Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente

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CARTA REVISA PRIORIDADES

Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente apresenta livro pioneiro no RS para educação ambiental nas escolas. Autoridades e especialistas do país reeditam lista de ações para mitigar efeitos climáticos extremos

SEMINÁRIO APRESENTA CAMINHOS PARA MITIGAR EFEITOS DAS CATÁSTROFES

PRINCIPAIS DEMANDAS

DA CARTA DO VALE

Formação de Centro Integrado de Desastres Regionalizados: sistema de monitoramento integrado 24 horas. Sistema de telecomunicações. Modelos hidrometeorológicos territorializados para o monitoramento das bacias hidrográficas. Adequação da comunicação dos eventos extremos à comunidade.

Comitê estratégico multissetorial elabora ações de curto, médio e longo prazo à região

EM DOIS DIAS, ESPECIALISTAS DO PAÍS, DO ESTADO E DA REGIÃO DEBATERAM COMO MELHORAR O MONITORAMENTO, A RESPOSTA E AS BARREIRAS DA RECONSTRUÇÃO DO VALE DO TAQUARI APÓS TRÊS GRANDES INUNDAÇÕES EM OITO MESES

Os desafios enfrentados pela região devido às mudanças climáticas obrigam ao pensar em novas soluções de curto, médio e longo prazo. Um ano depois da primeira grande inundação, de setembro de 2023, seguida por outros dois dramas (de novembro e em maio, a maior enxurrada da história), líderes locais, autoridades e especialistas participaram do 2º Seminário Pensar o Vale Pós-Inundações.

A programação ocorreu nos dias 4 e 5 (quarta e quinta) de setembro na Univates. Foram cinco painéis e sete apresentações de experiências em palestras de introdução aos temas (TEDs). Atrações com o propósito de auxiliar na elaboração da nova Carta do Vale do Taquari, documento que reúne diretrizes para poderes públicos implementarem como forma de tornar a região mais resiliente aos episódios climáticos extremos.

O seminário foi organizado pelo Grupo A Hora e pelo Comitê Estratégico e Multissetorial do Vale do Taquari, em parceria com as

entidades locais, como do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Univates, associações dos municípios, do Turismo e dos vereadores (Amvat, Amat, Amturvales e Avat) e da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), com o patrocínio da Corsan e do BRDE.

Apostar na ciência

A reitora da Univates, Evania Schneider, realça que o seminário foi um momento simbólico, pois representa a responsabilidade da região em ajudar a construir um futuro melhor.

Sobre as catástrofes, destaca a necessidade de buscar o conhecimento. “Esses eventos sempre vão existir, e o que precisamos fazer é discutir o que aprendemos e como podemos aplicar o conhecimento científico produzido aqui e em outras universidades”, afirma e conclui: “somos o que somos por causa do rio que temos. Acima de tudo, precisamos entender o que o Vale espera de nós.”

O plano de governo foi substituído pelo Plano Rio Grande. Todas as secretarias de estado tiveram de reescrever as prioridades após as catástrofes, em especial a de maio. Ainda assim, construímos uma linda história no Vale do Taquari. O rio foi usado para tudo ao longo dos anos. Era transporte, alimento, água, energia. Agora é o momento em que a ciência alertava: eventos mais intensos e frequentes. Infelizmente começou por aqui. Precisamos redesenhar nossa relação com o Rio Taquari e com os seus afluentes. Tudo agora é adaptação para resiliência climática.”

PAULO

PIMENTA MINISTRO DA RECONSTRUÇÃO

O desafi o é aprimorar os sistemas de alerta, entender melhor as bacias hidrográfi cas, realizar estudos de batimetria para prevenirmos novas tragédias e garantir que as enchentes não tenham mais as consequências devastadoras que vimos. Vamos sair dessa crise mais fortes. O que estamos fazendo agora não é apenas reconstruir o que foi perdido, mas construir algo melhor. Para a comunidade da região, saibam que o Vale do Taquari é reconhecido pela força e pela sua resiliência. É motivo de orgulho e inspiração para todos nós."

Governança Regional e Municipal: ampliação dos comitês de crise. Criação de um Plano de Contingência regional e municipais. Planejamento dos municípios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, adequando planos diretores, levando em conta as mudanças climáticas. Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil. Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Consórcio intermunicipal para a governança regional na gestão de riscos.

Infraestrutura: desassoreamento, barragens de reservação e obras de contenção. Reconstrução e ampliação de estradas, novas pontes, e novos modais de transporte, como o aeroporto regional, duplicação da ERS 130 e anel viário para o Vale do Taquari. Ampliação de linhas de transmissão energética, subestações de energia, saneamento básico e meios de comunicação. Recuperação da malha ferroviária e o Trem dos Vales, para estimular o turismo regional.

Educação: promover a educação para o tema da prevenção nas escolas e famílias. Promover a resiliência comunitária por meio de programas educativos, campanhas de conscientização e ações de preparação para emergências.

