jorgesagradas editorial / graphic designer
5, Hartington Court SW8 2EB London, United Kingdom 07732 546 328 jorgesagradas@gmail.com jorgesagradas pt.linkedin.com/in/jorgesagradas behance.net/jsagradas
Index
About me.. Job Experience Education and Training Software skills Designer skills
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PORTFOLIO Exame Blitz Chiado Editora Público Covers for a biography collection eu music magazine Book “Ançã memória de um povo” Branding for Mouchinho Branding for NAU
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About me...
I come from Portugal and in the last six years I have been working at Público and Expresso, the main national newspapers, and the magazines EXAME, Courrier International and Blitz, as Editorial Designer. I also collaborated with a book publisher in cover design and book pagination. I have a competitive spirit and curiousity as well. I am a simple, honest and responsible person. I am also a hard working person, who enjoys to work in a team. I always try to work with the area’s best professionals and thus to evolve through exchange of experiences and knowledge. I believe this job will challenge me in both professional and personal levels because I would like to work in other country. With the experience I have I can lead a team and manage the timing of the work. I also believe that I am an asset to the team, due to the fact of working well under pressure while managing stress situations very well. At the same time, I am used to work with paper version and I have a wide knowledge in design for tablet. I have a solid knowledge in Adobe InDesign, Illustrator, Photoshop, as well as in the field of computer graphics and Illustration. I always seek for excellence, I can overcome difficulties easily and to complete projects wich I am involved is my ambition. ~5~
Job Experience Editorial Designer
IMPRESA Pulishing Lda., Paço de Arcos
March 2014 to May 2016 Design and layout of monthly magazines (EXAME, Courrier International and Blitz) as well as the weekly Expresso main section and the Economics supplement to tablet (DPS format), together with the collaboration in the weekly Digital Diary Expresso. http://expresso.sapo.pt/
Graphic / Editorial Designer / Trainner CHIADO EDITORA
December 2013 to February 2015 Collaboration freelancer. Book covers design, paging of books and creation of ebooks in epub format. During this collaboration in May 2014 gave a training of “Introduction to Adobe InDesign CS6 and export EPUB” (8h). https://www.chiadoeditora.com/
Editorial Designer
PÚBLICO – Social Communication S.A., Lisbon
November 2010 to September 2013 Six month internship for the Master’s Degree in Editorial Design, which was followed three contracts. This time was dedicated to the design and layout of the main section of Público and newspaper supplements. http://www.publico.pt/
Graphic Designer
IAGORA – Advertising agency, Cantanhede
March to May 2008 Internship (3 months) on the degree in Design and Graphic Arts Technology which was dedicated to the design of posters, logos, flyers, cards and catalogs, web design. Digital printing and applying vinyl. http://www.iagora.pt/
Education and Training Illustration Course
November 2014 to June 2015 Nextart, Lisbon (Portugal)
Pedagogic Course – Initial Training March to May 2013 Tecnisign, Coimbra (Portugal)
Master Degree in Editorial Design, (Grade 16/20) October 2009 to December 2011 Polytechnic Institute of Tomar
Degree in Design and Technology of Graphic Arts, (Grade 14/20) September 2006 to July 2008 Polytechnic Institute of Tomar
Bachelor Degree in Technology and Graphic Arts, (Grade 13/20) September 2001 to July 2006 Polytechnic Institute of Tomar
Software skills Adobe InDesign Adobe Illustrator Adobe Photoshop Adobe Dreamweaver
Designer skills Editorial Typography Branding Web Design
Design is so simple.
That’s why it’s so complicated. Paul Rand
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PORT FOLIO ~9~
Exame is a portuguese magazine, which specializes in economics and business belonging to the Impresa Group. Magazines with the same name are also published in Brazil, Exame (Brazil); Angola in the Exame (Angola); and Mozambique Exame (Mozambique), whose approach themes are also the economy and business. http://expresso.sapo.pt/economia/exame
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Cover and spreads of the main team about young entrepreneurs on the edition #379 of EXAME Adobe InDesign ~13~
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Cover and spreads of the main team about the Portuguese football coach Jorge Jesus on the edition #377 of EXAME Adobe InDesign
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Spreads of an article about the new Audi R8 on the edition #377 of EXAME Adobe InDesign | Adobe Illustrator
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Covers for collection of biographies of personalities and the same area under the chair of Book Design, Master in Editorials Technologies. (2010) Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~19~
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Batam palmas a
Pharrell Williams Presença constante no lado mais luminoso e bem-sucedido da pop, voltou nos últimos tempos aos tops graças a alianças com Daft Punk ou Robin Thicke. Agora apresenta G I R L, álbum positivo para um mundo cinzento. RuI MIGueL AbReu pergunta: estará Pharrell a usar um chapéu que mais ninguém quer?
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BLITZ is the name of a Portuguese magazine, specializing in music and popular culture. Starts to be a newspaper which had its first edition in November 1984 and published its last issue on 24 April 2006, it is converted to magazine format in June the same year. For many years it was the only newspaper dedicated to music published weekly in Portugal.
U
m meme que circulou recentemente nas redes sociais alinhava três fotos de Pharrell Williams em diferentes momentos das últimas duas décadas e, perante a aparente imutabilidade da sua imagem, questionava: «será um vampiro?». Se se descartar o efeito humorístico, poderá concluir-se que há algum fundamento na pergunta: como deixam claro todos os grandes artífices pop do passado – de Elvis e dos Beatles aos Abba, Michael Jackson e Madonna – há algo de «vampiresco» na arte de fabricar êxitos musicais de três minutos enquanto se procura fintar a passagem do tempo. Pharrell Williams, que está à beira de completar 41 anos, conta já mais de duas décadas de uma carreira passada sobretudo atrás da cortina, mas que de cada vez que assoma às luzes da ribalta nos faz sempre pensar no significado mais profundo da expressão «new kid on the block». Diz-se que todos temos um pouco de génio e de louco, mas Pharrell parece ter
http://blitz.sapo.pt
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13 canções
britney Spears
Nelly
N.O.R.e.
