Ano 13
artefato
Nº 2
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília
Brasília, abril de 2012 Foto: Rick Astley
POLÍTICA COM HUMOR
Distribuição gratuita
Exército de Palhaços combate a força bruta com cambalhotas e piruetas. Págs. 08 e 09
Foto: Felipe Vieira
Cadê a calçada que estava aqui?
opção ao abandono Mulheres que não querem ou não podem criar seus bebês podem entregá-los para adoção, garante lei. PágS. 12 e 13
Pág. 03
Foto: Susana Senna
O puxadinho comeu...
LibraS A Língua Brasileira de Sinais como forma de comunicação comemora o 10º aniversário. Pág. 14
LUTA POR MELHORES SALÁRIOS Professores reclamam do pouco investimento na educação. Escolas ficam vazias durante a greve. Pág. 11
Foto: Samita Barbosa
ombudskvinna Carolina Alves*
Ano 13
artefato
Nº 1
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília
APOSENTADORIA
Distribuição gratuita
Foto: Nayara de Andrade
Brasília, março de 2012
superaÇão Deficientes vencem limites por meio do esporte. 9
Altos benefícios de um lado, pouca cobertura de outro
Foto: Maria Ramasco
O abandono de crianças é, infelizmente, um assunto recorrente. Como esquecer aquele vídeo, divulgado em 2010, em que um bebê é resgatado vivo de um saco plástico enquanto boiava e chorava em um rio. A matéria “Entregar é legal” toca em um assunto delicado e que precisa ser discutido pela sociedade. Para alguns, pode parecer uma opção evidente entregar o filho para adoção, mas há muito preconceito e desinformação sobre o assunto. A repórter soube tratar o tema de uma perspectiva diferente que estimula a reflexão. É um texto esclarecedor, mas há um aspecto que deixou de ser abordado. Há anos a adoção no Brasil sofre com a demora, por conta de demasiada burocratização. Permanece a dúvida se essa realidade mudou. Faltou também um serviço para que mulheres como as citadas na matéria possam pedir ajudar ou até mesmo entregar seus filhos. No clima da Rio + 20 três matérias que falam sobre o Meio Ambiente. A melhor delas é sem dúvida “O retorno dos carrinhos de feira?”. O texto assume um problema comum e cotidiano para trazer à tona um debate sobre a verdadeira eficácia das ações governamentais na proteção do meio ambiente. Já quem lê a matéria “Sustentabilidade no dia-a-dia” se pergunta: para onde devo levar meu lixo devidamente separado? Agrada a ilustração, que assim como todas no jornal fornece uma leveza à leitura. “Detentos no mercado” trata de um assunto que merece atenção. O repórter traz o problema, mas não ouvimos daqueles que mais sofrem com o problema. No contexto geral, e editoria de cidades foi menos abordada, mas o espírito comunitário permaneceu. Algumas legendas repetem a informação do subtítulo, e temos como consequência um desperdício de espaço. Destacam-se também algumas fotos que exibem criatividade. Agrada a foto principal da capa e a saborosa foto de “’Riso’ Popular”, que vem acompanhada de um bom texto. A repórter não se esqueceu do seu público e possibilita que um prato tradicionalmente caro nos restaurantes brasilienses vá para a panela de quem quiser experimentar a iguaria. *Estudante do sétimo semestre de Jornalismo DESRESPEITAR O PROFESSOR? NÃO DÁ MAIS Mudança no Estatuto da Criança e do Adolescente prevê pena pra quem tratar mal os professores. 15
Foto: Rick Antunes
rotavírus
Atendimento previdenciário a trabalhadores rurais do DF está entre os mais baixos do país. 12 e 13
Efeitos da vacina causam polêmica entre pais, pediatras e agentes de saúde. 16
NÃO DESCARTE EM VIAS PÚBLICAS
expediente Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 13 nº 2, abril de 2012
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carta dos editores CORRENDO ATRÁS Eric Zambon e Luma Soares
Criança dá trabalho. Na verdade, muito trabalho. E só quem é pai, mãe ou responsável entende essa afirmação. Às vezes dá vontade de desistir ou bate arrependimento. A Estela, mãezona da Melissa, foi a fundo na questão e explicou que colocar o filho para adoção não é crime. Essa conscientização é importante para que os casos de bebês deixados na rua ou em latas de lixo diminuam, os orfanatos ganhem mais apoio e as crianças não corram risco de vida – em vez disso, possam ganhar novos lares. No Riacho Fundo, os ‘puxadinhos’ das comerciais são o terror da Agefis. Dimitri e Rodrigo levaram um gelo dos agentes, mas expuseram que o problema não é privilégio do tombado Plano Piloto.E o que dizer do futebol? Em Brasília, os principais times passam por situações horríveis tanto financeira quanto esportivamente. O nível das equipes não permitiu sequer passar à segunda fase da Copa do Brasil. Allan trouxe à tona que uma solução não está nem perto de surgir.Ainda temos mulheres na construção civil e até feitiçaria. Jussara e Flávia abraçaram o esoterismo e a atuação da Wicca no DF. Acredite, não tem (quase) nada a ver com gato preto e voar de vassoura. Abril foi um mês movimentado. O pessoal do CQC foi escorraçado da coletiva da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, por ter “atrapalhado”. Houve briga e ameaças e, depois de o Sindicato de Jornalistas de Brasília apelar, o Itamaraty vetou repórteres do CQC em suas dependências e acompanhando viagens da presidenta Dilma. Há alguns meses, um profissional da Rede Globo irritou o atacante Barcos, do Palmeiras, ao compará-lo a Zé Ramalho no meio de uma coletiva e levou bronca do argentino. Ninguém quis cassar as credenciais da Globo. Coerência é uma bênção, não!? Augusto e Paula trazem algo bastante semelhante ao que o CQC se propõe a fazer: o movimento EPA-RI, que combate truculência com risadas. Mas, acredite, o trabalho é muito sério. Brasília fez 52 anos neste mês e só rindo para não chorar com a atual situação política da capital, como exemplificou Aline, mas isso ainda dá muito pano pra manga e ficará para outro dia. Ou outra edição...
ERRAMOS: Na edição passada, a foto da página 4 não é do planetário, mas sim da Funarte. Francisco Daniarle, Iasmin Costa, Kleyton Almeida, Letícia Pires, Monalisa Santos, Paula Carvalho, Rodrigo Gantois, Taísa Lima, Tuane Dias, Vanessa Melo, Yale Duarte Fotógrafos: Anna Cléa Maduro, Christian Kelly, Felipe Vieira, Jéssica Paulino, Luciana Saade, María Ramasco, Michelle Brito, Nayara de Andrade, Rick Antunes, Samita Barbosa, Susana Senna, Thyago Santos, Vinícius Remer Professoras Resposáveis: Karina Gomes Barbosa e Sofia Zanforlin Orientação Gráfica: Prof. Dilson Honório Oliveira - DiOliveira Orientação de Fotografia: Profs. Bernadete Brasiliense e Thiago Sabino
Reitor: Dr. Cicero Ivan Ferreira Gontijo Diretora do curso de Comunicação Social: Prof.ª Angélica Córdova Machado Miletto Editores-chefe: Eric Zambon e Luma Soares Tiragem: 2 mil exemplares Editores de arte: Aline Sales e Flávia Fonseca Impressão: Gráfica Athalaia Editor web: Rick Astley Editores de fotografia: Augusto Soares e Rick Astley UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA Subeditores de fotografia: Janine Martins, Jéssica Antunes, EPCT QS 07 LOTE 1 Águas Claras - DF Mariana Lima CEP: 71966-700 Editores de Texto: Allan Virissimo, Augusto Dauster, Carina Tel: 3356-9237 - artefato@ucb.br Lasneaux, Mariana de Ávila, Mariana de Deus, Maycon Fidalgo Diagramadores: Arthur Scotti, Jônathas Oliveira, Jussara Meireles Reportagem: Alessandra Santos, Dimitri Alexandre, Estela Monteiro,
artefato
Cidades puxadinhos
calçadas pra quê? Moradores do Riacho Fundo II são obrigados a dividir os passeios com produtos à venda, grades e até mesmo paredes feitas pelos comerciantes locais Dimitri Alexandre e Rodrigo Gantois
Nada mais comum do que ver pedestres andando pela calçada, já que é o local destinado a isso. Mas no Riacho Fundo II, como em muitos outros locais da capital, a regra se tornou exceção. Ao caminhar pelas ruas da região, os pedestres se deparam com produtos à venda, grades e, até mesmo, paredes construídas pelos comerciantes. Em alguns locais, o estabelecimento chega até o meio fio. O pouco espaço que sobra para passagem é desnivelado, com rampas e escadas. A falta de acessibilidade em toda a cidade é outro problema crítico relatado à reportagem do Artefato. Além disso, os pedestres da cidade ainda têm que dividir espaço com placas, postes, orelhões e carros estacionados. Em uma das principais pistas do Riacho Fundo, a rua central, entre as quadras QN 14 e QN 15, é praticamente impossível encontrar uma calçada livre. O local possui muitas lojas de comércio variado, e durante o dia o movimento de carros e pedestres no local é intenso. Algumas das lojas já têm grades na calçada e não sobram nem 30
centímetros de calçada para os pedestres caminharem. O garçom, Juvenal Furtado, 60 anos, afirma que o problema é comum pela cidade. “Na QN 8 é pior! O puxadinho vai até o meio fio. Tinha que padronizar as calçadas. Tem umas retas outras são rampas de garagem. Atrapalha muito”, reclama o morador. A opção que sobra à comunidade do “Riacho dois”, como é conhecido, é se arriscar entre os carros. Shirlene Lopes, 32 anos, mora na cidade há cinco anos. De acordo com ela o problema é recorrente e a população já desistiu de reclamar. “Sempre foi assim! Tem que passar junto com os carros na pista, e piora quando tem criança. Quando tem dois carros passando ao mesmo tempo, a chance de ser atropelada aumenta. As pessoas nem reclamam mais na Administração porque sabem que depois volta a ser como era”, se revolta. A reportagem do Artefato conversou com um comerciante local que não quis se identificar. A loja dele possui o puxadinho. Nunca teve problemas legais, apesar de a invasão ser ilegal. “Os fiscais da Administração vêm aqui sempre. Mas apenas para verificar os alvarás.
