Especial Habitação Usada
É uma excelente opção de investimento, pelo preço claro, para ter rendimento de arrendamentos. A habitação usada passou a ter uma procura superior” João Paulo Sobreira Remax Leiria
O concelho de Leiria ganhou 11.798 alojamentos desde 2001 Foto de arquivo: Joaquim Dâmaso
Habitação usada é um mercado de futuro Expansão O excesso de oferta e as restrições do crédito bancário desenham um novo paradigma: reabilitar, arrendar. O segmento da segunda mão vai crescer e as obras em casa também
A operação Censos 2011 do INE (Instituto Nacional de Estatística) revela que o número de alojamentos e edifícios continuou a aumentar em Portugal na última década, crescendo 16,3% e 12,4% desde 2001. Hoje existem 5,8 milhões de alojamentos em 3,5 milhões de edifícios. Neste período, o concelho de Leiria ganhou 11.798 novos alojamentos e o distrito um total de 47.522. A maioria das análises sobre o parque habitacional convergem na ideia de que há excesso de oferta. Um desequilíbrio agravado pela diminuição do crédito bancário, que está a travar a aquisição de imóveis. Solução: reabilitar, arrendar. Potenciar o mercado da habitação usada. Um argumento suportado por números: Em Leiria, há 1.000 a 1.200 fogos por transaccionar pela primeira vez e talvez o dobro no mercado da segunda mão, estimava, recentemente, o
empresário Aquilino Carreira. “Até há bem pouco tempo os imóveis valorizavam sempre, os bancos emprestavam dinheiro com facilidade, o arrendamento era um investimento duvidoso”, afirma Luís Parreira, director comercial da imobiliária Medilena, em Leiria. “A partir do ano 2008, tudo isto se inverteu: os imóveis desvalorizam, é muito difícil comprar casa, o arrendamento está a disparar”, acrescenta, concluindo: “Esta ruptura obriga os operadores a mudarem a sua atitude e a adaptarem-se ao novo paradigma”. É por isso que a Medilena vai lançar um novo serviço destinado a unir os interesses de proprietários e inquilinos. Segundo João Paulo Sobreira, director da Remax Leiria, o arrendamento “é uma excelente opção de investimento” para os proprietários e vale agora “rentabilidades na casa dos 5 a 7%” com um risco “relativamente baixo”. O
Governo promete alterar a lei das rendas, também as áreas da manutenção e reparação devem crescer. Acabam de ser aprovadas alterações legislativas para facilitar obras e o programa Jessica vai financiar a reabilitação urbana com mil milhões de euros. E aqui saem beneficiadas inúmeras actividades: especialidades de obra, design, arquitectura, gestão de projecto. É também por aí que seguem os agentes do sector. Como é o caso da Blist, em Leiria, com o novo serviço de mediação de obras. O director Ivo Margarido explica que a empresa avança assim para uma actividade complementar ao mesmo tempo que responde a uma evidência: “Todos os edifícios necessitam de manutenção”. De acordo com a CIP (Confederação da Indústria Portuguesa), existem necessidades de reabilitação em 34% do parque habitacional português. E a APEMIP (Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal) lembra que o investimento em reabilitação urbana em Portugal vale 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto na Europa ronda os 30%.
Jessica mobiliza mil milhões Já anunciado pelo Governo, o programa Jessica vai financiar a reabilitação urbana com mil milhões de euros. Esta verba será aplicada em empréstimos ou participações de capital, através de fundos. Desenvolvido em parceria com o Banco Europeu de Investimento, o programa é financiado por 130 milhões de euros de dinheiros comunitários, 200 milhões de bancos e 670 milhões de investidores privados. Os projectos serão geridos pelo BPI, CGD, Turismo de Portugal e Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU). O acesso está condicionado à elegibilidade dos promotores, à existência de planos integrados de desenvolvimento urbano sustentável e a uma taxa interna de retorno positiva. Quem pode concorrer? Municípios, sociedades de reabilitação urbana, construtoras e promotores. Os particulares têm de se organizar junto das sociedades de reabilitação urbana.
Não faz sentido continuar a construir edifícios novos quando temos largo excesso de habitação em Portugal. O que faz sentido, sim, é a reabilitação” Ivo Margarido Blist
Realmente é disso que se trata – mudança de paradigma. Algo que surgiu com uma crise e que se transformou numa nova realidade de mercado” Luís Parreira Medilena
21 Outubro, 2011 — Região de Leiria
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