Comunicare é Bi! Com 18 premiações, Jornalismo da PUCPR foi o grande vencedor do Sangue Novo
Página 06
Hora de apagar as luzes Tarifa adicional de energia elética pesará no bolso de quem gasta mais.
Página 10
Olha a explosão! Onda do funk inunda baladas e casas noturnas de Curitiba.
Página 13
Curitiba, 11 de Maio de 2017 - Ano 20 - Número 293 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
À luta, companheiras! Go to fight, ladies!
Vereadoras de Curitiba clamam por mais espaço no ambiente político Curitiba Councilwomen clamor for more space in the political environment Páginas 08 e 09
02
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Expediente
Editorial
Vida de adulto
Edição 293 - 2017 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR
Sarah Abdallah 3º Período
M
e atormenta saber que toda terça e quinta-feira meu pai chega em casa do trabalho à meia-noite para ter que acordar no dia seguinte às cinco e meia da manhã. Pior que isso é saber que ele não sai mais para correr como costumava sair, que ele não aprecia um almoço sentado à mesa todos os dias, que ele não tem tempo para ler um livro, ver um filme ou fazer o que bem entender. Quantas vezes já não passamos por situações como a de comer no ônibus, no carro, ou andando? Quantas vezes já não pulamos refeições?! E quando foi que dormimos bem pela última vez – e com “bem” eu quero dizer por oito horas, sem pesadelos, preocupações e insônias? Quando foi a última vez que fizemos algo por puro lazer, sem culpa ou responsabilidades na cabeça?
Comunitiras
jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Parece que, cada vez mais, estamos substituindo atividades vitais para suprirmos as longas e exaustivas jornadas de trabalho que assumimos. Não sei a quem culpar por isso. Talvez seja mera consequência de anos de trabalho, em uma era que desvaloriza todas as outras rotinas que deveriam fazer parte do dia a dia. Ou talvez a gente tenha se acostumado com a injustiça do tempo. Mas do jeito que está, dou menos de dez anos para estarmos ingerindo cápsulas que substituem refeições. “Seu almoço em um gole!”– Imaginem só o slogan. A importância de economizar tempo nas coisas erradas tornou-se um absurdo. Inclusive, estamos distantes dos demais a nossa volta porque nos falta momentos no dia
para interagir, e porque podemos interagir pela internet, oras bolas. Me desculpem, mas é o tipo de coisa que não aceito. Eu me recuso a ser apenas o meu trabalho e me recuso a ensinar meus filhos que eles estão destinados a rotinas ainda piores que as de meu pai. Não sei se a solução para minhas angústias está próxima, nem sei se ela existe. Há quem diga, também, que esses são pensamentos infantis de alguém que pouco sabe sobre a vida adulta – não é mentira. Só achei que se esses pensamentos fossem parar nas páginas de um jornal, mais pessoas refletiriam sobre o mundo louco ao qual sucumbimos.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR ES DE REDAÇÃO /JORNALISTA S RESPONSÁVEIS Miguel Manasses
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Caroline Deina 5º Período
Bruno Talevi 3º Período
FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos CHARGE Isabella Beatriz Fernandes 5º Período
FOTO DA CAPA Gabrielly Zem 3º Período
(DRT-PR 5855) Renan Colombo (DRT-PR 5818) EDITORES
PAUTEIROS
Breno Soares
Gabrielly Zem
Camilla Ginko
Marçal Dequêch
Jaderson Policante
Maria Bittencourt
João Cepeda
Marina Darie
Marcello Ziliotto
Rute Cavalcanti
Maria Clara Braga
Sergí Pratt
Oscar Serrano
Stephani Abdalla
Talita Laurino
Vinícius Freitas
7º Período 3º Período
8º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período
Talita Souza 3º Período
3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Literário
Um texto sobre animais e textos Andar pelos sebos da cidade de Curitiba não apenas para encontrar livros, mas para descobrir histórias Vitor Ferraz 7º Período
E
dgar Alan Poe foi um conhecido poeta e escritor estadunidense do século XIX. Em seus 40 anos de vida (1809 - 1849), Poe ficou conhecido por seu poema “The Raven”, ou “O Corvo”, em português. Além do Corvo, Poe escreveu também sobre o famoso orangotango assassino no conto “Assassinatos na Rua Morgue”, narrativa precursora das famosas histórias do detetive Sherlock Holmes. Mas o animal criado por Poe que gostaria de destacar neste texto é o felino protagonista do conto “O Gato Preto”. Nesse conto aterrorizante, um narrador desesperado conta sua relação misteriosa e fatal com seu gato preto de estimação. Mas fica uma pergunta no ar: o que o gato preto de Alan Poe tem a ver com os sebos de Curitiba? A resposta para essa pergunta começa no Largo da Ordem, no centro histórico da cidade. Alí, logo ao lado da Igreja da Ordem, funcionou por muitos anos o Sebo Trovatore, que em 2013 trocou seu nome para Solaris - discos, livros e cultura. Justamente naquela loja morava o gato Boris, gato que - como o personagem de Poe - também era preto. Hoje, o prédio onde ficavam os sebos encontra-se vazio, Boris deixou sua vida de gato descobridor do Largo em fevereiro de 2016, quando foi alvo do ataque de um raivoso cão de rua da região, não sobrevivendo aos ferimentos. Nem mesmo a Solaris funciona mais naquele local, mas, em homenagem ao gato Boris,
decidi começar minha visita aos sebos mais antigos de Curitiba por ali. Descendo o Largo da Ordem cheguei ao Sebo Releituras, no local fiquei sabendo da existência do gato Boris após um papo com o vendedor que atendia no estabelecimento. Logo na fachada do prédio, com aspecto de construção antiga, percebi que aquelas paredes, além de protegerem inúmeras histórias, também tinham as suas para mostrar, já que a Rua Barão do Serro Azul é uma das mais antigas de Curitiba. Quem sabe Boris, assim como o gato preto de Alan Poe, também tivesse passado pelas paredes do Sebo Releituras em suas caminhadas pelo centro. Descubro que o comércio tinha apenas 9 anos, mais novo até que o gato Boris, me despeço do vendedor e continuo minha caminhada. Após andar um pouco, chego até a Rua Emiliano Perneta, mais especificamente no Sebo Líder. O local é um verdadeiro paraíso para os amantes de sebo. As paredes brancas em conjunto com as estantes de ferro branco dão ao local uma aparência monótona, séria. Ao entrar no meio das prateleiras abarrotadas me lembrei que buscava há um tempo certo livro e, levando em consideração o tamanho do acervo, aquele era o local perfeito para se encontrar a obra. O livro chama-se “A hora do Cachorro Louco” de Reinaldo de Azevedo; pergunto à vendedora se a
03