Ambiente físico: sistemas de financiamentos que observem a saturação do solo, urbanização, manchas de inundação, condições geológicas, movimentos de massa e tempo da chuva. Programa de recuperação de solos. Estudos para desassoreamento. Identificar áreas de preservação permanente, ocupação de margens dos rios e arroios, e promover ações para adequação nos territórios. Recuperação de Áreas de Preservação Permanentes, Reserva Legal, Solo e Água, Análise/Readequação dos sistemas produtivos, entre outros.

Resgate e Salvamento: Batalhão do Corpo de Bombeiros no Vale do Taquari, ampliando as equipes. Ampliação da Coordenadoria Regional da Defesa Civil. Construção de prédio para uso dos diversos comandos regionais. Equipamentos de resgate e salvamento, e de proteção individual e coletiva. Estrutura de logística. Profissionalização das Defesas Civis.

Reconstrução de Habitações: habitações seguras e resilientes. Terrenos com infraestrutura adequada para construção. Linhas de financiamento adequadas para famílias urbanas e rurais. Zoneamento de risco e adequada ocupação de áreas próximas aos rios e morros. Qualificação dos secretários e equipes técnicas.

Financiamentos: linhas de financiamento para negócios urbanos e rurais. Mecanismos de financiamento adequados às necessidades territoriais. Fortalecimento de Organizações Financeiras Regionais, priorizando as Cooperativas de Crédito. Necessidade de aporte de recursos do BNDES extra limite das instituições financeiras para atendimento de eventos extremos. Ampliação do fundo garantidor.

Pessoas e comunidades: criação de uma rede de articulação intersetorial local e regional. Formatação de equipes multidisciplinares, com profissionais qualificados. Qualificação de equipes de voluntários para atuar em eventos extremos. Capacitação dos profissionais da comunicação para atuação no desastre.

CORRIGIR FALHAS EXIGEM

PLANOS INTEGRADOS

EPISÓDIOS EXTREMOS

PROVOCAM MUDANÇAS E OBRIGAM O ESTADO A QUALIFICAR MONITORAMENTO, PREVISIBILIDADE E RESPOSTAS

Opainel de abertura do 2º Seminário Pensar o Vale Pós-Enchentes começou com a provocação: “como estamos e o que fazemos para estarmos melhor preparados para os próximos eventos climáticos extremos?”

A discussão destacou a necessidade de avançar em termos de preparação e resiliência, com foco em soluções tecnológicas e no fortalecimento das estruturas regionais. Conforme o tenentecoronel, subchefe da Defesa Civil no RS, Santiago Soares Dias de Castro, houve evoluções na organização estadual da crescente demanda causada por eventos climáticos extremos. "Desde 2022, estamos enfrentando uma sequência de estiagens rigorosas e, a partir de março de 2023, tivemos dez eventos extremos no estado. Os mais notáveis aconteceram em setembro, novembro e maio", relembra.

Em cima disso, dois modelos nacionais serviram de referência: do Espírito Santo e de Santa Catarina. "Vimos de perto o que eles fizeram, e estamos trabalhando para estruturar melhor o nosso sistema. O nosso objetivo é seguir esse caminho, com infraestrutura robusta e um corpo técnico bem preparado.”

Hoje, a Defesa Civil gaúcha tem 40 servidores. Em Santa Catarina, são 240. “Estamos buscando aumentar esse quadro, não só com militares, mas também com geólogos, hidrólogos e meteorologistas, para estarmos mais preparados para enfrentar esses eventos", admite Santiago.

Prioridade número um

O oficial afirma que o Vale do Taquari é a prioridade número um para a criação de uma central regional de Defesa Civil, seguindo o modelo de Santa Catarina. "Estamos trabalhando para replicar um sistema de monitoramento em tempo real, com radares meteo-

rológicos que vão robustecer a previsão climática.”

Essas afirmações são sustentadas pelo coordenador geral da Defesa Civil do RS, o coronel Luciano Boeira. “A pergunta que ficou no ar é: estamos preparados para novos eventos dessa magnitude? Eu gostaria de poder afirmar que sim, com todas as letras, mas, infelizmente, não posso. Estamos mais preparados, mas não é o suficiente”, admite.

Centro Regional

Uma das principais expectativas geradas durante o evento foi a confirmação de que o Vale do Taquari será sede de uma Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil até o fim de 2025.

Conhecer o passado

A engenheira ambiental, professora da Univates, Sofia Moraes, apresentou um recorte histórico de todos os registros de enchentes no Vale do Taquari. Há documentos desde o início do século 19. "O que precisamos fazer para estarmos preparados para o próximo evento? Precisamos olhar para nossos dados históricos e entender o passado", afirma. Especialista em sensoriamento remoto, conta pelo menos 200 inundações em Lajeado em menos de 150 anos. Sofia explica que os padrões climáticos influenciam. "El Niño tende a trazer chuvas mais intensas e abrangentes,

Palestra do diretor do Centro Integrado de Desastres de Santa Catarina, César Nunes, abriu debate sobre modelos de prevenção a episódios extremos. Sistema do estado vizinho inspira Rio Grande do Sul.

enquanto La Niña provoca chuvas mais pontuais, frequentemente em áreas específicas da bacia.” Nos dois fenômenos há histórico de enchentes no Vale, como em 2010, quando a bacia do Forqueta saiu do curso e provocou uma enxurrada em Marques de Souza. “Era um ano de La Niña. É necessário ter uma visão abrangente da bacia hidrográfica”, resume. Como aprendizado, destaca a necessidade de aprimorar as redes de monitoramento e garantir que as informações sejam integradas. A partir da análise de especialistas, pode-se alimentar as defesas civis com mais informações à tomada de decisão.

