Viver Cidades - Edição de julho

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A quinta etapa de análise de água de rios e arroios da região aponta para maior contaminação por coliformes termotolerantes. O parâmetro indica a presença de esgoto doméstico. Entre os mananciais com maior carga estão o arroio Lambari, em Encantado, e o Saraquá, em Santa Clara do Sul.

MARGENS DO TAQUARI

Nada sobrou nas margens do Rio Taquari, além de pedras, barro e galhos secos. A correnteza levou a vegetação e tudo o que tinha pela frente.

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MANANCIAIS DA REGIÃO

O Vale do Taquari não é mais o mesmo

OVale do Taquari não é mais o mesmo, assim como as pessoas e o meio ambiente. De setembro de 2023 a maio de 2024, três desastres climáticos abalaram a região. Mudaram o cenário dos nossos rios e arroios, derrubaram casas, empresas, propriedades rurais. Quem vê a destruição, lamenta. Quem perdeu amigos e familiares, chora. A reconstrução é dura, demorada para quem perdeu suas casas. O setor econômico busca apoio, se une. A custo de muito trabalho, dará a volta por cima, afinal, o Vale do Taquari é empreendedor.

O tempo para meio ambiente é diferente, não acompanha o ritmo de uma obra. O tempo para regeneração é muito mais demorado. Se os eventos climáticos têm influência da ação humana, e tem, cabe às pessoas auxiliarem para que o tempo da natureza seja mais complacente, quem sabe, mais ágil.

Esta edição do Viver Cidades apresenta iniciativas que podem auxiliar na regeneração e na preservação do meio ambiente.

Conheça o Movimento Pró-mata Ciliar do VT. Técnicos e especialistas de diversas áreas estão dispostos a

dar consultoria gratuita para órgãos públicos sobre projetos que reduzam os impactos das enchentes.

Outra reportagem aborda a economia circular, uma maneira de gerar menos resíduos e dar vida mais longa aos produtos. Você conhecerá o projeto Contrafluxo, do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo, e também um pouco mais sobre a profissão de engenheiro agronômico.

Esta edição ainda apresenta o resultado, nada bom, do quinto ciclo de coleta e análise de água dos mananciais da região.

Boa leitura!

O tempo para meio ambiente é diferente, não acompanha o ritmo de uma obra. O tempo para regeneração é muito mais demorado.”

TEXTOS
Luciane Eschberger Ferreira
Luciane Eschberger Ferreira
Grafica Uma/ junto à Zero Hora

Quer viver experiências incríveis junto à natureza?

Concurso Viver Cidades traz mais de R$ 18 mil em prêmios, entre eles uma vivência inesquecível

O2º Concurso Viver Cidades está com inscrições abertas até 9 de agosto. O prazo foi prorrogado para possibilitar que mais estudantes e escolas possam participar do certame. O prazo inicial era 10 de julho. Porém, a comissão organizadora decidiu pela mudança da data devido aos danos causados pela enchente de maio. Muitas escolas foram danificadas e algumas foram totalmente destruídas pelas águas. Com as aulas suspensas, seria praticamente impossível que professores e estudantes se dedicassem ao concurso. A tragédia que abalou o Vale do Taquari é um motivo a mais para reflexão sobre o meio ambiente. Para o diretor Editorial e de Produtos do Grupo A Hora, Fernando Weiss, o projeto Viver Cidades é uma ferramenta fundamental e relevante, uma vez que propõe uma agenda pedagógica que instiga os estudantes a refletirem sobre as questões ambientais. “O Viver Cidades nasceu, há dois anos, para ser um catalisador dos grandes temas que dizem respeito os municípios da região”, relembra Weiss. O concurso, para ele, é uma das maneiras de debater sobre o uso e qualidade da água de rios e arroios da região. O próprio monitoramento periódico da qualidade dos mananciais, capitaneado pelo Viver Cidades, expõe a urgente necessidade de cuidar melhor deste recurso natural, assim como de entender os fenômenos que levaram ao desastre de maio deste ano.

Categoria: Ensino Médio

Desafio: Vídeo

Tema: Para onde corre o Rio Taquari

Participação: Grupos de 2 a 4 integrantes

Carta

O 2º Concurso Viver cidades desafia os alunos do Ensino Fundamental, do 5º ao 9º ano, a escrever uma redação. “Uma Carta para o Futuro” deve abordar a temática “Rio Taquari”. O participante deve descrever, em estilo carta, como vê o manancial hoje e como gostaria que ele estivesse no futuro. No regulamento, há um resumo sobre a qualidade da água conforme o monitoramento feito a cada semestre desde 2022, pelo Grupo A Hora, por meio do Laboratório

Unianálises. No site grupoahora.net. br aba Viver Cidades estão disponíveis todos os resultados.

Vídeo

Para a categoria Ensino Médio, a proposta é a criação de um vídeo, criativo e disruptivo, que responda à pergunta “Qual o futuro dos rios e arroios na vida das nossas cidades?” A escolha do tema deste ano, “Para onde corre o Rio Taquari”, considerou os eventos climáticos de setembro e novembro de 2023, que causaram danos ambientais, sociais e econômicos. A enchente de maio reforçou a importância de envolver estudantes na construção de ideias que estimulem às melhores práticas ambientais.

Votação

A comissão julgadora vai escolher dez vídeos entre os inscritos. Os selecionados irão à votação popular pelo Instagram do Grupo A Hora. Os três mais votados receberão os prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugar. Já as redações escritas pelos alunos do Ensino Fundamental serão escolhidas pela comissão julgadora. As

Categorias: Ensino Fundamental 5º e 6º anos, Ensino Fundamental 7º, 8º e 9º anos

Desafio: Redação

Tema: Rio Taquari - Uma carta o futuro

Participação: Individual

2o concurso Viver Cidades

Inscrições: até 9 de agosto Regulamento: www.grupoahora.net.br aba Viver Cidades Premiação: Mais de R$ 18 mil em prêmios

escolas com maior número de inscritos receberão menção honrosa. A cerimônia de premiação está prevista para outubro, durante seminário Viver Cidades. A data, o horário e o local serão divulgados oportunamente.

