Programa do festival Acaso 2014

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2014 Setembro Teatro Miguel Franco – Leiria dia 11 quinta – 22h – Teatro ‘Dobrar – “Gôda” (conversa com o grupo no final do espetáculo) Era uma mulher muito antiga… Um dia estava sentada sozinha em frente a um bolo para comemorar o seu aniversário. Não sabia quantos anos contar. A certa altura da sua vida, quando já tinha contado muitos anos, atrapalhou-se nas contas e parou de somar. O corpo enferrujado da mulher era como uma pequena mala frágil, carregada com memórias infinitas guardadas como livros velhos, sem uso. Quando se sentia sozinha falava com a sua mosca de estimação, e ouvia música no rádio antigo, e ficava sentada à janela a ganhar pó. Mas naquele dia, apareceu à janela um rosto sorridente. Esfregou a janela para o rosto evaporar, mas o rosto continuou a sorrir para ela… Desde esse dia a velha nunca mais ficou sozinha à janela… Criação e Interpretação: Ana Lázaro

Auditório Paroquial de Stª Eufémia – Leiria dia 13 sábado – 21h30 – Teatro Teatro Didascália – “One man alone” Parceria com TASE (conversa com o grupo no final do espetáculo Tudo acontece numa padaria, naquelas horas da noite em que o padeiro faz pão e o resto do mundo sonha com ele. A ação desenrola-se através do jogo entre o padeiro rodeado por baguetes, papo-seco, broas de milho, os seus instrumentos de trabalho e os sonhos que o fazem viajar pelo universo da imaginação e o catapultam para um mundo só seu, a altas horas da noite, e que o acompanham no amassar do pão. Talvez por uma necessidade de escape ele sonhe acordado. Talvez seja esse o fermento que faz crescer o seu pão. Criação, interpretação e cenografia: Bruno Martins Direção: Sérgio Agostinho


Alinhavar – Leiria dia 13 sábado – 23h – Exposição Horribilis Casa Uma casa, sete divisões, sete ausências de razão. Na sequência da procura do significado de “espectador” (indivíduos que assistem, escutam e recebem informações / aqueles que apreciam voluntariamente ou não um evento), propomos aos visitantes da “Horribilis Casa”, que comprovem a eles próprios, a inevitabilidade de suportarem ser espectadores. Cada divisão será preenchida por vazios de palavras, por espelhos encostados e virados para a parede, onde cada personagem verá refletida a sua imagem na face dos espectadores. A negritude dos espaços dificultam a visita e remetemnos para o fatal contacto físico com as estátuas vivas, sendo o contacto com as personagens realizado apenas à distância. Produção e idealização: António Cova – Fulo HD Productions Intervenientes: Carla Carniça, Luis Ferreira, António Cova, Pedro Oliveira, Pedro Marques, João Severo, SalNunkachov, João Augusto…

Castelo de Leiria dia 14 sábado – 11h – 15h – 18h Atividades ao longo do dia dedicadas a famílias Contos, música, jogos e atividades para crianças, fantoches Contos ao Pôr-do-Sol Sessão de música e contadores de histórias, tradicionais ou de autor, ao pôr-do-sol Contadores: Pedro Oliveira – ator e encenador de O Nariz Luis Mourão – professor e dramaturgo Cidália Silva – professora bibliotecária Liliana Gonçalves – contadora de histórias Ana Moderno – diretora do museu da batalha e contadora de histórias Vitória Condeço – atriz e contadora de histórias João Augusto – animador cultural e contador de histórias Paulo Santos – ator no grupo de teatro de amadores “Apollo” de Ourém Gina Pereira – professora bibliotecária Músicos: Diana Catarino - saxofone Joni Serra – gaita-de-foles e harmónicas Índios da Meia Praia – Marciano Silva, Bé e Joel - voz, guitarra e contrabaixo Daniel Reis – hang, halo e bells Nuno Santos – violino e violoncelo “Bateria” - Carlos Gonçalves, Joana Coelho, João Gândara, Miguel Horta, Paulo Santo, Samuel Ferreira A Bateria é a ponta visível de um projeto em decurso, sediado em Leiria e desenvolvido em parceria com a Embaixada da República da Indonésia, que visa a criação de um grupo de instrumentistas dedicados à prática de gamelão Gong Kebyar. Enquanto projeto musical, prevê o desenvolvimento do estudo da música de gamelão em Portugal, e a aproximação do público português ao universo cultural indonésio, através da realização de iniciativas concretas como concertos, oficinas e palestras.


