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glamour HISTÓRIA DA ARTE DRAG

500 a.C Século XVI

Na Grécia Antiga, somente homens podiam atuar. Com isso, as personagens eram vividas por homens vestidos como mulheres;

Papéis femininos escritos por Shakespeare eram interpretados, em geral, por adolescentes ou meninos vestidos de mulher;

Séculos XVIII e XIX

Na Inglaterra, já com mulheres presentes nos palcos, os homens seguiam se vestindo de mulher, agora, para sátiras. Maquiagem exagerada, vestimentas parodiando o estilo da alta sociedade e um humor afiado fizeram sucesso de crítica;

Menegildo, 28. Natural de Muçum, é cabeleireiro e maquiador há 10 anos. Pela região, muitos o conhecem por Adell Fame.

O gosto pela arte surgiu com as maquiagens e se intensificou após Adell assistir ao programa Drag Race. Além disso, teve inspirações de outras drags americanas. Entre elas, Miss Fame.

A expressão do feminino

Diferente de Shantara, que ainda encontra dificuldades para se maquiar sozinha, outras drags da cidade já tem essa habilidade, adquirida com os anos de experiência. É o caso de Jardel

“Meu nome foi criado do meu apelido “Del” e “Fame” da Miss Fame”, conta.

O figurino foi elaborado dentro do quarto e a peruca foi ganhada em um sorteio. Mas foi quando as portas do Volúpia se abriram para ela, que a carreira despontou. “Com a drag eu me senti mais amada, mais forte. Ser drag me tornou uma pessoa

Século XIX

Nos Estados Unidos, a primeira pessoa conhecida a se descrever como uma "drag queen" foi William Dorsey Swann, escravizado norte americano, que começou a hospedar bailes drag em Washington;

Século XX

Com a televisão, as drags personificaram as mulheres de forma glamurosa. Apesar do poder de representatividade, o avanço da AIDS prejudicou a comunidade e exacerbou o preconceito;

Anos 90

A arte passou a ser valorizada de novo, em especial, por Hollywood. O americano RuPaul surgiu como a drag queen superstar por meio do programa RuPaul's Drag Race;

Adell pela arte drag a fez ser embaixadora da Parada Livre de Lajeado no ano passado.

Descobertas

que leva o feminino além de tudo, como uma visão de força”. Por outro lado, Adell também enfrenta o preconceito.

“Muitos pensam que queremos ser mulheres ou que queremos roubar o lugar delas. Mas somos a expressão do feminino. Não queremos ser mulher, porque não nos sentimos assim, somos arte”. A dedicação de

Ao lado de Adell, Lohany Mitchel, 29, também foi embaixadora da Parada Livre em 2022. Mas a história dela começa antes e passa por uma adolescência conturbada. Foi quando viu despertar a sexualidade e, sem conhecimento sobre a comunidade LGBTQIAPN+, era alvo constante de bullying, por ser um adolescente afeminado.

“Eu não sabia e não tinha muito conhecimento sobre ser gay, só sabia que ser gay não era certo”, lembra. Ela conta que logo que assumiu sua sexualidade, teve problemas, primeiro, em casa.

O comunicado para a família foi feito por carta, pouco antes dela deixar o RS. “Eu coloquei meu pé no chão e falei que eu era assim e não tinha o que mudar. Foi aí que eles começaram a tentar mudar”. Com o passar dos anos, Lohany percebe que a preocupação dos pais era com a violência que ela poderia sofrer na rua.

Na mudança de vida e de estado, ela teve contato com a arte drag e o atelier de um amigo e artista com roupas e dezenas de perucas. “Quando eu entrei naquele lugar, pensei ‘gente, que coisa incrível essa arte’”.

Lohany acompanhou diversas performances, até o dia em que teve coragem de “se montar” para uma festa à fantasia

Anos 2000 de faculdade. Naquele momento, o medo acabou e ela começou a sair para as baladas como drag, para mostrar que a arte pode estar em todos os lugares.

As drags estão na TV, na música, nas festas e ganharam status de artistas pop.

Embaixadora

Neste ano, o maior evento de celebração da diversidade do Vale tem como embaixadora Shuri the Queen, de Anderson Rodrigo Farias, 28. Ele só descobriu o que é uma drag queen quando foi morar em São Paulo, mesmo já performando a feminilidade nas aulas de teatro.

Com o retorno a Lajeado, surgiu a ideia de expor suas opiniões nas redes sociais. No período, Anderson já utilizava a arte drag para se expressar. “Eu queria me ver representado, mas não encontrava uma figura, então me fiz a representação para que outros pudessem se identificar”, comenta.

Dos momentos mais marcantes até agora, está o dia em que a drag foi escolhida como embaixadora da Parada Livre. Ao lado de Shuri, estava Júlia Brito, uma mulher negra transexual. “Duas pessoas pretas, uma mulher trans e uma Drag. A base da pirâmide social são as embaixadoras da 3° Parada Livre de Lajeado”, comenta.

Para Anderson, essa é uma forma de enfrentar o preconceito que muitas pessoas da região têm com a comunidade LGBTQIAPN+.

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