista – Linaldo Guedes, EEAA, novembro/2014 Monólogo de uma sombra – Augusto dos Anjos, EEAA, novembro/2014 Alguns sonetos de Augusto – Augusto dos Anjos, EEAA, novembro/2014 Mais de um século depois, alguém tinha de identificar “Parfeno”, aquele que “arrancou os olhos” de Dioniso – Evandro da Nóbrega, EEAA, novembro/2014 Augusto dos Anjos e a hipótese de reencarnação – Chico Viana, nº 24, 2017 BIBLIOFILIA Amor aos livros – Francisco Gil Messias, nº 2, 2013 Escrever textos, editar livros, fazer história: a Coleção Documentos Brasileiros e as transformações da historiografia nacional (1936-1960 – Fábio Franzini, nº 7, 2014 Biblioteca Pública Estadual da Paraíba, um retrato – Tiago Eloy Zaidan, nº 13, 2016
CATOLICISMO Sertanejo das Espinharas é nomeado Bispo de Garanhuns – Equipe Genius, nº 10, 2015 CHICO PEREIRA JR. Arte e militância cultural em Chico Pereira Junior – José Octávio de Arruda Melo, nº 21, 2016 CIÊNCIA Einstein e o início de uma nova era: a astronomia das ondas gravitacionais – Evandro da Nóbrega, nº 14, 2016 Vida além da terra – Ailton Elisiário, nº 25, 2017 CIÊNCIA POLÍTICA Conferência em Buenos Aires – Paulo Bonavides, Nº 1, 2013 Religião e Estado na Constituição de Cádiz e em algumas outras que receberam sua influência – Flávio Sátiro Fernandes, nº 2, 2013 Liberdade de Imprensa, uma salvaguarda da Constituição – Paulo Bonavides, nº 4, 2013 Os três universos da liberdade na evolução do Estado – Paulo Bonavides, nº 5, 2014 Los Comentarios a La constitución de Carlos Maximiliano Pereira dos Santos y la repercusión de la cultura jurídica argentina em el Brasil durante la primera mitad del siglo XX - Ezequiel Abásolo, nº 8, 2014 A política paraibana na visão de um cientista político francês – Renato César Carneiro, nº 9, 2015 Discurso de agradecimento – Paulo Bonavides, nº 9, 2015 Discurso de agradecimento – Paulo Bonavides, nº 10 (Reproduzido por incorreções) Oração aos Bachareis do Oeste potiguar – Paulo Bonavides, nº 12, 2015 O Estado Social e a crise do presidencialismo no Brasil – Paulo Bonavides, nº 16, 2016 CINEMA FFFFPB e outros festivais – Wills Leal, nº 2, 2013 Para onde vai o Oriente Médio? – Andrès von Dessauer, nº 7, 2014 Duas vezes Oscar – Andrès von Dessauer. nº 8, 2014 Para comer com os olhos – Andrès von Dessauer, nº 9, 2015 A religião no cinema - Andrès von Dessauer, nº 10, 2015 A comparação a serviço da análise cinematográfica – Andrès von Dessauer, nº 11, 2015 Ego e alter ego nas telas – Andrès von Dessauer, nº 12, 2015 Duas versões da guerra civil espanhola – Andrès von Dessauer, nº 13, 2016 Uma visão dos “Road movies” - Andrès von Dessauer, nº 14, 2016 Dois filmes e um só destino: a música – Andrès von Dessauer, nº 16, 2016 Varilux em três tempos – Andrès von Dessauer, nº 15, 2016 A produção cinematográfica argentina – Andrès von Dessauer, nº 22, 2016 O medo nas telas – Andrès von Dessauer, nº 24, 2017 Jack Nicholson – a loucura como estigma de sucesso - Andrès von Dessauer, nº 25, 2017 A imortalidade dos Western - Andrès von Dessauer, nº 26, 2017 O efeito surpresa na sétima arte – Andrès von Dessauer, nº 27, 2017 COMUNICAÇÃO O jeito como o brasileiro vê TV, esteja onde estiver – Osvaldo Meira Trigueiro, nº 10, 2015 Do zabumba ao paredão (No tempo das redes sociais – Chico Pereira, nº 16, 2016 CONTOS Paixão de Alan Heart - Conto de Mercedes Cavalcanti, nº 4, 2013. Crianças – Conto de Vicente de Carvalho, nº 16, 2016 O profeta seráfico do boi – Conto de José Leite Guerra, nº 6, 2014 O reencontro – Depois da travessia – conto de Everaldo Dantas da Nóbrega, nº 13, 2016 O touro negro – Conto de Aluísio Azevedo, nº 13, 2016 O suave milagre – Conto de Eça de Queiroz, nº 14 Paixão – Conto de Mercedes Pepita Cavalcanti, nº 25, 2017 O jornalista – Conto de Lima Barreto, nº 26, 2017 As entranhas de Sua Majestade – Cláudio José Lopes Rodrigues, nº 27, 2017 CRÔNICA Tudo passa... – Coriolano de Medeiros, nº 27, 2017 DARIO DUTRA SÁTIRO FERNANDES Advogado da União é premiado pela AGU – Equipe GENIUS, nº 4, 2013. DESTAQUES DA BIBLIOGRAFIA PARAIBANA Pela Verdade – Flávio Sátiro Fernandes, nº 7, 2014 Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba – Flávio Sátiro Fernandes, nº 7, 2014 A Paraíba e seus problemas – Flávio Sátiro Fernandes, nº 8, 2014 Apontamentos para a história territorial da Paraíba, de João Lyra Tavares, Flávio Sátiro Fernandes, nº 9, 2015 História da Paraíba, de Horácio de Almeida - Flávio Sátiro Fernandes, nº 10, 2015 João Pessoa e a revolução de 30, de Ademar Vidal – Flávio Sátiro Fernandes, nº 11, 2015 Diálogo das grandezas do Brasil – Flávio Sátiro Fernandes, nº 6, 2014 DIREITO O direito na literatura e na filosofia – Marcos Cavalcanti de Albuquerque, nº 1, 2013 História Constitucional dos Estados Brasileiros – Equipe GENIUS, nº 7, 201 Dois marcos na história constitucional dos Municípios brasileiros – Flávio Sátiro Fernandes, nº 25, 2017 O futuro do direito e o direito do futuro – Gustavo Rabay Guerra, nº 27, 2017 DIREITOS HUMANOS A importância dos contos de fadas para a educação em direitos humanos: a contribuição de Oscar Wilde – Giovana Meira Polarini, nº 7, 2014 DIVAGAÇÕES Os alemães e a comunidade – Carlos Alberto Jales, nº 25, 2017
BIBLIOTECONOMIA Os desafios dos usuários de bibliotecas – Tiago Eloy Zaidan, nº 11, 2015
DORGIVAL TERCEIRO NETO Adeus a Dorgival – Equipe GENIUS, nº 2, 2013 O Dorgival que eu conheci – Severino Ramalho Leite, nº 4, 2013.