Jay-Z
Escrita originalmente com Janet Jackson em mente, «I’m a Slave 4 U» é uma das primeiras produções dos Neptunes em que se pressente um modelo anterior, neste caso «Nasty Girl», das Vanity 6, grupo associado a Prince.
Mega sucesso na voz do rapper do Missouri, «Hot In Herre» conta com produção de Chad Hugo e samples de Chuck Brown, Neil Young e Nancy Sinatra. O impacto levou a que muitas versões fossem editadas, incluindo uma de Tiga.
O sample de «Nothin’» é o que «faz» a canção, provando que os Neptunes tinham um ouvido especialmente afinado para «hooks» apropriados para a rádio. Foi o maior sucesso de N.O.R.E., rapper de Queens, Nova Iorque.
Pharrell nos «hooks» e o mestre Jay-Z a desfiar o novelo de rimas de sucesso sobre uma produção simples dos Neptunes que chega a soar quase como um esboço, de tão económica.
«I’m a Slave 4 u» (2001)
«Hot In Herre» (2002)
«Nothin’» (2002)
Justin Timberlake «Like I Love You» (2002)
Produção dos Neptunes para a estreia a solo de Justin Timberlake, o tema tinha na bateria um forte impulsionador do seu apelo, facto que Pharrell justificou como uma homenagem ao funk.
Snoop Dogg
«beautiful» (2002) Pharrell no «hook» e no vídeo rodado no Rio de Janeiro e cheio de belezas locais. A produção tipicamente «staccato» dos Neptunes serve na perfeição o flow de Snoop Dogg que volta a marcar presença no topo das tabelas.
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Pharrell Williams «Frontin» (2003)
O estilo profundamente melódico das produções dos Neptunes tem aqui um píncaro óbvio: trata-se do single de estreia de Pharrell a solo, em que a sua voz em falsete estabelece um tom para o resto da sua carreira. «Featuring» Jay-Z.
No verão 2003, dados oficiais da indústria discográfica britânica atribuíam a Pharrell e aos Neptunes 20 por cento dos temas com maior rodagem nas rádios. Nos Estados Unidos ainda mais: 43 por cento. dentro de si generosas doses do Peter Pan que se recusa a crescer e que gosta de percorrer passadeiras vermelhas a bordo de uma BMX e do Conde Drácula que não envelhece e se alimenta de pescoços alheios… Em entrevista recente ao site CBC Music, referiu-se a esta capacidade de beber da energia de terceiros: «o mais importante para mim numa sessão é aceitar que eu não tenho ego. Isso permite-me manter-me aberto a todas as possibilidades e ao que pode ser feito. Os artistas são a Mona Lisa e eu limito-me a pintar as montanhas por trás deles». Talvez algo de radicalmente diferente da lista de portentos pop do parágrafo anterior, seja, de facto, essa modéstia natural de Pharrell: só uma relação muito saudável com o seu próprio ego permitiria estar tantas vezes na sombra do sucesso e resistir à tentação de saltar para a linha da frente, mas tem sido assim a carreira de um homem que aos 19 anos ajudou a moldar «Rump Shaker», o último êxito dos Wreckxn-Effect antes da passagem aos terrenos da memória.
para compreender Pharrell Williams «Change Clothes» (2003)
Clipse
«When The Last Time» (2003) Motivo levemente oriental, tal como «Nothin’» um ano antes, e as rimas carregadas de rua dos Clipse. A provar que os Neptunes sabem criar ambientes diferentes nos seus beats.
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n.E.r.D. Pharrell (centro) com Chad Hugo (esq) e Shay Haley (dta). Mais rock do que poderíamos esperar.
profundo sentido de renovação das marcas clássicas do R&B, abrindo o género ao futuro e aproximando-o de influências exteriores, como o rock. Em 2004, os N*E*R*D editaram o seu segundo álbum, Fly or Die, novamente com uma toada mais rock. Nos Grammys desse ano, Williams sentou-se à bateria para, juntamente com Sting, Dave Matthews e Vince Gill, tocar «I Saw Her Standing There» dos Beatles. O seu trabalho em Justified, de Justin Timberlake, valeu-lhe o encargo de arranjar uma lareira nova para arrumar os Grammys para Produtor do Ano e para Melhor Álbum Pop Vocal. Antes de o ano terminar, Pharrell ainda teve tempo para largar mais uma bomba: «Drop It Like It’s Hot», de Snoop Dogg. Uma década volvida,
Snoop Dogg
«Drop It Like It’s Hot» (2004) Produção de génio para os Neptunes que fez escola: bateria, estalidos de boca e o «stab» de um sintetizador a anunciar o refrão. Chega e sobra para colocar um tema sobre um passo de dança feminino nos primeiros lugares dos tops.
N*e*R*D
«She Wants to Move» (2004) Produção dos Neptunes para o album Fly or Die, «She Wants to Move» é um tema feito única e exclusivamente a pensar nas pistas de dança. Que funcionou com efeitos devastadores.
Gwen Stefani
década, tenha parecido estar mais ausente.
Ter sorte Na viragem para a presente década, o envolvimento de Pharrell em álbuns de Uffie, por um lado, e do rapper The Game, por outro, deixou claro que o seu toque como produtor tinha a capacidade de dourar não apenas o «output» da realeza pop, mas também inspirar artistas mais indie ou os MCs que ainda traduzem o pulso das ruas nos seus temas. A música por si concebida soa bem na rádio, nos clubes e nos jipes. Poucos produtores poderão reclamar o mesmo. 2010 viu ainda a edição do quarto álbum dos N*E*R*D, Nothing, álbum de «Hypnotize U», tema onde surgiam Thomas Bangalter e GuyManuel de Homem-Christo, os Daft Punk,
Pharrell sabe que para inovar tem que ter também os ouvidos abertos ao melhor que o passado tem para oferecer. Não foi isso que fez a grandeza do regresso dos Daft Punk?
«Hollaback Girl» (2005) Escrito e produzido pelos Neptunes para a estreia a solo de Gwen Stefani, «Hollaback Girl» regressa ao estilo de produção económico centrado numa forte programação rítmica. Gwen faz o resto.
