Artefato 03/2015

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artefato Ano 16 - Nº 1 Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita - Março de 2015

+ comportamento

Sexo convencional ainda é o queridinho entre os casais Pág. 14 e 15

+ política

Impeachment: você sabe como funciona? Pág. 3

+ saúde Parto normal vira questão de saúde pública Pág. 18 e 19

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w Você pode ter pego esse jornal por livre e espontânea vontade em alguma estação do metrô, ponto de ônibus ou ter recebido de algum amigo ou parente. Pode ter sentido curiosidade, ou, numa primeira impressão, ter achado que se tratava de mais algum desses papéis que te dão por aí. Este é o jornal-laboratório do curso de jornalismo da Universidade Católica de Brasília. Nesta edição, a primeira de 2015, tratamos de tudo um pouco: cidades, cultura, comportamento, esportes, política e saúde. Nosso objetivo não foge dos padrões jornalísticos, lidamos com a mais próxima representação da realidade sem deixar de lado a conduta ética e o comprometimento com o cidadão. O Artefato funciona como uma redação de jornal. Os alunos do curso de jornalismo formulam pautas e coberturas, produzem matérias, investigam informações e produzem os textos no tempo estipulado. Em breve, seremos jornalistas por formação. Nosso trabalho começa aqui, buscando oportunidades de expor o que aprendemos para produzir informação e sentido para nossos leitores. Portanto, folheie cada página deste jornal com interesse e reflita sobre a nossa cidade, as pessoas que a compõem e o trabalho que fazemos. Para nós, essa é a melhor profissão do mundo. O jornalismo tem a finalidade de informar ao público fatos ocorridos no meio social. Mais que isso: o jornalismo revela histórias não contadas, fatos esquecidos, investiga e se aprofunda em notícias que já vêm sendo comentadas com nova abordagem. Balanço da edição Fazer o Artefato é um momento muito aguardado pelos alunos de jornalismo. Essa primeira edição superou nossas expectativas. A união da turma possibilitou uma variedade de assuntos, a fim de fazer com que você, leitor, se sinta representado de alguma maneira. A sinergia com que realizamos o nosso trabalho deu resultado, apesar de não ser fácil trabalhar em conjunto. Muitos de nós passamos dias dormindo metade da quantidade de horas necessárias. Muitos trabalharam em turno contrário ao que estudam, ou realizaram as atividades no sábado. As olheiras são compartilhadas. A felicidade também. A euforia e a vontade de informar movem qualquer redação, até a de um jornallaboratório. Apesar dos percalços dessa primeira edição, temos certeza de que isso é o que queremos fazer, porque informação é o princípio do empoderamento da cidadania e do fortalecimento da democracia.

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 16, nº 1, março de 2015 Reitor: Prof. Dr. Gilberto Gonçalves Garcia Diretor da Escola de Negócios: Prof. Dr. Alexandre Kieling Coordenador do Curso de Comunicação Social: Prof. Dr. Joadir Foresti Professora responsável: Me. Fernanda Vasques Ferreira Revisão final: Me. Roberta Teles Orientação de fotografia: Me. Rose May Equipe de apoio: Me. Angélica Córdova, Me. Fernando Estebán e Dra. Rafiza Varão Apoio técnico: Samuel Paz Monitores: Amanda Costa e Daniel Mangueira Editora-chefe: Jaqueline Chaves Editoras de texto: Aline Tavares e Mariana Nunes Editor de arte: Leonardo Resende Diagramadores: Bárbara Cabral, Eduarda Szochalewicz e Sued Vieira Editor de fotografia: Filipe Cardoso Subeditores de fotografia: Dalila Boechat e Guilherme Pereira Editora web: Isabella Coelho Repórteres: Aline Tavares, Bárbara Cabral, Eduarda Szochalewicz, Giovana Gomes, Isabela Vargas, Jaqueline Chaves, Jéssica Paulino, Jhonatan Vieira, Kamila Braga, Leonardo Resende, Mariana Nunes, Nayara de Andrade, Paula Carvalho, Raissa Miah, Renata Albuquerque e Wanúbia Lima Checadoras: Isabela Vargas, Jéssica Paulino e Renata Albuquerque Fotógrafos: Adílio Santana, Amanda Lima, Bárbara Cabral, Catarina Barroso, Daniela Branquinho, Elizabeth de Oliveira, Isabela Gadelha, Jhonatan Vieira, Junio Koithi, Kamila Braga, Lorena Lima, Maianna Souza, Matheus Lincoln, Sarah Peres e Webert da Cruz Ilustrações: Gustavo Jácome Lopes e Shizuo Alves Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia Universidade Católica de Brasília EPCT QS 7 Lote 1, Bloco K, Sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Telefone: 3356-9098/9237 E-mail: artefato@ucb.br Site: pulsatil.com.br Jornal online: issuu.com/jornalartefato

/artefatoucb Aline Tavares, Jaqueline Chaves e Mariana Nunes

@jornalartefato


Política Impeachment

Pessoas manifestam rejeição ao governo federal e se movimentam com pedidos inusitados Mariana Nunes Impeachment. A palavra tem sido deturpada atualmente. Talvez você tenha encontrado como “impintiman”, “empitchman”, “impitima” e em outras formas nas correntes de internet ou grupos de conversa. As pessoas desejam o afastamento da presidente da República e, para substituir Dilma Rousseff, pedem Aécio Neves – o senador foi um dos candidatos à presidência na última eleição, em 2014, e ficou em segundo lugar –, intervenção militar ou qualquer comando que não tenha vínculo com o Partido dos Trabalhadores, o PT. A ode de ódio ao partido tem ganhado adeptos após inúmeros escândalos políticos divulgados pela mídia. “Por um panorama geral, parece que a divisão política tomou forma mais concreta no segundo turno das eleições, onde só existia PT e PSDB. Os que não se conformaram com a realidade têm sido radicais e também por isso culpam o governo”, explica o advogado especialista em Direitos Políticos Cláudio Fonseca.

Como funciona O impeachment é um processo de caráter político referente à retirada do mandato de um chefe do Poder Executivo e quem julga é o Poder Legislativo. Segundo a Lei Federal nº 1.079/50, “é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado por crime de responsabilidade”. São estabelecidos como crimes de responsabilidade “condutas que atentam contra a Constituição e, especialmente, contra a existência da União, o livre exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do País, a probidade da Administração, a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e das decisões judiciais.” Quem assume o cargo no lugar da presidente é o vice-

presidente Michel Temer (PMDB). Se, por qualquer razão, ele não puder assumir a função, segundo a Constituição, são convocados, respectivamente, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) ou o presidente do Superior Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.

