AH - Você | 20 de fevereiro de 2016

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FIM DE SEMANA, 20 E 21 DE FEVEREIRO DE 2016 EDIÇÃO Nº 17

Contracorrente: escritores unem esforços para popularizar leitura


Eu curto urto

Inspire-se

Rugby

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rugby é conhecido por ser esporte de intenso c o n t a ntre seus to físico. Entre estão princípios, ismo, companheirismo, disciplina, apoio ncia. e persistência. Segundo Jônantos, tas dos Santos, ela, 34, de Estrela, o rugby é o esporte que mais cresce no Brasil. asil. Vice-presidente nte do Centauros tauros Rugby Clube, ube, ele conta que há grande reto por parte da conhecimento comunidade. “O esporte ser diferente é uma vantagem, tenção.” pois chama atenção.”

Por que pratica? Todo esporte é válido. Mas o rugby me encantou principalmente pelos seus princípios. Por ser esporte com alto contato físico, são responsáveis por manter o jogador centrado e respeitoso. Como dizem os ingleses, é um jogo de brutos jogado por cavalheiros.

de 0ºC com garoa. São ocasiões em que todo atleta é colocado à prova. Praticar rugby não se limita somente aos treinos três vezes por semana. Há ainda a academia, o cuidado com a alimentação e o estudo das regras. Até mesmo assistir aos jogos na televisão ajuda a melhorar o desempenho do atleta.

O que proporciona? O esporte, independente de qual seja, é fonte de desenvolvimento físico e mental. No rugby, os princípios como companheirismo, disciplina, apoio e persistência se destacam. Além disso, o clube que visito ao menos três dias por semana é local onde fiz amizades levadas para a vida toda.

Como iniciou a atividade? Comecei no segundo treino realizado em Estrela. Éramos cerca de dez pessoas. Um ex-atleta do antigo Novo Hamburgo Rugby Clube, agora morador de Estrela, nos apresentou o esporte. Aos poucos, mais pessoas se juntaram ao time. No início, treinávamos aos sábados e domingos, em campos improvisados. Eu não conhecia nada do esporte. Sequer tinha visto um jogo na televisão. Com o tempo, aprendemos juntos e nos envolvemos com esse esporte.

Como concilia com a rotina? Treinar esporte de alto rendimento, com competições permanentes durante o ano, não é fácil. Exige dedicação do atleta, compreensão da família e, principalmente, planejamento e força de vontade. Em noite de temperatura agradável durante a primavera, um treino físico de duas horas é tranquilo. Mas há noites

Aconselharia outras pessoas a praticar também? Por quê? Com certeza. O rugby é esporte para todas as idades e tipos físicos. Hoje, o Centauros tem desde a categoria infantil, com crianças de 8 anos, até as equipes adultas, com atletas de 40 anos. Também há equipes masculinas e femininas. Constantemente, procuramos novos atletas, gente que busque o mesmo que nós: o desenvolvimento do rugby no Vale do Taquari.

Jônatas dos Santos / Profissão: jornalista QUEM FEZ ESTA EDIÇÃO voce@jornalahora.inf.br

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Direção Editorial e Coordenação: Fernando Weiss - Produção: Tammy Moraes - Arte: Gianini Oliveira Tiragem: 7.000 exemplares. Disponível para verificação junto ao impressor (ZH Editora Jornalística) - Foto de capa: Anderson Lopes