obra encontra-se em acervo, logo estou pagando no caixa. Conversando com o vendedor descubro que a Rua Emiliano Perneta, nome de um famoso poeta paranaense, também já foi sede da Revista Joaquim, editada por ninguém menos que Dalton Trevisan. Acho irônico uma descoberta tão literária durante minha jornada por sebos. Logo na esquina da Rua Emiliano Perneta com a Rua Lamenha Lins encontra-se o Fígaro: loja de cultura. Indo para um dos sebos mais antigos da cidade, fundado em 1989, penso na reação do gato Boris caso ele soubesse que comprei um livro sobre um cachorro, ainda mais sendo um cachorro louco, acho que ele ficaria bravo igualzinho ao gato preto de Poe. Ao chegar na loja logo se percebe que não se trata apenas de uma loja de livros usados, mas sim de antiguidades. Vinis, quadros, pôsteres, até mesmo telefones antigos estavam a venda. No local peço um mapa dos sebos de Curitiba, o vendedor não parecia muito disposto a conversar, vou logo para meu último destino. Subindo a Emiliano Perneta até a Brigadeiro Franco chego na loja Arco da Velha. O local, diferentemente dos anteriores, era especializado na venda de discos de vinil. A pequena porta do estabelecimento mostrava um arco de ferro, bastante antigo, com o nome do comércio. A primeira coisa que se nota no local é a
parede cheia de pôsteres de bandas de rock antigas, principalmente dos Beatles. O som ambiente trazia uma música do Jorge Ben, o vendedor não soube me dizer o nome da canção, apenas o artista. Devo dizer que a aparência do homem não era convidativa, mas casava muito bem com o perfil da loja: a camisa com linhas azuis, aberta; o cabelo penteado para trás, lambido de vaca, como diz minha mãe (ou quem sabe de gato, cachorro…); mais a expressão carrancuda e fechada me mostravam que o dia não era bom para ele, ainda assim, Jorge Ben tocava de fundo para animá-lo. Já ia saindo do local quando a capa de um vinil me chamou atenção, “Disney’s Songs” era o nome do disco. Na capa, na frente do icônico castelo símbolo da empresa americana, via-se o também icônico Mickey. Na hora me lembrei de Boris, com certeza ele se divertia com os camundongos do centro da cidade, ele me perdoaria por ter comprado o livro do cachorro louco. Voltando para casa pensei em como fazer um personagem, Boris, conectar a experiência que foi andar por esses locais que contam infinitas histórias por meio dos livros. Como o gato fazia, observei e visitei locais semelhantes à sua antiga casa, diferente do narrador de Poe, a minha relação com o gato preto não foi nada problemática.
04
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Cidades
Mesa redonda aborda como a mídia discute o suicídio Painel debateu os assuntos divulgados na mídia sobre o suicídio e enfatizou a influência do jogo Baleia Azul nos transtornos psicológicos de jovens e adolescentes Luca Matheus 4‘ Período
A
discussão referente ao suicídio é cada vez mais delicada e quando relacionada à mídia ainda mais complexa. Dados disponibilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam um aumento no índice de casos de morte por suicídio entre os jovens de 15 a 29 anos. Em 2015, foram registrados 788 mil casos de autoquíria (ato de tirar a própria vida). A depressão, de acordo com dados disponibilizados pela OMS, cresceu mais de 20% na última década. Em 2015 o número de pessoas que apresentam a patologia chegou a 322 milhões. A preocupação com estes dados não para no alto índice de ocorrências e gera mais comoção com a chegada, no Brasil, de um jogo chamado “Baleia Azul”. A Baleia Azul passou a existir por meio de uma notícia falsa que ganhou grande visibilida-
de online na Rússia em 2015. Desde então, a propagação da existência do jogo tornou-se viral e ganhou visibilidade no mundo inteiro. Adolescentes e jovens começaram a procurá-lo para realizar as tarefas propostas pelos ‘curadores’ (assim chamados os responsáveis por determinar as atividades) da Baleia Azul.
desenvolvidos. Foram criados o “Baleia Rosa”, que incentiva o reconhecimento de qualidades pessoais, e o “Baleia Amarela” em prol da cor que representa a luta e prevenção ao suicídio, movimento que possui maior visibilidade no mês de setembro conhecido como “Setembro Amarelo”.
O jogo é constituído por 50 fases que envolvem desde assistir filmes psicodélicos e do gênero de terror à automutilação, sendo que a atividade final do jogo é tirar a própria vida.
A ênfase midiática em relação ao tema continua a ocorrer por conta da série 13 Reasons Why (Os Treze Porquês), uma produção original Netflix, que mostra a história de uma adolescente que sofre bullying no ensino médio, dentre outros motivos, que levam-na à decisão de se matar.
Em 2017, as tentativas de suicídio que indicam a realização das tarefas do jogo aumentaram no Brasil. As vítimas são adolescentes que recorrem aos desafios como um motivo para realizar a ação contra o próprio corpo. Desde então, movimentos em contrapartida à Baleia Azul têm sido
O agendamento midiático ocorreu por conta da complexidade do assunto entorno do suicídio. A necessidade de debater este tema expressa um grande déficit na hora de informar por conta da limitação da noticiabilidade para não soar sensacionalista e por ser um assunto tão delicado. Maria Clara Braga
Auditório Tristão de Ataíde recebeu mais de 200 pessoas para debate
Foi pensando na necessidade de discussão do tema que, a jornalista e professora do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Criselli Montipó, organizou um debate, na manhã do dia 24 de abril, no Auditório Tristão de Ataíde, na modalidade de mesa redonda, para discutir “O papel da mídia no caso Baleia Azul e em situações de suicídios”. A preparação para realizar o evento com a presença de profissionais e professores iniciou-se na semana que antecedeu o debate. “Começamos a nos questionar entre os colegas de trabalho sobre a recomendação de que o suicídio não é tema. Não é noticiado em notas, não é detalhado, mas o é necessário discutir de uma forma mais ampliada”, diz Criselli que promoveu o debate com o intuito de compartilhar com os estudantes pesquisas de profissionais, da área de saúde e comunicação, que estudam o conteúdo de propagação da fragilidade do tema abordado. A jornalista ainda ressalta que os dados pesquisados para realizar o levantamento inicial do debate chocam-na tanto no que quesito profissional quanto pessoal. “No ambiente acadêmico o que mais queremos é promover a vida. Acho que combina com o ambiente colocar um diálogo de um tema que é inerente ao ser humano, tratar das melhores formas de viver e evitar a apologia que o jornalismo acaba fazendo à morte”, complementa a professora.
