OJB EDIÇÃO 34 - ANO 2021

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ANO CXX EDIÇÃO 34 DOMINGO, 22.08.2021

R$ 3.20 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

Ações que mudam histórias para sempre Nossas juntas missionárias têm trabalhado para que todas as pessoas tenham uma vida plena. Nesta edição, Missões Nacionais convida as Igrejas para a realização de ações contra a violência doméstica. A Junta de Missões Mundiais conta como é o trabalho pré-escolar com surdos no Senegal. Confira nas páginas 07 e 11.

Coluna Arte e Cultura

Notícias do Brasil Batista

Obituário

Observatório Batista

Salvação aos pequeninos

Reaja! Vamos reconstruir

Cristão versão 2.0

Roberto Maranhão compartilha a experiência com as crianças na cidade de Timóteo - MG

CB Baiana comenta o lançamento da Campanha e ações de Missões Estaduais

Uma vida dedicada ao Senhor

pág. 10

pág. 12

Texto conta a trajetória do missionário Gladimir Fernandes pág. 13

Lourenço Rega fala sobre as mudanças no jeito de ser cristão

pág. 15


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 22/08/21

EDITORIAL

Comentários sobre a edição desta semana

Olá, queridos leitores de O Jornal Batista. Já estamos na penúltima edição de OJB em agosto. Até que para um mês como este, que tem a fama de ser demorado, os dias têm passado bem depressa para nós. A edição desta semana continua, é claro, com o enfoque no Mês da Juventude, através de artigos e informações institucionais da Juventude Batista Brasileira (JBB). Mas, o destaque da capa vai para o trabalho da nossa Junta de Missões Nacionais (JMN) e Junta de Missões Mundiais (JMM). Além de todo

o trabalho evangelístico que fazem no Brasil e no mundo contribuem para o desenvolvimento social dos locais onde estão os seus projetos. Na página 07, Missões Nacionais fala sobre a violência doméstica e destaca que, infelizmente, os números aumentaram neste tempo de pandemia e isolamento social. O conteúdo inspira as Igrejas para que realizem ações para diminuir a incidência deste mal. Leia com atenção e leve essas propostas para a sua Igreja. Missões Mundiais comenta a atuação do PEPE no Senegal, através da

educação de crianças com deficiência auditiva. A matéria vai mostrar que para esses pequeninos a surdez traz diversas barreiras além do não poder ouvir. E você pode contribuir para que o projeto tenha mais alcance. Leia todo o texto na página 11 e que o Senhor fale ao seu coração através deste relato do missionário Youssouful Agil. Também destacamos a Coluna Arte e Cultura, na página 10, com um trabalho que alcançou muitas crianças em Minas Gerais; a campanha de Missões Estaduais da Convenção Batista Baia-

na (CBBA), na página 12; a trajetória do missionário Gladimir Fernandes, convocado pelo Senhor no dia 12 de agosto (página 13); e o artigo “Cristão versão 2.0”, na Coluna Observatório Batista, de Lourenço Rega (página 15). Que você seja abençoado por tudo o que aqui está publicado. Boa leitura! n Estevão Júlio

jornalista no Departamento de Comunicação da Convenção Batista Brasileira

( ) Impresso - 120,00 ( ) Digital - 50,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Folha Dirigida


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REFLEXÃO

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Olavo Feijó

Cristo em nós Fabiana Matias

coordenadora de Missão da Juventude Batista Brasileira

“Cristo, porém, como Filho, é fiel em sua casa. Esta casa somos nós, se guardarmos firme a ousadia e a exultação da esperança” (Hb 3.6 NAA). Em meio aos dias cheios de dores, dúvidas e inquietações, muitas vezes nos sentimos perdidos, sem forças para continuar. Pode ser que nem estejam turbulentos, mas o fato de estarmos com inúmeros compromissos e extremamente acelerados, já é o bastante para sermos assolados pelo desânimo. É preciso levantar a cabeça e recordar a quem pertencemos e quem habita em nós! A partir do momento que escolhemos seguir a Cristo, que encontramos,

Nele, a salvação, nossa vida passa a não mais nos pertencer. Sim, nos tornamos propriedade exclusiva de Deus (I Pedro 2.9). Assim como Paulo, já não vivemos mais nós mesmos, mas Cristo habita em nós (Gálatas 2.20), por meio do Espírito Santo. Então pare de pensar que tudo acabou, que seus dias são sempre iguais. Cristo é vivo e você é morada dele! Se você não sabe como recomeçar, comece orando. Busque Àquele a quem você pertence - O Cristo superior aos anjos, a Moisés, a Arão, ao ministério sacerdotal; o Cristo que morreu, ao terceiro dia ressuscitou e fez de nós Sua casa. Se em meio aos nossos dias difíceis, guardarmos firme a ousadia e exultação da fonte da nossa esperança, que é Jesus, será possível recomeçar. Ore, reflita e prossiga! n

pastor & professor de Psicologia

Quando o presente valoriza o futuro “Enquanto se diz: Hoje, se ouvir- zer é isto: “Se Deus quiser, estaremos des a sua voz, não endureçais os vos- vivos e faremos isto ou aquilo” (Tg sos corações, como na provocação” 4.14-15). (Hb 3.15). O autor da Carta aos Hebreus nos ensina que ‘hoje’ é o único ‘tempo’, A frase mais famosa da filosofia durante o qual podemos decidir soepicurista tem sido: “Comamos e bre aceitar ou rejeitar a disciplina esbebamos... porque amanhã morrere- piritual oferecida pelo Cristo. “Meus mos”. A postura que enfatiza o “aqui irmãos, cuidado para que nenhum de e agora”, focalizando-o como a única vocês tenha um coração tão mau e certeza, resultou dos registros histó- descrente, que o leve a se afastar do ricos da humanidade. Porque, mais Deus vivo. Pelo contrário, enquanto cedo ou mais tarde, tudo aquilo que esse hoje de que falam as Escrituras vive, eventualmente experimenta o Sagradas se aplicar a nós, animemos desfecho da morte. uns aos outros, a fim de que nenhum Escrevendo sobre o tema, Tiago de vocês se deixe enganar pelo penos revelou: “Vocês não sabem como cado, nem endureça seu coração. Se será o dia de amanhã, pois vocês são hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não como uma neblina passageira, que sejam teimosos, como foram os seus aparece por algum tempo e logo de- antepassados, quando se revoltaram saparece. O que vocês deveriam di- contra Ele” (Hb 3.15).