Fotomontagem: Matheus Lincoln e Junio Koithi

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Cidades Segurança pública

Considerados ineficientes pela população e pelos especialistas, postos comunitários de segurança pública podem ser desativados Renata Albuquerque

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Os Postos Comunitários de Segurança Pública (PCS) começaram a ser implantados no Distrito Federal em 2007. Baseado no plano de segurança pública comunitária do Japão, os objetivos iniciais do projeto eram aproximar a Polícia Militar da comunidade e reduzir o número da criminalidade no DF. A proposta do governo Arruda era criar 300 PCS, porém só 131 foram implantados, ao custo de R$110 mil cada unidade. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Polícia Militar do DF, dos 131, 17 acabaram totalmente destruídos por vândalos, na ausência de policiais, totalizando 114 ativos atualmente. A principal reclamação da população é a falta de policiais presentes nos postos em período integral. É o que relata Luiza Braga, moradora da CND 02 de Taguatinga

Norte, próximo ao posto comunitário nº 16 da Praça do Bicalho: “Raramente vemos um policial aqui. Quando a gente liga pra relatar um problema, por exemplo, ninguém atende”, conta. A ausência de policiais nos postos tem sido um dos motivos das depredações também. Para o delegado aposentado e ex-secretário de Segurança Pública Daniel Lorenz, a falta de efetivo foi um dos fatores que prejudicou o projeto. “Por alguns motivos, os postos comunitários não conseguiram diminuir a criminalidade. Entre eles, a falta de efetivo para tornar os postos um local de referência para a população e de permanência dos policiais”, explica. Já para o especialista em segurança pública, autor do livro Policiamento Inteligente: Uma Análise dos Postos Comunitários do DF e coordenador do Movimento Policiamento Inteligente, Aderivaldo Cardoso, a

falta de efetivo não é uma desculpa. “Se tiver um ou dois policiais em um posto fazendo registro de pequenas ocorrências, dando uma resposta rápida para a comunidade e desenvolvendo projetos sociais em volta, dá certo. Temos um posto na Ceilândia que tem o projeto Polícia Amiga, com o mesmo efetivo que os outros. Então, por que alguns postos funcionam e outros não?”, questiona. Para o vendedor Diego Gregório, que trabalha há cinco anos em frente ao posto nº 16, o serviço oferecido à comunidade deve melhorar. “Uma vez chamamos um policial para prender um homem que estava batendo na mulher na rua de trás, e ele disse que não podia ir. Não podemos contar com eles”, relembra. De acordo com a assessoria da PM, para suprir a falta de postos em funcionamento e conseguir resultados


Foto: Catarina Barroso

positivos no combate ao crime, a corporação está colocando mais policiais nas ruas, além de fazer uso da tecnologia, como rádio transmissores e GPS. Segundo o índice da produtividade policial, divulgado pela Secretaria de Segurança Pública em janeiro deste ano, o rendimento dos policiais aumentou em comparação com o indicador de janeiro de 2014. No Japão Desde 1874, o Japão se baseia no modelo de policiamento comunitário. Além do Distrito Federal e de alguns estados brasileiros, países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Taiwan adotaram o modelo. São dois tipos de postos comunitários, totalizando 15 mil em

todo o Japão. Os Kobans são postos maiores, localizados em locais de grande circulação, já os Chuzaishos possuem uma estrutura física menor, localizados em bairros residenciais. Além de segurança, as unidades oferecem informações de vagas de emprego e auxílio em período de terremoto. Para o brasileiro Claudio Hoshino, morador da cidade de OtaShi há onze anos, os policiais dos Kobans e Chuzaishoes são eficientes. “Quando solicitados, eles chegam bem rápido ao local da ocorrência”, conta. Aderivaldo explica o motivo pelo qual o modelo não funciona no DF: “O crime é dinâmico e multifacetado. A cultura do Japão é totalmente diferente da cultura brasileira. Não dá para usar as mesmas técnicas de lá, porque o crime é um fenômeno cultural”, destaca.

Ainda em funcionamento O projeto ainda não está perdido. O posto nº 24 da EQNN 3/5, Ceilândia Norte, proporciona laser à comunidade da área conhecida antigamente como “Faixa de Gaza”, com Projeto Polícia Amiga, que oferece ginástica comunitária e futebol de salão. Cerca de 400 pessoas da vizinhança participam das atividades. Segundo o porta-voz do Comando Geral da PMDF, capitão Michaello Bueno, a corporação está fazendo um estudo em torno da desativação de alguns dos postos que ainda estão funcionam. “Os postos que não suprem a demanda possivelmente serão desativados, mas os que são viáveis e que estão surtindo efeito, serão mantidos”, pondera.

Foto: Catarina Barroso

5 Abandonado por policiais e alvo de vândalos, posto do Guará I foi depredado. Modelo japonês é eficiente, mas projeto não acompanhou a dinâmica do crime


Cidades

Mesmo com dinheiro disponibilizado pelo governo, terminal nunca recebeu reforma Jéssica Paulino

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Era uma vez um terminal rodoviário no Gama, que a cada troca de administrador esperava pela realização de um sonho: ser reformado. Essa é a história que todo morador do Gama já ouviu ou já contou. A rodoviária da cidade existe há mais de 20 anos e até hoje não recebeu qualquer reforma ou pequenos reparos – principalmente nos banheiros que não possuem portas; em sanitários quebrados ou sem funcionar; e em pias que não dispõem de água e sabão. De acordo com o ex-gerente do terminal, Francisco Assis, aproximadamente 40 mil pessoas transitam pelo local. Desse número, a maioria vem de cidades do Entorno, como Céu Azul, Jardim Ingá, Lago Azul, Luziânia, Novo Gama, Pedregal e Valparaíso. Os moradores dessas cidades vão ao Gama para

trabalhar ou estudar, já que é a região administrativa mais próxima.

“O s banheiros

não possuem portas e os sanitários estão quebrados ou sem funciona r” A vendedora Paula Carla, 21 anos, contou que a situação piora quando chove, pois não há boa estrutura. “Seria bem melhor se o governo se preocupasse mais com a estrutura do terminal já existente e não construir um novo”, pondera. Outro grande

problema é falta de assentos, como diz o estudante Renan Alves, 27 anos. “wJá tive de dar meu lugar para idosos, gestantes e pessoas que estavam na fila do ônibus esperando, porque não existem assentos suficientes”, conta. Licitações Procurada para prestar esclarecimentos, a Secretaria de Mobilidade não quis se pronunciar. A assessoria de obras da Câmara Legislativa encaminhou um documento à reportagem que informa os valores disponibilizados em 2014, pela Secretaria de Mobilidade, para reformas de terminais rodoviários no Distrito Federal. A verba total chega a mais de R$ 20 milhões, mas desse montante só foram usados aproximadamente R$ 469 mil e o terminal do Gama não foi contemplado.