Curitiba, 11 de Maio de 2017
05
Cidades Na manhã de terça-feira, 25 de abril, ocorreu o encontro de convidados da área de comunicação social e saúde para debater e discutir o assunto em mesa redonda. Em aproximadamente uma hora e quarenta minutos, cinco profissionais das diferentes áreas debateram sobre assuntos colocados pelos estudantes via perguntas que podiam ser realizadas por meio de mensagem instantânea no Whatsapp. A mesa redonda foi composta por Cristiano Luiz de Freitas, jornalista e especialista em cinema, como representante na área de comunicação e mídia. Na área da saúde, o debate contou com a presença do psicólogo, e especialista em psicopatologia fenomenológica, Henrique Costa Brojato, do psicólogo Cloves Antonio de Amissis Amorim e, também, pelo médico psiquiatra Marcelo Heyde.
Maria Clara Braga
Salientou-se, também, a linha tênue entre o valor da notícia e o valor da ética ao informar casos do gênero. A propagação de conteúdo nos meios de comunicação que foi gerada pelo desafio da Baleia Azul também foi assunto de destaque na discussão. O sociólogo, Lindomar Boneti, apontou a possibilidade de a notícia tornar-se um espetáculo quando refere-se às tentativas de suicídio. Portanto, a super valorização desta informação pode ser considerada um empecilho na luta contra a adversidade. Boneti colocou em questão, também, o distanciamento da família e uma relação social em crise quanto da formação de adolescentes, o que contribui com os transtornos psicológicos que levam o indivíduo ao estado suicida.
O professor e sociólogo Lindomar Wessler Boneti participou do painel representando a área de ciências sociais.
De acordo com Freitas, falta comunicadores que possuam a capacidade de promover o diálogo saudável sobre o porquê de não cobrir casos de suicídio.
O debate começou com o foco principal do assunto: a mídia e a relação da noticiabilidade
Freitas também enfatiza a relação com os produtos que abordam o assunto e acabam
Especialistas da área de saúde, psicologia e sociologia debatem o suicídio. Durante o debate, Amorim citou a influência da internet nos casos da banalização dos transtornos psicológicos que geram um preconceito por não existir um sintoma físico. Para Broteja, psicólogo social do Grupo Marista, é importante que os meios de comunicação fiquem atentos para
“Estudos científicos marcam
como grande culpável do suicídio um transtorno psiquiátrico” do suicídio como sensacionalismo. As argumentações para a conscientização sobre o empecilho foram destacadas por todos os participantes, reforçando a forma de abordagem do assunto e destacando a cautela ao utilizar termos que não banalizem os transtornos psicológicos ou incitem a romantização.
conquistando público, destacando a necessidade de trazê-los como fonte de conhecimento. “Acho que falta se apropriar destes produtos sem entrar em méritos, se é bom ou ruim, e fazer disto um ponto de partida para o diálogo”, complementa o especialista em cinema.
trazer esse tipo de debate sobre temas que são considerados ‘tabu’ para a sociedade. O especialista em psicopatologia fenomenomenológica também acredita que “pode ter muitas causas para que a pessoa cometa suicídio, mas os estudos científicos marcam como grande cul-
pável um transtorno psiquiátrico, principalmente a bipolaridade e a depressão”. A conclusão final em relação ao conteúdo debatido vem do professor Heyde, que afirma que a necessidade da procura de um profissional nos casos de suicídio é indispensável, mas que a convivência em família e o entorno de relações no cotidiano também são essenciais para a recuperação do paciente. O coordenador do curso de Jornalismo da PUCPR, Julius Nunes, destaca a importância de eventos promovidos pela universidade. “Essas discussões têm que acontecer nas universidades, porque formamos pensadores e cidadãos”, complementa o coordenador que acredita que o jornalismo deve discutir qualquer tipo de assunto. Nunes também disse que a PUCPR entende o seu papel social e que aproveitou a mudança na abordagem geral de assuntos, considerados
complexos e influenciáveis, para fazer com que o estudante de jornalismo exerça o papel na profissão de maneira ética e moral mesmo quando o conteúdo trabalhado não é tão discutido na mídia. O coordenador ainda suscita a os efeitos da influência deste debate dentro do meio acadêmico. “Os eventos que a gente prepara são para mostrar ao aluno que o que se faz em sala tem um efeito direto na sociedade. É a forma de pensar e evoluir. Isso é o que tentamos formar nas aulas”,complementa Nunes. O evento, que lotou o auditório, contou com aproximadamente 200 pessoas, entre alunos, professores e profissionais de diversas áreas e foi transmitido ao vivo via Facebook, pela página da Rede Comunicare.
06
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Cidades
PUCPR segue imbatível no Sangue Novo Julyana Dal’Bó
Curso de Jornalismo faturou 18 estatuetas na maior premiação para estudantes oferecida pelo SindiJor-PR Daniel Moura 3º Período Professores de Jornalismo da PUCPR festejam vitória
O
curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) foi o grande vencedor do 21º Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense. A premiação ocorreu na sede da APP-Sindicato, no Rebouças, na noite de 03 de maio. Estudantes e professores das instituições de ensino superior do Estado foram premiados pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindiJor-PR). A novidade deste ano foi Webdocumentário, que soma-se às tradicionais categorias que premiam os três melhores trabalhos agora em 23 categorias. O curso de jornalismo da PUCPR teve 18 indicações, sendo sete primeiros lugares, sete segundos e quatro terceiros. O objetivo do prêmio é melhorar o ensino do curso jornalismo no Paraná. O reconhecimento dos trabalhos apresentados por estudantes é avaliado por uma comissão julgadora voluntária, formada por profissionais com ampla experiência da área. O Sangue Novo é a única premiação oferecida para estudantes de Jornalismo em todo o território nacional.
A PUCPR se consagrou com muitos prêmios e se destacou principalmente com a revista CDM e o jornal Comunicare, premiado pelo segundo ano consecutivo na categoria Jornal Laboratório Impresso, produzido pelos alunos de segundo e terceiro períodos do curso. O jornal Comunicare, veículo laboratorial impresso do curso de Jornalismo da PUCPR, produzido pelos alunos de segundo e terceiro períodos, conquistou o bicampeonato. Outra categoria em que a PUCPR se destacou foi a de Reportagem Escrita – Impresso, que obteve o primeiro, segundo e terceiro lugares. Essas reportagens foram orientadas pelo professor Paulo Camargo, que afirmou ser esse “o reconhecimento do trabalho dos alunos. Fiquei muito contente e orgulhoso dos trabalhos principalmente porque prova que o jornalismo de reportagem em profundidade está vivo”. Camargo também orientou a Revista CDM, que conquistou o primeiro lugar na categoria Produto Jornalístico – Jornalismo Impresso.
