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PERFORMANCE, brilho e glamour

Queen T M Crescido

Acelebração da diversidade no Vale ficará registrada na Parada Livre de 2023. O evento ocorre sábado, 17, às 15h, na Casa de Cultura de Lajeado, com expectativa de receber 5 mil pessoas. Além de shows, as performances de drag queens também fazem parte da programação. Das experientes às novatas, as artistas atraem e encantam o público, seja pela admiração ou pela curiosidade.

Shantara Williams, por exemplo, é uma artista nova. Fez sua primeira apresentação há pouco mais de um mês. Mesmo assim, seu intérprete, Thomas Peixoto, 28, sabia que ela existia desde a infância. O que faltava para lhe dar vida era uma boa oportunidade.

A primeira vez que Thomas se montou como uma drag queen foi para uma festa no Volúpia Bar e Espaço Cultural. E não demorou para que o convite para a Parada Livre de Santa Cruz do Sul surgisse.

“Quando eu me olhei no espelho e me vi montada pela primeira vez, eu disse ‘como tu é linda’. Trouxe todo o carisma e brilho que ela tem. Ela é hipnotizante. Tem um brilho próprio”, conta Thomas. A inspiração e referência estão em Vera Verão, Nany People e Márcia Pantera.

Liberdade

Para Thomas, exibir sua arte e contar com o apoio da família é um privilégio. Casado e pai de duas meninas, ele acredita que o melhor exemplo que pode deixar é a liberdade, sem medo dos julgamentos. “Quero que elas tenham a liberdade de se expressar, de se divertir. Acho que essa é uma das minhas maiores alegrias, elas me aceitarem”.

Nascido em Canoas, Thomas foi criado em Lajeado desde a infância e percebe que a arte drag é uma novidade na cidade. O amor e reconhecimento que recebe do público tem sido um incentivo para que ele siga aprendendo e se aperfeiçoando na arte.

ENTREVISTA | Eduardo Machado Dias, psicólogo e especialista em gênero e sexualidade

A parada livre é uma das mais fortes manifestações da diversidade na região. Qual a importância de eventos como esse?

Esse é um evento que ocorre à nível mundial, um marco que traz a luta pelos direitos e pelas vivências LGBTQIAPN+, por todo o processo histórico de repressão e violência que se constituiu. No Brasil, a gente tem o maior evento da América Latina, em São Paulo, e outros tantos que vão acontecendo ao longo deste mês ou do ano. Mas são datas de celebração do orgulho da comunidade, para que a gente possa mostrar a diversidade de uma forma plena. É um estalo de reivindicação de direitos, de existência, contra discursos LGBTfóbicos que visam o aniquilamento de subjetividades. É uma data que visa celebrar, mas também lutar e se marcar como um importante diferencial dentro desse contexto.

De alguns anos para cá, é percebido de forma mais intensa essa manifestação da comunidade LGBTQIAPN+.

A que se deve isso? Antes, essas vivências no interior acabavam sendo super marginalizadas ou nem apareciam. Agora temos mais acesso à informação. A gente fala abertamente sobre diversidade, se organiza melhor enquanto grupos. Tem uma possibilidade de articulação cada vez mais interessante. As pessoas estão conseguindo expressar isso a partir de toda a luta de pessoas LGBTQIAPN+. Apesar de ainda existir um movimento conservador extremamente grande, alguns direitos já conquistados não retrocedem mais.

A região ainda é conservadora no que se refere a esse tipo de manifestação cultural. De que forma você acha que é possível normalizar essa arte drag, por exemplo? A arte drag é uma expressão daquilo que a gente tem como estereótipo masculino ou feminino, então vai ser drag queen para o feminino ou drag king para o masculino. É utilizado justamente esse estereótipo e performidade de gênero e coloca eles de uma forma artística ou que potencialize esses estereótipos. Além do recurso lúdico, também é uma forma da gente fazer os discursos circularem ou acessar determinados públicos. A gente teve um crescimento de cantoras drags nos últimos tempos e isso se vinculou a maiores debates e discussões sobre o que é gênero, diversidade, o que é uma pessoa LGBTQIAPN+. Então a arte acaba sendo importante para circulação de discursos.

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