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Fotografar um segredo

Há alguns anos, escrevi um artigo intitulado "A Cidade Existe, e Eu Acredito Nisso", publicado no "A Notícia" e com boa repercussão nas redes sociais. Nesse texto, falei do ocultamento do bairro monlevadense Pedreira na história e na geografia da cidade a ponto de haver gente que, mesmo sem ter "nascido ontem", parece nem acreditar que essa parte de Monlevade, orla periférica do núcleo originário de nossa vila operária, existe. Mas existe sim. Pedreira, majoritariamente negro, é um segredo.

Foi o que pensei quando decidi abordar em um ensaio fotográfico esse meu bairro natal, à margem dos circuitos hegemônicos do município. Mas como fotografar um segredo? O que um registro documental revela de um segredo? E um relato ficcional revela o quê? Quem já tem respostas para todas as perguntas não está preparado para um segredo.

Recorri ao olho da minha Canon, lentes sobre um detalhe aqui, outro ali: roupa no varal, lagarta, tijolos à beira de um lote. Em preto e branco, sem as decorações da cor. Segredo que é segredo persiste. Daí, abri cada imagem na tela do meu computador, e a lente do meu celular as capturou ali. Duas camadas de escavação podem não chegar ao fundo de um segredo. Insisti mais com um aplicativo que simula câmeras de infravermelho, a teatralizar uma caminhada para além do domínio do olho humano, da luz branca.

Sim, teatralizar, porque, como disse o poeta Waly Salomão,

"sou barroco, sei que o mundo é um teatro". A palavra "teatro" me leva à minha infância, ao teatro de sombras que a paróquia São José Operário realizava na Semana Santa no largo da igreja a poucos quilômetros do bairro Pedreira. O bairro das casas a poucos metros da pedreira de onde as dinamites às vezes jogavam pedras nos telhados, para pesadelo dos viventes.

O bairro que uma tempestade isolou nos anos 1960 ao produzir uma enorme cratera em um dos principais acessos. E muitas tempestades voltariam a isolar mais tarde. Pedreira onde se pode chegar por uma via estreita perto da Fazenda Solar Monlevade. Uma via "lunar", quase oculta. É preciso chegar perto para ver. É preciso chegar perto de um segredo. E um segredo de verdade nunca se revela por inteiro. É preciso chegar mais e mais, muitas vezes.

Foi assim que cheguei a "Zona Íntima", o ensaio fotográfico que esteve no Centro Educacional de João Monlevade em 2021 dentro da programação do Festival Pedro Alcântara, da Fundação Casa de Cultura; na Câmara de Vereadores em 2022; no Cras Dona Preta no início deste ano e estará na galeria de arte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais no segundo semestre. É preciso chegar perto desse patrimônio periférico muitas e muitas vezes. Resvalar o segredo.

Midas às Avessas!

O que os governantes monlevadenses têm em comum com o Rei Midas? A história nos apresenta Midas como um personagem mitológico, que foi rei da Frigia (atual Turquia). Enquanto o Midas tornava ouro tudo aquilo que tocava, em João Monlevade, nossos governantes fazem o contrário: destroem tudo o que tocam. Com o perdão da palavra, transformam “ouro” em “merda”.

Uma prova cabal disso foi o recente Tombamento da Escola Estadual Santana, situada no bairro Centro Industrial. O Decreto de nº

197/2022 em conformidade com a Lei Orgânica do Município e com a Lei no 1622/2005 estabeleceu que o município deve promover a proteção, preservação e defesa do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual, seguindo a Constituição Federal. E como está o importante prédio histórico? Abandonado e depredado.

Outro exemplo é o antigo Terminal Rodoviário, marcado pela transposição dos grandes espaços internos para o exterior tornando-o convidativo e despojado. Uma obra moderna para a época.

O projeto é de autoria de um dos mais reconhecidos arquitetos no Brasil, o húngaro István Farkasvölgyi e Fernando Coelho. Hoje, é apenas um escombro do Hospital Fantasma Santa Madalena onde foram enterrados mais de R$25 milhões em desperdícios do dinheiro público.

O Pronto Atendimento (PA) que se localizava onde hoje funciona a sede da Polícia Militar foi para “os escombros da rodoviária” até virar cinzas no Margarida.

Até mesmo “ideias e projetos” que são implementados em vários municípios do nosso país viraram “merda” em nossa querida cidade. Por aqui foi registrado o Valor Global de R$836.827,42 como “despesa empenhada referente ao subsídio financeiro ao serviço público de Transporte Coletivo, em função do sistema de Tarifa Zero nas linhas sociais”. Os recursos foram repassados para a concessionária a título de remuneração das linhas 42 e 43 do famigerado “tarifa zero pirata”.