O Viver Cidades nasceu, há dois anos, para ser um catalisador dos grandes temas que dizem respeito os municípios da região”

Fernando Weiss diretor Editorial e de Produtos do Grupo A Hora

Economia circular propõe reduzir impacto

Passamos do sistema linear - extrai recursos, produz, distribui, consome e descarta – para o circular – produz, consome, partilha, reutiliza, repara, renova e recicla. Será?

Aeconomia circular é um conceito o que faz parte do desenvolvimento sustentável e une economia e sustentabilidade. Propõe otimizar o ciclo produtivo e o processo de fabricação com menor uso de matéria-prima (recursos naturais virgens). Os resíduos de uma indústria, por exemplo, podem servir como matéria-prima reciclada à outra indústria. A economia circular propõe meios de reduzir o descarte, dando vida mais longa a cada produto, a fim de mantê-los no ciclo produtivo.

“Em termos de paradigma, ainda existem muitas empresas trabalhando em sistema linear”, afirma a economista e pesquisadora Fernanda Sindelar. Nesse modelo, de forma geral, a empresa extrai recursos, produz e distribui. A sociedade consome e quando não tem mais utilidade, o bem é descartado no lixo. A economia, destaca Fernanda, para evoluir e crescer, precisou do sistema linear em determinado período. Um exemplo é a obsolescência programada. O produto tinha um tempo de uso, depois deixava de funcionar. O consumidor tinha a necessidade de adquirir pela segunda vez. “Era consumir para economia girar e as empresas ganharem mais”.

Nos últimos 50, 60 anos, passouse a ter um consumo exagerado de recursos. “Hoje, a sociedade consome muito mais recursos do que o planeta tem capacidade de regenerar.” Conforme a economista, isso faz com que se extinga recursos, espécies vão sumindo, animais vão entrando na lista de ameaçados de extinção e assim por diante.

‘Rs’

Modelo busca gerar menos resíduos

no momento do descarte, inclusive os resíduos gerados nos processos de produção, ele deve ser reintroduzido ao ciclo natural de sistema fechado. “Não posso excluir nada, não posso mandar para o aterro sanitário para descarte, tenho que aproveitar tudo daquele bem a fim de reduzir o consumo de materiais novos,” explica. A economia circular tem a ver com o sistema de logística reversa, por exemplo. “Não somos empresas isoladas cada uma fazendo uma coisa. Podemos, inclusive, trabalhar em parceria”, sugere.

Fazer a coisa certa

Fernanda observa que diante da piora do quadro ambiental, nas últimas décadas, tem-se percebido um movimento mais consciente. Os novos consumidores já olham para as características da empresa. Observam se é sustentável. “O plástico é um grande problema, mas há fabricantes que estão usando plástico verde ou que sejam reaproveitáveis em vez de descartáveis.”

Elos da corrente

Começou com três Rs, mas já são dez Respeitar, Responsabilizar-se Repensar, Repassar, Recusar, Reduzir, Reparar, Reutilizar, Reciclar, Reintegrar

“A sociedade consome muito mais recursos do que o planeta tem capacidade de regenerar”

Os primeiros alertas

Saiba mais

A economia circular é um conceito que repensa as práticas econômicas a longo prazo, indo além daqueles famosos três “R”s – reduzir, reutilizar e reciclar – pois ela une, pelo menos na teoria, o modelo sustentável com o ritmo tecnológico e comercial do mundo moderno, que não pode ser ignorado.

Desde as décadas de 1960 /1970, de forma mais espaçada, e depois mais frequente e latente, de 30 anos para cá, organizações como a ONU e suas subsidiadas e grupos de pesquisadores passaram destacar a importância de se pensar ações para tornar o desenvolvimento sustentável. Começaram a aparecer os problemas ambientais, climáticos. “Tudo que estamos vivendo atualmente, aqui, é consequência direta dos efeitos climáticos”.

A economia circular não é só olhar para os processos internos, mas envolver parceiros, fornecedores, que tenham a mesma preocupação. O campo da pesquisa, cita a economista, avançou muito no Brasil no sentido de encontrar alternativas. “O que me parece um grande gargalo é conseguir fazer com que as pessoas, os consumidores, possam aderir às campanhas de descarte consciente.” Ela dá exemplos de fabricantes que usam plástico de impressoras velhas para fabricar novas, de prefeituras que fazem campanhas de descarte, mas a adesão poderia ser muito maior. Na visão de Fernanda, a mudança na sociedade precisa mais ser consistente. Hoje, o Brasil recicla 99% das latinhas de alumínio. Em contrapartida, não chega a 2% o volume de plástico reciclado. No ambiente, é um dos materiais mais poluentes, podendo demorar mais 400 anos para se decompor. Das garrafas pet, o aproveitamento é das tampas, por conta do valor pago aos catadores.

O consumo também deve ser repensado. “O que estou comprando é realmente necessário? Nas doações no período da enchente chegaram peças de roupa com etiquetas, compraram e não usaram, então não eram necessárias. Isso é assustador!” Fernanda

Nas duas últimas décadas, se tornou urgente a necessidade de pensar num processo de economia circular – a ideia é pensar que somos um só processo, fechado. Há produção de bens, mas

A prática veio antes mesmo de

surgir o conceito

Na família Herrmann, antes mesmo de existir o conceito, a economia circular já era praticada. As roupas passavam de irmã para irmã. “Em toda a minha infância, acho que recebi dez brinquedos prontos, os demais eram criados. Retalhos de costura viravam bonecas de pano, lembra a empresária e consultora de imagem, Patrícia Herrmann. O empreendedorismo também passou por gerações. A mãe, Ilse, queria ter o próprio negócio e manter a família, filhos, próximos dela. Tornou-se costureira. Uma das filhas, viu ali a oportunidade de abrir uma loja, a Paty’s Modas, em Cruzeiro do Sul. Em 2017, já com sede em Santa Clara do Sul, a Paty’s recebeu o prêmio nacional de Gestão de Micro e Pequenas Empresas, do Sebrae. Sonho

O sonho de Patrícia era morar na Alemanha, mas foi quando estava na Antuérpia (Bélgica) que ela teve o primeiro contato com o conceito economia circular. Em 2018, voltou a Santa Clara e assumiu a loja com novas propostas. Na bagagem, trouxe um novo olhar ao meio ambiente e à forma de comércio.

