Entrevista ao sócio Noel Serrão

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Edição nº 3, 16 de Outubro de 2015

CANTINHO DO SÓCIO

Noel Serrão Para Noel Serrão, gostar do União da Madeira não bastava. Integrou, por isso, a Comissão dos ‘Cem amigos do União’ e mais tarde o Departamento de Futebol Jovem. Hoje, mesmo reformado, não deixa de seguir o seu Clube. Era menino, do tempo em que se brincava na rua, e foi a vizinhança que lhe ensinou a grandeza da camisola azul e amarela. “Havia muita malta do União da Madeira no Bom Sucesso”, recorda com saudade José Noel, conhecido entre unionistas como ‘o Serrão’. Seguiu o Clube. Acompanhou os jogos nos estádios dos Barreiros e do Liceu, celebrou as vitórias e desesperou com as derrotas, mas já era adolescente quando se fez sócio. Um colega de trabalho, já falecido, convenceu-o a pagar as quotas.

“Vivi com muita emoção a subida, depois de tantos anos a sofrer pelo Clube”, confessa Noel Serrão. Noel trabalhava então na Junta Nacional de Frutas, um organismo estatal que controlava os produtos enviados para exportação. Pagas as quotas, não quis se ficar pelo gesto. Depressa se envolveu na vida interna da coletividade. Integrou a Comissão dos ‘Cem amigos do União’ e posteriormente o departamento de futebol jovem. É, a par com um colega de nome Carlos cujo sobrenome esqueceu, um dos dois membros ainda vivos que pertenceram a este organismo. “Nessa altura, ‘Os Cem amigos’ reuniam mensalmente centenas de unionistas. Num desses jantares, juntamos mais de 300 pessoas Patrocinado por:

e ainda dizem por aí que o União não tem adeptos”, protesta o reformado que se revela admirado “pelo facto de estar a aparecer atualmente tanta juventude adepta do União”. Satisfeito com o reaparecimento da massa associativa, Noel Serrão mantém, contudo, a crença de que o futebol era vivido de outra forma na sua juventude. Havia mais tempo livre, vinca, os sócios eram mais próximos dos seus clubes. “Vivia-se mais o futebol”. “Mesmo quando desceu ao Regional, o União da Madeira arrastava muita gente. Lembro-me de termos alugado o Pirata Azul e, na mesma jornada, o Milano e de termos enchido o estádio do Porto Santo”, conta. Durante duas décadas, Noel Serrão manteve-se ao serviço do departamento de futebol do União da Madeira. Tinha regressado após uma temporada a cumprir serviço militar em Angola. Ainda a sede unionista se situava na Rua da Carreira. Mais tarde, quando foi pai, inscreveu o filho nas escolinhas do União da Madeira, mas o rapaz optou por abandonar a prática aos 12 anos, extinguindo o seu percurso futebolístico nos juvenis. Curiosamente, foi o neto, Jota, quem vestiu a camisola do União da Madeira, na época 2014-2015, emprestado pelo CD Nacional. Mas, para tristeza do unionista, o jovem atleta não chegou a integrar o plantel que levou os azuis e amarelos à Primeira Liga. “Foi pena, mas ainda assim vivi com muita emoção a subida, depois de tantos anos a sofrer pelo Clube. Agora, a minha esperança é que consigamos a manutenção. A verdade é que não é fácil uma equipa do pé para a mão, com tanto jogador novo. Falta-nos uma vitória para moralizar”, conclui Noel, despedindo-se. Reformado há 12 anos, é tudo menos um homem acomodado. Entre a ginástica, os mergulhos rotineiros e o convívio com os amigos, Noel Serrão leva uma vida muito ativa, com o União da Madeira na liderança dos seus interesses. Ou não fosse Noel Serrão, ‘azul e amarelo da cabeça aos pés’.


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