Pharrell Williams «Number One» (2006)
continua a soar como algo vindo do futuro. A segunda metade da década passada trouxe alguns marcos: o primeiro álbum a solo de Pharrell, In My Mind, editado em 2005 sem o impacto comercial que seria de esperar, provavelmente com o potencial diminuído por «leaks» antecipados de algumas faixas-chave na internet. Hell Hath No Fury, segundo álbum dos Clipse, valeu mais uma montanha de elogios aos Neptunes que voltaram a transfigurar-se de N*E*R*D para Seeing Sounds, em 2008. Produção em trabalhos de Beyoncé, Britney Spears, The Hives, Shakira, Jennifer Lopez, Maroon 5 ou Madonna (Hard Candy incluía input dos Neptunes em diversos momentos) garantiu que Williams mantivesse a agenda ocupada mesmo se, por um momento no final da
Produção de Pharrell com Kanye West no papel de convidado. Pharrell canta, Kanye rima e por baixo um beat muito simples e uma série de sintetizadores a darem ao tema um toque de anos 80.
Kendrick Lamar «Good Kid» (2013)
Dá título ao segundo álbum do rapper sensação Kendrick Lamar, mas não mereceu o estatuto de single. É uma produção de Pharrell, muito simples, uma vez mais, desenhada para deixar as rimas no centro das atenções.
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era uma vez… Pharrell é nativo de Virginia Beach, na Virgínia, estado a sul de Nova Iorque. No início da adolescência, como nos filmes, passava as férias grandes em «summer camps», como aquele em que conheceu Chad Hugo: os seus skills na bateria e nos teclados caíram bem junto das capacidades no saxofone do seu futuro companheiro dos Neptunes. E também como nos filmes, a amizade estreitou-se porque eram ambos membros da banda da escola. Foi assim que nasceram os Neptunes, um quarteto de R&B em que Pharrell e Chad contavam com a ajuda de Shay Haley e Mike Etheridge. E para não fugir aos clichés hollywoodescos, foi num concurso de talentos na escola que Teddy Riley, o principal arquiteto do som «new jack swing» e um dos mais eficazes fabricantes de sucessos dos anos 90 (trabalhou com Michael Jackson, Bobby Brown ou Keith Sweat), descobriu o talento da jovem dupla. O seu estúdio, nem de propósito, era mesmo ao lado do liceu Princess Anne, frequentado pelos Neptunes. A tutelagem de Riley levou a que os primeiros passos dos Neptunes fossem dados na sua sombra, mas permitiu-lhes inscrever o nome em fichas técnicas de trabalhos
sentados na cadeira da produção. E de Mika a Solange Knowles e Frank Ocean, a sua marca ia-se tornando cada vez mais incontornável. E eis que, de repente, o ano passado, Pharrell parecia estar em todo o lado: no controverso Bangerz, de Miley Cyrus e, de forma mais notória, em dois dos temas que mais falatório causaram em 2013: «Get Lucky», canção de proa do incrível regresso dos franceses Daft Punk com Random Access Memories, e «Blurred Lines», o polémico êxito de Robin Thicke. Pharrell, à Pitchfork, soube responder a quem atacou o aparente sexismo do tema: «E o que é que o tema tem de controverso? Em “Blurred Lines”, as palavras de Robin Thicke são: “Tu não precisas de papéis”, ou seja “Tu não pertences a ninguém”. O que eu estava a tentar dizer
importantes, como em «Tonight’s The Night», do álbum de estreia dos Blackstreet. Boa parte da década de 90 foi passada em estúdio, a refinar um som que haveria de marcar a década seguinte, mas entre 1997 e 1999, a identidade dos Neptunes começou a ficar clara em trabalhos de Mase, N.O.R.E e, sobretudo, Kelis – a dupla produziu a sua estreia, Kaleidoscope, onde surgia o hit «Caught Out There». À frente de Pharrell Williams e Chad Hugo escancaravam-se as portas de um novo século. Uma das coisas incríveis do corrente sucesso de Pharrell Williams e da sua aparente ubiquidade prende-se com o de ser atentar repetição era:facto “Esse homem está a domesticar-de uma história. Foi te, mas não precisas de papéis – deixa-me exatamente isso que aconteceu no arranque libertar-te”. Mas foi tudo mal percebido. Quando se olha parapassada a canção inteira, da década e onão é muito comum argumento é: “ela é uma boa rapariga, mas movediços terrenos da pop mais aténestes as boas raparigas querem fazer coisas, e é aí que aparecem as linhas difusas». Ao comprometida com os lugares cimeiros das contrário do seu companheiro de aventura dostabelas Neptunes, um sempre silencioso dequase vendas este toque de Midas provar Chad Hugo, Pharrell soube manter uma ser de tão duradouro o que Williams imagem «geek» que sabe o que como faz e o que diz e que tem argumentos para discutir parece 2001, as suas opções possuir. com qualquer Em pessoa. Depois foram os Neptunes houve o «caso» da colagem de o «Blurred que garantiram primeiro número 1 global Lines» ao clássico de Marvin Gaye, «Got To Give it Up»: a questãoSpears legal ficou resolvida de Britney com o sucesso «I’m a fora dos tribunais, graças a um acordo entre os herdeiros do gigante da soul e a editora de Thicke, mas o que permanece deste caso é a tal questão vampiresca da pop. Pharrell sabe que para inovar tem que ter também os ouvidos abertos ao melhor que o passado tem para oferecer. Não foi isso que fez a grandeza do regresso dos Daft Punk? Depois de trabalhar na banda sonora de Gru, o Maldisposto, Pharrell voltou a envolverse na sequela do filme de animação: compôs «Happy», que mereceu, em 2013, um incrível vídeo de 24 horas com «cameos» de Magic Johnson, Steve Carrell, Jamie Foxx, Steve Martin ou Janelle Monáe. Um ano incrível como este teria que ter um remate dourado: em dezembro último, ficou a saber que se encontrava nomeado para sete Grammys, incluindo o de Produtor do Ano. Pharrell acabou por ganhar prémios indiretos, através da sua ligação ao trabalho dos Daft Punk e ao single «Get Lucky», distinguido como Tema do Ano, mas na verdade foi um dos vencedores da cerimónia, causando furor com o seu chapéu Vivienne Westwood, que mereceu análises até do New York Times – «parte cowboy, parte guarda-florestal, o chapéu acrescentou vários centímetros à altura de Pharrell e vários meses à sua relevância cultural». Em fevereiro, Pharrell anunciou a data de edição do seu novo álbum, que chegou às lojas neste mês de março. G I R L um álbum que resulta, diz o New York Times, da bravura de«se mostrar firme em território que mais ninguém quer reclamar». De tons veraneantes, descaradamente pop, positivo e sem sinais do rap que ainda marcava o seu álbum a solo anterior, este novo trabalho de Pharrell parece urgir o mundo a erguer-se acima das nuvens negras que teimam em não abandonar o horizonte. «Batam palmas se sentem que a felicidade é a verdade», canta o artista em «Happy», quase com um leve toque gospel do pregador que procura iluminar uma congregação do alto de um púlpito. E talvez isso ajude a explicar o chapéu: como os cowboys ou os guardas florestais, Pharrell, 41 anos, mais de 20 de uma brilhante carreira musical, ainda sente que tem terreno para desbravar.