Espaço O Nariz – Recreio dos Artistas – Leiria dia 20 sábado – 22h - Teatro Alpendre dos Açores – “Divorciadas, evangélicas e vegetarianas” (conversa com o grupo no final do espetáculo) Em “Divorciadas, evangélicas e vegetarianas”, três mulheres, tentam mudar o seu próprio destino, as suas desventuras, o seu universo de solidão interior, acabando por ganhar uma roupagem cómica à medida que compartilham risos, misérias e as diversas soluções que tentam achar para os seus problemas. Texto – Gustavo Ott Tradução, adaptação e encenação – Valter Peres Interpretação – Evandro Machado, Valter Peres e Frederico Madeira

Auditório Municipal da Batalha dia 24 quarta – 21h30 - Teatro Filipe Crawford Produções – “Os Três Capitães” Um Capitão português, que representa os grandes navegadores e descobridores portugueses, contrata um Capitão alemão, com problemas de dupla personalidade e um Capitão espanhol, cantador e conquistador de mulheres, para uma expedição marítima. Embarcam os três numa Nau que naufraga em alto mar e são transportados numa misteriosa viagem temporal para a nossa atualidade, desembarcando os três capitães no Terreiro do Paço durante uma manifestação do 1º de Maio. São então tomados como os salvadores da pátria, uma nova Troica que vem salvar Portugal. Na tradição da Commedia dell'Arte os atores representam as situações num estrado, palco de rua Renascentista, com recurso à mímica, à música ao vivo, à dança, à esgrima e acima de tudo à Máscara. São os Capitães de Maio, que chegaram com uma semana de atraso depois do 25 de Abril. Autoria: criação coletiva com dramaturgia de Filipe Crawford Direcção e encenação: Filipe Crawford Interpretação: Carlos Pereira, Fernando Cunha e Pedro Luzindro.


Teatro Miguel Franco – Leiria dia 25 quinta – 22h – Espetáculo-concerto de música e poesia erótica e satírica Portuguesa Penicos de Prata PENICOS DE PRATA é um quarteto de cordas formado por ukulele, guitarra, violoncelo e contrabaixo que compõe para poesia erótica e satírica portuguesa. A música acompanha cada palavra, cada poema, cada poeta, criando universos desconcertantes e transgressores, enquadrados na respeitável tradição nacional da poesia dita brejeira, burlesca, satírica e erótica. Penicos de Prata desafiam o público, interpelando o seu íntimo mais obscuro, sempre com Humor e Ironia. André Louro: composição, guitarra e voz João Paes: violoncelo e voz Catarina Santana: ukulélé e voz Eduardo Jordão: contrabaixo e voz

Mosteiro da Batalha dia 27 sábado – 18h – Teatro O Nariz – “Eram só pedras quando tudo começou...” ESTREIA Parceria com Mosteiro da Batalha De cem em cem anos, a não ser que algo de extraordinário aconteça, todos os arquitetos que fizeram do Mosteiro da Batalha aquilo que é reúnem-se num breve encontro para verificar as condições em que se encontra o seu trabalho. Assim fazem uma visita rápida por alguns dos pontos-chave do desenho arquitetónico do monumento, desde o Portal de Huguet e que abre o corpo do Mosteiro, à vila, a Portugal e ao Mundo ao Portal de Mateus Fernandes que envolve num manto de delícias e subtilezas as Capelas nunca mais completas. Texto: Luís Mourão Encenação: Pedro Oliveira Interpretação: João Augusto, Miguel Matos e Pedro Oliveira


