AH - Agronotícias | 05 de março de 2015

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Especial do jornal A Hora

MARÇO | 2016

Circulação mensal GIOVANE WEBER

Refrescante e lucrativo O consumo de suco de uva revigora a produção nos parreirais. O produto integral, feito com 100% da fruta, sem adição de água, açúcar ou conservante, é um dos principais responsáveis pelo sucesso da bebida que registra crescimento de 30% ao ano.


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MARÇO/2016

Editorial

O

consumo do suco de uva integral cresce de maneira significativa no país. De acordo com dados oficiais do Sistema Integrado de Declarações Vinícolas (SisDeclara), em cinco anos, registrou-se um aumento superior a 400%, com crescimento anual de cerca de 30%. A boa qualidade, os benefícios à saúde e os investimentos no mercado fortalecem a produção do suco de uva e o tornam uma preferência nacional. Considerado um dos alimentos mais completos, atrás apenas do leite materno, ajuda a aumentar os lucros de quem aposta na vitivinicultura e revigora um setor antes dependente apenas da venda de vinhos e espumantes. Sem adição de água ou açúcar, a bebida é considerada um alimento funcional e com alto poder antioxidante, o que contribui na prevenção do envelhecimento e das doenças neurodegenerativas. O ideal, segundo especialistas, é consumir de 300ml a 500ml de suco de uva ao dia para um adulto de 70 quilos. Para crianças, a sugestão é de 200ml ao dia. Com essa quantidade, é possível suprir em 100% a O consumidor busca cada vez mais produtos saudáveis e o suco é o top deste segmento. Alimentos funcionais são uma nova categoria no mercado, que ganham cada vez mais espaço pelas vantagens que oferecem à saúde. necessidade diária de ferro, manganês, cobre e zinco. Esses minerais também contribuem para a prevenção da anemia. O produto surge como um “salvador” nos parreirais. Um dos dados que reforça o potencial de crescimento do suco de uva é a média de consumo anual per capita do brasileiro para sucos e néctares: 5,5 litros. Em países como os Estados Unidos, chega a 55,5 litros. O refrigerante continua sendo a bebida mais consumida (91,7 litros) pelos brasileiros. A boa notícia é que, entre os sucos, o de uva foi o mais consumido em 2012. Leis municipais, estaduais e federal também favorecem a inserção do suco de uva na merenda escolar. Isso ajuda o mercado e acaba criando consumidores. Além da profissionalização dos produtores, é preciso intensificar ainda mais a promoção da bebida para elevar as vendas e o consumo. Problemas com logística e alta carga tributária também necessitam de uma atenção especial, pois reduzem a competitividade frente aos concorrentes. A bebida, diferente do vinho, é mais dinâmica, pois pode ser consumida em qualquer momento, já que não tem álcool, e por todas as faixas etárias, desde crianças, adultos e até idosos. Boa leitura

Fundado em 1º de julho de 2002 Vale do Taquari - Lajeado - RS Diretor Geral: Adair Weiss Diretor de Redação: Fernando Weiss Diretor Comercial: Sandro Lucas Diretor Administrativo: Fabricio Almeida

Índice

Só faz bem à saúde

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Profissionalizados, apicultores expandem vendas

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Pesquisa identifica sementes resistentes ao frio

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Alta nos custos sufoca rentabilidade

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Entrevista com Nei Mânica, presidente da Cotrijal

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Especial – Suco revigora os parreirais

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Mais durabilidade para o ovo

Tenho dito A seguir, a opinião sintetizada sobre este caderno dos integrantes do grupo de discussão, que participam a cada mês da elaboração das principais pautas e temas abordados.

O consumo de suco de uva está em franca expansão no Brasil e nas exportações, graças ao sabor que cativou o consumidor e pelos benefícios para a saúde comprovados pela ciência. O suco produzido com variedades americanas, que predominam em nossa região, se tornou padrão de qualidade. O cultivo de uvas americanas tem menos exigências em termos de tratamentos em comparação com as variedades europeias para vinho, além da maior produtividade. O Vale do Taquari tem um enorme potencial para ampliar a produção e o processamento de suco de uva.. Derli Paulo Bonine – Assistente técnico regional em Fruticultura da Emater Regional Lajeado

O mercado cresce de 20 a 30% ao ano, em média, em função da procura crescente por produtos saudáveis, saborosos e naturais. A relação do consumo cre do suco de uva com benefícios à saúde tem sido amplamente divulgada pela mídia, os produtos que chegam ao mercado têm qualidade cada vez maior e, por isso, caíram no gosto das pessoas. Outro ponto é que pode ser consumido por pessoas de todas idades, não tem contraindicação. Entre as dificuldades, cito a alta carga tributária, problemas com logística, custos elevados em função da alta do dólar e menor oferta da matéria-prima neste ciclo. fun Dirceu Scottá – Presidente do Ibravin Dir

De fato, a região baixa do Vale está assumindo um espaço que anteriormente iormente predominava na Serra Gaúcha. É o avanço da tecnologia que permite esse mercado e a demanda está cada vez mais promissora para atender os clientes que procuram o alimento saudável oferecido pela versatilidade da uva. No entanto, como cada novo mercado, também o ingresso na vitivinicultura deve ser muito bem avaliado desde o histórico de culturas lindeiras, as condições dentro da propriedade (conhecimento e disposição de mão de obra), assistência técnica e o pós-porteira (capacidade para fornecer um produto diferenciado) como um dos pontos mais visados pelo cliente. Lauro Baum – Presidente do STR de Lajeado eado

DIREÇÃO EDITORIAL Fernando Weiss

COORDENAÇÃO Giovane Weber

PRODUÇÃO Giovane Weber

ARTE Gianini Oliveira e Fábio Costa

Tiragem desta edição: 10.000 exemplares. Disponível para verificação junto ao impressor (ZH Editora Jornalística)



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Com mais de 80% da produção oriunda da agricultura familiar, a apicultura no estado se profissionaliza para participar de programas voltados à agroindústria. Por meio da formalização, individual ou em modelos associativos, os produtores podem aumentar o valor do mel e expandir os pontos de venda.