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Cultura

Coluna

Enfermas Linhas de Fuga … calor do cão. Estou em Porto Alegre para algumas horas fantásticas nos sebos. Prazer de poucos. … sempre me pergunto por que em Lajeado ainda não tem um estabelecimento para compra e venda de livros usados. A jornalista Laura Peixoto me disse acreditar que nunca teve. Acho que não. Em Estrela, existe uma estante de meia dúzia de volumes na Livraria Armazém. E na Livraria do Estudante há um troca-troca intenso de edições antigas das séries Bianca, Júlia e Sabrina, os populares romances de banca, livretos que atraem interessados até de outros municípios. ... é um negócio duvidoso? Ainda mais quando, em 2013, uma das referências intelectuais para o futuro próximo, o filósofo francês Pierre Lévy, convidado a preço de ouro pela Univates para uma palestra, disse aos lajeadenses que o investimento na biblioteca do Centro Universitário era apostar no passado, porque o impresso estava ultrapassado. … controvérsias à parte, onde vão parar os livros lidos? Nas prateleiras? Doados para terceiros? No lixo? … ironicamente, Peter Dullius, nascido em Cruzeiro do Sul, está à frente do Beco dos Livros, a maior rede de sebos de Porto Alegre. Conversei com ele na passagem por um dos seus estabelecimentos na rua Riachuelo. … em um desses, na estante de literatura do Rio Grande do Sul, encontrei dois volumes de Enfermas Linhas de Fuga, título lançado, em 1997, por Francieli Spohr. … à época, a autora, nascida em Arroio do Meio, estava com 18 anos. E já revelava muito daquilo em que acredita hoje: “direito ao aborto”, “liberdade de expressão”, “[vontade de] incendiar uma fábrica de agrotóxicos”, “a favor do homossexualismo” (sic). … seus textos não são em prosa propriamente dita. Luiz Antônio de Assis Brasil, à apresentação, afirmou ser uma obra repleta de metáforas e ambiguidades. As mesmas características marcam alguns artistas amigos da escritora, entre eles, o escritor Ismael Caneppele e a fotógrafa Tuane Eggers. … eu sabia da existência do título de ouvir falar, nunca havia visto um. Graças à certa Magda, a quem Francieli concedeu um autógrafo, chegou a mim. Não bem assim, porque deixei a unidade com a dedicatória e peguei a outra, sem assinaturas... Na esperança de conseguir a minha. ... edições de alfarrabistas vêm com cargas de vida e são uma delícia. Experimentem.

por Jandiro Koch jandiro@jornalahora.inf.br

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AC/DC Cover RS realiza show para amantes do rock DIVULGAÇÃO

Com equipamento similar à banda original, os integrantes prometem energizar o público ao som de grandes clássicos

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este sábado, a banda AC/DC Cover RS, de Caxias do Sul, sobe ao palco do Galera’s Rock Bar, em Lajeado, e promete um tributo fiel. Considerada uma das melhores covers do AC/DC do país, é também a primeira do estado a homenagear o grupo. Para Anderson Tonolli, baterista e produtor, AC/DC deixou de ser banda e se tornou uma religião. “Nenhuma outra transmite tamanha energia.” A AC/DC Cover RS surgiu em 1999, inicialmente com somente um guitarrista e sem baterista. Foi quando Tonolli foi convidado a participar da empreitada. Hoje, é o único integrante da formação original. O grupo se tornou mais profissional, como define Tonolli, em 2009. “O novo vocalista deu outro ar aos shows, e eu comecei a administrar e produzir a banda.” Aos poucos, o grupo passou a ser melhor remunerado

por seu trabalho. Para Tonolli, a trajetória é parecida com a da própria AC/DC, com troca de vocalistas. “Foi grande mudança, mas o público se adaptou.” Manter a qualidade dos shows foi o diferencial da banda.

Longo caminho ao topo Equipamento, produção e musicalidade são destaques da AC/DC Cover RS, opina Tonolli. “Somos fiéis aos equipamentos e palco da banda original, dentro das proporções oferecidas a nós.” Os integrantes fizeram questão de tornar o palco um santuário em homenagem à banda. Estão presentes a famosa guitarra SG, modelo utilizado por Angus Youg, a guitarra modificada de Malcolm Young e o lendário modelo de baixo utilizado por Cliff Williams. Segundo Tonolli, a banda já passou por todo o RS e parte

de Santa Catarina. Neste ano, a agenda também conta com shows em São Paulo em junho e julho. A recepção do público é sempre boa, conta. “Há fãs de AC/ DC espalhados por todo o mundo. Aonde chegarmos, seremos bem recebidos.” Para o baterista, ser uma banda cover significa ter mais aceitação para realizar shows. Ao mesmo tempo, é comum ser malvisto por bandas autorais. Segundo Tonolli, o passo inicial para todas as bandas é começar com covers. “Afinal, grandes nomes da música também iniciaram assim, é universal.” Então, vai do profissional optar por se manter tocando covers ou se sentir confiante o suficiente para criar o próprio trabalho. “E isso é apenas o início da jornada.”