Outubro Teatro Miguel Franco – Leiria dia 2 quinta – 22h – Teatro Palmilha Dentada – “A Batalha do Rio Bzura”

ANTE-ESTREIA Três homens jogam, numa maquete de um campo de batalha, um jogo de estratégia. Recriam a Batalha do Rio Bzura, a tentativa falhada do exército Polaco de travar o avanço das tropas alemãs 1939. Os jogos de estratégia em maquete 1:18 são um jogo lento. Há que pensar, ponderar as opções e depois decidir. Há ainda o tempo de mudar peças, lançar os dados e definir – consultando tabelas – o resultado dos tiros. Retirar os mortos da zona de jogo. E esperar que o adversário faça o seu movimento. Logo há tempo. E o tempo gasto a conversar é ganho na troca de ideias. Um dos homens, um general na reforma, joga pelas tropas alemães. Do lado polaco está um professor universitário. O terceiro jogador joga pelo lado dos civis. Texto e Encenação de Ricardo Alves Interpretação de Ivo Bastos, Nuno Preto e Rodrigo Santos

Espaço O Nariz – Recreio dos Artistas – Leiria dia 3 sexta – 22h – Teatro Clube de Teatro M16 – Grupo em formação História com adaptação do conto tradicional “Os três cabelos de ouro do diabo” A história passa-se no tempo dos reis, dos príncipes que por encantos se transformam em sapos e dos rapazes que por amor têm que mostrar provas de valentias. Direção: Pedro Oliveira Interpretação: António Alves, Carolina Lopes, João Gaspar, João Severo, Lucille Domingos, Pedro Marques e Telmo Antunes

Quinta da Escola – Alvados (Porto de Mós) dia 4 sábado – 18h – Contos O Nariz – “Contos ao Pôr-do-sol” Parceria com Festival das Terras de Aire e Candeeiros Sessão de música e contadores de histórias, tradicionais ou de autor, ao pôr-do-sol. Contadores: Pedro Oliveira, Luis Mourão, Cidália Silva, Liliana Gonçalves, Ana Moderno, Vitória Condeço, João Augusto, Paulo Santos, Gina Pereira, Susana Oliveira Músicos: Diana Catarino – saxofone, Joni Serra – gaita-de-foles e harmónicas, Índios da Meia Praia – Marciano Silva, Bé e Joel - voz, guitarra e contrabaixo, Daniel Reis – hang, halo e bells


Auditório Municipal da Batalha dia 8 quarta – 21h30 – Teatro Teatro Art’Imagem – “O Vosso Pior Pesadelo” Dentro de uma jaula está um homem ajoelhado e com as mãos presas atrás das costas, cabeça baixa. Num canto da jaula, há um balde destinado às necessidades fisiológicas do prisioneiro. A acção decorre numa prisão de alta segurança e acompanha o dia-a-dia de violência a que é sujeito um prisioneiro especial acusado de terrorismo, um comediante que não chora nem se lamenta das brutais agressões de que é vitima, corporizadas pelo soldado e oficial que ficam atónitos com a sua atitude. O espetáculo é representado como uma comédia negra, aproximando-o de uma farsa trágica (!), oscilando entre a gargalhada franca e o sorriso amarelo, o riso libertador e a reflexão, parodiando obscenamente agressões físicas e mentais perpetradas sobre o prisioneiro, procurando chegar ao público de forma a que este participe, física e mentalmente, num exercício “quase” sadomasoquista... Texto Original: Manuel Jorge Marmelo Direcção e Encenação: José Leitão Interpretação: Flávio Hamilton, Miguel Rosas e Pedro Carvalho

Teatro Miguel Franco dia 9 quinta – 22h – Música Apresentação do álbum “Lua de Luto” do cantautor António Cova António Cova, denominado como o cantor 'da dor de corno', caracteriza-se pela sua folk de cordas, acordeões e flautas que, com a sua irreverência melódica, combina na perfeição as letras cruas, ásperas, carregadas de verdade, vindas dos universos melodramáticos do compositor e letrista. “Lua de Luto” é o primeiro Álbum a solo de António Cova, com o selo da Editora Necrosymphonic. Neste disco o autor partilhou a composição dos temas com João Nascimento, que também é responsável pela produção e artwork do álbum. O mesmo inclui as participações de Fabricio Cordeiro em dois temas e a contribuição de Paulo Kellerman na letra de um tema. Neste concerto de apresentação, estarão em palco os músicos que têm acompanhado António Cova nos últimos tempos - Bordel Ravel – e outros músicos que o têm acompanhado ao longo da sua carreira.