Foto:Susana Senna
Pedestres se arriscam em meio a carros e caminhões porque as calçadas já não existem
Ver se está tudo regularizado, mas não pelo puxadinho. Nunca vieram falar comigo sobre isso”, diz o lojista. Já o vigilante José dos Santos não vê problemas com a extensão das lojas. “Os puxadinhos são bons, desde que não tenha muro no meio da calçada, como alguns. Ajuda a população quando chove e ainda dá uma sombrinha”, brinca. A assessoria de comunicação da Administração Regional do Riacho Fundo 2 explicou que existe
o Departamento de Postura, que percorre a cidade e fala com os comerciantes que estão utilizando o local de maneira irregular. Os casos não solucionados são encaminhados à Agefis, pois, segundo eles, “escapam da alçada da Administração”. A equipe do Artefato entrou em contato, inúmeras vezes, com a assessoria da Agência de Fiscalização, mas não obteve resposta sobre o assunto.
dos blocos, reta e desimpedida para passagem de pedestres. Fora do horário de funcionamento dos estabelecimentos, é obrigatório manter todo o espaço público livre e desimpedido entre os blocos. A lei também estabelece que, no caso da utilização da área pública, o proprietário ou ocupante da loja adjacente deverá ter um Contrato de Concessão de Uso com o Distrito Federal, com os mesmos
direitos e obrigações dos demais concessionários. O contrato venceria no dia 30 de abril de 2011, mas o prazo foi estendido por um ano. Os estabelecimentos que já ocupam área pública devem se adequar ao disposto na lei até o dia 30 de abril deste ano. O contrato será firmado mediante pagamento parcelado, pelo prazo de 15 anos, podendo ser prorrogado por mais 15.
DO LADO TOMBADO É DIFERENTE... Ao contrário das regiões administrativas, há uma lei que trata apenas dos “puxadinhos” do Plano Piloto – região tombada pela Unesco. Mesmo tombados, deu-se um jeitinho. Em dezembro de 2011, o governador Agnelo Queiroz, assinou um contrato de concessão de regularização dos “puxadinhos” em comerciais da Asa Sul. De acordo com as novas regras é legítimo que no Comércio
Local Sul, nas comerciais das entrequadras, junto às fachadas voltadas para as superquadras, será permitido construir faixas de seis metros. Nas áreas laterais às lojas situadas nas extremidades dos blocos é permitida a ocupação do térreo com mesas, cadeiras ou outro mobiliário removível, até os limites das coberturas dos blocos originais, desde que seja garantida faixa de dois metros de largura, paralela às laterais
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Cidades onde reclamar
Justiça mais fácil A procura pelo Juizado Especial aumentou nos últimos tempos. Entenda melhor do que se trata vendedores e clientes que estavam na loja, uma situação que não desejo para ninguém”, diz. As estatísticas apontam que a Você sabia que o poder Judiciário procura dos cidadãos pela Justiça, do DF garante acesso à população de fato, cresceu. Nas regiões admià execução de direitos e obriganistrativas de Ceilândia e Taguatinções nas mais diversas áreas, como ga o número de casos aumentou: educação, telefonia e serviços banem 2010 foram 12.080 e em 2011, cários? O Juizado Especial Cível 12.819. Isso se deve pelo fato de a promove a conciliação e solução Justiça promover campanhas e prode conflitos de forma mais rápida jetos que esclarecem aqueles que que a Justiça comum e sem ônus não possuem dinheiro suficiente para quem o aciona, desde que a para pleitear seus direitos no Judicausa não ultrapasse mais de 20 ciário (especialmente o pagamento salários mínimos, ou pouco mais de honorários de advogados). Nesde 11 mil reais. ses casos, o Juizado oferece assessoA técnica de enfermagem Luciaria jurídica e adota políticas, como na Mello Silva, 24 anos, procurou agilizar o julgamento de conflitos o serviço no fórum de Taguatinentre consumidores e prestadores ga. Um servidor lhe instruiu como de serviços. protocolar o pedido de ação conDe acordo com o advogado do tra a entidade em que estuda, pelo Juizado Especial Cível, Hugo de Olifato de seu nome ter sido incluído veira, 27 anos, o tempo médio para no Serviço de Proteção ao Crédito os casos serem solucionados é de 10 Foto: Jéssica Paulino a 15 dias, dependendo da empresa envolvida. Para Oliveira, apesar do aumento da procura e das campanhas, o serviço prestado pelo Juizado ainda precisa ser mais divulgado e mais claro. “Às vezes, para o cidadão ingressar num Juizado, se não tiver as informações técnicas, acaba correndo o risco de sair prejudicado ou perder um direito a mais que poderia receber e não recebe por falta de informação. Acho que deveria haver uma consultoria e cada pessoa que viesse tivesse acesso a uma conversa com um defensor público, para dar as orientações O Juízado Especial do Forúm do Gama é aberto a toda a população durante a semana exatas”, opina. Kleyton Almeida e Vanessa Melo
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(SPC) indevidamente. Após levar a documentação necessária, já soube a data da audiência no mesmo dia. “Foi mais fácil do que imaginava, pensei que fosse burocrático. É a primeira vez que procuro a Justiça, não sabia que era rápido assim”, comenta. Lidiane Nascimento, 26 anos, moradora de Ceilândia, acionou o fórum de sua cidade após receber inúmeras correspondências de cobrança da faculdade em que cursa publicidade. Depois de procurar a instituição com os comprovantes de pagamento em mãos, recebeu a promessa de que a situação seria resolvida em três meses. Ao fazer uma compra a crédito, a vendedora constatou que seu nome estava sujo na praça e que o requerente era justamente a faculdade. Inconformada com a situação, procurou o Juizado. “Passei por um vexame perante os
TIRA-DÚVIDAS Quem pode ingressar com ação nos Juizados Especiais? Maiores de 18 anos, microempresas e empresas de pequeno porte. Quais ações possíveis? • Ações de até 20 salários mínimos, sem advogado, ou até 40 salários mínimos, com advogado, lembrando que o valor da causa corresponde à quantia pretendida, ao valor do contrato em discussão ou à avaliação do objeto da demanda; • Cobranças e execução de cheques nominais a pessoa física, microempresa ou empresa de pequeno porte, de notas promissórias, cobranças de aluguel e por prestações de serviços; • Despejo para uso próprio e ações de processos ou de propostas por microempresas ou empresas de pequeno porte. Onde procurar? Nos fóruns de qualquer região administrativa. Mais informações: Site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT): www.tjdft.jus.br
trabalho Quantidade de presos/internados: 7.629
oportunidade
detentos No mercado
(4.002)
(3.260)
Projeto de empregabilidade dá nova chance de integração social a presidiários Kleyton Almeida
Segundo a Secretaria de Justiça do DF, existem quase dez mil presos no sistema penitenciário da capital. Estima-se que menos de 40% deles consigam recolocação no mercado de trabalho quando saírem da prisão. Alternativas estão sendo criadas para amenizar a situação desses detentos, entre eles os que cumprem pena em regime aberto e semiaberto, no qual o preso sai da penitenciária durante o dia para trabalhar e retorna à noite. Parcerias do poder público com entidades privadas e ONGs criam oportunidades de capacitação profissional para detentos por meio de oficinas dentro e fora das penitenciárias. São oferecidos cursos profissionalizantes como corte e costura industrial, panificação, informática, marcenaria, fabricação de tijolos
ecológicos, entre outros. O Estado também garante a continuidade do ensino, inclusive ao nível superior. Dentre mais de 9 mil presos, apenas 45 possuem nível superior completo e mais de 5 mil sequer concluíram o ensino fundamental. Estatísticas como essas mostram as dificuldades que os detentos encontram para conseguir um emprego. Além das exigências profissionais, eles tem que lutar contra o preconceito e a desconfiança de setores empregadores da cidade. Sem oportunidades, muitos cometem atos ilícitos novamente, retornando ao sistema e perpetuando um círculo vicioso.
Regime fechado 4.222 Homem Mulher
Ilustrações: Di Oliveira
Foto: Rick Antunes
Recomeçando O projeto “Uma Nova Chance”, firmado entre o Poder Judiciário e a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), vinculada a Secretaria de Segurança Pública do DF, aos poucos ajuda a mudar essa realidade. Adalberto Monteiro, coordenador de políticas públicas para o preso, diz que a Funap oferece assistência e capacitação aos apenados e reingressos do sistema prisional, os indicando a vagas de emprego em diversas áreas e acompanhando a reeducação e socialização do preso. Desde o início do projeto, há seis anos, mais de 600 presos já foram encaminhados ao mercado. A legislação fixa normas específicas para a concessão desses benefícios. Bom comportamento, participação em oficinas de capacitação e não reincidência de crimes são algumas por parte do condenado. Já o empregador deve De dez presos que saem do presídio estar legalmente registrado e não apenas quatro conseguem trabalho possuir pendências em seus regis-
(220)
SERVIÇO Os interessados em participar de projetos voltados aos presos, reingressos e familiares podem entrar em contato com Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap) Mais informações: Endereço: SIA Tr. 8, Lt. 170/8 Telefone: 3233-8523
(147)
Regime semi-aberto 3.407 Homem Mulher
tros trabalhistas. As empresas recebem isenção fiscal ao contratar um reingresso do sistema prisional, enquanto o preso extingue um dia de sua pena a cada três dias trabalhados. A lei assegura um salário de ao menos um quarto do mínimo por qualquer trabalho prestado dentro e fora dos presídios. Salvador Maldovino, de 29 anos, é um dos assistidos pelo programa. Cumprindo pena em regime semiaberto por roubo à mão armada, ele conseguiu o beneficio de trabalhar durante o dia. Maldovino comenta que antes das oficinas não tinha perspectivas de trabalho, pois já viu vários de seus companheiros voltarem à prisão por não terem oportunidades. Com a autoestima elevada, ele se sente mais confiante e motivado nas aulas de marcenaria da Funap, que duram seis meses e podem encaminhá-lo a uma vaga de trabalho. O Poder Judiciário informa que mais de 160 presos assistidos exercem alguma atividade em empresas do DF. Antônio Sirqueira, um dos responsáveis pela triagem, encaminhamento e acompanhamento dos presos, diz que a parceria do Estado é essencial para viabilizar essas parcerias, ressocializando o detento ao inseri-lo no convívio social e familiar. Ele ainda ressalta que a maioria dos encaminhados ao mercado de trabalho não volta a cometer crimes.
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trabalho investidores
De ideia a grande negócio O empreendedorismo atrai cada vez mais pessoas e ajuda a economia do Distrito Federal a crescer força e virou, inclusive, tema do Trabalho de Conclusão de Curso. Camila conta as dificuldades que passou no começo. “Não tinha nenhuma quantia para começar meu negócio, comprava uma regata mais barata, customizava e vendia a um preço mais alto, assim obtinha lucro.” O produto sinalizador da marca são as camisetas, além da venda de acessórios, como chinelos e tiaras. As inspirações das coleções vêm da própria história da marca. “Tento contar sobre a história do empreendimento. No começo vendia as camisetas em um fusca que meu pai tinha me dado, e fiz uma coleção voltada com estampas de fusca que até hoje as meninas pedem”. As cerca de 160 peças vendidas mensalmente rendem bom retorno financeiro. A marca é revendida em duas lojas no DF e em uma loja virtual, proporcionando pessoas de outros estados comprarem. E Camila já sabe o que fazer com o dinheiro. “Conseguiria ter uma boa renda com a marca, mas prefiro continuar investindo. O lucro que obtenho invisto sempre mais, porque primeiro quero consolidar a marca no mercado.”