Estava tudo no seu lugar Alan Costa

coordenador de Capacitação da Juventude Batista Brasileira

“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto” (Gn 1.31). Como o tempo voa quando o reservamos para observar… A diversidade das cores e formas dos insetos, suas estratégias de voo. O cheiro das flores! Os cantos dos pássaros! A camuflagem

e textura dos répteis e a toca dos mamíferos. A velocidade dos peixes! A infinidade de seres invisíveis ao olho humano. No começo havia o homem no lugar de destaque em meio a imensurável criatividade divina. O pecado mudou o homem e sua relação com o mundo. Mudou seu jeito de olhar e tocar a natureza. Mudou o cheiro do ambiente e o sabor das frutas. O homem criou ruídos. O pecado deformou nossa habilidade criativa. E Deus, enquanto colocava cada coisa no seu

lugar, já planejava o nosso recomeço. Recomeçar não é simples. Infelizmente, a maioria de nós só está disposto a recomeçar aquilo que julgamos ter dado errado. Isso é tentar de novo de um jeito diferente. Nesse caminho viveremos muitos recomeços. O recomeço que viveremos uma única vez é aquele que a gente para de tentar acertar para viver a vontade de Deus. Mesmo que erros aconteçam, não há outro lugar para recomeçar. Ele é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Agora, nos basta se-

guir pela graça. Deus nos convida a caminhar com Ele do jeito que sempre planejou. Jeito esse que nos revela a cada dia, e, por essa razão, não podemos nos desviar. Você pode recomeçar um estudo, um trabalho, uma amizade, uma família, uma viagem…, Mas só pode recomeçar a vida em Deus. Nele, todas as coisas se ajustam. A beleza surge, a música acalma, o sabor nos dá água na boca, o cheiro é suave, o abraço é quente e você está a salvo. n


REFLEXÃO

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REI. NI. CI. AR Anne Thayná

coordenadora regional da Juventude Batista Brasileira no Norte

“Sinônimo de recomeçar que significa começar novamente ou restaurar.” “De modo que, de agora em diante, a ninguém mais consideramos do ponto de vista humano. Ainda que antes tenhamos considerado a Cristo dessa forma, agora já não o consideramos assim. Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (II Co 5.16-17). É TEMPO DE REINICIAR! Gosto muito desse texto, de quando o apóstolo Paulo usa a expressão

“de agora em diante”, ou seja, a partir de agora, tudo será diferente, tudo se transforma; nossa visão muda quando reconhecemos e entendemos o propósito de Deus em nossas vidas. Cada dia é diferente do outro. Perdas, quedas, tropeços e falhas nos mostram que recomeços existem e devemos aprender com eles e nos acostumar. Somos falhos, mas o “de agora em diante” precisa fazer parte da nossa rotina. Uma coisa importante: Deus nos criou de forma livre e podemos sempre recomeçar, renascer; temos uma nova oportunidade de vida, de projetos e temos esperança. Recomeçar é sempre difícil, ou, no mínimo, desafiador, mas um grande de-

safio pode trazer grandes contribuições. A vida é cheia de fases, que não se limitam à idade, à nossa formação ou lugar que moramos. Ela acontece em ciclos que iniciam e encerram assim como os períodos bíblicos. Cada um desses momentos é natural e indispensável, tanto para nosso fortalecimento como para o marco de novas conquistas. Mesmo diante das decepções e frustrações da vida devemos reiniciar em Cristo Jesus, pois, em Jesus somos novas criaturas. O recomeço nos traz a sensação de desconforto e medo; porém, o caminho novo nos leva para mais perto de Deus, para crescer e viver para aquilo que somos feitos. Deus é um Deus de mudança!

“Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial que Deus nos chama a receber” (Fp 3.13-14). Os tempos difíceis querem nos ensinar que só temos a Deus para dar esse “impulso” em nossa mente e coração rumo ao recomeço. Nada tem sido fácil e jamais será, mas maior é o que está em nós do que o que está no mundo. Temos um ao outro, Deus acima de tudo e que jamais esqueçamos que o reino de Deus é um reino de amigos. Deus nos abençoe nesse novo recomeço! n

1. “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Is 40.31). 2. “Mas, sejam fortes e não desanimem, pois o trabalho de vocês será recompensado” (II Cr 15.7). 3. “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Após refletir um pouco nestas passagens, segui caminho rumo ao topo da escadaria, entendendo que não era a velocidade, e, sim, a consistência, que me levaria até lá, e que o topo não era o prêmio, e sim o aprendizado do caminho. Enfim cheguei ao topo. Passei 15 minutos por lá e depois retornei. Posso comparar esse tempo de pandemia com uma montanha inclinada, em que às vezes falta ânimo, segurança,

fôlego para escalar. Nesta caminhada aprendemos a conviver com a perda de pessoas que amamos, sem poder parar e nem retornar, e vemos muitas pessoas desistirem de prosseguir no caminho. O precioso detalhe que precisamos entender é que Deus não está apenas no topo, Ele está na jornada, dando fôlego quando falta, energia quando se esgota, resposta quando tudo parece perdido e a certeza de que há sempre algo depois da montanha além de apenas uma boa vista. Mesmo com as pernas bambas, precisamos continuar entendendo que cada degrau é necessário nesse processo, e assim, se pararmos poderemos recomeçar. Estamos alcançando o 1200º degrau, o que vamos fazer depois? Tenho certeza que o Senhor já providenciou essa resposta. n

Um degrau por vez Altenir Santos

coordenador do 29+, da Juventude Batista Brasileira

Em janeiro de 2021 retornei a um município chamado Barra do Garças-MT, um lugar muito bonito e cheio de balneários, cachoeiras e montanhas. Nesta cidade existe um local muito alto, com apenas dois acessos possíveis: uma estrada (mais restrita) e uma escadaria composta por 1200 degraus. Em busca de uma visão privilegiada, decidi subir as escadas. Iniciei correndo, cheio de gás, afoito, animado, sentindo que nada iria me abater e nem me fazer desistir. Em alguns minutos senti o suor descer pelo meu rosto, tirei a jaqueta, pois eram 14:00 e um calor imenso, a canseira já batendo à porta. Em seguida, decidi parar para tomar fôlego, quando percebi uma plaquinha que dizia “Parabéns! Você che-

gou ao 200º degrau”. Naquele momento, as pernas começaram a tremer, além do calor muito grande, mas eu ainda tinha uma viagem para concluir. Com tudo isso, sentei em um degrau e pensei: “Será que vale a pena seguir? É só uma escadaria! O que eu vou ganhar com tudo isso?” Decidi continuar. Ao chegar no 500º degrau, a velocidade foi substituída pela persistência, o corrimão passou a ser um excelente aliado e eu continuei a subida. No 700º degrau, já estava decidido a desistir da jornada e retornar. O trajeto é comum quando se faz de forma correta (não foi o meu caso). Já decidido a retornar, sentei em um dos degraus e fiz uma oração: “Senhor, é apenas uma escada, me permita aprender algo com esta situação”. Lembrei de algumas passagens bíblicas:


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REFLEXÃO

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Carta de Deus para recomeçar - (Jeremias 29.4-14)