Caminhos

Descanso acima

das nuvens Pouso Novo tem boas opções de turismo ecológico e religioso. As planícies enco ob bertas por nu uve en ns no início das manhãs de in nverno chamam a atenção

ANDERSON LOPES

m lugar colonizado por italianos mostra toda sua exuberância nos dias frios, quando a cerração encobre as planícies. Em Pouso Novo, boas opções de turismo ecológico e religioso atraem os amantes das belezas naturais. As grutas, cascatas, trilhas ecológicas e prédios com admiráveis arquiteturas complementam o cenário. Assim como faziam os tropeiros no passado, o local é ótimo para descansar em meio à natureza e apreciar o Vale de seus mirantes. Para conhecer todo o potencial desse pequeno município, não é preciso mais de um dia. Conforme o Guia Vem, do jornal A Hora, nas manhãs de inverno, se for bem cedo, é possível avistar as planícies encobertas por nuvens formadas pela neblina na BR-386. Um dos principais pontos turísticos está bem sinalizado. Para quem vai de Lajeado, pela BR, no trevo do principal acesso ao cen-

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tro, é preciso virar à direita e seguir o caminho por 6,5 quilômetros. Com colunas naturais arredondadas e paredões cavernosos, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes mostra toda sua grandeza. Repleto de tocas e cavernas, o ambiente foi habitat de índios em tempos idos. É possível entrar na caverna e circular entre as fendas. Uma queda d’água completa o cenário. Ao fundo a influência humana: a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. O lugar tem espaço para camping com churrasqueiras e galpão coberto. Na localidade de Arroio do Leite, uma queda d’água livre, de 30 metros, é excelente para banho. Trata-se de uma grande cachoeira cercada por paredões cavernosos. A água límpida forma um poço, convidativo para o banho. Mas cuidado. Não há infraestrutura e poucos conhecem os buracos e pedras. Nada que impeça os cautelosos de desfrutarem desse legítimo lugar paradisíaco.

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DIVULGAÇÃO

Na cozinha

Receitas Suco Verde Detox - 1/2 folha de couve manteiga - 1 fatia de melão - 1 copo de suco de laranja sem açúcar - 1/2 limão (suco) - 1 colher de sobremesa de salsinha - 1/2 unidade média de pepino com casca

Modo de preparo Higienize os vegetais e bata todos os ingredientes no liquidificador até obter uma mistura homogênea. Sirva.

Suco detox: Saúde em cada gota A bebida refrescante ajuda a eliminar toxinas do organismo e facilita o processo de emagrecimento 6 | Você. |

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suco detox se tornou o queridinho do “mundo fitness” e se popularizou rapidamente. A bebida tem componentes que favorecem a limpeza do fígado, além de potencializar a eliminação de toxinas que sobrecarregam o organismo. Recebeu esse nome porque o fígado é o órgão mais importante no processo de desintoxi-

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cação. Ele transforma as toxinas captadas do ambiente (ar poluído, medicamentos, alimentos contaminados com agrotóxicos e aditivos alimentares) em substâncias eliminadas pela urina, fezes e bile. Segundo a nutricionista Alana Kolling, da Sabor Fit Polpas Funcionais, promover a limpeza do fígado facilita o processo de emagrecimento e de diurese. Os

ingredientes dos sucos podem variar de acordo com a preferência de cada um. Segundo a nutricionista, é importante destacar as folhas verdes (couve, espinafre, hortelã). Elas têm clorofila, facilitadora da “limpeza” no organismo. As frutas também são ingredientes importantes. Nelas, há fibras e nutrientes necessários para o funcionamento do orga-

nismo. No suco, pode-se também acrescentar algum tipo de legume, como cenoura, beterraba ou pepino. Para a base líquida, coloca-se água, água de coco ou chá sem açúcar. O suco detox combate diretamente os radicais livres (agentes do envelhecimento). Também ajuda no emagrecimento. Segundo Alana, sua ingestão frequente promove melhora em enxaqueca, cansaço, sono, humor, digestão, funcionamento intestinal, TPM, peso e medidas corporais. A criação da Sabor Fit, em Cruzeiro do Sul, veio de uma necessidade. “Como nutricionista, sempre passei receitas de sucos aos meus pacientes, mas percebia a dificuldade e resistência de alguns”, conta Alana. Os produtos são naturais, sem aditivos químicos, glúten e adoçantes ou açúcares.