BIVAR OLYNTHO DE MELO E SILVA O centenário de um líder – Equipe GENIUS, nº 3, 2013 Bivar Olyntho, meu pai – Moema de Melo e Silva Soares, nº 3, 2013.
ECONOMIA DO NORDESTE A importância pretérita do algodão para o Nordeste brasileiro – José Romero Cardoso/Marcela Ferreira Lopes, nº 11, 2015
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EDUCAÇÃO Educar é preciso – Neroaldo Pontes de Azevedo, Nº 2, 2013 Violência na escola: Grande desafio na “pós modernidade” - Marinalva Freire da Silva, nº 9, 2015 Educação na sociedade moderna – José Loureiro Lopes, nº 16, 2016 ELIZABETH MARINHEIRO As tessituras de Elizabeth Marinheiro – Milton Marques Junior, nº 4, 2013. ELPÍDIO DE ALMEIDA Aspectos relacionados com a presença de Elpídio de Almeida no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – Joaquim Osterne Carneiro, nº 11, 2015 Justificativa para reeditar História de Campina Grande, de Elpídio de Almeida – Josemir Camilo de Melo, nº 11, 2015 Elpídio de Almeida: Uma reserva moral – Astênio César Fernandes, nº 8, 2014 EMÍLIO DE FARIAS Emílio de Farias, a ave canora das liberdades - Carlos Pessoa de Aquino, nº 5, 2014 EPITÁCIO PESSOA Epitácio Pessoa na Corte Permanente de Justiça Internacional – Flávio Sátiro Fernandes, nº 3, 2013. Epitácio Pessoa – Paulo Bonavides – EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa e a história do Direito Internacional – Margarida Cantarelli – EEEP, maio/2015 O paraibaníssimo Epitácio Pessoa – Alcides Carneiro – EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa no Supremo Tribunal – Oswaldo Trigueiro de A. Melo - EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa – Eraldo Gueiros - EEEP, maio/2015 Pela Verdade, um brado de revolta – Ernani Sátyro - EEEP, maio/2015 Um homem que ultrapassava sua época – Raul de Goes - EEEP, maio/2015 Um defensor permanente da ordem jurídica – Hamilton Nogueira - EEEP, maio/2015 Epitácio como “construtor do mundo moderno” – Evandro da Nóbrega - EEEP, maio/2015 Baú de recordações: A propósito de quatro cartas de um telegrama nos 150 anos de Epitácio Pessoa – Marcílio Toscano Franca Filho - EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa e as ações de combate aos efeitos da seca – Joaquim O. Carneiro - EEEP, maio/2015 Epitácio e Ruy - Virgínius da Gama e Melo - EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa – O homem e o direito – Everardo Luna - EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa: Força e sentimento – José Américo de Almeida - EEEP, maio/2015 Epitácio Pessoa na intimidade – Neide Medeiros Santos - EEEP, maio/2015 A publicação da coleção “Obras Completas de Epitácio Pessoa” pela Imprensa Nacional – Matheus Medeiros Lacerda – EEEP, maio/2015 Epitácio, antes de tudo um ético – Damião Ramos Cavalcante, nº 11, 2015 Marinheiros do Brasil: A relíquia que levais é digna de vossa glória - Ernani Sátyro, nº 11, 2015 EPITÁCIO SOARES Epitácio Soares: A simplicidade e a glória em um centenário – Flávio Sátiro Fernandes, nº 10, 2015 Mestre Epitácio Soares – José Mário da Silva Branco, nº 11, 2015 ERNANI SÁTYRO A cassação dos parlamentares comunistas – Flávio Sátiro Fernandes, nº 16, 2016 Ernani Sátyro e o Direito Eleitoral Brasileiro – Renato César Carneiro, nº 6, 2014 Ernani Sátyro: sua obra literária – Luiz Augusto da Franca Crispim, nº 13, 2016 Carregando pedras – Flávio Sátiro Fernandes, nº 14, 2016 Rumo à capital paraibana – Flávio Sátiro Fernandes, nº 21, 2016 Ernani Sátyro: Um Governo em face da história (1971/1975) – José Octávio de Arruda Melo, nº 26, 2017 EVENTOS LITERÁRIOS Concorrido evento assinalou lançamento do livro Barragens de Curema e Mãe Dágua – Nos bastidores da construção – Equipe GENIUS, Nº 4, 2013. Lançado no Centro Cultural Ariano Suassuna o livro Fauna Ilustrada da Fazenda Tamanduá – Equipe GENIUS, nº 16, 2016 Juscelino redivivo – Flávio Sátiro Fernandes, nº 6, 2014 FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE Turma do apagão comemora cinquenta anos – Equipe GENIUS, Nº 8, 2014 Um Bacharel de 64 – Equipe GENIUS, nº 8, 2014 FEMINICÍDIO O feminicídio nas fronteiras da América Latina: um consenso? – Aline Passos, nº 21, 2016 FERNANDO GOMES DOS SANTOS (Dom) Dom Fernando Gomes dos Santos: Pastor et Magister – Flávio Sátiro Fernandes, nº 8, 2014 FESTAS POPULARES As festas tradicionais e os diferentes processos de atualização – Oswaldo Meira Trigueiro, nº 25, 2017 FICÇÃO Dona Chiquinha, Walt Disney e Jesus Cristo descendo na Avenida Dom Vital – Cláudio José Lopes Rodrigues, nº 6, 2014 Casada e viúva - Conto de Machado de Assis, nº 9, 2015 O mate do João Cardoso – Conto de Simões Lopes Neto, nº 11, 2015 Assombramento – Afonso Arinos, nº 12, 2015 FILOSOFIA Concepção de homem: Aproximações conceituais entre Paulo Freire e Edgar Morin – Glória das Neves Dutra Escarião, nº 2, 2013 Baudelaire e a correspondência das artes – Álvaro Cardoso Gomes, nº 5, 2014 O direito natural de Tomás de Aquino como categoria jurídico-metodológica contemporânea – Cláudio Pedrosa Nunes, nº 7, 2014 Kant e o Idealismo alemão – Flamarion Tavares Leite, nº 8, 2014 Joaquim Nabuco, Epicteto e a abolição da escravatura – Aldo Lopes Dinucci, nº 9, 2015 Fragmentos impressionistas – Carlos Alberto Jales, nº 12, 2015 FLÁVIO TAVARES Flávio Tavares: Um pintor que alcançou a imortalidade - Equipe GENIUS, nº 3, 2013. Flávio Tavares: ontem, hoje e sempre, o admirável artista – Eudes Rocha, º 3, 2013. FOLCLORE As feiras livres na Paraíba: Espaços de consumo modernos e tradicionais - Oswaldo Meira Trigueiro, nº 2, 2013 Nos baús da memória – Firmino Ayres Leite, nº 4, 2013. A viagem na literatura de cordel: Um diálogo entre um folheto de Manuel Camilo dos Santos e outro de Maria Godelivie – Verucci Domingos de Almeida, nº 5, 2014