Klinger Antunes

membro da Igreja Batista na Pauliceia, em Duque de Caxias - RJ

Recomeçar é algo complexo. Normalmente, possui grande peso emocional. Pode ser por motivos de conquistas, quando você consegue uma vaga de emprego melhor ou se muda para um novo bairro, porque comprou uma casa própria, mas, também, pode acontecer por motivos que machucam, como uma demissão, o término de um relacionamento ou a morte de pessoas amadas. E, se não colocarmos nossa cabeça no lugar durante esse período, podemos tomar decisões de forma inconsequente, confiar em pessoas erradas e esque-

cer-nos de Deus diante da euforia ou da tristeza. Considerando isso, quero olhar o texto de Jeremias 29.4-14 para além de uma carta aos judeus que estavam cativos na Babilônia, quero olhar como uma carta de recomeço de Deus para nós! Para aqueles que estão precisando de uma orientação, com dúvidas sobre o que fazer e, principalmente, sobre qual é o desejo Dele para o futuro. Você pode estar, neste momento, como o povo de Judá no contexto desse capítulo, vivendo uma mistura de tristeza e raiva (Salmo 137), aguardando que Deus faça algo e o mais rápido possível (Jeremias 28:1-4). Por isso, Deus quer te direcionar a pensar em projetos de longo

prazo (v.5), a se dedicar ao local em que está (v.7), a confiar e buscar um relacionamento íntimo com Ele (v.11-14). Quando Deus falou “plantem jardins e comam dos seus frutos” (v.5), Ele está preocupado com nosso imediatismo. Queremos tudo para ontem: dinheiro, amor, reconhecimento. Se você plantar uma pereira, pode demorar seis anos para comer as primeiras peras. Recomeços demandam tempo, esforço, cuidado e paciência para alcançar os objetivos. Recomece com projetos de longo prazo. Talvez, você não esteja no local dos seus sonhos, e quando eu falo em “local” pode ser a sua Igreja, seu emprego, seu bairro, sua cidade etc. Talvez, você tenha uma grande vontade de mudar de ares

e coloca isso como uma condição para recomeçar. O recomeço de Deus não está baseado no “local” em que você está, mas no que você está fazendo com ele (v.7). Qual a sua dedicação em transformar sua localidade? O seu recomeço passa por isso. A carta de Deus para nós recomeçarmos contém uma das mais lindas mensagens de esperança (v.11-14), mas para vivenciarmos esses planos livres da religiosidade (v.8), sabendo que as dores da vida não acontecem pelo querer Dele (v.11). O que o Deus de amor deseja é que vivamos um relacionamento profundo e sincero com Ele (v.13-4). Assim, experimentaremos o recomeço em nossas vidas. Topa recomeçar? n

coração cheio de lamento. Contudo, ainda que Deus nos certifique de que há tempo e espaço para nossos sonhos e lamentos, Ele envia uma carta aos exilados em que diz: “Levantem e vivam! Eu sei o quão duro é o lugar em que vocês se encontram, mas é tempo de enxugar as lágrimas e viver! Não olhem para ele como o grande inimigo a ser eliminado! Plantem, construam, embelezem, amem, celebrem, busquem a paz do lugar em que os coloquei e nessa paz vocês acharão sua paz. Não se percam no passado ou no futuro. Confiem em mim e vivam o hoje! Recomecem bem aí, onde estão. Eu cuido de vocês!”. Enxugar as lágrimas da perda ou da

frustração não é fácil. Dói um bocado. Cansa. Só queremos parar e chorar. Mas nós temos uma esperança que nunca falha: os rumos de nossas vidas não estão firmados na perfeição de nossos esforços ou méritos, mas nas mãos de nosso bom Pai. Nele, podemos respirar fundo, confiar e recomeçar, independente do lugar onde nossos pés foram parar. Podemos saber que vai dar certo, e vai ser exatamente o que precisamos viver – mesmo que nossos olhos não o consigam ver agora. Então, respire, lave o rosto, olhe pro alto, recomece – e descanse. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou, será que não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32) n

Quando o hoje é exílio (Jeremias 29) Aline Ramos

membro da Coordenadoria de Capacitação da JBB

“Edificai casas e habitai-as; plantai jardins e comei o seu fruto. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas; (...) multiplicai-vos e não vos diminuais. Procurai a paz para a cidade para onde os deportei; e orai por ela ao Senhor, porque, na sua paz, vós tereis paz (...). Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr 29.5-7, 11). Haverá, em nossas vidas, muitos e muitos momentos em que nos veremos

em lugares não apenas diferentes dos que desejamos, mas opostos a eles. Ansiávamos por Jerusalém, mas nos encontramos na Babilônia. No exílio. E nesses tempos sombrios dos sonhos frustrados, nossa vontade, muitas vezes, é apenas sentar e chorar - saudosos pelo que perdemos ou juntando todas as forças para alcançar o futuro planejado. Queremos nossa Jerusalém e só nela conseguimos pensar. Talvez ela seja, para você, um propósito ministerial, uma amizade, uma carreira, um casamento, a saúde, filhos... sonhos tão esperados, lutados em oração, suor, dores e fé – mas que não se cumpriram. E hoje você se vê exatamente onde não gostaria de estar – com suas forças exauridas e seu


MISSÕES NACIONAIS

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Violência não faz parte do Reino de Deus

Adriana Dias

gerente de Projetos Sociais da Junta de Missões Nacionais Adaptação: Gerência de Comunicação da Junta de Missões Nacionais

A cada minuto, 25 mulheres brasileiras sofrem violência doméstica. Esse dado assustador do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) revela o grave problema social que temos em nosso país e nos alerta para a necessidade de uma reflexão e ação a esse respeito. A violência doméstica se manifesta através de agressões físicas, verbais, morais, psicológicas e/ou patrimoniais. Dados recentes afirmam que os números aumentaram grotescamente durante a pandemia, com números assustadores de mais de 100 mil denúncias de crimes cometidos contra as mulheres no ano de 2020 e alguns estados chegaram a apresentar um aumento de mais de 258%. No dia 07 de agosto de 2021 celebramos os 15 anos da Lei Maria da Pe-

nha (11340/06), que tem como objetivo principal estipular punição adequada e coibir atos de violência doméstica contra a mulher. A Lei recebeu esse nome em homenagem a homônima que foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de seu esposo, que a deixou paraplégica, devido a lesões irreversíveis em sua coluna, além de outros traumas físicos e psicológicos ocorridos por conta de cárcere privado e tentativa de eletrocutá-la no chuveiro. Como cristãos precisamos ser agentes de transformação dessa realidade através de algumas ações que podem ser realizadas tais como: • Inclua a questão da violência doméstica nas redes de intercessão da Igreja; • Promova encontros de conscientização a respeito do tema; • Acolha as mulheres e dê todo o suporte necessário em caso de violência doméstica e apoie a denúncia; • Forme grupos de apoio em suas