O empreendedorismo vem crescendo cada vez mais, e no Distrito Federal não é diferente. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), R$ 131,5 bilhões foram gerados por atividades empreendedoras na economia do DF. O dado está no cálculo do PIB de 2009, que coloca o DF na 7ª posição no ranking nacional. Considerando a base da Receita Federal, o segmento que mais concentra as empresas no DF é o setor de comércio, com participação de 54%. Em 2011 o índice de sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPE) do DF foi de 81,5%. Embora as estatísticas apontem que a maioria dos investidores do Distrito Federal seja do sexo masculino e esteja na faixa etária de 30 a 39 anos, Camila Pinheiro, 24 anos, conseguiu alavancar um projeto que surgiu em 2007. Ela teve a ideia de criar uma marca de camisetas, a Menina Palito, quando ainda cursava uma das disciplinas da graduação em Publicidade e Propaganda. Inicialmente com a confecção de apenas trinta peças, Camila presenteou amigas para a divulgar Empresas a marca. O sucesso imediato a fez O Sebrae auxilia empreendedoseguir adiante. Com a faculdade de Design de Moda, a marca ganhou res de diversos perfis: potenciais
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Camila Pinheiro mostra os produtos da sua marca e o fusca que usou para vendê-los
empresários, empreendedores individuais, microempresas e pequenas empresas. Eles são cadastrados e apresentados por meio de consultorias, palestras, oficinas, cursos presenciais e on-line. Com isso terão maior orientação para que consigam manter suas empresas. O gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae, Bruno Viotti, fala do que é preciso para se vincular ao serviço. “Qualquer pessoa que procure o Sebrae pode abrir uma empresa, sendo ele empreendedor individual ou tendo uma pequena empresa, desde que atenda as exigências legais”. E completa: “São oferecidos cursos e palestras gratuitas ou a um custo muito baixo, ajudando o empreendedor a ter um melhor planejamento”. O estudante de Administração Carlos Eduardo Pinheiro, 26 anos,
Foto: Michelle Brito
Alessandra Santos
pretende abrir uma empresa no ramo alimentício e procurou o Sebrae. “Foi muito fácil, exigem poucas coisas para se cadastrar e as palestras ajudam a ter um planejamento empresarial melhor.” O PIB apontou, em 2011, que a região sudeste ficou em primeiro lugar no ranking empreendedor. E o estado que abriu mais empresas foi o Rio Grande do Norte.
SERVIÇO Mais informações: Sebrae-DF Endereço: Sia Tr.3, Lt. 1.580 Telefone : 0800 570 0800 www.df.sebrae.com.br
trabalho mulheres
Mariana de Deus Alvarenga , Luma Soares e Mariana de Ávila
Elas não deixam de lado a vaidade e se dedicam ao serviço puxado. Com calças compridas, camisetas, botas, toucas no cabelo e maquiadas de forma discreta: rebocam, pintam e lixam paredes, carregam tijolos e cimento. Esta é a profissão que inclui cada vez mais as mulheres no mercado de trabalho: construção civil. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, são cerca de 190 mil em todo o país, número ainda tímido se comparado a quantidade de homens empregados no setor. O alto crescimento imobiliário da capital do país abriu oportunidades de trabalho para todos. No Distrito Federal, três mil mulheres fazem parte dessa área. Segundo o Ministério do Trabalho, o crescimento do salário médio real de admissão das mulheres na construção civil soma 5,65% em todo DF no primeiro trimestre de 2012. Os salários iniciais vão de R$ 800 a 1.000 mensais. O assessor técnico da Diretoria de Planejamento e Avaliação da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Agnaldo Moraes, disse que o crescimento da presença das mulheres na construção civil coincide com o período em que a economia brasileira se estabilizou. Segundo ele, a partir desse instante houve um aumento no volume de empreendimentos na construção civil e uma escassez de mão de obra qualificada. “A ocupação desse espaço pelas mulheres veio quase de uma forma natural, da mesma forma que as
Foto: Thyago Santos
A força é delas
Operárias pegam no pesado e se dedicam à construção civil
Boa remuneração fez Cleide ingressar na construção civil, sem deixar o serviço do lar
mulheres passaram a ocupar antes espaços privativos, ou preferencialmente ocupados por homens”, afirmou Agnaldo. Ele disse ainda que há uma concentração maior do gênero feminino nos setores da construção que exigem uma sensibilidade maior para o desempenho dessas atividades. “Há uma ênfase na área de eletricista, pintura, azulejo, acabamento, de uma maneira geral, onde se constatou uma aptidão muito maior das mulheres em relação aos homens, por razões quase que óbvias”, completou. Em Águas Claras, um dos maiores canteiros de obras do DF, elas
estão por toda parte. As trabalhadoras da construção demonstram não temer o trabalho nem fugir de desafios. A maioria descobriu a nova profissão ao acaso, algumas levadas pelo desemprego e pela baixa remuneração de outros serviços. Cleide Gomes de Souza, de 33 anos, começou a trabalhar na construção civil há quatro anos. “As pessoas ficam admiradas ao ver que escolhi essa profissão”, afirmou. Ela pretende se aperfeiçoar e contou que o trabalho é bem remunerado. Cleide disse que antes de chegar à construção civil, foi empregada doméstica. “Prefiro minha profissão
Curiosidade Das três mil pessoas que trabalham na construção do Estádio Nacional no DF, 100 são mulheres.
atual, pois ganho bem mais”, observou. Ela contou que coloca rejunte e faz serviços gerais na obra. Diva Lopes, de 53 anos, trabalhou em várias obras no DF. Ao contar sua história sobre como chegou à construção civil, Diva demonstra satisfação por ser uma das pioneiras na área. A mineira, de Montalvânia-MG, veio para Brasília há 35 anos. Há pelo menos uma década e meia trabalha em obras. “Estávamos [eu e meu marido] desempregados e recebemos a proposta de trabalhar em uma obra. Desde então eu trabalho nesse setor”. Na obra, a definição de seu trabalho é encarregada de serviços gerais, mas Diva contou que as mulheres fazem “de tudo”. “Se for necessário, a gente carrega tijolos e cimento, coloca rejunte, faz de tudo um pouco”, disse ela. Questionada se o trabalho é cansativo, Diva não hesitou ao responder: “Todo tipo de profissão é cansativa, não só essa. Acho que é preguiça a mulher dizer que tem o corpo frágil. Temos a mesma capacidade. Temos somente que ter força de vontade e trabalhar”.
SERVIÇO A Sudeco,o Sinduscon, a Secretaria de Estado da Mulher do DF e o Instituto Federal de Brasília (IFB) promovem o programa “Mulheres na Construção”. O projeto fornece 440 vagas para cursos de azulejista e pintora de obras. As próximas turmas serão em agosto, em Samambaia e Águas Lindas.
Mais informações:
Telefone: 3414-0160 / 3414-0168 http://www.sudeco.gov.br/ mulheres-na-construcao
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política movimento
Riso contra a truculência Fotos: Mariana Lima
Augusto Dauster* e Paula Carvalho
O humorista Chico Anysio deixou, como legado, a lição de rir dos problemas para enfrentá-los. O Exército de Palhaços Autônomos, Rebeldes e Insurgentes – EPA-RI levou esse ensinamento a sério. O nariz vermelho, a maquiagem, o sorriso e a descontração são usados em oposição à força bruta da polícia. Os ‘palhaços’ agem no Distrito Federal desde as manifestações pelo Passe Livre Estudantil, no início de 2007, quando ainda não possuíam denominação. Os integrantes do EPA-RI se inspiraram no Exército de Palhaços Rebeldes Clandestinos e Insurgentes (CIRCA, na sigla em inglês). A atividade começou na Inglaterra em meados de 2003 como forma de protesto à invasão ao Iraque. Os palhaços voltaram à ativa em 2005 quando o país sediou o 31º encontro do G8 – grupo dos países mais industrializados e desenvolvidos do mundo. Outras manifestações abraçaram a ideia de satirizar o uso da violência pelas autoridades em países como Irlanda, França, Israel, Bélgica e Dinamarca. Quem trouxe a ideia para o DF foi o comandante Ricardo Rosa. Segundo ele, havia “necessidade de proteger as pessoas da histórica brutalidade policial”. Ricardo, como é conhecido sem maquiagem, assume que, ao ver a polícia preparada para agir contra manifestantes pela primeira vez, pensou que seria trucidado. “Isso aconteceu uma semana depois da ocupação da Rodoviária.” Em 2011 os militantes voltaram a usar o campo de batalha das manifestações como picadeiro.
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Integrantes do grupo EPA-RI participam de manifestações políticas de forma descontraída e bem humorada
Já sob o nome EPA-RI e com um pequeno batalhão de narizes vermelhos recrutados, enfrentaram a repressão da Polícia Militar aos ativistas da causa do Santuário dos Pajés. A dúzia de palhaços-soldados apoiou com risos os protestos contra a construção do bairro Noroeste. Segundo Ricardo, para
fazer o trabalho direito, a guarnição precisa manter o bom humor mesmo em meio à pancadaria. “Já apanhei, já tomei spray de pimenta, xingamento e todas aquelas coisas que infelizmente a gente se orgulha de ter passado. O EPA-RI não odeia a polícia, nem ninguém. É um grupo que sabe que a luta deve ser
Exército de palhaços faz manifestações políticas com humor
colorida para ser verdadeira.” Vida de soldado Marchar, correr, pular e saltar. Para fazer parte do EPA-RI também é preciso disciplina. Quem conta é a recruta Adriele Peixoto. Ela explica a necessidade de manter em mente no calor do momento a postura de palhaço manifestante. Na visão de Adriele, o papel enquanto palhaça é mudar um pouco o contexto do ativista radical, trazendo uma forma diferente de representar lutas e causas. “É brincar com coisa séria sem deixar que as coisas sérias virem brincadeira”, explica. O resultado da disciplina é o que eles chamam de ordem subvertida. Eles abraçam policiais, imitam autoridades e trazem riso para um momento de tensão sem esquecer o motivo da luta. “Eu acredito que mesmo com a bagunça e com a desordem ordenada que é o exército, a nossa proposta é bem evidente: se rebelar e subverter de forma bonita”, finaliza Adriele. A especialista Rebeca Abers, professora de Política e Movimentos Sociais do Instituto de Ciências Políticas (Ipol) da Universidade de Brasília (UnB), é favorável à maneira de agir dos militantes do Epa-rí. Ela acredita que a atuação reforça a validade de cada luta. “Em relação ao exército de palhaços, eu diria que tem o papel de trabalhar com a imagem para propagar a ideia da liberdade de expressão”, explica. Rebeca também elogia o esforço dos palhaços. “É difícil a ideia de ridicularizar a violência ser mal interpretada. Isso que eu acho bonito.” * O repórter é integrante do EPA-RI.
Fotos: Mariana Lima e Felipe Vieira
SERVIÇO Para contatar o Exército de Palhaços basta perguntar pelo exército de palhaços nas manifestações políticas que ocorrem na capital federal.
A 10ª edição da Placenta já está no forno. E, em breve, você terá uma revista recheada de publicidade com cobertura de criatividade. Se você está com água na boca, não pode perder. Desde já, bom apetite.
política greve
Justiça ou ganância?