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As festas populares da Idade Média à Idade da Mídia – Oswaldo Meira Trigueiro, nº 5, 2014 Festa dos Tabuleiros em Tomar (Portugal): uma celebração ao Divino Espírito Santo – Oswaldo Meira Trigueiro, nº 7, 2014 40º Encontro Cultural de Laranjeiras e o pulsar da Cultura – Osvaldo Meira Trigueiro, nº 9, 2015 Vivendo e aprendendo nos carnavais com Roberto Benjamim – Oswaldo Meira Trigueiro, nº 13, 2016 O folclore, de Rodrigues de Carvalho a Ademar Vidal - José Octávio de Arruda Mello, nº 25, 2017 FRANCISCO CARVALHO A morte de um poeta “exilado” – Carlos Alberto Jales, nº 2, 2013 FREI DAMIÃO Frei Damião, o Missionário – Joaquim de Assis Ferreira (Con.), nº 6, 2014 FUTEBOL Um jogo de futebol inesquecível – Carlos Alberto Jales, nº 16, 2016 GENEALOGIA Breve relato a respeito da origem e formação da família Carneiro do sertão da Paraíba – Joaquim Osterne Carneiro, nº 7, 2014 GENIUS Intelectuais se confraternizam no lançamento de GENIUS – Equipe GENIUS, nº 2, 2013 Em defesa do jornalismo cultural de qualidade – Igor Waltz, nº 5, 2014 O ponto de equilíbrio – Alessandra Torres, nº 9, 2015 Genius é exaltada na Câmara dos Deputados – Deputada Nilda Gondim, nº 10, 2015 “GENIUS”: escrevendo com arte – Mário Tourinho”, nº 13, 2016 Presidente Epitácio Pessoa: passeio do jurista em Boa /Viagem – Lucas Santos Jatobá, nº 14, 2016 GILBERTO FREYRE Oito vezes Gilberto – Carlos Alberto Azevedo, nº 4, 2013. GRAMÁTICA PORTUGUESA Problemas de coesão em redações de vestibulandos – Chico Viana, nº 22, 2016 GUIMARÃES DUQUE Guimarães Duque: um estudioso do semiárido nordestino – Joaquim Osterne Carneiro, nº 2, 2013 GUIOMAR NOVAES Guiomar Novaes (1894-1979) – Camila Frésca, nº 5, 2014 HERÁLDICA Espalha-se pelo Brasil e pelo mundo erro crasso na divisa latina do Brasão d´Armas de Cajazeiras – Evandro da Nóbrega, nº 6, 2014 HISTÓRIA DA PARAÍBA Herckmans é muito estudado ainda hoje mundo afora – mas não só por haver governado a Paraíba holandesa – Evandro da Nóbega, nº 2, 2013 A construção da ferrovia Patos-Campina Grande: o cotidiano dos cassacos- Josinaldo Gomes da Silva, nº 5, 2014 Repitam comigo: “Barlaeus nunca esteve no Brasil” “Barlaeus jamais visitou o Brasil holandês”- Evandro da Nóbrega, nº 11, 2015 A importância do complexo Curema-Mãe D´água: Considerações históricas e sócio-econômicas – Emmanoel Rocha Carvalho, nº 12, 2015 A Guarda Nacional e o coronelismo – Ramalho Leite, nº 13, 2016 A morte de João Suassuna – Rostand Medeiros, nº 12, 2015 Uma bibliografia para a Coluna Prestes – José Octávio de Arruda Melo, nº 2, 2013 O Livro de Tombo do Padre Zé Diniz – Ramalho Leite, nº 16, 2016 A Inquisição na Paraíba no final do Século XVI e sua recrudescência no Século XVIII – Guilherme da Silveira D´Ávila Lins, nº 8, 2014 HISTÓRIA DO BRASIL Dom Pedro II e João Goulart – Humberto Mello, nº 16, 2016 1930: Estado e sociedade – uma polêmica historiográfica – Martha Mª Falcão de Carvalho e M. Santana, nº 22, 2016 O Bacharel luso-brasileiro no Brasil colonial – Maria José Teixeira Lopes Gomes, nº 8, 2014 O Brasil continua Bateau Mouche – Francisco Gil Messias, nº 14, 2016 HISTORIOGRAFIA Um livro na matriz da historiografia brasileira – José Octávio de Arruda Mello, nº 1, 2013 A presença dos franciscanos na Paraíba através do Convento de Santo Antônio – Aldo di Cillo Pagotto (D.), nº 22, 2014 Uma reedição para nova visão da revolução de trinta – José Octávio de Arruda e Mello, nº 6, 2014 HOMENAGEM Editora Fórum homenageia o Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes – Equipe GENIUS, nº 2, 2013 Jurista brasileiro é homenageado em Portugal – Equipe GENIUS, nº 2, 2013 . HORÁCIO DE ALMEIDA Lembrando Horácio de Almeida – Lourdinha Luna, nº 13, 2016 IBIAPINA (Pe.) Ibiapina, o político – Ronald de Queiroz Fernandes, nº 21, 2016 IDEOLOGIA DE GÊNERO Papa Francisco diz que a doutrinação das crianças com a ideologia de gênero é uma maldade, além de representar ma colonização ideológica – Equipe GENIUS, nº 21, 2016 IGNEZ MARIZ Duas valorosas mulheres – Renato César Carneiro, nº 3, 2013 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PARAIBANO Evocações que me são gratas – Deusdedit de Vasconcelos Leitão, nº 24, 2017 IRINEU FERREIRA PINTO Irineu Ferreira Pinto – Vida e obra – Berilo Ramos Borba, nº 3, 2013. JOACIL DE BRITO PEREIRA Joacil de Brito Pereira, um esgrimista do direito - Flávio Sátiro Fernandes. Nº 1, 2013 JOÃO AGRIPINO FILHO Centenário de nascimento de João Agripino Filho – Equipe GENIUS, nº 5, 2014 Perfil de uma administração – Juarez Farias, nº 5, 2014