Igrejas, para que mulheres e crianças, afastou muitas crianças de suas famíque tenham vencido situações de vio- lias e que fez parte da história de parte lência, possam curar suas feridas à luz da nossa população carcerária. da Palavra de Deus. Cristo veio para que todos tivessem vida em abundância. Seu Reino é de paz Em Missões Nacionais temos luta- e os que fazem parte dele não podem do contra esse mal. Muitos dos alunos compactuar com a violência. Não se que atendemos nas Cristolândias vieram omita. Seja luz onde quer que você esde lares em que a violência doméstica teja e zele pela vida do próximo. se fez presente. Violência que também Que Deus nos abençoe! n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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Missão IOCO promove alegria e salvação em Timóteo - MG Foi uma bênção poder ministrar em Timóteo, cidade mineira acolhedora. Na ocasião pude fazer duas apresentações: uma, na Escola Batista e outra na Primeira Igreja Batista de Acesita (PIBA). A apresentação, na escola Batista foi emocionante! Pude ver a alegria nos olhos dos pequeninos, a disciplina e o excelente comportamento! Todos participaram da nossa programação, conduzida pelo Ícaro e a Carol, personagens da missão IOCO. Também tivemos o boneco Marcelo, que, como sempre, deu o seu recado caloroso. Foi muito legal poder rever minha irmã e amiga Anair, que conheci no Rio de Janeiro; hoje, diretora da Escola Batista em Acesita. Bênçãos de Deus! Segue o comentário da Anair, sobre nossa apresentação: “Receber você na EBA foi excelente! Foi um tempo divertido e envolvente, porém, mais do que isso, o conteúdo foi muito rico. Esse trabalho precisa se divulgado para outros lugares. As crianças precisam ser alcançadas com essa mensagem de esperança, amor, alegria, paz. Parabéns! Excepcional” (Anair B. S. Siqueira, diretora pedagógica da Escola Batista em Acesita, Timóteo-MG). A Segunda apresentação foi na Primeira Igreja Batista de Acesita, uma Igreja com coração missionário. Fomos convidados através da Flávia Lopes, líder do ministério infantil. A Flávia é bênção! Cantora cristã com uma voz privilegiada e uma unção de levita. Foi uma bênção ser acolhido com carinho pela Igreja e

em especial pela família da nossa irmã Flávia. A Priscila, promotora de missões, nos abençoou grandemente com seu carinho e seriedade na obra do Senhor. Pastor Lelio, pastor da PIBA, e o pastor Sadson, ministro de música da Igreja, foram bênçãos em nossa vida, dando, também, todo suporte necessário. Contamos com a ajudo de jovens voluntários, que vestiram os personagens da missão IOCO. Muito obrigado! No final tivemos a resposta à palavra

ministrada, através da Missão IOCO, com a decisão de crianças, aos pés do Senhor Jesus. Segue a palavra da nossa irmã Flávia, depois da decisão das crianças: “EU CREIO na decisão de uma criança por Cristo Jesus. EU CREIO em sua salvação pela Graça. EU CREIO que hoje temos novos nomes escritos no Livro da Vida. E como não se emocionar? Como não agradecer ao Senhor nosso Deus?! ‘Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas, a Ele pois a glória eternamente, AMÉM!’”

Para receber a visita da missão IOCO em sua Igreja ou escola, basta entrar em contato conosco, através do nosso WhatsApp ou nosso e-mail citados abaixo. n Escreva para: Arte e Cultura CBB Pr. Roberto Maranhão marapuppet@Hotmail.com Gerente de Arte Cultura, Esporte e Recreação da CBM WhatsApp: ‪(31) 9530-5870


MISSÕES MUNDIAIS

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Oportunidade a cada esquina Jessé e Quésia Carvalho

missionários Coordenadores da JMM no Oriente Médio, Norte da África e Sahel Africano

No Oriente Médio é muito comum andarmos de táxi, o meio de transporte mais barato e mais cômodo para todos. Há pouquíssimos transportes públicos, apenas entre cidades. E os taxistas são uma ótima oportunidade para praticar o árabe e conhecer um pouco mais da cultura porque estão sempre abertos a uma conversa, à espera de uma boa gorjeta. Já tive a oportunidade de orar com alguns deles. Recentemente, um de nossos obreiros locais viveu uma experiência muito interessante. Ele pegou um táxi, mas estava tão estressado que não queria conversa, não estava interessado em puxar assunto com o taxista. Depois de alguns minutos de viagem, o motorista de nome Milad, falou em voz alta com uma expressão de angústia, por duas vezes: “Nada de bom tem me acontecido neste ano, não recebo nenhuma boa notícia, só más notícias”. Imediatamente, o Espírito Santo tocou o coração de nosso obreiro apontando para uma oportunidade. Ele, então, se dirigiu ao taxista: “Pois, então, eu tenho uma boa notícia para dar a você agora”. Em seguida começou a apresentar o Evangelho de Cristo

Youssouful Agil

àquele homem. Ao final, lhe entregou um Novo Testamento e orou com ele antes de sair do táxi. Milad ficou agradecido e prometeu ir a um encontro para conhecer mais a mensagem do Evangelho. O interessante desta história é que antes de sair do táxi, Milad disse ao nosso obreiro que, por engano, ele passou no lugar onde apanhou o passageiro; não era para ele estar ali. Ele pressentia que Deus enviou-o àquele lugar para ouvir as Boas Novas. Que maravilhoso ver como Deus move as pessoas na direção dos Seus filhos para que compartilhem a mensagem de salvação!

Não sei quanto a você, mas eu experimento várias situações semelhantes a esta, que parecem uma casualidade, ou uma coincidência, mas na verdade são as mãos do Senhor conduzindo pessoas para ouvir da sua Palavra. Por isso, digo: esteja pronto(a) para cada oportunidade. Abra seu coração e sua visão para as oportunidades que surgem à sua volta, não deixe de aproveitá-las. Testemunhar, orar, contribuir, fazem parte das oportunidades que Deus nos dá para que Sua mensagem chegue aos corações dos perdidos. Ore pelo Milad e tantos outros taxistas no Oriente Médio; muitos acabam

PEPE surdos do Senegal

missionário de Missões Mundiais

O PEPE Surdos do Senegal - Ephata é um projeto que tem oportunizado uma educação pré-escolar de qualidade de forma holística. Essa ação de Missões Mundiais é resultado do trabalho do casal missionário Walter e Alzira, que já atuava com surdos. Vendo a necessidade de incluir as crianças foi feito um trabalho de sensibilização com as famílias que timidamente foram aderindo ao projeto. A educação inclusiva ou educação especial ainda não é uma realidade no país. Além da falta de escolas que atendam a esta necessidade, ainda existem outras barreiras culturais que sempre deixavam os meninos e meninas surdos excluídos do sistema educacional. A falta de recursos econômicos é um impedimento para as famílias enviarem seus filhos para as poucas escolas existentes que se concentram na capital, Dacar. A cosmovisão religiosa também é um bloqueio. Muitos senegaleses acreditam que a surdez é uma maldição ou castigo resultado do pecado dos pais.

