N°4 - OUTUBRO - DEZEMBRO 2013
Especial Suíça
Quem tem direito ao fundo de desemprego?
Escritores portugueses
Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes
Especial Portugal
O 5 de outubro de 1910
O mirandês
Um país, duas línguas
Hoje falo eu
Duas palavras do Cônsul-Geral de Portugal em Genebra
Bragança
Ficha Técnica Propriedade
Diretor
Amílcar Figueiredo amilcar.figueiredo@ilustrevasion.com
Redatores e colaboradores
Adelino Sá Adelito Rodrigues Câmara Municipal de Bragança Consulado-Geral de Portugal em Genebra Ernesto Rodrigues Flávio Borda d’Água Georges Richard João Cordeiro Isabel Gomes Manuel Henrique Figueira Miguel de Calheiros Velozo Reto Monico Sara Rosa Vitorino Fernandez Sérgio Tomásio Telma Ferreira
Grafismo e paginação
João Morais joao.morais1965@gmail.com
Fotografias
Amílcar Figueiredo Câmara Municipal de Bragança Ernesto Rodrigues Georges Richard
Revisão
Manuel Henrique manuelhenrique@netvisao.pt
Publicidade Diretor comercial
Luís Mata - Tel. 0041 (0) 76 510 22 44 00351 96 58 10 018 comercial@ilustrevasion.com Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 - Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86 Assinaturas Suíça, 20 Frs Europa, 20 Euros Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.° 90 Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena Tel. 21 434 54 44 - Fax 21 434 54 94
Periocidade trimestral
4 5 14 16
18
20
22 24
28
32
34
Editorial
Terras lusitanas
Gastronomia bragantina Memórias
Visão antiga
O mirandês
Um país, duas línguas
Escritores portugueses
Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes
Poesia Especial Portugal
O 5 de outubro de 1910
Portugueses de sucesso
Flávio Borda d’Água
Impostos
IMI: Três aumentos em 2013
Hoje falo eu
Duas palavras do Cônsul-Geral de Portugal em Genebra
35
História de Portugal
39
Medicina
42
45
Monarquia e bastardia
Mastectomia preventiva Pense bem antes de agir
Matemática
Matematicamente falando
Medicinas naturais
Óleos essenciais para o outono
48
Truques e astúcias
50
Especial Suíça
52
5 4
55
Depósito legal: 357274/13
57
Leia a Lusitânia Contact em www.ilustrevasion.com
58
Tiragem: 10 000 exemplares
Sumário
Sabia que...
Quem tem direito ao subsídio de desemprego na Suíça?
Informações consulares
A reforma de base estatal
Bem-estar
Uma questão de postura
Associações portuguesas
Casa do Benfica de Genève
Horóscopo
Previsão bimestral
Rir faz bem
Anedotas
Editorial Caros leitores:
Amílcar Figueiredo
4
Como referi no número anterior, a Lusitânia Contact está a encetar uma nova fase da sua publicação. Nesta nova fase os seus responsáveis procuram enriquecê-la tematicamente, diversificando os assuntos que publica, e melhorá-la tecnicamente, de forma que, cada vez mais, seja um produto de qualidade que agrade aos seus leitores. Temos recebido muitas provas de carinho da parte de variadíssimas pessoas, quer leitores anónimos, quer figuras institucionais, assim como manifestações de agrado para com a revista. A todos agradecemos as simpáticas palavras e os incentivos. A próxima edição sairá no mês de dezembro, com uma antecipação de cerca de um mês. Pensamos que assim servimos melhor os leitores, evitando-se as dificuldades com a receção ou aquisição da revista resultantes das ausências de casa de muitos assinantes ou simples leitores, em virtude da quadra festiva natalícia: terão então a revista à vossa disposição antes do Natal (tal como futuramente antes da Páscoa e das férias de verão). As páginas de poesia e de História de Portugal são já uma realidade e no próximo número iniciaremos uma nova rubrica: Consultório jurídico. A página de poesia publicará poetas da cidade que constituirá o tema principal (e de capa) de cada número da revista: Bragança nesta edição, com o escritor, poeta, reputado crítico literário e professor universitário Ernesto Rodrigues. A próxima cidade portuguesa a publicar será Braga, estando a decorrer na Internet a votação para a escolha da ordem de publicação das que se lhe seguirão. Atualmente Évora ocupa a primeira posição para ser a escolhida no próximo número, sendo seguida de Santarém. Nesta edição temos um artigo do novo Cônsul, o Senhor Dr. Miguel de Calheiros Velozo, que se apresenta à diáspora portuguesa na Suíça nas nossas páginas. Deixamos um agradecimento ao Nuno dos Santos, o primeiro paginador gráfico e grande impulsionador do projeto Lusitânia Contact. Aproveitamos para renovar o convite às pessoas para colaborarem com sugestões ou ideias concretas: todas serão bem-vindas. Convidamos também as associações portuguesas na Suíça a enviarem-nos textos relatando a sua história: a formação, a evolução, os protagonistas e as atividades no presente. A publicação ficará por nossa conta. A fase de crescimento, influência da revista e expansão da sua distribuição exige mais colaboradores, pelo que procuramos angariadores publicitários nos cantões suíços e nas 22 capitais de distrito de Portugal continental e Ilhas. Para que cada leitor tenha acesso fácil à aquisição da Lusitânia Contact, publicamos os pontos de referência onde a mesma pode ser encontrada: veja qual deles fica mais perto de si. Mas se desejar fazer a assinatura ou votar na sua cidade preferida para a futura publicação como tema principal da revista consulte o site: www.ilustrevasion.com
Terras lusitanas
Bragança: uma cidade cultural Um roteiro de apresentação da cidade Tire um ou dois dias para descansar e conheça uma Bragança mais cultural. Deslumbre-se com o roteiro dos seus museus e com a valiosa oferta patrimonial que ela tem para lhe oferecer. Comece pela Praça da Sé, em pleno centro histórico da cidade, e visite a Igreja da Sé, aproveitando para conhecer a Biblioteca Professor Doutor Adriano Moreira, que reúne mais de nove mil volumes de diversas áreas e temáticas, assim como títulos honoríficos e trajes académicos doados ao município de Bragança pelo ilustre académico. Centro de Ciência Viva
Continuando em direção ao Rio Fervença, pode apreciar uma intervenção urbana de elevada qualidade ambiental, visitando o Centro Ciência Viva, edifício inteligente e amigo do ambiente, assim como a Casa da Seda. Aproveite o facto de se encontrar num dos mais belos centros históricos do país e entre no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (um projeto do arquiteto Souto de Moura já distinguido a nível nacional e internacional, nomeadamente através do prémio Pritzker − o Nobel de Arquitetura), onde pode conhecer a maior retrospetiva dos últimos 30 anos da obra da reconhecida pintora transmontana que dá o nome ao Centro. Biblioteca Professor Doutor Adriano Moreira
Outubro 2013
5
Terras lusitanas a beleza que os belos montes e vales já bem conhecidos, que enquadram a cidade, lhe proporcionam. Poderá também visitar uma ou mais aldeias típicas – Gimonde, França, Montesinho, Rio de Onor ou Guadramil −, onde desfrutará um silêncio rural que lhe «fere» os ouvidos, o ar puríssimo, o som da água nos riachos, o canto das aves a sobrevoar os vales e os montes. Se pensa vir a Bragança no mês de novembro, visite a Norcaça, Norpesca e Norcastanha – 12.ª Feira Internacional do Norte, não deixando de apreciar as belas paisagens de castanheiros e de saborear a boa gastronomia bragançana, na qual a castanha assume uma particular importância.
Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Indo rua abaixo, não muito longe encontra o Centro de Fotografia Georges Dussaud, que acolhe 145 trabalhos que o conhecido e famoso fotógrafo francês doou a Bragança. Continuando em direção ao castelo, encontra o Museu do Abade de Baçal, instituição de referência a nível nacional no que toca à cultura e identidade transmontanas; já dentro da cidadela visite o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, que reúne o que de melhor há nas tradições de Portugal e Espanha no que toca aos caretos e mascarados. E porque está na cidadela, entre na Domus Municipalis, exemplar único em toda a Península Ibérica, e visite na Igreja de Santa Maria do Sardão, finalizando esta parte do seu percurso com uma visita ao Castelo de Bragança, que acolhe o Museu Militar, o segundo do género mais visitado em todo o País, deslumbrando-se com a magnífica Torre de Menagem. Reserve algum do seu tempo para se deliciar com o melhor da gastronomia transmontana, a mais referenciada em publicações, que é confecionada a partir de produtos de altíssima qualidade. Não deixe de pernoitar na cidade desfrutando a sua beleza noturna, e, durante o dia, o seu património, fazendo o roteiro dos museus. Ao amanhecer poderá apreciar
Castelo (vista aérea)
6
Souto de castanheiros
Se prefere o tempo mais frio, escolha a primeira semana de dezembro e deixe-se levar pela irreverência e pela alegria da 6.ª Mascararte - Bienal da Máscara, que, ao longo de cerca de uma semana anima as ruas, as gentes e os turistas da cidade com as tradicionais músicas, os desfiles, as danças e as brincadeiras dos caretos e mascarados. Já no início do próximo ano, o Festival do Butelo e das Casulas (no mês de fevereiro) promete deixá-lo com água na boca. Prove esta verdadeira e única iguaria transmontana, terminando a refeição com uma deliciosa sobremesa tradicional.
6.ª Mascararte - Bienal da Máscara
MAIS VANTAGENS POR M2
BRAGANÇA BRAGANÇA É UMA CIDADE DE TRADIÇÕES E RICA EM ARTESANATO, PORTUGAL UM PAÍS CHEIO DE OPORTUNIDADES. VILAMOURA LOULÉ BRAGANÇA
Tipologia: Apartamento T3 Área: 128m2
Ref.: AGI122179
Tipologia: Moradia V5 Área: 350m2 Terreno: 9500m2
V € 98.000
SENDAS BRAGANÇA
Tipologia: Moradia V5 Área: 185m2 Terreno: 1000m2
LAGOMAR, LAMEGO BRAGANÇA
S. PEDRO DE SERRACENOS BRAGANÇA
Ref.: AGI108832
V € 328.000
Tipologia: Apartamento T4 Área: 150m2
V € 114.000
Ref.: AGI113861
V € 117.000
MACEDO DE CAVALEIROS BRAGANÇA
BRAGANÇA
Ref.: AGI108487
Tipologia: Moradia V3 Área: 122m2 Terreno: 8000m2
Ref.: AGI121834
Tipologia: Apartamento T3
V € 95.000
Ref.: AGI119507
V € 98.000
Para saber mais sobre estes imóveis vá a www.besimoveis.pt e pesquise no site as referências indicadas (EX: AGI11...). Para visualizar todos os imóveis na região, pesquise por Bragança.
DESCUBRA O NOSSO PATRIMÓNIO EM WWW.BESIMOVEIS.PT Linha BES imóveis
imoveis@bes.pt
(Call Center)
Portugal: 707 201 368 De qualquer outro país: +351 21 850 77 50
facebook.com/imoveisbes
Terras lusitanas Há referências imprecisas a um rei da Hispânia, de nome Brigo, que, em data não menos imprecisa, lhe teria mudado o nome para Brigantia. A atual localização data do século XII, de facto, em 1130, D. Fernão Mendes, cunhado de D. Afonso Henriques, reconstruiu-a no sítio onde existia a pequena povoação de Benquerença. Por morte deste rico-homem as terras de Bragança passaram a fazer parte do condado portucalense, desvinculando-se definitivamente do reino de Leão.
Festa da História
No fim de semana que antecede o Carnaval «perca-se» nas ruas de Bragança que ganham vida com o Carnaval dos Caretos, onde as crianças, estudantes, caretos, mascarados, gaiteiros, músicos e os cidadãos em geral fazem a festa. No mês de maio passe pela tradicional e secular Feira das Cantarinhas (cujas origens se perdem no tempo), onde pode comprar de tudo um pouco, ou ainda pela Feira do Artesanato, que reúne alguns dos melhores artesãos da região e do país. O verão em Bragança é sempre uma garantia de animação e alegria. O programa começa logo no mês de julho, com concertos de bandas locais, na Praça Camões, continuando a diversão no castelo, um dos mais belos e imponentes de todo o país. Aqui tem lugar a Festa da História, uma viagem pela época medieval que atrai, todos os anos, dezenas de milhar de cidadãos portugueses e estrangeiros, sobretudo espanhóis. Já a partir do dia 19 de agosto as Festas de Bragança decorrem no Parque do Eixo Atlântico, por onde centenas de milhares de pessoas passam até ao dia do arraial, a 21, para assistirem aos concertos musicais e ao espetáculo piromusical, que tem lugar no último dia de festividades. E se isto já «merece» mais do que uma visita a Bragança, a cidade oferece-lhe permanentemente uma riquíssima e variada programação de acontecimentos culturais e desportivos como sejam: o lançamento de livros; espetáculos de teatro; maratonas de BTT; percursos pedestres; iniciativas aquáticas e ao ar livre, entre tantas outras oportunidades.
Das origens de Bragança As origens de Bragança são muito antigas, remontam, pelo menos, à ocupação romana da Península Ibérica, que durou entre 218 a.C. e 411 d.C. Transitoriamente chegou a chamar-se Juliografia, nome dado pelo Imperador Augusto (63 a.C.-14 d.C.) em homenagem ao seu tio, o grande Imperador Júlio César (100 a.C.-44 a.C.). No período cristão-visigodo (418 d.C.-711 d.C.) manteve-se importante, tendo, no entanto, sido saqueada e completamente destruída nas guerras entre cristãos e muçulmanos (711 d.C.-756 d.C. – 1.º período das invasões). 8
D. Sancho I, para consolidar a linha de defesa da Galiza, deu-lhe foral em 1187, promovendo assim o seu repovoamento. Em 1199, este rei, e após uma investida do rei de Leão, que consegue rechaçar, fixa-lhe definitivamente o nome: Bragança.
O castelo e a cidadela nos finais do século XV
Até D. Fernando I esta vila acastelada pertenceu sempre à coroa, mas este rei deu-a como dote da sua cunhada, D. Joana Teles de Meneses. Após várias vicissitudes, em 1422 é dada pelo Regente de Portugal, D. Pedro, com o título de ducado, ao infante D. Afonso, filho de D. João I e 8.º duque de Barcelos, tendo ficado desde então na Casa de Bragança. Um pouco mais tarde, em 1464, pela importância que foi tendo, foi elevada à categoria de cidade.
Geografia e clima A cidade está encravada nas montanhas do Nordeste Transmontano, a 700 metros de altitude, apenas a 22 km da fronteira de Espanha. É enquadrada por um cenário de montanhas de que se destacam as serras do Milhão, da Nogueira e do Montesinho, e já muito diluída na distância a leonesa serra de Sanábria. Pertence à denominada Terra Fria Transmontana, tem um clima que se enquadra na designação técnica de «clima temperado, com influências continentais e atlânticas». O verão é tipicamente quente e seco e os dias costumam ser soalheiros, durante as ondas de calor a temperatura pode passar dos 35
Terras lusitanas graus Celsius. Durante este período a precipitação é escassa e a maior parte da que cai é devido a trovoadas de fim de tarde. O inver no é longo, frio e húmido e é nesta estação que se encontram os meses mais chuvosos. Apesar disso, longos períodos com dias de sol podem ocorrer. É das cidades portuguesas em que mais neva. Estas características levaram à expressão popular: «nove meses de inver no e três de infer no».
Igreja de Santa Maria
Património monumental Bragança possui uma riqueza patrimonial monumental digna de ser visitada, quer a mais antiga, quer a mais moderna, de que podemos destacar os exemplares que a seguir apresentamos através de curtas memórias descritivas ilustradas com imagens. Igreja da Sé
Situada no lado sul do terreiro do castelo, tem uma obscura origem românica, provavelmente do período da Reconquista cristã pelos guerreiros das Astúrias. A designação Nossa Senhora do Sardão advêm-lhe de, segundo a tradição, ter sido encontrada numa brenha cheia de sardões sobranceira à confluência dos rios Fervença e Sabor, após a expulsão dos muçulmanos. Inteiramente transfigurada após a reconstrução de inícios do século XVIII, apresenta uma fachada pouco graciosa. Tem um portal barroco, com quatro nichos do mesmo tipo. É um exemplar da arquitetura religiosa maneirista e neoclássica, de planta longitudinal composta de três naves e outros tantos tramos. Domus Municipalis
Um dos locais mais emblemáticos de Bragança é a Praça da Sé, onde se encontra o típico Cruzeiro. Ladeando a praça ergue-se o edifício da Igreja da Sé, construído no século XVI em terrenos pertencentes ao Mosteiro Beneditino de Castro de Avelãs para albergar um convento de freiras Claristas. Em 1562 acabaria por ser entregue aos padres da Companhia de Jesus, que em instalações anexas fundaram um colégio. Após a expulsão dos Jesuítas, em 1759, aí se estabeleceu, no ano seguinte, o Seminário Diocesano. A igreja é de uma só nave, com um portal renascentista com influências barrocas localizado lateralmente; o teto subdivide-se em três abóbadas com arcos de cruzaria e mísulas; o altar-mor apresenta talha dourada de estilo nacional; o coro abalaustrado é do século XVIII. Merece visita atenta a sacristia, do século XVII, pela beleza da decoração, pela riqueza das pinturas no teto com painéis (narrando a vida de Santo Inácio) e pelos quadros que ladeiam o arcaz. Também o Claustro merece especial atenção. O edifício, depois de ter sido recuperado, alberga o Centro Cultural Municipal, a Biblioteca Municipal, o Conservatório de Música e o Espaço Memória da Cidade.
Trata-se de um singular edifício, de aspeto pesado e rude, com cinco faces de dimensões todas desiguais (a mais extensa de 14 metros e a mais curta de 3 metros), sendo difícil determinar com precisão a sua origem: chegou a pensar-se ser coetâneo da fundação do Condado Portucalense. A descoberta, pelo Abade de Baçal, de um sinete heráldico de D. Sancho I num dos cachorros internos do edifício leva-nos a concluir que a Outubro 2013
9
Terras lusitanas sua construção pode ter sido da 1.ª metade do século XIII. A instância do referido Abade de Baçal, foi o edifício restaurado no início do século XX, pois estava num grande estado de degradação. Podem distinguir-se duas partes: uma oculta e outra visível. A oculta é a cisterna, a Sala de Água, e sobre esta a ampla sala do Senado Municipal. A iluminação faz-se por meio de uma série ininterrupta de arcadas românicas de volta redonda,
Museu Militar Foi fundado em 1929, ainda no tempo do Regimento de Infantaria 10 aquartelado em Bragança, posteriormente o Batalhão de Caçadores 3. Sob o pretexto da recuperação do castelo, e na sequência da extinção do Batalhão, também o Museu Militar deixou o espaço que ocupa.
Teve a dupla função de cisterna da cidadela e de tradicional lugar de reunião dos homens-bons da vila nos tempos medievais. Nenhum documento histórico se lhe refere como Domus, antes como Casa ou Sala de Água, sendo este último nome o que o povo usava para o designar. Terá sido utilizado como Senado Municipal desde o século XVI. Museu do Abade de Baçal O atual museu é o sucessor do primitivo Museu Municipal de Bragança, criado em 1896. Em 1915 foi criado o atual, sob o nome de Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança. Em 1935, devido à jubilação do Abade de Baçal, passa a designar-se com o atual nome, em homenagem ao erudito, investigador e também seu diretor desde 1925.
Regressaria em 1983 com o acervo original enriquecido por peças de armamento ligeiro, que vão desde o século XII até à I Guerra Mundial. Ocupa todo o interior da Torre de Menagem do castelo, e, para além da função habitual de museu militar, é um espaço de memória das vivências militares da cidade, pois grande parte das peças originais foram doadas pelos habitantes que participaram nas Campanhas de África e na I Guerra Mundial. Museu Ibérico da Máscara e do Traje
O seu acervo integra grande parte do espólio proveniente do Paço Episcopal, do qual se destaca a própria capela. Ao conjunto inaugural juntam-se, em 1927, as coleções do Museu Municipal de Bragança, tendo o fundo inicial sido enriquecido pelas recolhas do Abade de Baçal, nomeadamente peças de arqueologia, numismática, epigrafia e etnografia, e as aquisições de Raul Teixeira. Destaque-se também a coleção de máscaras. As principais coleções que integram o acervo são a Arqueologia, a Epigrafia, a Arte Sacra, a Pintura, a Ourivesaria, a Numismática, o Mobiliário e a Etnografia. O espólio do museu tem sido gradualmente enriquecido através de doações, legados e aquisições.
10
É um espaço museológico relativamente recente, pois foi inaugurado apenas em 2007. Pretende ser um espaço de preservação de memórias e de divulgação as tradições relacionadas com as máscaras do Nordeste Transmontano e da Região de Zamora (pois existe uma parceria entre o Município de Bragança e a Diputación de Zamora – Projeto Máscaras). É um local único onde se podem ver expostas máscaras, trajes, adereços e objetos feitos por artesãos portugueses e espanhóis e usados nas festas de inverno em Trás-os-Montes e Alto Douro e também em Zamora.
Chamadas grátis para Portugal
Europe
Com o tarifário Europe pode telefonar grátis para as redes fixas da União Europeia e dos Estados da ex-Jugoslávia, assim como da Albânia e da Turquia. As chamadas e SMS dentro da rede fixa e móvel TalkTalk na Suíça são gratuitas. Beneficia também dos nossos baixos preços internacionais e recebe ainda um cartão SIM TalkTalk Mobile grátis (valor de 40 Fr.). Taxa mensal: 19.90 Fr.
www.talktalk.ch
Tel: 0800 300 250
Terras lusitanas Sé Catedral de Bragança A Sé Catedral de Bragança foi projetada pelo arquiteto Vassalo Rosa e inaugurada em 2001, sendo a primeira catedral construída no século XXI. Trata-se de um espaço com 10 mil metros quadrados, distribuição dos lugares em anfiteatro e desenho pentagonal da zona envolvente, o que distingue a arquitetura contemporânea do monumento. Consagrada a Nossa Senhora Rainha, toda ela reflete a região onde se insere, desde os materiais de construção à vegetação dos jardins, passando
batatas, nabos e unto; a carne de porco estufada com castanhas. Menos conhecidas noutras regiões do país, as cascas ou casulas (vagens secas de feijão sujeitas a uma cozedura prolongada), permitem confecionar um prato que é um excelente acompanhamento de inverno, principalmente para os butelos. Embora feito a partir de um ingrediente que não existe na região − o polvo −, é tradição este substituir o bacalhau como prato principal na noite da Consoada. Cozinhado no pote, constitui um dos petiscos mais apreciados nas feiras e nas festas. Na doçaria podemos destacar os folares da Páscoa, os ovos doces consumidos com pão, o bolo de mel, as rosquilhas e as súplicas, que têm a particularidade de serem confecionadas apenas com três ingredientes: o açúcar, a farinha e os ovos.
Natureza e ambiente Parque Natural de Montesinho
pela orientação das portas. No interior o sacrário tem a forma geográfica do distrito e os traços da expressão do Cristo, desenhado no painel cerâmico de Mário Silva, atrás do altar-mor, revelam características nordestinas.
