DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - QUARTA-FEIRA, 27 DE JUNHO DE 2018
Cidade
| 3 Escola é inaugurada
Campeonato de surf
EDUCAÇÃO. A população do bairro José Walter, em
INSCRIÇÕES. A Prefeitura promove campeonato de surf
Fortaleza, recebe hoje, às 9h, a nova sede da Escola de Ensino Médio Professor Otávio Terceiro de Farias
nas Olimpíadas da Juventude de Fortaleza. Inscrições no site https://juventude.fortaleza.ce.gov.br
FORTALEZA
11,7 mil já procuraram ajuda por problemas com Drogas
INSS concede benefícios a dependentes químicos O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu, de janeiro a maio de 2018, 467 benefícios por incapacidade no estado do Ceará por motivo de dependência química, “um agrupamento de sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos”, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), criada pela Organização Mundial da Saúde.
Dos milhares de pedidos por ajuda neste ano, 78% deles vieram de homens e 22% de mulheres O Centro de Referência Sobre Drogas de Fortaleza já realizou 8.490 atendimentos para usuários. O número é contabilizado desde março de 2015, quando o órgão foi acoplado à Secretaria Especial de Políticas sobre Drogas (SPD), do Governo do Estado do Ceará. Somente em 2018, foram feitas 1.878 solicitações de ajuda em uma das modalidades de acolhimento do Centro. O atendimento da Pasta é oferecido presencialmente, por meio de uma unidade móvel ou ainda de maneira virtual (via ligações ou aplicativo). De 2015 a última segunda-feira (25 de junho de 2018), 8.490 usuários foram em busca presencial por orientações. O número do Centro, que é gratuito, recebeu 3.308 demandas. Dos milhares de pedidos por ajuda de 2018, 78% vieram de homens e 22% de mulheres. Segundo a coordenadora do Centro de Referência, Magda Coelho, este fator se dá por questões de gênero. “A mulher geralmente nega mais nosso auxílio porque tem filhos, e aí a situação tendeachegaraoConselhoTutelar ou outros órgãos responsáveis. Como ela não tem, muitas vezes, com quem deixar a criança ou adolescente, fica sem ajuda”, explica. Abuscaativaporessasmulheres é feita por outros profissionais, como os dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). O CentrodeReferênciaabreasportas com palestras, escuta e orientação psicológica e assistencial quando o usuário já tem consciência de seu problema e procura, por si só, ajuda. Em comparação, os três primeirosanosdoCentrocompletaram cerca de 209 atendimentos
Em um ano e meio, 1.204 benefícios foram concedidos para pessoas com problemas com álcool, cocaína e outras drogas
Algumas das pessoas são atendidas no Centro de Referência Sobre Drogas do Estado e outras nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) FOTO: NATINHO RODRIGUES
por mês, entre 2015 e 2017. De janeiro a junho de 2018, essa média subiu para 313. MagdaCoelho,entretanto,relata que esse índice, na verdade, diminuiu, sobretudo em razão do projeto “Corre Pra Vida”, da SPD, que acolhe pessoas em situação de rua em mais de 3 mil ajudas por mensais. “Falar de drogas ainda é um tabu, porque o usuário sempre tem seu caráter colocado em cheque. A população ainda não entende que se tratadeumadoença.EEssamentalidade precisa mudar”, reforça a coordenadora. No número, 0800 275 1475, ousuário,sob umcadastro,recebe escuta e pode falar com um
dos dois psicólogos. Dependendo do caso, pode ser encaminhado à SPD. Na maioria das vezes, no entanto, a pessoa que liga quer apenas desabafar ou não tem coragem para comparecer ao atendimento presencial. Familiarestambémpodemligarpara o número, que já tocou 932 vezes somente este ano.
Aplicativo O aplicativo “Aqui Tem Ajuda”, por sua vez, foi lançado ainda em junho de 2018 e mapeia, em todos os 184 municípios cearenses, lugares que ofereçam ajuda a usuários de drogas. Toda uma rede de apoio também trabalha no aplicativo, que funciona so-
mente para celulares com sistema operacional Android.
