Renato Roldão

Renato Roldão 31 anos. Natural da Marinha Grande. Gestor da Ecoprogresso na China.

Licenciado em Relações Internacionais. Mestrado em Estudos Chineses

Comecei a trabalhar bastante cedo, ainda enquanto

estudava na minha licenciatura de Relações Internacionais na Universidade do Minho. Desde o primeiro ano que exerci de forma nãoremunerada e extra-curricular diversas funções no Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais (CECRI). Deu-me uma grande "experiência" e "bagagem" para mais tarde abordar o mercado de trabalho a "full-time". No final da licenciatura segui imediatamente para mestrado em Estudos Chineses - Negócios e Relações Internacionais (tese sobre o uso de energias renováveis no noroeste da China) na Universidade de Aveiro. Este foi o meu primeiro grande passo na carreira académica que permitiu desempenhar as funções que hoje desempenho aqui na China a nível profissional. Durante o período de elaboração da minha tese vivi na China (2002) e Reino Unido (2003), o que ajudou a aumentar a minha experiência e exposição internacional em termos de empregabilidade.

De regresso a Portugal, no início de 2004, comecei

imediatamente a trabalhar na Euronatura - Centro para o Direito

Ambiental e Desenvolvimento Sustentado, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a investigação e desenvolvimento de projectos na área das alterações climáticas, economia da energia, ambiente e águas internacionais. Na Euronatura fui project manager, director e mais tarde presidente. Entretanto, em 2007, acumulei o meu trabalho na Euronatura com o de consultor externo do Ministério do Ambiente para acompanhar as negociações internacionais de clima durante as presidências alemã e portuguesa da União Europeia. Nesse período o meu trabalho foi desenvolvido essencialmente ao nível internacional passando por Bruxelas, Paris, Kiev, Pequim e Bali.

Desde Fevereiro de 2008 que trabalho em Pequim,

na China, para onde vim montar as operações da Ecoprogresso no país de forma a, numa fase inicial, dar apoio aos projectos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Luso Carbon Fund (LCF) e mais recentemente desenvolver outras áreas de negócio relacionadas com a gestão voluntária de carbono, consultoria internacional e políticas públicas na área das alterações climáticas e promoção e desenvolvimento de projectos relacionados com clean tech.

A oportunidade de emprego surgiu de um convite da

Ecoprogresso que só foi possível fruto da minha experiência acumulada ao nível profissional e académico e contacto directo, por diferentes vias, com a China, ao longo dos últimos nove anos. No dia a dia, contacto, numa vertente mais técnica, com parceiros e clientes chineses relacionados com o desenvolvimento de MDL, que são projectos regulados pelas Nações Unidas tendo em vista a redução global de emissões de gases com efeito de estufa. Para além disso, numa vertente mais comercial, faço apresentações da empresa e dos serviços. Os meus dias são sempre diferentes e por isso entusiasmantes.

Viver na China é uma experiência espectacular

principalmente num momento em que o país atravessa grandes mudanças e um desenvolvimento económico sem precedentes. O mundo visto a partir da China permite "passar um pouco ao lado da crise" e olho também incrédulo por não perceber porque muitas empresas portuguesas não decidem, de uma vez por todas, fazer mais investimentos estratégicos na China, numa perspectiva de médio e longo prazo e que vá para além das meras experiências ad-hoc de exportação de produto. Vale a pena vir para a China e trabalhar a partir daqui. Os meus amigos são de muitas nacionalidades. A maior parte são europeus e depois seguem-se os americanos, chineses e outros asiáticos.

Voltar a Portugal? Hoje em dia é difícil fazer planos, muito menos

a longo prazo. A minha intenção é continuar na China por vários anos se os negócios assim o permitirem. Tenho muito gosto em poder fazê-lo para uma empresa portuguesa. Penso voltar a Portugal, de certeza, mas não sei quando... A razão de voltar a Portugal tem a ver com a minha vontade de poder dar o meu pequeno contributo para o "desenvolvimento do país". Tenho esperança em jovens da minha geração que são altamente qualificados e que têm experiências riquíssimas e diferentes dentro e fora de Portugal para construir um Portugal competitivo, inovador, eficiente e sustentado.

Sempre procurei ter uma carreira internacional.

Desde o dia em que escolhi a minha licenciatura sabia que muito dificilmente voltaria à Marinha Grande para trabalhar. Os meus horizontes eram outros e as oportunidades não estavam lá. Foi nesse sentido que fui dando pequenos passos para estar onde estou hoje. Do ponto de vista financeiro acho que ainda não compensa, porque a minha carreira internacional ainda é relativamente curta. Mas acredito que vai compensar ou não estava aqui.

Hoje em dia a internet e as redes sociais, em particular o

Linkedin, são excelentes ferramentas para procurar activamente emprego internacional. A leitura atenta de alguma imprensa internacional de referência também pode ajudar. Mas para mim a melhor forma de ter um emprego internacional é ter uma perspectiva do que se quer desde tenra idade e construir um percurso sólido desde os bancos da escola primária. É preciso algum esforço e dedicação e é preciso ter uma atitude pro-activa na busca do conhecimento, mantendo-nos permanentemente actualizados. A rede de amigos e contactos profissionais que vamos estabelecendo ao longo da vida também é fundamental porque são eles as nossas melhores referências.

Sim, deve ser muito bem ponderada uma saída para

fora de Portugal e principalmente que não saiam do país sem terem à partida salvaguardadas todas as condições num contrato, pois há imensas historias de profissionais que vão para fora ao engano com base em promessas e depois as condições que encontram são totalmente diferentes da realidade. Acho que as pessoas não devem ter nenhum receio de procurar empregos fora de Portugal. Saber línguas e ter alguns conhecimentos sobre a língua chinesa ajuda, mas não é uma barreira a

encontrar emprego aqui. O custo de vida numa grande cidade como Pequim não é tão barato como as pessoas pensam à partida. Os transportes e a alimentação podem ser ridiculamente baratos para os nossos padrões europeus, mas a habitação, a saúde e a educação são incrivelmente caros. Uma consulta num hospital internacional com um sistema e profissionais em que os estrangeiros confiam e compreendem pode custar 1.200 euros por consulta fora medicamentos e exames. Os preços imobiliários têm vindo a cair (quase 50% nalgumas tipologias de casa) desde os jogos olímpicos. Um dos factores que ultimamente tem tornado mais cara a vida de quem trabalha na China e recebe em euros é a taxa de câmbio e não se esperam melhores dias....

Os empregadores multinacionais procuram

experiência, bom currículo académico, bons conhecimentos técnicos, capacidade de trabalhar em equipas multi-disciplinares e multi-culturais, conhecimento de línguas, capacidade de trabalhar com um elevado nível de autonomia e responsabilidade num ambiente de trabalho altamente exigente competitivo.