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Artesanato dos Açores

os Açores contribuíram para formar uma tradição artesanal com uma

há muito tempo os Açorianos – os que vivem nas Ilhas e os que emigraram – sempre procuraram trazer para dentro dos seus lares peças de Artesanato dos Açores, ora com caráter funcional, ora meramente Uma tradição que agora se recupera e se perpetua para além das Ilhas dos Açores, para que o Artesanato dos Açores viva em cada casa, em longe do resto do Mundo, e que por ser tão única, a torna tão especial. Por isso convidamo-vos a conhecerem o Artesanato dos Açores.

Cerâmica / Olaria Vila Franca, em S. Miguel, e Angra do Heroísmo, na Terceira, são os centros produtores que dão continuidade à olaria tradicional dos Açores. O talhão como importante reservatório de água ou de cereais e a talha ou bilha no transporte de líquidos são agora peças muito apreciadas na decoração de ambientes rústicos. O alguidar, que nas suas várias dimensões se adequava às mais diversas tarefas domésticas, é atualmente mais conhecido como alguidar terceirense, destinado a ir à mesa com a típica Alcatra. A sertã, que é utilizada principalmente como grelhador de pão, é outra peça emblemática da nossa olaria tradicional, associada à produção doméstica de Bolos Lêvedos e do Bolo de Milho ou Bolo da Sertã.



Bonecas de Folha As bonecas confeccionadas com a folha de milho, junco ou folha de dragoeiro, representam uma arte tradicional e tipicamente açoriana de trabalhar as fibras vegetais. Desde o século XV, a agricultura e a abundante vegetação forneciam matéria-prima para os mais diversos artefactos de uso doméstico, uns de natureza funcional como os capachos, as esteiras, as vassouras e os chapéus e, outros, de natureza decorativa como as flores artificiais e as bonecas de folha. As folhas são escolhidas, secas e, quando necessário, ripadas e, por vezes ainda, tingidas. No caso do milho, muito utilizado na ilha de S. Miguel, existe a preocupação de seleccionar as folhas mais brancas e de utilizar as “barbas” para reproduzir o cabelo da boneca. Pelo mesmo processo se confeccionam as originais e elegantes bonecas de folha de dragoeiro, principalmente na ilha do Pico, onde esta espécie endémica da Macaronésia, desde cedo vingou, até pelas suas propriedades tintureiras (sangue de dragão). Com o auxílio de tesoura, cola, agulha e imaginação, criam-se pequenas figuras representativas da vida rural, como por exemplo a mulher do campo, da vida religiosa, como é o caso das figuras do presépio ou até da vida quotidiana e da memória colectiva, ilustrada nas figuras da aristocracia local.



BOINA DE LÃ DO CORVO Típica da ilha do Corvo, a boina de lã feita à mão, originalmente em lã de ovelha, com um conjunto de 5 agulhas, é única no Arquipélago dos Açores pelo seu formato e cor (azul escuro) com uma faixa ornamentada a branco com as “gregas” ou outros motivos geométricos, terminando com um pompom. São dois os modelos tradicionais: um deles sendo apenas boina e o outro com uma pala. Segundo a história contada pela própria artesã, Rosa Mendonça, que na ilha do Corvo confeciona estas boinas com a sua mãe, antigamente, quando os homens Corvinos faziam as suas viagens marítimas para os USA à procura de uma vida com melhores condições financeiras, aprenderam a tricotar estas boinas, passando a sua aprendizagem às suas mulheres quando regressavam ao Corvo, passando a usá-las continuadamente. O Corvo, é a única ilha dos Açores que tem este tipo de boina e o Rancho Folclórico utiliza-as como fazendo parte do traje tradicional desta ilha.


LAPINHAS As Lapinhas são autênticos presépios em miniatura, como se o artesão quisesse perpetuar a natividade de Cristo, lembrando que o espírito natalício deve estar sempre presente. A sua origem situa-se entre finais do século XVIII e início do século XIX. Numa composição miniaturizada e diversificada quanto aos materiais empregues, estes presépios são protegidos por paredes de vidro, constituindo uma presença tradicional na casa açoriana, sob a forma de quadro ou de caixa de vidro que se colocava sobre a cómoda ou sobre uma mesa. Nos presépios tradicionais, as cenas bíblicas misturam-se com as cenas do quotidiano popular, dando lugar à integração de uma série de miniaturas figuradas em cerâmica pintada ou em miolo de figueira num suporte natural de pedras ou fragmentos de rochas, de musgos e plantas, de flores minúsculas e muitas conchas marinhas, estando estas últimas na origem da designação de Lapinhas. Todo este trabalho minucioso se desenvolve em torno do tema central: a gruta que abriga a Sagrada Família, feita de pedra, musgo e tufo de onde pendem fios vítreos, simulando cascatas cristalinas.