Quando as pessoas sabem do risco, elas saem. Com conhecimento, o protagonista é o morador.”

MASATO KOBIYAMA PESQUISADOR DA UFRGS

Protagonista

Obras estruturantes, como diques, barragens, investimentos em desassoreamento são alternativas para contenção de enxurradas. Porém são caras e podem dar errado, alerta o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Masato Kobiyama. “No meu país, o Japão, um dique rompeu e provocou a morte de milhares de pessoas”. De acordo com ele, a resposta para mitigar prejuízos humanos está em educar as pessoas. “Quando as pessoas sabem do risco, elas saem. Com conhecimento, o protagonista é o morador.”

Deslizamentos

Kobiyama destaca que os movimentos de massa após chuvas

RESUMO DO PAINEL

Medidas para mitigar prejuízos e aprimorar a preparação para eventos climáticos

Monitoramento e previsibilidade

Radares meteorológicos para monitoramento em tempo real.

Ampliar a equipe da Defesa Civil com geólogos, hidrólogos e meteorologistas.

Fortalecimento das estruturas regionais

Criação de uma Central Regional de Defesa Civil no Vale do Taquari até 2025. Estruturação de um sistema com foco em infraestrutura e corpo técnico qualificado, inspirado nos modelos de Santa Catarina e Espírito Santo.

Integração e análise de dados históricos

Uso de registros históricos de enchentes para aprimorar a capacidade de previsão e resposta.

Melhorar a rede de monitoramento e garantir a integração das informações para decisões mais eficazes.

Educação e Capacitação da População

Educar os moradores sobre riscos para que possam agir de maneira preventiva, sem depender de intervenções dos órgãos de proteção e segurança.

Treinar comunidades e profissionais para lidar com desastres, priorizando o mapeamento digital de terrenos e preparação para deslizamentos.

Deslizamentos

Desenvolver estratégias específicas para prevenir deslizamentos, reconhecendo que são mais complexos e perigosos do que as enxurradas. Priorizar o mapeamento de áreas de risco e a preparação técnica para evitar novas tragédias.

torrenciais são um problema mais complexo do que as inundações no Vale do Taquari. "Deslizamento é mais perigoso. Enxurrada é mais fácil de prever", afirma. Na catástrofe de maio, foram diversos episódios, inclusive com vítimas. De acordo com o especialista falta de capacidade técnica e conhecimento especializado no RS. Isso agrava os riscos. É necessário investir em mapeamento digital do terreno e em capacitação profissional, diz.

Sistemas de prevenção e monitoramento foram a tônica do primeiro painel. Defesa Civil Estadual promete central regional até 2025

EMPRESAS ATESTAM DIFICULDADE PARA ACESSAR FINANCIAMENTOS

ESPECIALISTAS APONTAM COOPERATIVAS COMO ALIADAS NA FACILITAÇÃO DE CRÉDITOS AO EMPREENDEDOR. PAINEL ABORDA FORMAS DE LOCAIS ATINGIDOS POR CATÁSTROFES AMBIENTAIS A SE CADASTRAREM EM PROGRAMAS INTERNACIONAIS

Um ano após as enchentes de setembro, e quatro meses da tragédia de maio, além das famílias, empresas também buscam a reconstrução. A recuperação do setor econômico é lenta, mas gradativa. Ainda que haja linhas disponíveis, por vezes demoram a chegar para empresários e produtores rurais.

O tema norteou o último painel do seminário, sobre financiamentos e mecanismos para buscar ajuda externa. O evento reuniu especialistas e autoridades para discutir estratégias de recuperação econômica e produtiva.

O empresário e presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Angelo Fontana, enumerou as dificuldades enfrentadas pelas empresas após as enchentes e expôs a realidade de quem viveu os impactos diretos na cadeia produtiva. “Só quem sente na carne, na pele, sabe o que foram esses últimos 12 meses”. Por outro lado, destaca o esforço coletivo para buscar soluções. “Nós ajudamos com inúmeras ações. Fomos a Brasília, nos unimos aos esforços da Federasul, Fiergs, onde havia condições de buscar apoio, fizemos”, conta. Porém há uma frustração com a demora na obtenção de recursos financeiros. “Temos empresas com extremas dificuldades de

conseguir colocar a mão no dinheiro para se recuperar. Um banco leva seis meses, outro leva mais. Não temos tempo para isso, nós estamos precisando voltar a trabalhar e acreditar no negócio”.

Esforço coletivo

Secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia e coordenadora do Comitê Científico do Piratini, Simone Stülp, acredita em um movimento coletivo para a recuperação econômica do Vale. "Nós estamos enfrentando um problema extremamente complexo, e soluções simples não dão conta de resolver", destaca.

Simone reforça que as mudanças climáticas fazem parte de um fenômeno global, e que as soluções para a região precisam ser pensadas em diálogo com mecanismos mundiais.