JOÃO CABRAL DE MELO NETO Um precursor de vanguardas – José Américo de Almeida, nº 15, 2016 JOHN STEINBECK As agruras do homem do campo nos Estados Unidos pós-1929 – Tiago Eloy Zaidan, nº 21, 2016 JORNALISMO ALVA e IDEIA: Duas revistas e um passado para a vida literária paraibana do Século XIX – Socorro de Fátima Pacífico Vilar, nº 10, 2015 JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA José Américo de Almeida – Uma abordagem biográfica do político paraibano – Ana Isabel Souza Leão de Andrade, nº 15, 2016 José Américo de Almeida , o escritor e o estadista – Ernani Sátyro, nº 15, 2016 Mago do sertão, profeta das ruas – José Sarney, nº 15, 2016 O criador de um novo estilo – Alceu Amoroso Lima, nº 15, 2016 José Américo e A Bagaceira – Maria do Socorro Silva de Aragão, nº 15, 2016 José Américo de Almeida para crianças e jovens – Neide Medeiros Santos, nº 15, 2016 A fé cristã em José Américo – Lourdinha Luna, nº 15, 2016 O José Américo que eu lembro – Ramalho Leite, nº 15, 2016 Homem típico do Nordeste – Octacílio Nóbrega de Queiroz, nº 16, 2016 Destino e história social em Antes que me esqueça – José Octávio de Arruda Melo, nº 15, 2016 José Américo de Almeida – Paulo Bonavides, nº 15, 2016 José Américo no ano do golpe – Walter Galvão, nº 15, 2016 Em busca de possíveis edições eslavas das obras de José Américo de Almeida – Evandro da Nóbrega, nº 15, 2016 José Américo de Almeida (o memorialista) – Paulo Bonavides, nº 27, 2017 JOSÉ ELIAS BARBOSA BORGES José Elias Barbosa Borges – Lourdinha Luna, nº7, 2014 JOSÉ JOFFILY BEZERRA Joffily – Um militante da política ideológica – Gonzaga Rodrigues, nº 6, 2014 JOSÉ LINS DO REGO Ostentação e decadência em Fogo Morto, de José Lins do Rego – Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues, EEJLR/novembro/2015 José Lins do Rego em variegadas línguas – inclusive russo e búlgaro – Evandro da Nóbrega, EEJLR/novembro/2015 Érico Veríssimo e José Lins do Rego: História social de contadores de histórias natos – Fabrício Santos da Costa, EEJLR/novembro/2015 O autor e a autoria: José Lins do Rego em cena – Iranilson Buriti de Oliveira, EEJLR/novembro/2015 O enunciado do romance Usina, de José Lins do Rego: fluxo de consciência, circuito de vozes, repetição – Ângela Maria Rubel Fanini/Vanessa Lopes Ribeiro, EEJLR/novembro/2015 Ao rés do chão: história e literatura – Diego José Fernandes, EEJLR/novembro/2015 Discurso de posse na ABL – José Lins do Rego, EEJLR/novembro/2015 Um amante das boas histórias e das boas gargalhadas – Carlos Lacerda, EEJLR/novembro/2015 Aproximações ao ensaísmo de Zé Lins - Hildeberto Barbosa Filho, EEJLR/novembro/2015 Totônia e a arte de contar histórias – Neide Medeiros Santos, EEJLR/novembro/2015 O curioso caso de José Lins do Rego – Cristiano Ramos, EEJLR/novembro/2015 JOSÉ LOPES DE ANDRADE O fundador da Cadeira 21 – Flávio Sátiro Fernandes, nº 11, 2015 JOSÉ PEDRO NICODEMOS José Pedro Nicodemos, um historiador na educação ou um educador na história? – Regina Célia Gonçalves, nº 22, 2016 LEDA BOECHAT RODRIGUES (Dra.) Dra. Leda, na lembrança de uma contribuição – José Octávio de Arruda Melo, nº 13, 2016 LATIM O latim na educação básica – José Loureiro Lopes, nº 21, 2016 LINGUÍSTICA A linguagem regional-popular no nordeste do Brasil: Aspectos léxicos – Maria o Socorro Silva Aragão, nº 10, 2015 Falares nordestinos: aspectos culturais – Maria do Socorro Silva Aragão, º 3, 2013. LITERATURA Notas para um jornal literário – Alexandre de Luna Freire, nº 1, 2013 Melancolia e erotismo em Olavo Bilac – Chico Viana, nº 2, 2013 A singularidade das palavras e das cores – Flávio Taares, nº 3, 2013. Seis histórias de bem contar a vida, o tempo, o amor e a morte – Antônio Mariano, nº 4, 2013. Melancolia e linguagem – Chico Viana, nº 10, 2015 Entre Augusto, Dioniso e Parfeno: Uma carta-ensaio ao erudito Evandro da Nóbrega – Hildeberto Barbosa Filho, nº 11, 2015 A representação minimalista de O Quadro-Negro – Ângela Bezerra de Castro, nº 1, 2013 Sob o signo da culpa – Chico Viana, nº 1, 2013 As palavras: Uma autobiografia romanceada, - José Jacson Carneiro de Carvalho, nº 1, 2013 Leitura: Um universo múltiplo – Neide Medeiros Santos, nº 3, 2013. LITERATURA ITALIANA Cecco Angiolieri, o antiDante Alighieri – Evandro da Nóbrega, nº 4, 2013 LITERATURA POPULAR Silvino Pirauá: O Enciclopédico – José Romildo de Sousa, nº 16, 2016 LIVROS IX Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto – Maria José Teixeira Lopes Gomes, nº 5, 2014 LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA (Pe.) Da grandeza humana - Ângela Bezerra de Castro, nº 25, 2017
MACHADO DE ASSIS Um estudo de alguns contos machadianos sob a luz das representações sociais – Carlos Alberto Jales e Otaviana Maroja Jales, nº 13, 2016 MAGISTÉRIO Cassetetes e Contracheques – Cristovam Buarque, nº 10, 2015 MARCELO DEDA CHAGAS Morre o Governador de Sergipe, Marcelo Deda, grande amigo da Paraíba – Equipe GENIUS, nº 4, 2013 MEIO AMBIENTE A fauna ilustrada da Fazenda Tamanduá – Flávio Sátiro Fernandes, nº 16, 2016 Patos e a vizinha área ecológica de Teixeira – Octacílio Nóbrega de Queiroz, nº 6, 2014 MEMÓRIA Orlando Tejo e Zé Limeira no sertão do Peixe-Piranhas – Eilzo Nogueira Matos, nº 4, 2013 O baobá do poeta – Diógenes da Cunha Lima, nº 6, 2014 MILTON NÓBREGA Morre Milton Nóbrega, o mago do design gráfico – Equipe GENIUS, nº 7, 2014 Em memória de Milton Nóbrega – Eilzo Nogueira Matos, nº 7, 2014 O tempo iluminado de Mituca – Juca Pontes, nº 7, 2014 Milton Nóbrega – Gonzaga Rodrigues, nº 7, 2014 MÚCIO WANDERLEY SÁTYRO Faleceu o ex-deputado Múcio Wanderley Sátyro – Equipe GENIUS, nº 14, 2016 MUSEOLOGIA Museus & redes sociais – Carlos Alberto Azevedo, nº 6, 2014 MÚSICA POPULAR