A título de comparação: o município de Ibirité, na região metropolitana de BH, paga cerca de R$800 mil mensais para 22 ônibus que circulam mais de 150 mil km mês e transportam cerca de 5.600 passageiros diários. O mesmo ocorre com Caeté para o atendimento de toda a população em todas as linhas de ônibus.

Por fim, há ainda aqueles que tentam justificar o “toque de Midas às avessas dos nossos administradores” quando vão tratar da saúde pública. Dizem que a “culpa é dos municípios vizinhos”, mas omitem sobre a Programação Pactuada Integrada (PPI) do Governo Federal.

Segundo esses dados, João Monlevade recebe repasses anuais para o atendimento das demandas de “Média Complexidade” de várias cidades da região, sendo: de Santa Bárbara (R$5.116,65); de Barão de Cocais (R$8,77); de São Gonçalo do Rio Abaixo (R$17.933,43); de São Domingos do Prata (R$367.843,84); de Rio Piracicaba (R$436.316,38) e de Bela Vista de Minas (R$526.507,89).

A soma chega ao total anual de R$1.353.726,96 + SADT que é uma modalidade de prestação de serviço ofertada nas unidades de saúde e responsável pela realização de exames complementares das linhas de cuidado da atenção básica e da atenção especializada.

Será que Monlevade está entregando de forma satisfatória o que esses municípios têm pagado sob a forma da PPI? Se formos levantar todas as ruínas que resultam dos “Midas monlevadenses”, teremos que escrever vários artigos...

A nossa esperança é que o município assuma de fato a administração pública e suas responsabilidades, deixando de ser apenas um repassador de recursos para a concessionária do transporte público coletivo e para o Hospital Margarida. Precisamos de um projeto de cidade, um projeto a curto e médio prazo para sairmos da condição do toque de Midas às Avessas.

(*) ELIZEU ASSIS é doutor em História, mestre em Ciências, psicólogo e professor

Uma hora a conta chega...

Quando nascemos e, ao longo da vida, abrimos "algumas contas" que vamos acertando no decorrer dos anos: a conta da saúde, das finanças, das amizades, das relações familiares e profissionais, entre outras...

A vida nos dá oportunidades para abrirmos contas positivas ou negativas. De acordo com as nossas ações e atitudes, em algum momento, mais cedo ou mais tarde, essa fatura vai chegar. Se você se cuidou nos aspectos de saúde, quando a conta chegar, o valor vai ser bem maneiro do que aqueles que não cuidaram quando podiam. Se as suas relações de amizade, ao longo dos tempos, foram de mão dupla, sem brigas e com carinho e respeito, quando a conta chegar, você encontrará apoio e braços amigos para te acolher. Se numa família de dez irmãos, você não combina com os outros nove, quando a fatura chegar, você não vai ter com quem dividi-la: vai ter que pagar sozinho, pois foi assim que você construiu a sua conta.

E assim vai ser nos outros aspectos da vida. É no dia a dia que você vai acumulando créditos ou débitos. É no zelo ou no descuido que essa conta é construída. Como diz o dito popular, “você só colhe bons frutos se você souber semear, plantar e cuidar”. Assim também são as nossas relações com a saúde, com a amizade, com os familiares, com o trabalho e por aí vai.

Se você é jovem ainda, aproveite o tempo e vá ajustando as coisas para a conta não chegar muito alta quando o tempo passar. Agora, como dizem, se você já virou o "Cabo da Boa Esperança" e já está mais velho, aí é rezar e torcer para Deus te dar forças para você superar e conseguir pagar as contas que abriu ao longo dos anos. Muitas vezes, o valor é muito caro e você já não tem mais tantos recursos.

Por isso, lembre-se sempre de que você é o único responsável por tudo o que virá em sua vida. De qualquer forma, terá de enfrentar, terá de “pagar”, pois, aconteça o que acontecer, não se esqueça de que você pensou que não daria conta, e deu... Não se esqueça das vezes em que você achou que não teria forças, e foi mais forte do que nunca. Às vezes, as coisas vão fugir do seu controle, mas você consegue recomeçar, se reerguer e seguir em frente, abrindo outras contas, que tragam a sua tranquilidade e a sua recompensa.

Ainda dá tempo! Faça uma reflexão e veja como estão as suas contas. Não deixe para depois. Faça isso já! Comece tomando as providências, revendo e mudando suas atitudes para, na pior das hipóteses, amenizar... pois uma hora, a conta chega.

(*) CLÉSIO GONÇALVES é diretor do Instituto Solar, ex-presidente da Câmara de João Monlevade e ex-assessor de Comunicação da Prefeitura de João Monlevade

Governo de Laércio e Fabrício passa da metade e ainda há obras importantes, iniciadas em outras gestões, e que precisam ser finalizadas. Entre essas, destacam-se a Creche do José de Alencar e o pleno funcionamento das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Obras que atravessam os anos em Monlevade.