A professora Criselli Montipó orientou três trabalhos ganhadores e fala sobre a importância do jornalismo humanizado nas produções dos alunos. “Ele se manifesta em vários projetos, o que demonstra uma conscientização dos futuros profissionais sobre a necessidade e responsabilidade em atender as minorias e temas que são invisibilizados, permitindo que professores e alunos aprendam juntos”. A jornalista Michelly Correa, re-
pórter da RPCTV, foi uma das apresentadoras da premiação e enfatizou a importância do prêmio e do sindicato para a classe jornalística paranaense. “É uma troca, porque você vê os futuros jornalistas. Eu já estive no lugar de receber o prêmio, então estou muito feliz e empolgada de estar aqui”. Segundo a repórter, o Paraná tem o maior piso salarial do país. Portanto, a luta acontece todo dia. Os novos jornalistas só vêm a somar.
Confira os vencedores: FOTOJORNALISMO 2º lugar JORNAL LABORATÓRIO IMPRESSO 1º lugar JORNAL/ REVISTA LABORATÓRIO ONLINE
RADIOJORNAL LABORATÓRIO 1º lugar REPORTAGEM ESCRITA – IMPRESSO 1º lugar 2º lugar
1º lugar
3º lugar
PRODUTO JORNALÍSTICO IMPRESSO
REPORTAGEM DE RÁDIO
1º lugar PRODUTO JORNALÍSTICO PARA WEB - PORTAL DE NOTÍCIAS 2º lugar PROJETO JORNALÍSTICO ASSESSORIA DE IMPRENSA
3º lugar REPORTAGEM PARA TELEVISÃO 1º lugar TELEJORNAL LABORATÓRIO 2º lugar VIDEODOCUMENTÁRIO
2º lugar
1º lugar
3º lugar
WEBDOCUMENTÁRIO
PROJETO/PRODUTO JORNALÍSTICO LIVRE
2º lugar
2º lugar 3º lugar
07
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Greve contra reforma da Previdência paralisa Curitiba Marcello Ziliotto
Os protestos realizados no dia 28 de abril no País chegam à capital do Paraná Marcello Ziliotto 3º Período
Manifestantes criam velório falso contra reforma da previdência
N
o dia 28 de abril de 2017, os sindicatos do Paraná se reuniram para protestar contra a reforma geral da previdência, alegando que as novas medidas retiram benefícios da classe trabalhadora. A mobilização foi coordenada por cinco sindicatos centrais: União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) e Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas). Em algumas cidades as manifestações se mostraram pacíficas, e, em alguns casos, ocorreu a intervenção da Polícia Militar. A jornada de manifestações em Curitiba teve início na Praça Nossa Senhora de Salete e se estendeu até a Praça Tiradentes. Nos locais houve discursos contra o presidente Michel Temer e o governador Beto Richa. Para a manifestante Marina Garcia, que discursava em cima de um dos carros de som, os milhares de trabalhadores reunidos na cidade estavam com um único objetivo. “Estamos fazendo um movimento que luta por sua aposentadoria e pelos seus direitos. Essa semana passou uma reforma
trabalhista no Congresso que acaba com os direitos dos trabalhadores”. Dono de uma loja perto da Praça da Nossa Senhora de Salete, o empresário Silmar Barros, 45 anos, se mostrou crítico à manifestação. “Acho que não é por aí. A conduta que está sendo tomada não tem nada a ver. Além de ser uma manifestação bagunceira, estão tirando o direito do pessoal ir e vir”. Bancários, servidores municipais, motoristas e cobradores do transporte municipal, policiais civis, guardas municipais, metalúrgicos, professores da rede particular e da rede pública estadual foram os primeiros a anunciar participação nas greves. Posteriormente, professores de universidades como a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Unicentro também votaram pela adesão ao movimento. De acordo com um levantamento realizado pela Polícia Militar (PM), cerca de 10 mil
pessoas participaram da greve. Já os organizadores falam que 30 mil pessoas colaboraram com a mobilização e se mostraram presentes nas passeatas. O presidente da Federação dos Vigilantes do Estado do Paraná, João Soares, defende o protesto contra a reforma da previdência citando que a medida significaria a perda da aposentadoria especial, que segundo ele, os vigilantes só adquiriram após 10 anos de muito esforço. André Luiz Gutierrez, policial civil e presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis, afirma que esta reforma retira direitos e, principalmente em relação ao policial civil, remove o conceito de atividade de risco. Segundo ele, isso diminuiria os atrativos para seguir uma profissão perigosa e sem o reconhecimento para uma aposentadoria diferenciada, o que se torna um problema tendo em vista que a média de anos até se aposentar dos policiais chega aos 59. Por sua vez, Luiz Vechi, presidente do Sindicato dos Servidores da Guarda Municipal de Curitiba (SIGMUC), relata que a Guarda Municipal protestou contra o “pacotaço de maldades” que o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, mandou para a Câmara dos Vereadores em que os servidores públicos terão de arcar com a “quebra da Prefeitura”. Vechi conta que do projeto com 12 propostas que o prefeito de Curitiba encaminhou para a Câmara dos Vereadores, sete deles atacam diretamente o serviço público.
Cidades
Entre eles o congelamento do database, dos planos de carreira, privatização e retirada de R$ 600 milhões do estatuto de previdência. Em resposta à reportagem do Comunicare, a Prefeitura afirmou, em nota, que Curitiba tem mantido em dia o pagamento de salários e aposentadorias, mesmo com uma dívida herdada da gestão anterior. O plano enviado para a Câmara dos Vereadores tem medidas que corrigem desvios na administração e mecanismos de controle de gastos. Ainda, segundo a Prefeitura, outras despesas controladas serão as de publicidade, a adequação do 13º e a da previdência. Por fim, a Prefeitura afirma estar aberta para diálogo com os servidores municipais e abriu uma comissão de negociação com lugar de representação aos líderes de sindicatos, sem urgência na aprovação da medida e com tempo para discussão.
Depoimento adiado Por questões de segurança, o depoimento do ex-presidente Lula (PT) ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da operação Lava Jato, que tinha sido agendado no dia 3 de maio, em Curitiba, mas acabou sendo adiado em uma semana. Os manifestantes, por conta dessas alterações, decidiram prolongar os protestos para os dias 9 e 10 de maio. A justificativa é que, naquelas datas, as atenções estarão voltadas para a capital paranaense, e as reivindicações terão maior repercussão.
08
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Política
Mulheres almejam mais voz no ambiente político Representatividade feminina no poder legislativo de Curitiba é a maior da história, mas ainda precisa aumentar Júlia Detoni de Souza 3° períodoo
O
número de mulheres na Câmara Municipal de Curitiba atingiu o maior número nas últimas eleições. De todo modo, a representatividade feminina no Legislativo ainda é pequena e pode dificultar a aprovação de medidas que visam a equidade entre homens e mulheres.
datas que tenham uma pauta que defenda as mulheres e a igualdade de gênero. A cientista política Andréa Benetti argumenta que os partidos políticos possuem dificuldade em encontrar um número suficiente de mulheres para cumprir a cota e que,
lheres na política, já que além de seus trabalhos, elas ainda têm deveres como cuidar da família e do lar. “O homem não tem uma cobrança social tão grande, então ele dispõe de uma possibilidade maior de se profissionalizar”, diz ela.