"Nós precisamos sentar ao redor de uma mesma mesa e, a partir da nossa responsabilidade, construir soluções".

O papel das cooperativas e associações no enfrentamento dos desafios pós-enchentes também foi reforçado. Simone vê no RS uma longa história de trabalho cooperativo, que deve ser aproveitado.

"Nos momentos de crise, são as cooperativas que ajudam. Elas fima nas comunidades pelo compromisso com o local”,

Evento reuniu especialistas e autoridades para discutir estratégias de recuperação e reconstrução

MUITAS SOLUÇÕES

AINDA NÃO ESTÃO PRONTAS. PRECISAMOS TRABALHAR JUNTOS

PARA CRIAR PROJETOS

QUE SEJAM ADERENTES ÀS NECESSIDADES DAS PESSOAS, DAS EMPRESAS E DAS CIDADES ATINGIDAS”

SIMONE

TEMOS EMPRESAS COM EXTREMAS DIFICULDADES DE CONSEGUIR COLOCAR A MÃO NO DINHEIRO PARA SE RECUPERAR. UM BANCO LEVA SEIS MESES, OUTRO LEVA MAIS. NÃO TEMOS TEMPO PARA ISSO, NÓS ESTAMOS PRECISANDO VOLTAR A ANGELO FONTANA PRESIDENTE DA CIC VT ,

destaca o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port.

De acordo com ele, existem muita diferença entre cooperativas e bancos tradicionais. "Os bancos têm como objetivo o lucro, mas as cooperativas são das pessoas da região, que também foram atingidas pela enchente. Isso faz toda a diferença".

Incentivos

Chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tiago Peroba afirma que o banco foi orientado a ser um instrumento de política pública para apoiar principalmente empresas e produtores rurais. Ele destaca que logo após o desastre, foi anunciado pelo governo federal um aporte emergencial de R$ 150 milhões para apoiar as empresas da região.

Uma das primeiras medidas tomadas pelo BNDES foi a suspensão temporária dos pagamentos de operações já contratadas pelas empresas.

Segundo Peroba, essa ação trouxe alívio para mais de 50 mil operações, envolvendo 45 mil empresas no Rio Grande do Sul, o que representou uma suspensão de mais de R$ 3 milhões em cobranças. Além disso, segundo Peroba, o BNDES disponibilizou mais

O empresário Nilto Scapin, diretor da Rhodoss Implementos Rodoviários, e integrante do movimento Reconstrói Estrela, fez a palestra de abertura do evento. A empresa foi atingida por quatro episódios climáticos. Três enchentes e o vendaval de janeiro. “Quando cheguei na empresa em maio, o mais fácil seria passar a chave e fechar. Mas minha preocupação é com quem depende do trabalho, com os funcionários e com as famílias”. De acordo com ele, hoje a empresa está com 35% da capacidade produtiva.

de R$ 12 bilhões em crédito desde o início das operações de auxílio, sendo que mais de R$ 7 bilhões já foram aprovados. Além disso, o banco também financiou a aquisição de máquinas, equipamentos e investimentos em construção.

ALTERNATIVAS E SOLUÇÕES

- Ampliação de fundos garantidores e securitização para facilitar o acesso a recursos;

- Colaboração entre poder público, setor privado e sociedade civil para construir soluções duradouras e eficientes;

- Diálogo com mecanismos globais é essencial, devido à natureza global das mudanças climáticas;

- Cooperativas desempenham papel fundamental em tempos de crise por estarem enraizadas na comunidade local, o que as torna mais ágeis e eficazes no apoio;

- Redução da burocracia para acelerar a recuperação.

NOS MOMENTOS DE CRISE, SÃO AS COOPERATIVAS QUE AJUDAM,”

MÁRCIO PORT

INICIATIVA PIONEIRA PROPÕE MUDANÇA CULTURAL

PROJETO DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL NAS

ESCOLAS (EDUCAME)

É APOSTA DOS

MUNICÍPIOS PARA

TORNAR CRIANÇAS

E JOVENS MAIS

PREPARADOS PARA

LIDAREM COM EVENTOS

CLIMÁTICOS ADVERSOS

Em diversos momentos, especialistas e autoridades abordaram o papel transformador da educação. Integrantes do projeto educacional iniciado há mais de uma década em Blumenau, Santa Catarina, reforçaram o papel das crianças e dos jovens na mudança cultural. Com essa inspiração, o Grupo A Hora, com apoio dos governos municipais, lançou o projeto Educação Ambiental na Escola (Educame). O intuito é tornar as comunidades protagonistas na própria defesa.

O lançamento do livro e da cartilha com ensinamentos básicos voltados ao cuidado em casos de emergência ocorreu no fim do primeiro dia do Seminário Pensar o Vale Pós-Inundações. “Pensamos em dotar a sociedade de conhecimento. Para que os alunos sejam multiplicadores e repliquem a cultura da prevenção dentro das famílias”, diz o diretor editorial e de produtos do Grupo A Hora, Fernando Weiss

Para ele, o programa serve como ferramenta à construção de uma nova consciência ambiental. “Um ano depois da catástrofe de setembro de 2023, lançamos o livro. É a resposta necessária, pois apostar na educação não é apenas uma escolha, é a única forma para criar uma nova consciência."