Foto: Lorena Lima

Além da falta de infraestrutura, o lixo se espalha nas calçadas da rodoviária do Gama. Dos valores destinados à manutenção nada foi repassado para a cidade

O pedido de elaboração do edital para o processo licitatório da reforma foi divulgado em 2008. Desde a data de publicação – 20 de novembro daquele ano – ficou determinado um prazo de 40 dias para conclusão do certame, no entanto, já se passaram seis anos e a reforma não saiu do papel. A assessoria da administração da cidade informou que já existe um projeto de reforma para a rodoviária aguardando aprovação da Secretaria de Mobilidade. Há ainda a promessa que a execução deva acontecer no segundo semestre de 2015. De acordo com a assessoria do DFTrans, existe estudo de uma licitação para construção de uma nova estrutura para a rodoviária do Gama. Ainda não há previsão de quando esse

processo será concluído, nem quanto será destinado para o investimento na obra. Enquanto isso os usuários do transporte público aguardam para usufruir de serviços melhores. Começar do zero Em 2011, foi publicada no Diário Oficial da União a licitação para construção de um novo terminal rodoviário, no Setor Leste. As empresas vencedoras do contrato, Shox e Engemil, iniciaram as obras no segundo semestre de 2014, com previsão de entrega para o mesmo ano mas, com a troca de governo as obras pararam e estão atrasadas. Mas com a troca de governo as obras pararam e estão atrasadas. No

ano passado, foram disponibilizados R$

36,5

milhões

pelo

Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com o GDF, para reformas de terminais. A proposta do novo espaço é de que todos os usuários do Entorno e DF desembarquem e peguem um ônibus da integração para seu destino final, pagando apenas uma passagem. Ana

Maria

Souza,

44

anos,

mora próximo à área onde está em andamento a obra do novo terminal e, para ela, a obra é desnecessária. “Deveriam arrumar a rodoviária que temos, colocar mais bancos, arrumar a cobertura, os banheiros. Porque ali é uma vergonha”, conclui.

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Sociedade Lei Antifumo

Em vigor, nova legislação restringe locais para fumantes. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 160 Giovana Gomes e Jhonatan Vieira

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Se por um lado o mau cheiro e a fumaça são as principais queixas de pessoas que convivem com fumantes, por outro, os fumantes alegam que são oprimidos e reivindicam mais fumódromos – locais específicos para eles. A lei nº 12.546/2014, que entrou em vigor em dezembro do ano passado, proíbe fumar charutos, cigarrilhas, cachimbos e narguilés em locais de uso coletivo, públicos ou privados, como bares, condomínios, restaurantes e clubes. De acordo com a lei, fumantes devem ficar a cinco metros de distância do estabelecimento que estão frequentando, caso contrário, qualquer pessoa pode ligar para o telefone 160 (opção 1) e denunciar. “É quase um ritual. Os amigos chegam, colocam as carteiras de cigarro em cima da mesa, pedem uma cerveja e, antes de acabar o primeiro copo, já sacam seus isqueiros e começam a fumar”, afirma o estudante

de artes visuais, Thiago Sars. Há muito tempo a publicidade para fumo foi restringida e essa legislação fecha ainda mais o cerco. Não são permitidos mais banners ou fotos que apresentem o produto ou mostrem alguém fumando ou expondo o produto ou embalagem. Opressão para alguns, alívio para outros. As reclamações só aumentam e os espaços para fumantes estão cada vez mais raros no Brasil. A prova que a política de repressão ao fumo está surtindo efeito veio por meio dos dados do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que compararam os números de fumantes entre os anos 2008 e 2014. O percentual era de 18,5% e, no último ano, caiu para 14,7% o número de fumantes na população. Segundo a última Pesquisa Especial de Tabagismo do IBGE, o uso do tabaco se concentra mais em

quem tem entre 40 e 59 anos, o que corresponde a 19,4% do total. Jovens entre 18 e 24 anos fumam menos e apresentam a menor taxa, de 10,7%. As mulheres também são menos atingidas pelo vício: 11,2%, enquanto os homens marcam 19,2%. Fiscalização Em Brasília, o órgão que fiscaliza a nova lei tabagista é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O site oficial informa que intensificará a fiscalização em locais frequentados por um público formado, na maioria das vezes, por mulheres, crianças, trabalhadores e população de baixa renda. Os estabelecimentos que descumprirem a lei podem ser multados ou perder a licença de funcionamento. O valor da multa pode variar de R$ 2 mil e R$1,5 milhão. Alexandre Alcântara, gerente do bar


e tabacaria Hookah Lounge, em Águas Claras, conta que já recebeu a notificação da Anvisa, pois o estabelecimento trabalha com aluguel de narguilés e venda de essências para o consumo no próprio local. “Recebemos a notificação com um prazo de 90 dias para regularizar a situação do consumo aqui”, conta. Vidas em risco As substâncias inaladas por pessoas que não fumam trazem danos ao sistema vascular, segundo pesquisa feita em 2008 pela Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica. O

estudo também identificou que, somente nos Estados Unidos, o fumo passivo mata, por doenças cardiovasculares, 50 mil pessoas. Outras inúmeras pesquisas sobre o fumo passivo mostram que o problema vai além. Tanto em adultos quanto em crianças, as substâncias como nicotina, alcatrão e benzina podem causar câncer e agravar doenças reumáticas e alergias como rinite e sinusite. “A gente sempre associa o hábito de fumar ao câncer, mas não é só o câncer. São quase 50 doenças que ele pode causar, direta ou indiretamente", afirma o consultor médico do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Alfredo Scaff.