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e 4 U». E nesse mesmo ano, juntamente m Shay Haley, velho companheiro das nturas musicais de liceu, os Neptunes nsfiguraram-se em N*E*R*D e editaram earch Of, álbum que teve uma dupla ão: depois do formato original, Chad e rrell decidiram marcar a diferença entre N*E*R*D e os Neptunes e regravaram o um inteiro numa veia mais rock com a da da banda Spy. Imparável, ainda em 1, Pharrell voltou a olhar para o seu sado em Virginia Beach e assinou para a própria Star Trak Entertainment o duo se, de No Malice e, sobretudo, de Pusha T, per que continua a dar cartas no presente m quem a face mais conhecida dos tunes continua a ter uma relação musical xima. s anos seguintes foram agitados para os tunes que começaram a ter problemas a acomodar todos os prémios e distinções iam recebendo em cima da lareira – o a Source, voz mais importante do hip, como a Billboard, bíblia da indústria ográfica, distinguiram a dupla com o o «Produtores do Ano». Em 2002, os tunes assinaram «Hot In Herre» para y e a estreia dos Clipse com o clássico d Willin’. A senda de êxitos prosseguiu m o álbum de remisturas e trabalhos ditos de vários associados – The Neptunes ent…. Clones – e a associação ao topo da eia alimentar do hip hop, Jay-Z, a quem duziram algum do material de The Black um. A presença dos Neptunes nesta ra era tão maciça, que, no verão de 2003, os oficiais da indústria atribuíam, no no Unido, 20 por cento dos temas com or rodagem nas rádios à sua lavra. Nos dos Unidos esse número era ainda mais ressionante: 43 por cento.
longo curso Prestes a completar 4 1 anos, Pharrell está no «negócio» desde 1992.
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oque de Midas
2004, um perfil no Guardian procurava buir a Pharrell Williams o toque de Midas. sciente da volatilidade das tendências na meira divisão da pop, o artista recusou a condição: «o que tem piada é que eu me sinto uma estrela. Estar sempre jornais, ser alvo de rumores de que o metido com esta rapariga ou com ra qualquer – não foi para isso que me olvi nesta indústria». Terá sido então, stionava Paul Lester, «para salvar a manidade de ídolos pop prefabricados?» anquilo líder dos Neptunes voltou a optar a negativa na resposta: «só queremos r boa música. O crédito não se reclama, ece-se». E, na verdade, nunca o crédito foi ateado a Williams ou aos Neptunes, que neralidade da imprensa soube elogiar, smo a mais comprometida com vias sicais mais alternativas ou vanguardistas, sabia reconhecer na açucarada pop alhada pelos Neptunes, ou no rap mais gy», como o que produziam para os adores de histórias de droga Clipse, um
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Spreads of an article about the American singer, rapper, and record producer, Pharrel Williams on the edition #94 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~23~
Spreads of an article about the English musician, Damon Albarn on the edition #95 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Spreads of an article about the Portuguese musician The Legendary Tigerman on the edition #94 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
É dono
Legendary tigerman
da sua verdade
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Ao sexto álbum, Paulo Furtado encontra uma nova liberdade, convidando mais personagens para o seu universo. À conversa com Lia Pereira, o homem de Femina olha para o futuro com serenidade – e recorda também os tempos selvagens dos Tédio Boys. rita Carmo fotografou-o.
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rue, o novo álbum de Legendary Tigerman, já estava pronto quando o seu autor, Paulo Furtado, tornou a ouvilo e sentiu que as canções não tinham alcançado o seu potencial máximo. Foi aí que pediu arranjos de cordas a Filipe Melo e a Rita Redshoes e arranjos de cordas a João Cabrita, gravando ele próprio «alguma eletrónica muito simples. Hoje em dia, quase todos os meus discos acabam por ser adiados», conta, entre risos. «Desta vez, adiámolo para conseguirmos uma edição europeia conjunta. E talvez tenha sido o tempo que consegui passar com o álbum, depois daquele entusiasmo inicial, que me permitiu pensar: se calhar há aqui coisas que eu conseguia fazer melhor». Feito o upgrade, com a inestimável ajuda dos amigos e colaboradores, e ultrapassada a barreira autoimposta do homem-orquestra («No fundo, é uma defesa. Quanto mais limitado for o teu universo, mais fácil é lidares com ele»), True estava pronto para conhecer o mundo. E Legendary Tigerman para defendê-lo.