Espaço O Nariz – Recreio dos Artistas – Leiria dia 11 sábado – 22h – Música Fernandito e Fernando Meirelles Fernandito Nasceu em Coimbra em 2006-09-02 Inicia os seus estudos musicais em 2012 com seu pai Fernando Meireles em violino. Aprendeu a ler música sozinho no mesmo período, começando depois a frequentar aulas de violino com o professor Manuel Rocha, no Conservatório de Música de Coimbra. Em 2013 inicia aulas com a professora Ana Sofia Mota do Conservatório Calouste Gulbenkian de Aveiro. Em 2014 participou no X Concursos Nacionais de Violino no Conservatório de Música de Ourém e Fátima onde foi classificado em 1º lugar no grupo B. Participou no 15º CONCURSO INTERNACIONAL CIDADE DO FUNDÃO, onde foi classificado em 1º lugar no nível I e onde recebeu também o Prémio Revelação. Tocou no Palco Principal do Festival Intercéltico de Sendim. Fernandito será acompanhado por seu pai na Bandolim e sanfona num concerto de cerca 30 a 45 minutos em que serão executados diversos temas das tradições europeias, worldmusic.

Auditório da Casa-Museu João Soares – Cortes dia 12 domingo – 16h – Fantoches O Nariz – “O Trouxa” Parceria com Casa-Museu João Soares – Viver Teatro aos Domingos “...Trata-se de um simples divertimento, inocente e ingénuo, imbuído da mesma veia popular que levou, por exemplo, Garcia Lorca a compor as farsas destinadas aos «Títeres de Cachiporra».” “... Mas é bom notar a intervenção do Nariz, grupo de Leiria, do seu teatro de fantoches e dos manipuladores, senhores de rara vitalidade e sentido de humor.” Manuel João Gomes Autor: O Nariz Construção de fantoches: Pedro Oliveira Interpretação: Ana Rosa Ferreira (Trouxa); Pedro Oliveira (Diabo e Polícia); Vitória Condeço (Fada e Bruxa)


Auditório Municipal da Batalha dia 16 quinta – 14h30 – Teatro Teatro Extremo – “Einstein” Einstein aos 26 anos, revolucionou a física com três trabalhos fundamentais: estabeleceu a teoria da relatividade especial, introduziu o conceito de fóton de luz (pelo qual recebeu o Prémio Nobel – 1921) e forneceu a base teórica para a comprovação da existência dos átomos. Criou em 1915 a teoria da relatividade geral que descreve com precisão a interacção gravitacional. Foi um batalhador incansável pela paz entre os povos. Fugindo do Nazismo, mudou-se para os Estados Unidos em 1932. Em 1939, temendo, como outros cientistas, que a Alemanha pudesse desenvolver armas nucleares, alertou o presidente Roosevelt para as implicações militares da energia atómica. Morreu trabalhando na Teoria do Campo Unificado. Autor: Gabriel Emanuel (Gordon Wiseman) Interpretação: Fernando Jorge Lopes

Teatro Miguel Franco – Leiria dia 16 quinta – 22h – Teatro Teatro Amador de Pombal – “Romeu e Julieta” Parceria com RIA (Rede Ibero-Americana de Animação Sociocultural) e ESECS Litigantes casas às paz a levou Nefasta e trágica. Sorte má cuja Amantes de par um nasceu, implacável Afasta ódio o que famílias duas dessas Derrama se povo do sangue o que em Antigas questões por lutas renovam Drama o passar-se vai onde, Verona em Inimigas e nobres famílias duas. Romeu e Julieta (adaptação livre da obra de William Shakespeare) Encenação: José Carlos Garcia e Nádia Santos Interpretação: Cristina David, Gabriel Bonifácio, Gustavo Medeiros, Joana Mendes, Humberto Pinto e Luís Catarro