Foto: Jhonatan Vieira Foto: Elizabeth de Oliveira

Os estabelecimentos que descumprirem a lei podem ser multados ou perder a licença de funcionamento. Multas variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão

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Cultura Na rua

Artistas do DF ocupam lojas abandonadas no histórico Mercado Sul e celebram arte popular Wanúbia Lima

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Construído na década de 50, antes mesmo da inauguração de Brasília, o histórico Mercado Sul, localizado na QSB 12 e 13 de Taguatinga, promove todos os dias programação gratuita recheada de arte durante a ocupação Beco de Portas Abertas Para a Cultura. A ação colaborativa reúne poetas, escritores, artesãos, músicos, grafiteiros, artistas circenses e capoeiristas em um espaço rico em criatividade e calor humano para celebrar a cultura de rua. Desde fevereiro, o movimento Mercado Sul Vive – formado por moradores da cidade, simpatizantes e representantes de coletivos artísticos –ocupa cerca de 12 lojas abandonadas

no Beco da Cultura em protesto contra a especulação imobiliária no setor. A iniciativa, apoiada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Passe Livre (MPL-DF), oferece oficinas de bonecos de espuma e de crochê, cineclube, eco feiras e bazar, além do debate público em torno do abandono de espaços produtivos não apenas em Taguatinga, mas em todo o Distrito Federal. Segundo um dos representantes do movimento Mercado Sul Vive, Fernando Teles, o Beco da Cultura representa a valorização de espaços ociosos, e o fomento à pluralidade da cultura brasileira. “Neste espaço

trazemos às ruas exposições, música, circo e teatro proporcionando ao público o acesso à arte e a valorização de nossa origem”, afirma. Teles, que atua no setor cultural há mais de uma década, integrou a família Mercado Sul por volta de 2006, por meio do ponto de cultura Invenção Brasileira, onde iniciou os primeiros passos nas atividades de produção com o projeto Soma Cultural. A trajetória do produtor está estruturada na realização de intervenções urbanas e produção de artistas locais: “O potencial cultural de Taguatinga é fabuloso e a função social do Mercado Sul representa uma grande


ferramenta rumo ao cumprimento do Estatuto das Cidades”, destaca. Proposta A ocupação Beco de Portas Abertas Para a Cultura ultrapassa a geografia local atraindo público diversificado, com o intuito de fortalecer a arte popular. O espaço é hoje um importante polo artístico e uma das referências culturais de Taguatinga. “Atualmente, o Beco acolhe ateliês de costura, café-bar, luthieria – reparo de instrumentos musicais de cordas –, produtoras, estúdio de comunicação, rádio, alfaiataria, brechó, tudo junto e misturado”, explica Teles. Demandas Na pauta do movimento Mercado Sul Vive questões como a desapropriação e cessão de direito de uso das unidades abandonadas e

o reconhecimento do espaço como patrimônio imaterial cultural do DF sãos as principais reivindicações, além da viabilização de recursos para revitalização do setor com finalidades artísticas, sociais e habitacionais. Apoio O Beco da Cultura, composto por imóveis de natureza particular é objeto de litígio na justiça entre os proprietários e representantes do Mercado Sul Vive, que alegam que a construção urbana não cumpre sua função social e deve ser reordenada ao bem comum da cidade. Uma liminar de reintegração de posse já foi derrubada e questões legais que envolvem a negociação de desapropriação junto aos proprietários estão em discussão com representantes do Governo do Distrito Federal, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entre

outros órgãos. Em nota, a Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura reconheceu a importância da ação realizada no Beco da Cultura e se colocou à disposição para participar do grupo de trabalho que debate a pauta.

“Neste espaço trazemos às ruas exposições, música, circo e teatro proporcionando ao público o acesso à arte e a valorização de nossa origem”

Foto: Lorena Lima e Maianna Souza

11 Espaço realiza há anos inúmeros projetos artísticos em Taguatinga. Movimento pede a desapropriação e cessão de direito de uso dos espaços abandonados


Cultura Preservação

Espaços esquecidos atraem curiosos e são explorados por fotógrafos e escaladores Paula Carvalho As janelas quebradas e as portas abertas em um local iluminado apenas pela luz ambiente parecem chamar os curiosos que, como gatos, se infiltram nas salas escuras das ruínas modernas. A modalidade de hobby, conhecida como Urban Exploration – exploração urbana em tradução livre – ou somente Urbex, existe em todo o mundo, inclusive em Brasília, onde o arquiteto Renato Pantoja percorre e registra em imagens os prédios abandonados

da capital federal. Mas especialistas alertam: são locais perigosos e em geral esquecidos pelas autoridades. As fontes sobre a história do Urbex divergem. Umas relatam explorações desde a década de 1960 e outras afirmam que a atividade sempre existiu. Enquanto alguns escolhem a fotografia ou mesmo um blog para documentar as impressões pessoais sobre lugares esquecidos, escaladores, por exemplo, aproveitam-se das ruínas Foto: Adílio Santana

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Lugares deteriorados servem como explorações artísticas e para modalidades esportivas

para a prática de esportes radicais. Apesar de serem “malvistos”, os exploradores preservam os espaços e têm como regra “não tirar nada além de fotografias e não deixar nada além de pegadas”, complementa Renato Pantoja. O arquiteto e urbanista Guilherme Arruda, alerta para os riscos de entrar em locais abandonados. “A madeira, com o tempo, apodrece. Estruturas metálicas que sustentam as obras podem enferrujar. Com isso, o risco de um teto ou chão cederem são maiores. Além do mais, trata-se de andar em um local degradado em que não se conhece os caminhos mais seguros”, explica. A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), por meio de sua assessoria de imprensa, informou ao Artefato que a maior parte desses locais esquecidos são propriedades privadas. Nestes casos o trâmite é mais demorado já que envolve decisões judiciais e ações coordenadas de vários órgãos do governo. Mas se não houver um proprietário, a Agefis pode coordenar a ação de derrubada.


Foto:Bárbara Cabral

Esportes

Modalidade encontra espaço nas paisagens urbanas de Brasília Bárbara Cabral e Raissa Miah Planejada e feita sob medida para quem quer se divertir. Assim é Brasília. Embora a estrutura não seja preparada especificamente para a prática do skate como atividade esportiva, a capital federal oferece pistas planas e uma boa paisagem. Inspirado no surf, a prancha ganhou rodas quando as ondas não apareciam nas praias da Califórnia, Estados Unidos. Como o céu é o mar de Brasília, o asfalto se tornou uma espécie de onda regular por aqui, perfeita para amantes da modalidade, como é o caso de Sterferson Robert, 21 anos, praticante do esporte. “Quando você anda de skate e está estressado ou cansado, as pessoas te incentivam a acertar as manobras, e você vai relaxando”, esclarece. Os lugares mais comuns para

praticar a modalidade – e preferidos dos skatistas de Brasília – são as pistas da Candangolândia, Núcleo Bandeirante e Águas Claras, além do Setor Bancário Sul. Se de um lado o skate inspira liberdade de movimentos, de outro existem barreiras físicas para sua prática na capital do país. Em Brasília, onde as leis são formuladas, votadas e sancionadas, existem políticas públicas que não funcionam na prática. O decreto n° 35.747/14 propõe a regulamentação de ações voltadas para o esporte, como a padronização de pistas, um calendário de eventos nacionais e internacionais, e a normatização da utilização dos Skates Parques. “O decreto infelizmente não saiu do papel. Com a troca de governo

tudo mudou, agora teremos que começar uma nova negociação. Inclusive, existe um projeto do maior Skate Parque da América Latina, que será no Parque da Cidade, mas que também caminha em passos lentos”, lamenta o presidente da Federação de Skate do DF, Warleiton Leitão Dias. Benefícios O skate ajuda no fortalecimento dos músculos, principalmente dos membros inferiores. A atividade aeróbica melhora a habilidade de equilíbrio e a lateralidade. O vice-presidente da Federação de Skate, Adolfo Ferreira, pratica a modalidade há 22 anos. “Já incentivei amigos de mais de 40 anos e eles eram sedentários”, conta.