No final do ano passado, lançou um apelo para encontrar um baterista. Recebeu muitas respostas? Recebi 600 respostas, de gente muito talentosa. Havia umas 10 pessoas muito interessantes, talvez mais, e curiosamente dentro dessas 10, talvez entre os cinco melhores, três eram raparigas. Há dez anos isto seria muito difícil, fiquei contente. No meio disto tudo, nunca pensei no Paulo [Segadães], que estava ali ao lado [a realizar um documentário sobre o disco], e de repente recebo a intenção dele de experimentar e de ensaiarmos, a ver se funcionava. Já tínhamos tocado uma música juntos, ao vivo, e ele estava ali tão próximo de mim, havia uma empatia tão grande… O que acaba por ser uma parte importante da questão, porque provavelmente vamos passar vários meses juntos na estrada (risos).
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Também em 2013, no concerto no São Jorge, tocou com Filipe Costa nos teclados uma versão da «Green Onions», de Booker T. and the M.G.’s, que agora surge no disco. Na altura, disse que «mais divertido era pecado». É isso que procura, acima de tudo, nos concertos: a diversão? Fundamentalmente a entrada do Paulo tem a ver com isso: dar-me mais espaço para eu me divertir. Quando penso nos concertos dos coliseus, quase não tenho recordações. Havia tanta coisa a acontecer que estava marcada, definida, e um concerto em que eu devia ter sido mais feliz e do qual devia ter tido ótimas memórias, não tenho! Cheguei a casa e pensei: o que é isto, o que é que me passou por cima? Quando fazia os concertos nesta base de estar sempre focado na bateria e na guitarra tornava-se muito
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Tem concertos marcados em vários países europeus, no Brasil e no México, talvez vá ao Japão. O facto de viajar com pouca «bagagem humana» ajuda-o a ter mais datas? Na pior das hipóteses podemos viajar duas pessoas, e neste momento de mega-crise um pouco por todo o lado, claro que isso ajuda. Desde o início que [a economia de meios] ajudou, se bem que eu compliquei tanto que, neste momento, o backline na Europa é quase o de uma banda. Somos cinco na estrada, matei essa vantagem (risos). Mas isso tem a ver com querer fazer as coisas da forma como as idealizámos. Há pouco tempo falei com o Noiserv [David Santos] e estávamos a rir-nos os dois, porque ambos começámos projetos que à partida eram híper-portáteis, com grande vantagem em relação às bandas, e de repente o Noiserv também
Com 15 ou 16 anos quase só ouvia rock and roll e alguma música de intervenção: José Mário Branco, Zeca Afonso e pouco mais ”
cansativo e os momentos de diversão pura e de usufruto de estar a fazer música e dá-la às pessoas acabavam por ser muito poucos. Com o Paulo na bateria, acabo por me libertar mais e, musicalmente, ele leva as coisas para outro sítio. O resultado a que chegou é diferente do que está para trás – o caminho até lá também divergiu do que é habitual? Eu tento simplificar ao máximo e, nas guitarras e nos arranjos, ter tudo o mais despido possível. Mesmo havendo arranjos de cordas, continua a haver silêncio e respeito pelo silêncio, mesmo que depois complique outras coisas que não são óbvias ao ouvido, para servir a música. Não acho que este seja de modo algum um regresso às origens – para mim, é um passo em frente.
tinha 18 malas quando ia viajar. Acho que nos fechámos um pouco no nosso universo, quando começámos a tocar sozinho, e criámos um monstro. Um dia hei de fazer um disco acústico, prometo a mim mesmo e a quem trabalha comigo – principalmente a quem trabalha comigo (risos). Diz que na Europa é considerado muito americano, e na América muito europeu. Faz lembrar os Clã, que se sentem muito mainstream para os indies e muito alternativos para o mainstream… Em Portugal há um grande preconceito em relação ao que é mainstream ou não, ou que é pop ou não. Se for de uma perspetiva de vendas, o Femina é a coisa mais mainstream do mundo. Às vezes tens de ser um bocadinho mais velho para perceber o mundo.
os concertos, tratávamos de todas as logísticas, e isso deu-nos uma perspetiva realista do que é ser músico, em Portugal ou em qualquer outro sítio. Logo desde o início ficou claro que, se queres que alguma coisa aconteça na tua vida, tens de trabalhar muito, se calhar a níveis que não te interessaria trabalhar. Mas tens de o fazer, se quiseres continuar a fazer música e a mostrá-la.
Quando tinha 15 ou 16 anos, quase só ouvia rock and roll e alguma música de intervenção portuguesa, José Mário Branco, Zeca Afonso e pouco mais. E de repente, 20 ou mais anos depois, estou a ouvir muitas coisas que nunca julguei ouvir. Tem a ver com uma abertura que tens de ter ao mundo e com influências, tanto as que dás como as que recebes. Tenho de dar espaço às coisas para gostar ou não delas, em vez de partir de uma ideia de que não gosto de música eletrónica, de house ou de tecno, porque se calhar até vou gostar.
Os Tédio Boys podiam ter acontecido noutra cidade que não Coimbra? Acho que sim. Ali é óbvio: trata-se de um encontro incrível, definido a partir do momento em que eu, o Victor [Torpedo] e o Toni [Fortuna] nos cruzamos e somos duas guitarras e um gajo que, para mim, é o melhor vocalista de rock português de sempre. Não menosprezando a entrada do Kaló ou do André [Ribeiro], ou outras pessoas que tocaram com os Tédio, a ideia nasceu com três pessoas num quarto, a perceber que gostavam de fazer rock and roll. Podia ter acontecido em qualquer lado e teríamos a mesma energia e a mesma vontade de fazer coisas.