PEDIDOS
Juazeiro do Norte Outro Centro de Referência foi inaugurado há dois meses em Juazeiro do Norte. Ainda não se tem índices sobre os atendimentos na região do Cariri por diversas complicações, dentre elas, a de que é mais difícil procurar ajuda em lugares menores onde, geralmente, todos se conhecem. “Além disso, o álcool nunca é tratado com a droga que realmente é. Ninguém fuma pedra de crack no almoço em família, mas o álcool está sempre lá”, destaca Magda Coelho. (Colaborou João Duarte)
8,4
mil usuários foram em busca presencial por orientações. O número do telefone do Centro, que é gratuito, recebeu 3.308 demandas
O INSS avalia, através de exame da Perícia Médica, a quantidade de dias que o segurado (com vínculo empregatício, contribuinte individual ou trabalhador rural) precisa para se tratar e retomar as atividades. É analisado, então, em que a incapacidade impossibilita no ofício do segurado. As concessões de benefícios temporários incluem auxíliodoença, e auxílios permanentes (aposentadoria por invalidez, benefício assistencial ao deficiente). Em 2017, foram 1.047 pedidos aceitos, numa média de 87,25 benefícios por mês contra 93,4 deste ano, num aumento de 7%. De janeiro de 2017 a maio de 2018, foram 1.406 benefícios por auxílio doença previdenciário; 29 para aposentadoria por invalidez previdenciária; 75 por amparo social à pessoa portadora de deficiência e 4 para auxílio doença por acidente do trabalho. Neste um ano e meio, 139 benefícios estão relacionados a problemas com álcool, 76 a transtornos com a cocaína e 989 com múltiplas drogas.
VÍRUS INFLUENZA
Número de mortes por gripe no CE é o maior em 10 anos Os números não são positivos para o Ceará no que diz respeito à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). De acordo com os dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) noiníciodesta semana, pormeio doboletimepidemiológicodeinfluenza, 68 óbitos provocados por esse vírus foram contabilizados até o dia 19 de junho. O número é superior ao total de mortes porinfluenza registradas no Estado de 2009 a 2017. Em um âmbito mais abrangente, a quantidade de óbitos porSRAGcontabilizadosnoCeará em 2018 também é alarmante: 130 casos, o que representa um aumento considerável em comparação ao ano de 2016, que registrou 40 mortes, o maior número até então. “A influenza ocorre sazonalmente,masemintervalosregulares, ela pode resultar em formas graves da doença. Cada cenário pode ser modificado pela chegada de um novo vírus, já que o vírus da influenza tem um grande potencial de mutação”, explicaDanieleQueiroz,coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesa. Segundo ela, as mudanças sofridaspeloagentecausadorda
gripe faz com que a população perca sua imunidade, uma vez que o vírus passa a ser diferente. A coordenadora ressalta que as alterações são monitoradas através de pesquisas realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para onde as amostras do Ceará estão sendo encaminhadas. A partirdaanálise,épossívelaveriguar a diferença entre o vírus que circulava antes e o atual. “As pessoas que têm fatores de risco são mais propícias a desenvolver a forma grave da doença, que evolui muito rápido e pode levar a óbito, por isso reforçamos tanto a vacinação desse grupo”, diz.
Alerta “É preciso lembrar que a influenza está em grande evidência, e isso faz com que os profissionais de saúde fiquem mais alertas para cada ocorrência e, por isso, notifiquem casos o ano inteiro”, destaca Daniele Queiroz. O mesmo não ocorria em outros anos, quando a influenza não tinha o mesmo destaque. Em relação aos 68 óbitos pela gripe registrados no Estado, 75% destes foram causados por influenza A (H1N1), 5,8% por
influenza A H3/sazonal, 4,4% por influenza A não subtipado, e 14,7% por influenza B. De acordo com o infectologista Robério Leite, não há muita diferença clínica entre os vírus, mas a influenza A H3N2 tende a ser um pouco mais grave. “Para pessoas de maior risco, como bebês, gestantes e idosos, ou pessoas com doenças crônicas, esses pacientes tendem a ter casos mais graves, mas a maioria dos quadros de influenza A ou B tendem a ser mais leves”, explica. Ainda conforme o boletim epidemiológico, 2018 apresentou o maior número de casos de SRAG notificados desde 2009, um total de 1.297, bem como o maior número de casos de influenza, que chegou a 419. Foi também incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave por influenza, com 4,67 casos por 100 mil habitantes. “Na época do ano em que o vírus circula mais, se o médico avaliar e o paciente tiver um quadro de tosse, coriza, febre e desconforto respiratório, ele está caracterizando a SRAG, e se não tem um diagnóstico claro, deve ser tratado como se fosse uma infecção por influenza”, afirma Robério.
As pessoas que têm fatores de risco são mais propícias a desenvolver a forma grave da doença, que evolui muito rápido e pode levar a óbito, por isso a Sesa tem reforçado a vacinação desse grupo FOTO: REINALDO JORGE
EVOLUÇÃO
Registros dos últimos 10 anos Casos Notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
1297
Total de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
859 562
540
467
224 2 2009
83
286
252
174
130
7
1
12
13
2
0
40
24
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
FONTE: SESA/COPROM/NUVEP
2018