por se tornar mensageiros da salvação aos seus passageiros. Num país da região temos um irmão em Cristo, ex-muçulmano, que atua dessa forma. Continue a orar para que o Pai continue a guardar nossos missionários nos campos, da COVID-19 e demais enfermidades. E também, em alguns lugares, a guardá-los dos perigos que aumentam em relação ao radicalismo islâmico. Muito obrigado por continuar conosco, por orar por nós; sua parceria é muito importante. Oramos sempre por você, demais apoiadores e Igrejas para que Deus atenda às suas necessidades! n

Além disso, existe uma crença de que a criança surda não é capaz de aprender. Como se tudo isso não bastasse, essas crianças também sofrem toda sorte de violência. Para tentar protegê-las, os pais as deixam em casa, bem escondidos. Isso porque, uma criança surda encontrada na rua pode sofrer bullying, insultos e até mesmo agressões físicas. No PEPE, essas crianças têm encontrado um lugar de esperança e respei-

to. Com um ensino adaptado às suas necessidades, alguns objetivos têm sido alcançados. Entre eles, a desmistificação de que crianças surdas não são capazes de aprender e a melhoria na autoestima desses meninos e meninas. No programa socieducativo, as crianças surdas têm tido a oportunidade de aprender a linguagem de sinais o que tem facilitado sua comunicação. Elas seguem o programa de educação

como qualquer outra pessoa de sua faixa etária. No PEPE há um atendimento diferenciado no cuidado com a criança; elas são vistas como um ser integral. Não é só as competências cognitivas que são trabalhadas, mas também as competências socioemocionais. Elas têm sua espiritualidade desenvolvida através de histórias bíblicas contadas cronologicamente, e do testemunho pessoal dos missionários-educadores. Diariamente, os alunos também recebem orientações sobre saúde bucal através do POPE – Programa de Odontologia Preventiva e Educativa. Todos passam por escovação dental. Cuidado e inclusão ensinam a estas crianças o quanto Deus as ama e tem um mundo de oportunidades para elas, longe de qualquer limitação. Obrigado a todos os irmãos em Cristo que já fazem parte do PEPE Surdos do Senegal – Ephata com suas orações e ofertas. Vocês têm sido a voz de Deus que ajuda a transformar a vida desses pequeninos. E se você ainda não faz parte desta grande ação, acesse agora mesmo o site www.doeagora.com. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 22/08/21

Batistas baianos celebram Missões Estaduais

Material da Campanha traz 52 princípios sobre o livro de Neemias. Lidiane Ferreira

jornalista, gerente de Comunicação e Marketing da Convenção Batista Baiana

Reaja! Vamos Reconstruir! É com este tema que a Convenção Batista Baiana promove a sua Campanha de Missões Estaduais 2021. A divisa se encontra no livro de Neemias, capítulo 6, versículo 3: “Eu estou fazendo um trabalho importante e não posso descer até aí”. A mobilização missionária da CBBA concentrou-se, especialmente, entre os dias 03 de julho a 23 de agosto. Vamos conferir alguns destaques. A abertura da Campanha 2021 foi realizada no sábado, 03 de julho, no templo da Primeira Igreja Batista de Jequié-BA, com transmissão ao vivo pelos canais da CBBA no Youtube e Facebook. Foi vibrante, um momento de muita emoção e também de celebração para os Batistas baianos, saudosos de eventos presenciais adiados em virtude da pandemia da COVID-19. O culto contou com várias participações: o cantor Edson Levi, que inclusive fez um cover da música oficial Reaja em ritmo nordestino. A canção foi composta por Atilano Muradas especialmente para a Campanha 2021 da CBBA. Participaram da programação também o pastor Adelson Santa Cruz (presidente da CBBA), Margareth Gramacho (3ª vice-Presidente da CBBA), pastor Genilson

No Culto de Lançamento, momento de oração com a equipe da CBBA Souto (secretário-geral da CBBA), além do jovem Otávio Melo e o cantor Samuel Santana, ambos da Igreja anfitriã. Ao final, a equipe da CBBA presente foi à frente e orou pela campanha. Seguindo a ideia da Campanha 2020, o material deste ano foi digital em sua totalidade, disponível no hotsite www. missoesestaduais.org. Ao mesmo tempo em que Missões Estaduais são promovidas nas Igrejas e Congregações, as redes sociais na internet são canais onde a Palavra de Deus deve ser propagada e a obra missionária pode ser conhecida. De 03 de julho a 23 de agosto, a CBBA compartilha 52 princípios baseados no livro de Neemias. No blog do hotsite, cada princípio tem sido postado, um por dia. Além disso, o site da Campanha 2021 traz a área das Associações. São 20 associações regionais que integram a CBBA. Nessa seção, há um mapa da Bahia dividido por essas regiões e informações sobre cada uma delas, como os

desafios missionários. Camisas, já tradicionais, e agora máscaras também fazem parte da campanha neste ano. A CBBA foi além: em parceria com o Seminário Teológico Batista do Nordeste (sediado em Feira de Santana-BA), presenteou os promotores de missões (um por Igreja) com uma camisa exclusiva do promotor, através de cadastro no site. A ação foi um sucesso e os promotores se sentiram felizes por receber o presente, sendo ainda mais motivados a mobilizar suas igrejas e congregações. CAMPANHA SURPREENDENTE Mesmo com as restrições por conta da pandemia, a promoção missionária 2021 foi realizada de forma online: nossos missionários gravaram vídeos e participaram de lives falando sobre seus desafios e conclamando o povo Batista baiano a abraçar Missões. A campanha nas Igrejas e Congregações também foi surpreendente: muita criatividade com a

decoração dos templos - o Vamos Reconstruir do tema inspirou a utilização de materiais de construção como tijolos, sacos de cimento, carrinho de mão etc –, nas cantinas, nas lembrancinhas, bazares e muito mais. A CBBA lançou 11 vídeos promocionais da campanha simultaneamente em três plataformas: Youtube, Facebook e Instagram e, juntos, já somam mais de 87 mil visualizações. Um desses vídeos emocionou muito o público e foi destaque no Culto de Lançamento. A adolescente Maria Itauane contou o seu impactante testemunho na gravação sobre a cidade de Bonito-BA, onde atua a missionária da CBBA Maria Mabel Referino. As estratégias utilizadas pela missionária, aliadas às ferramentas da organização Mensageiras do Rei, ajudaram a adolescente a compreender o plano de salvação e ser alcançada. Uma novidade na área audiovisual foi a participação das gerências de Administração e Finanças, Educação Cristã e Comunicação e Marketing, junto a Gerência de Missões, evidenciando a unidade sistêmica da CBBA na promoção missionária. Há muito que avançar. Há muitas pessoas na nossa amada Bahia que precisam conhecer Jesus Cristo e reconhecê-lo como Senhor e Salvador de suas vidas. Jamais pare de andar e semear a palavra de vida eterna. Reaja! Vamos Reconstruir! n

