Monopólio e concorrência : a roda do sal de Setúbal (Portugal) e as rotas internacionais (segunda me

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A ARTICULAÇÃO DO SAL PORTUGUÊS AOS CIRCUITOS MUNDIAIS · ANTIGOS E NOVOS CONSUMOS THE ARTICULATION OF PORTUGUESE SALT WITH WORLDWIDE ROUTES · PAST AND NEW CONSUMPTION TRENDS

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MONOPÓLIO E CONCORRÊNCIA - A “RODA DO SAL”DE SETÚBAL (PORTUGAL) E AS ROTAS INTERNACIONAIS (SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVII A INÍCIOS DO DE XIX)

Inês Amorim* Resumo: Quanto se produz, como se produz, quanto se vende? O tema do controlo do mercado e do consumo do sal é um clássico da historiografia francesa e espanhola. No caso português existe a ideia de que se cingiu ao período de governo de Portugal, sob a administração castelhana. A “roda do sal”, especificada para Setúbal, surge, contudo, como uma forma de controlo e de aferição da oferta e do consumo do sal. Este controlo questiona-se quando surgem novos consumidores e rotas internacionais do sal, em particular na segunda metade do século XVIII e, fundamentalmente, nos inícios de XIX, em direcção ao Norte da Europa e Estados Unidos.

A investigação realizada procura responder à proposta de trabalho estruturadora do II Seminário Internacional sobre o sal Português, que elegeu, como temática central, “a articulação do sal português aos circuitos mundiais – antigos e novos consumos”1. No caso vertente pretendemos analisar alguns aspectos do monopólio comercial português e o seu significado no quadro da evolução da exportação do sal português. Esta análise coloca, como hipótese contextualizadora, a possibilidade de introdução de factores perturbadores nos centros de produção e comercialização portugueses, no século XVIII e inícios de XIX, frente à emergência ou hierarquização de novos centro produtores e consumidores, numa partilha de antigos e novos mercados. O estudo estrutura-se em três partes. Numa primeira define-se o conceito de monopólio na especificidade do caso português, em torno da “roda” do sal de Setúbal. Numa segunda parte, terá sentido realizar um ponto da situação dos interesses do mercado europeu pelo sal português, observando a relação de Portugal com os restantes centros produtores europeus, nos séculos XVII a meados de XVIII. Numa terceira parte, avaliar-se-ão as alterações dos circuitos comerciais do sal português (1790-1830) e possíveis repercussões na hierarquia produtiva dos salgados europeus e dos mercados consumidores atlânticos.

* iamorim@letras.up.pt. Coordenadora e investigadora do Projecto SAL(H)INA História do Sal - natureza e meio ambiente - séculos XV a XIX” POCI/HAR/56381/2004/PPCDT/HAR/56381/2004-”; Instituto de História Moderna – Universidade do Porto. Professora Associada do Departamento de História, Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Áreas de trabalho: História Moderna e Contemporânea, História Económica e Social. Estudos e projectos nas sub-áreas: história marítima (história do sal, história da pesca, história dos portos), história do trabalho e das classificações sócio-profissionais, história dos preços, história da ciência, história das relações sociais. 1 19 a 21 de Outubro de 2006, Portugal (Porto/Aveiro/Figueira da Foz/Leiria).


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