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Profissionalizados, apicultores expandem vendas GIOVANE WEBER

distribuídas como lembranças de casamentos, festas e datas especiais. Entre as dificuldades, destaca a burocracia para conseguir expandir as vendas para outros municípios e estados. A agroindústria tem apenas a Inspeção Municipal e o Selo de Sabor Gaúcho, que atesta a qualidade do produto. Aguarda há mais de um ano o aval para aderir ao Susaf e ao Sisbi. “Fizemos todas as adequações, mas o processo parou no Executivo. Atrapalha

Zilda investiu R$ 200 mil em uma agroindústria para beneficiar 30 mil quilos de mel por ano

A

família de Zilda da Costa, natural de Pouso Novo, é produtora faz mais de 30 anos. A agroindústria foi construída em Linha Perau, Marques de Souza, e o investimento em estrutura e máquinas superou os R$ 200 mil. Por ano, 30 mil quilos são industrializados. A família mantém 340 caixas com enxames pelo interior do Vale do Taquari. Para atender a demanda, firmou parceria com outros 50 produtores da região. Nas cinco safras feitas por ano (janeiro, fevereiro, maio, setembro e novembro), são colhidos, em média, 30 quilos de mel por colmeia. Essa quantidade se mantém estável graças à alimentação artificial. “Cada colmeia recebe um quilo de açúcar cristalizado. Se não alimentar artificialmente as abelhas, hoje não teria oferta

de mel.” Segundo Zilda, nos últimos dois anos, a produção registra queda de 40% devido às mudanças meteorológicas (excesso de chuva que prejudica a floração) e o uso de agrotóxicos em lavouras próximas de onde estão as caixas. Na venda direta ao cliente, o quilo é vendido a R$ 15. São ofertadas desde embalagens de 250 gramas até baldes com cinco quilos. Para se qualificar, participa de cursos e seminários, além de visitar associações e empreendedores em outros estados e países. Neste mês, passou uma semana no Uruguai em busca de novos modelos de produção e processamento da matéria-prima. “É preciso buscar informação por conta.” Uma das inovações colocadas à disposição dos clientes é a confecção de potes com mel para serem

nosso crescimento e limita a rentabilidade.”

Falta assistência Segundo o presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs), Aldo Machado dos Santos, a atividade sente a falta de assistência técnica, de critérios objetivos para a fiscalização do produto e de estruturas para facilitar a exportação. Cada R$ 1 produzido pelos apicultores, gera R$ 200 para o setor primário, por meio do aumento do índice de sementes e dos frutos e do adensamento dos campos, obtidos pela polinização. As condições meteorológicas, conforme o diretor-executivo da Fargs, Rogério Dalló, são favoráveis, uma vez que é possível produzir durante oito meses por ano. Faltam, na sua opinião, políticas públicas que incentivem o crescimento do setor.

NÚMEROS – RS tem 400 mil colmeias – 27 mil apicultores – Produz, em média, 7,3 mil toneladas por ano – Exportou 1,6 mil toneladas em 2014 – equivalente a R$ 5,7 milhões

É preciso buscar informação por conta. Zilda da Costa, apicultora

– O país exportou 23,2 mil toneladas em 2014 – equivalente a R$ 90 milhões – No Brasil há 100 mil apicultores – O preço do quilo varia entre R$ 8 e R$ 18 Fonte – Emater e Ibrafe



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Identificação de variedades mais tolerantes beneficia setor orizícola do RS, maior produtor brasileiro do cereal. Agricultores projetam lucros com plantio antecipado e aumento da oferta de matéria-prima.

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Pesquisa identifica sementes resistentes ao frio C

ARQUIVO A HORA

om produção autossuficiente desde a safra de 2004/05 e com consumo anual de 25 quilos por habitante no Brasil, conforme dados do Mapa, o arroz é um dos cereais mais consumidos no planeta. A estimativa é que sejam colhidos cerca de 14 milhões de toneladas de arroz na safra 2019/20 apenas no país, hoje o nono maior produtor mundial – e o primeiro se não forem considerados os países asiáticos. Pensando na importância desse cereal para a alimentação e para a economia do país, é desenvolvido, pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Ppgbiotec) da Univates, o projeto de pesquisa que busca identificar variedades do cereal tolerantes ao frio nas fases inicias de desenvolvimento da planta. Segundo o coordenador Raul Antonio Sperotto, na época de plantio, entre outubro e novembro, ainda são registradas noites frias, com temperatura por volta dos 15ºC. A pesquisa tenta analisar os impactos desse fenômeno na fase de germinação e vegetativa da planta. “A baixa temperatura reflete em um crescimento mais lento, menor produtividade e maior uso de insumos.” A partir da análise de mais de cem variedades de arroz da subespécie, a pesquisa foi focada em duas semelhantes geneticamente ou com o mesmo background genético, na nomenclatura científica, e que apresentam níveis contrastantes na resposta ao frio. "As raízes tolerantes ao frio são mais longas e espessas em relação à variedade sensível ao frio. O estudo da Univates é focado na subespécie já que quase a totalidade do consumo no país é dessa variedade. Conforme

Jacques projeta aumento na produtividade com o plantio de variedades mais adaptadas ao frio. Os custos com tratamentos e adubos seriam menores

o estudo avançar, a ideia é que as variedades de arroz mais tolerantes ao frio possam gerar informações que, posteriormente, podem ser utilizadas para aumentar a produção, garantindo áreas com maior produtividade e rentabilidade.

A baixa temperatura reflete em um crescimento mais lento, menor produtividade e maior uso de insumos.” Raul Sperotto, coordenador

Segundo o Mapa, no Brasil, o cultivo de arroz irrigado na Região Sul contribui, em média, com 60% da produção nacional, sendo o RS o maior produtor

brasileiro. Neste ciclo foram semeados 1.076.650 hectares, cuja produção deve alcançar 7,5 milhões de toneladas no ciclo.

Aumento na produtividade O produtor Torquato Lopes Jacques, de Cruzeiro do Sul, está entusiasmado com a pesquisa. Hoje, dos 150 hectares cultivados, cem são de ciclo curto, semeados apenas no fim de outubro. “Plantar a variedade de ciclo longo é um risco, porque ela não é adaptada às baixas temperaturas. Necessita de mais adubo e tratamentos. Aumenta o custo e a produtividade sempre é

afetada em caso de geadas ou períodos de frio, comuns em agosto e setembro.” Jacques destaca que se toda área pudesse ser cultivada em agosto a planta teria mais tempo para se desenvolver em todas as etapas produtivas. Para este ciclo, projeta um rendimento médio de 150 sacas por hectare. A saca de 60 quilos está cotada em R$ 39.