Falou da sua juventude. Nasceu em Moçambique e veio para Portugal aos dois anos – ainda tem memórias de África? Às vezes quase que tenho, mas nunca tenho a certeza se são memórias reais, se são memórias de fotografias, de filmes Super 8, memórias inventadas, emprestadas, imaginadas… Mas com África sinto sempre uma grande empatia com os cheiros, com as cores, com a terra. Há qualquer coisa que me deve ter ficado gravada. E como recorda a Coimbra dos anos 70 e 80? Muito conservadora? Super conservadora. Depois há um movimento a meio dos anos 80, início de 90, que vejo começado pelos É Mas Foice, que têm ali movimentos de rutura, de agitação das massas, de provocação. Uma coisa in your face, que me fez pensar: «ei, é legal fazer isto!». Aliado à Rádio Universitária, que ainda hoje continua a ser uma referência, isso educou-me do ponto de vista musical e não só. A partir desse momento, Coimbra é uma cidade híper-excitante: há concertos quase todos os dias, festas e música por todo o lado. Entre 88/89 e 98/99, é uma cidade muito divertida. É essa Coimbra dos anos 90 que leva os Tédio Boys para a América e essas aventuras todas. A banda acaba por ser a minha escola de como fazer música e rock and roll e de como organizar as coisas. Algo que eu achava perfeitamente normal e que vinha do punk e do do it yourself: só faltava fabricarmos os discos, porque de resto colávamos cartazes, alugávamos PAs para
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De regresso ao presente e ao futuro de Legendary Tigerman – a fasquia ficou muito elevada, depois do êxito de Femina, Disco de Platina em Portugal e objeto de falatório em países como França? Tens de estar preparado para altos e baixo, porque a vida de músico, escritor ou qualquer pessoa que dependa de a sua arte ser apreciada ou não pelas pessoas vai estar sempre sujeita a um aval que não é justo, nem injusto. E tens fases diferentes: sempre achei que o Femina é um momento feliz, em que eu toco o coração de muitas pessoas e em que toco no mainstream em termos de resultados. Não sei se algum dia vou voltar a ter um momento assim – e não vou dizer que isso não me interessa para nada. Claro que gostava de chegar a tantas ou mais pessoas como cheguei com o Femina, mas não sei o que vou sentir, se chegar a mais ou a menos. É só mais uma parte da viagem.
blitz | abril 2014
abril 2014 | blitz
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Spreads of an article about the American indie rock band from Philadelphia, The War on Drugs on the edition #95 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~27~
Cover and spreads of the main article about the American musician, Bruce Springsteen on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Spreads of an complementary article about the American musician, Bruce Springsteen on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~31~
Spreads of an article about the Amrecian musician, Jeff Buckley on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Spreads of an article about the Portuguese music band, Linda Martini on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Spreads of an article about the British indie rock music band, Florence and The Machine on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Spreads of an article about the British musician, PJ Harvey on the edition #118 of Blitz Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~37~
Chiado Publishing specializes in publishing contemporary Portuguese and Brazilian authors, is currently the largest publisher in Portugal in this segment, and one of the largest publishers in growth in Brazil. Given the success won in Portugal and Brazil, the Chiado Editora expanded its work to many countries, in many different languages. The Chiado Editora publishes in Germany, Belgium, Spain and Latin America, United States, France, Luxembourg, Ireland and the United Kingdom. https://www.chiadoeditora.com
Some covers of books that I designed for this publisher in my freelancer colaboration Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Público is a Portuguese daily newspaper founded in 1990. The newspaper Público joined in 1991 at the World Media Network consisting of a combination of several leading newspapers in the world which included, for example, the German newspaper Süddeutsche Zeitung, the Spanish El País, the French Libération and the Italian La Stampa, with which published several special supplements. Had for some time, participation in their capital by foreign media companies, including owners of the daily El País and La Repubblica (Italy). Today, the public part of the Sonae sub-holding for the areas of communication, Sonaecom. On 11 May 1995 the public registered its website and on 22 September of that year, created the Público Online (now called publico), and also another company, Público Digital Multimedia Services SA. On September 6, 1999 began to also integrate an independent news service, updated several times a day. Throughout its existence, the Público and Público.pt have won several design awards, including: D&AD Award; Several awards Society for News Design; Several ÑH awards; PC Guide Awards for the best news site; Media & Advertising Awards. https://www.publico.pt
First page of Público main paper and one cover of the extinct supplement P2 Adobe InDesign | Adobe Photoshop ~40~
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Garcia-Álix à deri “Quando retrato procuro cumplicidade e identidade. Não retrato pessoas que não conheço. Neste retrato [à esquerda] encontro um olhar asturiano. A partir desta perspectiva este homem tem mais Astúrias”
Como é que um fotógrafo colado à metrópole, às tribos urbanas da movida madrilena dos anos 80 se viu a captar a amplitude da paisagem asturiana, com montes que ameaçam rasgar o céu? Fotografia Sérgio B. Gomes Quem for atrás do título Patria Querida para ver alguma coisa que tenha a ver com história, geografia ou com exaltações de nacionalidade desengane-se. A primeira exposição de fotografia de Alberto Garcia-Álix em Portugal (Museu da Electricidade, Lisboa, até 18 de Agosto) tem um território definido, as Astúrias, Norte de Espanha, mas só isso — porque tudo resto é deriva, mundanidade, ambientes intemporais e estados de alma. Tudo coisas mais ou menos incontroláveis e imprevisíveis, muito à imagem da personalidade de GarciaÁlix, que confessa ter escolhido o nome do seu último grande trabalho a partir de um dos maiores clichés que
