OJB EDICÃO 39 - ANO 2021

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ANO CXX EDIÇÃO 39 DOMINGO, 26.09.2021

R$ 3.20 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

150 ANOS DE HISTÓRIA EM TERRAS BRASILEIRAS Mais um momento histórico para os Batistas brasileiros. No dia 10 de setembro de 2021 celebramos 150 anos de trabalho Batista no Brasil. Para marcar a data, uma solenidade foi realizada em Santa Bárbara D’Oeste, marco inicial do nosso trabalho no país. Evento teve público limitado e foi transmitido nas redes sociais da CBB e da CBESP. Confira a matéria completa nas páginas 8 e 9.

Missões Nacionais

Missões Mundiais

JBB

Tempo de festa!

30 anos de campo missionário

Informações da Juventude Pastorado 2.0

JMN fala da mobilização das Igrejas ao redor do Brasil

pág. 07

Conheça a trajetória dos missionários Alceir e Cenilza Ferreira pág. 11

Observatório Batista

Último texto do Vem pra Vida e divulgação de evento presencial; confira!

Lourença Rega fala das mudanças no jeito de pastorear

pág. 13

pág. 15


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

EDITORIAL

150 anos dos Batistas no Brasil A última edição de O Jornal Batista em setembro de 2021 traz em suas páginas mais um momento histórico para os Batistas brasileiros: a comemoração do sesquicentenário, ou 150 anos de início do trabalho Batista no Brasil. Deus seja louvado por isso! No dia 10 de setembro estivemos em Santa Bárbara D’Oeste, no estado de São Paulo, para comemorar essa marca expressiva. Separamos duas páginas para contar de uma maneira melhor a todos vocês, leitores de OJB, o que aconteceu nesta celebração, que teve pouco mais de três horas de duração. Também nesta edição, a Juventude Batista Brasileira traz o último artigo da série “Vem pra Vida”, em apoio ao Setembro Amarelo, e divulga um evento

presencial em novembro. Está nas páginas 12 e 13. Temos também as colunas Bilhete de Sorocaba, Fé para hoje e Observatório Batista, além das nossas juntas missionárias, com informações dos seus respectivos campos de atuação. Para marcar essa importante data para nós também aqui, no Editorial, deixamos abaixo o texto da publicação que foi para as nossas redes sociais, sobre os 150 anos dos Batistas no Brasil. O ano era 1871, quando Batistas que vieram dos Estados Unidos organizam a “Primeira Igreja Batista no Brasil para Estrangeiros” em Santa Bárbara d’Oeste. Oito anos depois, em 1879, outro grupo fundou a Segunda

Igreja Batista em solo brasileiro, na mesma cidade, no bairro da Estação, atualmente pertencente à cidade de Americana. Esses irmãos se uniram e solicitaram à Junta de Richmond, dos Estados Unidos, o envio de missionários ao Brasil. E foi o que aconteceu… Foi no ano de 1881 que chegaram os casais missionários William Buck Bagby e Anne Luther Bagby e Zachary Clay Taylor e Katharine Steves Crawford Taylor. Recebidos em Santa Bárbara d’Oeste, filiaram-se à Igreja Batista existente e começaram a estudar a língua portuguesa, tendo como professor Antônio Teixeira de Albuquerque, que antes tinha sido ordenado padre cató-

lico no Seminário de Olinda, porém, havia deixado o catolicismo e se tornado protestante, aderindo posteriormente à doutrina Batista e sendo ordenado pastor pelo presbitério da Igreja Batista de Santa Bárbara. Os Batistas no Brasil cresceram. Como Convenção Batista Brasileira somos 33 Convenções estaduais, 9070 Igrejas e 4667 Congregações ao redor do nosso Brasil. Que continuemos na mesma visão dos pioneiros, evangelizar a pátria, compartilhando Graça e Misericórdia, dizendo a todos que Jesus Cristo é a única esperança, para que o Brasil e o mundo viva o poder que transforma. Parabéns, Batistas brasileiros! n