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Enquanto insumos registraram aumento de até 100%, o preço do quilo da fruta permaneceu inalterado. Produtores apostam no beneficiamento do figo para agregar valor e manter a lucratividade.

Alta nos custos sufoca rentabilidade GIOVANE WEBER

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pesar do custo de produção mais elevado, o valor pago pelo quilo de figo permaneceu inalterado neste ciclo. A comercialização ocorre de duas maneiras: com a fruta ainda verde, quando se destina ao processamento pelas indústrias de compota. O quilo está cotado em R$ 1,30. Quando vendido maduro, para matéria-prima nas indústrias de doce tipo schmier ou para o consumo ao natural, o valor é de R$ 3. Conforme o técnico em Agropecuária, Celso Postai, da Emater, de Feliz, para compensar o aumento registrado nos insumos utilizados no pomar e a saca de açúcar, o preço deveria ser de R$ 2 e R$ 5, respectivamente. “Se repassar esse custo, teremos dificuldade em achar compradores.” No município, maior produtor do estado, a cultura ocupa 120 hectares, sendo 30 em fase de desenvolvimento, cuja primeira safra será colhida em 2017. São em torno de 50 produtores. A variedade mais cultivada é a roxo de valinhos. A fertilidade do solo é um dos diferenciais do município e favorece a produção de uma fruta mais graúda e doce. São colhidas 250 toneladas de figo verde e 400

e oferecer o produto em maior quantidade, há 15 anos foi criada a Associação de Figo do Vale do Caí. Além de Feliz, participam Brochier, Maratá, São Pedro da Serra, Poço das Antas, Bom Princípio e Linha Nova. Em Nova Petrópolis, ocorreu a 43ª Festa do Figo em janeiro. Cerca de 70 famílias cultivam 40 hectares da fruta. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, André Dall’Agnol, ainda ressalta novos oito hectares ainda em formação, que devem expandir a colheita nos próximos anos. A expectativa para esta safra é de 400 toneladas de figo. “Poderia ter sido mais, não fossem as condições climáticas”, comenta Dall’Agnol, saudando o ressurgimento da cultura na região. Um dos motivos apontados é a escalada dos preços da fruta, que passaram de R$ 0,85/ quilo em 2013 para R$ 1,31/quilo no ano passado, graças, em parte, à inversão do fluxo entre o estado e a Região Sudeste.

do fruto maduro. Devido ao El Ninõ, as perdas na cultura são estimadas em 20%. “Tivemos excesso de chuva, frio

e calor fora de época e agora o sol quente antecipou a maturação. A qualidade é boa.” Para melhorar o preço

Apesar do excesso de chuva e frio registrado durante o ciclo produtivo, qualidade das frutas é boa

Propriedades medicinais Uma das formas de estimular o aumento da área cultivada, o preço e o consumo seria


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criar campanhas para divulgar as propriedades medicinais da fruta. Segundo Postai, elas são desconhecidas pela maioria. De acordo com ele, o figo tem uma boa quantidade de sais minerais, destacando o potássio, cálcio e o fósforo, importantes para a formação dos ossos e o bom funcionamento do organismo. “A vitamina C combate inflamações no sistema respiratório. Ajuda a nutrir e rejuvenescer a pele, além de restringir o metabolismo das células cancerígenas. Poucos sabem disso”, destaca. O consumo das folhas da figueira é benéfico para os diabéticos por ajudar a reduzir a necessidade de insulina para estabilizar o açúcar no sangue.

Mercado diferenciado O agricultor Orestes Gabardo, 71, de Feliz, plantou as primeiras

As pessoas buscam produtos naturais, de alta qualidade, que façam bem à saúde. Pagam bem por isso. Orestes Gabardo Produtor

mudas (200) em 1970. Após assistir ao filme Mazzaropi, resolveu cultivar o fruto após ganhar algumas mudas de um amigo. Produtor de hortigranjeiros, transformou o figo em mais uma forma de lucro na propriedade. Após 46 anos, tornou-se o maior produtor de figo no município. Há oito mil pés, cuja produção média chega a cem toneladas por safra. Em função do excesso de umidade, frio e calor fora de época, neste ciclo estima uma perda de 30%. A variedade roxa de valinhos é destinada para a rede de supermercados Zafari para a venda in natura. O pingo de mel vai para as indústrias. As sobras viram geleias, compotas, shmiers e doces na agroindústria construída em 1999. Produzidos sem conservantes, atendem um público seleto, de alto poder aquisitivo. “Tudo é feito de forma artesanal. As pessoas buscam produtos na-

turais, de alta qualidade, que façam bem à saúde. Pagam bem por isso.” A maior parte é vendida para o Paraná, Santa Catarina, São Paulo e até Piauí. O preço médio de um pote de 800 gramas é de R$ 8. Entre as dificuldades, destaca o aumento dos custos neste ciclo. “O adubo custava R$ 42 e

foi para R$ 85. O sulfato de cobre saltou de R$ 112 para R$ 240 a saca. Compramos em dólar e vendemos em real. Ou se tem um produto de alta qualidade e diferenciado ou se abandona o pomar.” Além do figo, outras frutas como amora, morango, goiaba e uva são processadas, num total de 50 toneladas ao ano.

Área reduz, mas produção aumenta Conforme levantamento da Emater, a área cultivada reduziu em 24% entre 2005 e 2014 no estado. De 1.134 hectares, caiu para apenas 860. No entanto, a produção aumentou 5,17% neste período. De 5,8 mil toneladas passou

para 6,1 mil. Segundo a entidade, o RS tem quase mil hectares cultivados com figo. A produção anual é de 6,4 mil toneladas. O estado divide com São Paulo a liderança na produção nacional.


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A 17ª Expodireto Cotrijal ocorre entre 7 e 11 de março em Não-MeToque. Serão 530 expositores brasileiros e estrangeiros de máquinas e equipamentos para agropecuária, produção vegetal e animal, pesquisa, agricultura familiar, serviços, instituições financeiras e entidades, vindos de aproximadamente 70 países, entre os quais, Argélia e Moçambique, nações estreantes.