Património Gastronómico A gastronomia do concelho de Bragança tem muitas semelhanças com a da restante Terra Fria de Trás-os-Montes. A sua base assenta nos enchidos regionais, o tradicional fumeiro, de que se destacam: o presunto; as alheiras (ou tabafeias); o salpicão e o butelo, entre outros. A partir deste fumeiro, abundante em toda a região, por altura da Páscoa fazem-se os tradicionais folares, que são pão de ovos recheado de enchidos. Um dos pratos típicos mais conhecidos é a posta mirandesa, confecionada com nacos de vitela, que é normalmente servida nos principais restaurantes. Há ainda o cabrito de Montesinho, o cozido e a feijoada à transmontana. Isto no que respeita aos produtos resultantes da manufatura tradicional feita de saberes ancestrais. Mas a estas iguarias ainda se pode acrescentar as que são confecionadas a partir de produtos da caça e da pesca: os caldos de perdiz (com a água da cozedura); a sopa de coelho bravo marinado em vinho branco; o arroz de lebre com repolho; o javali à transmontana e as trutas, oriundas das ribeiras de águas límpidas, que podem ser cozinhadas de muitas maneiras. Os soutos de castanheiros dão as maravilhosas castanhas, com as quais, além das tradicionais castanhas assadas no dia de S. Martinho, se podem fazer outras iguarias não menos saborosas: o caldo de castanha com 12
Poucas regiões se podem orgulhar de possuir um património natural tão belo, rico e deslumbrante como o distrito de Bragança. De entre esse património podemos referir os seguintes rios: Douro (que faz a fronteira do distrito em grande extensão), Sabor, Tua, Tuela, Rabaçal, Baceiro, Mente, Maçãs, Azibo e Onor, alguns com os seus vales profundos, encaixados entre montanhas, em que os desníveis até aos leitos podem ultrapassar 400 metros. As suas margens são maioritariamente rochosas, com algumas planícies de aluvião, as encostas abruptas e com enorme biodiversidade. Ou podemos também referir as serras da Nogueira, da Coroa, de Montesinho, de Bornes e do Mogadouro. Mas o «ex-libris» é, certamente, o Parque Natural de Montesinho, um dos maiores do país.
Em 1979, na área das serras de Montesinho e da Coroa, foi criado o Parque Natural de Montesinho (PNM), sendo uma das maiores áreas protegidas de Portugal. Com uma superfície de 75 000 hectares, tem no seu território cerca de 9000 habitantes, distribuídos por 92 aldeias. É constituído por uma sucessão de elevações arredondadas, formando um relevo heterogéneo, com planaltos
Terras lusitanas
ondulados cortados por profundos vales encaixados entre elas. De entre as diversas elevações, temos as duas serras mais importantes: a de Montesinho, a norte de Bragança, e a da Coroa, a norte de Vinhais. As suas altitudes variam entre os 1486 metros, na Serra de Montesinho, e os 438 metros, junto ao leito do rio Mente. Nesta paisagem as aldeias, aninhadas em pontos abrigados e discretos, passam facilmente despercebidas aos olhos dos visitantes ocasionais menos familiarizados com estas realidades. Nele existe extensa biodiversidade, habitando espécies como o lobo-ibérico, a corça ou o veado. A norte o Parque conflui com Espanha, ao longo da fronteira com as comunidades da Galiza e de Castela-Leão;
a oeste e a este conflui também com Espanha, com as mesmas comunidades. A oeste faz ainda, numa pequena extensão, fronteira com o concelho de Chaves, prolongando-se a sul pelos de Vinhais e de Bragança. É atravessado por alguns dos cursos de água mais importantes da bacia hidrográfica do Rio Douro. Na parte de Bragança o Sabor, o Maçãs, o Baceiro e o Fervença (que passa na cidade). Na parte de Vinhais o Mente, o Rabaçal e o Tuela. Dentro do Parque há uma praia fluvial, junto à ponte da estrada de Sobreiró de Cima (uma das entradas da Rota da Terra Fria), na zona de Lomba. Estes rios, de vales profundos e água ora cristalina ora negra, com propriedades termais ou simplesmente refrescantes para o calor tórrido do verão desta região, serpenteiam vales tão depressa inóspitos como verdejantes e cheios de vida, tanto animal como vegetal. É possível encontrar, a espaços, os ancestrais moinhos, muitos deles ainda utilizados pela população, assim como milenares pontes romanas que ligam as suas margens. Estes rios constituem um bom atrativo para a prática da pesca, especialmente de trutas, bogas, barbos e de escalos. Havendo vários parques naturais em Portugal, o que dá a este características únicas é a forma como ao longo dos séculos as populações souberam integrar-se harmoniosamente na paisagem, apesar das peculiaridades geoclimáticas. Câmara Municipal de Bragança Gabinete de Apoio, Relações Externas Forte S. João de Deus • 5300-263 Bragança Tel.: 273 304 279 • Fax: 273 304 298 • www.cm-braganca.pt
assinatura anual Suíça:
20 Frs 20€
Resto da Europa:
Para maior comodidade e ter a certeza que Lusitânia Contact chega até si, assine e ofereça assinaturas aos seus amigos. Fotocopie este cupão e, por favor, devolva-o ou contate-nos por e-mail.
Nome.................................................................................................. Morada............................................................................................... .................................................................................................. Código Postal ................................
Cidade....................................
Tel........................................... E-mail.................................................. Lusitânia Contact CP 117 • 1211 Genève 8 • Suisse comercial@ilustrevasion.com
Outubro 2013
13
Gastronomia bragantina (Receitas retiradas do livro Comeres Bragançanos e Transmontanos, da autoria de Armando Fernandes, publicado pela Câmara Municipal de Bragança)
Butelo de Bragança
Enchido fumado com carne e ossos
Cascas (casulas) com butelo
Bexiga de porco recheada com costela de porco, ossos e carne da suã, rabos e rabadas. As carnes são temperadas com sal, pimentão e alho. O enchido é a seguir fumado. Cada butelo pesa cerca de 1 kg e apresenta uma forma esférica irregular, sendo visível do exterior a presença dos ossos e cartilagens.
De véspera, deixe a demolhar um quilo de cascas ou casulas (vagens de feijão secas e cortadas em bocadinhos). Coza-as em água e sal com um butelo. À parte, leve também a cozer os pezinhos de porco, a orelheira e algumas costelas. Retire o butelo e as outras carnes e parta-as aos pedaços. Coloque tudo numa travessa e regue bem com azeite cru. In Alfredo Saramago, Cozinha Transmontana. Lisboa: Assírio & Alvim, 1999.
Saber-fazer Os ossos e cartilagens, ainda com alguma carne agarrada, são cortados em pedaços de 3 a 4 cm, sendo depois colocados em alguidares onde ficam a marinar durante 2 a 3 dias com tempero de sal, pimentão e alho. As bexigas, devidamente lavadas, são cheias com aquele preparado, sendo fumadas durante 10 dias em lume de lenha de carvalho e azinho. Uso O butelo constitui um prato principal, é acompanhado com batata cozida ou arroz e feito na própria água da cozedura. É tradicionalmente confecionado no sábado de Carnaval. In Soeiro, Ana Correia (coord.). Produtos Tradicionais Portugueses. Lisboa: Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2001.
Tarte de Grabanços
Ingredientes (8 pessoas) 500 gramas de açúcar; 1/4 litro de água; 50 gramas de manteiga; 100 gramas de amêndoa; 10 gemas de ovo; 1 colher de sobremesa de canela; 150 gramas de grão-de-bico. Preparação Ponha água a ferver num recipiente com o grão-de-bico já previamente cozido e passado com a varinha. De seguida junte a amêndoa com a canela e o açúcar, envolva a manteiga e deixe ferver durante 5 minutos. Misture as gemas neste preparado. Depois de bem misturado leve ao forno a 180º durante 30 minutos. 14
Pudim de castanhas
Coza meio quilo de castanhas, limpe-as das peles e reduza-as a puré. Junte ao puré duas colheres de sopa de farinha e cerca de setenta e cinco gramas de manteiga derretida. Bata muito bem meio quilo de açúcar com doze gemas de ovos e junte ao puré. Unte uma forma de pudim com manteiga e leve ao forno a cozer. In Alfredo Saramago, Cozinha Transmontana. Lisboa: Assírio & Alvim, 1999. Câmara Municipal de Bragança Gabinete de Apoio, Relações Externas Forte S. João de Deus • 5300-263 Bragança Tel.: 273 304 279 • Fax: 273 304 298 • www .cm-braganca.pt
Memórias
Visão antiga Ernesto Rodrigues Prof. Universitário, Poeta, Crítico literário 123.ernesto@gmail.com
É assim: uma cidade amável, na breve cruz que vai de São Francisco ao comboio de via única, da Avenida do Sabor à Flor da Ponte. Estende-se, claro, de São Sebastião até Vale d’Álvaro, e sobe de São Lázaro ao Alto das Cantarias, ou vira para a estrada de Vinhais; mas, no essencial, roda pela Praça da Sé e suas saídas, sendo a Mosca um fim de mundo (primeira estação dos cavalos a vapor), uma aventura de saias a Estrada de Turismo, voto de fé o monte de São Bartolomeu, no 24 de agosto. Era uma cidade repousante, cuja arqueologia milenar só agora começa a entrever-se, e que respira futuro. Os cafés do centro são a eterna festa da melancolia – Flórida e Chave d’Ouro, em particular, desaparecidos o Central, o Moderno… −, sem muito a dizer, se a juventude não acabasse, como tudo; à noite, semicerradas, há baiucas manhosas, e um, mais restrito, antigo Centro Republicano Emídio Garcia, ou Clube de Bragança, onde viciados batem forte a cartas e dinheiro, entre episódios culturais bissextos. Aos domingos, ecos de uma peladinha mal jogada, primeira divisão inacessível ao Grupo Desportivo. No verão queimando cruzeiro, a sombra branca dos Jesuítas é um consolo, encostados à cal puída, que ali corre velho e novo, um feireiro de socos ou chancas, mulher de escuro e lenço na cabeça, menina frágil de olhos no chão que nos prende entendimento. Por algumas horas, não há outra humanidade. Suamos uma vida a repetir inanidades. Oh, que tempo perdido! Nas suas pedras vigiles, que o frio escovou, esta princesa é um segredo de poucos sorvido: requer uma carícia em seixo milenar, olhar sobre brasão, ou decrépita janela de guilhotina, enquanto nos demoramos, agora, sobranceiros ao Rio Fervença, que o município despoluiu. Ela rejuvenesce; nós envelhecemos. Nos próximos cafés Almeida e Floresta, vi o Campeonato do Mundo de Futebol, em 1966, sentado no chão; no Cine-Teatro Camões (que vai arder), entrei também com dez anos – disse ter doze, minha única mentira em toda a vida −, sob olhar inquisidor de porteiro, que me vira correr na Rua Oróbio de Castro. Ao alto, a Pousada de São Bartolomeu marca distâncias: é um espaço de desejo intransponível. As portas da cidade são amplas, abertas desde longe, e maiores os corações. Descansam os peregrinos; visitam igrejas, museus, granito restaurado, vielas; pasmam nas luzes do castelo (cujas cercanias devem ser apreciadas de perto, em ângulos, ameias, muretes suavemente iluminados; subitamente, ravina escura desce para o rio); e, à mesa, saboreiam petiscos, provam alheira bem tostada, um queijo intenso, devoram sem contrição, como se não soubessem comportar-se, ou a gula não fosse pecado (que, nestas bandas, não é, antes maná divino). A natureza, genuína, tudo concede. E, sejamos claros, há virtudes que só um estômago acomodado sabe cantar. O vinho espuma nos lábios, recreia-se na garganta.
16
Ernesto Rodrigues contempla o Rio Douro
Houve um tempo em que se falava nos deficientes de Vale d’Álvaro, que parecia um fim de mundo: hoje, prédios e rotundas fizeram-nos esquecer, porque não há diferença entre os homens, mesmo se a distraída bondade de Deus os distinguiu. Lepras de alma, sim, todos conchos, peito cheio, por muitas décadas de vénias, sorrisos de lhes tirar o chapéu, línguas de áspide, quando, melífluos em discursos sarotos, legionários de nariz empinado e informadores da polícia política ludibriavam vozes soltas, davam palmadinhas na amizade, trauteavam vivas ao azar que salga povos, combinavam gestos viscosos frente a ditadores e aprendizes, davam pultricas no rebusco de consciências. Usam fato preto, gravata preta, sapatos pretos, camisa branca. Quem lhes deitasse um baraço ao gasganete… Cáfila de tristes, de imbecis, de tristes imbecis! Indicaram-me alguns em 20 de fevereiro de 1964, na sombra de discursos que me cansavam as pernas. Mas não percebi, sendo todos ilustres, nem era bonito apontar (eu dizia aputar, sem maldade): tinha oito anos inocentes, aqueles fatos negros de festa luziam de respeito e sisudez, e uma garota da minha idade, em soquetes brancos, lacinho na cabeça, loira cabeça, segurava uma salva de prata nas mãos, sorrindo na minha direção. Revejo-a, descoberta há instantes entre recortes e manuscritos que nunca devolvi. Eu apareço noutra fotografia, cheia de arroz, desenfiando a curiosidade entre as calças esgodadas de gente da vila. Quanto aos falsos, sumiram-se nas leprosarias logo fechadas com um 25 de Abril demasiado brando. Reptilaram por esquinas e becos, cuspindo visco, à espera da morte, senão de outro, sem par, sem rival, imaculado António de Oliveira Salazar. A Primeira Guerra Mundial e o Ultramar mataram alguns, que nada de nosso defendiam, em bens e certezas. As doenças venéreas, também, embora se vencesse um que outro esquentamento com soluções mal enjorcadas. E a tuberculose. A emigração, nem se fala: desde o século XV, Oriente, África, Brasil, Europa, levaram-nos meio país. Nunca, porém, se atirou ninguém para as franjas do burgo, ainda quando, em pelota, se passeavam na neve, nem se proibiu entrada nas igrejas de Santa Clara ou da Misericórdia (que ficavam mais perto) ao Lelezinho e ao Verbo.
Memórias Que bem se bebia, se petiscava, até ao exagero, no Verbo! Ensertava-se um pão, que era de aguar (in-augar, dizíamos) por mais. Um chouriço, pica-pau, azeitonas, copo baço tinindo no jarro vermelho. Que saudades do ti Augusto, sentando-se connosco à mesa! Noites: onde ides? O Lelezinho ficou para semente, na sua doce sandice. Esfoura-se, sem dar por isso, e quem o não conhecer há de apodá-lo de labrego, lapantim, larego, belouro andante. Dissolve-se na frieza crescente de recém-chegados. E vê-lo de cabelos brancos é um desgosto, também por nós. Já uma vergastada davam estudantes a certos professores que eu cá sei, ao dobrar o Principal, que suscitava esta deixa: − O que fica ao fundo das costas? – aludindo às costas Grande e Pequena. − O Principal. E, jamais confessando pecados, fosse tempo de desobriga ou não, jovens vadios comungavam com a unção de uma touquinegra leitosa da Casa do Arco. Eram eras difíceis, mas enrijeciam-nos. O desemprego, de que agora tanto se fala, só para dizer alguma coisa (como se em cada comentário se descobrisse a pólvora), era um estado de alma, se ninguém morria à fome. Lá se ia comendo. Hoje, é um flagelo, um luxo de patrões, de economia seca e mirrada assente na célebre dívida soberana, no acesso aos mercados, que jamais se há de pagar, enquanto o crescimento é miragem, embora devesse ser preocupação maior. O desemprego importa à nossa história; é um mal que vem por bem. Quem não estudava fazia-se arteiro, atrás de um balcão. Não me caíram os parentes na lama, quando também eu servi ao balcão, nas férias. Eduquei-me cedo na sobrevivência, mal fui expulso do seminário. Sempre cumpridor, para agrado de comerciantes. Não caíram na lama, porque não tinha parentes. Os avós deixaram um pecúlio, que um bom padre administrou; morreu na véspera da minha expulsão. Isso eu soube depois, por um patrão generoso, benemérito da diocese, que me aconselhou o liceu, adiantando uns cobres.
Mulheres perdidas davam assistência mal remunerada, séria, sem as poucas-vergonhas de hoje: enfiava-se e já está. Com Belzebu na barriga, não muitas, havia umas lingrinhas, as «demoninhadas», que a sabiam toda, mas o treino dos senhores padres em exorcismos também era fraco, e, quanto à carne, nem se fala. No capítulo de copos, salve-me Deus, essa, sim, a grande peste, uma pinga de trás da orelha, poderosa, que nem vinho fino de galhetas, e nos obrigava a andar de lado. Vinha da Terra Quente algum sustento, em fruta e hortaliças; mas só coisas temporãs, que, na verdade, enquanto não se fez capital de serviços, o termo da cidade a si mesmo se bastava. Neste sobrevoar − chego um guiço ao calor da memória, saco fole do trasfogueiro para assoprar um coração húmido, que está a merujar −, falecem, eu sei, ritos, festas, procissão em dia de Senhora das Graças, entrudos e máscaras, primeiros de dezembro patrióticos e bêbedos, lençóis brancos da paisagem gratos ao olhar. Falta muita coisa, que nem eu sei. Lá fora, frio; dentro, puxo uns erbanços daqui, casulas dalém (não é a melhor ligação), olho a ceva no fumeiro, e passa-se a noite neste rememorar. Um grão de doideira aquecia os corpos mal ensaboados. Éramos (vá lá) homiziados da vontade, que nem sempre escapa ao lugar. Fixámos o cintilar do instante, difícil de exprimir; tecíamos amigos para o resto da vida. É esse resto da vida que me falta contar, colocando um ponto final nesta dívida, pessoal − se é que vemos bem no sincelo de cinquenta anos, tantos os que me lembram, desde que, era eu ainda menino, vivia na Rua Oróbio de Castro, nome de um bom marrano, gostava de correr ao castelo, dar a volta (às vezes, com os intestinos em pânico, a bexiga a pesar, baixando calças, sem cerimónia, onde houvesse folhas ou um rebolo), e, andor!, entrar pela porta mais distante, terreiro e empedrado onde meus avós brincaram, também crianças, com a memória de D. João de Portugal e Castro, filho da terra, e de nossa senhora, a gloriosa D. Inês de Castro, que Deus tenha, a qual aqui veio casar, Inês, como se chamava meu primeiro amor, roubada à luz destes olhos, quando tínhamos dezoito anos... Ernesto Rodrigues, A Casa de Bragança, Lisboa, Âncora Editora, 2013.
DO MOVIMENTO OPERÁRIO Não deixa de ser curioso como, a tremer de frio, vou encontrar, num museu, a forja de meu pai. Ele emigrou em finais de 66, não consoou já connosco, nesse natal. No baixo, continuava tudo igual: cheiro a ferros, o coração do fole em repouso, a bigorna em recolhimento. Em dezembros seguintes, quando voltava, não dei por que houvesse mudanças. De facto, a minha educação não descia à oficina e, por isso, martelares sob a sala onde eu escrevia, demoras do pai na comida que arrefece, nunca gostei de trabalho escravo − e quanto a mãe se ralava! No entanto, ele era um artista de primeira. Solda mais perfeita! mãos mais empreendedoras! Com elas eu lia, estudei, dali fugi. Ontem (tão fora de natal, ainda), como de volta a casa de meu pai, reconheci que
vasto sopro se acalenta na ferrugem dos materiais, trazidos de ruturas várias, despertando em cada consciência. Eis porque, agora que de vez emigrou para a sua própria casa, não encontrará, na oficina, as brasas extintas ao cabo de quinze anos. Nem, para exercer o gesto cuidado, os seus instrumentos. Ganhou riquezas caras: almoço a horas certas; o prazer de, num domingo, dar um salto ao museu e fazer perguntas aos objetos. Confirmarei termos doado a forja, tenazes, o coração do fogo, bigorna, martelos. As devolvidas mãos eu pedirei, coisa de segundos, a meu pai. O tempo de, sem os irmãos verem, lhas beijar; depois, beber um copo à saúde. Ernesto Rodrigues, Do Movimento Operário e Outras Viagens, Lisboa, Âncora Editora, 2013.
Outubro 2013
17
O mirandês
Um país, duas línguas Flávio Borda d’Água Historiador f.bordadagua@gmail.com
Falar do distrito de Bragança sem evocar o mirandês é, segundo a consagrada expressão popular, como «ir a Roma e não ver o Papa». Poucos sabem que, afinal, a República portuguesa têm duas línguas oficiais: o português e o mirandês. Esta existência oficial é relativamente recente, remontando a 1999, a partir da publicação da Lei n.º 7/99, de 28 de janeiro. Nela, concretamente no artigo 2, diz-se: «O Estado Português reconhece o direito a cultivar e promover a língua mirandesa, enquanto património cultural, instrumento de comunicação e de reforço de identidade da terra de Miranda [do Douro]». Desta forma criou-se um pequeno Estado (linguístico) dentro do Estado e as instituições públicas locais, ou as sediadas no concelho de Miranda do Douro, passaram a emitir os seus documentos acompanhados de uma versão em mirandês.
Aldeias onde se fala o mirandês
O mirandês é uma língua que tem como base o asturo-leonês (das regiões das Astúrias e de Leão), e é falada por cerca de 15 mil pessoas no concelho de Miranda do Douro e em apenas três aldeias do concelho de Vimioso. No entanto, a sua influência é mais extensa e podemos encontrá-la nos concelhos de Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e mesmo Bragança. Quanto à sua sonoridade, podemos dizer que a língua portuguesa é muito mais cantada por ser considerada pelos falantes do mirandês uma língua culta, fidalga e importante. O mirandês tem três subdialetos (o central ou normal, o setentrional ou raiano e o meridional ou sendinês). Os seus falantes são, na maior parte, bilingues ou trilingues, falando também o português e, por vezes, o castelhano. O percurso até ao reconhecimento por parte do Estado português foi longo, devido ao facto de se ter de provar a real existência de uma prática quotidiana e tradicional ininterrupta durante anos. Foram então tomadas certas medidas para a sua defesa, que conduziram, inevitavelmente, à lei atrás referida. Para defender esta língua foi proposto, a partir dos anos de 1986/87, o ensino opcional nas escolas do ensino básico do concelho de Miranda do Douro. O impacto foi bastante grande e rapidamente a população mirandesa jovem respondeu ao apelo da aprendizagem desta língua, inscrevendo-se nela.
Planalto mirandês
A afirmação e o reconhecimento, público e oficial, de uma «nova» língua não é fácil e demora o seu tempo. O valor patrimonial da língua foi, sem dúvida, o que fez que este passo importante tivesse sido dado. É inútil lembrar que num mundo cada vez mais globalizado – onde o globish, mais do que a língua de Shakespeare, se afirma cada vez mais –, as identidades linguísticas têm vindo a sofrer bastante e alguns idiomas estão mesmo em vias de extinção. A longa caminhada do mirandês até ao seu reconhecimento oficial foi, no entanto, um combate atípico, pois colheu rapidamente uma certa simpatia por parte das restantes regiões portuguesas. Mas, afinal, o que é o mirandês?
18
Para facilitar a aprendizagem, cultivar o gosto e divulgar o mirandês era necessário que as diversas gerações pudessem estar em contacto com ele no seu quotidiano. Foram, por isso, promovidas pelas autoridades locais uma série de ações, como a publicação de livros, quer oficiais, quer literários, em mirandês. É de notar que semelhante atitude foi adotada nos últimos anos pelos falantes e fervorosos defensores do schwiizerdütsch, tendo, certas obras, como as bandas desenhadas do Astérix, sido traduzidas nes-
Placa de identificação de uma rua na aldeia de Genísio
O mirandês ta «língua» helvética. O que se torna curioso neste exemplo é que o Astérix foi também a obra escolhida para ser traduzida em mirandês. Curioso devido ao facto de não ser dos textos mais fáceis e adaptáveis à tradução. A dificuldade que se encontra nesta banda desenhada é, nomeadamente, a questão dos trocadilhos, que para serem traduzidos necessitam de um conhecimento extremamente preciso, tanto da língua de partida como da língua de chegada. Eles inscrevem-se, na maior parte do tempo, numa cultura local e linguística que é necessário transpor para a versão traduzida. Traduzir então esta banda desenhada noutra língua e manter o aspeto dos trocadilhos e do humor que transmitem exige, sem dúvida, uma verdadeira maestria. A língua mirandesa passou também a ser usada com uma certa frequência em festas e celebrações da cidade e, mesmo ocasionalmente, nos meios de comunicação social, assim como na toponímia e nas fichas descritivas de monumentos históricos ou religiosos, ao ponto de passar a ser um objeto de estudo em linguística nas universidades de Lisboa e de Coimbra. Desde então, a valorização do mirandês tem tido um certo desenvolvimento, nomeadamente através de traduções oficiais de textos, mas também através de uma certa difusão pelas novas tecnologias e pela Internet: foi mesmo criada uma Wikipédia em mirandês, a Biquipédia, e disponibilizados sítios da Internet em mirandês, entre eles o Photoblog e o WorldPress.