“Existia muito descarte”

Viver Cidades - Como começou a introduzir novos conceitos em seu negócio?

Patrícia Herrmann - Quando passei a atuar como consultora de imagem e fazer este trabalho de detox de guarda-roupa, organização, descarte, eu tinha o indicador que 80% das peças do guarda-roupa feminino não eram usadas. Existia muito descarte. Ficava diante de peças boas e não tinha a solução de destino. Teve dois casos emblemáticos: tirei 18 sacos de dentro do guarda-roupa de uma cliente; e outra era plus size, tinha feito cirurgia bariátrica e perdido peso muito rápido - não tinha o que vestir. Ela tinha guarda-roupa lotado de peças que não serviam mais. Ali me deu um insight de criar algo que oportunizasse uma nova história para aquelas peças.

Qual foi a sua ideia?

Como funciona o projeto novo varejo?

A fórmula do novo varejo surgiu de várias necessidades do setor. O varejista, muitas vezes, tem dificuldade de ter fluxo de caixa, tem excesso de estoque, enfrenta o desafio de trazer novos clientes. Além disso, os consumidores exigem das empresas uma contrapartida no sentido de responsabilidade social e ambiental.

circular e sustentável como nicho de mercado. Se olharmos as previsões e os indicadores dos segmentos que mais vão crescer está a economia circular, ainda bem!

Quais os seus propósitos daqui para frente?

Tinha pouco tempo para participar efetivamente de entidades beneficentes. Então, decidi conciliar o meu trabalho, ajudar as pessoas e fazer a diferença não só no sentido ambiental, mas também na parte social. Assim surgiu o Bazar do Bem, 100% conceito circular. As peças que já tinham uma história passaram a ter mais uma. E o preço mais em conta faz a diferença na vida de outras pessoas.

As pessoas, as famílias consomem de maneira excessiva objetos de decoração, brinquedos, livros, etc. Estes itens podem ser o estoque do varejo. Ao levar na loja, o cliente recebe créditos. E depois retorna para adquirir outros produtos. O comerciante se capitaliza e pode ter uma projeção de venda. A empresa cumpre seu papel social e ambiental. Implantei a metodologia no meu negócio, depois compartilhei com colegas lojistas e também com outros segmentos. Assim surgiu a fórmula que está rodando em vários varejos da região.

A castástrofe provocada pela enchente te motiva buscar meios de fortalecer a economia circular, a sustentabilidade?

Estamos falando em catástrofe ambiental, mas as pessoas acham que é azar ou outras razões... Vivemos voltados ao consumo excessivo. Por conta disso, provocamos mudanças e alterarmos o sistema. E estamos

“Decidi conciliar o meu trabalho, ajudar as pessoas e fazer a diferença não só no sentido ambiental, mas também na parte social. Assim surgiu o Bazar do Bem.”

O que começou como Paty’s Moda, em Picada Augusta, Cruzeiro do Sul, hoje se transformou na Casa Paty´s, onde existe a jornada completa. A mulher entra nesta jornada por meio do autoconhecimento, afinal temos consultoria de imagem e sou pós-graduada em psicologia do vestir. A ideia é que a pessoa se conheça, passe a ter consciência e quando ela for para o seu guarda-roupa fazer descartes, ela tenha um lugar que é o Bazar do Bem, onde ela ajuda entidades. Isso gera créditos, para que daí sim ela possa adquirir itens que a represente. Hoje funciona, dá certo, sou super realizada, porém é um trabalho de formiguinha, embora já tenha feito este trabalho com mais de 7 mil mulheres. Então, o meu propósito é disseminar isso aos quatro ventos, fazer com que, de fato, a gente possa ter um novo varejo, com mais significado.

Da vez outra vez

O próprio nome diz muito sobre o negócio: Davez. A loja física, na rua Pinheiro Machado, em Lajeado, nasceu com a proposta de desmistificar a compra e a venda de roupas de segunda mão, os antigos brechós. E também dar a cada peça a chance de entrar na moda outra vez.

A design de Moda e gerente da Davez, Fiorella Bucheli, conta que durante a pandemia eram feitos bazares ao ar livre em vários pontos da cidade. A aceitação foi boa e percebeu-se a oportunidade de criar uma loja física no conceito moda circular. “Desta forma, poderíamos oferecer mais conforto, com provadores, espelhos e expositores.”

Da rede de Lojas Dullius, a Davez aprimorou seu sistema. A loja cadastra os fornecedores – pessoas que têm peças disponíveis. Todas as roupas passam por curadoria – estado, marca, modelagem, entre outros itens – e são higienizadas. Um relatório é enviado ao fornecedor, com o preço sugerido. Entrando em acordo, às peças são colocadas à venda, e o antigo

dono recebe um bônus de compra na Loja Dullius. Fiorella destaca que peças que não estão de acordo com o perfil da Davez são sugeridas ao fornecedor que sejam encaminhadas à doação. A própria loja se encarrega de entregar para entidades beneficentes.