“Aos homens é permitido que
sejam feitas certas falas, mas as mulheres são cortadas” Curitiba é a segunda capital do país em número de mulheres eleitas para o poder Legislativo. Dos 38 cargos para vereador, oito foram conquistados por elas, o que corresponde a 21% do total. A vereadora Josete Dubiaski da Silva, conhecida como Professora Josete, está na Câmara desde 2004. Para ela, a dificuldade é diária, pois o espaço é bastante masculino. Por ser declaradamente feminista, o impedimento é ainda maior. A vereadora conta que as mulheres costumam manter uma postura mais calada na Câmara e que, ao defender um tema, o desrespeito com uma mulher é maior. Segundo Josete, “aos homens é permitido que sejam feitas certas falas, mas as mulheres são cortadas”. Ademais, as pautas que buscam aumentar os direitos femininos geralmente são ignoradas. Por isso, ela acredita que além de eleger mulheres, é importante escolher candi-
além disso, muitas apenas se candidatam para cumpri-la, não possuindo uma campanha ou propostas relevantes. Elas não concorrem efetivamente no processo eleitoral. Segundo Andréa, questões sociais também impedem a maior participação das mu-
Dentro do meio político não há diferenças salariais. Ainda assim, a cientista explica que na composição das casas legislativas, o número de mulheres não chega à metade, o que gera um déficit, dado que o ambiente legislativo é tradicionalmente comandado por homens.
Katia Dittrich, também vereadora, comenta que “as minorias em geral sofrem com a desigualdade e querer lutar por pautas femininas é muito complicado. Isso não é questão da Câmara e sim um problema estrutural da sociedade”. Para a vereadora, a cota obrigatória de gênero, que estipula que 30% das candidaturas sejam femininas, não é o bastante. Ela diz que ambos os sexos têm a mesma capacidade. O vereador presidente da Câmara, Serginho do Posto declarou, em resposta à afirmação da vereadora Josete, que o processo regimental da Câmara garante tempo de fala concedido igualitariamente e que todos os vereadores, independente do gênero, são tratados com muito respeito e de forma democrática.
Maria Clara Braga
Professora Josete é um dos símbolos da luta feminina por mais espaço na política
09
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Pol
Women wish to have more voice in the political environment Female representativeness in the legislative power of Curitiba is the biggest in history, but still needs to increase Júlia Detoni de Souza 3° Period Translated by Christopher Thomas Freitas Matheus Maurício Britto Ramos
T
he amount of women in the Municipal Chamber of Curitiba has reached the highest number in the last elections. In any case, women’s representation in the Legislative Branch is still small and may complicate the adoption of measures to achieve equity between men and women. Curitiba is the country’s second capital with
besides electing women, it is important to choose women candidates with an agenda on gender equality and women’s empowerment. Political scientist Andréa Benetti argues that political parties find it difficult to find enough women to meet the quota. Furthermore, many of them only apply to comply
politics because besides their work, they still have duties such as caring for their family and housework. “Men are not subject to such a large social demand, so they have a bigger possibility of becoming professionalized”, she says. Within the political environment there are no wage differences. Still, the scientist
“Men are allowed to make
certain speeches, but women are cut off” the largest number of women elected to the Legislative power. Of the 38 positions for councillor, eight were won by women, which corresponds to 21% of the total. Councilwoman Josete Dubiaski da Silva, known as “Teacher” Josete, has been in the Municipal Chamber since 2004. For her, the difficulty is daily, because the environment is quite masculine. Since she is an avowed feminist, the impediment is even greater. The councilwoman says that women usually keep a more quiet posture in the Municipal Chamber and that, when defending a topic, the disrespect with a woman is greater. According to Josete, “men are allowed to make certain speeches, but women are cut off”. In addition, guidelines that seek to increase women’s rights are often ignored. Therefore, she believes that
with it, and have no campaign or relevant proposals. Women do not compete effectively in the electoral process. According to Andréa, social issues also stop a bigger participation of women in
explains that in the composition of the legislative houses, the number of women does not reach half the amount, thus generating a deficit, since the legislative environment is traditionally commanded by men.
“Teacher” Josete is one of the symbols of the female fight in politics
Katia Dittrich, also a councilwoman, comments that “the minorities in general suffer from inequality and that fighting for agendas on women’s empowerment is very complicated. This is not a matter of the Municipal Chamber but a structural problem of society”. For the councilwoman, the mandatory gender quota, which stipulates that 30% of the applications are female, is not enough. She says that both sexes have the same capacity. In response to councilwoman Josete’s assertion, the president of the Municipal Chamber, Serginho do Posto, stated that the procedural rules of the Municipal Chamber guarantee equal speaking time and that “all councilors, regardless of gender, are treated with great respect and in a democratic way”. Maria Clara Braga
10
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Economia
Bandeira vermelha na conta de luz Marçal Dequêch
Taxa extra faz preço da energia subir e afeta o bolso dos brasileiros Marçal Dequêch 3º Período
Com aumento da tarifa para bandeira vermelha, população será obrigada a consumir energia sem gastos supérfluos
A bandeira vermelha, tarifa
adicional nas contas de luz, decretada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) no início do mês de abril, afetará o bolso das pessoas e acrescenta mais um cuidado ao dia a dia de cada um. Excluindo o mês de abril, que terá um desconto programado na conta de luz, a bandeira vermelha aumentará as contas de luz na proporção de R$ 3,00 para cada 100KW/H. A estipulação da bandeira vermelha se deve a um fato já conhecido e frequente no país: a falta de chuvas reduz a quantidade de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, força a ativação das usinas térmicas e, visando evitar desperdícios, o preço sobe. Barbara Lunardon, assessora de imprensa da ANEEL explica o aumento como algo
natural já que a previsão de chuvas para o ano está abaixo do esperado. Porém, os impostos ICMS, PIS, Pasep e Cofins também influenciam na porcentagem final da cobrança da tarifa, representando em torno de 34% do total da fatura. Barbara diz que as tarifas são revisadas uma vez por ano. “Portanto, as bandeiras ama-
No entanto, por causa dos diversos fatores já citados anteriormente, a previsão de bandeira verde (sem cobranças adicionais) não tem data certa para voltar. Vale ressaltar que as concessionárias de energia não têm influência no valor das bandeiras. Todos os brasileiros serão atingidos pela mudança. Porém, os mais afetados são os aposentados, que ficam mais
“Falta de chuvas causa sobretaxa” rela e vermelha são o modo encontrado para ajustar o preço final das contas de luz para que não haja falta de energia e a distribuição não acabe comprometida. A ANEEL divulga mensalmente qual bandeira estará em vigor” comenta a assessora.