Placa de informação na Sé de Miranda
Hoje é uma língua em constante evolução no que diz respeito ao número de falantes e que reforça, mais uma vez, a diversidade cultural que existe em Portugal. Uma língua deveras nova que reflete a tradição secular da província transmontana. Mas, e apesar destas medidas, o mirandês corre atualmente perigo devido ao desenvolvimento da comunicação social, através da televisão e de outros «media», assim como das pressões que sofre do português e do castelhano.
Outubro 2013
19
Escritores portugueses
Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes
Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sarafernandez1976@hotmail.com
Miguel Torga escreveu no seu Diário XI: «De todos os mitos de que tenho notícia, é o de Anteu que mais admiro e mais vezes ponho à prova, sem me esquecer, evidentemente, de deduzir o tamanho do gigante à escala humana, e o corpo divino da terra olímpica ao chão natural de Trás-os-Montes […]. Sempre que, prestes a sucumbir ao morbo do desalento, toco uma destas fragas, todas as energias perdidas começam de novo a correr-me nas veias. É como se recebesse instantaneamente uma transfusão de seiva. Sei, contudo, que o prodígio não aconteceria sem a força amorosa do meu apelo, que as virtudes terapêuticas da fonte estão também na certeza da sede de quem bebe.» É desta maneira que o escritor Miguel Torga caracteriza a região onde nasceu – Trás-os-Montes –, como uma terapia que lhe dá força. Basta a visão da sua terra transmontana para que a alegria o invada e o encha de energia vital e positiva. Miguel Torga é considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX. Nascido em Agosto de 1907, na província de Trás-os-Montes, teve uma origem rural e humilde. Como acontecia frequentemente na época com as famílias sem recursos, o jovem foi mandado, em 1917, para o Porto, a fim de servir como criado em casa de uns parentes. Um ano depois foi mandado para o seminário de Lamego para estudar para padre, algo que não se concretizou por falta de vocação. Emigrou para o Brasil em 1920, mandado chamar para trabalhar na «fazenda» de um tio. Como recompensa dos anos que lá trabalhou, esse tio decidiu pagar-lhe os estudos. Assim, o jovem volta para Portugal em 1928 e entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Em 1933 termina a licenciatura e decide montar consultório na sua região natal, Trás-os-Montes. 20
Miguel Torga parece ter iniciado a sua vida literária em 1929, com a colaboração na revista Presença, fundada em 1927 por José Régio, João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca – todos eles grandes vultos da cultura portuguesa do século XX. Abandonou-a por discordar dos princípios artísticos dos colegas e seguiu a sua carreira literária de maneira independente, pagando as suas publicações do próprio bolso, sem estar dependente de nenhuma editora. Durante a sua vida literária foi distinguido com vários prémios nacionais e estrangeiros, entre eles o Prémio Camões, em 1989, e o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1992. Miguel Torga publicou a sua última obra em 1993 e faleceu em 1995, vítima de um cancro. Um dos traços distintivos da obra de Miguel Torga é o apego à terra e à ruralidade transmontana. A paisagem da sua terra está presente nos seus textos, seja nos poemas, nos diários, na sua biografia romanceada – Criação do Mundo –, ou no universo dos seus volumes de contos. As fragas, as escarpas, as plantas e os animais seguiram Miguel Torga através dos sítios onde viveu e para onde teve de emigrar. A Trás-os-Montes o escritor associava a infância pobre mas feliz e livre, e sempre considerou a região transmontana um paraíso natural e cheio de valores de força humana. Na entrada de «1 de Outubro de 1953», do seu Diário VII, o escritor afirma: «No fundo, foi bom eu ter abandonado a casa paterna quase ao nascer. Fiquei sempre a ver as palhas do ninho como penas de aconchego. Não houve tempo para a mínima erosão. Envolvidas numa redoma de saudade que nunca foi quebrada, as impressões infantis guardam toda a pureza de um amanhecer sem ocaso. Intemporal e mítica, a paisagem geográfica é nos meus sentidos uma perpétua miragem; quanto à outra, à humana, tais virtudes lhe descubro, que parece que só junto dela sou gente.»
Escritores portugueses Mas não é somente a natureza que Miguel Torga caracteriza como forte. O homem transmontano é um português habituado às durezas do trabalho, do clima e da paisagem que o rodeia. É essa dureza que o faz ter princípios rectos e inflexíveis. Na entrada do dia «20 de Março de 1987», do seu Diário XV, o escritor explica como vê o carácter do homem transmontano: «Heróis altivos, cingidos às leis da condição, desde o nascimento que estão acostumados a enfrentar os caprichos do destino por sua conta e risco, mesmo quando afiançados. [...] Portugueses, como é evidente, viram a luz do dia nas terras altas de Trás-os-Montes [...]. Têm, pois, todos os traços fisionómicos da região. Duros e terrosos.» Também na obra Traço de União, em 1969, é referida a força do carácter do homem transmontano: «Onde estiver um transmontano está qualquer coisa de específico, de irredutível. E porquê? Porque, mesmo transplantado, ele ressuma a seiva de onde brotou. Corre-lhe nas veias a força que recebeu dos penhascos, hemoglobina que nunca se descora.» Miguel Torga assume-se como herdeiro da força da terra e da região transmontanas. É algo que não pode evitar porque lhe está no sangue. Tal como afirma no Diário XVI: «Não tenho fronteiras espirituais, mas trago gravados nos cromossomas os marcos da minha freguesia e a fisionomia dos meus conterrâneos.» É a região transmontana da serra do Marão que fica para sempre na memória do poeta e consegue despertar sentimentalismo num carácter tão duro. No primeiro volume do seu Diário o escritor não se envergonha de exclamar com toda a emoção: «Este Trás-os-Montes da minha alma! Atravessa-se o Marão, e entra-se logo no paraíso!» Também a memória da emigração esteve sempre presente na vida deste autor. Na entrada do volume XII do seu Diário, do dia «4 de Junho de 1977», aquando da entrega de um prémio na XII Bienal de Knocke-Heist,
Miguel Torga recorda o seu percurso de vida desde as agruras da emigração até ao êxito como um dos mais reconhecidos escritores portugueses do século XX: «As voltas que a vida dá, e como acaba por atar as pontas para se fechar num círculo simbólico! Quando há sessenta anos, como emigrante, desembarquei no Rio de Janeiro do porão de um navio, esperava-me no cais um sujeito desconhecido com a minha foto na mão, a fim de me identificar; há pouco, ao descer do avião, aconteceu coisa parecida: uma senhora, igualmente estranha, erguia à porta de saída, um grande cartão onde li, entre comovido e divertido, o meu nome. O rapazinho de outrora ia comer o pão que o diabo amassou; o velho de agora vinha receber um prémio internacional. O prémio de ser fiel às origens, e de ter sempre, como os antepassados, mourejado na mesma humildade e tenacidade, de enxada na mão ou de caneta na mão.» E este é o sentimento que é comum a toda a alma que sofre as dificuldades de ter que deixar a sua terra natal em condições precárias e, com tenacidade, mas sem comprometer os princípios e valores, construir uma vida confortável e de êxito. Afinal, o sentimento nostálgico do emigrante é universal, comum a todos os homens… tal como a nostalgia do regresso ao país natal. E é com o poema do autor intitulado «Regresso», que apela ao coração de quem sente saudades da Pátria, que termino este relato do percurso vivencial extraordinário de Miguel Torga. REGRESSO «Regresso às fragas de onde me roubaram. Ah! Minha serra, minha dura infância! Como os duros carvalhos me acenaram, Mal eu surgi, cansado, na distância! Cantava cada fonte à sua porta: O poeta voltou! Atrás ia ficando a terra morta Dos versos que o desterro esfarelou. Depois o céu abriu-se num sorriso, E eu deitei-me no colo dos penedos A contar aventuras e segredos Aos deuses do meu velho paraíso.» (Diário VI)
O poeta é um rebelde que sabe que a poesia só subverte porque transfigura (Miguel Torga)
Outubro 2013
21
Poesia SONETO
MIRANDELA
2011, 5 de janeiro: há feira rija, lá na minha Torre de Dona Chama – ou havia, antes, no tempo da penúria, mas não fome.
Deslumbra o nosso olhar, descendo a estrada, vê-la espalhada ao fundo pelo vale...
Agora, não se come, sendo espúria razão que dão mandantes; por mim, dou num dia a dia corre-corre, já entregue por inteiro ao que vinco
- As casas debruçadas sobre o Tua onde vem ter o curso (e continua) das águas do Tuela e Rabaçal À volta são extensos olivais e outra vegetação enchendo espaços...
fundamental: ser parco, não sovina; não enganar vizinho, pois também não me engano. E, ah, não chorar
- Um acenar como quem ama mostrando com carinho esses sinais e com fulgor!
Reis, Santos, feiras dignas de Plutarco. Ser vaso de cecém, trilado ninho, Sol, Lua – que, a par, fabricam dia.
São gentes de Valpaços, Macedo, Vila Flor, Torre de Dona Chama...
Ernesto Rodrigues In Do Movimento Operário e Outras Viagens 123.ernesto@gmail.com
Gentes de Trás-os-Montes cuja glória se espalha bem por séculos de História no passado! E que hoje ainda ostenta nas coisas, nos espaços que apresenta, um brilho que quer ver continuado!
O MEU POEMA PARA A VERA (força Vera) Porque será que sinto esta brisa molhada O céu está à espera de pessoas do criador A vida não se sente sem rosto do nada Esta estranha forma que me suga e me dá dor Esta força que me faz padecer Esta força que me faz sofrer Não é mais forte, não é mais forte Do que a minha força em querer viver Ilusão e formas de brilhar secretas Na minha viagem ao mundo do amor Um oásis de palavras em casa de poetas E um perfume de alegria sem sabor Esta força que me faz enlouquecer Não é mais forte, não é mais forte Do que a minha vontade em querer vencer Adelino Sá gazetalusofona@gmail.com
QUADRAS Princesa de arminho vestida Airosa cidade de Bragança Do Norte a mais garrida Cidade - progresso que avança. Amílcar Figueiredo amilcar.figueiredo@ilustrevasion.com
Que direi de ti Bragança, Entre o Fervença e o Sabor Os vivos dão-te carinho, - Deram-te os mortos valor! P.e M. Ferreira 1.os Jogos Florais de Bragança, 1972, jornal Mensageiro De Bragança 22
Paremos no jardim à beira-Tua... Olhemos o espectáculo de luxo que dá aquela altura do repuxo espumando sobre a água onde flutua um ar bem merecido de descanso (Que o Tua tem ali o seu remanso vivendo os sonhos seus à luz da lua) Olhemos a romana ponte bela de arcos desiguais que lhe dão graça! Vejamos a alegria de quem passa sobre ela: - Com ar de tanto orgulho os habitantes - Com fotos em sorriso os visitantes Ao lado a ponte nova; Em frente a rua principal que por mais concorrida é apenas pedonal; E a graça da cidade continua por extensa avenida, até ao seu final. Cidade onde um comboio tão atraente nos guia até ao sonho... É calma trasmontana o que se sente ali desde o começo! Mirandela, são pobres estes versos que componho já que ao de leve apenas te conheço... Mas prometo voltar com tempo e calma para melhor te visitar! A ti, que entraste fundo na minha alma Já que comigo vieste no olhar! Joaquim Sustelo In Caminhos da Vida jsustel@hotmail.com
M
O
B
I
L
I
E
R
S
U
R
Ch. Louis-Hubert 2 1213 PETIT-LANCY GENEVE, SUISSE Telephone: 022 796 98 24 FAX: 022 796 98 47 info@cuisiform.ch
M
E
S
U
R
E
Especial Portugal
O 5 de outubro de 1910 Reto Monico retomonico@gmail.com
Este feriado foi recentemente abolido pelo governo português. Mas, desde 1911, o que é que se comemora todos os anos no 5 de outubro? Neste artigo pretende-se responder à pergunta explicando, por um lado, como caiu a monarquia em Portugal e, por outro lado, como Alberto de Oliveira (1873-1940), o chefe da Legação portuguesa em Berna desde 1902, reagiu, na capital suíça, a esta viragem na História de Portugal. a) Em Lisboa…. A dinastia da Casa de Bragança, que reina desde 1640, tem de enfrentar várias crises na viragem do século, nomeadamente, um grave conflito diplomático com a Inglaterra, em 1890. Mas é com o assassínio do rei D. Carlos (1863-1908) e do príncipe herdeiro Luís Filipe (1887-1908), a 1 de fevereiro de 1908, que fica praticamente decapitada. Nestas circunstâncias dramáticas D. Manuel (1889-1932), o segundo filho, ligeiramente ferido no atentado da Praça do Comércio, em Lisboa, chega ao trono ainda adolescente e totalmente impreparado (era o irmão que estava a ser formado para um dia subir ao trono). Durante o seu curto reinado, de 32 meses, suceder-se-ão seis governos. O Partido Republicano Português (PRP) começa a ter mais força a partir de 1907, embora dividido entre a corrente «legalista» e a «revolucionária». No Congresso de Setúbal (abril de 1909) nomeia-se uma comissão para organizar e dirigir a revolta, mas é no ano seguinte que os preparativos se aceleram. Depois de algumas tentativas falhadas, durante o verão, o plano é elaborado por dois oficiais da Armada, em setembro de 1910. Reunidos a 2 de outubro de 1910, os conspiradores republicanos decidem desencadear o movimento no dia seguinte. Apesar do assassínio de Miguel Bombarda (1851-1910), um dos chefes da conspiração, dois regimentos e dois navios revoltam-se — ao mesmo tempo D. Manuel está no jantar em honra ao presidente do Brasil, Hermes da Fonseca (1855-1923) — e os rebeldes tomam o Quartel da Marinha. No entanto, muitos regimentos ficam de fora do movimento e o ataque ao Palácio das Necessidades — onde se encontra o rei — fracassa completamente. As forças militares parecem estar quase todas do lado da monarquia. Na madrugada do dia seguinte, 4 de outubro, cerca de 500 rebeldes, militares e civis mal armados, chegam à Rotunda (hoje Praça Marquês de Pombal), ao cimo da Avenida da Liberdade. Bombardeados por tropas fiéis ao regime, conseguem resistir apesar da deserção de 24
Alberto de Oliveira (1873-1940) Fotografia publicada na ocasião da saída do seu livro Memória da vida diplomática. Oliveira — também poeta, escritor e crítico — entra na carreira diplomática em 1896 e representa Portugal durante quatro décadas e quatro regimes: a Monarquia constitucional (1820-1910), a República (1910-1926), esteve em Berlim, no Rio de Janeiro, em Buenos Aires e no Chile, a Ditadura militar (1926-1933), foi, nomeadamente, ministro na Legação portuguesa em Bruxelas, e o Estado Novo (1933-1974), foi, nomeadamente, embaixador em Londres entre 1935 e 1938 (Fonte: ABC, 23 de fevereiro de 1926)
mais de duas centenas de homens. Outra má notícia para os republicanos é o suicídio de Cândido do Reis (1852-1910), o grande líder republicano. Porém, a situação não parece desesperada. Os 200 homens que ficam na Rotunda têm toda a artilharia de Lisboa do seu lado e sabem que os regimentos estão infiltrados pelos carbonários. (A Carbonária é uma organização secreta filorrepublicana fundada em 1896). Durante o mesmo dia, dois navios, o Adamastor e o São Rafael, bombardeiam o Palácio das Necessidades, provocando a fuga de D. Manuel para Mafra; desembarcam também cerca de 1500 homens na Praça do Comércio semeando o pânico nas fileiras monárquicas, e o terceiro navio, o D. Carlos, passa-se para o lado republicano. Ao raiar do dia 5 de outubro é evidente que as tropas que ainda estão do lado do jovem rei não têm nenhuma hipótese de vencer e quase ninguém quer combater e morrer para defender o regime. Por volta das 8 da manhã, o encarregado de negócios alemão pede um cessar-fogo para poder evacuar os seus compatriotas das zonas perigosas. À vista da bandeira branca, toda a gente pensa que a monarquia capitulou e o povo começa a confraternizar com os soldados. Machado Santos (1875-1921), o chefe das tropas que estão na Rotunda, decide então descer a Avenida em direção ao Rossio. No Quartel-General monárquico o General Gorjão (1846-1918) diz-lhe: «Eu não me entrego porque não te-
Especial Portugal A queda da Casa Bragança: «Olhem para este parvo». Há aqui um trocadilho entre a palavra «galöri» (parvo em suíço-alemão) e a última sílaba de «Portugal». O jovem rei não tem a força suficiente para se aguentar em cima da sela, perante o olhar [da esquerda para a direita] do alemão, do austríaco, do italiano, do inglês, do russo, do francês e do turco. Esta é a única caricatura sobre Portugal que encontrei na imprensa suíça da época. Na Europa publicam-se, neste mês de outubro de 1910, várias dezenas de desenhos satíricos sobre a queda da Monarquia portuguesa, ainda mais do que depois do Regicídio de fevereiro de 1908. (Fonte: Nebelspalter,15 de outubro de 1910)
nho nada que entregar». Uma hora mais tarde, José Relvas (1859-1929) e Eusébio Leão (1864-1926), membros do diretório do PRP, proclamam a República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Então, um governo provisório de oito pessoas, todos dirigentes do PRP, chefiados pelo escritor e professor do Curso Superior de Letras Teófilo Braga (1843-1924), toma o poder até à formação do primeiro governo constitucional, a 3 de setembro de 1911. O rei deixa o país na tarde do dia 5 de Outubro, embarcando na Ericeira rumo a Gibraltar, antes do exílio definitivo na Inglaterra. Durante as horas que durou o combate, o Exército demonstra pouco entusiasmo em defender o regime. Por um lado, o alto comando — formado sobretudo por burocratas fardados — hesita muito e não atua com particular competência; em segundo lugar, muitos oficiais ficam neutros e esperam pelo resultado dos confrontos para saber quem será o vencedor; finalmente, é preciso lembrar que, depois do Regicídio, os oficiais mais fiéis à monarquia foram afastados da capital. b)…E em Berna Na capital da Confederação a notícia da revolução em Lisboa começa a circular a partir das 9 da manhã, através dos despachos da Agence Télégraphique Suisse e graças a dois boletins especiais de dois jornais, Der Bund e o Berner Tagwacht. Em Genebra o Journal de Genève publica uma 3.ª edição uma hora antes. Alberto de Oliveira recebe o correspondente do quotidiano genebrino às 10 horas. Nos últimos dias o diplomata português, tal como o governo suíço, não tinham tido nenhuma notícia direta de Lisboa. Na entrevista, o ministro português não pode deixar de manifestar todo o seu apoio à monarquia e não acredita completamente nas notícias enviadas pelas agências telegráficas. Lamenta que Portugal esteja a viver uma guerra civil, mas está convencido de que «a grande maioria do nosso povo ficará fiel ao nosso jovem rei», e à «monarquia de Bragança, que escreveu tantas páginas gloriosas na
História de Portugal». Manifesta-se muito surpreendido com a revolta republicana (esperava-se talvez, afirma com uma certa razão Alberto de Oliveira, um golpe da extrema-direita conservadora), revolta que define como «inesperada» e também com a atitude da Marinha e, sobretudo, do Exército. Sabia-se que havia muitos marinheiros que eram republicanos, mas «o governo podia contar com os oficiais da frota». Quanto ao Exército, diz o entrevistado do Journal de Genève, «era considerado como inteiramente dedicado à monarquia». O ainda ministro português em Berna tenta encontrar duas explicações para a revolta republicana, explicações que se podem ler também em alguns editoriais da imprensa internacional. «É possível que o movimento republicano tenha sido alimentado estas últimas semanas pelo assassínio do deputado Bombarda», sugere o diplomata. Trata-se, provavelmente, de um erro do jornalista (que escreveu «semanas» em lugar de «horas»), porque o chefe republicano foi morto no dia 3 de outubro. A segunda explicação tem que ver com a visita do Marechal Hermes da Fonseca a Portugal. Embora o presidente do Brasil seja «um amigo sincero da nossa monarquia», diz Alberto de Oliveira ao jornalista suíço, Outubro 2013
25
Especial Portugal os republicanos portugueses aproveitaram esta visita «para organizar manifestações políticas». O artigo contém algumas afirmações demasiado «otimistas» como, por exemplo, sobre a ausência de graves conflitos sociais em Portugal ou sobre as medidas tomadas pelo regime em favor da classe operária. Porém, o chefe da legação portuguesa em Berna analisa outros aspetos com um certo realismo e sentido crítico quando fala, como já vimos, da Marinha ou da tentativa de golpe preparada pela Direita. Além disso, critica as lutas políticas entre os diversos partidos, que só querem chegar ao poder, mas que não têm «reivindicações positivas que queiram levar a bom termo». Finalmente, o diplomata português tem razão quando afirma que o PRP — que ele acha «doutrinário» — tem força sobretudo em Lisboa e que «não se pode confundir com os socialistas». No fim da entrevista, Alberto de Oliveira refere-se à tragédia de dia 1 de fevereiro de 1908 e às obras caritativas da Rainha Maria Pia (1847-1911), mãe e avó das duas vítimas do Regicídio. Estas palavras tocam o jornalista: «É com uma profunda emoção que o Senhor de Oliveira me disse estas palavras, e era impossível, mesmo para o republicano mais convencido, não partilhar esta emoção e não simpatizar com esta angústia».
No dia 7, o chefe da Legação portuguesa, que continua a não receber nenhuma informação oficial de Portugal, manda um telegrama a Lisboa. Bernardino Machado (1851-1944), o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, responde rapidamente anunciando a proclamação da República. O diplomata transmite de imediato o texto ao governo suíço que, entretanto, já recebeu a notícia através dos telegramas de Jules Mange (1845-1928), cônsul-geral suíço em Lisboa e de François Babel (1865-1914) cônsul suíço no Porto. Alberto de Oliveira ficará em Berna até à chegada do novo ministro , o poeta Guerra Junqueiro (1850-1923), em junho de 1911. Adapta-se ao novo regime, contrariamente a outros ministros que são demitidos, como o Marquês de Soveral (1855-1922), em Londres, ou se demitem, como o conde de Sousa Rosa (1944-1918), em Paris. O diplomata, agora apenas encarregado de negócios, segue escrupulosamente as instruções dadas pelo novo governo. Protesta quando os jornais helvéticos publicam comentários muito críticos em relação à nova República mas, ao mesmo tempo, tenta explicar a Bernardino Machado que a imprensa suíça é livre e independente e que não gosta de ingerências diplomáticas.
***
Lisboa, 5 de outubro de 1910: revolucionários e barricadas na Rotunda já depois do fim dos combates. Segundo Vasco Pulido Valente, a revolução fez 72 mortos (56 civis e 16 militares) e 308 feridos (186 civis e 122 militares). (Fonte: Ilustração portuguesa, 17 de outubro de 1910)
26
Especial Portugal
Praia da Ericeira, 5 de outubro de 1910: a família real portuguesa e a sua comitiva, em fuga, preparam-se para deixar o país nos barcos Navegador e Bonfim, que os irão levar a bordo do iate Amélia, rumo a Gibraltar. (Fonte: Ilustração portuguesa, 17 de outubro de 1910)
Recordemos, enfim, que é Alberto de Oliveira que faz, a 24 de dezembro, o pedido de acreditação para Guerra Junqueiro. Três dias depois chega a resposta clara do Conselho Federal: «Concede-se ao Senhor Guerra Junqueiro a acreditação pedida, o que significa, naturalmente, o reconhecimento do Governo Provisório Português».