Pastor completa 50 anos de ministério e 25 anos à frente da PIB de Palmeira dos Índios - AL Agora, Manoel Nascimento Pereira é pastor emérito da Igreja. Adinaldo Matias

do Senhor, homem íntegro e temente a Deus.

pastor da Primeira Igreja Batista de Palmeiras dos Índios - AL

No dia 07 de agosto, a Primeira Igreja Batista de Palmeira dos Índios-AL realizou Culto de Gratidão pelo Ministério Pastoral do pastor Manoel Nascimento Pereira, com o tema “Legado”. Na ocasião a Igreja, através do Ministério Diaconal, entregou o título de pastor Emérito através do descerramento de uma placa oficial e entrega de réplica e diploma. Durante todo o mês de julho, a Igreja realizou homenagens de reconhecimento e gratidão por todo seu legado, deixando, ao longo de sua vida, belos

Pr. Manoel Nascimento Pereira recebeu diversas homenagens exemplos de sua fé, oração, estudo da Palavra, alegria, serviço e compromisso. No decorrer do culto, pastor Manoel entregou uma carta de despedida à Igreja e o pastor Adinaldo Matias assumiu o cargo de pastor titular. A PIB Palmeira dos Índios-AL sente-

-se honrada pelo privilégio de ter, como seu líder espiritual e ministro do Senhor, o pastor Manoel Nascimento Pereira de Souza, ao longo desses últimos 25 anos, pois, desde o dia 02 de julho de 1996, esta comunidade tem sido abençoada com a sua presença e orientação; servo

Resumo dos 25 anos à frente da PIB de Palmeiras dos Índios - AL 569 batismos realizados; 129 cerimônias de casamentos; 20 seminaristas enviados; 07 pastores consagrados; 35 células implantadas; 17 retiros de Vida Vitoriosa; 07 Encontros de Casais com Cristo; 05 Encontros de jovens com Cristo; 05 Congregações implantadas; 03 Igrejas organizadas; 08 livros publicados em Palmeira dos Índios e 17 ao longo dos 50 anos de Ministério. n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 22/08/21

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OBITUÁRIO

Gratidão por Marilza (27.11.1940 - 05.07.2021) Oswaldo Mancebo Reis

pastor e esposo de Marilza

“Foi o Senhor que fez isso, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos” (Sl 118.23). Esse era um texto preferido da Marilza. De fato, foram muitas as coisas maravilhosas que Deus fez em nossa vida, das quais destacamos estas: 1. Nossa vida conjugal. Esta foi a primeira coisa maravilhosa em nossa vida: o modo como nos conhecemos e nos amamos num amor iluminado e irrigado pelo divino amor. Só Deus podia fazer isso. 2. Nossa longa vida conjugal. Quase 60 anos sintonizados e integrados no serviço do Reino de Deus. Com sua formação pedagógica, teológica, musical, pós-graduação em Psicologia da Educação; com seus dons espirituais de ensino, liderança, aconselhamento e organização, ela foi canal de bênçãos para muitas pessoas, deixando rastros de luz em todos os lugares por onde passamos. Deixou também um legado familiar maravilhoso: mãe de três filhos, Liliane, Ana Maria e Judson. Avó da Caroline, 26 anos, Isabella, 13 anos, e Ernesto, de 3 meses, que conheceu apenas por foto. Avó por afinidade de Kamile, 14 anos e de Luiza, de 10 anos. Deixou ain-

da uma contribuição poética em nosso livro, “Meditações do entardecer”, que fez de sua despedida um culto inédito. Dos quatro pastores que falaram, cada um leu um dos seus poemas, fazendo colocações inspiradoras. A esposa de um deles leu o seu poema “Oração de mãe por uma ajuda no processo”. Coisas maravilhosas que só Deus podia fazer. 3. Nosso fim conjugal. Foi na manhã do dia 05 de julho deste ano. O brilho da aurora do seu último dia aqui era simbólico da sua radiosa manhã na eternidade. Para mim, principalmente, para todos os nossos familiares e tantos amigos e irmãos em Cristo, a despedida da Marilza foi uma dor emocional que palavras

humanas não podem descrever, mas para ela foi o seu fim bem-aventurado e a sua bem-aventurança sem fim. Não preciso de esforço de imaginação para ver a Marilza naquela multidão que ninguém pode contar, louvando a Deus, com vestes resplandescentes e com palmas em suas mãos (Apocalipse 7.9-10). Essa foi a última coisa maravilhosa que só Deus podia fazer. Seguem homenagens das filhas, Liliane e Ana Maria, e da sobrinha. Marinaide: “Um silêncio muito grande tomou conta de mim na noite passada, e eu fiz uma oração tão serena pela minha mãe e por todas as pessoas que eu amo, antes de me recolher. Meu dia começou muito cedo, e me levantei antes do sol nascer. Quando seus raios de luz começaram a mostrar o azul dos céus, ela estava indo embora. Seu corpo e sua mente começaram a ficar fraquinhos em final de fevereiro, mas seu espírito permaneceu forte: fez poesias, pediu bênçãos e os cuidados divinos para todos nós até o fim” (Liliane de Araújo Mancebo). “Hoje foi o dia da partida da minha mãe. Uma mulher cheia de talentos, cheia de ideais. Desde fevereiro acompanhamos seu rápido declínio de saúde: doença

autoimune neurodegenerativa progressiva. Foi uma mulher adiante do seu tempo. Anos antes de eu ter um computador, ela já tinha o seu. Anos antes de eu ter aplicativo de banco no celular, ela tinha e usava muito bem! Estávamos ao lado dela no momento de sua partida. Estamos tristes e de coração apertado, mas felizes de sua trajetória e certos de que ela cumpriu plenamente a sua missão aqui” (Ana Maria de Araújo Mancebo). “Tia Marilza era uma pássaro: voava, cantava e despertava as manhãs. Depois de seu canto, o Sol surgia em esplêndida carruagem dourada e tangia o homem para os labores do dia. À tardinha, em feliz revoada, os pássaros buscam e encontram seu lugarzinho nas hospedarias das árvores. No dia seguinte, a mesma coisa. Então chega o dia em que aquele pássaro já não pode mais cantar. Ele, e somente ele, entende que sua sinfonia está se completando. No dia seguinte, o pássaro não amanhece, e o dia transcorre triste e devagar. Então, quando deixa de cantar aqui, é porque já está pronto para cantar nos domínios celestes, e para aí vai. Tia Marilza descansou das limitações físicas e hoje é mais uma ave a enfeitar o Paraíso”. “O Senhor a deu, o Senhor a levou; bendito seja o nome do Senhor” (Marinaide de Carvalho Mancebo). n