As peças à venda na Davez têm valores acessíveis, ressalta Fiorella. Na loja, os consumidores recebem sugestões para montar looks, orientações sobre combinações de cores e modelos, respeitando o estilo de cada um. Para Fiorella, o sistema da Davez apresenta ao cliente uma nova forma de consumo, mais consciente. E complementa: “Garimpar é uma arte. Na moda, não existe certo e errado.”

Para quem fornece as roupas, calçados e acessórios é uma maneira de liberar energia parada, contribuir para economia circular e para o meio ambiente. “Se não usa mais, evite descartar, prolongue a vida útil das peças. Seja sustentável, não existe planeta B.”

Patrícia Herrmann

Piora o nível de contaminação da água por esgoto

Em novembro de 2023, das 16 amostras, cinco estavam acima do limite da pior classe para coliformes termotolerantes. Na análise de abril deste ano, são 12.

O que representa cada parâmetro

Oxigênio dissolvido na água (OD): Representa a concentração de oxigênio na água. É imprescindível para preservação da vida aquática. Concentrações muito baixas comprometem a sobrevivência de peixes e outras espécies. A baixa concentração de OD indica contaminação por esgoto (poluição orgânica).

Coliformes termotolerantes: São bactérias encontradas no aparelho digestivo de animais de sangue quente e são indicadores de poluição por esgoto doméstico. A bactéria Escherichia coli (E. coli) é a principal representante deste grupo e é o melhor indicador da contaminação da água por fezes.

Fósforo:

É um parâmetro importante para os processos biológicos. Em excesso, pode causar eutrofização da água. A eutrofização de um corpo de água resulta no crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas que, quando mortas, são decompostas por bactérias que consomem o oxigênio da água, tornando-o indisponível para outras espécies. O fósforo está presente nos esgotos domésticos, devido à presença de detergentes superfosfatados e matéria fecal. A drenagem provocada pelas chuvas em áreas agrícolas (dejetos de animais e uso inadequado de fertilizantes) e urbanas também contribuem para contaminação dos cursos d’água. Os efluentes industriais também são fontes relevantes de fósforo.

Demanda bioquímica de oxigênio (DBO):

Representa a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica, ou seja, oxigênio dissolvido na água que foi consumido por bactérias e outros micro-organismos nos processos de degradação da matéria orgânica. Valores altos de DBO indicam o lançamento de carga orgânica, principalmente esgoto doméstico, e também efluentes industriais.

Nitrogênio amoniacal:

A principal procedência é oriunda de esgotos sanitários, os quais lançam nitrogênio orgânico (presença de proteínas) e amoniacal (por meio da quebra de partículas da ureia). Também provém de indústrias químicas.

Das 16 amostras de água analisadas na quinta etapa do monitoramento, 12 estão acima do limite da pior classe no parâmetro coliformes termotolerantes. As análises para apurar a qualidade da água de rios e arroios da região são uma iniciativa do Grupo A Hora, por meio do projeto Viver Cidades. Para tanto, o Grupo contrata os serviços do Laboratório Unianálises. Os laudos são emitidos e interpretados pelo biólogo Cristiano Steffens.

Conforme Steffens, é possível observar o predomínio das classes 1, 2 e 3 nos resultados do parâmetro Coliformes termotolerantes nas etapas de 2022 e 2023. Já na amostragem de 2024, inverte-se o quadro, 12 pontos com resultado acima do limite da pior classe.

Também se constata que o Arroio Lambari, em Encantado, segue com os piores resultados nesse parâmetro. Todas as amostras estão acima do limite da pior classe, ou seja, mais que 3.200 coliformes por 100 mililitros de água. Nas últimas três coletas, apresentou 160.000/100ml – 50 vezes o limite da pior classe.

Na Demanda Bioquímica de Oxigênio, os resultados têm se mantido. A maioria dos pontos permanece na classe 1 (a melhor). O ponto crítico é o Arroio Encantado, no Parque Professor Theobaldo Dick, em Lajeado. Os resultados oscilam entre classe 4 (a pior) e acima do seu limite. Os resultados para parâmetro Fósforo total têm apresentado alguma melhora a cada ciclo de análise. No

Índices apontam grande carga orgânica (esgoto) no Arroio Encantado, no Parque Professor Theobaldo Dick, em Lajeado

último, em abril, seis pontos na classe 1 (a melhor), seis, na 3, e quatro acima do limite na pior classe. Nas amostragens anteriores, os índices ficam entre a classe 3 e acima do limite da pior classe.

No parâmetro Nitrogênio amoniacal, das 16 amostras, 15 estão classificadas na classe 1 e um ponto na classe 3.

A maioria dos testes para Oxigênio Dissolvido apresentaram classe 1. Três pontos ficaram na classe 2, um local, na 3, e um na classe 4 (Arroio Encantado, no Parque dos Dick). Nas duas rodadas anteriores, havia ficado acima do limite da pior classe.

Calendário de coletas

Neste ciclo, a coleta de água ocorreu em 16 pontos durante o mês de abril. Em decorrência da enchente no início de maio, não foi possível coletar nos outros dez locais que fazem parte do projeto Viver Cidades, do Grupo A Hora.

Para fins de comparação entre as análises, é necessário que rios e arroios apresentem características semelhantes como, por exemplo, o volume de água. Com nível mais baixo, a concentração de bactérias, como a e-coli, estará mais alta. O contrário acontece quando o volume de água estiver muito alto.

O monitoramento começou em março de 2022. A cada semestre há uma rodada de coleta e análise. A que está sendo divulgada nesta edição faz parte do quinto ciclo.