Professores do DF lutam por aumento e alegam desvalorização da carreira; GDF diz que são os melhores salários do país Foto: Samita Barbosa
Aline Sales
Os professores da rede pública do Distrito Federal se mobilizam para reivindicar reestruturação de salário, isonomia com outras carreiras de nível superior do Governo do Distrito Federal (GDF), plano de saúde, nomeação dos professores aprovados em concurso e aumento da verba pública investida na educação. A classe considera que o Governo investe pouco na pasta. Segundo o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), 21,8% dos recursos do Fundo Constitucional (recursos federais transferidos ao GDF para o custeio integral dos gastos locais com segurança pública e, parcialmente, das despesas com educação e saúde) são repassados para educação, o que corresponde à menor fatia do repasse. “Não pode ser justa a situação em que nos encontramos. Estamos na base da formação dos futuros profissionais e ganhamos menos do que todas as categorias profissionais com nível superior no DF. Devido a isso, ocorre a gradual desvalorização de nossa carreira. Na medida em que ela não remunera bem, acaba não atraindo os melhores profissionais”, destaca Rafael Rosa, professor do Centro Educacional Elefante Branco. “Por que se tornar professor quando a maior parte dos concursos de nível superior na capital federal paga pelo menos o dobro do que ganhamos? Já há falta de professores na rede pública, pois não há quem se interesse”, completa o professor. O resultado do cabo de guerra? No dia 12 de março os professores
é de apenas R$ 2.314,78. Os outros quase R$ 2 mil são gratificações que não são incorporadas aos vencimentos. Esses valores constam na tabela salarial do magistério reajusta em março deste ano. Escolas vazias Durante a greve, as escolas do DF permanecem vazias. No Centro de Ensino Médio 01 de Brazlândia – que tem 1360 estudantes - cerca de 60% dos professores aderiu à greve.
Professores reivindicam isonomia salárial e melhores condições de trabalho
entraram em greve. O governo alegou que os educadores recebem os melhores salários do país e que não há possibilidade de conceder o aumento reivindicado. A explicação é de que a Lei de Responsabilidade Fiscal, que define o teto de comprometimento das receitas com a folha de pessoal, apertou as contas do DF. Em nota, o GDF afirma que já concedeu o maior reajuste salarial de todas as categorias aos professores, alcançando um índice de 13,83% (6,36% em março de 2011; 4,78% em setembro e 2,69% em março deste ano). O governo alega que também alterou o auxílio alimentação para R$ 304, aprovou a Lei da Gestão Democrática para a Rede Pública de Ensino e nomeou todos os candidatos aprovados no último concurso público para professor. Além disso, mais de 300 instituições educacionais de ensino foram reformadas e 1.500 professores, que estavam em convênios nas áreas
administrativas da Secretaria e das Regionais de Ensino, retornaram às salas de aula. Apesar dos aparentes benefícios concedidos à classe profissional, Washington Dourado, diretor do Sinpro-DF, revela que no ano passado, o governo fez um acordo de reestruturação do plano de carreira dos educadores que ainda não foi cumprido.“O sindicato já demonstrou que, no orçamento da Secretaria de Educação, existem R$ 285 milhões que podem ser utilizados para atender nosso pleito e suprir as necessidades da educação”. “Com a intransigência do GDF, os maiores prejudicados são os professores e os alunos”, completa Dourado. Salários Um professor com dedicação exclusiva que trabalha 40 horas semanais tem o salário inicial de R$ 4.226,47, porém, o vencimento básico que conta para a aposentadoria
É justo fazer greve? O Gestor de Recursos Humanos Felipe Pimenta é contra a greve. “Penso que existem métodos bem mais inteligentes. Não consigo ser a favor de uma greve onde o maior prejudicado e a população. Os professores do DF receberam um reajuste de 13,83% em 2011, e atualmente o salário inicial é alto, o maior da federação. É claro que os professores merecem bem mais que isso, mas fazer jogo político com a população, como o Sinpro está fazendo, não é justo.” Mesmo reconhecendo que os alunos são os maiores prejudicados, Erik Barbosa da Costa, universitário, acha justa as reivindicações dos professores: “Os alunos estão sendo prejudicados por falta de investimento na educação e omissão do governo. Se nenhuma mobilização for feita, nada mudará. Os professores têm uma má remuneração e poucos benefícios em relação à demanda e a responsabilidade que possuem. Só dessa forma a classe conseguirá melhores condições de trabalho”.
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Cidadania
Entregar é legal Ao contrário do que muitos pensam, dar o filho para adoção não é crime. Já abandonar crianças em qualquer lugar, sim Estela Monteiro
Em janeiro deste ano, um bebê de apenas dez dias foi encontrado por moradores de rua na Asa Norte. Dias depois, a mãe da criança, que disse ter sido vítima de estupro, se apresentou à polícia e demonstrou arrependimento. A mulher, de 19 anos, responde pelo crime de abandono de incapaz. Em setembro do ano passado, um bebê do sexo feminino, prematuro e ainda com o cordão umbilical, foi achado dentro de uma bolsa, em uma quadra próxima ao Hospital Regional de Santa Maria. Uma mulher, que passava pelo local, o teria encontrado e entregou ao vigia que estava na guarita do Hospital. Posteriormente, essa mesma mulher foi identificada pela polícia como mãe da criança e afirmou ter sido vítima de estupro quando voltava da escola. A Polícia Civil não tem estimativa de quantos bebês são abandonados por ano no Distrito Federal e a maioria dos casos nem chega a ser notícia como os casos citados acima, mais extremos. “Muitos ocorrem nas maternidades, instituições religiosas e abrigos”, afirma Benedito Rodrigues dos Santos, consultor especial do Fundo das Nações Unidas Para Infância (Unicef) e professor da Universidade Católica de Brasília. Esses casos poderiam ter sido evitados se as mulheres que não querem ou não podem criar as
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crianças tivessem acesso a uma simples informação: entregar o filho para a adoção não é crime. Desde 2009, a nova Lei de Adoção garante que qualquer mulher que manifeste a vontade de entregar o filho para a adoção tenha acompanhamento jurídico e psicossocial, além de protegê-la de constrangimentos, discriminação e qualquer tipo de pressão. “Isso é uma forma de resguardar a mãe e a criança. Essa mulher acaba virando objeto de assédio. Alguns chegam a ofertar vantagens financeiras para ficar com a criança, transformando-a em mercadoria”, explica Walter Gomes, supervisor da Seção de Colocação em Família Substituta da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal. A lei também prevê multa aos dirigentes de instituições de saúde, médicos, enfermeiros e assistentes sociais que se omitam em encaminhar a mãe ou gestante interessada em entregar o filho à adoção para a autoridade judiciária. E tenta impedir o que ainda acontece com frequência no Brasil, a chamada adoção consensual ou à brasileira, na qual a mãe entrega os filhos a uma terceira pessoa, que registra a criança em seu nome. Registrar
como seu o filho de outra pessoa é crime. Para adotar uma criança, é obrigatória a inscrição no cadastro de adoção. Acompanhamento da decisão Desde 2006, a Vara da Infância e da Juventude do DF realiza o Programa de Acompanhamento à Gestante. Esse programa garante assistência de saúde, apoio psicológico e acolhimento à mãe que deseja entregar o filho para adoção. “Aqui disponibilizamos um acompanhamento digno, onde ela vai construir uma decisão, sem ser induzida a nada, protegendo a si e a criança”, explica Walter. Segundo ele, primeiramente são mostradas
Foto: Vinícius Remer
adoção
alternativas para que a mãe permaneça com a criança. Caso ela decida prosseguir com a entrega, terá atendimento psicossocial e assessoria jurídica com um defensor público. Depois disso, é verificado, caso seja vontade da mãe, se há possibilidade de o filho ficar com a família biológica, para só então ser encaminhada a adoção. “É um dos direitos da criança permanecer com a sua família biológica”, esclarece Benedito Rodrigues. Caso a mãe opte por manter a criança, é encaminhada a programas sociais que a ajudarão a criar o filho. Abalo emocional Na maior parte dos casos, a mulher que abandona ou entrega o filho para adoção encontra-se sob forte abalo emocional. Muitas podem ter sido vítimas de violência sexual ou não têm o apoio do pai
Cidadania há 30 anos. Ela ainda tem contato com a filha e já é avó. Carmen* adotou uma criança há 33 anos. “Havia acabado de me casar e estava tentando engravidar e, nesse meio tempo, tive um aborto espontâneo. Uma noite, minha cunhada me ligou perguntando se eu queria um bebê. Na mesma hora, saí para buscá-la.” A mãe, uma jovem solteira, tinha deixado o bebê em uma parada de ônibus e ligou para a cunhada de Carmen avisando. “Ela tinha 24 horas de vida e ainda estava sem roupa. Ao
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As mulheres que procuram a Justiça querem a garantia de que essa criança seja rapidamente acolhida por outra família. Walter Gomes
Acolhimento Manoela* conta que engravidou aos 17 anos e o pai a expulsou de casa. “O pai da criança, ao saber da gravidez, sumiu, e eu fiquei desamparada.” Foi então que um casal a acolheu. “Eles acabaram fazendo a minha cabeça para entregar a criança para eles e aceitei. Nós concordamos que ela saberia que eu era a mãe. Morei com eles até ela completar três anos, quando me casei e saí de lá.” O processo de adoção foi acompanhado pela Justiça e Manoela recebeu acompanhamento psicológico também. Isso aconteceu
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da criança ou da família. Walter Gomes relata que muitas estão desempregadas e já criam outros filhos. “As que procuram a Justiça querem a garantia de que essa criança seja rapidamente acolhida por outra família”, comenta. O supervisor conta que é comum a mãe se arrepender quando o período de maior turbulência emocional passa. Em um dos casos, a mulher abandonou o recém-nascido na Asa Sul. Localizada, se mostrou arrependida. Estava deprimida após o fim do relacionamento com o pai da criança. A mãe recebeu permissão para visitar a criança no abrigo e até amamentá-la. “Pelo modo como ela cuidava do filho e das outras crianças do abrigo, acabou sendo contratada como mãe social e trabalhar no abrigo, além de recuperar a guarda do filho”, lembra Walter.
chegar a casa, rasguei uma camisa do meu marido e a usei como fralda.” O marido de Carmen, que estava fora e não sabia de nada, perguntou de quem era a criança. “É nossa filha”, respondeu. A partir daí o amor foi incondicional. Quando a criança completou 15 anos, Carmen contou que ela era adotada e a filha quis conhecer a mãe biológica. “Hoje me arrependo de não ter ido atrás de saber quem era, pois minha filha quer saber da história dela, ver o rosto da mãe. Aconselho a todas as mães que vão
adotar uma criança a não serem egoístas e guardar os dados da família biológica. É a história deles.” Segundo a Nova Lei de Adoção, isso não é necessário, pois ao completar 18 anos, é direito do adotado ter acesso aos dados da família biológica. Antes disso, o acesso às informações pode ser permitido com o devido acompanhamento psicossocial. Um ato de coragem e amor. Muitas vezes, as mulheres que querem entregar os filhos para a adoção sofrem com o julgamento social e são vistas como pessoas sem sentimento. Walter Gomes explica que a maternidade não desabrocha para todas. “Existe o mito de que toda mulher nasce com o germe da maternidade, quando na verdade a maternidade é uma construção sociocultural. Há mulheres que optam por não serem mães. É importante a mulher conhecer suas limitações”.” Além disso, comparecer à Justiça e manifestar essa vontade, no imaginário popular, parece um crime, quando é totalmente aceitável e até preferível ao abandono. “Aquela mentalidade de que dar o filho para adoção é uma monstruosidade está acabando. Cada vez mais estamos indo pelo caminho de que ‘tudo bem dar o seu filho, você pode fazer outras famílias felizes e isso pode também ser visto como um ato de amor’”, mostra Benedito Rodrigues. Walter Gomes, ainda, completa: “Não é um ato de abandono. É um ato de cidadania”. * Nome fictício
principais mudanças da nova Lei de Adoção • Assistência psicológica à gestante e à mãe que queira entregar o filho para a adoção e amparo da justiça para evitar riscos à gravidez e o abandono de crianças em espaços públicos. • Crianças ou adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional terão sua situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses e limita o tempo de permanência das crianças nas casas de acolhimento em no máximo dois anos. • Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda de uma mesma família evitando o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. • Criação de cadastros estaduais e nacional com informações sobre pessoas ou casais habilitados à adoção e crianças aptas a serem adotadas. As famílias cadastradas deverão passar por preparação prévia ao acolhimento. • As regras para permitir que crianças brasileiras sejam adotadas por estrangeiros ficaram mais rígidas, visando evitar irregularidades no processo.