BRASILEIRA Uma breve leitura sobre as homenagens a Luiz Gonzaga em CD – Érico Dutra Sátiro Fernandes, nº 1, 2013 Jackson do Pandeiro e o futebol – Érico Dutra Sátiro Fernandes, nº 9, 2015 Do Nordeste para o Mundo – Érico Dutra Sátiro Fernandes, nº 2 NAPOLEÃO LAUREANO Centenário de nascimento de Napoleão Laureano – Equipe GENIUS, Nº 7, 2014 Napoleão Laureano – O Nome e o Nume, nº 7, 2014 Napoleão Laureano – O político – Durval Ferreira, nº 7, 2014 NATHANAEL ALVES Nathanael Alves – uma página sempre em branco - José Nunes, nº 16, 2016 NIVALSON FERNANDES DE MIRANDA Nivalson Fernandes de Miranda – Evaldo Gonçalves de Queiroz, nº 8, 2014 OBITUÁRIO Isabel Marques da Silva (Zabé da Loca), nº 26, 2017 José Maria Pires (D.), nº 26, 2017 Joseph Levitch (Jerry Lewis), nº 26, 2017 Luiz Carlos dos Santos (Luiz Melodia), nº 26, 2017 Maria Goretti Zenaide, nº 26, 2017 OSMAR DE AQUINO Osmar de Aquino: trajetória eleitoral nas indicações de um centenário – José Octávio de Arruda Mello, nº 24, 2017 PABLO LUCAS MURILLO DE LA CUEVA Discurso de saudação ao Professor Doutor Pablo Lucas Murillo de La Cueva – Paulo Bonavides, nº 22, 2016 PARAIBANOS NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Discurso de posse – A. J. Pereira da Silva, nº 9, 2015 Discurso de posse – José Américo de Almeida, nº 10, 2015 Discurso de recepção a Múcio Leão – A. J. Pereira da Silva, nº 11, 2015 Discurso de posse – Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, nº 12, 2015 Discurso de posse – Aurélio de Lyra Tavares, nº 13, 2016 Discurso de posse – Ariano Suassuna, nº 14, 2016 O criador de um novo estilo – Alceu Amoroso Lima [Saudação a José Américo de Almeida], nº 15, 2016 Um precursor de vanguardas – José Américo de Almeida, [Saudação a João Cabral de Melo Neto] nº 15, 2016 Discurso de posse – Celso Furtado, nº 16, 2016 Vida, tristeza e morte de Pereira da Silva – Peregrino Junior [Discurso de posse com elogio a Pereira da Silva], nº 22, 2016 Não desertastes o campo da luta – Aníbal Freire [Saudação a Assis Chateaubriand] nº 24, 2017 Crítica social de grande acento cristão – Marcos Vinícius Rodrigues Villaça [Saudação a Ariano Suassuna], nº 25, 2017 Um político que pensa – Eduardo Portela [Saudação a Celso Furtado] nº 26, 2017 Obra construída com amor, seriedade e segurança – Ivan Lins [Saudação a Aurélio de Lira Tavares], nº 27, 2017 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DA PARAÍBA Carta do Lyceu Paraibano – IPHAEP, nº 16, 2016 PAULO BONAVIDES Três momentos solenes de um Doutoramento – Equipe GENIUS, nº 5, 2014 Una breve presentatión Del Professor Paulo Bonavides, em oportunidad de recibir su Doctorado Honoris Causa de La UBA – Ricardo Rabinovich-Berkman, nº 5, 2014 Palabras porteñas: Uma laudatio AL Prof. Dr. Paulo Bonavides Obertura sobre naturaleza y cultura em nuestro jurista decano - Raul Gustavo Ferreyra, nº 5, 2014 PAULO GADELHA Luto na Academia [Falecimento do Acadêmico Paulo Gadelha] – Equipe GENIUS, nº 1, 2013 O sousense Paulo Gadelha – Eilzo Nogueira Matos, nº 1. 2013 PEDRO MORENO GONDIM O homem que foi Pedro – Gonzaga Rodrigues, EEPMG, maio/2014
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Centenário de Pedro Gondim – Lourdinha Luna, EEPMG, maio/2014 A beleza do outono – Adylla Rocha Rabello, EEPMG, maio/2014 As formas poéticas de Homero Morgon – Manoel Batista de Medeiros, EEPMG, maio/2014 Na trajetória eleitoral de Pedro Gondim – José Octávio de Arruda Mello, EEPMG, maio/2014 O meu amigo Pedro Gondim – Ramalho Leite, EEPMG, maio/2014 Pedro Gondim: humanismo e ética – Evaldo Gonçalves de Queiroz, EEPMG, maio/2014 Pedro Moreno Gondim – Waldir Lira dos Santos Lima, EEPMG, maio/2014 Pedro Moreno Gondim – Hélio Zenaide, EEPMG, maio/2014 Clarinadas – Equipe GENIUS, EEPMG, maio/2014 Pedro Moreno Gondim e a Justiça Eleitoral – Renato César Carneiro, EEPMG, maio/2014 Uma festa do povo, com o povo e para o povo – Equipe GENIUS, EEPMG, maio/2014 O homem é Pedro – Nelson Coelho, EEPMG, maio/2014 Dois poemas de Homero Morgon – Pedro Gondim, EEPMG, maio/2014 Governador Pedro Gondim visita a Faculdade de Direito do Recife – Equipe GENIUS, EEPMG, maio/2014 Faz-se necessário um governo diferente – Pedro Moreno Gondim, EEPMG, maio/2014 PISCICULTURA NA PARAÍBA O pai da piscicultura na Rainha da Borborema: Rodolpho von Iheringe a Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste em Campina Grande-PB (1934-1935) – Erika Derquiane Cavalcante e Maria Ida Steinmuller, nº 24, 2017 POESIA - APRECIAÇÕES A poética em Alcides Carneiro – Joaquim Osterne Carneiro, nº 9, 2015 Augusto para todos os séculos – Ângela Bezerra de Castro, nº 11, 2015 Vinte anos de poesia – Sérgio de Castro Pinto, nº 22, 2016 A representação da morte na poesia de Augusto dos Anjos e de Cecília Meireles – Neide Medeiros Santos, nº 6, 2014 Augusto dos Anjos e Alfredo Pimenta: uma comparação – Chico Viana, nº 6, 2014 Hildeberto – A pedagogia do poético – Ângela Bezerra de Castro, nº 25, 2017 POESIA – PRODUÇÕES Seis poemas de Ciro José Tavares, nº 1, 2013 Quatro poemas de Chicão de Bodocongó, nº 2, 2013 Cinco poemas de Walter Galvão, nº 3, 2013. Cinco sonetos de Raul Machado, nº 4, 2013. Cinco poemas (Inéditos) de Francisco Gil Messias, nº 5, 2014 Cinco poemas de Luiz Fernandes da Silva, nº 6, 2014 Cinco poemas de Ernani Sátyro, nº 7, 2014 Cinco poemas de Carlos Alberto