A Suíça é o primeiro país europeu que reconhece a nova República, o único que o faz ainda em 1910, muito antes da república francesa. As autoridades suíças continuam a utilizar o título de ministro relativamente a Alberto de Oliveira, enquanto as autoridades francesas, por exemplo, utilizam a fórmula de encarregado de negócios em relação a João Chagas (1863-1925), o novo chefe da Legação portuguesa em Paris.
Outubro 2013
27
Portugueses de sucesso
Flávio Borda d’Água Historiador f.bordadagua@gmail.com
25 de Junho de 1989 é a data que marca a minha entrada na Suíça. Tinha apenas nove anos de idade quando os meus pais, já residentes em Genebra, decidiram que a minha vida ia tomar um novo rumo. Deixava assim os meus avós para ir viver com os meus pais e com a minha irmã, que nascera dois anos mais cedo. Tudo me parecia muito estranho: uma nova língua, uma nova atmosfera, uma nova cidade. Ter-me-ia de habituar rapidamente. Foi exactamente o que aconteceu. A minha primeira semana na escola foi um pouco difícil, porque não me conseguia exprimir, mas lá ia brincando com os meus novos colegas, com quem partilhava a turma de 4P na Escola Primária de Châtelaine. As aulas de francês decorriam da melhor forma e cada mês que passava permitia que me integrasse cada vez mais no currículo escolar oficial. (Naquela altura, quando se chegava, eram-nos leccionadas aulas de francês fora do cursus escolar e tínhamos, no máximo de dois anos, de obter os requisitos necessários para integrar as aulas oficiais). Os resultados que ia obtendo eram bastante encorajantes e a sede de aprender estava sempre presente. No final da escola primária ofereciam-se-me diversos itinerários no Cycle d’Orientation: podia seguir a vertente de latim, a vertente científica ou ainda uma vertente mais generalista. A paixão pelas letras, pela cultura e pela história já esta bem presente em mim, pelo que me dirigi, então, para o ramo mais clássico: acabei por escolher a via do latim. Foram três anos nem sempre fáceis. Por um lado, devia concentrar-me mais do que o necessário para um francófono nato para tentar dominar o francês e as suas subtilezas, e por outro lado, continuava assiduamente a aprendizagem do português nas aulas de língua e cultura portuguesas. Findo o Cycle d’Orientation, achei por bem deixar de parte a vertente de estudos clássicos, optando por uma vertente
ANGARIADORES DE PUBLICIDADE (M/F) Necessitamos de angariadores de publicidade em regime de part-time. Em todos os cantões suíços e todas as capitais de distrito de Portugal. Trabalho aliciante, remuneração compatível. Contactos: Suíça: + 41 76 510 22 44 Portugal : + 351 96 581 00 18 comercial@ilustrevasion.com
28
mais actual. Ingressei na Escola Superior de Comércio, onde conclui, em 1999, uma Maturité Économique. O caminho estava traçado: iria continuar os meus estudos na Universidade de Genebra. Estudos académicos que deviam ser efectuados em relações internacionais, embora me tenha apercebido rapidamente de que não seria o que mais me conviria. A decisão de mudar de curso nem sempre é fácil, mas tinha de me render à evidência: era necessário. Foi desta forma que decidi mudar para um ramo e área que tinham mais a ver com a minha paixão por elas do que com uma saída profissional, como aconteceria se tivesse escolhido o curso de medicina ou de advocacia. O ingresso na Faculdade de Letras foi algo que me fez desabrochar o espírito. Os métodos de ensino, o diálogo entre alunos e professores correspondiam perfeitamente ao que estava à procura no seio do ensino académico. A Faculdade de Letras da Universidade de Genebra oferecia uma diversidade importante de cursos, mas tínhamos obrigatoriamente de escolher três matérias. A minha escolha recaiu sobre os estudos históricos: língua, literatura e civilização árabes; língua, literatura e cultura portuguesas. Este curso terminaria em 2005, com uma monografia de Master of Arts sobre o caso de Timor Leste durante a Segunda Guerra Mundial, a qual viria a ser publicada em 2007 pelo Instituto Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas. Durante o curso de estudos históricos fui confrontado com uma questão prática de natureza profissional: qual a saída do meu curso? O que iria fazer quando o terminasse? A principal ideia que me ocorria era a da diplomacia, mas também me ocorria a do mundo cultural. Para saber se a diplomacia se adequava e me satisfazia perfeitamente, entrei em contacto com a chefe de posto do Consulado Geral de Portugal em Genebra e propus-lhe fazer lá um estágio. Recebi uma contra-proposta ainda melhor: «Porque não o Flávio fazer um está-
A Atlas Groupe Gestion et Conseils é uma empresa que dispõe de uma equipa de profissionais extremamente motivada para levar até junto dos seus clientes as melhores soluções em questões relacionadas com seguros, financiamentos e produtos de investimento. A principal caraterística que nos distingue da concorrência é a nossa preocupação com o nosso cliente. A proximidade que estabelecemos com cada um é a chave do nosso sucesso. O nosso trabalho não termina quando o cliente assina um contrato. Muito pelo contrário, o nosso trabalho continua a garantir-lhe um acompanhamento sério em diversas áreas de actuação. Ao fazer parte da nossa rede de clientes, sabe que vai estar sempre a par das últimas notícias, preços e novidades do mercado financeiro. Os seus contratos estarão sempre adequados às suas reais necessidades.
Não perca mais tempo, contacte-nos e beneficie dos melhores preços de seguro da sua região!
Ao seu lado para encontrar soluções ! Seguros: De Saúde • De Vida • Habitação • Automóvel • Funeral • Protecção Jurídica • 3° Pilar A/B Imobiliário - Hipotecas e Investimentos - Créditos - Garantia de Aluguer - Declaração de Impostos - Outros Serviços: Elaboração de cartas em francês • Elaboração de CV e cartas de motivação • Preenchimento de formulários
Atlas Groupe Gestion et Conseils Avenue de Corsier 4 – CP 96 - CH-1800 Vevey 1 Tél : 0848.123.124(tarifa local) – Fax : 0848.123.124 info@atlasgroupe.ch / www.atlasgroupe.ch Genève – Lausanne – Vevey (sede principal) – Fribourg – Valais – Neuchâtel – Berne - Jura
Portugueses de sucesso gio de 6 meses repartidos entre o Consulado-Geral, a Embaixada em Berna e a Missão Permanente nas Nações Unidas?» Era uma maneira de conhecer as três vertentes da diplomacia portuguesa na Suíça (administrativa, bilateral e multilateral). Foi o que mais ou menos aconteceu. Digo mais ou menos porque durante a minha afectação ao serviço do Consulado Geral de Portugal encontrei aquele que viria a ser o meu futuro director. Aquando do meu estágio fiquei encarregue de um dossier relativo a uma exposição sobre o 250.° aniversário do terramoto de Lisboa, de 1755, que iria decorrer no Instituto e Museu Voltaire de Genebra. O curador do museu propôs-me, então, que no final do meu estágio fosse trabalhar com ele no âmbito desta exposição, que se realizou com um enorme sucesso: fui ficando até hoje. A partir de 2005 tive a oportunidade de organizar e colaborar num grande número de exposições e de outras actividades visando a valorização do património do Iluminismo genebrino. Actividades que me deram um certo reconhecimento a nível internacional e que permitiram um grande número de colaborações com outras instituições culturais europeias. À margem desta actividade profissional, ligada ao mundo dos museus e do património, em que também participo activamente, em licitações na Sotheby’s ou na Christie’s, iniciei uma tese de doutoramento sobre a criação da polícia em Lisboa no século XVIII. A investigação doutoral levou-me ao cargo de assistente de história na Universidade de Genebra, entre 2010 e 2013, mas também a intervir em diversos lugares do mundo em colóquios e congressos internacionais. Sem esquecer uma participação activa em sociedades de natureza associativa.
30
Embora o meu percurso tenha sido academicamente convencional, não deixei de ser, como dizem os meus pais, o rapaz dos sete ofícios. Desde muito jovem que me dediquei a actividades relacionadas com a difusão da cultura portuguesa em Genebra. Este gosto pelo passado, que alimenta o nosso presente e que temos de transmitir às gerações futuras, levou-me a colaborar estreitamente com a Casa do Benfica e com a Missão Católica de Língua Portuguesa, ambas de Genebra. Hoje, com uma actividade muito mais intensa, tive de deixar um pouco de lado a minha participação activa no associativismo. O cargo político que assumo numa autarquia genebrina, a tese a finalizar, o cargo profissional e a vida familiar deixam-me pouco tempo disponível para colaborar com uma associação que desenvolve e promove a leitura em língua portuguesa em Timor-Leste; assim como com uma página cultural nas ondas do programa Portugalidades, na Radio Cité Genève. Hoje, sinto-me um luso-helvético a 100%, com uma mais-valia pessoal que me trouxe benefícios profissionais, ou seja: a minha dupla identidade cultural. Por vezes, pergunto-me, ou perguntam-me, se um dia regressarei a Portugal. A resposta é um pouco pragmática: quiçá um dia? Nunca se sabe, porque o futuro a Deus pertence, como é voz comum popular em Portugal.
N.R. - Esta rúbrica está aberta a todas as pessoas que queiram participar e dar a conhecer à Comunidade a sua história de vida. Não se esqueçam de enviar uma foto.
Impostos
IMI: três aumentos em 2013 Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt
No número anterior da Lusitânia, no artigo «IMI: Breve introdução», procurei prestar informação genérica sobre este novo imposto que, desde 2004, incide sobre os imóveis urbanos e rústicos (casas e terrenos), e que veio substituir o anterior, que se chamava inicialmente Contribuição Predial, passando, ultimamente (desde os anos 90 até 2003), a designar-se Contribuição Autárquica. Agora procurarei explicar os três aumentos que sofreu recentemente, a sua origem e razão de ser. 1.º aumento − Da Troika: Que consiste na atualização do valor patrimonial de 2/3 dos imóveis, cerca de 5 milhões. (Esta atualização estava prevista no Decreto-Lei n.º 287/2003, que instituiu o IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis −, e o código que o regulamenta, o CIMI – Código do Imposto Municipal sobre Imóveis). Como referi no artigo anterior, a Troika (equipa do FMI − Fundo Monetário Internacional −, do BCE – Banco Central Europeu −, e da CE − Comissão Europeia), ao analisar a situação económica e financeira do país, na sequência do pedido de resgate financeiro de maio de 2011, estudou as receitas dos impostos, o seu valor, a sua proveniência, as taxas, etc. Deparou-se com uma situação bizarra: muitos imóveis urbanos − um número excessivo −, cerca de 5 milhões, como referi anteriormente, vulgarmente designados casas (moradias ou apartamentos), tinham o valor patrimonial tributário (valor que consta nas Finanças para efeitos de cálculo dos impostos a pagar por cada casa, que pode ser bastante diferente do valor comercial pelo qual se compra ou se vende em cada momento) muito baixo, o que fazia que pagassem duas ou três vezes menos do que outras casas semelhantes, por vezes no mesmo prédio, isto quando se tratava de apartamentos. Este facto, para além de gerar grande injustiça fiscal, limitava também o valor global da receita que o Estado recebia (neste caso as autarquias, pois as receitas deste imposto tinham passado a ser recebidas por estas desde os anos 90). Atualmente 95% reverte para as autarquias e 5% para o Estado central. E pior, o decreto que referi anteriormente, que instituiu o imposto com este novo nome (e novas regras de cálculo dos valores patrimoniais tributários, muito mais justas), previa que dentro de 10 anos todo o processo de reavaliação estivesse concluído. Na prática, e um pouco à portuguesa, tudo ficou mais ou menos na mesma, tendo a entrada
32
das casas no novo regime sido feita muito lentamente (apenas à medida que eram vendidas, herdadas ou sofriam obras que implicassem licenças camarárias e comunicação ao serviço de Finanças das alterações), o que levou a que apenas 1/3 (cerca de 2,5 milhões) estivesse a pagar os novos valores de IMI.
A perspetiva de um elevado número de casas vir a sofrer grandes aumentos do imposto a pagar, por via das reavaliações, levou o próprio decreto de 2003 a prever um aumento moderado e faseado no tempo, através da chamada Cláusula de Salvaguarda. Quando a Troika impôs como prazo o final de 2012 para que todo o processo de reavaliação estivesse concluído, gerou-se um certo pânico social, agravado pelo ambiente de crise económica e financeira que se vive na Europa, que afeta em maior grau Portugal por se debater também com uma crise de finanças públicas. E, de facto, nalguns casos os aumentos atingiram 2000%, embora este número pouco signifique em si, devendo ter-se em conta os valores de imposto pago anteriormente: se estivermos a falar de 20 euros, e havia casas que pagavam 20 euros por ano de IMI, quer dizer que passaram a pagar 400 euros. Não muito injusto se tivermos em conta que há quem pague 1500 euros por uma casa de habitação não luxuosa nem localizada numa zona nobre. Assim, e para se evitar o pânico social, foi estabelecido um tempo de espera até 2015, em que o imposto a pagar pelas casas reavaliadas irá ser aumentado num valor limitado em cada ano. As restantes, que estão a pagar desde 2004 de acordo com os valores atualizados pelo novo código − o CIMI −, essas continuarão como estavam, a pagar muito mais. O que significa que a injustiça fiscal que já exista se prolongará por mais dois anos. 2.º aumento – Do Governo: Que consiste em novos (e mais altos) intervalos das taxas, podendo abranger todos os imóveis. Nas casas avaliadas a partir de 2004 (e agora também nas reavaliadas) o intervalo passou de 0,2-0,4 para 0,3-0,5. Nas casas não avaliadas (a tempo da cobrança dos novos valores já este ano) o intervalo passou de 0,4-0,7 para 0,5-0,8. Aumentos entre 50% e 25% e entre 25% e 11,42%, respetivamente, dependendo das taxas do ano anterior de cada município. Isto é, a necessidade de receita fiscal do Estado levou-o a aumentar este imposto, à semelhança do que foi feito com os restantes. 3.º aumento − Das Autarquias: Que consiste na subida das taxas (dentro dos novos intervalos). Muitos autarcas, fortemente endividados (por má gestão ou devido a terem feito obras megalómanas), aproveitaram esta oportunidade para que as receitas deste imposto crescessem muito mais, esquecendo as dificuldades por que passa em tempo de crise a generalidade dos munícipes. O terceiro aumento choca ainda mais porque os autarcas costumam protestar contra o Governo, pela sua falta de sensibilidade social na distribuição dos sacrifícios da austeridade. Quem não conhece autarcas desses? Mas não se importaram de juntar aos dois aumentos anteriores (da Troika e do Governo)
Impostos o terceiro, da sua iniciativa e exclusiva responsabilidade. Exemplo: se um município tinha a taxa de 0,2 (o Governo, ao subir o intervalo de 0,2-0,4 para 0,3-0,5, obrigou-o a aumentá-la para 0,3, isto é, houve um aumento de 50% por imposição do Governo independentemente da vontade desse município); mas se, por sua iniciativa, um município decide fixar a taxa em 0,375, o resultado é um aumento do imposto de 87,5%. Os três aumentos aconteceram nas casas não avaliadas (taxas: 0,5-0,8) em 82 autarquias das 308 do país (26,62%); dessas, em 31 por imposição da Troika / Governo (reavaliação dos imóveis / alargamento dos intervalos / subida automática da taxa) e 51 por livre iniciativa das autarquias (senão teria havido só dois aumentos).
aconteceu em 44 autarquias (14,28%), enquanto em 182 (59,10%) se mantiveram as taxas anteriores (isto nas casas não avaliadas). Nas casas avaliadas 58 municípios baixaram as taxas (18,84%) e 165 mantiveram-nas (53,57%). No que diz respeito aos imóveis rústicos (os terrenos) tudo se irá manter como estava, pois não há capacidade técnica nem disponibilidade financeira para rapidamente se reavaliarem em todo o país. É uma tarefa que custaria 690 milhões de euros. A taxa destes imóveis é igual para todo o país e está fixada no valor de 0,8, o que dá um custo de 27 cêntimos de euro por hectare, uma insignificância. Há muito por onde ir buscar dinheiro em impostos sem ser no corte das reformas dos pensionistas e dos ordenados dos que trabalham, ou no IVA do consumo de produtos de primeira necessidade, etc.
Os dois aumentos aconteceram nos imóveis avaliados (taxas: 0,3-0,5) em 85 autarquias das 308 do país (27,59%); dessas 50 por imposição do Governo (alargamento dos intervalos / subida automática da taxa) e 35 por livre iniciativa própria (senão teria sido apenas um aumento). Estas casas não sofreram o primeiro aumento da Troika, pela atualização do valor patrimonial, pois já tinham esse valor atualizado desde 2004.
No próximo número da revista terminarei com um artigo em que darei conta das taxas de IMI por concelho e por distrito, para se ver quais são os mais amigos dos munícipes nesta matéria. Em 2014 farei o memo com as novas taxas atualizadas para esse ano. As taxas são fixadas em cada autarquia, normalmente em novembro, por proposta do Executivo Municipal que é aprovada em Assembleia Municipal.
Mas, como se diz num ditado popular muito conhecido: «Nem tudo vai mal no reino da Dinamarca [autárquica]». Os autarcas com sensibilidade social, gestão sensata e equilibrada, sem desperdício nem megalomanias, baixaram as taxas atendendo às dificuldades dos munícipes. Isso
Nota 1: Pode consultar as taxas dos 308 municípios, do ano de 2012, a pagar durante 2013, em: https://www.portaldasfinancas.gov.pt/pt/ main.jsp?body=/imi/consultarTaxasIMIForm.jsp
Importação direta
Importação direta
Polvilho, Farofa, Farinha Mandioca Cruda, Pão de queijo, Trigo, Flocão de milho, Canjica Cristal, Tapioca, Pé de Moleque, Feijão Carioca, Feijão Preto, Concentrados Goiabada e etc
Enchidos, Queijos, Vinhos e tantos outros produtos que os portugueses apreciam imenso. Os nossos métodos, são qualidade e disponibilidade.
(Brasil)
(Portugal)
TEL: 078 775 71 76 - FAX: 022 734 52 45 - nelson-maia24@hotmail.com Outubro 2013
33
Hoje falo eu
Duas palavras Miguel de Calheiros Velozo Cônsul-Geral de Portugal em Genebra
As primeiras são para saudar os responsáveis e os leitores da Lusitânia Contact e desejar os maiores sucessos à novel publicação. Na verdade, constitui uma excelente ideia, percorrer o país de lés a lés, de Norte a Sul, passando pelas ilhas, detendo-se em cada número numa diferente cidade ou região e dar daí a conhecer um pouco da História, do património, da cultura, sabores e outros aspectos da sociedade daqueles locais, partilhando, dessa forma, a diversidade de Portugal e a identidade dos Portugueses. E depois, se juntarmos ainda notícias sobre a comunidade portuguesa e o movimento associativo na Suíça, uma publicidade bem direccionada e algumas generalidades sobre a actualidade, como informações úteis, humor, passatempos variados e o inevitável horóscopo
temos, sem dúvida, um conceito de revista muito abrangente, de leitura acessível para todos que irá facilmente, auguro, granjear boa saída. As segundas palavras dizem respeito à minha recente chegada a Genebra, no passado mês de Agosto, para assumir as funções de Cônsul-Geral com jurisdição sobre os Cantões de Genebra, Vaud e Valais. Começo por reconhecer a honra que significa para mim representar uma Comunidade com uma consolidada imagem de labor, honestidade, sentido cívico e, ao mesmo tempo, orgulhosa das suas tradições, sucedida na sua integração, ambiciosa no devir das suas gerações vindouras. Presentemente encontro-me numa fase de avaliação, conhecimento das pessoas e realidades, pelo que considero ser ainda prematuro avançar com grandes intenções ou metas concretas, mas gostaria de aproveitar para deixar desde já os seguintes propósitos dos meus esforços futuros: melhoramento dos serviços consulares em Genebra e Sion; incremento dos programas de ensino da língua portuguesa; aproveitamento de todas as sinergias possíveis, públicas e privadas, para a realização de actividades culturais; dinamização de acções de diplomacia económica e promoção da marca Portugal. Conto com todos e com cada um de vós para juntos conseguirmos os melhores resultados. Bem hajam!
2014
Analyse personnalisée
34
História de Portugal
Monarquia e bastardia Adelito Rodrigues adelito1911@hotmail.com
Era uma vez... ou... Naquele tempo... É assim que normalmente começa qualquer história. Hoje vamos falar um pouco da história da monarquia em Portugal, desde a independência do Condado Portucalense até ao 5 de Outubro de 1910. Na escola primária do meu tempo aprendia-se os nomes e os cognomes de todos os reis, as datas do seu nascimento, com quem se casaram, quantos filhos tiveram, as dinastias, entre muitas outras coisas. Se gosta da História de Portugal ou se, pelo menos, sente alguma curiosidade em conhecer factos do passado, então não perca este artigo e os seguintes, pois vamos recordar-lhe não só o que se conta na «versão oficial» como também o «reverso da medalha», ou seja, algumas das «peripécias» dos nossos reis e rainhas, os seus amores e desamores, as infidelidades, os filhos bastardos, as intrigas e até os envenenamentos, coisas de que normalmente não se fala. Mas para vos falar da Monarquia Portuguesa, nem que fosse de uma forma muito resumida, seria necessário dedicar várias edições da revista Lusitânia exclusivamente ao assunto, sem qualquer outra notícia ou tema. Só História. Que grande «seca» que seria! Além disso, para esse efeito existem livros especializados. Nesta e nas próximas edições proponho-me contar a História «à minha maneira», ou seja, dar uma versão «não oficial nem curricular», com especial incidência nas «travessuras» que os nossos reis e rainhas praticaram, o que chamo o «reverso da medalha». Desde a fundação de Portugal até à queda do último rei, D. Manuel II, a 5 de Outubro de 1910, passaram mais de sete séculos e meio e reinaram 34 reis e rainhas que guiaram os destinos de Portugal. Isto sem contar com várias regências, umas fugazes (por ausência temporária dos reis), outras prolongadas (por incapacidade dos reis ou por problemas de sucessão), só na I Dinastia houve três: D. Afonso, Leonor Teles e D. João. Mais adiante, nas notas do quadro da I dinastia, explica-se em pormenor estas regências. Para começar, deixo-vos algumas pequenas curiosidades desses tempos.