PONTO PONTO DE DE VISTA VISTA Maycon Fidalgo
A entrega de crianças para adoção cria comoção social e, muitas vezes, é vista como algo imperdoável pelos padrões de comportamento “aceitáveis”. A imprensa sensacionalista, quando noticia assuntos relacionados ao tema, reforça valores passados a uma sociedade qua-
drada e politicamente correta. É aí que nasce o senso comum sobre um assunto tão delicado. Indo na direção oposta, com finalidade de levantar o debate e abrir espaço para leitores pensarem a respeito, Estela produz uma reportagem esclarecedora. Casos de abandono geralmente divulgados pela imprensa transfor-
mam a mãe que abandonou o filho na antagonista da história – aquela que, independente do que está acontecendo, deveria se desdobrar para criar o filho e é um monstro por optar não fazê-lo. Contudo, as histórias são diferentes e as políticas ligadas à entrega devem ser mudadas e, claro, noticiadas. É o que faz esta matéria. Como destaca Walter Gomes,
supervisor da 1º Vara da Infância e da Juventude, comparecer à Justiça e expor a vontade de não manter o filho é preferível a abandonar. A Nova Lei de Adoção apoia essa vontade. Que o governo atenda, definitivamente, as mães que queiram entregar o filho, dando suporte, assistência psicológica e aparato legislativo nas escolhas pessoais.
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cidadania legislação
LIBRAS: conquista silenciosa No aniversário de 10 anos, um balanço da lei que reconhece a Língua Brasileira de Sinais Iasmin Costa
No dia 24 de abril, a Lei nº 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação entre os deficientes auditivos, completou dez anos. Com a comemoração dessa data, a equipe do Artefato foi saber o que mudou, ou não, ao longo desses 10 anos. A lei saiu do papel? Mesmo com o reconhecimento da língua de sinais como forma de comunicação, um dos maiores problemas enfrentados pelos surdos é o acesso à educação. De acordo com dados da Secretaria de Educação do DF, em 2008, 345 alunos deficientes auditivos foram matriculados nas classes especiais das escolas públicas. Muitas vezes esses alunos não recebem orientação de um intérprete qualificado. Por causa desse preconceito, os surdos ainda têm grande dificuldade para se integrar à sociedade e utilizar serviços básicos, por falta de pessoas para atendê-los na língua de sinais. O artigo 3º da lei garante que as instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva. Essa é a regra, mas os surdos e surdas aqui no Brasil têm os seus direitos constantemente negados. Segundo dados do Censo IBGE/2000, a deficiência auditiva é a segunda maior do país. São cerca de 5,8 milhões de pessoas surdas no
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Brasil. Wivo Herculano dos Santos, 21 anos, surdo de nascença, cursou o ensino médio em uma escola regular, que não possuía aulas em Libras. Mas, assim que concluiu os estudos, percebeu que ainda tinha muitas dúvidas, por isso procurou a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada-DF), para refazer as aulas, dessa vez em Libras. “Aqui tenho aula de matemática, português, história, geografia, tudo em Libras. Tudo que não entendia estou entendendo. A Libras é minha língua um, assim como o português dos ouvintes é a língua um dos brasileiros, por isso fica mais fácil a compreensão”. Assim como Wivo, aproximadamente 70% dos surdos brasileiros sabem ler o português, mas não têm o entendimento claro da língua. O Distrito Federal tem mais de 80 mil habitantes surdos. Para atender essas pessoas o governo disponibiliza, por meio da Gerência da Central de Intérpretes de Libras, acompanhantes para irem com os surdos aos locais a que necessitem ir. A estrutura localizada na Praça do Cidadão, Estação 114 Sul do Metrô, conta com seis intérpretes para atender, com agendamento prévio, os deficientes auditivos. “Contudo, ainda não é uma política de Estado, as condições são precárias e ainda não existem concursos públicos para a área. Com exceção da Caixa Econômica Federal, não há outro serviço público com profissionais em seus quadros habilitados a atenderem surdos”, afirma Falk Moreira, surdo, formado na primeira turma de Letras-Libras da Universidade de Brasília e professor da Universidade Católica de Brasília.
Em 2010 a profissão de intérprete foi reconhecida, mas não foram estabelecidos parâmetros para dizer quem são os intérpretes, de fato. “O GDF disponibiliza intérprete para acompanhar os surdos, mas esbarra nas próprias limitações desses funcionários. Como uma pessoa de nível médio vai saber interpretar o que um médico diz, por exemplo? Existem muitos termos técnicos e ele não tem competência linguística para isso. O intérprete precisa de um tipo de especialização para áreas distintas. Mas ainda não está claro quem é esse profissional e quem regulamenta a profissão”, comenta Marcos de Brito, coordenador de cursos e intérpretes da Apada-DF e presidente da Federa-
ção Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Surdos (Fenapas). Graduação para surdos Após o decreto que regulamentou a lei de Libras, o Brasil criou, em 2006, o primeiro curso de graduação do mundo baseado na língua de sinais e totalmente voltado para alunos surdos. O curso chegou a 15 estados e padronizou a língua de sinais em todo o Brasil. A partir daí alguns artigos da lei, aos poucos, puderam ser cumpridos, como a afirmação que a linguagem de sinais tem estrutura gramatical própria e constitui sistema linguístico de transmissão de ideias. A criação do curso regularizou a profissão de professor de Libras. Foto: Rick Antunes
Há uma década, os deficientes auditivos tiveram a Libras reconhecida, mas ainda lutam por uma série de direitos
esporte futebol
Em queda livre Gama e Brasiliense, os dois maiores times do DF, estão na pior; saiba por que eles chegaram ao fundo do poço Allan Virissimo
Taguatinga, 15 de maio de 2002. Trinta e duas mil pessoas lotavam o estádio do Serejão para acompanhar a final da Copa do Brasil. Em campo, o Brasiliense precisava de uma vitória simples (por um gol de diferença) para ser campeão nacional. A histórica equipe liderada pelo meia-atacante Wellington Dias, no entanto, não passou do empate contra o Corinthians (1x1). Os paulistas levaram o tricampeonato da competição, pois haviam vencido por 2 a 1 uma partida de arbitragem muito contestada do gaúcho Carlos Simon na ida, em São Paulo. O futebol local já havia se destacado no cenário nacional em 1998, ao conquistar pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. O Gama sagrou-se campeão ao golear o Londrina por 3 a 0, diante de aproximadamente 50 mil pessoas no Mané Garrincha, e disputou as quatro temporadas posteriores na elite. O rival Brasiliense igualou o feito em 2004, ao derrotar o Bahia por 3 a 2 na Fonte Nova, em Salvador. No ano seguinte, o clube contratou jogadores renomados para a disputa da primeira divisão, como os meias Vampeta e Marcelinho Carioca, mas foi rebaixado logo no ano de estreia. Desde então, os clubes do DF mergulharam na decadência. Com exceção da chegada do Brasiliense à semifinal da Copa do Brasil em 2006, os resultados são muitos
Foto: Jéssica Antunes
ruins. Hoje, o time de Taguatinga disputa a terceira divisão do Brasileiro, e seu arquirrival Gama sequer tem vaga garantida na série D. Ambos foram eliminados na primeira fase da atual edição da Copa do Brasil e não dominam sequer o Candangão: o Luziânia (GO) foi campeão do primeiro turno do distrital ao vencer o Ceilândia e já tem vaga garantida na grande final. Administração amadora Concorrentes nas arquibancadas, as torcidas concordam quanto ao principal motivo da péssima fase de seus times de coração. “Antigamente a diretoria não trabalhava para o time, apenas por si própria”, diz o estudante gamense Rodrigo Marques, 19 anos. “A diretoria do Brasiliense não está nem aí para o time, só quer ganhar dinheiro. Não ligam para a torcida, deveriam ter mais consideração com a gente”, avalia o motorista Adan Sousa, 23 anos. A atual direção da equipe alviverde tem visão semelhante à de boa parte de seus torcedores. “Isso é reflexo de 19 anos da administração anterior. O Gama é rentável, tem história e a maior torcida do DF. Isso desperta o interesse de empresários e dirigentes”, explica Arilson Machado, diretor administrativo do clube. Ele ressalta que o maior problema é a falta de recursos. “Assumimos o clube com três bolas e 87 ações trabalhistas. Os juniores estão em campo porque não tem como contratar. Sem dinheiro, nada se faz.”
Em meio a consecutivas campanhas ruins e jejum de títulos, torcida pressiona Gama
No Brasiliense, a gestão política e financeira é conduzida pelo empresário e ex-senador Luiz Estevão, fundador e presidente do clube. Ele tem na ponta da língua os motivos para o mau desempenho do futebol do DF. “A média de público local não está entre as 20 melhores do país. O torcedor não comparece porque só há um estádio em condições, o Bezerrão. Os demais não têm conforto nem segurança”, diz o cartola-empresário-ex-político. Luiz Estevão defende a estruturação do Candango como incentivo à disputa. “Há potencial, mas, num campeonato sem cotas de TV e tradição, é necessário melhorar a experiência do público nos jogos para alavancar a bilheteria e atrair interesse para o televisionamento das partidas.” Sobre a queda de rendimento do Brasiliense, o presidente
é realista: “Sinceramente, os resultados de 2002 a 2005 foram fora dos padrões. Hoje, o futebol de Brasília está representado do tamanho que realmente é”. Análises de mercado confirmam a fala de Luiz Estevão e as dificuldades expostas pela diretoria do Gama. “Esses são problemas intimamente ligados à gestão e típicos de times de escalão menor. Eles não têm tradição nem torcida, apenas simpatizantes. A mídia não se interessa e as receitas de bilheteria e de mercado são pequenas” explica Amir Somoggi, diretor da área esportiva da consultoria BGO RCS Brazil. “O custo é elevado e sem receitas proporcionais. Não haverá espaço para todos, a tendência é de concentração entre as maiores equipes.”