Conforme o autor das publicações, o publicitário e escritor Gilberto Soares, as publicações trazem consigo a exclusividade e ineditismo de pormenorizar aspectos regionais.

“Vamos mostrar a nossa bacia hidrográfica, onde começa, quantos rios fazem parte. Saber disso é construir uma cultura pedagógica sobre prevenção a eventos adversos”, realça. Com mais de 30 anos de experiência em comunicação

Palavra das educadoras

ELISÂNGELA

MENDES SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE ESTRELA

Esse é um projeto extremamente importante e de muito significado para a educação. É preciso uma conscientização e este programa vai trazer subsídios para que os profissionais da educação possam desenvolver o tema dentro das escolas. Vai trabalhar com a conscientização das crianças e automaticamente a conscientização dos pais, criando cidadãos mais reflexivos e que estejam mais preparados para lidar com essas situações”.

ADRIANA VETTORELLO

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE LAJEADO

O projeto traz uma importante ferramenta para capacitar os estudantes com pensamento crítico, para que saibam se posicionar sobre as questões que envolvem o ambiente, deixando-os mais preparados contra as crises climáticas e na recuperação de seus efeitos. Sem dúvida esse projeto vem contribuir para uma cultura que se quer voltada aos cuidados e prevenção ao meio ambiente e como isso impacta a médio e longo

GABRIELA

TEBALDI DA COSTA

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE ENCANTADO

O material será um recurso de apoio para as escolas, trazendo uma abordagem próxima da realidade do Vale do Taquari. Ele promoverá a conscientização e a preservação da região, permitindo uma visão tanto dos impactos ambientais em larga escala quanto em detalhes. Além disso, será bem elaborado, com belas ilustrações e conteúdo de qualidade".

SAIBA MAIS

A bacia hidrográfica do Taquari/Antas tem 119 municípios gaúchos.

É a maior bacia do país em número de cidades.

Representa 9% da área do Rio Grande do Sul

São 27 mil quilômetros quadrados de área total

Pega rios da parte alta (Carreiro, Guaporé, Prata, Antas, Forqueta, além de vários córregos e arroios). Todos se unem ao Taquari.

O Rio Taquari tem uma extensão de 156,6 quilômetros

Passa por um total de 37 municípios (mais de 360 mil habitantes)

SOBRE O EDUCAME

Tiragem:

1ª edição com 10 mil livros Destinados aos professores de escolas municipais

Cartilha: 80 mil Destinadas para alunos da rede municipal

ambiental, Soares admite que, apesar de se falar muito sobre a natureza, há sempre algo novo a aprender. “Devemos sempre procurar entender mais. O Vale do Taquari, com o Educame, inicia um processo transformador. É como abrir a primeira porta para reagirmos de maneira diferente aos problemas que nós mesmos criamos.”

O Educame é uma realização do Grupo A Hora e conta com o apoio da Defesa Civil Nacional, das associações dos municípios do Vale do Taquari (Amvat) e do Alto Taquari (Amat).

prazo”.

Área de cobertura 40 municípios

LIvro e a cartilha do Educame foram lançadas na quarta-feira e representam a primeira medida da Carta do Vale do Taquari

CUIDAR DE VIDAS REQUER

TREINAMENTO ANTES E DEPOIS

CUIDADO COM FAMÍLIAS ATINGIDAS

POR CATÁSTROFES, REDUZIR O TRAUMA E TER SENSIBILIDADE NO ACOLHIMENTO. PROFISSIONAIS DA LINHA DE FRENTE RELEMBRAMEXPERIÊNCIAS E COMPARTILHAM SOLUÇÕES

As fases e atuação de cada profissional durante um desastre foi tema do segundo painel no seminário. O acolhimento, a resposta humana e emocional é uma das últimas a ser trabalhada, e uma das mais permanentes. Nesse sentido, fica a pergunta “Como agir durante os fenômenos para salvar as pessoas e amparar quem precisa de apoio?”.

A psicóloga Gisele Dhein atuou durante as cheias com uma equipe da Univates. A profissional reforça que os protocolos estabelecidos para o cotidiano das cidades foram importantes no acolhimento. Junto com isso, ressalta a necessidade de respeitar o espaço de quem passa pelo trauma, em

especial a partir da atuação de voluntários no atendimento às famílias.

O seminário também trouxe à tona discussões sobre a gestão de abrigos e moradias temporárias. “É necessário pensar em espaços que atendam às necessidades de adultos e, em especial, das crianças”, afirma Gisele.

Saber agir

Natural do Vale do Taquari e voluntária do Médicos Sem Fronteiras (MSF), Verônica Erthal, antecipa: “não existe receita para lidar com desastres”.

O caminho, acrescenta, está na preparação das equipes e no envolvimento de diferentes setores da sociedade. “As organizações civis, os governantes, a educação, o setor privado, todos precisam sentar juntos para planejar”. O cuidado também deve considerar os profissionais da linha de frente, como bombeiros, Defesa Civil, médicos e psicólogos. “Precisamos cuidar desses trabalhadores. Pausar, respirar e pegar fôlego é fundamental para quem está na tomada de decisão”.