Sociedade FOTOS ALEX ESPÍNDOLA

Noite de novidades Em noite especial, Vania Maria Grabin, Carlos Barkert, Guilherme Cristófoli, Alana Bettio, Bráulio Giacobbo e Silvana Schievenin Giacobbo se reuniram no restaurante Tombado nesta semana (foto 1, da esq. para a dir.). Durante o lançamento do serviço de bufê, os proprietários Mônica Mocelin (esq.) e Adriano Alberton e a nutricionista do Tombado, Cris Giovanella, receberam convidados e amigos (foto 2). Mônica posa ao lado do amigo Beto Maharo (foto 3).

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Sociedade

Companhia entre delícias LISIANE DA SILVA

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É hora de música FOTOS ENTRE A GENTE

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As amigas Marcia Azevedo, Laura da Silva, Meline, Maidi e Fernanda Azevedo saborearam as delícias da Croasonho nesta semana. (foto 1, da esq. para a dir.). Quem também esteve por lá foi Maurel Lenz, com filho Luca e a mulher Aline (foto 2).

Ao som de Sandro Lucas e Trio, Denise Muller Arruda, Ney Arruda Filho, Solon Chaves e Andreia Marchini curtiram a noite dessa quarta-feira, no Happy Hour Cultural, no Clube Tiro e Caça (foto 1, da esq. para a dir.). Marilene Pretto Fonseca (esq.) e Cândida Bampi também aproveitaram o momento cultural (foto 2).

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Coluna

Comportamento

Dificuldades alimentares na infância podem levar a problemas psicológicos Mais da metade das mães brasileiras acredita que o filho não se alimenta bem. Em um levantamento com 947 mães brasileiras de crianças entre 3 e 10 anos de idade, descobriu-se que 51% delas diziam ter filhos com dificuldades alimentares. Essa dificuldade da criança para se alimentar pode estar relacionada a alguma condição médica ou a problemas comportamentais. Em ambos os casos, há riscos de déficit nutricional que, em casos severos, podem prejudicar o desenvolvimento na infância. Quando o problema é comportamental, no entanto, os riscos podem ser ainda mais amplos. Pesquisas internacionais demonstram que crianças que são forçadas a comer, que são extremamente seletivas ou que desenvolvem um sentimento de medo em relação à alimentação, têm mais chances de apresentar problemas psicológicos, como depressão e delinquência, quando chegam à adolescência. A situação é agravada por um problema estrutural na medicina: poucos médicos saem da faculdade com o treinamento necessário para reconhecer essas dificuldades e para orientar os pais. Das mães ouvidas no levantamento brasileiro, 70% procuraram um profissional médico para resolver o problema, mas apenas 11% disseram ter obtido

uma orientação satisfatória. Isso que os números brasileiros não são uma exclusividade. Segundo os especialistas, os resultados encontrados aqui refletem uma tendência mundial. Por isso é importante saber o que fazer com filhos que relutam em comer. As dificuldades alimentares da infância costumam ter início na fase em que a criança tem contato com alimentos pastosos — por volta dos 6 meses, quando as papinhas são introduzidas na dieta. Entre 2 e 3 anos, a criança enfrenta também uma oscilação natural de apetite. A reação dos pais a esse comportamento de rejeição ao alimento pode ser fundamental na maneira como a criança passará a enxergar o ato de se alimentar. E não adianta apenas exercer “pressão” na mãe dizendo que a criança precisa alimentar-se melhor. Isso pode ter resultados piores do que uma deficiência nutricional. Uma maneira simples de driblar as dificuldades alimentares é os pais darem o exemplo. Em outras palavras, o que os pais comem ou deixam de comer, e sua atitude à mesa, acabam tendo reflexo direto nas escolhas da criança, pois nessa idade os filhos copiam os pais.