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Comportamento

Mesmo que Cinquenta Tons de Cinza lance uma tendência sobre o sexo sadomasoquista, o ato mais convencional ainda é o favorito dos casais Leonardo Resende

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Homens másculos, moças com pernas e bustos de fora. Essas são as características da ação publicitária da C&A de 2008 em que os personagens clamavam: “Papai e mamãe, não!”. Não leve ao pé da letra. Papai e mamãe, sim! Assim como “69”, de ladinho e até “frango assado”. Alguns preferem o sadomasoquismo, vertente em que a dor é utilizada como prazer sexual. “O sexo convencional é aquele em que os parceiros não exploram maneiras muito diferentes de praticar o ato sexual. A posição mais tradicional que caracteriza um sexo comum é a chamada "papai e mamãe", – mulher por baixo e homem por cima, explica a sexóloga Vânia Kussmaul. Devido ao lançamento do filme Cinquenta Tons de Cinza, o termo

sexo será repaginado para aqueles mais céticos. E é muito provável que os espectadores da adaptação literária saiam do cinema querendo experimentar novas fronteiras que o ato propõe.

“O sexo

convencional é aquele em que os parceiros não exploram maneiras muito diferentes de praticar o ato sexua l” Segundo a sócia da rede sex shops Chá Toda Sexy, o sexo é algo que sempre vai despertar curiosidade. “O

sexo ainda é tabu. Algumas religiões condenam o ato de maneira livre, isso sempre vai acontecer nessas culturas mais reprimidas”, destaca Carla Mileia. Especialistas acreditam que o fator cultural influencia na definição do sexo tradicional e que o termo convencional pode ser a experimentação de todas as posições para um casal e, para outro, é apenas o arroz com feijão. “Eu e meu marido sempre fomos felizes com poucas posições, nunca achei que queria mudar. Ele me fazendo feliz, já é o bastante”, revela a aposentada Edma Soares*. A especialista em sexologia Sônia Kihomi explica que é preciso haver consenso: “O que faz o casal querer experimentar novas maneiras é a flexibilidade de alguns ou apenas a vontade de sair da rotina. Quando


querem o sadomasoquismo, é importante que ambos concordem”. Para entender quais são os problemas sexuais em um relacionamento, muitos procuramprofissionais da área. Psicólogos tentam trabalhar com o significado do ato e as divergências do casal em topar novas fronteiras. “Quando casais me procuram, tento mostrar qual é a importância do ato sexual na vida dos parceiros, também explico a diferença entre o ato sexual e o sexo”, esclarece a psicóloga Paula Rodrigues, especialista em terapia de casal. O sexo e a Igreja Juntas, essas duas palavras podem gerar polêmica. Alguns conflitos entre ativistas e a igreja são criados pela junção dos termos. E é também um ponto de confusão de casais que querem manter os ideais religiosos e optam por não fazerem sexo antes do casamento. “Claro que a vontade existe antes, somos humanos, mas preferi esperar e fazer depois”, revela a enfermeira Alessandra Oliveira*. * Nomes fictícios

Fotos: Amanda Lima e Sarah Peres

15 Para uns pode ser careta, mas a posição “papai e mamãe” ainda é a queridinha. Especialistas explicam que é preciso haver consenso entre os parceiros


Comportamento Religião

Os seguidores do Neocatecumenato, vertente da Igreja Católica, evitam o uso de métodos contraceptivos Kamila Braga

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Tudo se inicia em Madri. O pintor Kiko Arguéllo, ex-ateu convertido ao cristianismo, e a missionária Carmen Hernandez começaram, na década de 60, a catequizar pessoas nas favelas em Palomeras Alta, região mais pobre da capital da Espanha. A partir de então, surgiu o Caminho Neocatecumenal, que é um segmento católico com o objetivo de reforçar os ensinamentos da Igreja e principalmente viver o batismo. O padre da Arquidiocese de Brasília que faz parte do Neocatecumenato, Aléxis Alfonso Guanipa Flores, 46 anos, explica que o Neocatecumenato não é um movimento e nem uma pastoral. “É um crescimento na fé, porque são etapas nas quais nós vivemos o batismo. Não é que nós vamos nos batizar de novo, mas vamos viver aquilo que a gente não viveu, porque fomos batizados quando pequenos”, diz.

A proposta é voltar às origens desde as primeiras comunidades cristãs, quando se vivia em pequenos grupos e todos partilhavam o que tinham sob o ponto de vista material e espiritual. “O Caminho Neocatecumenal não é tanto para as pessoas que já estão dentro da Igreja, mas sim para aquelas afastadas”, reforça o padre.

“Todo cristão é chamado a ser aberto à vida, o que significa fazer a vontade de Deus ” O Neocatecumenato cresce em vários países, até mesmo em regiões onde o cristianismo não é a religião predominante. Foi reconhecido por líderes religiosos e pelo

Concílio Vaticano II – responsável por atualizações dentro da Igreja. As missas em qualquer parte do mundo são celebradas aos sábados em horários variados, mas sempre depois das 17h. Além disso, após a eucaristia os fiéis podem expor as próprias ideias sobre o que foi falado, e contar histórias pessoais que devem ser mantidas em segredo entre os membros da comunidade. “Se a palavra te tocou, chamou a atenção, você pode falar. Às vezes as pessoas que não são do Neocatecumenato se escandalizam, porque nas missas de domingo não se tem essa oportunidade de fazer uma ressonância”, explica o padre Aléxis. Família numerosa Nos tempos atuais, em que famílias decidem ter no máximo


com intenção de evitá-los é errado, mesmo que seja um método natural: “Os remédios contraceptivos só devem ser usados para a saúde da mulher, em casos de doenças”. O professor da UnB e especialista em Filosofia da Religião, Agnaldo Couco Portugal, fala sobre a questão da Igreja ir contra os métodos contraceptivos para evitar filhos: “Isso é algo que curiosamente não aparece nos escritos dos atos dos apóstolos, que fala das primeiras práticas das eras cristãs. Enfim, é estranho porque não é algo da doutrina cristã católica, essa questão de ir contra métodos de contracepção. Isso é algo muito próprio do catolicismo contemporâneo, é um tema que vem principalmente depois do advento da pílula anticoncepcional”. Cuidar dos filhos O casal tem uma pequena van para acomodar toda a família. Eles explicam que geralmente dividem os mais velhos para passear com o pai, e a mãe fica com os mais novos em casa, depois o inverso.