Adeus ao missionário Gladimir Fernandes Redação de Missões Mundiais Os últimos dias foram de intensas orações, mas aprouve ao Senhor acolher em suas mansões celestiais o missionário Gladimir Nunes Fernandes, no dia 12 de agosto, vítima da COVID-19. Natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Gladimir completou 58 anos no dia 07 de agosto. Ao lado de sua esposa, a missionária Marcia Fernandes, Gladimir completaria 25 anos servindo ao Reino de Deus com Missões Mundiais. Suas ações missionárias na Tailândia tinham o esporte como ênfase. Gladimir e Marcia ganharam muitas vidas para Cristo através desta estratégia, especialmente entre jovens e adolescentes. Todos os esforços humanos foram dedicados a sua recuperação, com médicos capacitados utilizando equipamentos de ponta disponíveis neste momento de pandemia. No entanto, nos despedimos com pesar deste grande soldado na batalha por levar Cristo às nações. Nossos sentimentos a sua esposa e grande companheira de ministério, Marcia Fernandes, e aos filhos do casal, Guilherme e Alana. Junte-se a nós em

oração pelo conforto a eles e a todos que tiveram o privilégio de conhecer o missionário Gladimir. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (II Tm 4.7,8). Trajetória Foi durante uma campanha evangelística que Gladimir sentiu o desejo de servir como missionário e começou a orar ao Senhor pedindo o esclareci-

mento sobre sua vocação. A vida do evangelista Billy Graham foi de grande influência no seu chamado, um incentivo rumo às nações. Na juventude, Gladimir estudou no Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Sul e cooperou como seminarista na Igreja Batista do Calvário, também em solo gaúcho. Na Igreja, além de trabalhar auxiliando o pastor, atuou como professor da EBD, conselheiro do conjunto da Igreja e presidente dos jovens. Depois de formado, foi para a Primeira Igreja Batista em São Gonçalo-RJ, como estagiário, onde trabalhou como

dirigente de missões (congregações) levando uma destas à organização em Igreja, a qual chegou a pastorear. Gladimir e Márcia se apresentaram à Missões Mundiais na década de 1990. Inicialmente, o casal seguiu para a Inglaterra, onde passou por um período de treinamento. Foi em 1997 que eles chegaram à Ásia. Gladimir costumava dizer: “Os melhores momentos de minha vida foram após minha conversão. Encontrei o caminho certo e considero minha chamada para o ministério e meu casamento como as grandes bênçãos de Deus para minha vida”. n


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PONTO DE VISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 22/08/21 FÉ PARA HOJE

O cristão e a procrastinação Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob O verbo procrastinar tem sido a prática de muitos cristãos. Quando falamos ‘procrastinar’ (latim, procrastinare), o significado é ‘deixar continuamente para o dia seguinte’. Em nossa linguagem mais popular é ’empurrar com a barriga’. Temos esta tendência a partir da velha natureza. Preguiça, acomodação, medo, fuga são algumas das causas. Quantas vezes fazemos isto automaticamente. Falta-nos uma consciência ética mais amadurecida. Procrastinar é falta de sabedoria. Na verdade, é mais fácil ou cômodo agir assim. Esta atitude, porém, não tem fundamento nas Escrituras. Nelas vemos o contrário. Patriarcas, profetas e reis que amavam o Senhor possuíam um sentido de urgência. O próprio Jesus disse que devia trabalhar enquanto era dia. O Mestre sempre nos ensinou o amor, compromisso, a responsabilidade e o zelo em tudo o que fazia.

Ele sempre prestou contas ao Pai. Ele é o nosso Modelo de aproveitamento sábio do tempo. A prática do ‘deixar para amanhã o que se pode fazer hoje’, na perspectiva da vida cristã, é uma deformação que denota falta de compromisso, falta de temor ao Senhor. Deixar para amanhã é um sinal de uma administração comprometida com a ineficiência, o relaxamento e a desorganização. É tratar o tempo como algo sem valor ou irrelevante. Paulo nos ensina a remir o tempo porquanto os dias são maus (Efésios 5.16). Ele quis dizer que devemos aproveitar muito bem cada oportunidade. As coisas precisam ser feitas hoje e não amanhã. O tempo é hoje, agora, já. Há um adagio que diz que ‘prevenir é melhor do que remediar’. Há outro que diz: “matamos o tempo e ele nos sepulta”. Procrastinar é sinal de fraqueza e falta de planejamento. É apostar na ineficiência, no fracasso pessoal, familiar e

da organização. O nosso inimigo tenta a todo custo vulgarizar os nossos compromissos no Reino de Deus, especialmente na Igreja. Não podemos administrar o tempo dado pelo Senhor de forma irresponsável. Administrar o tempo na perspectiva de Jesus é sinal de sabedoria. Ele ensinou que a vida precisa ser vivida dia a dia, sem ansiedade, a partir da percepção do cuidado de Deus (Mateus 6.25-34). Cada dia precisa ser planejado na perspectiva correta. Alguém disse com muita sabedoria que “quem falha em planejar, planeja falhar”. Planejar de forma eficiente é andar na contramão da procrastinação. O escritor aos hebreus nos ensina que devemos “deixar todo o embaraço e o pecado que tenazmente nos assedia e corrermos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, o Autor e o Consumador da fé” (12.1,2). Então, olhemos para o exemplo de Jesus, nosso Salvador e Senhor, que veio a este mundo no

tempo do Pai, viveu intensamente em tão pouco tempo, aproveitando sabiamente cada oportunidade para que o plano de Javé se cumprisse em Sua vida de forma plena. Ele pregou, ensinou e curou com perfeição. Tudo foi feito de forma planejada sem desperdício de tempo, de oportunidade. Para Jesus cada dia devia ser vivido com intensidade. Ele disse para os judeus: “O tempo está cumprido” (Marcos 1.15). A Sua mensagem foi clara: “Arrependei-vos e crede no evangelho”. Ele nos deixou o IDE (ordem) não para amanhã, mas para hoje. Sejamos mordomos ou administradores do tempo que Deus nos deu em Cristo Jesus. Procrastinação não tem nada a ver com o cristianismo autêntico. Alguém declarou sabiamente: “Cada minuto que passa é um milagre que não se repete”. Então, aproveitemos muito bem cada oportunidade como se fosse a última. Cada dia como se fosse o último para a glória de Deus, nosso Pai. n

Ressuscitar, recomeçar! (João 11)