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ESPORTE malhação
A Fórmula 1 da musculação
Força de vontade, muita disciplina e determinação. Estes são os pré-requisitos para a prática do chamado fisiculturismo, modalidade que aos poucos vem criando visibilidade no meio esportivo. Mais conhecido como “bodybuilding” pelos atletas, o fisiculturismo, ao pé da letra, seria o culto ao corpo. Para outros, é um exagero de pessoas “bitoladas” em musculação. “O fisiculturismo é a ‘Fórmula 1 da musculação’, que busca simetria e perfeição do
Primeiro campeonato brasiliense ocorreu na UCB, em 2008
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corpo”, defende o personal trainer André Torres, treinador de atletas e pós-graduado em Fisiologia do Exercício Avançada. Segundo ele, o fisiculturismo existe há algumas décadas em Brasília com bons atletas, mas por falta de incentivo e organização para a realização de campeonatos, acabou saindo do cenário. O primeiro campeonato brasiliense foi realizado em 2008, na Universidade Católica de Brasília (UCB), pela Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação (IFBB), com poucos competidores e público reduzido. “A partir desse evento tudo mudou, não só o local, mas a quantidade de atletas e principalmente o público. O último campeonato realizado em Brasília, no ano passado, foi no Teatro Nacional, com lotação máxima e cobertura dos principais meios de comunicação”, comemora o personal. No DF, os atletas mais conhecidos, que ganharam títulos em campeonatos são Janaina Ferreira, tetracampeã brasiliense e vice-campeã nacional; João Feitoza, campeão brasileiro júnior; e Polliana Cristina, participante do programa “Hipertensão”, da Rede Globo, na edição do ano passado. André observa a importância desses resultados para a consolidação da modalidade. “Estamos no quinto ano de campeonato, enquanto
Ficar com o corpo definido como os de atletas custa caro: cerca de R$ 5 mil
outros estados já estão nos 30 anos ou mais”, ressalta. O fisiculturismo gera opiniões diversas, principalmente a respeito da participação feminina. Algumas pessoas pensam que a maioria das mulheres que a praticam perde a feminilidade e toma forma masculina, porque acreditam que “músculo não é coisa de mulher”. “Acho que têm mulheres que já não têm feminilidade e usam o fisiculturismo porque gostam do corpo malhado. Mas mostro muitas mulheres ‘gigantes’ lindas e que são totalmente femininas”, diz Polliana Cristina. “Há algumas categorias para as mulheres. A biquíni, hoje, é a que todas as meninas gostariam de ser: bumbum durinho, pernas bonitas e barriga seca, ou seja, panicat”, comenta André Torres, num tom descontraído. “As da fitness são bem mais definidas, mas com pouco volume muscular; já o culturismo feminino, este sim,
sofre muito preconceito, pois são mulheres muitas vezes maiores do que alguns homens”, explica. Em Brasília, para se tornar um “grandalhão” ou “grandalhona”, além de muita ralação, é necessário dinheiro: os gastos giram em torno de R$ 5 mil por período de preparação (cerca de quatro meses), apenas com alimentação e suplementos alimentares. Eventuais gastos podem surgir pelo caminho, por exemplo, com fisioterapia em casos de possíveis lesões causadas pelos exercícios físicos. Caso de Polliana, que sofreu uma lesão na lombar durante os treinos.
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Monalisa Santos
Fotos: Monalisa Santos
Focado na perfeição corporal, fisiculturismo busca reconhecimento; modalidade já fez cinco campeonatos em Brasília
O fisiculturismo busca simetria e perfeição do corpo André Torres
meio ambiente apocalipse
É o fim ou não? Previsões positivas e negativas causam curiosidades a respeito deste ano Yale Duarte
A elevação do nível do mar, o aumento da temperatura global, o aquecimento dos oceanos, o derretimento das camadas de gelo e o declínio do gelo ártico são evidências de que o clima da terra tem mudado ao longo dos anos. A maioria das alterações é atribuída às variações na órbita da terra, que alteram a quantidade de energia solar que o planeta recebe. Esse “cientifiquês” todo, em 2012, aquele que seria (mais um) ano do apocalipse, deixa uma pergunta no ar: será que o mundo vai acabar em água? Imagens apresentadas em 2007 pela Nasa mostraram que o derretimento do gelo tinha causado uma abertura que ligava o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. O degelo do Pólo Norte poderia causar inundações em toda a Terra, fazendo desaparecer ilhas, cidades e até mesmo estados. A previsão é que em 2019 as geleiras se transformarão totalmente em mar, mudança que afetaria cerca de um quarto da população mundial. Para dar mais força à teoria do cataclisma, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) divulgou que o início de 2012 foi marcado por
da agência, acredita que os fenômenos naturais que estão acontecendo não são indícios de que o mundo acabará. “Nada de mal acontecerá em 2012. Há 4 bilhões de anos a terra está indo bem, sem problemas que podem ser interpretados Balde de água fria Don Yeomans, cientista da como ameaças para o mundo. Cientistas de credibilidade Nasa e coordenador não apontaram, de programas até agora, nenhuma muitas chuvas. Além disso, cientistas descobriram que houve surgimento de águas mais quentes no setor leste do Pacífico Equatorial, fato que surpreendeu a comunidade científica.
Ilustração: Bruno Brandão
evidência que pode ser ligada ao fim da vida no planeta”, disse ao site da agência espacial norteamericana. Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Franscisco de Assis, o Brasil está sob a influência do fenômeno climático da La Niña, que corresponde ao resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental: “Vem ocorrendo redução de chuvas no Nordeste brasileiro e isso deverá continuar com essa condição até meados do ano. Neste contexto, o restante do ano não será bom para o Nordeste”. E como vai ficar o clima do último ano (pelo menos segundo o calendário maia)? Francisco explica que a tendência de situação neutra do Oceano Pacífico Equatorial ou de possível início do El Niño – fenômenos ligados a alterações significativas da temperatura da superfície da água, a tendência é de que haja um inverno bastante irregular, “com ondas de calor e de frio”. A primavera também deve ser mais quente no Centro-Oeste e Sudeste do país. Como mais um reforço à teoria da inundação global (que o filme 2012 mostra bem), o Grupo de Pesquisas em Mudanças Climáticas (GMPC) prevê, para este ano, o aumento de dias secos e secura do ar, possibilidade de secas mais intensas e frequentes e possíveis elevações do nível do mar.
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meio ambiente iniciativas
Sustentabilidade no dia-a-dia Medidas domésticas contribuem para a preservação da natureza Tuane Dias
Junho é o mês de comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A data é celebrada anualmente no dia 5, por conta da primeira conferência das Nações Unidas sobre o tema, em 1972, na qual ações em conjunto começaram a ser planejadas. Perto da data, a equipe do Artefato foi em busca de pessoas que procuram valorizar a sustentabilidade com projetos simples. Encontramos a dona de casa Maria Francisca Silva, 67 anos, moradora de Águas Claras, e defensora da natureza.
SAIBA MAIS • Você sabia que o vidro é 100% reciclável, portanto não é lixo? 1kg de vidro reciclado produz 1kg de vidro novo e pronto para ser utilizado. • A reciclagem de 1 tonelada de aço economiza 1.140 Kg de ferro, 155 Kg de carvão e 18 Kg de cal.
Maria faz diariamente pequenas coletas seletivas em casa e garante que, além de ajudar na organização do lar, consegue contribuir para preservação. “Começo separando os papeis e vidros em uma sacola plástica, depois os lixos orgânicos, aí fica fácil separar os outros”, garante. Os projetos se estendem a empresas de grande porte como o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), instituição que integra no dia a dia dos funcionários projetos sustentáveis. Em 2012 o grupo se empenha na campanha
ECOnomize, que busca reduzir, reutilizar e reciclar. “O objetivo do projeto é promover ações de sustentabilidade, visando a conscientização dos funcionários sobre o consumo responsável de energia elétrica e papel”, declara umas das responsáveis pela campanha, a gerente Zuldene Cipriano. Os projetos se estendem ainda à população. O Governo do Distrito Federal lançou no fim de 2011 o projeto Plano de Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), que visa reduzir o uso
Cuidado com a água
Energia
• Utilize corretamente a água quando for escovar os dentes: desligue a torneira antes do enxágue.
• Abra a janela e evite acender as luzes durante o dia. Jamais se esqueça de desligá-las ao sair do ambiente.
• Na hora do banho diário desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando e evite banhos prolongados.
• Desligue aparelhos eletrônicos caso não sejam utilizados.
• Ao lavar a louça, enquanto estiver ensaboando pratos e talheres. A torneira deve estar fechada.
• 100 toneladas de plástico reciclado evitam a extração de 1 tonelada de petróleo. • A cada 28 toneladas de papel reciclado evita-se o corte de 1 hectare de floresta (1 tonelada evita o corte de 30 ou mais árvores).
Transporte •
Quando possível utilize meios de transportes públicos, ou pegue uma carona com um amigo, combine rodízios de carros
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de sacolas plásticas e banir o uso de substâncias que agridem a camada de ozônio. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, essas metas devem ser cumpridas até o ano de 2014. “O plano brasileiro foi elaborado de forma articulada, por meio de um comitê gestor, composto por diversos representantes do governo, pensando em melhorias, assim toda a população será beneficiada”, afirma a assessora de comunicação do Ministério do Meio Ambiente, Bárbara Bomfim.
• Dedique dias da semana para lavar e passar roupas, aproveitando a capacidade máxima dos equipamentos.