Por exemplo: − Portugal é o país mais antigo da Europa sem alteração significativa de fronteiras. Mas vamos cá a saber: quando é que Portugal se tornou independente? Em 1128, 1139, 1143 ou 1179? Entre a primeira e a última data há um hiato bastante grande, de 51 anos. Pois é: a 24 de Junho 1128 Afonso Henriques derrotou a mãe, D. Teresa, na batalha de S. Mamede (arredores de Guimarães), afirmando-se como chefe do Condado Portucalense, no entanto, em todos os documentos até 1139 intitulava-se apenas infante ou príncipe; entre Julho de 1139 e Fevereiro de 1140 dá-se a batalha de Ourique e Afonso Henriques auto-proclama-se, a partir daí, rei; em 1143 celebra-se o Tratado de Zamora e é reconhecido o título de rei a D. Afonso Henriques, tanto por Afonso VII, rei de Leão e Castela (e Imperador da Hispânia a partir de 1135), como pelo legado do Papa na Península Ibérica, Guido de Vico; em 1179 o Papa Alexandre III reconhece D. Afonso Henriques como rei de Portugal, através da bula Manifestis Probatum. Qual data escolher então? A mais segura é a penúltima, em que há o primeiro reconhecimento externo, quer pelo rei-imperador Afonso VII, seu suserano, quer pelo representante da autoridade máxima da época: o Papa. − A primeira «capital» de Portugal poderá ter sido Coimbra. Pelo menos era lá que vivia a maior parte do tempo Afonso, nos tempos em que derrotou a mãe; foi nessa cidade que continuou o recém auto-proclamado rei de Portugal, D. Afonso I, mais conhecido apenas por D. Afonso Henriques. − As principais cidades portuguesas remontam aos tempos romanos, outras são ainda anteriores: Lisboa era chamada Olisipo (fundada em 138 d.C.), Coimbra era Aeminium (fundada ainda na Idade do Ferro, em data incerta), Beja era Pax Julia (fundada em 400 a.C.) e Braga chamava-se Bracara Augusta (fundada em 16 a.C.) − Porque chamam Invicta (invencível) à cidade do Porto? Porque foi leal aos ideais do liberalismo, no século XIX, demonstrando coragem na defesa desses ideais no famoso Cerco do Porto, levado a cabo pelas tropas miguelistas entre 1832 e 1833. − E já agora, qual é o santo padroeiro de Lisboa? S. Crispim, S. Vicente ou S.to António? Já foram os três. O primeiro, porque foi nesse dia que Lisboa foi conquistada Outubro 2013
35
História de Portugal aos mouros. Depois foi S. Vicente de Fora, por acção das Ligas de S. Vicente. Agora é Stº. António, desde a sua canonização. − E qual é o santo padroeiro do Porto? É S. João ou Nossa Senhora da Vandoma? Desde o início do Porto como burgo que a padroeira era Nossa Senhora de Vandoma. Nos mais antigos brasões da cidade aparece civitas virginis (cidade da virgem). Num curto período foi S. Vicente, e entre os séculos XVI e XIX o título foi dado a S. Pantaleão pelo facto de a cidade ter sido salva da peste. S. João nunca foi padroeiro porque a festa em sua honra é uma festa pagã mascarada. − A primeira Constituição portuguesa data de 1820, no reinado de D. João VI. Quadro da I dinastia Rei
Nome
Cognome
Reinado
Duração do reinado
1.°
D. Afonso I
O Conquistador
1143 – 1185
42 anos
2.°
D. Sancho I
O Povoador
1185 – 1211
26 anos
3.°
D. Afonso II
O Gordo
1211 – 1223
12 anos
4.°
D. Sancho II
O Capelo
1223 – 1248 a)
25 anos
5.°
D. Afonso III
O Bolonhês
1248 – 1279
31 anos
6.°
D. Dinis
O Lavrador
1279 – 1325
46 anos
7.°
D. Afonso IV
O Bravo
1325 – 1357
32 anos
8.°
D. Pedro I
O Justiceiro
1357 - 1367
10 anos
9.°
D. Fernando I
O Formoso
1367 – 1383 b) c)
16 anos
a) Entre 1245 e 1248 foi regente do reino o irmão do rei, o infante D. Afonso (futuro rei D. Afonso III, O Bolonhês), por destituição de D. Sancho II pelo Papa Inocêncio IV, por bula emitida após o Concílio de Leão. b) Em 1383 foi regente do reino D. Leonor Teles, em nome da filha, D. Beatriz, casada com D. João I de Castela, para se manter a independência de Portugal. c) Entre 1383 e 1385 foi regente do reino D. João, Mestre de Avis (futuro rei D. João I, O De Boa Memória), que como rei, após aclamação popular, iria inaugurar a II dinastia.
Primeira Dinastia – Afonsina
36
1.° Rei - D. Afonso I, mais conhecido por D. Afonso Henriques (1109?-1185). Filho do conde D. Henrique e de D. Teresa, condes de Portucale, terá nascido em Coimbra ou em Viseu, mas, por ausência dos pais em Aragão, foi entregue com um ano a Soeiro Mendes e mulher, senhores de Riba de Ave, que o criaram em Guimarães. Aí viveu até assumir o governo do Condado, em 1128. Casou com D. Mafalda (ou Matilde), filha do conde de Mouriana e Sabóia, em 1146, e tiveram 7 filhos (D. Henrique, D. Urraca, D. Teresa, D. Mafalda, D. Sancho I de Portugal, D. João e D. Sancha). Teve o que eu chamo «a primeira amante real», D. Elvira Gálter, de quem teve 2 filhas (D. Urraca Afonso e D. Teresa Afonso), sendo D. Urraca Afonso a primeira bastarda de Portugal. Foi ainda amante de D. Châmoa Gomes, de quem teve mais 2 filhos bastardos (Fernando Afonso e Pedro Afonso). Morreu em Coimbra, estando sepultado na Igreja de Santa Cruz desta cidade. 2.° Rei - D. Sancho I ((1154-1211). Filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda, nasceu em Coimbra. Foi muito fértil, gerou 20 filhos, 11 legítimos, de D. Dulce de Aragão (D. Teresa, D. Sancha, D. Constança, D. Afonso II de Portugal, D. Pedro, D. Fernando, D. Henrique, D. Raimundo, D. Mafalda, D. Branca e D. Berengária). Após a morte da rainha D. Sancho não esteve com demoras e meteu-se nos lençóis com Maria Aires de Fornelos, de quem teve 2 filhos bastardos (D. Martim Sanches e D. Urraca Sanches). A seguir, com Maria Pais Ribeira, mais conhecida por «Ribeirinha», de quem teve mais 6 filhos (D. Rodrigo Sanches, D. Gil Sanches, D. Nuno Sanches, D. Maior Sanches, D. Teresa Sanches e D. Constança Sanches). Finalmente, de Maria Moniz de Ribeira, teve o último filho (D. Pedro Moniz). Portanto, 9 filhos bastardos. Foi o rei D. Sancho I quem mandou cunhar a primeira moeda de ouro portuguesa: o morabitino ou maravedi. Morreu em Coimbra, estando sepultado na Igreja de Santa Cruz desta cidade. 3.° Rei - D. Afonso II (1185-1223). Filho de D. Sancho I e de D. Dulce, nasceu em Coimbra. Casado com D. Urraca de Castela, com ela teve 5 filhos legítimos (D. Sancho II de Portugal, D. Afonso III de Portugal, D. Leonor, D. Fernando e D. Vicente) e de mãe desconhecida 2 bastardos (João Afonso e Pedro Afonso). No início do reinado tem violentos conflitos com as irmãs Mafalda, Teresa e Sancha (a quem seu pai legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país: Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer). Martim Sanches, um dos filhos bastardos de D. Sancho I, «guerreou» D. Afonso II, seu meio-irmão. Foi ele que desencadeou as famosas Confirmações e Inquirições, com que procurou afirmar a soberania da Coroa. Para a História fica ainda que foi D. Afonso II quem escreveu o primeiro testa-
História de Portugal mento em português. Morreu com 37 anos, em Santarém, estando sepultado no Mosteiro de Alcobaça. 4.° Rei - D. Sancho II (1209-1248). Filho de D. Afonso II e de D. Urraca de Castela, nasceu em Coimbra. Subiu ao trono com 14 anos mas acabou por ser excomungado pela Santa Sé, abandonado pelos seus pares e derrotado pelo irmão, Afonso, que lhe sucedeu no trono, regendo-o durante 3 anos, antes de lhe suceder como rei. Casou com D. Mécia Lopes, viúva de Álvaro Peres de Castro, uma nobre bastarda leonesa, filha de Lopo Dias de Haro (o Cabeça Brava), e de sua mulher, D. Urraca Afonso, neta de Afonso IX de Leão pela parte da mãe, D. Urraca de Leão, filha bastarda deste rei. D. Mécia era conhecida pelas suas «feitiçarias» e por um «rapto voluntário», pois, segundo se consta, esteve raptada no castelo de Ourém com o seu próprio consentimento. Conhecida como a «Dama Pé de Cabra», foi muito impopular. D. Sancho morreu exilado em Toledo, estando sepultado na Catedral desta cidade. 5.° Rei - D. Afonso III (1210?-1279). Filho de D. Afonso II e de D. Urraca de Castela, nasceu, provavelmente, em Coimbra. Foi um «emigrante de sucesso». Andou por França desde 1227, tendo estado na corte de Luís IX. Em 1238 casou com D. Matilde, condessa de Bolonha (daí o cognome, O Bolonhês), viúva de Filipe-o-Crespo, 20 anos mais velha do que ele. Afonso, ainda infante, denunciou o irmão D. Sancho por incesto, mas mais tarde foi ele próprio que o praticou. Abandonou Matilde e casou-se, em segundas núpcias, com D. Beatriz, filha bastarda de Afonso X, o Sábio, rei de Leão e Castela, no ano de 1253, tendo esta apenas 11 anos e ele já mais de 40. Os problemas de aceitação papal do casamento só se resolveram com a morte de D. Matilde, em 1258, o que levou a que o filho de ambos, D. Dinis, futuro rei de Portugal, só tivesse sido legitimado com dois anos de idade. Se do primeiro casamento não teve filhos, teve 8 do segundo (D. Branca, D. Dinis I de Portugal, D. Afonso, D. Sancha, D. Maria, D. Vicente, D. Fernando e D. Constança), havendo ainda a acrescentar 2 de Madragana Ben Aloandro, depois chamada Mor Afonso, de origem moçárabe (D. Martim Afonso e D. Urraca Afonso), 1 de Maria Peres de Enxara (D. Afonso Dinis), e mais 7 de outras senhoras (D. Fernando Afonso, D. Gil Afonso, D. Rodrigo Afonso, D. Leonor Afonso, D. Urraca Afonso, D. Henrique Afonso e D. Leonor Afonso, são duas leonores, não é engano). Portanto, 10 filhos bastardos. Não se sabe ao certo onde morreu, estando sepultado no Mosteiro de Alcobaça. 6.° Rei - D. Dinis (1261-1325). Filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela, nasceu, provavelmente, em Lisboa. Foi um rei muito letrado: quem não conhece o poema «Ai flores de verde pinho, se sabedes novas do meu amigo, ai Deus e o é»? Foi ele que fundou a primeira universidade portuguesa (Estudo Geral),
em Lisboa, em 1290, por si transferida para Coimbra pela primeira vez em 1308, sendo definitivamente transferida para essa cidade em 1537. Foi ele também que introduziu o português como idioma oficial do reino. Recorreu ainda às Inquirições para obstar às usurpações de bens e estabeleceu uma Concordata com a Igreja (Ordenações Afonsinas) para regularizar as relações entre esta e a Coroa. Deu grande impulso à Agricultura e ampliou a plantação do Pinhal de Leiria, criando de seguida a Marinha para a qual nomeou o 1.º Almirante, o genovês Manuel Pessanha. Após a conclusão da Reconquista pelo seu pai, definiu as fronteiras de Portugal no Tratado de Alcanizes. Casou com D. Isabel de Aragão, A Rainha Santa, que ficaria famosa pelo bem conhecido Milagre das Rosas, de quem teve 2 filhos (D. Constança e D. Afonso IV de Portugal). Mas a ele está associado um «enorme rol de amantes», umas quantas famosas freiras do Mosteiro de Odivelas, que ao todo lhe deram 7 filhos bastardos conhecidos. Nomeadamente, D. Grácia Anes ou Frois (D. Pedro Afonso), D. Marinha Gomes (D. Maria Afonso), D. Aldonça da Telha (D. Afonso Sanches), D. Maria Pires (D. João Afonso), D. Branca Lourenço de Valadares (D. Maria Afonso) e ainda mais 2 de outras não identificadas (D. Fernão Sanches e D. Pedro Afonso), não se sabendo se teve algum de D. Maria Rodrigues de Chacim, outra amante conhecida. Foi, no entanto, um dos mais competentes e letrados reis. Morreu em Santarém, provavelmente vítima de um AVC, estando sepultado no Mosteiro de S. Dinis, em Odivelas. D. Isabel morreu de carbúnculo 11 anos mais tarde. 7.° Rei - D. Afonso IV (1291-1357). Filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão, nasceu em Lisboa. Casou com D. Beatriz de Castela, de quem teve 7 filhos (D. Maria, D. Afonso, D. Dinis, D. Pedro I de Portugal, D. Isabel, D. João e D. Leonor) e uma oitava, bastarda (D. Maria Afonso). Foi tudo menos o que o seu cognome, O Bravo, parece significar. Naquele tempo bravo não significava bravura ou valentia, tinha que ver com crueldade, ferocidade. Efectivamente, o príncipe Afonso guerreou o seu próprio pai e o seu meio-irmão, o bastardo Afonso Sanches, que gozava favores de D. Dinis, ocupando lugares no Paço. Logo que chegou ao trono desterrou-o perpetuamente para Castela e confiscou-lhe os bens, tendo este reagido com a invasão do reino. Ordenou ainda a morte de D. Inês de Castro, em 1355, na esperança de aproximar de si o filho, futuro D. Pedro I, o que não aconteceu. Este, perdendo a cabeça, entrou em guerra aberta contra o pai e saqueou a região de Entre-Douro-e-Minho: cá se fazem cá se pagam. A reconciliação chegou apenas em 1357, entregando o rei ao príncipe grande parte do poder. Foi no seu reinado que se descobriram as Canárias. Morreu em Lisboa, estando sepultado na respectiva Sé. 8.° Rei - D. Pedro I (1320-1367). Filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra. Era gago e tinha como cognome O Justiceiro, o que se justificava por ser vingativo e cruel. São diversos os casos conhecidos de «justiça cega» que protagonizou. Chegou a mandar matar quem dormia em «esteira Outubro 2013
37
História de Portugal alheia», fosse homem ou mulher, mas também mandava matar «os informadores». Casou a primeira vez, aos 8 anos, com uma prima de 13, D. Branca de Castela, o que configurava incesto. Repudiou a noiva por debilidade física e mental. Aos 16 anos casou com D. Constança, casamento consumado apenas aos 20 anos por oposição de Afonso XI de Castela, que a impediu de sair do reino por ser inimigo do seu pai. Ela já tinha «enviuvado» de um compromisso de casamento e sido repudiada pelo segundo marido, à terceira tentativa casou com o nosso D. Pedro. Mas isto foi sol de pouca dura: assim que Constança e sua comitiva chegam a Portugal, D. Pedro deixou-se levar de amores por uma aia desta, o que daria lugar à famosa «lenda de Inês de Castro». De D. Constança teria 3 filhos (D. Luís, D. Maria e D. Fernando I de Portugal), do seu grande amor, D. Inês de Castro, teve mais 4 (D. Afonso, D. Beatriz, D. João e D. Dinis), finalmente, de D. Teresa, uma dama galega, teve mais 1 (D. João I de Portugal), 5 bastardos ao todo. O seu reinado, de apenas 10 anos, ficou marcado por lhe terem sido conhecidas muitas amantes, pela crueldade e pelo sadismo. Morreu em Estremoz, estando sepultado no Mosteiro de Alcobaça. 9.° Rei - D. Fernando I (1345-1383) Filho de D. Pedro I e de D. Constança de Castela, nasceu em Lisboa. Foi o último da primeira dinastia e o primeiro monarca português a rapar a barba. Era um homem bonito, daí o cognome O Formoso. Casou à segunda tentativa com D. Leonor Teles, uma fidalga transmontana. O seu reinado ficaria marcado pela paz e pela guerra com Castela, alternadamente, por razões de parentesco e pretensão à coroa, a que não eram alheias as rivalidades comerciais entre Lisboa e Sevilha. Para não fugir à regra, e segundo as crónicas de Fernão Lopes, era «grande apreciador de mulheres». Antes do casamento, e de uma senhora desconhecida, teve 1 filha bastarda (D. Isabel), com D. Leonor Teles teve mais
38
3 filhos (D. Beatriz, D. Pedro e D. Afonso). Após a sua morte não se encontrou um sucessor que gerasse consenso, que não pusesse a independência em causa, o que provocou um interregno entre 1383 e 1385, com 2 regências. Morreu em Lisboa, tendo sido sepultado no Convento de São Francisco, em Santarém. Os restos mortais foram depois trasladados para o Convento do Carmo, em Lisboa, onde se encontram actualmente. Durante o Interregno (1383-1385), Portugal foi regido, primeiro, por D. Leonor Teles (1350?-1386), de 22 de Outubro de 1383 até 6 de Dezembro do mesmo ano; depois, pelo seu meio-irmão, o bastardo D. João, Mestre de Avis (1357-1433), de 6 de Dezembro de 1383 a 6 de Abril de 1385. Este, o Mestre de Avis, que não consta ter tido amantes depois de casado, viria a ser aclamado pelo povo como rei, D. João I, o décimo monarca e o primeiro da segunda dinastia, a de Avis, de que falaremos no próximo artigo.
AGO2013MS
Fontes: Sérgio Luís de Carvalho e Wikilusa- Imagens.
Foi durante o reinado de D. Sancho I que apareceu a primeira moeda portuguesa de ouro, o morabitino ou maravedi
Os 34 reis e rainhas da Monarquia Portuguesa, de 1143 até 1910
Medicina MASTECTOMIA PREVENTIVA
Pense bem antes de agir
Reunimos respostas anhou atualidade quando para ponde aas um suas quadro clínico com seguras gelina Jolie anunciou ter- procedimentos muito bem definiquestões etido a uma mastectomia dos, tanto ao nível do diagnóstico
omo forma de prevenir como da prevenção ou ainda do O tema ganhou quando a atriz Angelina Jolie da mama, doença queatualidade tratamento. Neste artigo, reunimos anunciou ter-se submetido a uma mastectomia radical gido outros membros da respostas seguras para desfazer as como forma de prevenir o cancro da mama, doença que ia e que receava contrair. dúvidas. terá atingido outrossuas membros da sua família e que receava contrair. omo a discussão evoluiu, mente na imprensa nacio-a discussão também afeta A forma como evoluiu, inclusivamente na imprensa nacional, pode ter deixado a impressão de que ter deixado a impressão os homens se trata de uma intervenção simples e banal, mínitrata de uma intervenção ■ O cancro da mama é oque, que àmais ma suspeição de tumor, qualquer mulher pode realizar. banal, que, mínima susvidas entre as hereditário, mulheres dos Naà verdade, este tipo de leva cancro, dito corresponde a um quadro clínico com procedimentos muito tumor, qualquer mulher países desenvolvidos. Estima-se bem definidos, tanto ao nível do diagnóstico como da izar. Na verdade, este tipo que, para uma esperança de vida prevenção ou ainda do tratamento. Neste artigo, reuo, dito hereditário, corres- seguras de 80para anos,desfazer uma emascada munimos respostas suasoito dúvidas.
>
suspeitas de risco
razões Para os testes genéticos indivíduos com risco de cancro hereditário devem ser enviados para aconselhamento médico especializado. conheça os sinais.
´ ´ ´ ´ ´
Dois ou mais casos de cancro da mama em mulheres até 50 anos no mesmo ramo da família. Cancro da mama e cancro do ovário em idade precoce no mesmo ramo da família. Homem com episódio de cancro da mama na família. Familiares portadoraes de mutações nos genes BCRA1 ou BCRA2. Descendentes de judeus ashkenazi, grupo com origem na Europa Central e Oriental.
Outubro 2013
teste saúde 104 agosto/setembro 2013
over oRemover peito paraoevitar um tumor peito para evitar umque tumor é uma a opção radical tem feito correr opçãorespostas radical que tempara Reunimos seguras feito correr tinta. as questões
39
15
mastectomia preventiva
Medicina
Também afeta os homens acompanhamento de casos de risco
O cancro da mama é o que mais vidas leva entre as mulheres dos países desenvolvidos. Estima-se que, para uma esperança de vida de 80 anos, uma em cada oito mulheres venha a sofrer desta doença.
rastreio aPertado Para detetar a doença as mulheres com risco de tumor que não queiram submeter-se a cirurgia devem seguir um programa de rastreio contínuo.
´
O diagnóstico de indivíduos de risco associa a palpação das mamas a outros exames. É o caso da mamografia, que continua a ser o melhor método para detetar tumores localizados, e da ressonância magnética, destinada a identificar tumores multicêntricos, multifocais e bilaterais, ou seja, mais disseminados.
Em Portugal, a taxa de mortalidade em 2010 era ligeiramente inferior à média da União Europeia, cifrando-se em 20 mortes por 100 mil habitantes. Não admira que a doença envolva tantos receios e as reações sejam apaixonadas quando uma figura pública decide divulgar a sua opção para enfrentá-la.
´
A ressonância permite ainda avaliar a extensão da doença, fazer o acompanha-
mento no pós-operatório e analisar o tecido remanescente no caso de mulheres que tenham optado por mastectomia preventiva e colocado próteses (ver ilustração da página seguinte).
´
A idade e a situação clínica do doente determinam se o rastreio é realizado com mamografia ou ressonância magnética. Face à suspeita de cancro, estas técnicas podem ser combinadas com uma biópsia.
A grande maioria dos cancros da mama tem natureza esporádica e apenas 5 a 10% dos casos correspondem a tumores genéticos. No geral, estes surgem em mulheres jovens, mas também podem manifestar-se nos homens. Basta um dos progenitores ter mutações num gene para trasmiti-lo aos filhos. São dois os principais genes com impacto a este nível. Localizado no cromossoma 17, o BRCA1 está envolvido na reparação de erros do ADN e no controlo do processo de renovação celular.
A ressonância magnética é uma das técnicas usadas para detetar tumores
>
teste saúde 104 agosto/setembro 2013
lheres venha a sofrer genes impacto este nível. Osdesta doença. Em certos quecom fazem esta aavaliação, Osestabelecimentos homens Em Portugal, a taxa de mortalidade Localizado no cromossoma o psicológico para ajudar a lidar com 17, um também homens existe apoio em 2010 era ligeiramente inferior à BRCA1 está envolvido na reparaeventual resultado desfavorável. Tais exames permitem As mutações neste gene estão assopodem sofrer também cifran- com muito rigor, ação de erros do ADNde e no controlo probabilidade mutação ciadas a um risco de 80 a 85% de média da União Europeia,apurar, deBCRA1 cancro 20 mortes por 100dos mil hagenes e BRCA2.do processo de renovação celular. desenvolver cancro da mama e 40 a do-se empodem admira que a doença da mama As mutações neste gene estão assofrer 45% de tumor do ovário. Também bitantes. Não Se tiver risco de cancro, o doente encaminhado envolva tantos receios e as reações sociadasdeve a umser risco de 80 a 85% aumentam o risco de tumores malide cancro um programa de prevenção e aconselhamento sejam apaixonadas quandopara uma fide desenvolver cancro da mama e gnos colorretais e da próstata. da mama eficaz. aspetos psicológicos, faa sua Neste, são considerados 40 a 45% de tumor do ovário. TamPor sua vez, o BRCA2 está localiza- gura pública decide divulgar por aumentam exemplo,oarisco mulher quer do no cromossoma 13 e intervém opção para enfrentá-la. miliares e reprodutivos (se, bém de tumores ter filhos e amamentar), profissionais, culturais, na reparação dos erros de replicação ■do ADN. maioria As mutaA grande dos cancros da malignos colorretais e da próstata. jurídicos e religiosos. Enfim, existir um está verdadeiro ções estão associadas a um risco demama cancro mama esporádica temdanatureza Pordeve sua vez, o BRCA2 localizaconsentimento informado para decisão. 13 e intervém superior a 80 por cento. e apenas 5 a 10% dos casos cordo noacromossoma respondem a tumores genéticos. na reparação dos erros de replicapara evitarção do ADN. As mutações estão Neste caso, as hipóteses de desenvolver do ovário Nocancro geral, estes surgem em Estratégias mulhesão menores: 27 a 30 por cento. Masressobem probajovens,as mas também podem associadas a um risco de cancro Viver positivo quantoa ao risco de bilidades de cancro da mama nos homens e de manifestar-se outros nos homens. Bastacom um diagnóstico da mama superior 80 por cento. já de detumores em ambos os sexos, como os pâncreas, da tercancro umdo dos progenitores muta- pode não ser fácil, sobretudo Neste caso, quando as hipóteses se viu partir vários membrossenvolver da família às mãos da mescabeça, do pescoço e da pele (melanoma). ções num gene para trasmiti-lo cancro do ovário são ma doença. aos filhos. São dois os principais menores: 27 a 30 por cento. Mas
As mutações no BRCA1 e BRCA2 explicam 90% dos cancros da mama hereditários.