tempo em casa e dependem da Previdência. Dona Geny Aparecida conta que é preciso esforço para manter o consumo baixo. “A mudança está na rotina diária, controlar o tempo do uso do chuveiro, manter só a luz acesa no cômodo que
estou, reduzir o uso de aparelhos eletrônicos, desligar a torneira elétrica e acumular roupas para uso da máquina de lavar”. O coach financeiro Luciano Oliveira conta que, “para uma casa de família de classe média/alta com três ou quatro habitantes, a média de consumo é de 330 a 360 Kw/H, resultando em uma conta de em torno de R$ 300,00”. Com a bandeira vermelha em vigor, a conta passa a ter um adicional de quase R$ 11,00 a mais por mês. Para que a fatura mensal não pese tanto no bolso e a bandeira vermelha não seja um empecilho, recomenda-se consciência nos hábitos do dia a dia como passar roupa e tomar banho, trocar aparelhos antigos por novos com maior eficiência elétrica e substituir lâmpadas fluorescentes por fosforescentes.
11
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Inovação
Clubes de assinatura crescem e renovam mercado no Brasil Empresas investem no segmento para escapar da crise Wesley Fernando 3º Período
O
s clubes de assinatura ainda são uma novidade no mercado online no país, apesar disso empresas já observam esse tipo de serviço para o público brasileiro, já que as vendas online crescem cada vez mais chegando a vender em torno de R$ 53,4 bilhões só em compras feitas via internet em território nacional, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM). O mercado dos clubes de assinatura cresceu 11,5% no ano passado no Brasil, chegando perto dos R$ 690 milhões, fazendo com que mais empresas apostassem nesse tipo de venda. Hoje os clubes de assinatura de livros, bebidas e produtos de beleza são os preferidos entre os consumidores brasileiros. O economista André Barros explica por que desse tipo de compra se expandir cada vez mais. “O mercado online é feito de inovação, ou seja, tudo que é novo acaba sofrendo um aumento significativo comparado aos métodos mais tradicionais de venda como no varejo conservador, porém a internet vai na contra mão, pois possibilita inúmeras formas de você fazer uma compra”. O economista também comentou que esse mercado tem sucesso mesmo com a crise, pois “as empresas que investem pesado ou só investem nesse tipo de venda não irão ter grandes problemas, já que geralmente os clubes de assinatura são direcionados diretamente para um público especifico”.
O estudante de culinária Robson Freitas utiliza um clube de assinatura que fornece mensalmente um livro surpresa além de brindes, como marcador de livro e uma revista que conta sobre a obra enviada. Freitas explica por que de adotar um serviço para
culinária ainda falou como que o site ajudou a conhecer outros escritores. “O clube não traz só obras conhecidas pelo público, geralmente um moderador que escolhe uma obra e daí eles fazem o envio para quem assina o clube”.
“R$ 53,4 bilhões só em compras via internet em território nacional” comprar livros: “usar um clube de assinatura que incentiva a leitura ainda mais por um valor apropriado é algo que ajuda bastante, além disso a gente não sabe qual livro eles vão enviar dando aquele clima de suspense que quando chega a caixa a gente fica naquela expectativa”. O estudante de
Henrique Simão, um dos fundadores do site Nerd Collect, conta como surgiu a ideia de criar um clube de assinatura. “Eu e dois colegas pensamos, como seria criar um site para quem gosta desse universo geek, como filmes e histórias em quadrinhos, e daí surgiu a ideia de criar um clube de
Mais pessoas se tornam adeptas dos clubes de assinatura
assinatura no qual a pessoa paga mensalmente e recebe um kit surpresa por mês que conta com um pôster, uma camiseta, um bóton e uma caneca”.Com relação à possibilidade de extravio, Simão comenta que “esse tipo de problema já ocorreu, mas a gente consegue resolver mandando outra caixa ou até mesmo conseguindo recuperar a caixa com a transportadora”, completou. No Brasil existem por volta 700 sites de clubes de assinatura que oferecem produtos de pet shop, cosméticos, alimentos, brinquedos, entre outros. Além disso, empresas como o Pão de Açúcar e a Gillette também já oferecem serviços para quem vira assinantes de seus clubes. Wesley Fernando
12
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Esportes
Cortada certeira contra a LGBTfobia Transexual de Curitiba consegue destaque no vôlei, ainda assim há muito preconceito no mercado de trabalho Heloisa Negrão 3º período
A
pesar da lei federal 8.727 de 2016, assegurar o direito da igualdade de gênero, o preconceito contra os transexuais ainda está presente, a chamada transfobia. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2014 no Brasil, 90% de travestis e transexuais se prostituíam, ou seja, apenas 10% estavam inseridos no mercado de trabalho “formal”. Contudo, engana-se quem pensa que o preconceito contra transexuais não atinge quem pratica esportes. A primeira jogadora profissional transexual de vôlei a conquistar o direito de participar de um torneio brasileiro, Isabelle Neris, explica: “eu tinha um grupo de amigos, em que um rapaz homossexual me convidou para ir jogar em um lugar. Quando eu cheguei todo mundo saiu de quadra, ninguém jogou por causa do preconceito e discriminação. Desde quando comecei a transformação isso acontecia direto, eu tinha que saber em que lugar eu seria aceita”.
Com a autorização da Federação Paranaense de Vôlei, Isabelle é a primeira brasileira transexual a conseguir competir oficialmente em um time feminino brasileiro. A discussão sobre os direitos das minorias vai muito além de casos pontuais de preconceito. Segundo a socióloga Talita Cristina Rugeri, “a sociedade de um modo geral tem dificuldade de compreender aquilo que é tido como diferente, sempre escondendo, reprimindo e excluindo as minorias. Nesse momento em que vivemos esses debates voltam a tomar forma e diversos grupos começam a ocupar espaços que sempre lhes foram negados”. Para a primeira doutora travesti e negra da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Megg Rayara Gomes de Oliveira, o processo de inserção e aceitação deve ser iniciado muito cedo, dentro dos espaços de educação formal. “Esse processo de inserção de pessoas trans no mercado de trabalho passa por uma muCamilla Ginko
Transexual guerreira de sucesso
dança de pensamento, em que nesse processo a escola tem um papel fundamental, e as famílias devem conversar de forma mais aberta com seus filhos, quanto mais abertamente isso for posto menos problemas terá a sociedade”, explica a professora. De acordo com o psicólogo Marcelo Benthien, o preconceito com transexuais é um problema causado pela herança cultural, pois durante o processo de evolução da humanidade, esta questão foi tratada com muito repúdio. Além disso, até o final do século XX os próprios manuais
médicos atualizados traziam a transexualidade como um transtorno de gênero. Para Benthien, o esporte tem o poder de abrir a mente das pessoas, mas para que isso ocorra “deve haver um engajamento na causa, novas pessoas devem ser ouvidas e o debate deve ser ampliado, pois assim como todo o resto da sociedade”. O psicólogo enfatiza que as pessoas que comandam o esporte também advêm de uma geração que herdou a não aceitação de vários estigmas socioreligiosos.