Coliformes

NMP/100ml menor ou igual a 160 menor ou igual a 800 menor ou igual a 3200 maior que 3200

- Padrões para o parâmetro E.coli conforme resolução do Conama

Rio Taquari

Rio Forqueta

Arroios

Arroio Jacaré, Encantado

Arroio Lambari, Encantado

Arroio da Seca - Colinas/Imigrante

Arroio Grande - Arroio do Meio

Arroio Forquetinha - Vila Stork

Arroio Encantado - Parque dos Dick - Lajeado

Arroio Sampaio - encontro com Rio Taquari - Cruzeiro do Sul

Arroio Posses -

LUCIANE FERREIRA
Unidade Classe 1 Classe 2 Classe 3 Acima do limite da pior classe

Reconstrução envolve o social, o econômico e o meio ambiente

Integrantes do Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari se disponibilizam a orientar e discutir ações e projetos para minimizar impactos de enchentes

Quando começou a formação do Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari, depois das enchentes de setembro e novembro de 2023, seus integrantes não previam outro desastre climático de grandes proporções. Em maio de 2024, a região é devastada: mortes, destruição nas áreas urbanas e rurais e um grande impacto ambiental. Motivos de sobra para fortalecer o movimento e arregaçar as mangas. “Não podemos ficar parados ou cada um tentar agir sozinho. Precisamos nos unir, senão as coisas não acontecem”, destaca a professora doutora Elisete Maria de Freitas, coordenadora o Laboratório de Botânica da Universidade do Vale do Taquari – Univates e integrante do movimento.

Em 2023, depois da enchente de setembro, um grupo de profissionais vinculados ao Laboratório planejou dois eventos sobre mata ciliar. Em novembro e dezembro, nas cidades de Encantado e Lajeado, respectivamente. “Na data de novembro, veio outra enchente e não pôde ser realizado. Só fizemos em Lajeado em dezembro”, recorda Elisete. No final do evento, começou uma roda de conversa para levantar as demandas do Vale. “Criamos grupo no whatsapp e fomos abastecendo de informações para o evento da mata ciliar, que só ocorreu em 26 abril em Lajeado” No encontro, foi lida a primeira proposta, e outras pessoas foram convidadas a participar

Passos importantes:

- Em 24 de maio, o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari divulga a Carta Aberta, documento que aponta ações imprescindíveis, em nível estadual e federal, abrangendo a Bacia Hidrográfica do rio TaquariAntas e outras.

- A Univates apoia oficialmente o movimento.

- A carta é entregue ao presidente Lula, dia 6 de junho, durante visita a cidades atingidas.

- Administração Municipal de Venâncio Aires aciona o grupo para compartilhar os impactos das cheias e ver possibilidades de encaminhamentos.

Acompanhe no Instagram: @movimento_promatas

do movimento. “Uma semana depois teve este evento climático.”

Motivação

O grupo está motivado a agir no coletivo. Outros setores se unem para recuperar a economia, o social. “Como movimento, queremos que o Ministério do Meio Ambiente esteja aqui como o MAPA (Agricultura e Pecuária), que está se mobilizando,” afirma Elisete. “Não tem como mobilizar o social e o econômico e esquecer o meio ambiente”, completa Patrícia Aguiar, bióloga, presidente do Conselho de Defesa do Meio Ambiente de Arroio do Meio.

Trabalho é voluntário

Patrícia explica que o movimento conta com a participação de profissionais e especialistas em diversas áreas do setor ambiental, além de simpatizantes da causa. Já são 135 integrantes. “Somos uma espécie de assessoria, de consultoria, e queremos participar da tomada de decisões, porque envolve muitas questões técnicas.” Na opinião da bióloga, muitas vezes não se faz um planejamento adequado, não se explora todas as possibilidades. Restaurar o meio ambiente envolve muitas coisas, desde a escolha de espécies, a obra mais adequada. “Queremos sentar, discutir e propor alternativas. Participar do processo de construção, de forma voluntária”, acrescenta Elisete.

Na prática

Administrações municipais, governo estadual, autarquias e concessionárias têm obrigação de planejar e executar obras - cada uma dentro da respectiva legislação e área de atuação. Entretanto, o Movimento Pró-Matas Ciliares quer colaborar disponibilizando a expertise de cada integrante. “Escutamos um ministro dizer: vamos construir um parque,

Elisete Freitas fazem parte do movimento

onde é o Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul. Nós queremos participar deste planejamento. Querem fazer pista de caminhada. É viável? Vão impermeabilizar o solo?”, exemplifica Elisete. “Se quiserem dragar o rio, será com base em que? Podemos discutir estas alternativas, propor medidas.” O Movimento quer auxiliar para que não hajam repetições de erros, que se busquem novas tecnologias, materiais adequados e, sobretudo, que não tenha outra enchente com perdas de pessoas, de patrimônio e da natureza.

Educação ambiental

Desde a enchente de setembro de 2023, conforme a professora Elisete Freitas, a dificuldade de conseguir mudar as coisas, de agir incomoda os integrantes do “Não é só adoção de medidas que vai conter processos erosivos, por exemplo, mas a mudança na maneira de pensar das pessoas.” Para a acadêmica Stefani Fontanive, é necessário levar conhecimento às pessoas para derrubar alguns mitos. “Muitas acreditam que as árvores destruíram as barrancas dos rios, mas não foram. “Como estavam as barrancas, os terrenos próximos das margens? A mata nativa não destrói, ao contrário, protege. Os eucaliptos destroem.”

Conforme Mathias Hofstätler, acadêmico e integrante do Laboratório de Botânica da Univates, educação ambiental é importante, porque possibilidade gerar e formar cidadãos conscientes. “Não é só as crianças que devem receber educação ambiental, também os adultos e as famílias.”

Depois da sequência de desastres climáticos, mata ciliar inexiste às margens do Taquari
Patrícia Aguiar, Mathias Hofstätler, Stefani Fontanive e
LUCIANE ESCHBERGER FERREIRA

Em meio à enchente, escassez de água potável acende alerta

No hospital, que fica em área mais alta da cidade, não entrou água. Entretanto, o atendimento seria inviabilizado por falta de água potável

Recurso natural foi uma das demandas mais urgentes nos primeiros dias após o desastre ambiental de maio. Tratar para reuso se mostrou uma solução vital

Afalta de água potável foi dos problemas graves enfrentados pela comunidade do Vale do Taquari na enchente de maio deste ano. Poços e pontos de captação ficaram sem energia elétrica para retirar e distribuir água. Torneiras secas nas casas, nas indústrias, no comércio, em hospitais. Enquanto a chuva caía em grandes volumes, não havia água para beber, para socorrer as pessoas. A situação acende um alerta sobre a importância da reservação e

alternativas de tratamento.