16
Todas as informações em cima da mesa Se tem casos de tumores na família e cumpre algum dos requisitos indicados na caixa da página 15, pondere realizar os testes genéticos. 40
Daí que algumas mulheres decidam avançar para o procedimento mais invasivo, mas também mais eficaz, que reduz o risco de cancro praticamente a zero: a mastectomia bilateral preventiva. No passado, a prática passava por remover a pele, a aréola e o mamilo. Como a eliminação do tecido mamário era superior a 99%, a redução do risco estava próxima dos 100 por cento.
sobem a cro da m tros tum como os do pesco As muta explicam mama h
todas em cim
■ Se tem mília e c sitos ind 15, pond néticos. tos que te apoio lidar co desfavo mitem a probabi nes BCR ■ Se tive te deve s program lhamen siderad familiar exemplo e amam turais, ju deve exi timento
estrat
■ Viver c vo quan não ser se viu pa mília às Daí que dam ava mais inv eficaz, q praticam mia bila do, a prá pele, a a eliminaç superior estava p Mas est autoesti em anos do sobr
Medicina mastectomia bilateral com reconstrução
cortar o mal Pela raiz
´
Área de intervenção
O cirurgião começa por remover 75 a 85% das glândulas mamárias, preservando o restante tecido, o mamilo e os nódulos linfáticos. Como as glândulas mamárias são retiradas, a mulher deixa de poder amamentar.
´
Depois, chega a fase de reconstruir a mama. O tecido eliminado é substituído por uma prótese de silicone, cujo volume varia com o tamanho desejado pela mulher. mastectomia bilateral com reconstrução
soro fisiológico
cortar o mal Pela raizatrás do músculo peitoral. De preferência, a prótese é inserida
´´ ´
´
prótese de silicone
Área de intervenção
Algumas têm um dispositivo que permite aumentar o volume O cirurgião começa por remover 75 a 85% das glândulas maao longopreservando dos meses.o restante tecido, o mamilo e os nódulos márias,
prótese de silicone
cicatrizes
linfáticos. Como as glândulas mamárias são retiradas, a mulher deixa dena poder amamentar. O corte mama (e a respetiva cicatriz) pode ser executado em torno da aréola do mamilo ou em forma de tê invertido, sendo Depois, chega opção a fase de a mama. O tecido que a última é reconstruir mais adequada para peitoseliminado volumosos. é substituído por uma prótese de silicone, cujo volume varia A mulher recebe alta, no máximo, em 36 horas. com o tamanho desejado pela mulher.
silicone
dispositivo
O cirurgião preserva a aréola e o mamilo para, depois de reconstruída, soro a mama manter um aspeto normal fisiológico
´
De preferência, a prótese é inserida atrás do músculo peitoral. Algumas têm um dispositivo que permite aumentar o volume Se retirar o Mas esta muito da mulher, Menos radical, mas também poupa partecirurgia da pele, afetava assim como a a■ autoestima ao longo dos meses. plo, pode pelo que, em anos recentes, se tem recorrido sobretudo
cicatrizes
peito, por exemponderada conforme a idade da Ao optar Ao optar pela dar à luz, mulher mas e o seu desejo de ter filhos. aréola e o mamilo, e não aumenta menos eficaz, a remoção dos ová- mastectomia pela perde a possibilidade de amaa uma técnica que poupa parte da pele, assim preventiva como a Se retirarmastectomia o peito, por exemplo, é apode técnica significativamente risco. EliminaO corte naomama (e a respetivarios cicatriz) ser executado em mais silicone dispositivo preventiva, mentar. aréola e torno o mamilo, e não aumenta significativamente o aréola do mamilo ou em forma de tê em invertido, pode dar à luz, mas perde a possiantiga. Reduz 50% asendo incidência dos os tecidos, édafeita a reconstrurisco. Eliminados osopção tecidos, é feita a reconstrução com preventiva, a mulher Ode cirurgião preserva a aréola ebilidade o mamilode para, depois que a última é promais adequada parada peitos volumosos. amamentar. de cancro mama e em maisAs ção com próteses de silicone, pacientes aque não queipróteses silicone, nestes casos suporde reconstruída, mama manter um aspeto normal Ade mulher recebe procedimento alta, no máximo, em 36 horas. a mulher deixa ■ As pacientes que não queiram 95% o dos Atualmente, há submeter-se a cirurgia cedimento casos suportado ram tado pelonestes Serviço Nacional de Saúde. Os ovários. riscos não dedeixa de poder a cirurgia são encatambémMesmo a tendência paraé retirar o encaminhadas pelo Serviço Nacional demas Saúde. Osmenores. são para submeter-se um saparecem de todo, são assim, minhadasde parapoder um plano de preriscos nãocontinuar desaparecem de todo, útero, a fim de diminuir o perigo. plano amamentar de prevenção apertapreciso a vigiar. ponderada conforme a idade da poupa parte da pele, assim como a ■ Menos radical, mas também
da mama
Mais invasiva, mas mais eficaz
Menos radical, mas menos eficaz
Sem evidências científicas
de rastreio do cancro
para estas consultas mais direcioDeco Protest nadas. Outubro 2013
teste saúde 104 agosto/setembro 2013
optar pela mamária venção com vigilância ouAo mas são menores. Mesmo assim, é ■ A opção pela mastectomiado, com vigilância e apertado, amamentar mulher e o seu desejo de ter filhos. aréola e o mamilo, e não aumenta menos eficaz, a remoção dos ová- mastectomia ginecológica, pois a quimioMenos radical, mas também menos eficaz, a remoção mamária e ginecológica, pois a pela remoção dos ovários deve ser preciso continuar a vigiar. Se retirar o peito, por exemplo, significativamente o risco. Elimina- rios é a técnica preventiva mais preventiva, prevenção ainda nãopode temquimioprevenção redos ovários é a técnica preventiva mais antiga. Reduz não tem dar à luz, mas perdeainda a possidos os tecidos, é feita a reconstru- antiga. Reduz em 50% a incidência comprovados a resultados este em com 50%próteses a incidência de procancrodeda mama em mais de desultados a mulher comprovados a este níbilidade de amamentar. cancro da e mama e em mais ção de silicone, nível. 95% o dos ovários. Atualmente, há também a tendêndeixa vel. O rastreio da mama ■ As pacientes que do nãocancro queiram cedimento nestes casos suportado 95% o dos ovários. Atualmente, há cia para retirar o útero, a fim diminuir o perigo. submeter-se a cirurgia são encatambém a tendência para retirar o de poder pelo Serviço Nacional de Saúde. Os de é diferente do aplicado à populaopções face ao risco de cancro rastreio do cancro minhadas da mama é diferente dopreaplicado para um plano de riscos não desaparecem de todo, útero, a fim de diminuir o perigo. O amamentar ção em geral e depende de cada à população em geral e depende de cada caso: grosso A opção pela mastectomia ou pela remoção dos ovários venção apertado, com vigilância ■ A opção pela mastectomia ou mas são menores. Mesmo assim, é se reúne fatores de risco, pondere realizar os testes genéticos, de modo a decidir que abordagem seguir. caso: grosso modo, recomendauma avaliação semestral aos deve ser ponderada conforme apela idade da mulher e o aseu apreciso mastectomia preventiva, mais invasiva, é remoção a única que redução do riscorecomenda-se quase a zero. mamária e ginecológica, pois até a dosgarante ovários deve sermodo, continuar a vigiar. -se uma avaliação semestral até 35 anos e anual depois disso. desejo de ter filhos. quimioprevenção ainda não tem aos 35 anos e anual depois resultados comprovados a este ní- disso. testes genéticos exames por mamograexames passam por mamovel. Os OOs rastreio do passam cancro da mama fia, ecografia mamária, ressonâné diferente do aplicado àmamária, populagrafia, ecografia resopções face ao risco de cancro ção sonância em emagnética depende deecada eventualciageral magnética e eventualmente bise reúne fatores de risco, pondere realizar os testes genéticos, de modo a decidir que abordagem seguir. caso: grosso modo, recomendamente ópsia. biópsia. Já a vigilância ginecológica a mastectomia preventiva, mais invasiva, é a única que garante a redução do risco quase a zero. negativos Positivos -se uma avaliação semestral até requer uma ecografia endovaginal aos Já 35 anos e anual depois disso. a vigilância ginecológica resemestral ou anual, possível de astestes genéticos Os exames passam por mamograquer uma ecografia endovaginal sociar a exames aoressonânsangue. fia, ecografia semestralmamária, ou anual, possível de ■ O Instituto Português bide Oncocirurgia abordagens não cirúrgicas cia magnética e eventualmente associar a exames ao sangue. tanto deginecológica Lisboa como do ópsia.logia, Já a vigilância negativos Positivos requer uma ecografia endovaginal faz o Português acompanhamento de OPorto, Instituto de Oncosemestral ou anual, possível de as-todas as famílias de risco. Coloque logia, tanto de Lisboa como do sociardúvidas a exames sangue. Programa Quimioterapia mastectomia rastreio remoção aoao seu médico e, se necesPorto, faz o acompanhamento mais rigoroso ■ O Instituto Português de Oncopreventiva não cirúrgicas preventiva cirurgiados ovários do cancro abordagens sário, peça para encaminhado de famílias de ser risco. Coloque de rastreio logia, Sem evidências Mais invasiva, da mama Menos radical, tanto de Lisboa como do todas as dúvidas ao mais seudemédico consultas direciodo cancro científicas mas mais eficaz mas menos eficaz Porto,para faz oestas acompanhamento e,nadas. sedenecessário, ser famílias risco. Coloquepeça todas para as encaminhado para estas consulPrograma Quimioterapia mastectomia rastreio remoção dúvidas ao seu médico e, se necesmais rigoroso preventiva preventiva do cancro dos ovários taspeça mais direcionadas. sário, para ser encaminhado
1741
teste saúde 104 agosto/setembro 2013
´
17
Matemática
Matematicamente falando João Cordeiro jbmcordeiro@iol.pt
No seguimento das intenções de publicação inicialmente apresentadas sobre este tema, vamos agora analisar, embora de uma forma sintética, para não maçar os leitores, a evolução das matemáticas no Oriente e na Grécia antigos.
medição, que vieram a transformar-se em álgebra e em geometria teórica, respetivamente. É difícil datar as descobertas no Oriente. Os registos do conhecimento científico e técnico foram destruídos por mudanças dinásticas, guerras ou inundações, e os materiais usados (placas de barro, papiro, casca de árvores e bambu) também em nada facilitaram a datação da ciência oriental.
Parte II - A: O Oriente Antigo Desde o quinto até ao terceiro milénio antes de Cristo (a.C.), surgiram formas de sociedade técnica e organizacionalmente mais evoluídas, provenientes das comunidades neolíticas que se fixaram nas margens dos grandes rios. Estamos a falar desde o norte de África ao Extremo Oriente, passando pela Ásia Menor e pelo sub- continente indiano. Concretamente, ao longo do Nilo (c. 3000 anos a.C.), do Tigre e do Eufrates (c. 4000 anos a.C.), do Indo (c. 4500 anos a.C.), do Ganges, do Huang Ho (rio Amarelo – c. 3000 anos a.C.) e do Yang-Tse (rio Azul), algumas acabando por dar origem às chamadas «civilizações dos grandes rios», as quatro assinaladas com as datas. As terras situadas ao longo desses rios podiam produzir colheitas abundantes, desde que as cheias fossem devidamente controladas e os pântanos drenados. Com o decorrer dos séculos estes problemas foram sendo resolvidos pela construção de barragens e diques, de canais e represas.
Durante muito tempo pensou-se que o Egito era a «sede» deste tipo de saber, devido à descoberta do Papiro de Rhind (ou de Ahmes, nome do escriba que o copiou, pelo que este será o primeiro nome conhecido da história da matemática). Contudo, a descoberta de um grande número de placas de argila, ao serem decifradas, levou à conclusão de que a matemática babilónica era muito mais desenvolvida do que a das outras sociedades orientais do seu tempo.
A regulação do abastecimento de água exigiu a coordenação de atividades entre localidades muito afastadas, facto que conduziu ao estabelecimento de órgãos de administração central localizados em centros urbanos. A agricultura intensiva, bastante aperfeiçoada, não só melhorou os padrões de vida das populações, no seu conjunto, como também criou uma aristocracia urbana encabeçada por poderosos chefes de clã. As matemáticas orientais surgiram como uma ciência prática com o objetivo de facilitar o cálculo do calendário, a administração das colheitas, a organização das obras públicas e a cobrança dos impostos. A ênfase inicial foi dada, naturalmente, à aritmética prática e à
42
Extrato de uma página do papiro de Rhind
A matemática egípcia tinha um caráter predominantemente aditivo.
Matemática Por exemplo, para se calcular 13x11, começava por se calcular o produto de 11 por 1, pelo dobro deste (2), pelo dobro deste último (4) e pelo dobro deste último (8):
* 1 x11 →11
2x11 →22 3x11 →33
* 4 x11 →44
* 8 x11 →88 Somando os valores assinalados com asterisco (*) na primeira coluna (1+4+8), obtêm-se o valor 13. Adicionando agora os valores obtidos da multiplicação por 11: o 1, o 4 e o 8: (11+44+88), dará 143 (que é o resultado de 13x11). O caráter pesado e complexo da matemática egípcia manifestava-se também nas operações com frações, embora essa técnica perdurasse até à Idade Média. No campo da álgebra os problemas eram muito simples, não indo além daqueles que poderiam ser resolvidos com equações que hoje se resolvem no nível do 3.º ciclo do ensino básico. No domínio da geometria já conheciam as áreas do triângulo e do círculo e calculavam o volume de sólidos como o cubo, o paralelepípedo e o cilindro. O conhecimento mais notável que eles possuíam era a fórmula que permitia calcular o volume de uma pirâmide quadrangular truncada paralelamente à base.
Mapa com a Mesopotâmia, que significa terra entre dois rios. Estava situada no atual Iraque, a leste da Síria, essencialmente entre o rio Tigre e o Eufrates.
A matemática mesopotâmica atingiu um nível mais elevado do que a egípcia. A nossa divisão atual das horas em minutos e segundos, bem como a divisão do círculo em 360º, de cada grau em 60 minutos e de cada minuto em 60 segundos, datam do tempo dos sumérios. Os babilónios da época de Hammurabi (c. 1810 a.C.−1750 a.C.) tinham um grande domínio das equações, algumas das quais se estudam hoje no ensino superior.
A geometria, tal como no Egito, surgiu por necessidade de resolver problemas práticos relacionados com a medição. A característica principal dessa geometria era o seu suporte algébrico. Já se conheciam fórmulas para o cálculo de figuras retilíneas simples e para o volume de sólidos simples. O celebérrimo «teorema de Pitágoras» (num triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos) já era conhecido pelos babilónios. Mais adiante complementaremos um pouco mais este assunto. A astronomia alcançou mesmo um nível científico. A matemática hindu aparece, tal como a matemática chinesa, nos primeiros séculos depois de Cristo. A primeira foi fortemente influenciada pelos gregos, chineses e pelos babilónios e a segunda é dificultada pela falta de traduções. Quer na Índia, quer na China, a matemática era memorizada. Assim, a sabedoria tradicional era transmitida de geração em geração, com a consequente estagnação. As novas descobertas constituíam verdadeiras exceções. Nestas incluímos o aparecimento dos números negativos, que surgem pela primeira vez na história da matemática em documentos chineses. Parte II - B: A Grécia Antiga Na bacia do Mediterrâneo, e à sua volta, deram-se grandes transformações económicas e políticas durante os últimos séculos do segundo milénio. À Idade do Bronze (iniciada no Médio Oriente c. 3300 a.C.) seguiu-se a Idade do Ferro (iniciada no Oriente c. 1200 a.C.) O poder do Egito e da Babilónia eram muito reduzidos, pelo que novos povos se foram estabelecendo naquele espaço geográfico, nomeadamente os Hebreus, os Assírios, os Fenícios e os Gregos. A substituição do bronze pelo ferro trouxe grandes transformações em diversos domínios. O custo dos instrumentos de produção baixou muito, o que gerou excedentes que estimularam o comércio, tendo havido uma participação mais ativa dos cidadãos nas questões económicas e de interesse público. A escrita rudimentar do Oriente Antigo foi sendo substituída por alfabetos mais fáceis de aprender (os alfabetos fonéticos, primeiro o ugarítico, 1.400 a.C., depois o fenício, 1050 a.C., que deu origem a outros alfabetos no Mediterrâneo e no Oriente Médio), ao mesmo tempo que surge a moeda cunhada que ajudou a estimular o comércio. As cidades tornaram-se «cidades-estado», autónomas, tendo Mileto ocupado um lugar de destaque. Outras cidades costeiras a salientar são Corinto e Atenas, ambas na costa da Grécia (a primeira no golfo de Corinto e a segunda na península Ática), Crotona e Tarento, ambas na costa italiana (a primeira na Calábria e a segunda na península de Salento, ambas voltadas, no entanto, para o golfo de Tarento). Os primeiros estudos de matemática grega tinham como objetivo principal compreender o lugar do homem no universo, de acordo com um esquema racional. A matemática ajudava a encontrar a ordem no caos, a ordenar as ideias em sequências lógicas, a encontrar princípios fundamentais, uma matemática que colocava
Outubro 2013
43
Matemática
Eis a questão a resolver: A Margarida tem um grelhador no máximo, e de uma só vez, cada hambúrguer ficar grelhado de cada lado no grelhador. Se búrgueres qual o tempo mínimo gastar?
onde só pode grelhar, 2 hambúrgueres. Para tem de ficar 2 minutos quiser grelhar 3 hamnecessário que terá de
Proposta de resolução da questão:
Sem dissertar muito sobre os grandes matemáticos gregos, não podia deixar de me referir a estes dois nomes importantes que muito contribuíram para desenvolvimento da matemática: Euclides (c. 300 a.C.−??? a.C.), nascido em Alexandria (?), é um dos matemáticos mais influentes de todos os tempos. Os seus textos mais famosos e mais avançados são os treze livros que constituem os Elementos. Destes foram retirados ensinamentos para a maior parte da geometria ainda hoje estudada nas nossas escolas (a geometria euclidiana); Arquimedes (c. 287 a.C.−c. 212 a.C.), nascido em Siracusa, foi o maior matemático de toda a antiguidade. As suas mais importantes contribuições na matemática foram feitas no domínio daquilo a que agora chamamos «cálculo integral», objeto de estudo e de aplicações em matemática superior. Também a ele se deve, entre outros contributos, a fórmula da área e do volume da esfera e um tratado de hidrostática (com o importante teorema sobre a perda de peso de corpos submersos).
Antes de vos colocar a questão a resolver neste número, gostaria de partilhar convosco, como modesto educador, pai e avô, um ensinamento de Pitágoras: «Eduquemos as crianças e não será necessário castigar os homens».
Vamos identificar os hambúrgueres com os símbolos H 1, H 2 e H 3 e cada um deles com as faces A e B.
Para além dos «sofistas», existia outro grupo de filósofos que também se interessavam pela matemática: eram os chamados «pitagóricos», de cuja escola foi fundador Pitágoras (c. 572 a.C.−c. 500 a.C.), nascido na ilha de Samos. O teorema de Pitágoras (que referimos), que era conhecido dos babilónios como resultando de medições, os pitagóricos concebiam-no como um teorema geométrico abstrato. Contudo, a descoberta mais importante atribuída a Pitágoras foi a dos «números irracionais» (números que geram dízimas infinitas não periódicas), em oposição aos «números racionais» (inteiros ou fracionários que geram dízimas finitas ou infinitas periódicas).
Comecemos por a grelhar H 1A e H 2A (durante 2 minutos). Retiramos o hambúrguer H 1 do grelhador, invertemos o H 2 para grelhar a outra face (H 2B) e colocamos o hambúrguer H 3A no grelhador (2 minutos). Nesta altura temos então o H 2 totalmente grelhado, faltando grelhar a face B dos dois hambúrgueres H 1 e H 3, que irão ficar a grelhar durante 2 minutos.
Pela primeira vez na história, um grupo de homens críticos, os «sofistas», abordavam problemas de natureza matemática como parte de uma investigação filosófica do mundo natural e moral, desenvolvendo uma matemática mais no espírito da compreensão do que no da utilidade.
Porque a matemática não pode ser separada da astronomia (devido às necessidades com a irrigação e à agricultura em geral), não podia, mesmo que de forma muito sucinta, deixar de referir os trabalhos de Eudoxo (c. 390 a.C.−c. 338 a.C.), nascido na cidade de Cnido, atual Tekir, na Turquia, e de Aristarco (c. 310 a.C.−c. 230 a.C.), nascido na ilha de Samos. O primeiro pela sua teoria planetária, que visava explicar o movimento dos planetas em volta da Terra, o segundo porque criou a hipótese de ser o Sol e não a Terra o centro do movimento planetário.
Assim, o tempo mínimo para grelhar os três hambúrgueres é 6 minutos.
não só a questão do «Como?», mas também a moderna questão científica do «Porquê?». Era a mais racional de todas as ciências. Tradicionalmente, o pai da matemática grega é Tales (c. 624 a.C.−c. 558 a.C.), nascido em Mileto.
WEBSITES, WEB MARKETING, LOJAS ONLINE http://www.dwsi.pt
44
Medicinas naturais
Óleos essenciais para o outono Georges Richard georges.richard@dagcreation.com
No Centro de Terapia Natural de Genebra uso regularmente óleos essenciais, sobretudo nas massagens dos meridianos. Têm um impacto direto na saúde, mas, sabendo-se que a aromaterapia é uma arte que exige profissionalismo, socorri-me de especialistas para a sua composição. São essencialmente misturas para estimular ou a relaxar o corpo. No outono, como no inverno, utilizo muitas vezes misturas para fortalecer o sistema imunológico, protegendo as pessoas contra os ataques do frio, do vento e da humidade. Elas evitarão resfriados, estados gripais, afeções respiratórias e de otorrinolaringologia, astenia geral, doenças infeciosas, assim como outros problemas relacionados com as estações frias e ventosas. Eis alguns dos óleos que misturo: Macadamia: regulador dos sistemas linfático e circulatório. Eucalyptus radiata: expetorante; anti-infecioso; antiviral; anti-inflamatório. Eucalyptus globulus: previne as infeções de otorrino laringologia e respiratórias; anti bacteriano; descongestionante. Lavandin: anti-infecioso; relaxante mus cular;anti-inflamatório; anal gésico; fluidificante. Niaouli: imunoestimulante; antiviral; antibacteriano; antifúngico. Pinheiro silvestre: antisséptico pulmonar e uriná- rio; neurotónico. Alecrim: antisséptico respiratório; revita lizante do sistema glandular. Mirtilo: imunoestimulante, antisséptico pulmonar e urinário; antiviral. Ravintsara: antibacteriano; antiviral; expe torante; anti-infecioso. Orégão: anti-infecioso potente, antissép tico de largo espectro de ação; imunoestimulante. Planta do chá: anti-infecioso eficaz (otorrino laringologia, brônquios e pul mões); antibacteriano de amplo espectro; antifúngico; antiviral; antiparasitário; antisséptico; an ti-inflamatório; imunoestimu lante.