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“Num momento de crise, vamos atrás de oportunidades”

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om o tema “Negócios que inspiram o amanhã”, a feira consolida-se como palco dos grandes lançamentos do ano no setor agrícola e também confirma a sua posição como a feira mais internacionalizada do Brasil. Na edição passada, recebeu 230 mil visitantes de 70 países. Na ocasião, foram fechados R$ 2.182 bilhões em negócios. Otimismo. Para o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, esse é o sentimento da equipe organizadora. Segundo ele, a confirmação de boas

safras de milho e soja fará da Expodireto Cotrijal um diferencial para o agronegócio brasileiro. “Num momento onde só se fala em crise, a Cotrijal vai atrás de novas oportunidades para negócios e de inovação tecnológica.”

Com crise ou sem crise, o grande desafio da Cotrijal é a manutenção do homem no campo, e com lucro. Nosso papel é levar ao produtor a melhor informação e tecnologia, serviços e oportunidades de negócios que agreguem renda.

A Hora – O que podemos esperar da feira nesta edição? Nei Mânica – Num momento em só se fala em crise, a Cotrijal vai atrás de novas op oportunidades para negócios e de inovação tecnológica. Se repetirmos os resultados de re 2015, ficaremos bastante satis20 feitos. Acredito que a presença fe das da maiores montadoras na feira deve fazer toda a difefe rença neste ano. A exposição re chega renovada e em busca ch de soluções para o nosso produtor. Teremos fóruns, eventos, du lançamentos nas áreas de la máquinas, produção vegetal má e animal e os outros espaços privilegiados com tecnologias pr e oportunidades de negócios. Qual o diferencial do uso de te tecnologias nas lavouras? Mânica – O uso de tecnologias somado à assistência lo tem te contribuído para recordes nas na lavouras atendidas pela cooperativa. Na soja, em 15 anos, tivemos um crescimento de produtividade de ci 40% 40 em relação ao estado. Na safra 2014/15, na soja, a média sa dos do produtores da cooperativa chegou a 66,7 sacas/hectare, ch enquanto que no RS foi de 48,5 en sacas. No milho, os resultados sa

Perfil Perfi fi Entrevista com o presidente da Entrev cooper cooperativa Cotrijal, Nei Mânica


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são ainda melhores. O produtor da Cotrijal colhe 50% a mais do que os demais. É fruto de um trabalho constante da assistência e tecnologia. É inegável também a contribuição da genética nos ganhos de produtividade dos últimos anos e a semente é o principal vetor de transferência de tecnologia ao produtor. Precisamos viabilizar um círculo virtuoso, onde a pesquisa lança novas cultivares, os multiplicadores as fornecem com alta qualidade, gerando mais produtividade para o agricultor, e esse, ao adquirir as sementes, remunera os investimentos necessários em pesquisa. Qual é o segredo do sucesso? Mânica – A confiança e a fidelidade dos associados e o empenho do quadro funcional. Isso resultou em um faturamento recorde em 2015, cujo valor chegou a R$ 1,351 bilhão. Esse excelente resultado é fruto da força do conjunto. O valor é 30,33% maior do que o de 2014. Já as sobras líquidas colocadas à disposição da assembleia chegaram a R$ 10,895 milhões, mais que o dobro do anterior. Quem está bem preparado consegue se

manter ileso ou até crescer em meio à turbulência. O lado bom desses períodos de ajuste é que acabamos revendo nosso negócio e buscando ser mais eficientes e eficazes. Considerações finais O ano apresenta-se mais desafiador do que 2015 e é momento de gerir melhor os custos. A melhoria no processo de gestão deve ser uma das metas principais da cooperativa, junto com a busca pelo aumento da participação no mercado na sua área de ação e o investimento no sistema de armazenagem e certificações. A Cotrijal, como uma cooperativa que gera soluções para o seu produtor, entende que o desenvolvimento depende de aprimoramento constante, do investimento em pesquisa, extensão, defesa agropecuária, melhorias no crédito e no seguro rural. Em 2016, continuaremos investindo também na qualificação de nossos associados e colaboradores para que todos juntos possamos crescer.

entrevista feita por telefone

A Cotrijal Sede: Não-Me-Toque Fundação: 14 de setembro de 1957, por 11 agricultores da Associação Rural Objetivo: melhorar as condições de venda, armazenagem, escala de negócios e competitividade no mercado, principalmente, na produção de trigo, a principal cultura da época. Atuação: 18 municípios, com 38 unidades de recebimento de grãos (soja, milho, trigo, cevada e canola). Atua nas áreas de produção leiteira, tem fábrica de rações, Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) e de varejo (16 lojas, oito supermercados e um atacado). Faturamento: R$ 1,351 bilhão em 2015 Associados: 5,8 mil DIVULGAÇÃO


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Vendas do setor crescem 30% ao ano devido à procura por alimentos mais saudáveis. O produto integral (feito com 100% da fruta, sem adição de água, açúcar ou conservante) é um dos principais responsáveis pelo sucesso. A comercialização passou de 37 milhões de litros em 2010 para mais de 108 milhões no ano passado.

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Suco revigora os parreirais C

or vibrante, aroma de frutas vermelhas, doçura natural e um toque de acidez. Essas são características que marcam os sucos de uva. O produto é obtido por meio de um processo no qual os cachos são colhidos manualmente, depois a fruta é esmagada e, em seguida, engarrafada. Sem a adição de açúcar, água ou conservante. Segundo o enólogo e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá, para atender ao crescimento da demanda de um público que busca cada vez mais incorporar produtos saudáveis no cardápio diário, as vinícolas e agroindústrias, a maior parte delas concentradas no RS, fazem grandes investimentos no setor, que teve crescimento superior a 100% nos últimos cinco anos.

A comercialização do produto passou de 37 milhões de litros em 2010 para mais de 108 milhões no ano passado. Em 2015, mais de 60% do processamento de uvas americanas e híbridas foi destinado à produção de suco e derivados, um crescimento superior a 30%. “O consumo aumenta pela procura cada vez mais crescente por produtos saudáveis, saborosos e naturais. Além disso, pode ser consumido por

pessoas de todas as idades, sem contraindicação.” Desde 2009, o produto é um item obrigatório na merenda escolar, o que também estimula o consumo. O RS é responsável por 90% da produção nacional de sucos e derivados. A maior parte ainda é voltada para o mercado interno, mas aos poucos o produto conquista outros países. Os principais importadores hoje são Venezuela, Líbia e Paraguai.