Jales, nº 8, 2014 Cinco sonetos de Américo Falcão, nº 9, 2015 Cinco poemas de Cleide Maria Fernandes Ferreira (Dândy), nº 10, 2015 Cinco poemas de Tarcísio Meira César, nº 11, 2015 Cinco poemas de Manuel José de Lima (Caixa Dágua). nº 13, 2016 Dez poemas de José Américo, nº 15, 2016 Cinco poemas de Sá Leitão Filho, nº 16, 2016 Cinco poemas de Violeta Formiga, nº 21, 2016 Cinco poemas de Flávio Sátiro Fernandes, nº 22, 2016 Cinco poemas de Regina Lyra, nº 24, 2017 Cinco poemas de D. Fernando Gomes, nº 25, 2017 Cinco poemas de Manuel Bandeira, nº 26, 2017 Cinco poemas de João Cabral de Melo Neto, nº 27, 2017 POLÍTICA DA PARAÍBA Campina Grande e o comício da Praça da Bandeira – Samuel Duarte, 21, 2016 O conflito de Campina – Samuel Duarte, nº 21, 2016 PORTUGAL Sebastianismo: a revisão de um mito – Eliane de Alcântara Teixeira, nº 6, 2014 REFLEXÕES Prosa caótica – o duro recomeço Caderno 1 (1985/2000) – Eilzo Nogueira Matos, nº 13, 2016 Última revelação – Chico Viana, nº 13, 2016 REINALDO DE OLIVEIRA SOBRINHO O historiador Reinaldo de Oliveira Sobrinho – Equipe GENIUS, nº 11, 2015 RELIGIÃO Os mitos e o feminino maculado: Gênesis – André Agra Gomes de Lira, nº 1, 2013 A Igreja do Rosário de Pombal e o sincretismo religioso – José Romero de Araújo Cardoso, nº 2, 2013 RESENHAS LITERÁRIAS Diário de bordo – O legado de Jacques Drouvot: Um romance de aventuras? – Neide Medeiros Santos, nº 12, 2015 Setas do arco íris – Sonetos de poesia vária – Paulo Bonavides, nº 25. 2017 REVOLUÇÃO DE 1817 Uma tela do pintor Antônio Parreiras – A rendição de Peregrino – Flávio Sátiro Fernandes, nº 28, 2017 1817 – A ciumeira dos republicanos de Pernambuco: a carta do Padre João Ribeiro – Josemir Camilo de Melo, nº 28, 2017 Bárbara de Alencar, de inimiga do rei a heroína nacional: percursos da imaginação história e modelos de representação literária – Cláudia Luna, nº 28, 2017 Memórias da insurreição de 1817 na Paraíba: o diário do Sargento Francisco Inácio do Valle – Serioja R. C. Mariano, nº 28, 2017 Cancioneiro da Revolução – Diversos, nº 28, 2017 A primeira lei orgânica brasileira: 2017 – José Honório Rodrigues, nº 28, 2917 O processo histórico de 1817 em Pernambuco – Vamireh Chacon, nº 28, 2017 A revolução de 1817 na Paraíba: velhas e novas interpretações – José Octávio de Arruda Mello, nº 28, 2017 O despertar de uma memória esquecida e aviltada – Eliete de Queiroz Gurjão, nº 28, 2017 Quatro telas de Antônio Parreiras – Nº 28, 2017 ROMERO ÁBDON QUEIROZ DA NÓBREGA Romero Nóbrega: um jurista de várias faces – Renato César Carneiro, nº 7, 2014 RONALD QUEIROZ Uma ponte sobre o abismo – Equipe GENIUS, nº 21, 2016 RONALDO CUNHA LIMA Um paraibano no Congresso: ativação política, cultura, Código Civil e efeito vinculante – José Octávio de Arruda Melo, nº 9, 2015
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ISSN: 2357-8335
SECA Seca no Nordeste: um tema sempre atual – Joaquim Osterne Carneiro, nº 4, 2013 SEIXAS DÓRIA Seixas Dória: As horas amargas de intolerância e solidão - Patrícia Sobral de Sousa, nº 21, 2016 SERVIÇO SOCIAL O menor carente – Marinalva Freire da Sulva, nº 3, 2013. SOCIOLOGIA O vaqueiro: símbolo da liberdade e mantenedor da ordem no sertão – Tanya Maria Pires Brandão, nº 4, 2013. SUMMA THEOLOGICA Tarcísio Burity, Wilson Aquino, Tomás de Aquino e os 11 volumes da Summa Theologica (em latim e português) nas estantes do degas aqui – Evandro da Nóbrega, nº 21, 2016 TEATRO O Papa dramaturgo – Tarcísio Pereira, nº 26, 2017 TEREZINHA DE JESUS RAMALHO PORDEUS Duas valorosas mulheres – Renato César Carneiro, nº 3, 2013. TEXTOS E DOCUMENTOS QUE INTERESSAM À HISTÓRIA DA PARAÍBA O selo da perpetuidade – José Américo de Almeida, nº 3, 2013 Venho governar sem prevenções e sem preferências – João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, nº 4, 2013. Lei Estadual nº 1.366, de 02 de dezembro de 1955 – Cria a Universidade da Paraíba e dá outras providências/Lei Federal nº 3.835, de 13 de dezembro de 1960 – Federaliza a Universidade da Paraíba, nº 5, 2014 Primeira Constituição do Estado – nº 6, 2014 Legislação pré-revolucionária, nº 7, 2014 Segunda Constituição do Estado, de 20 de julho de 1892, nº 8, 2014 A Constituição de 27 de setembro de 1930, nº 9, 2015 A Constituição de 10 de maio de 1935, nº 10, 2015 A Constituição de 20 de outubro de 1945, nº 11, 2015 A Constituição de 11 de junho de 1947, nº 12, 2015 A Constituição de 12 de naio de 1967, nº 13, 2016 Constituição do Estado da Paraíba (Emenda Constitucional nº 1, de 16 de junho de 1970), nº 14, 2016 Os acontecimentos da Praça da Bandeira, em Campina Grande – Ernani Sátyro, nº 16, 2016 TRANSPORTE FERROVIÁRIO As estações ferroviárias e as sensibilidades do moderno (1950-1960) – Josinaldo Gomes da Silva, nº 10, 2015 Notas sobre a importância da Estrada de Ferro Mossoró-Sousa – José Romero de Araújo Cardoso e Marcela Ferreira Lopes, nº 10, 2015 TRIBUNAIS DE CONTAS Os Tribunais de Contas no cenário político-legal da atualidade – Marcelo Deda, nº 4, 2013 Oração da Medalha do Tribunal de Contas do Ceará – Paulo Bonavides, nº 14, 2016 TURISMO Do Alaska ao Ushuaia (Do Alaska a el fin del mundo) – Carlos Meira Trigueiro, nº 2, 2013 O potencial da história da capital paraibana no desenvolvimento do seu turismo cultural – Guilherme Gomes da Silveira d´Ávila Lins, nº 4, 2013. Stowen e Eden Mountain, duas