Verônica realça: “Quanto mais rápida nossa resposta, significa que a preparação foi bem feita”. Por isso, defende a planos de ação regionais, como forma de reconhecer os envolvidos em cada etapa do processo de resposta.

“Conhecer para prevenir”

Superintendente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Franco Buffon, tratou do conhecimento à prevenção. “Nós, no Serviço Geológico do Brasil, temos uma espécie de mantra: conhecer para prevenir. Atuamos muito na prevenção, mas, durante o evento, também desenvolvemos uma série de ações e projetos que tratam do tema enquanto ele está acontecendo”, afirma.

Na palestra inicial, o promotor Sérgio Diefenbach, detalhou os motivos das mudanças climáticas e a exigência imposta às comunidades. Ondas de calor e de eventos extremos serão mais frequentes, alerta.

Dicas das especialistas

Aprendizados:

O amparo precisa de rede e de articulação intersetorial SUS e SUAS funcionam

Pessoas que passam pelo trauma precisam do contato coletivo

Conhecimento técnico e segurança nas informações

O que melhorar: Formação e fortalecimento de equipes

Garantia de equipes mínimas, com equipe de Assistência Social especial para abrigos e moradias temporárias

Treinamento de voluntários

Comunicação qualificada: informação demais gera ansiedade; de menos, angústia

Pirâmide do cuidado

A vulnerabilidade da região exige monitoramento contínuo. Buffon diz ser importante que os municípios conheçam as fragilidades. “Precisamos transmitir informações para que as defesas civis estejam qualificadas. Dessa forma, as pessoas podem adotar comportamentos mais seguros durante os eventos”.

Um dos principais desafios, segundo Buffon, é a percepção de risco por parte da comunidade que vive em áreas suscetíveis. Para ele, o assunto deve ser trabalhado em conjunto com as defesas civis.

Comandante do Corpo de Bombeiros de Lajeado, Thalys Stobbe, foi a segunda palestra antes do painel. “O episódio de setembro mudou o paradigma de resgate. Todos chamavam ao mesmo tempo e não tínhamos como atender.”

85% da população rede apoio em rede tradicional de solidariedade: família, amigos, vizinhos, líderes espirituais e chefes comunitários (população em risco) 25% da população recebe ajuda de médicos generalistas, assistentes sociais ou psicólogos (população em risco) 8% da população precisa de cuidados psiquiátricos (transtorno)

A MAIOR PARTE DAS PESSOAS VAI CONSEGUIR PASSAR POR ISSO COM RESILIÊNCIA, COM OS RECURSOS QUE A PRÓPRIA COMUNIDADE OFERECE. SE NOS ISOLARMOS, ADOECEMOS MAIS”

GISELE DHEIN PSICÓLOGA

A GENTE PRECISA RECONHECER OS PAPÉIS DE CADA UM. O MÉDICO NÃO ENTRA ANTES DO BOMBEIRO. SABER QUEM FAZ O QUÊ É A PRIMEIRA ETAPA PARA UMA AÇÃO COORDENADA”

Verônica Erthal (de costas) faz parte do Médicos Sem Fronteiras. “Cuidado também precisa ser com quem está na linha de frente”, ensina.

Em meio à devastação, o Vale do Taquari ainda busca se reerguer após as três grandes enchentes. Os processos de reanálise das áreas de risco, locais para reconstrução e dos planos diretores serão a base para o futuro da região.

Esse foi o assunto do terceiro painel do Seminário Pensar o Vale Pós-Enchentes. Um dos exemplos apresentados foi o de Roca Sales. “A cidade não tinha se recuperado de setembro, e em maio veio outra enchente, que destruiu o que restava”, lamenta o presidente da Associação Amigos Reconstruindo Roca Sales, Eduardo Salgado. A destruição deixou muitos moradores sem esperança. “As pessoas perderam o poder de reação. Acordar e ver a cidade destruída é como viver em um cenário de guerra.”

Apesar das dificuldades, a comunidade se mobilizou.

“Entendemos que era hora de agir. Conversamos entre nós e decidimos criar a associação para ajudar Roca Sales a se reerguer”, diz Salgado. Uma das principais propostas da entidade é custear um estudo hidrológico completo e levantamento topográfico. Na visão dele, isso poderá ajudar na compreensão para ocupar áreas mais seguras.

Parte destes levantamentos estão em curso, por conta do contrato em governo do Estado e Univates. Um grupo técnico do escritório de arquitetura da instituição de ensino faz a análise sobre áreas em sete municípios.

“Aprendemos a não correr”

A coordenadora, Jamile Weizenmann, destaca os avanços após os desastres. “Aprendemos a não correr e fazer as coisas de qualquer jeito. No ano passado, começamos de forma atropelada e o levantamento inicial das casas atingidas acabou sendo pouco útil”, frisa. Agora, o

CIDADES DO VALE CARECEM DE PREPARO PARA SEREM

MAIS RESILIENTES

TERCEIRO PAINEL DESTACA OS PROCESSOS NECESSÁRIOS PARA REESTRUTURAR ÁREAS URBANAS DEGRADADAS. CONVIDADOS ENALTECEM

IMPORTÂNCIA DE AÇÕES COORDENADAS ENTRE PODERES PÚBLICOS, SETOR PRIVADO E SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

trabalho é mais estruturado, com parcerias que visam atender as necessidades habitacionais das famílias afetadas.