O marido trabalha e a mulher cuida dos filhos, por decisão dos dois. Apesar de não conseguirem dar atenção igual para todos os filhos, o casal afirma que tira um tempo para conversar em conjunto ou quando necessário individualmente. “É importante que eles tenham seu tempo. Precisam aprender a dividir, esperar, não é tudo na hora que eles querem, pois se não viram os “reizinhos” da casa. É lógico que, às vezes, você vê que um está precisando mais. Então, nós dois estamos sempre conversando sobre as necessidades deles”, destaca Fátima. A família afirma ainda que nunca passou fome, o marido já ficou desempregado por um tempo, mas nada que prejudicasse a alimentação ou o bem-estar das crianças. Além disso, eles também recebem ajuda das pessoas próximas, e até mesmo de estranhos. “Recebemos ajuda de pessoas aqui que nunca vimos na vida”, relata Orlei. Foto: Kamila Braga

dois filhos, alguns praticantes do Neocatecumenato chamam a atenção por ultrapassarem esse limite. Segundo gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de fecundidade no Brasil, entre 2000 e 2014, é de 1,74. Isso significa que atualmente cada família se planeja para ter, em média, um filho. Padre Aléxis comenta a questão das famílias do Neocatecumenato terem, geralmente, mais filhos: “Isso é quase um mito, mas não é o Caminho Neocatecumenal, é a Igreja, a questão da paternidade responsável. Todo cristão é chamado a ser aberto à vida, o que significa fazer a vontade de Deus. Agora, se a vontade de Deus é que você tenha 40 filhos, é a vontade dele. Mas ninguém garante que você terá 40, pois tem gente dentro da Igreja que quer ter um filho e não pode”, justifica o padre. Ele acrescenta que o Neocatecumenato apenas reforça esse ensinamento. Um casal de Franca, interior de São Paulo, veio para Brasília em missão. Orlei Machado da Silva, 44 anos, e Fátima Aparecida Longuini Teixeira da Silva, 41 anos, são do Neocatecumenato. Eles moram atualmente em uma casa em Santa Maria (DF) que pertence à Paróquia Santa Mãe de Deus. O casal visita famílias que o padre define e faz um trabalho de explicar a experiência de viver a Igreja, de levar um casamento sem separação e a possibilidade de ter filhos vivendo na simplicidade. No terceiro ano de casamento, eles iam se separar, até que entraram para o Neocatecumenato. Hoje eles têm oito filhos, quatro meninas e quatro meninos, o mais novo com seis meses e o mais velho com 15 anos. Orlei Machado diz que em questão de filhos, qualquer método usado

Nomes dos filhos do casal são bíblicos e de santos. Família recebe ajuda da Igreja e de desconhecidos

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Saúde Nascimento

Novas diretrizes do governo pretendem diminuir o número de intervenções durante o parto Jaqueline Chaves e Nayara de Andrade

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Uma das principais dúvidas das futuras mães em relação à gestação é o parto. A escolha entre o parto normal e a cesárea requer tempo de estudo, muita orientação e avaliações de condições físicas tanto das mães quanto dos bebês. O Brasil é o país com o maior número de cesáreas – as taxas já ultrapassam 55,6%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os índices chegam a 84% no sistema privado e 40% no público, enquanto o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de apenas 15%. O Ministério da Saúde e a ANS divulgaram, em janeiro deste ano, resolução que estabelece normas de incentivo ao parto normal. A elaboração da resolução normativa contou com a participação da sociedade civil por meio de consulta pública realizada em 2014.

As novas regras pretendem ampliar o acesso às informações pelas gestantes, que poderão solicitar às operadoras de planos de saúde os percentuais de cirurgias dos estabelecimentos e dos médicos. Além disso, as diretrizes trazem também como regra a obrigatoriedade do fornecimento do cartão da gestante com todas as informações dadas no pré-natal. Assim, qualquer profissional com esses dados em mãos poderá ter conhecimento do histórico da gestante, o que já acontece na rede pública de saúde. A partir de agora, a ANS também vai exigir que as operadoras orientem as equipes médicas a utilizarem o partograma, um documento gráfico que registrará todos os procedimentos utilizados durante o parto. Caso a exigência não seja atendida, poderão ocorrer problemas no processo de pagamento do

plano, pois o partograma será parte fundamental para análise e custo de todo o procedimento. Não sendo

“Quando bem indicada, evita fatalidade na hora do parto e a decisão correta depende da experiência e conhecimento médico” possível realizar o partograma, a ANS estabelece como regra um relatório detalhado do parto. Doutora em parto humanizado e docente do Departamento de Enfermagem da UnB Silvéria Santos conta que, para conseguir a adesão das mulheres e também de médicos


Foto: Webert da Cruz

ao parto sem intervenção, é preciso superar muitos desafios. “Para que a cultura da cesárea seja diminuída no Brasil deve-se começar um processo de desmistificação do parto desde o pré-natal. A formação e a capacitação dos profissionais de saúde também são essenciais. Mas o mais importante é a aceitação das próprias gestantes que o corpo da mulher é perfeito e capaz de parir”, afirma. Segundo a OMS, na maioria dos países da Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, o parto normal é a regra, e a cesariana é considerada um recurso de emergência, tanto pelos médicos como pela população. A cesárea é uma cirurgia complexa, que envolve muitos cuidados no pré e pós-operatórios, podendo aumentar em 120 vezes os riscos de problemas respiratórios para o bebê e triplicar o risco de morte da mãe. A pesquisa Nascer no Brasil, divulgada em setembro de 2014 e realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), mostrou que 28% das brasileiras desejam ter uma cesariana já no início de sua gestação. Em contrapartida, um estudo da revista científica americana American Journal of Obstetrics and Ginecology mostra que o número de óbitos maternos é dez vezes maior em cesarianas que em partos normais e a mortalidade infantil é 11 vezes maior. Por outro lado, a cesariana pode ser a única cirurgia capaz de salvar vidas. Foi o que aconteceu com Mariana Resende que planejou durante toda a gravidez o parto humanizado na Casa de Parto de São Sebastião, referência nesse tipo de atendimento. O médico da rede pública, que a atendeu, optou por uma cesárea de emergência. “Estava com o tempo prolongado de gestação, ganhei com 41 semanas e quatro dias. Além disso, o bebê entrou