Bijuteria basalto negro O basalto negro que nos abraça desde a origem de tudo nos Açores é a fonte de inspiração para as criações dos ourives. A rocha vulcânica, chão em que caminhamos e que nos liga do mar, enriquecida com ouro ou prata trabalhada, é enquadrada em bonitas e preciosas jóias. As cores, brilhos e texturas do basalto conferem a estas peças um arrojo próprio das mais modernas criações formadas pelo mais laborioso talento. Ao mesmo tempo, a simplicidade do trabalho faz com que estas jóias contemporâneas possam ser usadas como um acessório ou complemento para o dia a dia.



Escama de peixe A diversidade de peixes do mar dos Açores influenciou o imaginário artístico do artesão açoriano. As escamas são coradas em várias águas e transformadas em delicadas pétalas ou folhas que, depois de recortadas à tesoura — com imensa habilidade! —, são compostas em conjuntos florais. Os tradicionais trabalhos em escama de peixe são essencialmente representativos de elementos vegetalistas (flores das mais variadas espécies e dos mais diferentes feitios)



TRABALHO EM PALHINHA As fibras vegetais constituíram, tal como a madeira, um dos primeiros recursos naturais ao alcance dos povoadores do Arquipélago dos Açores. Facilmente se obtinham fios a partir dos ramos ou da casca de árvores e arbustos, com os quais se confecionavam cestos e esteiras que iriam auxiliar as atividades agrícolas que faziam parte do quotidiano nestas ilhas. De entre as fibras endógenas, contam-se o junco, a cana bambu, a espadana e o vime. Mas rapidamente se aproveitaram outros elementos vegetais resultantes de novas culturas que se foram introduzindo nas ilhas, como o trigo e o centeio. De entre os variados objetos produzidos a partir das fibras vegetais, os cestos de vime assumem o principal papel, quer por razões históricas, quer por razões culturais. No entanto, outras produções associam-se à atividade agrícola e ao quotidiano da vida rural, resultando no fabrico de chapéus (eram diversos os modelos e adequados às especificidades das atividades rurais), tapetes e esteiras. Hoje os modelos são diversificados e associam-se à moda e ao interesse turístico e cultural: malas e carteiras, bonecas, individuais e bases decorativas. De entre a produção tradicional, os chapéus da ilha do Pico utilizados pelas mulheres nas vindimas tornaram-se os mais conhecidos. Neste caso as técnicas são igualmente diversas. A palha dourada e flexível, resultante do processo de preparação da matéria-prima que inclui rachar o canudo de trigo ou de centeio, pode ser entrançada manualmente e cosida em espiral ou até tecida no tear.



Marfim ou o osso de baleia



Rendas No Faial e Pico, a renda ou croché de arte dá vida a elementos florais - os mais característicos das rendas açorianas, com rosetas ligadas entre si, aqui recorrendo a temas como a flor de maracujá, amoras, cachos de uvas, geométricos (as “gregas”) e figurativos do quotidiano em peças de uso doméstico e decorativo, belas e delicadas, como toalhas, centros de mesa, camilhas, viras de lençóis, napperons e outras aplicações em linho ou algodão.



Bordado a matiz O bordado típico de São Miguel caracteriza-se por dois tons de azul sobre linho em ponto de matiz. Suave e harmonioso, reflexo da beleza rara das ilhas, este ponto fala também da sua origem rural pelo uso de temas como trevos, gavinas, silvas, avencas, cravinhos e corações entrelaçados. A partir dos anos 30 do séc. XX, o bordado conquistou os mercados nacional e internacional, sendo uma constante nos pontos de comercialização dos produtos açorianos.


Bordado a branco/cru Branco e puro, o bordado terceirense revela a influência do bordado inglês e madeirense por privilegiar os pontos Richelieu e cheio, assim como os tradicionais ilhas. Toalhas, lençois, fronhas, colchas, napperons, são algumas das peças que compunham o enxoval das noivas da elite terceirense e que agora são a principal oferta do mercado têxtil açoriano e com projeção nacional e internacional.



Bordado a palha de trigo Como se fossem fios de ouro, a palha de trigo ou de centeio é trabalhada pela genialidade das mulheres faialenses em cima de tule branco ou negro, que se transforma em vestidos de cerimónia ou de noiva, écharpes e napperons, numa simbiose artística única. O elemento decorativo predominante é a espiga de trigo, embora outros elementos vegetalistas, e até figurativos, façam parte dos desenhos escolhidos pelas bordadeiras faialenses.


Tecelagem Como uma das primeiras e mais antigas indústrias tradicionais do Arquipélago dos Açores, a tecelagem revestiu-se de grande importância pela sua resposta às limitações da insularidade. A arte do tear consiste num trabalho minucioso a partir de lã, linho e algodão, de belo efeito e de múltiplas utilizações caseiras, como cobertores, mantas de retalhos, passadeiras, colchas brancas de ponto alto, saias e aventais regionais de cor azul e rosa, com desenhos lineares e motivos de decoração tradicionais para grupos de folclore, espelhando toda a mestria e arte das tecedeiras açorianas.




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