se cola à região. É que, garante o fotógrafo de Leão, quando se juntam à mesma mesa cinco espanhóis borrachos e vem à baila a província nortenha, há sempre um deles que começa a cantar “Asturias! Paaatriaaa queriiiida, Auturias de mis amooores…”. A ressonância desta Patria Querida é tão imediata, tão carnal, que GarciaÁlix optou por não lutar contra ela. Pelo contrário, aproveitou a boleia de algumas das imagens feitas das Astúrias para nos dar um olhar poético, errante e livre capaz de produzir fotografias que embora estejam presas a um lugar, conseguem viver sem ele. Um mérito que talvez tenha alguma relação com a ausência de um guião, de uma encomenda, e o absoluto respeito pela liberdade criativa que a Fundación María Cristina Masaveu Peterson revelou em relação ao
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iva nas Astúrias “A paisagem nas Astúrias é muito difícil de fotografar, tento encontrar a luz … A beleza não me interessa. Sei que a beleza nos afecta e quem não se sente afectado por ela é um cafre. Mas não procuro a beleza pela beleza. Mas também acho que não podia apresentar as Astúrias sem paisagem, sem o poliedro das minhas referências”
ensaio pedido a Alberto Garcia-Álix. Mas afinal, qual era o desafio? No dia da inauguração, de palito ao canto da boca, voz rouca, a resposta de Garcia-Álix veio pausada: “O desafio era fotografar um espaço, uma terra. Mas o maior desafio era fazê-lo bem. Era olhar, olhar...”. Olhar, não com o intuito de descobrir (“Não descobri nada nas Austúrias”), mas com o fito de transformar uma experiência e uma expectativa pessoais num trabalho capaz de criar emoção e apego, de criar a experiência de um lugar. A fundação asturiana (que inaugura com este trabalho uma série que envolverá outros ex-premiados do PHotoEspaña) deu liberdade a GarciaÁlix, e ele aproveitou-a ao máximo captando imagens diversificadas na forma mas que nunca abandonam um estilo muito particular, uma maneira de estar “à deriva”. “A fotografia para mim é um espaço onde se podem inventar coisas. É um espaço onde me invento a mim próprio. Essa liberdade inventiva é o que mais me fascina nisto que faço”. Fruto dessa errância (e de alguma despreocupação em provar o que quer que seja), estão lá paisagens longínquas de nevoeiros a entrelaçar montanhas, as paisagens minimais a imitar notas de música. Estão lá os retratos, um dos expoentes da arte de Alberto Garcia-Álix, e os ambientes em combustão (“Sempre gostei mais da decadência, da porosidade. Olho mais para aquilo que é retrocido, do que para aquilo que é imediato. Gosto da decadência dos espaços condenados a desaparecer”). E como é que um fotógrafo colado à metrópole, às tribos urbanas da movida madrilena dos anos 80 se viu a captar a amplitude da paisagem asturiana, com montes que ameaçam rasgar o céu? “É a mesma coisa”, respondeu sem vacilar um segundo. “Para mim a fotografia é toda retrato. Retratar é uma postura. É enfrentar o que olho. Posiciono-me da mesma maneira quer esteja perante paisagem ou seres humanos – tento encontrar uma personalidade”. Talvez personalidade seja a palavrachave de Patria Querida. Durante a visita (mais às guinadas do que guiada) que fez com o PÚBLICO à exposição, repetiu uma convicção: “Isto sim, isto são as Astúrias”. E apontou para uma estrada lúgubre com maquinaria de extracção de carvão a cercá-la. Para um imenso cartaz da Models, famosa casa de prostitutas da região. Ou para a fumaça deixada pelas bombas dos foguetes durante uma romaria. Pum! Pum! “Já tenho a festa popular! Isto sim, são as Astúrias!”.
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Fotos: Dato Daraselia
Milhões de Festa Um outro lado existe
Ao longo de três dias, o Milhões de Festa inscreve-se nas ruas e parques de Barcelos. Um festival que começa na piscina. Que escapa à lógica padronizada dos festivais de música. Preza o agora e a descoberta. Celebrámos os Orange Goblin, descobrimos os Camera, aplaudimos os Dirty Beaches e o concerto irrepetível com os barcelenses Black Bombaim e La La La Ressonance
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Mário Lopes
O
Milhões de Festa estava a entrar no seu último dia. No centro da cidade, no largo onde encontramos a reaberta Torre de Menagem de cujas alturas se avista toda a paisagem envolvente da cidade, surpreendemo-nos quando o homem da papelaria, senhor cinquentão, nos pergunta pelo festival. O que achamos dele, como está a correr e, pormenor curioso, se é verdade que o cartaz é mais fraco que em anos anteriores. Mais tarde, num restaurante da antiga Rua Direita, o empregado de mesa indagará questões semelhantes. “Mas ainda está assim um bocado primário, ou não?” Que não. Tudo menos primário. Mantenham-no, por favor, tal como está, diríamos ao empregado de mesa. Com a sua escala que torna tudo confortável (4000 pessoas por dia), com a sua fuga à lógica padronizada dos festivais rock de Verão, com o seu gosto pela taina (expressão que designa comezaina farta e que dá nome a um palco) e com os seus concertos na piscina. Mantenham tudo, que criaram algo muito precioso. Isto em termos gerais. Descendo à minúcia do cartaz, é provável que o simpático homem da papelaria estivesse a pensar na ausência de nomes com a dimensão histórica dos The Fall ou com o pedigree indie de Electrelane ou Liars, presentes em edições anteriores. Porém, reconfortemo-lo. Porque se ouviram no Milhões de Festa 2013 nomes que estão a “acontecer” neste preciso momento, ou seja, que farão a história dos nossos tempos, como esse Mikal Cronin, rei da melodia power pop que vimos sexta-feira, ou Jacco Gardner, holandês criador de sinfonias psicadélicas portáteis, que actuou no mesmo dia. Porque demos de caras, domingo, no último dia de festival, com o universo catártico, pessoalíssimo, de Dirty Beaches (os Suicide em filme de David Lynch). Porque descobrimos uns ingleses de Manchester chamados Egyptian Hip Hop, descendentes da tradição de síntese pop da cidade, que serão banda que se revelará em larga escala nos próximos meses. E porque houve mesmo históricos a actuar nos palcos, representantes do rock mais extremo (chamaram-lhe heavy metal e eles partiram dali) como os americanos Eyehategod, muito celebrados no sábado, e os ingleses Orange Globin, que reinaram sobre o Milhões, clássicos até à medula, no dia seguinte. Festivais há muitos e, como sabemos, são cada vez mais. Junta-se uma série de bandas num espaço e reúnese público para as ver, umas após as outras, ao longo de um determinado número de dias. Mas a forma como