Ilustrações: Bruno Brandão
Lixo Uma maneira simples de preservar o meio ambiente é realizando uma coleta seletiva adequada para o lixo, separando em: • Material Orgânico • Papel • Vidro • Metal • Plástico Tudo isso, devidamente separado, é reaproveitado e utilizado na fabricação de novos produtos.
meio ambiente compras
Fotos: Anna Cléa Maduro
O retorno dos carrinhos de feira? A retirada de sacolas plásticas dos mercados pode ajudar o meio ambiente e causar transtornos para os consumidores Letícia Pires e Monalisa Santos
Em janeiro desse ano, os supermercados de São Paulo deixaram de fornecer sacolas plásticas aos consumidores. A medida é resultado de lei municipal que determina a substituição de sacolas fabricadas à base de petróleo por sacolas reutilizáveis e biodegradáveis feitas de amido de milho, cobradas por R$ 0,20. Em Brasília, isso ainda não é uma realidade. Porém, no mês de fevereiro foi publicado no Diário Oficial da União a Lei 4765/2012, que pede a substituição de sacolas e sacos plásticos por embalagens de material biodegradável. Os estabelecimentos comerciais e industriais e a administração públi-
ca direta e indireta deverão tomar medidas para adaptação no prazo de um ano. A cobrança e a disponibilização das sacolas recicladas ou reutilizáveis para o consumidor final ficarão a critério de cada estabelecimento. No entanto, é bom levar em consideração – como diz a lei – que essa iniciativa vai ser um diferencial de mercado e concorrência. Edivades Gonçalves, dono de supermercado no Guará II, não conhece a nova Lei Distrital, mas já colocou embalagens recicláveis à venda, porém ainda não há procura grande. Para ele, as sacolas não têm sido vendidas porque, além das embalagens comuns serem mais práticas, elas são gratuitas. A consumidora Zilda Alvarenga aderiu recentemente às sacolas
Sacolas biodegradáveis, carrinhos, sacolas de feira. As alternativas já estão no mercado, mas a população ainda não perdeu o costume de usar os “saquinhos”
retornáveis. “Trago de casa para fazer as compras e quando esqueço compro no supermercado as biodegradáveis, mas não são todos os estabelecimentos que oferecem”, conta a dona de casa. Além das sacolas retornáveis, o uso de caixas de papelão é uma alternativa para guardar as compras, mas não agrada todos os consumidores. “Não gosto. São desconfortáveis e difíceis de transportar”, diz Maria Isabel Pereira, que esporadicamente faz compras em atacados – que não fornecem sacolas. Problema ambiental O problema dos sacos é o uso em quantidade exagerada. São cerca de 150 sacolas usadas por cada consumidor no mês. Por serem majoritariamente constituídas de materiais não biodegradáveis, a natureza não é capaz de eliminá-las. São feitas de polietileno, vindos de combustíveis fósseis. Sua exploração acarreta inúmeros impactos ambientais no solo, água e gases poluentes. Apesar dos problemas no meio ambiente, a engenheira ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB) Beatriz Rodrigues lembra que existe uma cadeia produtiva que ficará desempregada com o banimento. “É preciso apresentar alternativas para vendedores e industriais. Uma das alternativas é a confecção de sacolas retornáveis e carrinhos simplificados para compras, bem como o investimento em tecnologia que garanta 100% da reciclagem das sacolas”, explica. Para o economista Carlos Alberto Ramos, da Universidade
O descarte inadequado de embalagens plásticas motivou o uso de sacolas biodegradáveis
de Brasília (UnB), o fim das sacolas vai gerar uma racionalização maior. “Um bem quando é pago tem melhor qualidade do que um gratuito, e é menos desperdiçado. Mas isso significa mexer no bolso”, diz. Segundo o economista, a nova medida vai ser lucrativa para os mercados, já que por ano são gastos aproximadamente por esses estabelecimentos R$ 19 milhões com embalagens plásticas. O hipermercado Walmart tem, desde 2008, em alguns estados brasileiros uma campanha de desconto para reduzir o consumo de sacolas: o cliente que não usa embalagens plásticas recebe R$0,03 de desconto a cada cinco produtos comprados. Antônio Costa, gerente do supermercado Big-Box afirma que o problema não são as sacolas plásticas, mas a forma errada do descarte. “A população precisa de campanha de conscientização, estrutura para coleta seletiva, regularidade no recolhimento do lixo e principalmente aprender a forma correta de descarte. O governo fala em ações sustentáveis, atuando em consequência, quando deveria atuar nas causas”, conclui.
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sabores pratos
“Riso” popular Culinária italiana vai ser o tema do maior festival gastronômico do planeta Taísa Lima
Arbóreo, carnaroli e vialone são os três tipos de arroz usados para preparar o risoto. O prato é de origem italiana: “riso” é arroz em italiano e “risotto” significa arroz pequeno. A característica principal é que o arroz, depois de cozido, fica bem úmido. À base são acrescentados ingredientes como manteiga, vegetais, carne e algum caldo, podendo ser de legumes, de carne ou de galinha. O arbóreo é o tipo mais usado e versátil: é encontrado em supermercados e custa em média R$9 para ½ kg. A chef Catarina Melo, 34 anos, é personal chef e oferece cursos
regulares de carnes, sobremesas, pratos básicos, entre outros. Segundo Catarina, o risoto é o queridinho dos alunos. Todos os meses há uma aula dedicada ao prato. No curso não pode faltar o risoto de camarão com morango e champanha. Para fazer a receita são precisas algumas regras básicas. A principal é que “para um legítimo risotto italiano, obedeça essencialmente o tempo de cozimento, que é de 18 a 20 minutos”, ensina Catarina.
gastronômico do mundo, que vai acontecer em Brasília. O Festival Brasil Sabor está na 7ª edição e ocorrerá entre 3 de maio e 3 de junho. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) firmou parceria com a Embaixada da Itália para celebrar o Momento Itália no Brasil. Os chefs irão preparar um prato específico para o Brasil Sabor que homenageie a influência da cultura italiana na gastronomia brasileira, levando em consideração a especialidade da casa, as características e a Festival tradição local. O preço promocional Os apreciadores da culinária durante o período de realização italiana poderão aproveitar pratos, do evento vai de R$25 a R$46. “O como o risoto, no maior festival valor de R$25 é uma homenagem
em comemoração aos 25 anos de tombamento da capital como patrimônio da humanidade”, afirma a assessoria da entidade. Serão mais de 120 restaurantes participantes em Brasília, Taguatinga, Águas Claras e Gama. No site do evento, (www.brasilsabor.com.br/festival), você encontra os restaurantes participantes, valores, pratos e as receitas. Se você não tem dinheiro ou tempo de ir aos restaurantes do festival ou quer apenas entrar no clima do festival, a chef Catarina sugeriu uma receita de risoto fácil e com preço acessível. A receita é para quatro pessoas e custa aproximadamente R$16.
Risoto de Presunto e Ervilhas Frescas Ingredientes - 1 colher (sopa) de manteiga - 1 colher (sopa) de azeite - 1 colher (sopa) de cebola picada - 320 g de arroz arbóreo - 200 g de ervilhas frescas - 200 g de presunto em fatias - 100 ml de suco de laranja - 1 ½ l de caldo de legumes - 100 ml de vinho branco seco - 100 g de queijo parmesão ralado na hora - Sal - Pimenta do reino
Preparo Derreta a manteiga e acrescente o azeite. Refogue a cebola picada até ficar transparente. Adicione o arroz e frite por um minuto. Deglaceie com o vinho branco seco e deixe que evapore o álcool. Acrescente aos poucos o caldo ao risoto e repita a operação durante 18 a 20 minutos. No final do cozimento, acrescente as ervilhas e o presunto e por último o parmesão.
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Foto: Taísa Lima
Dica Prove o sabor do risoto e acerte o sal se necessário e em seguida teste o ponto do cozimento, deve estar “al dente”. Sirva em seguida.
cultura acesso
Mobilização pela arte Moradores de Samambaia se unem pela implantação do complexo cultural da cidade
Durante o 33º Sarau Complexo, artista grafita em painel
Fotos: Luciana Saade e María Ramasco
A conquista do terreno Desde 2009, a implantação do Complexo Cultural de Samambaia é discutida na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em 2011, como nada havia sido feito, artistas da cidade e entorno acamparam em um local propício à criação do complexo e demandaram posição da Justiça. Depois da iniciativa, o GDF atendeu a reivindicação e, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Sedhab), designou o terreno para a obra. Assim como as escolas, os hospitais e as delegacias, o complexo cultural será patrimônio do GDF. O terreno está localizado junto à estação terminal do metrô e tem 14 mil m². Serão investidos mais de R$ 12 milhões na construção, que está previsto ser
inaugurado em 2014. Na primeira etapa da obra, que começa este ano, serão gastos Terreno onde será construído o complexo cultural está localizado R$ 5 milhões, fi- ao lado do metrô da cidade nanciados pelo Fundo de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (Fundurb) e pela Samambaia será Sedhab. o grande pólo Ainda não há dotação orçamencultural do Distrito tária oficial do GDF para o complexo Federal. cultural, pois ainda não há projeto finalizado. A administração RegioRisomar Carvalho nal de Samambaia abrirá em breve uma licitação para contratar os serviços de elaboração dos projetos de Investindo na cultura arquitetura e engenharia. Para os Sálvia Barbosa Faria, 49 anos, saiu responsáveis pelo sarau, a vitória de Taguatinga para participar do sado movimento cultural consiste em rau e apoiar a construção do comfazer com que o governo invista no plexo. Ela revela que esses eventos projeto e dê total apoio. “Não tería- culturais são fundamentais para as mos conseguido chegar até aqui se pessoas carentes. Garante qualidanão fosse por esse Sarau Complexo. de de vida e integra as crianças com Estamos recebendo pedidos para a arte. “Esse sarau me dá a certeza continuarmos realizando os saraus”, de que o complexo cultural vem pra conta Risomar Carvalho, adminisfazer a diferença na vida de todos trador de Samambaia. O complexo cultural vai desen- nós”, afirma. “Quando as pessoas volver várias atividades como artes dizem que Samambaia é uma cidaplásticas, música, poesia, cinema, de fria, o Sarau Complexo mostra oficinas, cursos técnicos, além de que os movimentos culturais estão disponibilizar biblioteca, auditório e fervilhando”, revela Marcos Gomes, alojamentos. E será aberto para toda comandante do grupamento de bombeiros de Samambaia e um dos população do DF. incentivadores do evento. Segundo dados da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, o Fundo SERVIÇO de Apoio à Cultura (FAC) apoiou, em Mais informações: 2011, 283 propostas de projetos culturais. Mais de R$ 25 bilhões foram inO futuro complexo será vestidos na cultura em todo DF neste Quadra 102 Conjunto 04 ano. Samambaia recebeu um total de Lote 02 - Centro Urbano, R$ 844 milhões para projetos locais. em Samambaia Sul É com base nesses dados que o sarau continuará investindo na luta pela construção do complexo cultural.
Foto:Christian Kelly
Música, teatro e dança marcaram o 33ª Sarau Complexo de Samambaia. O objetivo do evento é mobilizar a sociedade, artistas e agentes governamentais para a construção do complexo. Os saraus ocorrem sempre na última sexta feira do mês, em lugar a ser escolhido na cidade. No mês de março foi realizado no 12º Grupamento de Bombeiros Militares, e reuniu mais de 400 moradores de Samambaia e entorno. “Há quatro anos, o Sarau Complexo vem fortalecendo e investindo na cultura local, além de favorecer a inclusão social e o turismo cultural na cidade”, afirma Domício Cha-
ves, um dos conselheiros do evento. “Queremos divulgar a arte para toda sociedade e incentivar as pessoas a apreciar o que é bom. A cultura pulsa, mas é preciso que as pessoas sintam essa pulsação. Esse é o nosso objetivo”, explica. Para Francisco César Marques, 41 anos, morador de Samambaia, a iniciativa da construção do complexo cultural é mais uma oportunidade para as crianças e os jovens pensarem no futuro. “Brasília precisa de alguém que invista na cultura. Esses projetos unem as pessoas. Nos tornam mais cidadãos. Torço para esse complexo seja um referencial não só em Brasília, mas em todo país”, acredita.