Bullying

Pesquisa da ONU aponta que um em cada três estudantes no mundo já sofreu algum tipo de bullying. Críticas à aparência do corpo e cor da pele estão entre os principais motivos. Conforme os dados, a situação piora com a violência nas redes sociais que provoca frustração, dor e revolta. Esses sentimentos podem desaguar em violência concreta e esse é um desafio para as famílias.

Casos

Em João Monlevade, houve registros de brigas em porta de escolas e casos de bullying. É importante um trabalho de conscientização, prevenção e de envolvimento das famílias para evitar as práticas. As consequências podem ser terríveis para as vítimas, com marcas por toda a vida. O assunto merece atenção e debate para mais respeito, inclusão e empatia.

Blitz

Agentes de endemias realizaram blitz educativas nesta semana com a distribuição de panfletos sobre o combate ao mosquito aedes aegypti em vários pontos da cidade. É papel de cada um contribuir para acabar com a epidemia que já conta com mais de 300 casos na cidade. A prevenção é a melhor forma de combate às doenças transmitidas pelo mosquito. O combate é uma tarefa de todos e a receita é simples: evitar acúmulo de água parada. 80% dos focos estão em casas. Cada um pode e deve fazer a sua parte.

Denúncias

Os focos de dengue e chikungunya colocam a população em alerta. Mesmo com blitz, lotes vagos, abandonados e quintais mal cuidados podem ser criadouros, colocando em risco toda a população. Por isso, denúncias devem ser feitas pelos telefones: 3859-2572 na Secretaria de Obras. Lembrando que os donos dos lotes podem ser notificados e multados. O valor é quase R$5 mil.

Hospital

Recentemente, o Hospital Margarida divulgou nota explicando como funciona o protocolo de atendimento. O local, para urgências e emergências, classifica os pacientes por cores e define prioridades: das mais graves (vermelha) até as menos (verde). Nessa semana, um vídeo circulou nas redes sociais com reclamação de demora. O Hospital esclareceu o ocorrido e desmentiu as denúncias. É claro que ninguém quer esperar enquanto sente dor ou não está passando bem. Mas é preciso entender que o Margarida é local para emergências e há desdobramentos de profissionais para fazer o melhor no menor tempo possível.

UBS

Uma das soluções para evitar demora no atendimento são as Unidades Básicas de Saúde (UBS) próximas das residências das pessoas. Mas para o serviço ser ainda melhor, é preciso que a Prefeitura amplie horários e sempre disponibilize profissionais para atender a população quando precisar. Sem essa sinergia entre Hospital e Prefeitura, as críticas vão continuar acontecendo e as reclamações também.

IPTU

A Prefeitura de João Monlevade espera receber R$13 milhões com o IPTU neste ano. O valor é 3,25% do total da previsão orçamentária do ano. Em 2022, a arrecadação com o imposto foi de cerca de R$10,5 milhões. Em 2023, o IPTU sofreu uma correção baseada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,9%. Talvez por isso, arrecade mais que no ano anterior...

Mato e buraco

Muito mato e buracos tomam conta da estrada que passa dentro do futuro parque do Areão, que liga os bairros Lourdes e Satélite. A via é importante e muito usada para quem quer diminuir distâncias e evitar o trânsito na região central. Merece e precisa da atenção da Prefeitura.

Parque

Se o Parque do Areão é considerado “a menina dos olhos” do governo Laércio, ele precisa ser mais bem cuidado, enquanto as obras de melhorias e reformas não acontecem. Apesar da implantação de câmeras de segurança que já deram resultados, muito pouco foi feito para transformar o local em verdadeiro espaço de lazer e educação ambiental na cidade, como se propõe.

Segurança

O presidente Lula (PT) sancionou lei que garante o funcionamento 24h de delegacias da mulher e o programa de combate ao assédio sexual. A medida vai garantir mais segurança para as mulheres, principalmente, as vítimas de violência doméstica. Mais um ganho para a segurança das mulheres de todo o país. Em Monlevade, a delegacia funciona próximo à Igreja Sagrado Coração de Jesus.

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No centro ou nos bairros, nas grandes avenidas ou nas ruas locais, o pedestre monlevadense sofre com a falta de acessibilidade. Desvia-se do lixo, de postes, de automóveis, de materiais de construção e, também de matagais. Esse é o caso da rua Hilário Moutinho Roberto, a antiga rua Nove, no bairro Sion. O mato vindo de um lote vago é tão grande que cobre todo o passeio de um dos lados da rua. Do outro, mesmo cimentada, a calçada é coberta pela “vegetação”. A cena se repete em várias outras regiões da cidade. A Prefeitura informa que a empresa responsável segue cronograma estabelecido para a limpeza.

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