Nilton Junior

líder de jovens da Igreja Batista Betânia - RJ

O evangelho de João apresenta uma cena marcante: Jesus ressuscita um homem chamando-o para fora de seu túmulo. Lázaro é este homem que, no relato bíblico, ganha uma chance de recomeçar sua vida ao ser ressuscitado (João 11.44). Ao observar essa e outras histórias descritas na Bíblia, podemos perceber o interesse de Jesus em proporcionar recomeços àqueles que cruzaram Seu caminho. Acredito que o interesse de Jesus em proporcionar recomeços não mudou. Assim como fez com Lázaro, Jesus nos chama para fora, nos chama para recomeçar! Ter a chance de retornar de onde pa-

rou, tirar aquele projeto da gaveta, dar aquele passo adiado tantas e tantas vezes e sonhar novamente é um presente dado por Deus. Por meio do recomeço, temos a oportunidade de olhar para trás, observar os erros cometidos no passado e projetar um futuro mais promissor. Isso significa que não vamos errar novamente? Claro que não, pois é bem provável que os erros apareçam neste caminho de recomeço. Todavia, se for para errarmos, que sejam novos erros. Talvez, você esteja lendo este texto e dizendo: “Mas eu já comecei, parei e recomecei umas cem vezes”. Não tem problema, tente a centésima primeira! Como diz a canção, “tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez...” Jacob A. Riis, um fotógrafo americano, nos ajuda a compreender a im-

portância de não desistir. Assim ele diz: “quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes, sem que uma única rachadura apareça, mas na centésima primeira martelada a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes”. Sabemos que este processo de “começar, desistir e recomeçar” cansa e esgota nossas energias, roubando-nos a esperança. Talvez seja esse o motivo do poeta contemporâneo nos dizer em sua canção: “desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar, pra recomeçar...”. A boa notícia é que temos a quem amar e sabemos que, em Jesus, existe e sempre existirá amor

para recomeçar! Ao ressuscitar Lázaro, Jesus lhe oferece um recomeço, tirando-o da morte para vida. De igual modo, Jesus nos chama para fora, para deixarmos nossos “túmulos” e também nos convida a passar da morte para a vida. Em I João 3.14, o apóstolo do amor vai nos dizer que “sabemos que já passamos da morte para vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte”. O amor de Jesus em nós, nos possibilita passar da morte para a vida. Quem ama torna-se vivo, apto para recomeçar. Quem não ama, pode até parecer vivo, mas, na verdade, está morto. Ouça Jesus te chamar: Venha para fora! Vem ressuscitar, recomeçar! Afinal, quem ama recomeça! n


PONTO DE VISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 22/08/21

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OBSERVATÓRIO BATISTA

Cristão versão 2.0 Lourenço Stelio Rega Assim como já se fez um upgrade para a versão 2.0 de Deus, é possível observar, ao longo dos últimos anos, a construção de uma nova versão do que seja um cristão. Você já parou para refletir sobre o que torna alguém cristão? Hoje, ser cristão acabou se reduzindo a “ir na Igreja”, mas me pergunto: “Se Cristo morreu por sua Igreja, nesta perspectiva Ele morreu por tijolos, madeira e equipamentos eletrônicos?”. Nós não somos a Igreja? Igreja passou a ser um local, não mais gente salva pelo precioso sangue de Jesus Cristo e que busca transformação de vida pelo discipulado e crescimento cristão. “Ir na igreja” passou a ser um ritual, um sacramento, um meio de graça, pois a cultura evangélica ensina que se você for será abençoado, se não for, será castigado. Nesta linha de raciocínio podemos também observar que ser cristão tem sido ser trabalhador na Igreja. Quanto mais trabalho, mais sou abençoado, mais cresço na vida cristã, como se nossas obras fossem suficientes para produzir crescimento cristão. Em outras palavras, o envolvimento na Igreja e no Reino de Deus deixou de ser resultado

e produto de vida consagrada no altar da comunhão com Deus, da abnegação aos ideais e valores éticos cristãos, viver piedade com contentamento (I Timóteo 6.6). O crente 2.0 imagina que a vida consagrada representa especialmente ativismo e agitação eclesiástica e produzir frutos se restringe a ganhar as almas das pessoas, mesmo que a vida desse crente 2.0 ainda demonstre temperamento destemperado, espírito repleto de acidez crítica e atitudes repletas de politicagem. O testemunho do crente 2.0 se restringe a dizer que a maior coisa que lhe aconteceu foi ter sido salvo, ainda que a decisão tenha sido tomada há décadas, pouco importa se sua vida, caráter e temperamentos tenham sido ou não transformados. Além desse ocupacionismo, o crente 2.0, ao contribuir financeiramente para a Igreja fica esperando Deus o recompensar em uma espécie de relação mercantil de “contribui-ganha”, se não contribui, não é abençoado, transformando sua participação financeira também em sacramento e meio de graça que não se sustenta no ensino do Novo Testamento. Mesmo porque tudo é de Deus diferentemente daquela cultura de que “dou 10% para a Igreja e 90% é meu.

Este upgrade de Cristianismo também tem transformado a vida cristã em uma espécie de ritual, em que o fiel procura seguir certas práticas para conquistar as bênçãos de Deus ou mesmo para evitar o seu castigo. Assim, participar de eventos ou de cultos, ter um tempo diário para ler um certo número de capítulos da Bíblia, orar a Deus, seria uma espécie de mandinga para ganhar o favor de Deus ou para evitar ter pesadelos à noite ou nas finanças pessoais, em vez de se possuir os motivos legítimos para que estes atos sejam praticados. Não tenho dúvidas de que o meu leitor esteja estranhando esta abordagem, pois, ao longo do tempo, nós, líderes evangélicos, fomos lançando versões beta deste tipo de Cristianismo e incutindo na mente do cristão que ele poderia, com seus próprios esforços, agradar a Deus vivendo uma vida de obras e em uma relação de trocas. É a herança pragmática e funcionalista de nossos precursores que conseguiu reduzir Cristianismo em trabalho, programa, estrutura e eventos, deixando de lado a sua essência, mas também a Teologia da graça, ao indicar que nossas obras não apenas não servem para nos salvar, como também, sendo imperfeitas

(Isaías 64.6), não conseguem alcançar os elevados ideais de Deus. Precisamos de profunda reforma reconquistando a perspectiva bíblica em nossa concepção de Cristianismo de modo que, ser membro da Igreja, trabalhar, contribuir financeiramente para a Igreja, ir aos cultos, sejam fruto de vida íntima aos pés do Senhor e não meramente agente produtivo desta vida. Talvez, por isso seja possível notar certo grau de carnalidade na vida eclesiástica. Ler a Bíblia, orar, devem ser fruto de insaciável sede de comunhão com Deus. Participar no culto público sendo resultado de uma vida diária de adoração no altar de Deus (Romanos 12.1). Que o sentido mercantilista seja substituído pelo ato de dar deliberadamente com alegria (II Coríntios 9.7), sem restrições de porcentagem, pois, afinal, ser cristão é negar-se a si mesmo e devolver tudo a Deus, a quem pertencemos (Lucas 9.23). É reconhecer nossas imperfeições e incapacidade de alcançar os elevados ideais de Deus e nos sentimos agasalhados pela Sua graça, nos entregando a Ele como Seus instrumentos, canais de Seu poder, de Seus atributos. Nada mais do que sermos cristãos versão 1.0, a versão original e bíblica. n



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