A startup Reseta Reuse Technology, incubada na Universidade de Passo Fundo, mostrou ao Vale do Taquari que há tecnologia disponível para torna-la potável. Engenheiro ambiental e sócio da Reseta, Augusto Hemkemeier saiu de Passo Fundo para dar auxílio em Muçum. O poço artesiano do hospital da cidade estava com a água turva. Na qualidade em que se encontrava, era possível o uso somente para descarga nos banheiros e alguns tipos de limpeza. Pacientes e funcionários não poderiam bebê-la. O equipamento, utilizado pela primeira vez em Muçum, tem uma membrana que atua na filtragem da água, antes que ela chegue à caixa d’água. Devido à situação de emergência provocada pela enchente, o hospital recebeu o serviço Reseta Reuse Technology e parceiros, a custo zero.

Entrada da água suja na caixa d’água da direita e saída limpa, à esquerda, depois do processo de filtragem

“Tecnologia a serviço do planeta”

Viver Cidades - A Reseta - Reuse Technology foi criada quando?

Augusto Hemkemeier. -A Reseta, apesar de ser idealizada desde 2019 em parcerias internacionais com outras universidades, foi criada, oficialmente, em 2021.

Quais foram os desafios iniciais?

Estruturar tecnicamente o time para gestão e engenharia dos projetos, bem como o melhor entendimento do funcionamento de uma startup e do mercado. Por este motivo nos incumbamos no parque científico e tecnológico da Universidade de Passo Fundo.

Por que trabalhar com reuso de água?

A água é, de longe, o nosso recurso mais valioso, não vivemos sem ela. Enxergamos cada vez mais a escassez desse recurso no planeta, é mais do que evidente a necessidade de sistemas para reaproveitamento que seja de fácil operação e que garanta a qualidade necessária para o seu uso. Além disso, a água se encaixa com a experiência técnica dos sócios, muito associada a propósitos pessoais de cuidado com o meio ambiente.

Quais são as principais atividades/ demandas da Reseta?

Hoje, a Reseta executa todas as etapas de um projeto. Realizamos a concepção do projeto, validamos a hipótese de sistema e qualidade para o uso da água e fazemos o dimensionamento do sistema. Utilizamos membranas de nano filtração e osmose reversa, construímos o equipamento junto a parceiros, realizamos o start e entrega do equipamento e podemos atuar na manutenção destes sistemas.

O que moveu a equipe a viajar a Muçum e ajudar as pessoas a ter água potável?

Sendo uma empresa nascida e fundada no Rio Grande do Sul, foi natural a sensibilização com a situação do estado. Sabíamos que a tecnologia a qual nós usamos seria útil para muitas pessoas. Trabalhamos com a ideia de ter uma tecnologia a serviço do planeta. A partir dessa premissa, fomos em busca de lugares os quais poderíamos fazer a diferença e causar um impacto positivo para a sociedade. Como somos de Passo Fundo, o acesso facilitou que a região de Muçum e Roca

Augusto

Hemkemeier

Engenheiro ambiental e sócio da Reseta Reuse Tecnology e da Efluente

Sales fosse escolhida.. Ao analisar a situação, buscamos parceiros para auxiliar na doação de estrutura hidráulica (caixa d’água e mangueiras) para montar um sistema adequado. A Rede ConstruUtil nos

Você e integrantes do time Reseta já tinham atuado em cenários como o que se apresentou nesta enchente? Nunca tínhamos atuado em cenários de eventos extremos como esse que o estado passou. Agora, já estamos prevendo unidades móveis para poder auxiliar em eventos futuros.

Existem linhas de crédito específicas para instalação e geração de energia solar, por exemplo. Agricultores, empresas, pessoas físicas podem usufruir deste dinheiro e gerar energia limpa e renovável. Existem financiamentos específicos para reuso da água? Não existem. Não temos linhas de crédito de incentivo ao reaproveitamento de água. Em algumas situações, é possível se enquadrar no IPTU verde e obter algum desconto.

Mas seria importante, tanto aos negócios, que poderiam economizar, quanto ao meio ambiente, certo?

Exatamente. Hospitais, prefeituras, escolas e empresas poderiam captar a água da chuva, tratá-la e reutilizá-la, sem riscos à saúde e com garantia de volume, diminuindo a pressão hídrica da bacia/cidade/Corsan, por exemplo. Alternativas sustentáveis geram impactos positivos na educação ambiental e afins.

Costumamos dizer que a água é o nosso bem mais precioso. Como você vê o cuidado, ou falta de cuidado, e o uso da água?

Vejo que no nosso estado ainda existe uma crença popular de que temos água em abundância, que não irá faltar, o que prejudica o olhar mais carinhoso com o reaproveitamento. Eventos climáticos de seca ou chuva extrema, aos poucos, mudam essa cultura em nosso país, mas ainda estamos atrasados em relação ao mundo por não termos uma legislação vigente que valide ou não o reuso doméstico e industrial para que facilite e motive a instalação desses sistemas.

DIVULGAÇÃO

EU SOU

“Um dos desafios é manter a produção de alimentos frente às questões climáticas”

A cada edição, o Viver Cidades apresenta uma profissão voltada ao meio ambiente. São histórias inspiradoras de quem faz do trabalho o cuidado com o meio ambiente.

Nome: Andréia Binz Tonin Idade: 37 anos

Qual a sua formação?