Com partograma, médicos obstetras devem esperar trabalho de parto. Experiência é fundamental

em sofrimento fetal e os batimentos cardíacos começaram a baixar”, conta. Humanização Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), em 2014, 5.046 mulheres foram atendidas na Casa de Parto de São Sebastião e 425 partos foram realizados no local. A unidade funciona desde abril de 2009. A Casa de Parto presta assistência humanizada às gestantes e recémnascidos. Os casos que não se adequam ao atendimento pelo enfermeiro obstetra são encaminhados ao centro de saúde mais próximo ou mais indicado para o caso. O local trabalha com enfermeiros especializados em obstetrícia e técnicos de enfermagem e não com médicos. A doula Cindy Nangel explicou que são vários os fatores que levam as mulheres a escolherem como serão seus partos. “Dentre eles, o histórico das mulheres da família, ou seja, se a mãe da gestante teve parto normal e como foi a experiência dela. Há gestantes que buscam ajuda de uma amiga, companheira ou doula,

mulher que acompanha e empondera a gestante durante todo o período da gravidez. O objetivo é ter mais suporte emocional e até físico para o momento do parto, tornando-o mais agradável, confiante e intimista”, esclarece. Foi o que aconteceu com a jornalista Adriana Franzin, que pensou, optou e vivenciou a experiência de um parto normal e humanizado realizado em casa. “Para aceitar esse desafio, é preciso saber primeiro que o corpo da mulher é perfeitamente capaz de fazer o bebê nascer sem intervenção nenhuma. O que atrapalha e faz com que o parto vaginal seja uma experiência ruim, dolorosa e traumática é justamente o grande número de intervenções, muitas vezes desnecessárias, usadas para acelerar o processo”, explica. A parteira tradicional e também gestante, Juliana de Sant’Anna Morais, contou que todas as suas experiências com gestantes não foram suficientes para o que está vivendo agora. “A teoria nunca é igual à prática, mas uma dica que posso dar para as mulheres é que acreditem nelas mesmas e no próprio corpo, que é perfeito”.

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Saúde Sedentarismo

Como a falta de atividade física pode trazer transtornos para quem leva uma vida sedentária Eduarda Szochalewicz

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Você já parou para pensar quando foi a última vez que viu um grupo de crianças brincando na rua? É bem possível que você precise forçar a memória para responder. Afinal, a partir dos anos 2000, essa cena se tornou cada vez mais rara. Nas décadas passadas, era comum ver crianças magrinhas e esbeltas correndo pelas ruas. Pular amarelinha, jogar queimada e brincar de pique-bandeira, por exemplo, era garantia de diversão e de uma vida saudável para a criançada. Com o passar do tempo, a insegurança nas cidades cresceu e se tornou um empecilho para as brincadeiras de rua. Além disso, o surgimento de equipamentos eletrônicos modernos fez brilhar os olhos da garotada e sentar no sofá para ver televisão ou jogar vídeogame no computador passou a ser muito mais

interessante. Mas, também, perigoso. Elisa Borges é fotógrafa e publicitária e desde os 16 anos vê algumas consequências que a vida em frente ao computador trouxe para ela. Hoje com 24, Elisa faz tratamento para síndrome dos ovários policísticos e toma medicamento para controlar a taxa de glicemia no sangue, problema que pode se agravar por conta de uma vida sem atividade física e totalmente sedentária. Ela já foi ao médico e descobriu que, para ter uma vida mais saudável, precisa conciliar dieta com exercícios “O maior problema é querer emagrecer da noite para o dia. Uma vez a nutricionista me disse que tive 24 anos para engordar e que não dava para emagrecer imediatamente”, conta. A fotógrafa alega ainda que, justamente por não ter visto resultados

imediatos, se sentiu desmotivada e abandonou os exercícios. “Não comecei a fazer atividade física por falta de vontade, depressão. Tudo que queria era ficar em casa, quieta”, explica. Mas Elisa não está sozinha nessa.

“A pesar de ouvir muito sobre o sedentarismo, nunca achei que fosse acontecer comig o”

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde mostrou que o número de


Corrida e caminhada são exercícios aeróbicos indicados para quem quer largar o sedentarismo

Além de ajudar a manter o peso, as atividades físicas trazem benefícios cardiovasculares

Com reeducação alimentar, atividade física e autoestima, é possível escapar do sedentarismo

75

150 minutos semanais de atividades físicas de intensidade leve ou moderada ou 75 minutos semanais de atividades de intensidade rigorosas

dos homens no DF são insuficientemente ativos

50%

das mulheres no DF são insuficientemente ativas

Reviravolta A empresária Luana de Oliveira, 22, há pouco mais de um ano decidiu deixar o sedentarismo de lado a fim de viver com saúde. Em 2007, ela parou com a atividade física e pouco tempo depois começou a notar as mudanças. Em cinco anos, engordou 50kg e,

durante esse período, ela começou a sentir falta de ar e dores intensas nas pernas e nos pés. Por meio de exame de sangue, descobriu que as dores eram provocadas pelo ácido úrico. “Apesar de ouvir muito sobre o sedentarismo, nunca achei que fosse acontecer comigo”, conta. Nos primeiros três anos, Luana quase não tinha contato com médicos muito e menos com atividade física. “Só a partir do quarto ano senti a necessidade de fazer tratamento para o problema com o ácido úrico e fisioterapia para auxiliar na respiração. Preferia fisioterapia à academia”. Em agosto de 2013, a empresária passou por um procedimento importante e que trouxe grandes consequências para sua vida: a cirurgia bariátrica: “Preferia ir a um spa, mas era financeiramente inviável. Para perder tanto peso, teria que passar muito tempo lá e gastaria muito.” Atualmente, a jovem está 60kg mais magra e muito disposta. “Já deixei de ser sedentária e comecei a academia. Com reeducação alimentar, atividade física e autoestima escapei dos malefícios do sedentarismo. Se for fazer algo para mudar sua vida, comece a fazer por você, jamais pelos outros”, sintetiza. Foto: Isabela Gadelha

40%

sedentários ou insuficientemente ativos – nomenclatura usada na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – é alto, principalmente entre as mulheres: 50% para elas contra 40% deles. Os dados da PNS de dezembro de 2014 mostram ainda que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) correspondem a mais de 70% das causas de mortes no Brasil. E quando falamos das DCNT temos que levar em consideração que o sedentarismo é um dos fatores que contribuem para o surgimento de muitas delas. O cardiologista Ronaldo Benfort considera que o principal malefício que o sedentarismo pode trazer à saúde é a obesidade. O excesso de peso aliado a uma má alimentação e à falta de exercícios podem agravar o problema. “A atividade física ajuda a manter o peso, na maioria das vezes, e oferece muitos benefícios cardiovasculares”, esclarece o médico.