As piscinas municipais são palco dos concertos da tarde. Os ingleses Orange Globin, que reinaram sobre o Milhões, clássicos até à medula, no último dia do festival cada é organizado, onde, para quem e com que bandas, faz toda a diferença. E o Milhões de Festa é, de facto, um festival diferente. Uma invenção nascida numa casa ocupada em Braga, invenção familiar, portanto, que se tornou, vários anos passados, em acontecimento importante da temporada de festivais nacionais e em verdadeiro património recente de Barcelos, a cidade em que se instalou em 2010. Um festival criado por verdadeiros “maluquinhos da música”, no melhor dos sentidos, que definiram a sua identidade assentes em dois pressupostos: pôr em palco as bandas que gostariam de ver e dar toda a prioridade, alheios às fronteiras entre géneros, àquilo que se vai revelando de mais estimulante e ainda não massificado no cenário actual. Junte-se a vontade de criar acontecimentos irrepetíveis e explica-se, no que à música diz respeito, aquilo que o Milhões de Festa tem de tão estimulante — e por isso vimos o concerto irrepetível que juntou os Black Bombaim aos La La La Ressonanse, duas gerações de bandas barcelenses, na sexta-feira, e vimos no domingo os Jiboia Experience, ou seja, a versão big band da banda criada por Óscar Silva. E vimo-los, sintomático, em horário nobre — aqui não há lugar para hierarquias bacocas e o bom que por cá se faz é tão valorizado quanto tudo o resto. Na noite do segundo dia oficial de festival, sábado (quinta cumpriu-se o dia 0, com concertos num único palco), o músico Adolfo Luxúria Canibal dizia-nos que “este não é um festival pelo comércio, apesar de não ser para perder dinheiro” — e sim, aqui, aqui não há lugar para a
agressividade comercial de bancas de patrocinadores berrando promoções como em anúncio publicitário. Acrescentava que, por não ter cabeças de cartaz óbvios, “o alinhamento acaba por ser inesperado” — e então saltamos da violência metaleira dos Eyehategod para o novo kuduro de DJ Marfox (aconteceu sábado) e o público generoso e curioso levanta poeira aos saltos com os primeiros e entrega-se ao bom gingar de anca com o segundo. Pelo caminho, podemos deparar-nos com uns alemães saídos do metro de Berlim, os Camera, fiéis seguidores da motorika dos Neu! que acabam transformados na nossa banda preferida dos últimos
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meses — tocaram sexta e são uma maravilha que urge descobrir. O vocalista dos Mão Morta referiu ainda outro pormenor importante. “Durante a tarde, o Milhões de Festa está espalhado pela cidade e, assim, obriga-nos a atravessá-la”. Ou seja, Barcelos inscreve-se verdadeiramente no festival. Num extremo, estão as piscinas municipais, alvo de todas as atenções ao início da tarde (ideia tão simples quanto genial, como sabe quem já passou por lá) e palco onde, depois de um concerto dos bracarenses Long Way To Alaska, vemos os muito correctamente baptizados DJs da Casa (que são isso mesmo, gente ligada à organização), tomar conta
dos discos e oferecer ao público dentro e fora de água pérolas da música psicadélica do Japão (só no Milhões poderíamos ouvir os Flower Travellin’ Band num DJ set na piscina). No outro extremo do festival, passando o Parque Fluvial que acolhe os concertos nocturnos, divididos por dois palcos, está o Palco Taina, de entrada gratuita, junto ao castelo e com vista para o Cávado e para Barcelinhos, na outra margem. Entre as piscinas e o Taina, passa-se pelo Parque da Cidade e atravessase a zona histórica de Barcelos. Para além do Taina, passando a ponte velha, há-de descobrir-se o Xispes, tasca com décadas de história que já faz parte do roteiro, onde se servem panados gigantes, onde se bebe essa bebida misteriosa chamada “isquifante”, e onde têm lugar, dizem lendas urbanas, DJ sets improvisados quando o dia já nasceu. Foi no Palco Taina, protegidos pela sombra das árvores, que vimos, por exemplo, o concerto dos Quartet of Woah!, boa revelação do ano discográfico português com a edição de Ultrabomb, banda que actualiza com entusiasmo e sabedoria a ambição psicadélica do rock da década de 1970. No bar, servindo bifanas nessa tarde de sábado, estava Tojo Rodrigues, baixista dos Black Bombaim. “Era preciso ajudar. E aproveitar para comer umas bifanas grátis”, dizia-nos no dia seguinte. É outra das boas peculiaridades deste festival: os músicos não são seres inalcançáveis, escondidos da plebe “festivaleira”. Tojo Rodrigues, nascido na terra, é homem dos sete instrumentos, ajudando em tudo o que pode na produção — e isso, dado o espírito da organização do festival, não surpreende. Mas na tarde de sexta-feira, lá estava Mikal Cronin e a sua banda olhando, espantados e curiosos, o cenário que se lhes oferecia: os portugueses Adorno a carregar no rock’n’roll enquanto a piscina se mantinha em plena actividade Milhões. O festival estava a começar. Horas depois, o músico de São Francisco estaria no palco Vice a dar um dos melhores concertos que vimos ao longo destes três dias. Depois, enquanto espreitava a actuação dos canadianos Austra, synth pop em tons de negro, muito exuberante, ou dos supracitados Camera, lá explicaria a quem o abordasse que sim, o seu primeiro nome pronuncia-se mesmo “Michael” e não “Micál”. Estamos sempre a aprender no Milhões de Festa. Aprende-se como fazer de uma identidade vincada, de um desejo de fazer diferente, um acontecimento. Aprende-se que existe alternativa à visão padronizada dos festivais de música. Percebe-se que festivais há muitos, mas que o Milhões de Festa é outra coisa. Venha o de 2014.
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Covers for collection of biographies of personalities and the same area under the class of Book Design, Master in Editorials Technologies. (2010) Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Full magazine made for a design exercise the class of Design of Pediodic Publications, Master in Editorials Technologies. (2010). For this exercise was it was in order to design a magazine that the only two impositions were the name of the magazine “eu” and the magazine should have to do with us or a thing that we liked. For me the choice was easy... Músic. Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Cover and book spread prepared as the final draft of the class of Book Design, Master in Editorials Technologies. (2010) Adobe InDesign | Adobe Photoshop
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Branding for a portuguese mark of traditional/regional products, like cheese, meat sausage and olive oil. Some applications and packing. Adobe Illustrator | Adobe Photoshop
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Branding for a portuguese mark of helmets. Variations of the logo and applications on some helmets models. Adobe Illustrator | Adobe Photoshop
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Simplicity is the ultimate form of sophistication. Leonardo Da Vinci
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