interessantes e atraentes cidades norteamericanas – Carlos Meira Trigueiro, nº 5, 2014 A bela praia do Cabo Branco – Wills Leal, nº 7, 2014 João Pessoa, Capital da República da Paraíba: em meio a uma das maiores áreas de mata atlântica urbana do Brasil – Boaz Vasconcelos Nóbrega, nº 7, 2014 Nos caminhos da China – Eliane Dutra Fernandes, nº 8, 2014 A Festa das Neves em Portugal – Osvaldo Meira Trigueiro, nº 27, 2017 Em Dubai, nas alturas – Eliane Dutra Fernandes, nº 14, 2016 UBIRATAN TARGINO BOTTO Um jurista internacional – Adalberto Targino, nº 25, 2017 VIDA ACADÊMICA Festa na Academia [Posse do Acadêmico Marcos Cavalcante] – Equipe GENIUS, nº 1, 2013 A imortalidade acadêmica – Damião Ramos Cavalcanti, nº 1, 2013 Academia recebe Severino Ramalho Leite – Equipe GENIUS, 2013, nº 4, 2013. VINGT-UN ROSADO A batalha de Vingt-un Rosado em defesa da pesquisa de petróleo na bacia potiguar – José Romero de Araújo Cardoso, nº 3, 2013. VIRGÍNIUS DA GAMA E MELO Virgínius da Gama e Melo – romancista política – Flávio Sátiro Fernandes, nº 13, 2016 WELLINGTON HERMES VASCONCELOS DE AGUIAR Morre o escritor e historiador Wellington Aguiar – Equipe GENIUS, nº 8, 2014 Abreviaturas: EEPMG = Edição Especial Pedro Moreno Gondim; EEAA = Edição Especial Augusto dos Anjos; EEEP = Edição Especial Epitácio Pessoa; EEJLR = Edição Especial José Lins do Rego Reproduzimos, aqui, acertadamente, para melhor orientação do leitor, a Nota divulgada em nossa edição 21 (Setembro/outubro-2016), a saber: NOTA: A última edição de GENIUS, trazendo como tema de capa o lançamento do livro A Fauna Ilustrada da Fazenda Tamanduá, saiu como número 16 de suas edições. Estranhará o leitor que esta edição seguinte venha a público como número 21, dando um pulo de quatro números. Isso se dá para corrigir um equívoco. É que, ao longo desse tempo, GENIUS teve quatro edições especiais, dedicadas a Pedro Gondim, Augusto dos Anjos, Epitácio Pessoa e José Lins do / Rego, as quais não receberam numeração, ocasionando um descompasso na ordem de nossas edições e deixando de registrar corretamente o andamento de nossa caminhada. Alterando a numeração, fica corrigida a falha. Muito obrigado
COLABORADORES
A. J. Pereira da Silva (In Memoriam) – 9, 11 Abelardo Jurema Filho – 5, 11 Adalberto Targino - 25 Adylla Rocha Rabello – EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014 Afonso Arinos (In Memoriam) – 12 Ailton Elisiário - 25 Alceu Amoroso Lima (In Memoriam) – 15 Alcides Carneiro (In Memoriam) - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Aldo Di Cillo Pagotto (D.) – 8 Aldo Lopes Dinucci – 9 Alessandra Torres – 9 Alexandre de Luna Freire – 1 Aline Passos - 21 Aluísio de Azevedo (In Memoriam) – 13 Aníbal Freire (In Memoriam) - 24 Álvaro Cardoso Gomes – 5 Américo Falcão (In Memoriam) – 9 Ana Isabel Sousa Leão Andrade – 15 André Agra Gomes de Lira – 1 Andrès Von Dessauer – 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 21, 22, 23, 24, 25,26, 27 Ângela Bezerra de Castro – 1, 11, 25 Ângela Maria Rubel Fanini – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Anna Maria Lyra e César – 6 Anníbal Bonavides (In Memoriam) – 8 Antônio Mariano de Lima – 4 Ariano Suassuna (In Memoriam) – 14 Assis Chateaubriand (In Memoriam) – 12 Astênio César Fernandes – EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014, 8 Augusto dos Anjos (In Memoriam) – EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014 Aurélio de Lyra Tavares (In Memoriam) – 13 Austregésilo de Atahyde (In Memoriam) - 23 Berilo Ramos Borba – 3 Boaz Vasconcelos Lopes – 7 Camila Frésca – 5 Carlos Alberto de Azevedo– 4, 6, 11 Carlos Alberto Jales – 2, 12, 14, 16, 23, 25 Carlos Lacerda (In Memoriam) – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Carlos Meira Trigueiro – 2, 5 Carlos Pessoa de Aquino – 5 Celso Furtado - 16 Coriolando de Medeiros (In Memoriam) – 27 Chico Pereira - 16 Chico Viana – 1, 2, 4, 6, – EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014, 10, 13, 14, 22, 24 Ciro José Tavares – 1, 23 Cláudio José Lopes Rodrigues – 5, 6, 27 Cláudio Pedrosa Nunes – 7 Cristiano Ramos – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Cristovam Buarque – 10 Damião Ramos Cavalcanti – 1, 11 Deusdedit de Vasconcelos Leitão - 24 Diego José Fernandes – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Diógenes da Cunha Lima – 6 Durval Ferreira – 7 Eça de Queiroz (In Memoriam) – 14 Eilzo Nogueira Matos – 1, 4, 7, 13 Eliane de Alcântara Teixeira - 6 Eliane Dutra Fernandes – 8, 14 Elizabeth Marinheiro – 12 Emmanoel Rocha Carvalho – 12 Érico Dutra Sátiro Fernandes - 1, 9, 27 Erika Derquiane Cavalcante - 24 Ernani Sátyro (In Memoriam) –EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014, 7, EE/Epitácio Pessoa/ Maio/2015, 11, 15, 16 Esdras Gueiros (In Memoriam) - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Eudes Rocha - 3 Evaldo Gonçalves de Queiroz - EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014, 8 Evandro da Nóbrega- 2, 4, 6, EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, 11, 14, 15, 21 Everaldo Dantas da Nóbrega – 13 Everardo Luna (In Memoriam) - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Ezequiel Abásolo - 8 Fábio Franzini – 7 Fabrício Santos da Costa – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Fernando Gomes (D.) (In Memoriam) - 25 Firmino Ayres