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Infográfico: Leonardo Resende Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita pelo IBGE com Ministério da Saúde Alimentação inadequada e rotina sem exercícios contribui para aumento de doenças crônicas


Perfil Viagem

Jornalista goiana fez viagem à África para descobrir os segredos de locais destruídos por ditaduras e milícias Aline Tavares

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Ela está em casa e aceita me receber às 19h30. Com o fim do horário de verão, o céu está escuro. Anuncio minha chegada ao porteiro, que faz contato com minha entrevistada. Autoriza a entrada, dez minutos depois uma moça aparece. Pergunto se é irmã de Jéssica. Gentil, responde que são casadas e me leva até ela. Sorrindo, diz: “Olha, amor, mais uma que acha que somos parecidas”. Jéssica Paula, goiana de Rio Verde, 23 anos, formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), me recebe com um abraço cuidadoso. De calça jeans, tênis e blusa de lã, aconchega-se em uma poltrona branca. Sento-me em um banco de madeira envernizado no hall do prédio. Explica que aos seis anos teve mielite, que, diferentemente da

poliomielite, não é causada por vírus. Com uma infecção de garganta que passou para a medula óssea, Jéssica teve o desenvolvimento da perna direita comprometido e, por isso, anda com a ajuda de muletas. Apesar do triste começo de vida, me conta sorrindo que, quando criança sofreu preconceito dos colegas. No auge da adolescência, foi se encontrando e ignorando o que diziam sobre ela. “Acho que você sofre mais preconceito quando não está bem com você. Quanto mais eu fui descobrindo as coisas que queria fazer, menos eu sentia preconceito”, fala. Aos risos, interrompe o que diz quando olha para a sua mulher. Explica que a ideia de cursar Jornalismo surgiu porque sempre quis abraçar o mundo e tem fetiche pelo diferente. Numa

biblioteca pequena em sua cidade natal faltava às aulas de química para folhear atlas e imaginar os lugares que iria conhecer. “Eu viajava nas minhas viagens, literalmente”, lembra. Em 2012, foi fazer intercâmbio na Espanha pela faculdade e, um ano, depois aproveitou para conhecer países do continente africano, pensando no seu trabalho de conclusão de curso. Seus olhos brilharam quando começou a falar da viagem que realizou sozinha. Sempre sorridente e atenta a todos os detalhes, começa falando da Mauritânia – um dos países mais desconhecidos do mundo – e da Etiópia, onde encontrou refugiados em várias situações, entre eles, pais de família, assassinos, crianças e mulheres vítimas de estupro. "Eu achava que um refugiado falava: 'Não


tá legal aqui, vou pra outro lugar'. Mas não, você está na sua casa nos vilarejos e entram milícias ou tropas do governo e invadem. Matam os homens, estupram as mulheres e sequestram as crianças", lembra. Entre latidos de cachorros, o cantar dos grilos e a passagem de um gato coadjuvante no pátio do condomínio, conta que, ao visitar os campos de refugiados, a grande maioria era de uma cidade chamada Nilo Azul, fronteira entre Sudão e Sudão do Sul. Por ser uma zona de conflito, a entrada de estrangeiros na cidade é proibida. Para conseguir acesso, Jéssica voltou para o Sudão, se passou por muçulmana e fingiu ser casada com o funcionário de uma ONG que tinha acabado de conhecer. A farsa durou um dia e ela foi expulsa do local, voltando para a capital do Sudão. Com o dinheiro contado e a viagem planejada, Jéssica passou também pelo

Sudão do Sul e Uganda. Entre 52 graus de temperatura e malária, lembra que no Sudão do Sul (país onde grande parte da população não fala inglês, já que o idioma foi proibido) teve de fazer suas necessidades fisiológicas em um buraco cavado no chão. “Lá não tem energia elétrica nem vasos sanitários, as pessoas tomam banho com água vinda de um caminhão pipa. Com a separação dos países, o Sudão do Sul ficou até sem energia”, pontua. Em Uganda, conheceu a exenfermeira de Joseph Kony, líder de uma das maiores milícias africanas, que tenta estabelecer um governo teocrático no país. Ele está na lista dos dez criminosos mais procurados do mundo. Vítima de violência doméstica, a enfermeira lhe contou que apanhava do marido e Kony a salvou. Apesar do que fazia às outras pessoas, ela tinha gratidão ao miliciano. Quando chegou ao Brasil, passou

dez meses escrevendo o livro Estamos Aqui, que será publicado de forma independente com ajuda de um financiamento coletivo, e, futuramente, traduzido para outras línguas. Jéssica tem o dom de contar todos os obstáculos que passou, de forma divertida, porque sabe que não viveu nem metade do que os cidadãos dos países que visitou vivem. Apesar de todas as dificuldades, dá exemplos de generosidade vindos de pessoas que, mesmo com pouco, a ajudaram. Ela entendeu que o mais importante das grandes histórias é quando se aprende a transformar problemas em oportunidades. “Aprendi a não julgar. Não julgo nenhuma religião nem conduta de ninguém, apesar de não concordar”, finaliza. Nos abraçamos, agradeço e sigo até o portão. Vou embora, mas sei que ali, naquele condomínio, a dona do mochilão de histórias está apenas começando. E sem limitações.

Foto: D an

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Estamos aqui...


Especial Guia

Como perder o medo de falar em público Isabela Vargas Se você quer vencer o medo e dominar a comunicação, fugir de pessoas e situações não é a melhor escolha. Tudo que se pratica com frequência torna-se cada vez mais cômodo de fazer. “O legal é que se você está numa fila de banco pode perguntar as horas ou escolher o caixa em que precisa dizer a operação que deseja fazer. Se você está com relógio e a pessoa te pergunta as horas, diga as horas, não finja que está com pressa. No ônibus, não finja que está dormindo quando vê alguém conhecido. Fuja desses lugares comuns de não se comunicar”, explica

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Confira alguns passos para aprender enfrentar e vencer o medo de se comunicar oralmente:

o pedagogo Luís Fernando Santos. No início será difícil, mas, com a prática, o desconhecido pode se tornar agradável. A psicóloga Andreza Sorrentino também dá dicas para melhor enfrentar as situações. “Preparo e treino são fundamentais, o domínio do assunto trará segurança durante apresentações”, conta ela. Para Andreza, fazer trabalhos de relaxamento e respiração constantemente também ajudam a evitar as falas aceleradas. E, por fim, não seja tão autocrítico e exigente consigo mesmo, confie que é capaz.


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