Como precaução para o frio do outono que agora começa, deve tomar-se um destes óleos e adicionar umas gotas na água do banho à noite, antes de dormir, ou fazer uma massagem nos meridianos para ativar as defesas imunitárias. Agora uma pergunta dos leitores sobre o cancro da próstata. Marie-Christine, leitora da Lusitânia Contact, pôs-me a pergunta: «Conhece algum óleo essencial que aumente as defesas imunitárias e ajude na luta contra o cancro da próstata?» Tanto quanto sei, os óleos essenciais são complementos úteis para os tratamentos medicamentosos. São, antes de mais, preventivos. Não resolvem problemas de saúde mas ajudam a prevenir doenças comuns. Podem também ser tomados por via oral em pequenas quantidades. Para combater este tipo de cancro há o óleo essencial de pistacia lentiscus, arbusto das zonas áridas da região mediterrânica, desde a Turquia às ilhas Canárias. As suas principais propriedades atuam como descongestionante venoso, linfático e prostático. Este óleo essencial é particularmente indicado para as congestões uterinas, os problemas de varizes, as hemorroidas e em todos os tipos de distúrbios em que haja inchaço.
Outubro 2013
45
Medicinas naturais Deve também ter-se em atenção que a dieta e o estilo de vida desempenham um papel importante não só neste tipo de cancros como na maioria deles. Para se prevenir este tipo de problemas convém uma dieta que inclua flavóides. Eles têm efeitos protetores e dilatadores dos vasos sanguíneos, bem como grandes capacidades antioxidantes (tonificantes dos vasos sanguíneos) e tendência para fluidificar o sangue (efeito anticoagulante). Os flavóides, ou polifenóis, são substâncias que se encontram em algumas plantas e frutas. Estão na origem das cores castanha, vermelho e azul de certos tipos de flores ou frutos. Soja, chá verde, cebolas, especialmente as vermelhas, maçãs, cacau, romã e groselhas são muito ricas em antioxidantes. Mas também uvas, trigo mourisco, mirtilos, chá preto, damascos e a casca de frutas cítricas. As sementes de abóbora, consumidas regularmente, são um bom meio de evitar estes problemas. Apesar da ausência de provas, uma ingestão regular de flavonoides pode ajudar a manter a saúde. Se tem uma dieta rica em frutas e vegetais frescos não precisa tomar suplementos. O flavonoide mais conhecido é o chá verde. Na China e no Japão, onde se toma pelo menos quatro chávenas por dia, as doenças cardiovasculares e o cancro da próstata são muito mais raros do que em qualquer outro lugar. Aconselho os meus pacientes a tomarem uma mistura de plantas da medicina chinesa em infusão, que ajuda a limpar as células e fornece o organismo de antioxidantes muito poderosos. Parece-me que esta mistura de plantas é a que existe no mercado com a maior concentração de antioxidantes. O cancro da próstata é o mais comum nos homens e tem uma evolução lenta ao longo de cerca de dez anos. Na Europa um em cada sete homens terá este diagnóstico ao longo da vida, na maioria das vezes após os sessenta anos. O shiatsu é uma opção eficaz para a gestão dos sintomas com ele relacionados, tais como:
Dificuldade em reter a urina ou em começar a urinar. Desejo frequente e urgente de urinar. Impossibilidade total de urinar. Sensações de ardor ou de dor durante a micção. Fluxo urinário débil ou descontínuo. Presença de sangue na urina ou no sémen. Ejaculação dolorosa. Dor surda na parte de baixo das costas, ancas ou parte de cima das coxas. Perda de apetite. Fadiga. Dores ósseas. O toque retal é o primeiro passo na deteção do cancro da próstata. É recomendável que os homens a partir dos 50 anos o façam de dois em dois anos com o médico assistente, para detetar a doença precocemente. Mas existem outros métodos para o diagnóstico que incluem a ecografia com sonda transrectal (lê os contornos e o interior da próstata), a ressonância magnética (produz imagens a partir da transmissão, absorção ou reflexão da energia de um campo magnético aplicado ao paciente), a cintigrafia (consiste em injetar um produto que se aloja nos tecidos da próstata e permite analisá-la), mas também a determinação do PSA (Prostate Specific Antigen), proteína exclusiva da próstata que ajuda o diagnóstico deste tipo de cancro e a monitorizar a sua evolução. Como nenhum destes meios é 100% confiável, por vezes é necessária uma biópsia para confirmar o diagnóstico. Em 2012, em França, foram identificados 56.800 novos casos e ultimamente tem havido mais de 8900 mortes por ano. Saiba que pode contar com a preciosa ajuda de um profissional de medicina chinesa no estabelecimento de um tratamento que combina a farmacopeia (fitoterapia chinesa), as ervas ou «alimentos esquecidos», a acupuntura ou o shiatsu. Como complemento dos tratamentos médicos (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal ou observação ativa), o profissional desta terapia pode ajudar-vos no controlo dos efeitos adversos da doença e dos tratamentos. No Centro de Terapia Natural de Genebra ajudamos algumas pessoas no tratamento de cancro e na luta contra a doença. Pomos em prática um programa que
46
Medicinas naturais
acompanhará o paciente durante todo o processo. Este programa, que é suportado pelo seguro complementar, pode incluir coisas tão diversas como: Sessões de shiatsu. Sessões de EFT (Emotional Freedom Techniques). Sessões de meditação profunda. Tomada de tisanas de plantas para a eliminação de metais pesados. Treino de pensamento positivo. Conhecimento da alimentação ligada à medicina chinesa (5 elementos). Eis uma receita dos autóctones da região de Santo António, no sul do Brasil, que preparo para ajudar na luta contra o cancro. 2 ou 3 folhas de aloé, ou mais, que atinjam alinhadas um metro de comprimento.
500 g de mel puro. 40 a 50 ml de bebida destilada, não fermentada (brandy, rum branco, conhaque ou uísque...) Retire os bordos espinhosos das folhas com uma faca e limpe o pó com um pano húmido ou uma esponja. Corte as folhas em pedaços pequenos e esmague-as num almofariz. Ponha-as com o mel e o álcool numa batedeira. Misture tudo muito bem pelo menos durante 10 minutos. Conserve o precioso líquido num frasco de vidro escuro (castanho ou verde), de preferência no frigorífico (entre 4 e 6º). Agite bem o frasco e tome 1 colher de sopa 10 a 20 minutos antes das 3 principais refeições, até terminar o produto. Se não sentir resultados, tente novamente após um intervalo de 3 a 7 dias, duplicando a dose: 2 colheres de sopa antes de cada refeição. ATENÇÃO, ESTA RECEITA É SÓ PARA PESSOAS DOENTES A planta de aloé, que tem também um grande poder cicatrizante, pode ser usada em muitos outros pequenos ou grandes problemas de saúde, como, por exemplo: Em altos na cabeça; abcessos; como tónico capilar; contra a caspa; queimaduras domésticas; feridas superficiais; eczemas; psoríase; acne; hemorroidas; para descongestionar o fígado; azia ou acidez do estômago; reumatismo; verrugas; excreção sebácea; furúnculos; artrite; estimulante de apetite; suores noturnos; para eliminar fungos; como normalizador do colesterol e da tensão arterial... O nosso estado de saúde depende de cada um de nós, do que comemos, do ar que respiramos, da nossa meditação, do ambiente que nos rodeia. Tudo isto alimenta o nosso organismo, a nossa propensão para gerar a vida. Tudo isto está interligado. O nosso corpo é um organismo vivo. Já reparou na vida que nele circula? Está consciente da vida que o anima? Georges Richard Praticante de Shiatsu EFT (Emotional Freedom Techniques) Mestre certificado em Reiki Membro da RME, da ASCA e da EISA (European Iokaï Shiatsu Association) http://georges-richard.com
Outubro 2013
47
Truques e astúcias
Sabia que... Isabel Gomes vito_isabel@hotmail.com
Excesso de picante na comida: Para atenuar o excesso de picante na comida, adicione um pouco de leite antes de acabar de cozinhar. Conservar ervas aromáticas: Para que durem mais tempo passe-as por água fria e ponha-as dentro de um saco de plástico, fechando-o de seguida. Ponha o saco no frigorífico. Problemas de flatulência e dores de barriga: Faça um chá com 300ml de água, 4 folhas de louro, 1 colher de chá de camomila e 1 colher de sopa de erva-doce. Ferva durante alguns minutos. Beba uma xícara de café de duas em duas horas enquanto tiver dores de barriga.
A sua Agência de viagens
Natal em Portugal Dias 13 - 20 - 22.12.2013 Preço : desde Fr. 170.- ida / 285.- ida e volta
Natal na Suíça
Dias 11 – 18 – 22. 12.2013 Preço : desde Fr. 170.- ida / 285.- ida e volta
Pacotes de férias
Viagens de avião para todos os destinos
Para os destinos mais maravilhosos do mundo
Carros de aluguer Av. de la Gare 10 CH – 1950 Sion 0041 27 322 40 44 novomarsion@bluewin.ch
48
www.novomar.com.pt 0041 79 220 22 33 novomarviseu@gmail.com
Rua Dr. César Anjo, Lte 2 P-3510-009 Viseu 00351 232 441 710
Gengivas sensíveis: Para evitar o sangramento das gengivas, esfregue-as durante alguns minutos por dia com a parte branca da casca do limão. As gengivas pararão de sangrar ao fim de alguns dias. Unhas frágeis e quebradiças: Ponha sumo de limão numa tigela e mergulhe as unhas nele durante 10 minutos, 1 vez por dia, de 10 a 15 dias. Para desentupir a canalização doméstica: Misture num recipiente 15cl de vinagre branco, 200g de sal e 200g de bicarbonato de sódio. Verta no cano entupido e deixe atuar durante 20 minutos. Por fim, verta uma panela grande com água ferver no mesmo. Pontos negros e acne: Passe o rosto com algodão em rama embebido em sumo de limão, de manhã e à noite, evitando a zona dos olhos. Em poucos dias notará a diferença. Transpiração e mau odor nos pés: Verta 2 litros de água numa bacia e junte 2 colheres de sopa de vinagre branco. Mergulhe os pés nessa mistura durante 1/4 de hora aproximadamente. Faça o tratamento 1 vez por dia e vários dias por semana.
Especial Suíça
Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch
Quem tem direito ao subsídio de desemprego na Suíça?
Quem tem direito ao subsídio de desemprego? Todos os trabalhadores assalariados. Quando se adquire esse direito? Ao atingir-se 12 meses de descontos salariais nos últimos dois anos têm-se direito a 260 dias de subsídio; se se descontou mais de 18 meses tem-se direito a 400 dias. O desconto salarial é 1,2% do ordenado. Como se deve proceder? Cada trabalhador assalariado deve fazer o seguinte: Inscrever-se no Centro de Emprego da zona onde reside. Cumprir escrupulosamente todas as indicações do Centro de Emprego (ir a reuniões, frequentar os cursos propostos, preencher os formulários). Esforçar-se mensalmente na procura efetiva de trabalho (no mínimo 10 a 12 tentativas por mês). Preencher e entregar atempadamente todos os formulários exigidos. Muita atenção às sanções aplicadas pelo Centro de Desemprego e pela Caixa de Desemprego em caso de incumprimento, pois penalizam fortemente o interessado, muitas vezes injustamente. Quanto se recebe do Fundo de Desemprego? Recebe-se 70% do salário bruto (80% no caso de haver filhos ou de o salário mensal ser inferior a 3000 francos) .
Pode receber-se em Portugal o subsídio de desemprego pago pela Caixa de Desemprego da Suíça? Depois da inscrição no Centro de Desemprego e dos esforços levados a cabo na procura de trabalho (no mínimo 4 semanas), pode transferir-se o direito ao subsídio de desemprego para Portugal ou para qualquer outro país da UE. Como se deve proceder? Deve informar-se o Centro de Emprego da decisão para que este possa analisar o processo. A seguir tem de se preencher o Formulário PU3, através da Caixa de Desemprego. Depois de se partir para Portugal (ou para qualquer outro país da União Europeia) deve entregar-se o mesmo formulário na Segurança Social da zona onde se vai passar a viver e procurar trabalho até um prazo máximo de três meses. Deve continuar-se a pagar o Seguro de Doença (Caisse de Maladie; Kranke Kasse; Cassa Malati) e manter a residência na Suíça. Um trabalhador com contrato de trabalho inferior a um ano e uma autorização de estadia L tem direito ao subsídio de desemprego? Sim, no caso de ter 12 meses de descontos nos últimos 2 anos de estadia na Suíça. Também tem direito ao subsídio de desemprego em Portugal depois de 4 meses de trabalho na Suíça, mas tem de manter a residência em Portugal. Neste caso, antes de terminar o contrato e de abandonar a Suíça, deverá entregar o Formulário PU1 após a chegada a Portugal. Tem direito a receber 11,50 euros
Le café de votre vie Pour les professionnels & privés.
Sousa Vins & Ibercash
Représentant officiel pour la Suisse
WWW.SOUSA.CH
50
Especial Suíça por dia útil e o limite do pagamento é de três meses. Os menores de 25 anos sem crianças a cargo sofrem uma redução do subsídio para 200 dias. O Fundo de Desemprego e os Cantões assumem 50% dos custos de medidas de formação e ocupação. Estes são os pontos mais importantes para uma pessoa se inscrever no Fundo de Desemprego na Suíça. No entanto, a lei do Fundo de Desemprego é muito mais complexa e rigorosa do que se possa imaginar. Uma pessoa quando está inscrita neste fundo está segura com um Seguro de Acidentes; no entanto, no que diz respeito ao Seguro de Doença, só tem 44 dias cobertos no período total a que tem direito ao subsídio de desemprego. Só pode, porém, usufruir de 30 dias de uma só vez desse mesmo Seguro de Doença. Caso assim não seja, o Fundo de Desemprego não paga qualquer subsídio. Em alguns casos faz todo o sentido ter um Seguro de Doença privado, apesar de o custo do mesmo ser elevado e de, em algumas seguradoras, o procedimento ser demasiado complexo. Aconselhamos a que se leiam todas as cláusulas do contrato no momento de este ser assinado, por mais pequenas que sejam as letras. Deve ter-se muita atenção quando se recusa um trabalho, dado que se o conselheiro do Fundo de Desemprego tiver conhecimento o segurado terá de justificar por escrito o motivo dessa recusa; se o motivo não for ponderado e consistente dará origem a uma penalização. Ser mãe ou ter filhos pequenos a
cargo não têm qualquer benefício de aligeiramento do processo junto do Fundo de Desemprego, dado que a lei é clara: uma pessoa tem de estar pronta para aceitar qualquer desafio no mercado de trabalho. Uma boa comunicação com o conselheiro do Instituto de Desemprego é meio caminho andado para que as penalizações não aconteçam e até pode ser uma mais-valia para que se encontre um posto de trabalho adequado e rapidamente. São muitos os casos de portugueses que tratam com muita ligeireza o processo do Fundo de Desemprego, com consequências por vezes dramáticas, o que leva ao corte por completo do subsídio de desemprego. A não entrega do formulário da procura de trabalho é uma das faltas que não têm desculpa e a penalização pelo atraso vai de 3 a 7 dias úteis. Prepare a tempo o formulário e entregue-o no dia 30 de cada mês. A lei permite que o mesmo seja entregue até ao dia 5 de cada mês seguinte, como data limite. Alguns conselheiros são demasiado rigorosos e exigem que a procura de trabalho inclua um a dois anúncios nos jornais, que não seja apenas espontânea e que seja presencial ou pelo telefone. Conhecemos pessoas a quem foram aplicados cinco dias de penalização pelo facto de o formulário não ter duas procuras de trabalho feitas através de anúncio de jornal. O que é certo é que a lei assim o exige, ficando depois na consciência dos conselheiros (e muitos, a maioria dos casos, não têm nenhuma) ter em atenção as limitações linguísticas e de formação de cada segurado no Fundo de Desemprego.
Outubro 2013
51
Informações consulares Informações Consulares
CONSULADO GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA
REFORMA DE BASE ESTATAL A PREVIDÊNCIA PROFISSIONAL «2ème – LPP»do(«Loi sur («RENTE la Prévoyance Pensão PILIER por Velhice 1º Pilar AVS») Professionnellle»)
A) O na 2ºSuíça PILAR LPP (“LOI SUR pelo LA PRÉVOYANCE Reside ou –trabalhou na Suíça menos 1 ano? PROFESSIONNELLE”) Nesse caso, quando atingir o limite de idade legal para a reforma suíça terá direito a uma pensão mensal do reTrabalhou na Suíça da idade de 25 anos? As relagime de base estataldepois do Seguro de Velhice e Sobrevivênções de trabalho foram superiores a 3 meses ? cia suíço (AVS – 1º pilar). Nesse caso, mediante certos requisitos (ex.: salário anual superior a 20’880,00de CHF) , quando atingir o limite de 1) Condições atribuição: idade legal para a reforma suíça (64 anos para as mulheres para os Homens) e se entretanto não tiver Prazo ede65garantia: levantado os fundos sob acompleto forma dededinheiro (capital), Ter pelo menos um ano descontos para terá direito, não só à pensão do regime de base estatal o AVS/AI/PC - (Seguro de Velhice e de Sobrevivência do seguro de velhice e sobrevivência (“AVS” – 1º – “Assurance-Vieillesse et Survivants”;suíço Seguro de Invapilar), mas também a uma pensão do regime complelidez - “Assurance Invalidité”; Prestações Complemenmentar de previdência profissional – “LPP” / 2º Pilar. tares – “Prestations Complémentaires”). Idade: B) OBJECTIVOS DO REGIME DE Ter completado 64 anos (mulheres)COMPLEMENTAR ou 65 anos (homens). PREVIDÊNCIA PROFISSIONAL
2) da idade da reforma (2º Flexibilização PILAR/LPP) O 2º Pilar/LPP visa garantir, juntamente Adiamento): com(Antecipação a pensão AVS-AI, de–maneira apropriada, o nível de
vida anterior (cerca de 60% do salário anual médio). Os beneficiários têm direito a requerer a pensão • 1 ouPRESTAÇÕES 2 anos antes da normal de - (penaC) DOidade SISTEMA DEreforma PREVIDÊNCIA lização de 6,8 %– ou PROFISSIONAL 2º 13,6% PILAR: (*) • 1 a 5 anos, após a idade normal de reforma - (com bonificação/suplemento 10,8%, 17,1%, Para além das pensõesmensalde de velhice5,2%, aos idosos na reforma, 24,0%, 31,5%, respectivamente, por 1, pensões 2, 3, 4 oude5 invaanos o 2º Pilar concede também eventuais adicionais). lidez, complemento por filhos a cargo (20%) e pensões (*) sobrevivência Atenção: Em caso de antecipação, a pensão será rede (viuvez: 60%; e orfandade: 20%). duzida à vida de 6,8% por cada ano de antecipação em relação à idade normal da reforma - (13,6% por 2 anos). D) QUEM ESTÁ ABRANGIDO?
3)regime Montante e Cálculo da Pensão: O complementar LPP é obrigatório (*) desde 1985, para todos os trabalhadores assalariados (*) Basesum de rendimento cálculo com salarial anual ilíquido superior a A pensão é calculada com base nos seguintes 21’060,00 CHF ou 1’755 mensais (valores elementos: 2013). (*) - os carreira contributiva dopilar beneficiário; Para independentes, o 2° é facultativo. - remuneração anual média de referência (RAM) que resulta do total das remunerações efectivamente E) MONTANTE E GESTÃO DAS COTIZAÇÕES auferidas em toda a carreira - (após eventual actualização do factor/índice de revalorizaO montante das através contribuições, pagas à razão de 50% ção próprio ea 50% cada ano) pelo número de pelo trabalhador pelo dividido patrão, variam de caixa anos de descontos a que dos correspondem; para caixa e segundo a idade segurados e podem - bonificações por assisatingir, na maioria por dos tarefas casos, 7educativas a 18% do ou salário coor tência grandes inválidos. denado, isto aéfamiliares da parte compreendida entre 24’570,00 - “Splitting” (Os rendimentos os de cônjuges realizaCHF (parte já assegurada pelo que seguro base AVS) e rammáximo durante casamento as bonificações o limite doosalário anual eAVS, 84’240 CHF, por ou educação relativaCHF aos no filhos criadoschamado em comum são seja, sobre 59’670,00 máximo, salário partilhados e atribuídos igualA agestão cada um coordenado máximo (valores por 2013). dasdeles); cotizações é confiada a fundações de previdência também Pensão completa máximo e mínimo) chamadas Caixas de(montantes Pensões escolhidas pelos patrões e pensão parcialde seguros privadas, Caixas de Em(ex.: Companhias • A pensão só seráCaixas completa se o número de anos com represa ou mesmo Colectivas Profissionais ou Ingisto de descontos para a AVS for de, pelo menos, 44 anos (o terprofissionais). 56 52
F) DE FINANCIAMENTO que SISTEMA corresponderá à denominada “échelle de rente 44”).
• Se o período contributivo estiver incompleto, os seguO 2° pilar é baseado sistema da parcial, capitalização que rados receberão apenasnouma pensão proporcioconsiste na constituição, para cada indivíduo, de um canal aos anos de descontos efectuados. pital resultante da acumulação das contribuições pagas, ano 2013, após ano, pelo patrãomínimos e pelo trabalhador, as Em os montantes e máximos durante da pensão diversas relações de trabalho (*), designadamente pela completa (escalão 44) são os seguintes: destinada à poupança deRAM reforma) parte • Pensão mínima: CHF velhice 1’170. –(pensão para um infe também conhecidas sob o nome de “bonificações de rior a CHF 14’040. velhice”, acrescidas por juros compostos (*) para paga • Pensão máxima: CHF 2’340. – para um RAM igual mentooufuturo das aprestações. (*) As eventuais “presta superior CHF 84’240.ções da saída” (fundos acumulados em cada NOTA: O Conselho Federal publica todos os instituição anos uma de previdência em resultado do exercício de tabela contendo os valores mínimos eactividades máximos anteriores) - transitam, no âmbitoa da “livre das pensões correspondentes umachamada carreira contri passagem”, de caixa para caixa e são creditadas pelos butiva completa, consoante os escalões salariais, respectivos juros. O capital assim constituído é deno bem como o factor de actualização/índice. minado capital de poupança reforma (“avoir/épargne vieillesse”) e é convertido em pensão anual paga em 4) Outras prestações do seguro de velhiprestações mensais. A taxa de juros (rendimentos) é de ce (Valor (AVS): 1,5%. 2013) .
Os pensionistas tem direito também a G) MONTANTEdoE AVS CÁLCULO DA PENSÃO
• Complementos por filhos a cargo e/ou por asAs pensões calculadas sistência desão 3ª pessoa e em percentagem do capital de velhice (“avoir/épargnepor vieillesse”) acumu poupança • Prestações complementares insuficiência de lado, capital esse resultante das contribuições acrescirecursos económicos. das por de juros compostos. A taxa os defamiliares conversão (também No caso morte do pensionista, têm direito conhecida por “taxa de transposição”) actualmente em • Pensões de sobrevivência de vigor de 6,85% para os se homens e de as -é Viuvez – (Viúva, tiverem tido6,80% pelo para menos mulheres. (Valor 2013) . Em 2014, de 6,8% um filho comumserá a apenas cargo ou, não tanto comofilhos, para assemulheres. para os homens havendo tiver mais de 45 anos de idade e o casamento tiver H) IDADE DA REFORMA - FLEXIBILIZAÇÃO durado pelo menos 5 anos; Viúvo, somente enquanto tiver filhos A idade normal da reforma é de 64 paraa as mul comuns menores deanos 18 anos, cargo). heres e 65 anos para os homens). Se o regulamento - Orfandade (Os filhos cujo pai ou mãe faleceu da caixa o prever, os direito interessados podem de pretender têm a uma pensão órfão atéa uma pensão de aos reforma antecipada com 18 anos de idade, ou penalização até aos 25 * - (o mais cedo,anos aos em 58 caso anos).de(*)prosseguimento A pensão anteci de pada sem penalização só é possível se existir algum estudos ou aprendizagem). acordo/convenção no sector profissional a que pertence o segurado (Ex.: Os trabalhadores das obras públicas e 5) Quando e onde apresentar o pedido? construção civil). O pedido deve ser apresentado em formulário apropria-
I) LEVANTAMENTO DO CAPITAL – CONDIÇÕESAVS DE do para o efeito, na última Caixa de Compensação
REEMBOLSO DAS COTIZAÇÕES DINHEIRO – ASonde foram efectuados os registosEM de contribuições ou, PECTOS FISCAIS residindo fora da Suíça, endereçá-lo à Caixa Suíça de Compensação, através do competente organismo de liO reembolso em dinheiro totalidade das cogação de segurança social(capital) do país da onde se encontrarem tizações acumuladas e respectivos juros é possível nas (ex.: Instituto de Segurança Social – IP - (Centro Nacioseguintes situações: nal de Pensões) -, em Portugal). • Compra de alojamento; (**)(***) É• Exercício de actividade económica independente (insconveniente apresentar o pedido 5 a 6 meses antes talação porlegal conta (**)(***) da idade daprópria); reforma.