Com o trabalho de campo resultou na análise de mais de 13 milhões de metros quadrados de áreas afetadas, mapeando 13 mil unidades habitacionais danificadas. “Não é simples identificar quem realmente tem direito à nova moradia. Há casos de pessoas com mais de uma casa na cidade, outras que são inquilinas ou parentes dos

proprietários. Esse filtro social é fundamental para garantir que os recursos cheguem a quem precisa”, observa Jamile.

Avanço após cobrança

Na primeira edição do seminário, em 14 de novembro do ano passado, o coordenador do Fórum Gaúcho de Comitês de Bacias Hidrográficas, vicepresidente da organização dentro do Taquari/Antas, Júlio Salecker, cobrou o fato do plano de bacia estar parado há mais de uma década dentro do governo estadual. “Agora, iniciamos a terceira fase do estudo. Isso foi fruto do primeiro seminário.”

O desassoreamento dos rios foi colocado no centro das ações, com o governo do Estado e o governo federal alinhando esforços e recursos financeiros para obras estruturantes. “O governo federal anunciou o PAC, que prevê obras de grande porte para lidar com as enchentes. O desassoreamento dos rios está sendo trabalhado em paralelo com o plano estadual”, informa.

A bacia do Taquari-Antas é a maior em número de cidades no Brasil, são 119 municípios.

“Nosso comitê vai contratar o projeto de recuperação das margens e incluir a restauração das matas ciliares. Estamos alinhados com os planos do Estado e do país para garantir que tudo seja executado de forma eficaz.”

“Faltou capacidade. Não de um, mas de todos”

Ex-prefeito de Taquari por dois mandatos, o secretário executivo do Ministério da Reconstrução, Maneco Hassen, foi enfático ao dizer que muitos municípios da região não têm a capacidade técnica necessária para lidar com a complexidade dos estudos e projetos de reconstrução das moradias.

Também reconheceu que os recursos enviados pelo governo federal para a reconstrução do Vale, que somam quase R$ 500 milhões após a tragédia de setembro, ainda não foram aplicados.

Segundo ele, a culpa não é de um, mas de todo o sistema, que não estava preparado para lidar com uma crise dessa magnitude. “As moradias prometidas desde

RESUMO DO PAINEL

Reanálise de áreas de risco e planos diretores Revisar leis e identificar áreas seguras para reconstrução, considerando a análise técnica para evitar desastres.

Coordenação entre setores Ações conjuntas entre poderes públicos, setor privado e sociedade civil organizada para garantir a eficiência e continuidade dos projetos de recuperação.

Planejamento orçamentário Por meio de levantamentos detalhados e criteriosos das áreas afetadas, garantir a distribuição justa de recursos e evitar desperdícios.

Identificação de necessidades habitacionais

Criar um filtro social rigoroso para garantir que as novas moradias sejam destinadas às pessoas que realmente perderam casas.

Desassoreamento e obras estruturantes

Focar na recuperação ambiental e desassoreamento dos rios, integrando essas ações com programas federais e estadual para reduzir os impactos das enchentes.

Qualificação dos municípios Fortalecer a capacidade técnica das cidades para gerir estudos e executar projetos complexos de reconstrução.

Participação social contínua Manter a mobilização social além dos momentos de crise, com a participação ativa de empresários, movimentos sociais e academia na recuperação e prevenção de desastres.

setembro ainda não saíram do papel. O dinheiro está lá. Faltou capacidade. Não de um, mas de todos”, lamenta. Hassen chama a atenção para a necessidade de uma participação social contínua, e não apenas nos momentos de crise. Ele fez questão de sublinhar que, muitas vezes, a sociedade só se mobiliza em períodos de calamidade, mas que é fundamental manter essa mobilização no cotidiano. “A tendência é que, à medida que a crise vai esfriando, a participação social também diminui. Empresários, movimentos sociais e a academia não podem desaparecer quando o estado de emergência termina.”

Como fala de abertura do painel, o mestre em Recursos Hídricos, diretor da Profill, Sidnei Agra, detalhou o sistema de previsão hidrológica da bacia do Rio Doce. De acordo com ele, é possível acrescentar a tecnologia dentro do sistema presente no Vale do Taquari para garantir mais previsibilidade.
Secretário executivo do Ministério da Reconstrução, Maneco Hassen, admite demora e afirma que nenhum órgão público estava preparado

Infraestrutura logística entrou em colapso na região. Para especialistas, autoridades e empresários, é preciso encontrar soluções mais ágeis