Graduação em Engenharia Agronômica (2009), pela UFRGS; e Pós-graduação em Bases Ecológicas para a Gestão Ambiental (2011), pela Univates.

Quais outras formações você fez neste período? Durante todo período de graduação fui bolsista de iniciação científica no Laboratório de Biologia do Solo, participei de congressos e outros eventos técnicos. Fiz estágio curricular na Emater/RS-Ascar de São Gabriel, o que proporcionou a vivência da extensão rural. Cursei pós-graduação em nível de especialização em Bases Ecológicas para a Gestão Ambiental com ênfase em Licenciamento Ambiental, na Univates.

Por que você escolheu cursar Engenharia Agronômica?

Sou filha de agricultores familiares do município de Ronda Alta. Desde criança, vivenciei a rotina na agropecuária, ajudando meus pais nas atividades agrícolas desenvolvidas na propriedade. Sempre gostei muito de estudar e desejava me qualificar para compreender o porquê de muitas práticas agrícolas que minha família desenvolvia, bem como poder assessorar e implementar melhorias na propriedade. Além disso, sempre fui apaixonada pela natureza e pela biologia, e percebi que realizando o curso de engenharia agronômica poderia contribuir com a produção de alimentos mais saudáveis, preservando a natureza e garantindo saúde na mesa do consumidor.

Quais outras áreas que você já atuou?

Já atuei na área de licenciamento ambiental e extensão rural.

Em qual área você trabalha atualmente?

Atualmente, trabalho como extensionista rural na Emater/RS-Ascar, no município de Lajeado. Também atuo pela Emater como instrutora no Centro de Treinamento de Agricultores

de Teutônia, no curso de produção de morango em substrato sem resíduo de agrotóxico.

Quais os desafios da profissão?

da água e dos recursos naturais, usos mais eficientes dos fatores de produção, com posicionamento mais adequado dos insumos relacionados aos sistemas de cultivo/criação, considerando a capacidade de uso do solo, a aptidão agrícola das terras, a agroecologia, e agregando cada vez mais tecnologias relacionadas à microbiologia do solo.

Avanços nas áreas de bioinsumos já possibilitam a utilização de práticas mais sustentáveis na produção de alimentos, principalmente no manejo de pragas e doenças.

Outra área promissora é o geoprocessamento para coleta e análise de dados sobre a produção agrícola, possibilitando o planejamento eficiente para aumento de produtividade de forma mais sustentável.

E também aspectos relacionados à armazenagem de grãos nas propriedades, reduzindo custos com logística de transporte, preservando a qualidade dos grãos e agregando valor ao produto. Além disso, essa tecnologia aumenta a autonomia dos agricultores e diminui os riscos do mercado, pois possibilita a escolha do melhor momento para a comercialização.

Como os engenheiros agrônomos podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade?

Prestando assistência técnica na

produção de alimentos, utilizando práticas agrícolas sustentáveis que não agridam a natureza, que possibilitem a segurança e a saúde de quem produz e garantindo um alimento seguro para o consumidor. Além disso, contribuir com o manejo e conservação do solo e da água visando a produção de alimentos sem a degradação dos recursos naturais, sem contaminação do meio ambiente, garantindo sua sustentabilidade a longo prazo. Estamos vivenciando eventos climáticos, como estiagem, excesso de chuvas e enchentes, que afetam diretamente a produção de alimentos. Desta forma, precisamos construir alternativas tecnológicas de resiliência da agricultura visando à manutenção de renda dos agricultores e garantia da produção de alimentos em quantidade e qualidade para a sociedade.

Garantir produtividade e sustentabilidade, mantendo o equilíbrio entre a produção de alimentos e a preservação ambiental, com a conservação dos recursos naturais e a redução dos impactos ambientais. Outro desafio é manter a produção de alimentos frente às questões climáticas, garantindo renda para as famílias envolvidas e a segurança alimentar.

E quais os desafios da profissional Andréia?

Dispor de tempo para estar sempre me atualizando, pois as mudanças tecnológicas são constantes e exigem qualificação continuada. Hoje, os agricultores têm acesso às informações diariamente pela internet, o que aumenta a exigência de atualização técnica constante. Outro desafio é conciliar trabalho e família sem estresse.

Sou filha de agricultores familiares do município de Ronda Alta. Desde criança, vivenciei a rotina na agropecuária, ajudando meus pais nas atividades agrícolas.”

Quais áreas da Engenharia Agronômica você considera promissoras profissionalmente? Manejo e conservação do solo,

Jovens focam na preservação por meio do projeto

Contrafluxo

Componente curricular Estúdio, no Colégio Gustavo Adolfo, propõe pesquisa, investigação, análise de comportamento e criação

Contrafluxo: movimentação contínua que se opõe ou vai no sentido oposto ao de outra; contracorrente. Nesta levada conceitual vem a proposta de trabalho do Estúdio - componente curricular que abrange várias áreas do conhecimento. No Colégio Gustavo Adolfo, estudantes no 1º ano do Ensino Médio, assim como seus mestres, mergulharam no desafio de pensar o meio ambiente, no sentido de preservação, de cuidado.

Diversos professores de áreas diferentes interferem no Estúdio. O atravessamento é constante, diz o professor Pablo Capalonga. “E enriquece, porque quase todos os trabalhos são resultantes de projetos interdisciplinares, nos quais os estudantes trabalham em grupo, para promover a proatividade e o espírito coletivo.”

O projeto Contrafluxo indica o movimento contrário ao que a sociedade vem fazendo, como usar materiais sem pensar, fazer muito descarte, consumir de forma desenfreada, não olhar para o meio ambiente. É olhar tudo isso de uma forma contrária ao fluxo natural que a sociedade caminha.