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Luma Soares
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cultura dublagem
“Até daqui a pouco, bebê”
Foto: Mariana de Ávila
O aumento do número de filmes dublados nos cinemas divide opiniões Mariana de Ávila
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Nos cinemas multiplex da capital federal, sessões dubladas aumentaram: o público pede
“Geralmente, filme de ação é melhor assistir dublado, porque você não perde a concentração”, conta o oficial da polícia Alcenor Pereira dos Santos, que foi à estreia de Jogos Vorazes e optou por assistir o filme na versão dublada. No entanto, essa predileção dos espectadores não encontra eco entre alguns críticos e estudiosos. O crítico de cinema Pablo Villaça, do site Cinema em Cena, é categórico ao afirmar que a dublagem prejudica o filme. “É uma mutilação do filme. É pegar um elemento importantíssimo da narrativa e
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Geralmente, filme de ação é melhor assistir dublado, porque você não perde a concentração Alcenor Pereira
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E se a frase do título, uma das mais famosas do cinema, só pudesse ser ouvida em português? Essa é a polêmica que o aumento da dublagem no cinema tem gerado. Pesquisa feita pela empresa de medição de mídia Rentrak revela que o número de filmes dublados que chegou aos cinemas quase dobrou no período de um ano. Em 2010, foram 44 filmes; em 2011, 77. Uma pesquisa de 2008 realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro, revela que 56% das pessoas que vão aos cinemas preferem assistir a filmes dublados ao invés de legendados. Mas o que é melhor: não perder nem um segundo da ação ou ouvir o sotaque texano do ator em inglês? Alguns dos espectadores que preferem os filmes dublados alegam que as legendas, às vezes, tiram a atenção. Há casos em que o espectador assiste só a determinados gêneros de filmes na versão dublada.
substituir por um equivalente capenga”, afirma. Esse elemento é o som. A jornalista Ana Maria Bahiana, uma das votantes do Globo de Ouro, lembra que o som começa a ser pensado pelo diretor logo no início do projeto. “É um dos elementos mais importantes de um filme. Nele está a maneira como o diretor pensa em usar as vozes dos atores, o sotaque, além do som de fundo, por exemplo. E isso é essencial para a história.” Já o jornalista Roberto Sadovski, embora prefira assistir aos filmes legendados, não vê com maus olhos a dublagem. “Só se você for muito, muito, muito chato pra achar que a dublagem prejudica o filme”, afirma.
nemas, no entanto, têm na programação a maioria dos filmes apenas com cópias dubladas, inclusive os destinados a adultos. Nos cinemas do Pátio Brasil, da rede Severiano Ribeiro, com exceção de O príncipe do deserto, todos os outros filmes em língua estrangeira estavam em sessões dubladas. O bombeiro militar Ânderson Luiz Galdino, que gosta de assistir a filmes legendados, encontrou dificuldades para ver O Lorax - Em Busca da Trúfula Perdida. “Também sempre vejo animações legendadas. O raciocínio é o mesmo. Se o diretor escolheu determinado ator para compor aquele personagem é porque ele tinha suas razões criativas e isso deve ser respeitado”, explica. Durante Cinema em Brasília a semana analisada, a animação Na semana de 13 a 19 de abril, tinha apenas uma sessão legenda73% das sessões eram de filmes da e oito dubladas. com cópias legendadas. Alguns ciA programação dos cinemas
Cultura de 10 anos atrás dá uma ideia do aumento da dublagem nas salas nacionais. No primeiro fim de semana de 2002, dos 17 filmes em língua estrangeira em cartaz em Brasília, apenas dois, Harry Potter e a Pedra Filosofal e Monstros S/A, infanto-juvenis, tinham sessões com duas opções de áudio. Os outros 15 filmes eram legendados. Foto: Nayara de Andrade
Televisão Dados divulgados pela Associação de TV por Assinatura (ABTA) revelam aumento de espectadores da classe C: em 2004, 6% tinham TV por assinatura em casa; em 2010, o número subiu para 12%. Esse crescimento é usado como justificativa para o aumento de filmes dublados e também explica
por que alguns canais pagos preferem transmitir uma série dublada em vez de legendada. Na verdade, a televisão brasileira está tecnicamente preparada para oferecer as duas opções de áudio. “Hoje é perfeitamente possível na maioria das operadoras a disponibilização das faixas de áudio original, áudio dublado e legendas em vários idiomas, inclusive espanhol, para seleção no próprio controle ao critério do pagante”, comenta Bruno Carvalho, do site Ligado em Série. Para o jornalista Flávio Ricco, colunista de TV do UOL, embora o Brasil possua boas empresas de dublagens, sempre há certo prejuízo em relação ao original. “O ator do filme dá uma interpretação ao personagem que, às vezes, não é a mesma do dublador. Essas diferenças podem comprometer. O mesmo se aplica aos seriados da TV, embora sejam obras mais comerciais”, explica. Em produções como as sitcoms, algumas piadas perdem o sentido e os diálogos, o ritmo. “A dublagem Para o crítico de cinema Pablo Villaça, a dublagem prejudica o filme - e muito
não apenas altera a voz dos personagens, mas também toda a edição e mixagem de som, além de modificar, muitas vezes, o real contexto de diálogos importantes, algo que legendas também fazem, mas em menor grau”, diz Bruno. Inconformados com a predominância da dublagem na programação da televisão, a Sociedade dos Blogs de Séries lançou, na Internet, a campanha “Dublado sem opção, não!”. A ideia é chamar a atenção dos canais pagos para que eles ofereçam os filmes e séries com áudio original e legendas e, também, na versão dublada. Ou seja: a escolha do áudio. Há, para isso, uma petição, que pode ser assinada virtualmente. Até a data de fechamento do Artefato, o documento tinha mais de 6000 assinaturas. “O conteúdo dublado deve ser apresentado como uma alternativa à obra original e não como o padrão que é hoje”, comenta Bruno. Para Flávio Ricco, a Internet é uma boa forma de protesto. “A Internet, quando bem utilizada e para fins absolutamente justos, é uma ferramenta excepcional nos dias de hoje”, completa.
CURIOSIDADES • A dublagem foi muito usada em filmes italianos produzidos depois
da Segunda Guerra Mundial. Era raro ver filmes gravados com som direto. Geralmente, depois de rodar o filme, os atores iam para o estúdio e gravavam os diálogos, que eram inseridos no filme durante a pós-produção. Ainda hoje, filmes dublados são frequentes na Europa. • No filme In the Land of Blood and Honey, lançado em dezembro nos Estados Unidos, a diretora Angelina Jolie rodou o longa em duas línguas: uma em inglês e outra em sérvio e bósnio. A história, carregada de tom político, se passa durante a Guerra da Bósnia, nos anos 90. No período de gravação, eram feitas tomadas sucessivas. Na primeira, os atores falavam em inglês; na segunda, os sérvios falavam sérvio e os bósnios falavam bósnio. O recurso, que aumenta os gastos do filme, é pouco utilizado no cinema. Leia mais no blog do Artefato: www.artefatoucb.blogspot.com
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saideira
As Bruxas estão soltas Você sabia que existem cerca de 2 mil bruxos e bruxas de várias cidades do Distrito Federal? Preparem-se porque a magia está mais próxima do que você pensa. Porém, ao contrário do que sua tia desatualizada pode imaginar, não tem a ver com, dar maçãs envenenadas aos enteados ou coisas do tipo. As bruxas de verdade buscam o autoconhecimento, a evolução pessoal e o convívio em harmonia com o meio ambiente. Conhecida como uma religião neo-pagã, a Wicca utiliza elementos do paganismo. Contudo, ela mescla alguns traços dessa crença com a cultura atual. “Não estamos tentando reproduzir o modo de viver dos antigos e sim aprender com sua mentalidade e conexão”, explica Iana Costa, ou Sacerdotisa Shay Arianrhood, como é conhecida no meio a taróloga e estudante de Psicologia. Para tornar-se um praticante, os aprendizes devem seguir regras. É preciso investidura sacerdotal, como dos padres, por exemplo. “A vantagem é que não há necessidade de ficar à parte da sociedade”, detalha Márcia Bianchi, ou sacerdotisa Mavesper Cy Ceridwen, presidente da Associação Brasileira de Arte e Filosofia da Religião Wicca (Abrawicca). “Um bruxo não é muito diferente. Vai casar, vai ter filhos, vai fazer o que bem entender. Mas há a parte em que ele precisa se preparar. Muito do tempo livre, em que ele não está estudando ou trabalhando, vai dedicar às práticas
de sacerdócio. E depois de iniciado, vai ter deveres de servir à comunidade, às pessoas que o procurarem, etc. Tudo isso é igual (aos sacerdotes cristãos)”. Os praticantes da Wicca voltam-se principalmente ao culto do feminino como sagrado. Eles acreditam no conceito de imanência, onde tudo é sagrado, do arbusto do jardim à Cordilheira dos Andes. A Wicca é uma religião de culto à Deusa Tríplice referida nas religiões neo-pagãs como portadora de 3 faces: donzela, mãe e anciã, que junto com seu Doutrina companheiro usada antes do surgimento do seguem rituais cristianismo em dos ciclos luque as pessoas cultuavam a nares e solares. natureza e seus “Ela é regida ciclos. Era do resultado do pelos seguinque a terra tes conceitos: produzia que os homens a grande teia dependiam para universal, que viver. significa que todas as coisas são interconectadas e que uma influencia a outra. A lei tripla, que quer dizer ‘você pode fazer o que quiser, mas, tudo o que você fizer vai voltar pra você três vezes’. E o que a gente chama de conselho wiccaniano ‘fazes o que quiseres sem ninguém prejudicares’. São norteamentos éticos simples e todo mundo que pratica Wicca segue”, diz Mavesper. Os devotos celebram várias divindades, como os deuses da mitologia egípcia, romana, grega, celta, nórdica e indígena brasileira. Além disso, eles buscam colocar corpo e espírito em sincronia com o planeta, então apóiam a liberdade, o não preconceito, o conhecimento pessoal e o respeito mútuo.
Segundo o teólogo José Lisboa Moreira de Oliveira, o Centro-Oeste é considerado privilegiado pelos chamados místicos, porque existe concentração muito grande de energia. “Tudo isso, com certeza, colabora pra que as pessoas se reúnam em torno de um referencial. As
pessoas precisam de um referencial pra viver”. E os wiccanianos parecem ter encontrado isso. Eles se reúnem em grandes festas para realizar rituais em locais como o Parque da Cidade e a Chácara Templo da Deusa, a aproximadamente 20 km da Rodoviária do Plano Piloto. Para quem ficou curioso e quer saber do que se trata, no último domingo de cada mês há atendimentos gratuitos com oráculos, cura de cristais e xamânica, massagem, astrologia, dentre outros. Basta chegar cedo para garantir uma consulta.
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ilustração: Jussara Meireles
Flávia Fonseca e Jussara Meireles
Mais informações www.ibwb.com.br www.abrawicca.com.br