OS IMPACTOS DA ENXURRADA NA LOGÍSTICA DO VALE

ACESSOS DANIFICADOS, PONTES CAÍDAS E ESTRADASINTERROMPIDAS

ELEVAM DIFICULDADES NO ATENDIMENTO ÀS

COMUNIDADES E AUMENTA

NECESSIDADE PARA VIAS ALTERNATIVAS

Mais pontes, melhoria de acessos, rotas alternativas e aeroporto regional estão entre as demandas emergências em termos de obras para a logística. Necessidades foram estabelecidas por entidades como CIC, Codevat e Amturvales. O assunto foi tema do quarto painel durante o Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente. O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, ao lado de outros representantes locais e especialistas, destaca desafios e oportunidades no segmento. O gestor municipal reforçou a necessidade de avançar em projetos que promovam não apenas a reconstrução, mas um novo dinamismo para o Vale. Ainda, destaca a necessidade de novas travessias. “A obra provisória da ponte do Exército tem sim capacidade de se tornar definitiva, mas o debate sobre

Reconstrução da Ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, entre Muçum e Roca Sales está entre as obras emergenciais da região

uma nova ponte ainda precisa ser levado adiante”, afirma. Diretor de infraestrutura e Logística do Sindicato das Empresas de Transportes (Setcergs), Diego Tomasi, realça a importância da logística tanto para o transporte de mercadorias, mas também para a segurança e saúde das populações afetadas. Ele relembrou momentos críticos durante as enchentes, quando cidades como Arroio do Meio ficaram isoladas. Tomasi iniciou também propõe revisar e aprimorar a logística intermunicipal. "A falta de ligações intermunicipais adequadas é um problema grave que precisamos enfrentar”. O empresário entende que alguns erros do passado, como a falta

O empresário Roberto Luchese abriu o debate e contou como foi a decisão da empresa para reconstruir a ponte de ferro entre Arroio do Meio e Lajeado. “Coragem para fazer o que tem ser feito”, resume.

"Estamos dividindo o estado em seis setores para melhor entender a situação e planejar intervenções específicas", afirma. Ele também destacou que a abordagem inclui contratos de longo prazo com empresas especializadas para garantir a manutenção e a vigilância. "Estamos vivendo um novo parâmetro climático, e é crucial que nossas ações sejam planejadas para não apenas mitigar os efeitos imediatos, mas também prevenir problemas futuros", garante.

Segundo Moura, o diagnóstico vai orientar ações imediatas e de longo prazo, ajudando a definir prioridades e alocar recursos de maneira eficiente. "O objetivo é garantir que tenhamos um plano de ação claro e eficaz, que contemple desde medidas emergenciais até estratégias de recuperação e prevenção".

Atenção à sustentabilidade

OBRAS EMERGENCIAIS

(definidas pela CIC, Codevat e Amturvales) Ponte na rodovia RS 130, entre Arroio do Meio e Lajeado:

- Asfaltamento do acesso da ERS 129, entre Colinas e Roca Sales

- Recuperação da ERS 332, de Encantado a Soledade

- Recuperação do trecho entre Muçum e Vespasiano Corrêa, no Km 88 da ERS 130

- Conexão entre a Serra e o Vale do Taquari, via Ponte Santa Bárbara - São Valentim do Sul e Santa Tereza

- Conexão entre Vale dos Vinhedos e Vale do Taquari, via reconstrução da Ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, entre Muçum e Roca Sales

- Recuperação ERS 433, entre Encantado e Relvado

- Recuperação do trecho e ponte entre Marques de Souza e Travesseiro

- Acesso ao Viaduto 13, com a reconstrução da estrada entre Muçum e Vespasiano Corrêa

- Recuperação do trecho Palmas e Linha Azevedo/ Linha Garibaldi

- Ferrovia Trem dos Vales, com a recuperação dos 46 km do trecho da ferrovia entre Muçum e Guaporé

SOLUÇÕES

de duplicação de rodovias importantes, como a ERS 130, entre Arroio do Meio e Lajeado, têm impactos diretos na mobilidade e segurança atuais. “A falta de infraestrutura pode comprometer toda a logística da região," acrescenta.

Diagnóstico das estradas

Diretor aquaviário do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Erick Moura detalhou as iniciativas em andamento para a recuperação do Vale do Taquari. A estratégia inclui diagnósticos detalhados e intervenções pontuais e estruturantes.

Sócio-diretor da Profil, empresa de consultoria ambiental, o engenheiro civil, Carlos Bortoli sugere estratégias para enfrentar os impactos das enchentes no Vale, com respeito ao meio ambiente. O especialista ressaltou que a dragagem pode ser uma solução eficiente, mas a execução deve ser feita com cuidado para não causar mais danos.

Bortoli lembra da dinâmica fluvial natural antes de qualquer intervenção. "Os rios têm uma dinâmica própria e, ao modificar seu leito, precisamos entender o impacto que isso pode causar”.

Bortoli cita experiências de São Paulo, onde foram implementados planos de macrodrenagem e reservatórios para enfrentar problemas similares e defende

- Criar um contorno viário na região de Lajeado, Cruzeiro do Sul, Estrela e Arroio do Meio, com duas novas pontes sobre o Taquari

- Duplicação da ERS 130, entre Lajeado e Arroio do Meio

- Aeroporto regional

- Elevar a pista da BR 386 no trecho Estrela x Lajeado e próximo à “Rações Languiru”, em Estrela

um planejamento concreto que combine estratégias de curto e longo prazo para garantir a eficácia das intervenções e a proteção do meio ambiente.

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