O trabalho abrange as áreas de Linguagens e Ciências da Natureza, Humanas e Exatas. Professores e estudantes trabalham juntos na pesquisa, na escrita – para produção de um artigo científico -, na matemática, com cálculos de logística e de quanta água é usada na produção de jeans, por exemplo. Investigam os impactos causados no dia a dia, dentro da escola, em casa. Os professores acreditam que estes estudos fazem os estudantes pensarem e se sensibilizarem. Quando se sensibilizam, passam a olhar o meio ambiente de forma mais responsável, a buscar soluções para minimizar impactos.

Mostra de arte é um dos resultados

Conforme Capalonga, o grupo estudou sobre arte sustentável, “que é uma linha

de arte contemporânea, na qual os artistas fazem uso criativo e inusitado de materiais que poderiam ser descartados e que estão no meio ambiente”. O trabalho envolveu investigação sobre artistas japoneses, americanos, da América Latina. Como trabalham com grandes materiais, como peças de sucata de ferro, com recortes de pneu. “Descobriram como estes materiais podem ser potencializados.”

Com olhar voltado ao local, investigaram a realidade de cada um e o que poderiam fazer. “Após uma pesquisa criativa dos materiais que eles têm acesso, fizemos um estudo preliminar e os alunos começaram as composições próprias de obra de arte contemporânea.” Capalonga destaca que nas criações foram usados materiais recicláveis. O resultado foi uma exposição no saguão do prédio 1 da Univates.

Mudanças

Os professores contam que percebem nos estudantes a simpatia, a sensibilidade e envolvimento perante o tema ambiental. Não só são sensíveis à causa, como põem em prática.

Equipe de professores no Contrafluxo

Pablo Capalonga - Linguagens

Janine Müller Schneider –Linguagens

Willian Hoppe – Ciências Humanas

Ana Cristina Petry Markmann –Ciências Exatas

Cristine Brawers –Ciências da Natureza

Fabiane König –Ciências da Natureza

"A sustentabilidade faz parte do nosso DNA" Case ESG

100% do vapor gerado a partir de biomassa

Conheça o propósito inicial, na fundação da empresa há mais de 30 anos, a evolução e a aplicação do conceito ESG

Há mais de três décadas, o Grupo Fasa iniciou suas operações, em Cruzeiro do Sul, com o propósito de disponibilizar um serviço, até então inexistente, para destinação adequada dos resíduos sólidos gerados em matadouros, frigo-

ríficos, açougues e mercados. Hoje, a empresa tem como compromisso fornecer um local de trabalho seguro e saudável para os funcionários e em limitar o impacto das operações no meio ambiente. Para tanto, esforça-se para melhorar seus programas, práticas, serviços e produtos. “Este compromisso é do melhor interesse de nossos funcionários, clientes, fornecedores, acionistas e das comunidades nas quais operamos”, destaca Rodrigo Mollardi Alves, gerente corporativo de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Alves ressalta que a empresa está comprometida em buscar a excelência ambiental. Como base dessa estrutura todas as informações/Relatório Am-

biental, Social e de Governança (ESG) são disponibilizadas para clientes e fornecedores, anualmente. A gerência executiva e o Conselho de Administração da FASA se dedicam a gerar um ambiente seguro e saudável aos seus funcionários, trabalham diariamente para melhorar as questões ambientais e assim reduzir os impactos ambientais das nossas operações, observa Alves.

“Nossa política e padrões globais de EHS (Meio Ambiente, Saúde e Segurança) são revisados pela alta gerência regularmente para garantir que sejam adequados e sustentáveis para nossos negócios, desta o gerente. “A sustentabilidade faz parte do nosso DNA”

entrevista

Viver Cidades - Embora o negócio da Fasa já seja um serviço ambiental, quais outras ações são realizadas visando o cuidado com o meio ambiente dentro do espaço fabril?

Alves - Há um trabalho educativo dentro da empresa que visa desenvolver a nossa força de trabalho quanto à adoção de práticas mais sustentáveis dentro da produção. São ações e treinamentos que visam reduzir o consumo de água, o desperdício de produtos químicos, redução do volume e a carga orgânica dos efluentes a tratar. Estamos diariamente buscando novas tecnologias e ações sustentáveis nas nossas operações para que sejamos cada vez mais eficientes.

Poderia citar algumas ações em benefício da comunidade local?

Trabalhamos em prol da comunidade em vários aspectos. Contribuímos para a reforma do hospital de Cruzeiro do Sul e com projetos para o Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba/PR (maior hospital pediátrico do Brasil), investimos na ampliação e manutenção da Sociedade de Assistência à Criança e ao Adolescente (SLAN), além da doação computadores para a entidade. Também atuamos em iniciativas próesporte, como, por exemplo, o Projeto Adefil (Associação de Deficientes Físicos de Lajeado) e Lajeado Open de Tênis. Contribuímos para segurança pública, adquirindo uma nova viatura para a Polícia Militar do município e destinando recursos para PISEG (Secretaria de Segurança Pública do RS), além de toda a assistência à comunidade após as enchentes históricas do Vale do Taquari de 2023 e 2024. Mais do que angariar donativos

tecnologias e ações nossas operações para que sejamos cada vez mais eficientes.”

Rodrigo Mollardi Alves gerente corporativo de

e

e destinar à comunidade, auxiliamos na limpeza de ruas, fornecimento de água para limpeza de residências e mão de obra para auxiliar nos abrigos.

No que estão baseadas as ações de governança e quais os princípios?

Nosso propósito de Meio Ambiente, Saúde e Segurança (“EHS”) é parte integrante de nossas operações e sistemas de gestão de desempenho. Como princípio, criamos uma cultura positiva de saúde e segurança no local de trabalho. Trabalhamos diariamente para proteger o meio ambiente e minimizar os impactos ambientais. Estamos trabalhando forte na nossa cadeia de suprimentos e parceiros de negócios para alinhar os padrões EHS por meio de acordos de fornecimento e comunicação e  assim cumprir as leis e regulamentações de EHS.

Saúde, Segurança
Meio Ambiente
Resíduos destinados a compostagens próprias

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