Por conta do crescimento exponencial e a menor oferta devido à quebra na produtividade, corremos o risco de ficar sem suco. Tivemos de desistir de feiras e vamos segurar as vendas para termos produto até fevereiro do ano que vem, quando lançaremos a nova safra. Adriana Polese, produtora

Ausência nas feiras Com pouca oferta, a família desistiu de participar de feiras e exposições como a Expodireto, em Não-Me-Toque, e Expoagro Afubra, em Rio Pardo. Hoje o suco é distribuído para mercados do Vale do Taquari, Porto Alegre e estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. “Faltará suco até metade do ano se as vendas se repetirem.” Com pouco produto no estoque, a tendência é de aumento no preço. A garrafa passará de R$ 5 para R$ 7. “Pode chegar a R$ 12 até novembro se ainda tivermos produto.”


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Refrescante e saudável “É 100% integral. Pode ser consumido por crianças e idosos, sem restrições”. É assim que a produtora Adriana Polese, da agroindústria Polezi, de Putinga, tenta explicar o aumento do consumo. E faz sentido: a bebida é 100% natural e integral e traz benefícios à saúde, muitas vezes, também associados ao vinho. Pioneira na atividade, a fa-

mília iniciou a produção há 12 anos. O empreendimento industrializa até cem mil litros por safra. “Em colheitas normais, com uvas de boa qualidade, chegamos a produzir 50 mil litros. No último ano, sobraram apenas cem litros. As vendas só aumentam por ser um produto totalmente saudável.” Neste ciclo, as intempéries provocaram a perda de até 80%

da produtividade dos seis hectares cultivados pelos Polese e nos outros parreirais mantidos por 12 famílias associadas que fornecem a matéria-prima. Para atender a demanda, foram comprados 12 mil quilos de uvas de produtores da Serra Gaúcha. Com a oferta escassa, foram envazados apenas 15 mil litros. A variedade utilizada é a bordô. Depois da seleção minuciosa

dos cachos, a uva, ainda com a casca, passa por um processo que dura duas horas e 30 minutos – colocada em uma máquina, é submetida a um superaquecimento e, em seguida, engarrafada. “Só usamos a polpa e isso faz o suco ter o gosto da fruta e mantém todos os seus benefícios.”


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Demanda motiva novos investimentos Conforme o engenheiro agrônomo, Derli Bonine, da Emater Regional de Lajeado, o aumento das vendas de suco de uva é decorrente da divulgação dos benefícios do produto à saúde em programas de televisão, além de promoções em revistas, jornais e até novelas. Segundo ele, o suco de uva integral pode ser comparado a um anti-inflamatório natural das veias e artérias. O polifenol ajuda a prevenir derrames e infarto do miocárdio, e as cascas e sementes da uva contêm flavonoides, resveratrol e ácidos fenólicos, que ajudam no bom desenvolvimento do organismo. “Essas características

conquistam cada vez mais a preferência dos brasileiros.” No Vale do Taquari, quatro municípios se destacam na produção. Dois Lajeados é o maior com 550 hectares (ha) de parreirais. Desses, 320 ha são da variedade concord, ideal para elaboração do produto. Somados aos cem ha da bordô e aos 25 da isabel, totalizam 445 ha cuja produção se destina para suco. Já Vespasiano Corrêa tem 92 ha dessas variedades, e Putinga, 12 ha. Em Imigrante, são cultivados 51 ha de videiras e toda produção é destinada às agroindústrias de vinho e de sucos.

Mudança na lavoura Tradição mantida por gerações, o cultivo de uva se transformou em uma alternativa rentável e possibilita a permanência de Daniel Bortolini, no campo. Há 40 anos, os dois hectares cultivados pelo avô, na Linha Guilhermina, em Doutor Ricardo, eram utilizados apenas para a produção artesanal de vinho e para o consumo próprio. Há pouco mais de cinco anos, o produtor fez um experimento com uma suqueira caseira e produziu os primeiros litros da bebida para familiares e amigos. “As 20 garrafas se transformaram em mais de quatro mil litros por ciclo”, conta Bortolini, ao referir-se à produção de 2016.

As variedades são a isabel e a bordô. Para cada garrafa de suco integral produzida hoje, são processados dois quilos de uva. A bebida não tem adição de água, açúcar ou conservante. Bortolini projeta investir R$ 100 mil na construção de uma agroindústria. Enquanto resolve os entraves burocráticos, fabrica a bebida em parceria com um produtor em Dois Lajeados. Entre as dificuldades, cita a concorrência com grandes marcas. “Sou um pequeno produtor. Meu diferencial é a qualidade e o fato de o produto ser integral. Quem experimenta gosta e compra de novo”, garante. O produtor conta com a

ajuda dos pais para trabalhar nos parreirais e 25 mil pés de fumo, mas pensa em abandonar a cultura do tabaco no ano que vem. “Quanto menos serviço e aplicação de agrotóxicos, melhor. É muito difícil encontrar pessoas para trabalhar aqui. Prefiro produzir alimentos, cujo mercado é garantido e favorece nossa saúde e de quem consome o produto.” A laranja, cultivada em seis hectares, chega a produzir 150 mil quilos da fruta por ciclo. Tudo será transformado em suco, utilizando apenas a polpa. Outro nicho que pretende explorar é a produção de schmiers artesanais.

Produção de suco de uva e laranja substituirá gradativamente a lavoura de tabaco na propriedade de Bortolini

Prefiro produzir alimentos cujo mercado é garantido e favorece nossa saúde e de quem consome o produto . Daniel Bortolini, produtor


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Bom para a memória Pesquisas desenvolvidas com triatletas da Marinha, no Rio de Janeiro, e um grupo de idosos em Porto Alegre testaram os efeitos do suco de uva no organismo. Na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, ficou provado: tomar um copo antes e outro depois dos treinos ajuda e muito no resultado das competições. “Eles melhoraram a capacidade antioxidante, a circulação, tiveram redução do cansaço, durante os 30 dias nos quais ingeriram a bebida”, diz Mariana Corrêa Gonçalves, nutricionista responsável pela pesquisa. Os idosos porto-alegrenses que tomaram suco de uva durante 30

dias reduziram peso, circunferência abdominal, índice de massa corporal, o IMC, colesterol total e o ruim. “Não alteraram os níveis de glicose e de triglicerídeos”, destaca a biomédica Caroline Dani. Com mestrado e doutorado em Bioquímica da Nutrição, professora no Centro Universitário Metodista do IPA/RS, relata que até dez anos atrás não havia estudos científicos sobre os benefícios do suco de uva fabricado no Brasil para a saúde . “Nosso suco integral é genuíno, não existe outro com as mesmas características no resto do mundo”, aponta Caroline, filha de um enólogo e neta de um vitivinicultor.