Casos de racismo persistem no esporte Heloisa Negrão
No Brasil, segundo a Constituição Federal, o racismo é considerado um crime inafiançável e imprescritível. Porém, apesar disso, casos análogos ainda são comuns. De acordo com uma pesquisa feita pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, os casos de racismo aumentaram 85% no Brasil, no período entre janeiro e dezembro de 2015. Porém, há uma esperança de mudança, para uma sociedade mais justa e igualitária. Como explica a socióloga Talita Cristina Rugeri, “totalmente livre
de preconceitos seria uma utopia, pois temos dificuldade de lidar com o diferente. Mas acredito sim numa sociedade mais tolerante, mais justa se praticarmos a alteridade (capacidade de se colocar do outro)”. O jogador de futebol amador Gelson Oliveira é negro, e diz que nunca sofreu preconceito no esporte, mas já presenciou um amigo sofrendo. “Com relação a isso acho uma absurda falta de respeito, educação e ética, abordei meu amigo que sofreu o preconceito e tentei mantê-lo calmo, pois ele ficou muito nervoso”.
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Cultura
Funk ganha espaço em Curitiba O gênero musical, que dá voz às periferias, adentra as baladas nobres da cidade Talita Laurino 3 º período
O
canal no Youtube do produtor de música Kondzilla alcançou a marca de maior do Brasil, por seu número de visualizações, em abril. O portal é conhecido por seus clipes de funk, trazidos diretamente das favelas paulistas e cariocas para as listas de hits mais tocados do país, de acordo com uma
é tarefa difícil. Danceterias tradicionais e com estilos musicais definidos, como o eletrônico e o sertanejo,têm impressionado o público ao integrar o ritmo dos morros em sua programação. O promotor de eventos, Richard Ruppel, conta que nas festas, cujo o tema principal é o Funk carioca, a venda dos ingressos
análise da plataforma de streaming Spotify, nos últimos quatro meses deste ano. Para os frequentadores assíduos das noites curitibanas, notar que o Funk está cada vez mais presente na cidade, não
triplica. “O Funk, assim como o sertanejo, está presente no cotidiano das pessoas, têm temas que a gente se identifica e um ritmo que fala por si só. Não é necessário o uso de drogas, álcool ou qual-
“A cultura da elite tende a ser sempre melhor”
13
quer substância ilícita para conseguir gostar do som”. Ele acrescenta que acredita na criação de uma futura balada em Curitiba exclusivamente dedicada ao estilo, pois alega que há público para isso. O proprietário do bar Mais55, Luis Eduardo Mota, afirma que é mais rentável para os empresários contratar MCs. “Normalmente as duplas sertanejas vêm com a sua banda completa, o que gera um custo gigante. Se você for comparar os caras estourados do funk, o preço é de 50, 60 mil reais. Os sertanejos já chegaram a cobrar meio milhão. Então o custo é barato e está dando o mesmo retorno ou mais”. Ele também se diz surpreso por letras, consideradas chulas, estarem na boca da população nobre da cidade. Talita Laurino
A festa “Fica Comigo”, conhecida por tocar pagode, inseriu funk em seu repertório para atrair o público
O estudante de Ciências Sociais, Mathias Castro, era conhecido entre os amigos por repudiar o estilo. Ele conta que sentia nojo de toda essa cultura e que achava as letras promíscuas, sem fundamento e de baixo nível intelectual. O aluno no entanto, ao entrar na faculdade, sensibilizou-se ao aprender sobre preconceito sócio-econômico e percebeu que o ódio transcendia sua preferência musical. “Estamos numa sociedade capitalista e separatista. A cultura da elite tende a ser sempre ‘melhor’ que a de classes mais baixas”, explica. Castro então admite que não se pode negar a legitimidade desse movimento social e cultural. A frequentadora das danceterias curitibanas, Fernanda Smanhotto, acredita que esse reconhecimento começou a existir nos últimos dois anos, em que MC’s do polo Rio-São Paulo começaram a disparar hits no Youtube e outros veículos midiáticos . Ela conta que percebeu isso quando foi a um festival de pagode e notou a inclusão de inúmeras músicas de funk ao longo do evento.“Por um momento me senti no Rio de Janeiro, depois concluí que era apenas Curitiba finalmente abraçando o ritmo mais envolvente de todos (o funk)”, comenta Fernanda. A baladeira acrescenta que nunca sofreu preconceito por apreciar o estilo musical e atribui o motivo disso à cor de sua pele ser branca e não pertencer a uma baixa classe social e financeira.
14
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Cultura
Cachorro quente com duas wienerwurst Como a cultura alemã é preservada e quais são as suas influências na cidade de Curitiba Yasmin Graeml 3 ° Período
E
m 1829, Curitiba era um pequeno vilarejo quando os primeiros imigrantes alemães chegaram na cidade. Eles se estabeleceram na região central e foram muito importantes para o desenvolvimento da indústria e do comércio local.
mãe é mais distante, os bisavós dela vieram para o Brasil fugindo da Segunda Guerra, já seu pai nasceu na Alemanha e veio para o Brasil com a família para montar carros. Ela conta que em sua casa eles falam alemão e fazem muitas receitas típicas. “A época que
noel vem de um bispo alemão que entregava presentes para as crianças mais pobres. Na páscoa a tradição de pintar os ovos e de escondê-los na manhã do domingo também foi importada como explica Lídia Hanke em seus livros Histórias de Natal e Páscoa.
“Em Curitiba, o uso da palavra vina vem do alemão wienerwurst” Andando pelo centro histórico não é difícil encontrar prédios construído por alemães. Um bom exemplo é o Palácio São Francisco, atual sede do Museu Paranense. O prédio foi construído por Julio Garmatter, alemão que veio com sua família para o Brasil e construiu uma réplica da sua casa na Alemanha.
Com a proibição do idioma alemão no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial muito desta cultura se perdeu, mas ainda se encontram em Curitiba famílias que mantêm os costumes do país europeu. Este é o caso da família de Martina Hoffrichter, que tem ascendência alemã pelo dois lados da família: por parte de
mais sinto contato com a cultura de lá é no natal, fazemos todas as tradições natalinas alemãs, desde o advento (tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo) até a ceia”.