Informações consulares ATENÇÃO: A atribuição das pensões de reforma não são automáticas pelo que compete aos interessados, apresentarem o necessário requerimento.
(*) Nota: Trata-se de um formulário “intra-caixas”, pelo que os segurados não têm acesso a ele.
Alguns Aspectos Internacionais do Seguro AVS
Com excepção das prestações complementares por insuficiência de recursos, o direito à pensão de reforma existe mesmo se os interessados residirem no estrangeiro, designadamente num Estado-membro da União Europeia (ex.: em Portugal).
6) Partida da Suíça
8) Exportação da pensão:
Pedido do extracto da carreira contributiva Se o abandono definitivo da Suíça ocorrer antes da idade da reforma, os interessados têm todo o interesse em pedir à respectiva Caixa de Compensação AVS um extracto da carreira contributiva na Suíça (“Extrait CI”) a fim de verificarem se todos os períodos de descontos foram registados e poderem reclamar se houver alguma lacuna.
Neste caso, a pensão é paga, regra geral, por transferência bancária para o banco e conta indicados pelo pensionista.
7) Totalização de períodos (*):
9) Onde obter mais informações
(*) O prazo mínimo de descontos exigido pelo regime suíço sendo apenas de 12 meses, este aspecto poderá receber aplicação, sobretudo do lado português onde o prazo de garantia exigido para acesso à pensão contributiva é de 15 anos).
As informações prestadas na presente comunicação são de carácter geral. Para receber informações mais detalhadas, endereços e contactos de entidades e organismos públicos suíços competentes na matéria, etc., pode solicitar a Nota Informativa sobre o mesmo tema, escrevendo para o Consulado-Geral de Portugal em Genebra. Para esclarecimentos complementares, poderá também entrar em contacto com a sua Caixa de Compensação AVS, cujo nome, endereço e telefone exactos se encontram no fim das listas telefónicas.
Exemplo: Os interessados que tenham trabalhado pelo menos um ano em Portugal e não reúnam o prazo de garantia exigido para abertura do direito à pensão de velhice portuguesa a título contributivo (15 anos de descontos), podem contactar o Centro Nacional de Pensões em Lisboa para requererem a totalização dos períodos de descontos efectuados na Suíça com os períodos de quotizações efectuados em Portugal e abertura do direito à pensão de reforma portuguesa, através do formulário E 205 (**)
O eventual imposto sobre o montante da pensão será pago no país de domicílio.
Consulado-Geral de Portugal em Genebra, Setembro de 2013. Porfírio Pinheiro
Permanências Consulares 2013 - 8 de Novembro - Moudon - das 10h às 15h, Hotel de Ville - Salle Mazan
Onde posso encontrar
Bern Embaixada de Portugal Genève Alsa Voyages (Escritório e Autocarros de Linha Portugal - Suíça - Portugal) Caixa Geral de Depósitos Cepeda Voyages Consulado Geral em Genebra Banco Espírito Santo Banco BPI
Millennium BCP Montepio Geral Santander Totta Livraria Camões Lausanne Banco Espírito Santo Millennium BCP Império SA SEP Voyages
euchatel Banco Espírito Santo N Lugano Serviços Consulares de Portugal em Lugano Sion Serviços Consulares de Portugal em Sion Banco Espírito Santo Novomar Zurich Banco Espírito Santo Consulado Geral de Zurich Millennium BCP Santander Totta
Outubro 2013
53
Bem-estar
Uma questão de postura Telma Ferreira Fisioterapeuta telmaferreira20@hotmail.com
Ombros e ancas alinhados, coluna vertebral encostada nas costas da cadeira, joelhos fletidos a 90º. Em sentido! Esta é a postura que deve ser mantida durante as horas, cada vez em maior número, que costumamos passar sentados em frente ao computador. Numa sociedade cada vez mais informatizada, em que os computadores roubam muitas horas ao nosso dia a dia, torna-se importante pensar como devemos estar em frente deles. Muitas vezes as dores e o cansaço que sentimos ao chegar a casa, depois de um dia de trabalho, não são mais do que o fruto de posturas incorretas.
Posição incorreta para se estar no computador
Quando estamos em frente ao computador, seja no trabalho ou em casa, não nos damos conta de que passamos a maior parte do tempo em posições corporais in-
corretas, tantas vezes sem tomarmos consciência dessas nossas posturas, fazendo esforços desnecessários, sobrecarregando o pescoço, os ombros e a coluna vertebral.
O monitor alinhado com o olhar e nunca de lado. Os olhos devem alcançar o monitor sem que seja necessario baixar ou levantar a cabeça.
Os pulsos em posição neutra; Mesa de trabalho firme e ajustada à altura do utilizador
Os cotovelos apoiados com um ângulo nunca inferior a 90°
Ancas, joelhos e tornozelos num ângulo de 90°
Cadeira ajustável em altura
Pés apoiados no chão
Posição correta para se estar no computador
54
As costas apoiadas na cadeira
Deixamo-nos transformar em autómatos, e, com as cabeças cheias de preocupações, vamos desempenhando automaticamente as nossas tarefas com o único intuito de as realizar todas. O resultado disso é, a médio e a longo prazo, problemas de saúde osteoarticulares, cansaço extremo e noites mal dormidas, condições essenciais para que surjam dores crónicas e doenças relacionadas com o trabalho. Aos poucos, conseguindo corrigir as posturas corporais incorretas, consegue-se alcançar um alinhamento correto, diminuindo as hipóteses de desenvolver uma série de complicações e de alterações no nosso corpo. A postura mais correta para se estar em frente ao computador será sempre a que se mostra na segunda figura.
Associações portuguesas
Tiago Silvestre, José Barbosa, Manuel Almeida (presidente), Fátima Lopes, Joaquim Jordão, António Raimundo, Américo Lourenço, Sérgio Brito e Venâncio Costa.
A
Casa do Benfica em Genebra, fundada em 31 de maio de 1993, é uma de entre as 7 espalhadas pela Europa (na Alemanha, França e Suíça), não contando com as filiais e os clubes associados (na França, Luxemburgo, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Suíça), que totalizam mais 13. Insere-se, portanto, no movimento de sócios e simpatizantes do Benfica na diáspora que quer manter bem vivo o amor clubista e a ligação ao Glorioso. Esta Casa teve um percurso de afirmação e crescimento que a obrigou a mudar três vezes de sede (até 2008 esteve na rue de la Servette; de 2009 a 2011 na route de St. Julien; desde 2011 está na rue de Bâle). Este esforço de melhoria não visou apenas proporcionar melhores condições para desenvolver as suas atividades e dar mais conforto aos sócios, mas também ligar-se à comunidade em geral. A esta pode, portanto, prestar diversos serviços, como seja a cedência de instalações para aniversários a batizados, passando por casamentos, comunhões, crismas, jantares de empresas, despedidas de solteiro, festas particulares e outros encontros, para os quais tem uma sala equipada com ar condicionado
capaz de receber 120 pessoas. Possui ainda outra sala para festas privadas com capacidade para receber 70 pessoas. Para além desta capacidade logística de cedência de instalações, que põe ao dispor da comunidade, desenvolveu diversas atividades recreativas, culturais e desportivas como a pesca desportiva, o jogo da sueca, o snooker, os matraquilhos, as lições de música, isto entre 1996 a 2000, sob a orientação do professor Euclides da Silva, assim como as artes marciais, entre 1996 e 1998. A Casa presta ainda serviço de refeições, tendo uma cozinha dirigida por um grande paladino das especialidades portuguesas, o Chef Sérgio, que nos deslumbra com a sua maneira de cozinhar os pratos mais deliciosos que fazem parte das nossas memórias passadas e mais recentes: Bacalhau à Benfica (prato da casa); Polvo à Lagareiro; Costeleta de Vaca; Bitoque de Vaca e Porco; Ensopado de Cabrito no Forno; Cozido à Portuguesa. Qual é o segredo do Chef? Aventure-se e vai ver que gosta. O presidente da Casa do Benfica, Manuel Almeida, natural de Sernancelhe, no distrito de Viseu, está há 23 anos na Suíça,
Outubro 2013
55
Associações portuguesas é casado com Isabel Almeida, de quem tem dois filhos, a Matilde e o Salvador, os quais par-ticiparam no Rancho Folclórico entre 2 e 3 anos. Manuel Almeida diz que não bastam palavras, tem de se passar às ações. Faz questão de realçar que se não fosse o voluntariado muitos serviços sofreriam carências de diversa ordem. Rancho Folclórico da Casa do Benfica de Genebra
esteve na freguesia do Carvalhal, no concelho de Abrantes, de onde são naturais alguns dos seus fundadores. Direção Cultural: Presidente, Venâncio Costa; vice-presidente, António Raimundo; tesoureiro, Américo Lourenço; secretária, Raquel Soares; vogais, Manuel Almeida, Fátima Lopes e Ernesto Matos. Ensaiadores: Raquel Soares e Ernesto Matos. Sport Genève Benfica O Sport Genève Benfica é um dos clubes filiais do Benfica, tal com existem vários noutros países, que tem as seguintes categorias: Juniores (equipas D, B e A); Veteranos (que estão no grupo Promoção); Ativos (que se encontram na 4.ª Liga). Direção Desportiva: Presidente, José Neves; tesoureiro, Frederico Ribeiro; diretor-técnico, Óscar Fraga; diretor dos juniores, Carlos Silva; secretária, Vânia Calvão; responsável e treinador dos Ativos, Bruno Rocha; treinador dos juniores A, Luís Rodrigues; treinador juniores B, Tiago Mendes; treinador dos juniores D, Bruno Rocha; treinador dos Veteranos, Jorge Almeida. Historial desportivo do clube: Os Ativos subiram de divisão, da 5.ª para a 4.ª Liga, nas épocas de 1999/2000 e de 2005/06. Na época de 2007/08 subiram da 4.ª para a 3.ª Liga e ganharam o Campeonato Genevois da 4.ª Liga. Na época de 2009/10 voltaram a subir da 4.ª para a 3.ª Liga.
No sentido de manter vivas as tradições portuguesas ligadas às nossas raízes, foi criado o Rancho Folclórico da Casa do Benfica de Genebra, no mês de abril 1994, que conta com 45 elementos entre os músicos e os componentes do grupos infantil e adulto. Os seus fundadores, na sua maioria originários do Ribatejo, fizeram pesquisas de cariz etnográfico em diversas aldeias e concelhos de onde são originários, reconstituindo assim os trajes, recuperando as músicas e as formas de dançar e cantar. O grupo continua a divulgar as danças e cantares do Ribatejo por toda a Suíça, pela França, Luxemburgo, Andorra, Mónaco e Portugal, desde Trás-os-Montes ao Alentejo. Mais recentemente
Os Veteranos subiram para a Regional de Promoção nas épocas de 2008/09 e de 2010/11. Direção da Casa do Benfica: Presidente, Manuel Almeida; vice-presidente, José Barbosa; tesoureiro, Joaquim Jordão; secretário, Tiago Silvestre; responsável pelas atividades culturais, António Raimundo; responsável pelas atividades desportivas, Vítor Azevedo; suplente, Maria Fátima Lopes; responsável pelas instalações e equipamentos, Sérgio Brito. Assembleia Geral: Presidente, Venâncio Costa; vice-presidente, Israel Tavares; 1.º secretário, Jorge Pinto; 2.º secretário, Constantino Vicente; suplentes, Carlos e Ernesto Matos. Conselho Fiscal: Presidente, Américo Lourenço; vice-presidente, Fernando Oliveira; secretário, Paulo Sampaio; relator, Adelina Costa; suplente, José Rego. Horário de funcionamento: Sextas-feiras, das 18h00 às 02h00 • Sábados, das 10h00 às 02h00 Domingos, das 10h00 às 20h00 • Bailes nos sábados à noite e nos domingos à tarde, animados por um grupo musical. Contatos: Rue de Bâle, 16 • 1201 Genève Tel. 022 300 45 16 • 079 753 70 74
56
Horóscopo
Previsão bimestral (outubro e novembro) Sérgio Tomásio sergio.voyante@gmail.com
Virgem
AMOR − Os nativos deste signo deverão prestar atenção
à pessoa amada, para evitar mal-entendidos que possam levar aos ciúmes. TRABALHO − Os nativos deste signo manifestarão tendência para o isolamento, por falta de confiança nos outros, o que os poderá prejudicar no crescimento e melhoria profissionais. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão realizar um «check-up» e dedicar mais tempo ao desporto, o que irá fortalecer o seu estado de saúde geral.
Balança
AMOR − Os nativos deste signo tenderão a converter a pessoa
Carneiro
AMOR − Os nativos deste signo estão determinados a per-
seguir os seus objetivos. Mas atenção, quando começarem a visualizar a meta terão de guardar o entusiasmo para não desiludirem a pessoa amada. TRABALHO − Os nativos deste signo irão ter oportunidades interessantes que os podem ajudar a crescer profissional e economicamente. Começarão a sentir essas oportunidades nos próximos meses. SAÚDE − Os nativos deste signo sentirão algumas dores, resultantes de problemas nos ossos, mas não será nada de grave. Deverão continuar a fazer exercício físico.
Touro
AMOR − Os nativos deste signo saberão conquistar pela sim-
patia a pessoa amada, que facilmente ficará sensibilizada pela sua sinceridade. Sendo o amor a única coisa que desejam, não deverão desperdiçar as oportunidades que surjam. TRABALHO − Os nativos deste signo deverão deixar-se aconselhar por quem tenha mais experiência, especialmente os colegas, que lhe saberão indicar como proceder no cumprimento de algumas tarefas. Deverão ter sempre a mente aberta para poderem aprender permanentemente. SAÚDE − Os nativos deste signo terão uma tendência para a ansiedade, causada pelo stresse do dia a dia, que deverão contrariar na medida do possível.
Gémeos
AMOR − Os nativos deste signo deverão modificar algumas
coisas na sua maneira de ser, para terem uma vida mais harmoniosa com a pessoa amada. A paciência e a constância são atitudes a prosseguir. TRABALHO − Os nativos deste signo tenderão a manifestar tristeza no trabalho, sendo então ajudados por alguns colegas. Deverão procurar não se deixar influenciar pelo nervosismo e a vida correrá melhor. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão manter a calma para superar alguns imprevistos próprios da época.
Caranguejo
AMOR − Os nativos deste signo descobrirão interesses que
os ocuparão muito tempo no ambiente familiar, o que lhes permitirá desfrutar o amor conjugal. TRABALHO − Os nativos deste signo tenderão a complicar pequenos problemas no trabalho, pelo que deverão ter cuidado para não obterem os efeitos contrários do que pretendem. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão praticar muito exercício físico de relaxamento.
Leão
AMOR − Os nativos deste signo tenderão a ver o lado positivo
das coisas, pelo que se sentirão mais serenos consigo próprios e com a pessoa amada. Deverão dedicar mais tempo à família. TRABALHO − Os nativos deste signo passarão por problemas de falta de entusiasmo no emprego, mas encontrarão o equilíbrio que lhe permitirá continuar a desempenhar as tarefas com eficácia. SAÚDE − Os nativos deste signo precisarão relaxar-se para descarregar o stresse acumulado nos últimos tempos.
amada no centro do seu mundo, o que deverá ser evitado pelos problemas que isso pode causar. TRABALHO − Os nativos deste signo terão de tomar uma decisão difícil durante os próximos meses, a qual deverá ser bem sucedida. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão mudar de ares, nem que seja fazendo uma pequena viagem regeneradora.
Escorpião
AMOR − Os nativos deste signo sentirão grande felicidade
pela harmonia que se estabelecerá entre si e a pessoa amada, de que resultará um grande e verdadeiro amor. TRABALHO− Os nativos deste signo terão intuições corretas, que alguém, devido a inveja, tentará desacreditar. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão fazer um pouco de exercício para manter o seu corpo em forma.
Sagitário
AMOR − Os nativos deste signo experimentarão alguma ten-
são conjugal, que deve ser aliviada através de uma nova estratégia, de novas propostas ou de situações novas a viver a dois. TRABALHO − Os nativos deste signo encontrarão obstáculos para a realização de uma determinada tarefa, resultantes da inveja de alguém. Mas deverão evitar o choque direto, pois tudo se descobrirá e será ultrapassado. SAÚDE − Os nativos deste signo necessitam de descanso, pelo que deverão dormir mais horas diariamente, pelo menos no período imediato.
Capricórnio
AMOR − Os nativos deste signo passarão por uma situação
afetiva de estabilidade, resultante da procura de novos caminhos na relação. TRABALHO − Os nativos deste signo tenderão a fazer tudo sozinhos mas é aconselhável a procura de parecerias para projetos ou atividades comuns. SAÚDE − Os nativos deste signo passarão por um estado de plena forma física, que deverá ser mantida através do exercício físico.
Aquário
AMOR − Os nativos deste signo passarão por desconfianças
da parte da pessoa amada, mas tudo se resolverá bem e em breve. TRABALHO − Os nativos deste signo iniciarão novo percurso profissional, o qual, além de lhes oferecer algumas vantagens, lhes trará desafios mas também alguns perigos escondidos. Deverão manter-se firmes e leais aos seus objetivos. SAÚDE − Os nativos deste signo passarão por situações de stresse, devido ao excesso de ansiedade, que deverão procurar dominar.
Peixes
AMOR − Os nativos deste signo passarão por aquilo que lhes
parece ser o desmoronamento dos seus sonhos, mas que não passa de insegurança e dos efeitos da inveja de quem está perto. Deverão manter a calma para que tudo termine bem. TRABALHO − Os nativos deste signo não deverão ser obstinados na sua maneira de pensar, devendo antes saber escutar os outros. Afinal, a forma como encaram as coisas não passa de mais uma entre muitas outras possíveis. SAÚDE − Os nativos deste signo deverão cuidar do seu corpo, se necessário procurando a ajuda de um nutricionista.
Outubro 2013
57
Rir faz bem
Anedotas No jantar de despedida, depois de 25 anos de trabalho à frente da paróquia, o padre discursa: – A primeira impressão que tive desta paróquia foi com a primeira confissão que ouvi. A pessoa confessou ter roubado um aparelho de TV, dinheiro aos seus pais, à empresa onde trabalhava, além de ter aventuras amorosas com as esposas dos amigos. Também se dedicava ao tráfico de drogas e havia transmitido uma doença venérea à própria irmã. Fiquei assustadíssimo. Com o passar do tempo, entretanto, conheci uma paróquia cheia de gente responsável, com valores e comprometida com sua fé. Atrasado, chegou então o Presidente da Câmara para prestar uma homenagem ao Padre. Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso: – Nunca vou esquecer o dia em que o Padre chegou à nossa paróquia. Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a confessar-me. O professor estava a almoçar na cantina da escola quando Joãozinho se sentou na frente dele. O professor disse-lhe: Um pássaro e um porco nunca comem juntos! – Está bem, então eu saio já daqui a voar, respondeu o Joãozinho. O professor ficou verde de raiva, e decidiu dar-lhe um zero para o controlo da semana seguinte, mas o Joãozinho respondeu com exatidão a todas as perguntas. Então o professor resolveu colocar-lhe o seguinte problema: Tu vais na rua e encontras dois sacos... um contem muito dinheiro e o outro inteligência. Qual é que tu escolhes? – Escolho o que está cheio de dinheiro, responde. – Pois eu no teu lugar teria escolhido a inteligência! – As pessoas escolhem sempre aquilo que não têm, respondeu o Joãozinho. O professor, escondendo a raiva, escreveu na cópia «IMBECIL». Joãozinho levou a cópia e foi-se sentar, mas voltou pouco depois. – Professor, o senhor assinou, mas esqueceu-se de me marcar a nota! Conversa entre três amigos na taberna, falando sobre as esposas. Diz um: – A minha mulher é tão burra! Mesmo burra! Comprou 100l de leite porque o leite estava em promoção no supermercado e, vejam só, lá em casa ninguém bebe leite! Diz outro: – Ah, isso não é nada! A minha ainda é mais burra! Noutro dia comprou um carro só porque gostou da cor, um carro, vejam bem, e lá em casa ninguém tem carta! Diz o último: – Não, não, compadre! A minha, é que é burra! Mais burra! Não é que foi de férias para o Brasil mais duas amigas e comprou 50 preservativos, cinquenta, compadre, e ela nem pila tem!... Mesmo burra!...
58
Uma idosa ao atravessar a rua caiu e deu com o rabo no chão. Um político muito conhecido viu-a e apressou-se a ajudála a levantar-se, ajudando-a também a atravessar a rua. Uma vez do outro lado ele pergunta: – Então? Reconheceu-me? Sou o fulano tal, grande político, e espero que nas próximas eleições vote em mim! Diz a velha com um sorriso matreiro: – Sabe? Eu bati com o traseiro no chão, não foi com a cabeça! A avó e o avô foram fazer uma visita ao seu filho, nora e netos e resolveram passar uma noite por lá. Quando o avô encontrou na casa de banho uma caixa de Viagra perguntou ao filho: já ouvi falar nisto vou tomar uma dessas pilulas? E o filho respondeu: – Eu creio que não deve tomar papá, são muito fortes e muito caras. E quanto custam? Perguntou o pai. – Vinte euros por pílula, respondeu o filho. – Não importa, disse o pai, insisto que quero provar. Amanhã, pela manhã deixo-te o dinheiro debaixo do travesseiro. No dia seguinte, perto do meio dia, o filho encontrou 220 euros debaixo do travesseiro. Telefonou para o pai e disse: Eu falei que cada pílula custava 20 euros e não 220, papá. Eu entendi, respondeu o pai, foi a tua mãe que colocou os outros 200.
Sudoku
Residentes no estRangeiRo
CaRtão de déBito Re o CaRtão QUe o FaZ sentiR Mais PRÓXiMo de PoRtUgaL. SEM COMISSÕES SOBRE OPERAÇÕES NO PAÍS DE RESIDÊNCIA. Viver fora de Portugal não significa perder os laços que o unem ao seu país. Ainda que lhe falte o abraço de um amigo ou a presença reconfortante da família, a Caixa criou uma solução para que não tenha de abdicar de mais nada: um cartão de débito exclusivo para residentes no estrangeiro (RE) que podem, no momento da adesão, escolher entre a rede Visa ou Maestro. Este cartão permite-lhe efetuar consultas, levantamentos, pagamentos, transferências e muitas outras operações sobre a sua conta à ordem em Portugal. Mais, beneficia da isenção das comissões de levantamento e compras no país de residência, como se estivesse em Portugal, com toda a segurança e comodidade. Para mais informações, dirija-se a uma agência ou representação da Caixa.
HÁ UM BanCo QUe o aPRoXiMa de PoRtUgaL. a CaiXa. CoM CeRteZa. www.cgd.pt | (+351) 707 24 24 24 | 24 horas por dia/todos os dias do ano.
A Caixa Geral de Depósitos, SA é regulada pelo Banco de Portugal.