Dentre os polifenois, o resveratrol é a bola da vez. Traz benefícios para o cérebro, circulação sanguínea e melhora da memória, além de reduzir os níveis de colesterol. Caroline Dani, biomédica


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Menor oferta eleva o preço A quebra na safra, o aumento dos custos de produção e dos impostos refletirão em preços mais elevados. Segundo o presidente do Ibravin e da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, é projetado um aumento de 12% a 20% dos produtos. “Precisamos repassar parte das despesas ao cliente.” O setor apresentou crescimento de 6,9% em volume de produtos derivados da uva e do vinho. Nos vinhos de mesa, o resultado foi de crescimento de 2,6% nos finos e a estabilidade na comercialização. O destaque positivo, mais uma vez, fica por conta dos espumantes, com crescimento de 11,9%, e dos sucos de uva prontos para consumo, índice 30,5% maior em relação a 2014. Mesmo não tendo crescimento em volume, nos vinhos de mesa a comercialização de produtos engarrafados cresceu 6,2%, compensando a queda na comercialização do produto a granel e em garrafões.

Scottá alerta para as dificuldades que o setor enfrentará neste ano. “O cenário é preo-

Para ler Atenção: ao contrário do vinho, que pode enriquecer no processo de envelhecimento, o suco de uva não deve ser guardado por muito tempo.

cupante porque o aumento de impostos, insumos e demais encargos encarece os produtos no ponto de venda. Isso, aliado à diminuição do poder de compra do consumidor devido ao momento de retração na economia, faz com que tenhamos uma perspectiva de diminuição nas vendas", prevê. Nas exportações, o resultado em valor foi de US$ 4 milhões ante os cerca de US$ 10,2 milhões registrados em 2014. O principal motivo para a diminuição, de acordo com Scottá, foi a formação de estoques com a visibilidade do país devido à Copa do Mundo em 2014. “Por esse motivo, mesmo com a valorização do dólar, o resultado de diminuição era previsto. Se compararmos com anos anteriores, podemos dizer que foi um resultado normal, devido ao Brasil ainda ser um país que exporta um baixo volume em comparação com países mais tradicionais, como Argentina e Chile”, analisa Scottá.

A expectativa é de colher 350 milhões de quilos, o que representa 50% do total em relação à safra 2014/15

O cenário é preocupante porque o aumento de impostos, insumos e demais encargos encarece os produtos no ponto de venda. Dirceu Scottá presidente do Ibravin


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PRODUÇÃO DE SUCOS 100% NATURAIS (EM MIL LITROS

Desempenho de vendas dos produtos vitivinícolas gaúchos em 2015

108,4 mi / l 90,2 mi / l 79,5 mi / l

– Espumantes: aumento de 11,9%, com a venda de 18,7 milhões de litros; moscatéis cresceram 15,8%, com a venda de 4,9 milhões de litros; – Suco de uva pronto para consumo: aumento de 30,5% em relação a 2014, com a venda de 117,7 milhões de litros; – Suco natural/integral: cresceram 29,8%, com a venda de 108,3 milhões de litros; – Suco de uva reprocessado e/ou reconstituído: crescimento de 101,5%, com a comercialização de 5,2 milhões de litros; – Os vinhos tranquilos, incluindo os de mesa e os de variedades viníferas: crescimento de 0,9%, com a venda de 227,3 milhões de litros; – Foram vendidos 207,6 milhões de litros de vinho de mesa (+ 0,7% em relação a 2014); – Foram vendidos 19,7 milhões de litros de vinho de variedades viníferas (vinho fino), ou seja, +2,6% na comparação com 2014; – Os vinagres apresentaram redução de 6,6% na venda em relação a 2014, com a comercialização de 12,8 milhões de litros.

47,3 mi / l

55,6 mi / l

37 mi / l 15,8 mi / l 2005

2010

2011

2012

Produção de uvas no RS 702,9 milhões de quilos Uvas híbridas americanas 632,5 milhões de quilos (90% do total) Uvas viníferas 74,4 milhões de quilos (10% do total)

Variedades mais usadas para produzir suco Isabel: 256,4 milhões de quilos Bordô: 137,3 milhões de quilos

Fonte – Ibravin Fonte – Ibravin

2013

2014

2015

Total de uvas processadas em 2015 • 60% destinadas à produção de sucos e derivados • 40% destinadas à produção de vinhos e derivados


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Pior safra em 70 anos Os parreirais ocupam 38 mil hectares na Serra Gaúcha. Em relação ao volume produzido em 2014/15, a queda prevista para esta temporada é de 65%. Na comparação com a média histórica, a baixa é de 56%. As 855 mil toneladas da última safra darão lugar a apenas 304 mil toneladas neste ano – cerca de 550 mil toneladas a menos da fruta no mercado. O impacto financeiro da quebra também impressiona: serão R$ 380 milhões que deixam de circular na cadeia vinícola. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Enio Ângelo Todeschini, um dos motivos para a quebra na safra de frutas, em especial da uva, foi o número de horas de frio insuficientes (média histórica é de 410 horas abaixo de 7,2ºC de abril a setembro. Em 2015 foram registradas apenas 140 horas no período), o calor forte de agosto antecipou a brotação e o florescimento das plantas e a geada tardia de setembro queimou as frutas. O excesso de chuva tam-

bém contribuiu para as perdas. Na viticultura ocorreu ainda o chamado esgotamento fisiológico, que é natural após várias safras com alta produtividade (que foi o caso da temporada 2014/15). O dólar alto aumentou os custos com fungicidas e fertilizantes. A Emater estima que, em média, todas culturas afetadas na temporada terão em torno de 25% de aumento no preço (uva, caqui, kiwi, pêssego, figo e ameixa). Mesmo com a alta nos preços, o impacto financeiro direto é de R$ 444,6 milhões a menos no mercado. No caso da uva, neste ciclo, a expectativa é de que sejam colhidos 350 milhões de quilos, o que representa 50% do total em relação à safra 2014/15 e 40% em relação à média dos últimos cinco períodos no estado. Apesar da quebra, a qualidade da fruta que chega às vinícolas e agroindústrias é considerada boa para elaboração de vinhos, sucos, espumantes e outros produtos.