Fábio Vitória psiquiatra

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Mercado editorial força

ação conjunta O grupo Escritores Independentes quer ir além da venda de livros para promover rodas de debate sobre a escrita e popularizar a literatura na região

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sonho de ter livro publicado por uma editora está distante para muitos escritores. Alguns desistem na metade da empreitada. Outros nem tentam. Mas com a facilidade das plataformas digitais e a maior aceitação de gráficas o cenário muda. Apesar de não ser novidade, o viés que permite autonomia e relação mais próxima com os leitores ganha força no Vale do Taquari. A publicação autônoma foi o que uniu o grupo Escritores Independentes, integrado por Laura Peixoto, Meire Brod, Aline Lenz, Jandiro Adriano Koch, Augusto Darde, Álvaro Santi e Maiquel Rohrig. “Em conjunto, a iniciativa fica mais coesa”, opina Laura. Para Koch, os autores se fortalecem quando estão em grupo. Segundo Meire, não é do conhecimento comum o funcionamento editorial. “Eu mesma, quando fiz meu livro, tinha uma ideia muito romântica de como seria.” Muitos pensam que basta enviar o manuscrito original para várias editoras, ser aceito e publicado. “Não é assim, você precisa batalhar muito.”

O evento mensal Arte na Praça é aliado do grupo, conta. A resposta do público sempre é positiva. “Depois da Feira do Livro de Porto Alegre, lá foi onde mais vendi meu livro.” O trabalho próximo aos leitores é de extrema importância. O Facebook também é ferramenta que ajuda a tornar o escritor mais acessível. “Com o contato, é possível receber feedback valioso dos leitores”, comenta Koch. Ao entrar no grupo a convite de Laura Peixoto, ele passou a descobrir e ler mais autores regionais independentes. “Há pouco tempo, havia preconceito com autores independentes pois não conseguiam editoras comerciais para se divulgarem.” Mas muitos escritores renomados pagaram suas primeiras edições, lembra. Aline percebeu que, o público gosta de conhecer o autor quando compra a obra. “Eles se interessam, perguntam e têm o autor como figura de importância.” O grupo ainda consegue fazer preço mais barato, pois retira o lucro que uma empresa teria em cima do livro. Mesmo assim, muitos ainda disponibilizam suas

A literatura não consiste somente em colocar o livro à venda. É preciso produzir a vontade de se ler. Meire Brod, Escritora

obras em livrarias, pela importância de locais destinados ao segmento. Segundo Darde, o grupo quer ir além promovendo rodas de conversa para debater o ato de escrever no Vale do Taquari. “Dessa forma, crescemos entre a gente”, diz Koch. Para Meire, a literatura não consiste somente em colocar o livro à venda. É preciso produzir a vontade de se ler. “Isso se conquista aos poucos.”

Escritores nas escolas Durante a Feira do Livro de Lajeado do ano passado, surgiu a ideia de criar um projeto de financiamento coletivo. Consiste no lançamento de um livro para o público infantil com turnês pelas escolas. Dessa forma, cada autor poderia explorar suas habilidades fora da literatura. “A intenção é realizar oficinas de arte, teatro e música.” A ideia surgiu ao perceberem que seus livros despertavam o interesse dos pequenos. “Mas os responsáveis não criavam maior incentivo, por não serem livros infantis.” Para Meire, o livro deve incitar a exploração da literatura. Depois, se decide se é do entendimento da criança ou não. “No projeto, queremos abordar isso, sem subestimar a inteligência infantil.”

Jovens leitores No topo dos livros mais vendidos, é comum ver obras destinadas ao público infanto-juvenil. Segundo Meire, isso acontece pois esse filão editorial realizou uma “gameficação” dos livros. Apesar de te-


ANDERSON LOPES

Aline Lenz, Laura Peixoto, Augusto Darde, Meire Brod e Jandiro Koch integram o grupo Escritores Independentes

rem enredo, as obras são como jogos de videogame. “Para o jovem acostumado ao jogos, é fácil se interessar por um livro que proporcione quase a mesma experiência.” Além de escrever, Aline trabalha na biblioteca de uma escola. Os romances infanto-

-juvenis mais emprestados no local tratam de amor platônico. “Acho que é uma contrapartida da realidade vivida pelos jovens hoje. É uma freada nos relacionamentos.” Na literatura, eles conseguem viver um romantismo diferente da vida real, opina.

Segundo Meire, é importante tentar disponibilizar livros de autores regionais no meio escolar. Para Aline, isso cria identificação. “Eles conseguem se imaginar no local descrito na história.” É uma forma de o leitor imergir na história mais facilmente, opina.