Espaço O Nariz – Recreio dos Artistas – Leiria dia 18 sábado – 22h – Vários “Improvisos no Arame” Espaço de apresentação de momentos singulares, não repetíveis, improvisados e sem ensaios prévios, salvo rara exceção), sem ordem programática ou cronológica que só toma forma quando o arame está na mão do artista que nos vai dizer algo, num curto espaço de tempo, e possa dar lugar a que os inscritos possam participar.


Teatro Miguel Franco – Leiria dia 22 quarta – 15h – Teatro Rita Ribeiro – “Gisberta” (espetáculo para público escolar a partir do 9º ano – inscrições até 30 de setembro) A autoria do texto e a encenação são de Eduardo Gaspar. O texto, em grande parte ficcional mas tendo como base a história do hediondo assassinato da transexual Gisberta, mostra o relato da personagem da mãe, interpretada por Rita Ribeiro, que acentua a dificuldade em aceitar as diferenças; os dogmas da igreja, enquanto instituição que castra a liberdade das escolhas que não seguem os padrões por ela instituídos; a solidão; os medos; a deceção... mas acima de tudo o amor desta mãe, que só não é incondicional, por estar escravizado aos preceitos sociais e religiosos e a complexidade de compreensão quanto a identidade de género. Autor: Eduardo Gaspar Interpretação: Rita Ribeiro

Teatro Miguel Franco – Leiria dia 23 quinta – 22h – Teatro Rita Ribeiro – “Gisberta”

Espaço O Nariz – Recreio dos Artistas – Leiria dia 25 sábado – 22h – Música “Uma cagada em três actos” Evento constituído por três momentos distintos, dos quais se destacam os mesmos três. Se existissem quatro, destacar-seiam na mesma só três. Portanto, o espectador terá a oportunidade de assistir a três espetáculos pelo preço de um, tendo ainda a chance de tecer uma avaliação pessoal sobre os momentos a que assistirá, poderá inclusive, gostar mais ou menos de um ou de outro momento. A ideia é sair do evento com uma ideia fomentada sobre a “cagada” a que assistiu.

Primeira Cagada: Estreia do novo filme do realizador argentino António Cordoba: “Débiles de Mente” Realização: António Cordoba Actores: Bruno Dionisio, Pedro Marques, Carla Carniça, Antonio Cova, Luis Ferreira Narração: David Ramy Assistente de Camara: André Portela Banda Sonora: Les Enfants Terribles

Segunda Cagada: Apresentação do protótipo da Máquina Fotográfica Conan 3000

Terceira Cagada: Concerto da Dupla Buck Rogers & Sheena – A Rainha da Selva


Casa da Cultura de Pedrógão Grande dia 26 domingo – 18h – Teatro Palmilha Dentada – “O Guardião do Rio” Um rio — conta-nos o empolgado protagonista — é uma entidade caprichosa e poderosa, capaz de irrigar campos, mas também de arrasar tudo no seu caminho. Uma barragem pode moldar-lhe o feitio e proteger a Aldeia de Baixo. Mas, dilema, se retiver demasiada água arrisca-se a inundar a Aldeia de Cima. Para o evitar, os anciões dos dois povoados, numa conversa diplomática com civilizadas evocações de cachaporra, criaram o cargo de Guardião do Rio, função que consiste em fixar atentamente, vinte e quatro horas por dia, o nível da água e abrir a torneira ao mínimo sinal de cheia. Não é uma profissão tecnicamente difícil, mas é muito absorvente, muito, muito solitária. O Guardião não pode ausentarse. Não pode, por exemplo, deixar de espreitar a estaca graduada no meio da água enquanto observa as idas e vindas da Rosa para a barrela da roupa. Não pode, com mágoa sua, deslocar-se para a catrapiscar de mais perto. Nem pode fazer nada, a não ser consumir-se de raiva, quanto às investidas concorrenciais de tipos com profissões menos exigentes. Solitário, celibatário, amargurado, eis o Guardião do Rio. Texto e encenação: Ricardo Alves Interpretação: Ivo Bastos