O consumidor compra pelos benefícios à saúde. “ Neuri Panis, produtor


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TIAGO BALD/EMATER

Na propriedade de Panis, cultivo protegido resultou frutas de excelente qualidade. Preço médio do quilo de uva de mesa chegou a R$ 8

Reforço no faturamento Há três anos, Neuri Panis, de Doutor Ricardo, aplicou R$ 700 mil na compra de terrenos, máquinas e construção de uma estrutura coberta na área central da cidade, para iniciar o cultivo de uvas de mesa. A principal variedade é a benitaka. São 700 pés cultivados, cuja produtividade alcança cinco quilos por planta na primeira safra, colhida neste ano, tendo potencial para chegar a 15. A fruta é vendida na propriedade ao preço médio de R$ 8. Para aumentar o faturamento, Panis investirá na produção de suco integral. “O consumidor compra pelos benefícios à saúde. É preciso diversificar para se manter na vitinicultura.” A produção de vinho é outra alternativa a ser explorada. No entanto, a alta dos impostos, óleo diesel, açúcar e demais insumos utilizados na fabricação faz o produtor postergar o aumento da oferta do produto. “Está quase inviável produzir.” Em Linha Harmonia, Imigrante, a família Rabaioli, composta pelos irmãos Marcelo e Marciano, com auxílio dos pais Ibanor e Lenir, investiu em uma agroindústria para a produção de sucos de uva.

A atividade herdada dos antepassados é explorada de forma comercial na propriedade faz 16 anos. São dois hectares, cuja produção chega a 40 toneladas de uva por ciclo. Processadas, rendem 44 mil litros. O valor do litro chega a R$ 6 no comércio local. A ideia, de acordo com Marciano, surgiu após uma conversa. “Como vendíamos nossas uvas para uma empresa de Bento Gonçalves, que nem sempre nos pagava bem e em dia, resolvemos transformá-la em suco”, conta. Com o apoio de uma linha de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e da Emater/RS-Ascar, nas partes técnica e documental, o empreendimento tomou forma. Para melhorar as técnicas de venda e produção, os irmãos participam de cursos. Animados, os irmãos pretendem ficar na propriedade. Além da produção de sucos, apostam no cultivo de tomates italianos, vendidos no município. “A nossa intenção para o futuro é fazer também os sucos de laranja”, projeta Marciano.


Embrapa desenvolve produto para aumentar proteção e tempo de conservação do alimento em até um mês, comparado com o ciclo atual. Setor projeta novos negócios com prazo de validade ampliado.

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Mais durabilidade para o ovo

U

ma película de nanopartículas capaz de revestir a casca e conferir ao ovo propriedades como maior durabilidade e resistência a impactos está em estudo na Embrapa Aves e Suínos, de Concórdia (SC). Os pesquisadores buscam reduzir a permeabilidade da casca, que é porosa, e aumentar a proteção microbiológica do ovo. O objetivo é garantir a qualidade por mais tempo e ampliar o período de conservação. Segundo o farmacêutico Francisco Noé da Fonseca, pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, a tecnologia ajudará na transferência do produto entre regiões, permitindo que atinja distâncias maiores, e na abertura de novos mercados para exportação. “O produtor terá mais tempo para distribuir os ovos”, afirma. Com o revestimento, o período no qual o ovo fica exposto nas prateleiras aumentará sem ter a necessidade de refrigerar.

Hoje esse prazo varia entre duas e três semanas, dependendo do local armazenado e das condições meteorológicas. Iniciada há sete meses, a pesquisa tem resultados satisfatórios. “Os ovos com a película duram até um mês em temperatura ambiente.” De acordo com Fonseca, o ovo próprio para o consumo deve ter clara espessa e membrana da gema resistente. Com a ação do tempo, ocorre a degradação natural do produto. A clara vai ficando liquefeita e a membrana da gema se rompe mais facilmente. A lavagem do ovo in natura — feita em algumas indústrias, embora não obrigatória no Brasil — é um dos fatores que contribui para o menor tempo de validade. Isso porque o procedimento remove a película de proteção natural do ovo. “A ideia é simular esta película que a galinha faz naturalmente.” Os pesquisadores buscam em laboratório uma

fórmula para aplicar a película em escala industrial. Nesta fase de testes, a substância está sendo aplicada com o uso de um spray. A Embrapa aposta na busca de empresas parceiras, tanto na parte de escalonamento da produção do composto nanoestruturado quanto em equipamentos para revestir os ovos. A segunda etapa consiste em validar a técnica por meio de parcerias com empresas e granjas, além de verificar a viabilidade econômica da tecnologia para pequenos e médios produtores. A pesquisa se estende até o início de 2017.

Novos clientes Para o diretor-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos, é preciso aumentar o prazo de validade dos ovos a fim de flexibilizar as vendas. No entanto, aguarda resultados finais da pesquisa e entende ser necessário avaliar a viabilidade econômica da nova tecnoloGIOVANE WEBER

Menos perdas representa mais lucros Alex Walter, produtor

produto é destinado ao mercado interno, o custo não compensa. No ano passado, foram embarcadoa 18,74 mil toneladas (ovos in natura e processados), segundo dados da ABPA. Os países do Oriente Médio, principais clientes, importaram 14,22 mil toneladas, um acréscimo de 56% em comparação ao ano de 2014. Emirados Árabes, Ásia e Japão são outros destinos do produto.

Evita perdas

gia em estudo. Em 2015, o RS produziu três bilhões de ovos. África e Oriente Médio são os principais destinos das exportações de ovos processados e in natura, que no ano passado chegaram a 5,37 mil toneladas. O presidente do Instituto de Ovos do Brasil e vice-presidente da ABPA, Ricardo Santin, destaca a possibilidade do consumo ser ampliado. De acordo com ele, as empresas que exportam o ovo in natura já aplicam óleo mineral nas cargas que vão de navio, nas quais o ovo dura até 120 dias resfriado. Quando o

Segundo produtores, com maior tempo de conservação as perdas serão reduzidas

O produtor Alex Walter, de Canudos do Vale, acredita em menos perdas com a inovação. “É um produto frágil. Precisamos encontrar soluções para aumentar a durabilidade do ovo nos mercados. Menos perdas representa mais lucros.” Walter e a mulher Analice iniciaram no ramo faz quatro anos. São 17 mil aves alojadas, cuja produção alcança 14 mil ovos por dia. O investimento passou de R$ 300 mil.