Existem tradições e expressões que já são tão comuns no dia a dia que, muitas vezes, a origem alemã dos costumes passa despercebida. As celebrações como natal e páscoa brasileiras, por exemplo, são muito parecidas com as da Alemanha. Celebrar o natal na noite do dia 24 de dezembro e não no dia 25 e deixar o sapatinho na janela são tradições vindas da Alemanha, o próprio papai
“Quando os alemães chegaram no Brasil eles trouxeram suas tradições para cá. Eles colocavam neve no pinheirinho e faziam bolachas de mel como uma forma de lembrar de casa”. Mesmo português e alemão sendo línguas muito diferentes os imigrantes trouxeram algumas palavras para o nosso vocabulário como chopp que vem de schoppen e blitz. Em Curitiba é comum o uso da palavra vina para salsicha, isto também vem do alemão wienerwurst.
53 anos de cultura alemã O grupo de dança folclórica alemã Alte Heimat completou 53 anos de existência dia 10 de
abril. O nome do grupo, que surgiu em 1964 com o intuito de relembrar tradições germânicas, significa velha pátria. Karin Elisabeth Reucher participa do Alter Heimat e conta que faz parte da primeira geração brasileira da família. Para Karin a influência alemã aparece muito na educação, na culinária e na língua. Ela está no grupo há 25 anos e conta que a dança lhe ajuda resgatar suas raízes. “Para mim é muito importante, pois preserva uma outra parte da minha cultura”. A diretora do grupo, Juliana Kloss, conta que mesmo a maioria dos dançarinos sendo descendentes de alemães eles são abertos para todos que querem dançar. “Nós tivemos uma época descendentes de japoneses, o pessoal até comentava que era legal ver eles em roupas alemãs”. Ela também conta que como os germânicos são oriundos da Alemanha, da Áustria e Suíça eles tomam cuidado para ter figurinos que representam todas as regiões dos três países.
Vovô me ajuda a fugir da crise? Descendentes de alemão
até a quarta geração e com certidão de nascimento e casamento dos ascendentes podem iniciar o processo para ter dupla cidadania (brasileira e alemã). Este documento permite ao portador entrar sem visto em países da Europa para morar, trabalhar e estudar.
A bibliotecária Juliana Mueller, do instituto Goethe, representantes oficiais da Alemanha no Brasil, conta que eles recebem vários alunos que começam a aprender alemão, pois têm dupla cidadania e com a crise pensam na possibilidade de ir morar lá. “ Quando se tem um passaporte alemão
é fácil ir morar na Europa e isto faz com que muitos busquem suas raízes e comecem a aprender alemão”. Ellen Schierz tem cidadania alemã, pois sua avó veio da Alemanha. Para ela as principais vantagens dos dois passaportes são não precisar de visto para os
Estados Unidos e poder ir trabalhar na Europa. “Meu irmão estava em segundo lugar para um emprego na Romênia, a pessoa que iria inicialmente estava com problemas de visto, como ele tem o passaporte alemão não tinha este problema e foi chamado”.
15
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Cultura
Tradição alemã nos Campos Gerais A
colônia Witmarsun fica perto de Ponta Grossa e é conhecida no Paraná por manter tradições alemãs. Porém, a cultura que está mais presente no local é a cultura religiosa menonita e há divergências entre os moradores se eles têm realmente uma origem alemã.
que somos menonitas e seguimos o nosso grupo étnico religioso. No Brasil os habitantes de Witmarsun conseguiram uma cláusula na lei para não precisar se alistar ao Exército por motivos religiosos. A pequena colônia de aproximadamente
tradições são fortes dentro da colônia. “Minha filha estava, hoje de manhã, pintando ovos de páscoa com os meus netos e amanhã vamos fazer uma caça aos ovos igual é feita na Alemanha. Nós também montamos a osterbaum, que é uma árvore de natal só que de páscoa”.
Para Ricardo Phillipesen, responsável pelo museu da cidade, poucos são descendentes de alemão. Ele conta que a história de seus antepassados começou na cidade Witmarsun que fica em território holandês e que eles têm um dialeto próprio que seria mais parecido com o holandês do que com o alemão. Porém, eles divergiram da religião católica, criaram a religião menonita e acabaram se mudando para a Polônia que na época estava sob território alemão. Os menonitas são pacifistas e não se juntam ao Exército. A Alemanha estava em um período de guerra e criou uma lei em que quem não participasse do Exército perderia propriedades. Com esta nova lei eles foram como alemães para a Rússia onde ficaram até o começo da revolução comunista. Com a revolução os menonitas tentaram entrar na Alemanha onde não foram aceitos e então vieram para o Brasil. “A única vez que realmente tentamos entrar na Alemanha, não em territórios dominados por ela, os alemães nos fizeram assinar um termo de que não voltaríamos para lá. Mas mais importante do que esta discussão de se somos ou não alemães é
Mesmo em uma vila culturalmente fechada, algumas pessoas tentam romper o preconceito dos moradores em relação aos não menonitas e vão morar na colônia. O professor universitário Rene Seifert se mudou com a família para Witmarsun há três anos. Ele conta que percebe bastante a influência
alemã e menonita na colônia e que algumas pessoas são bem fechadas para quem vêm de fora, mas que na colônia vive perto da natureza e que isto é algo que para ele tráz qualidade de vida. Em sua nova casa na colônia eles estão em contato com a natureza e têm cavalos, galinhas e até porcos. Yasmin Graeml
Visitantes se reúnem na Colônia Witmarsun 1500 habitantes vive em forma de cooperativa com pequenos fazendeiros e adotou o alemão como língua oficial, pois o dialeto tradicional não possuía linguagem escrita. Para o ex-professor de alemão da escola municipal, não existem dúvidas de que eles são alemães. Para ele as
O vale europeu é brasileiro O estado de Santa Catarina recebeu muitos imigrantes, entre eles alemães, italianos, austríacos e portugueses. A região manteve a cultura do Velho Continente e hoje o Vale do Itajaí é conhecido popularmente como vale europeu.
Cidades como Blumenau, Pomerode, Brusque e Gaspar tem como predominante a cultura alemã, isso se percebe facilmente pela arquitetura das cidades e pelas festas típicas da região. Blumenau é famosa
pela maior Oktoberfest (festa de outubro) das américas. Pomerode é considerada a cidade mais alemã do Brasil e durante a Osterfest (festa de páscoa) tem a maior árvore de páscoa do mundo, segundo o Guinness book.
16
Curitiba, 11 de Maio de 2017
Ensaio
A voz nas ruas No último dia 28, Curitiba amanheceu paralisada, mas com gente manifestando Jullyana Dal’Bó 8º período Em trio elétrico, grupo se manifesta contra novas regras da aposentadoria
Cartazes provocativos ganham as ruas de Curitiba
Professores percorreram a avenida em oposição às mudanças
Cartazes convocam o povo a participar da manifestação
Enrolados na bandeira do país, manifestantes defendem seus direitos