Auditório Municipal da Batalha dia 29 quarta – 14h30 – Música Poesia O Nariz – “ Contos Paralelos” Continuamos a lê-los e a relê-los, ano após ano, pelos dias fora, pelas noites dentro, sozinhos, em casa, aos amigos, em cafés, em bares, em teatros, nas ruas, à luz de um candeeiro qualquer, numa esquina errante, num espaço algures, de súbito reinventado, traduzido, recriado do fundo da noite pela força motriz destas histórias rocambolescas, destes contos que recriam seres e situações, vidas, paixões e desesperos, recortes erráticos de um outro real, forçando-nos, sem dor, a parir mundos e a abraçar outras formas de pensamento Autores: Poesia satírico-erótica, Martim Soares, Padre Braz da Costa Mendonça, Filinto Elísio, Bocage, anónimos sec. XVII e XVIII, entre outros Pedro Oliveira – ator Pedro Campos – contrabaixo

Teatro José Lúcio da Silva dia 30 quinta – 21h30 – Teatro Diogo Infante e João Gil – “Ode Marítima” Parceria com TJLS Amanhece e, um homem observando um porto marítimo assume o comando de um paquete que não chegou a entrar no cais. Parte deste cais, mimeses imperfeita do cais absoluto, numa viagem feita dentro de si mesmo, perpetrando imaginariamente todos os comportamentos humanos e procurando “sentir tudo de todas as maneiras”. Nesta viagem imaginária em que símbolos e sensações se confundem sem o recurso da razão, este texto usa ainda o recurso do imaginário marítimo português sustentando nessa metáfora de fluxo e refluxo do movimento do mar, a contradição violenta de um homem que tenta reconectar e unir diferentes sensações de identidade, transformandose ele no cais e no destino, revelando a sua pluralidade de sentidos e tornando corpórea a viagem. Autor: Álvaro de Campos Interpretação: Diogo Infante e João Gil Direcção Cénica: Natália Luiza


Casa da Cultura Stephens – Marinha Grande dia 31 sexta – 21h30 – Música Carlos Barretto e António Eustáquio Um compromisso entre dois músicos, numa constante pesquisa, através de um Projecto inovador, sem nunca, no entanto, sacrificarem a qualidade técnica e o rigor interpretativo. Uma coerência tímbrica com movimentos sonoros, improvisados, em diálogos permanentes onde a razão e a alma se congregam em equilíbrio. A música que produzem pode enquadrar-se num estilo – Etno-Jazz, Mas não é limitativa. Retrata vivências pessoais, partilhadas por outros ambientes sonoros, apresentadas agora numa unidade. O Guitolão, o mais recente cordofone português, construído pelo mestre Gilberto Grácio, sugere uma guitarra portuguesa com uma sonoridade mais ampla, mas tem personalidade própria. O Contrabaixo convoca-o para um novo espaço tímbrico. António Eustáquio: Guitolão Carlos Barretto: Contrabaixo

Novembro Casa da Cultura Stephens – Marinha Grande dia 1 sábado – 21h30 – Teatro O Nariz – “Panza e De La Mancha” (a partir de D. Quixote De La Mancha) A ação transcorre em diferentes lugares de um centro de correção que pode ser uma prisão, um hospital psiquiátrico ou algo semelhante. Nessa franja ambígua, onde são colocadas as pessoas para serem corrigidas, vigiadas e controladas, sucede tudo. Nos corredores, no pátio, nos banhos, na memória de Sancho Panza e no corpo de D. Quixote, presos num carcel de ar. Encenação: Pedro Oliveira Interpretação: David Ramy e Pedro Oliveira


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