Principais objetivos

– Ampliar a produção microbiológica minimizando os riscos de contaminação externa durante, por exemplo, o processo de embalagem. – Aumentar a resistência da casca no transporte para locais mais distantes. – Reduzir a permeabilidade da casca garantindo a qualidade do ovo por mais tempo.



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Nos últimos quatro anos, o cultivo de feijão reduziu cerca de 50% no RS. Nesta safra os preços são remuneradores em boa parte do país e isso pode levar os produtores a ampliar a área plantada no próximo ciclo. A saca de 60 quilos da variedade carioca, a mais consumida, vale R$ 200.

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Escassez histórica eleva preço do feijão N

em o bom preço pago pela saca neste ciclo e a escassez histórica em época de safra serão capazes de tornar o feijão um atrativo para os produtores. Em 1980, o grão chegou a ocupar 230 mil hectares. Na atual safra, não passou dos 76 mil hectares, segundo a Emater. A produtividade média está estimada em 1,4 mil quilos. Entre 2010 e 2014, a produção caiu quase 50%. A sensibilidade da cultura ao clima, o mercado consumidor restrito e a remuneração menos vantajosa quando comparada a outras culturas, especialmente a soja, são as principais causas para o declínio. O mercado desorganizado e instável, somado à dificuldade de encontrar mão de obra para a colheita (manual em grande parte das propriedades), torna a atividade pouco atrativa, mesmo que o preço registre alta nesta safra. A saca de 60 quilos é cotada a R$ 200, acima da média histórica, de R$ 112. Como a demanda por soja não para de crescer no mercado internacional, a perspectiva é de avanço ainda maior do grão dourado sobre as lavouras de feijão, assim como tem ocorrido com culturas de milho e trigo. Por ser uma produção de ciclo rápido, a tendência para os próximos anos é de que a lavoura só avance levemente em momentos de bons preços, como agora. Como as quase 111 mil toneladas de feijão estimadas para produção nesta safra no estado não suprem a necessidade do consumo interno, a importação da Argentina e China deve ser mais constante. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe) e analista da Correpar Corretora

FELIPE NEITZKE

Com mão de obra disponível, família Montineli cultivou dois hectares do grão. Estimativa é de vender o quilo a R$ 4

de Mercadorias, Marcelo Lüders, o déficit entre dezembro e março deste ano chega a oito milhões de sacas. Como consequência projeta o aumento do valor cobrado pela semente e redução da área cultivada no próximo ciclo. “A alta do dólar, ataque de pragas, aumento da tarifa de energia elétrica, motiva produtores de migrar para outras culturas mais rentáveis.”

Retomada temporária Na década de 80, o feijão ocupava 16 mil hectares em Sobradinho. Neste ciclo, foram cultivados apenas 80 hectares. Na maioria das 600 propriedades rurais, o plantio é para o consumo próprio.

O preço para o consumidor final deve aumentar diante da escassez do grão. Luís Fernando Rodrigues de Oliveira, engenheiro agrônomo

Entre os motivos para essa queda brusca, o engenheiro agrônomo Luís Fernando Rodrigues de Oliveira, destaca a falta de mão de obra, preço baixo, alto valor da saca de soja e o elevado custo para mecanizar a lavoura. Outro empecilho é o ciclo curto. “A soja resiste mais à falta de chuva ou excesso de umidade. O feijão com 35 graus aborta e o prejuízo é certo.” Com a safra praticamente encerrada, a média colhida por hectare chega a 820 quilos. “O grão está manchado e a qualidade é considerada média devido ao excesso de chuvas.” A saca de 60 quilos está cotada a R$ 150, um aumento de R$ 30 em comparação ao ciclo anterior. Mesmo com a boa valorização, descarta a retomada do cultivo nos próximos ciclos.


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Bons rendimentos O casal Sílvio e Bernadete Montineli, de Boqueirão do Leão, destinou dois hectares para o cultivo das variedades preto tuiuiú e crioulo. A estimativa é de colher até dois mil quilos. Com a demanda em alta, o preço do quilo deve chegar a R$ 4 neste ciclo. “Investimos R$ 1,5 mil na lavoura e nosso retorno será de R$ 10 mil. Desconheço outra cultura onde o lucro seja tão elevado em um espaço tão pequeno e o custo tão baixo”, comenta Sílvio. Boa parte do grão é vendida para uma cooperativa local. A garantia de mercado e preço anima o casal a ampliar a área. Entre as dificuldades do ciclo, destacam o excesso de chuvas e as altas temperaturas. Para obter bons rendimentos, o casal recomenda a escolha de sementes de qualidade e certificadas. Além do feijão, são cultivados 22 mil pés de fumo e um hectare de uva.

De 200 para apenas 20 20%

200%

Conforme levantamento do IBGE, o leguminosa ocupa apenas 20 hectares, sendo 40% para fins comerciais. De acordo com o extensionista da Emater, Eduardo Mariotti Gonçalves, nos últimos 20 anos, a área cultivada reduziu 180 hectares. Tendo o fumo como principal atividade

agrícola no meio rural, após a colheita, os produtores são incentivados a cultivar feijão e milho nas restevas. O programa é desenvolvido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco). “A maioria planta apenas para consumo. O preço é instável e a cultura é

Feijão no RS

Principais variedades

1987 Área: 224 mil hectares Produção: 111,5 mil toneladas Média por hectare: 500 quilos

Custo de produção:

2014

Produtividade média:

Área: 76,5 mil hectares Produção: 111 mil toneladas Média por hectare: 1,4 mil quilos

muito suscetível ao clima.” Gonçalves diz que as lavouras implantadas em setembro registraram perdas de até 80% devido às condições meteorológicas adversas. Quem plantou mais tarde conseguiu bons resultados. Ele diz que o período de plantio se estende até início de março.

R$ 2.325,20/ha

29,2 sacos/ha

Custo por saca: R$ 79,63

2015

Consumo nacional:

Área: 43,8 mil hectares Produção: 61,3 mil toneladas Média por hectare: 1,4 mil quilos

3,5 milhões de toneladas

Consumo per capita: 17 quilos por ano



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