Leite (In Memoriam) - 4 Flamarion Tavares Leite – 8 Flávio Sátiro Fernandes – 1, 2, 4, 6, EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 16, 21, 22, 23, 26 Flávio Tavares – 3 Francisco de Assis Cunha Metri (Chicão de Bodocongó) - 2 Francisco Gil Messias – 2, 5, 14 Gerardo Rabello – 11 Gustavo Rabay Guerra – 27 Giovanna Meire Polarini – 7 Glória das Neves Dutra Escarião – 2 Gonzaga Rodrigues – 6, EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014, 11 Guilherme Gomes da Silveira d'Avila Lins – 4, 8 Hamilton Nogueira (In Memoriam) – EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Hélio Zenaide – EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014 Hildeberto Barbosa Filho – 11, EE José Lins do Rego/Novembro/2015 Humberto Fonseca de Lucena - 23 Humberto Melo – 16 Ida Maria Steinmuller - 24 Inês Virgínia Prado Soares - 23
Iranilson Buriti de Oliveira – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Itapuan Botto Targino – 3 João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (In Memoriam) – 4 Joaõ Cabral de Melo Neto (In Memoriam) – 27 Joaquim de Assis Ferreira (Con.) (In Memoriam) – 6 Joaquim Osterne Carneiro – 2, 4, 7, 9, EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, 11, 14, 25 José Américo de Almeida (In Memoriam) – 3, 10, EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, 15 José Jackson Carneiro de Carvalho – 1 José Leite Guerra – 6 José Lins do Rego (In Memoriam) – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 José Loureiro Lopes – 16, 21 José Mário da Silva Branco – 11, 13 José Nunes – 16, 25 José Octávio de Arruda Melo – 1, 3, 6, EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014, 9, 13, 15, 21, 24, 25 José Romero Araújo Cardoso – 2, 3, 10, 11 José Romildo de Sousa – 16 José Sarney – 15 Josemir Camilo de Melo – 11 Josinaldo Gomes da Silva – 5, 10 Juarez Farias – 5 Juca Pontes – 7, 11, 27 Ivan Linas – 27 Linaldo Guedes – EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014 Lourdinha Luna – EE/Pedro Moreno Gondim/2014, 7, 13, 15 Lucas Santos Jatobá – 14 Luiz Augusto da Franca Crispim (In Memoriam) – 13 Luiz Fernandes da Silva- 6 Machado de Assis (In Memoriam) – 9 Manoel Batista de Medeiros – EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014 Manuel José de Lima (Caixa Dágua) (In Memoriam) – 13 Marcelo Deda (In Memoriam) – 4 Márcia de Albuquerque Alves - 23 Marcílio Toscano Franca Filho - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, 23 Marcos Cavalcanti de Albuquerque – 1 Marcus Vilaça - 25 Margarida Cantarelli - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Maria das Neves Alcântara de Pontes – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Maria do Socorro Silva de Aragão – 3, 10, 15 Maria José Teixeira Lopes Gomes – 5, 8 Maria Olívia Garcia R. Arruda – EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014 Marinalva Freire da Silva – 3, 9 Mário Glauco Di Lascio – 2 Mário Tourinho – 13 Martha Mª Falcão de Carvalho e M. Santana - 22 Martinho Moreira Franco – 11 Matheus de Medeiros Lacerda - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Mercedes Cavalcanti (Pepita) – 4 Milton Marques Júnior – 4 Moema de Mello e Silva Soares – 3 Neide Medeiros Santos – 3, 6, EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, EE/José Lins do Rego/ Novembro/2015, 15, 23, 27 Nelson Coelho – EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014 Neno Rabello – 11 Neroaldo Pontes de Azevedo – 2 Octacílio Nóbrega de Queiroz (In Memoriam) - 6, 15 Octávio de Sá Leitão (Sênior) (In Memoriam) - 23 Octávio de Sá Leitão Filho (In Memoriam) – 16 Osvaldo Meira Trigueiro – 2, 5, 6, 7, 9, 10, 13, 25, 27 Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo (In Memoriam) – EE/Epitácio da Silva Pessoa/ Maio/2015 Otaviana Maroja Jalles - 14 Otávio Sitônio Pinto – 7 Patrícia Sobral de Sousa - 21 Paulo Bonavides – 1, 4, 5, 9, 10, EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015, 12, 14, 15, 16, 22,23, 25, 27 Pedro Moreno Gondim (In Memoriam) – EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014 Peregrino Júnior (In Memoriam) - 22 Raimundo Nonato Batista (In Memoriam) – 3 Raúl Gustavo Ferreyra – 5 Raul de Goes (In Memoriam) - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Raul Machado (In Memoriam) – 4 Regina Célia Gonçalves – 22 Regina Lyra - 24 Renato César Carneiro – 3,6, EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014,7,9 Ricardo Rabinovich Berkmann – 5 Roberto Rabello – 11 Ronal de Queiroz Fernandes (In Memoriam) - 21 Rostand Medeiros – 12 Ruy de Vasconcelos Leitão – 16 Samuel Duarte (In Memoriam) – 21 Sérgio de Castro Pinto - 22 Severino Ramalho Leite – 4, EE/Pedro Moreno Gondim/Maio/2014, 13, 15, 16 Socorro de Fátima Patrício Vilar – 10 Thanya Maria Pires Brandão – 4 Tiago Eloy Zaidan – 11, 13, 21, 23 Vanessa Lopes Ribeiro – EE/José Lins do Rego/Novembro/2015 Verucci Domingos de Almeida – 5, EE/Augusto dos Anjos/Novembro/2014 Vicente de Carvalho – 16 Violeta Formiga (In Memoriam) - 21 Virgínius da Gama e Melo (In Memoriam) - EE/Epitácio Pessoa/Maio/2015 Waldir dos Santos Lima – EE/Pedro Moreno Gondim/Novembro/2014 Walter Galvão – 3, 9, 15 Wills Leal – 2, 7 EE=Edição Especial ISSN: 2357-833
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CONTRA-CAPA (corel x8)
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