Objetivo possível Segundo Koch, os escritores do Vale do Taquari aos poucos criam a consciência de que hoje é mais fácil escrever e ser publicado. Basta procurar outros caminhos, diz. “Antes era uma atividade elitizada, mas esse cenário muda.” É comum ver publicação de memórias e experiências. No futuro, em um apanhado histórico, esses registros serão importantes para se ter referências sobre a região, diz Koch. No caso de Darde, seu livro foi publicado por meio de financiamento coletivo. Além da facilidade da internet, agora há mais abertura de editoras e gráficas, opina. Antes, esses profissionais pensavam não valer a pena realizar baixa tiragem de livros. Mas com o crescimento no número de escritores independentes cria-se a demanda. Para Meire, nunca foi tão fácil publicar livros como agora. “Mesmo que seja necessário filtrar o conteúdo, é melhor ter mais oferta de livros a não ter nenhuma.” Segundo ela, a expressão “escritores periféricos” define o grupo do Vale do Taquari. Em seu caso, a publicação não foi totalmente independente, pois uma editora arcou com parte do custo. “Não estamos nos centros de debates, mas temos grande força de expressão”, considera.

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Objeto de desejo

É sempre Carnaval? Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô Mas que calor ô ô ô ô ô ô Atravessamos o deserto do Saara O sol estava quente Queimou a nossa cara (autor?) Ó abre alas Que eu quero passar Ó abre alas Que eu quero passar (autor?) O Carnaval já passou, mas toda aquela exuberância de cores e extravagâncias é impressionante e encanta milhares de pessoas, mas apenas por um curto período de tempo. É possível aprendermos um pouco sobre harmonia com as escolas de samba. Diga-se de passagem, a harmonia é um dos quesitos avaliados em um desfile. Engana-se quem vê nas fantasias uma profusão de cores e texturas, contrastes e brilhos, que o “mix” é o essencial. Um olho mais atento percebe que, por mais que a fantasia de um determinado bloco de uma escola de samba seja chamativa, no todo do bloco, ela é repetitiva. A fantasia inicialmente exótica se transforma em padrão, em repetição e acaba tornando-se homogênea. Os elementos de destaques sempre vêm com uma folga, um pequeno vazio, que os difere dos demais elementos da escola, ou trocam o plano, quero dizer, vêm como destaques sobre os carros alegóricos, ou seja, novamente, é criado um hiato em relação aos demais. No caso da arquitetura, isso não é muito diferente. A utilização de elementos marcantes é possível e, por vezes, recomendada. A própria utilização das cores torna os ambientes mais aconchegantes, portanto, agradáveis de permanecer. É necessário saber escolher qual objeto será destacado: uma parede, um volume, um móvel, um piso? Esse elemento vai contrastar com os demais por meio da cor, textura, relevo, materialidade, iluminação, estilo ou o que se desejar. O que temos que ter em mente é que uma composição que tem muitos apelos visuais tende a se tornar cansativa e logo surge a necessidade de substituição. Portanto, em espaços comerciais, que por natureza dependam de reformulações rotineiras, é possível se ousar mais. No entanto, nos que dependem de alterações mais espaçadas, é aconselhável optar por composições mais tranquilas, menos aval marcantes. Pois o Carnaval só é como é, justamente, por ser um fato isolado ao longo do ano.

Alex Brino | Arquiteto e Urbanista alexbrino@jornalahora.inf.br 12 | Você. |

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Cor na

decoração A s cores no ambiente têm o poder de expressar a personalidade do dono e são responsáveis pelo aspecto visual do local. A preferência pessoal pode ditar qual a melhor cor, mas o uso

ser feito com planejamento. Colocar tons em lugares pontuais da casa dá toque de alegria. Grandes peças em cores fortes trazem descontração. Aposte nas cores para dar energia e harmonia a um ambiente.

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1| Cadeira flor fabricada em polipropileno, da Bom Negócio 2| Cadeira medalhão com braço, da Bom Negócio 3| Seat garden Hong Kong, da Bom Negócio 4| Sofá clássico bege e almofadas personalizadas, da Bom Negócio

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5| Cristaleira com pintura laca fosca, da Bom Negócio






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