( ) Impresso - 120,00 ( ) Digital - 50,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Folha Dirigida


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BILHETE DE SOROCABA

O sono de Pedro Pr. Julio Oliveira Sanches Na época, não havia corredor da morte. Mas, ele estava lá. Tinha certeza que a execução ocorreria no dia seguinte. Herodes e o povo aguardavam fazer da execução de Pedro, à espada, momentos de grande euforia. A morte de Tiago, irmão de João, dava a Pedro e à Igreja, que por ele orava, a conclusão que o fim do discípulo seria o mesmo. Convicto que ia morrer no dia seguinte, Pedro conseguiu dormir tranquilo acorrentado a dois soldados. O sono de Pedro, às vésperas da morte, suscita alguns questionamentos que devem ser respondidos por esta sociedade ansiosa e insone. Os salvos que ficam acordados quando pequenas dificuldades roubam-lhes o prazer do sono tranquilo, precisam meditar no sono de Pedro. Vejo algumas lições, que se colocadas em prática, funcionam como ansiolíticos aos que não conseguem

usufruir as bênçãos do sono reparador. Pedro ouviu de Jesus que “basta a cada dia o seu mal” (Mateus 6.34). Ouviu e colocou em prática. Ficar acordado sofrendo com a morte que viria no dia seguinte, nada acrescentaria à situação. O “dia de amanhã cuidará de si mesmo” (Mateus 6.34). É melhor crer que Deus sempre tem soluções práticas para o momento certo. As soluções divinas são as melhores. Logo, dormir tranquilo com esta convicção é o melhor remédio. Pedro viu Jesus dormir tranquilo num barco, açoitado por uma tempestade, enquanto ele e seus companheiros gritavam assustados (Marcos 4.35-41). Em sua mente ficou gravada a repreensão do Mestre: “Porque sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” (Marcos 4.40). Ficar acordado sofrendo com o amanhã e suas dificuldades significa falta de fé no poder sustentador de Deus. Como não posso alterar o amanhã, melhor é dormir

tranquilo hoje. Quem sabe, descansado, refeito por um bom sono terei melhores condições de enfrentar as tempestades futuras. A vida de comunhão e dependência de Jesus Cristo ensinou a Pedro a usar Salmos 55.22 e recomendar aos seus leitores I Pedro 5.7. Ao colocar sobre Cristo os nossos cuidados, às vezes transformados em ansiedades, persiste a certeza: o Senhor cuida dos seus filhos. Convicção que nos leva a dormir tranquilos. Esta certeza firma-se no dizer de Jesus: Deus cuida dos passarinhos e veste as flores do campo com variegadas cores; com muito mais amor e carinho cuida dos seus filhos (Mateus 6.26-31). Após cada dia de trabalho posso deitar e dormir tranquilo, pois Deus cuida do meu sono e também dos meus amanhãs, caso eles venham a existir. A insônia gera a ansiedade; esta, a

depressão, mal do século, que atinge milhões de pessoas. Tudo pode ser diferente, se aprendermos a viver um dia a cada dia. No âmago da insônia está a ausência da fé nos cuidados divinos. Ao tentar solucionar problemas com nossas próprias forças e inteligência, que talvez venham a existir, desprezamos a capacidade inerente de crer no agir divino. A ausência de fé gera enfermidades, as mais variadas. O exercício da fé contribui para a saúde. A ausência da fé leva-nos à frustração e à insônia. Pedro dormia convicto que em termos humanos nada podia fazer para mudar as ações do louco Herodes. Sono profundo, por saber que o Senhor estava no controle. Jesus Cristo podia adentrar a prisão, abrir suas portas de ferro e devolvê-lo ao convívio da Igreja, incrédula, que por ele orava (Atos 12.53). Durma tranquilo e jamais perca o sono com o amanhã. Ele cuidará de si mesmo. n

Sinais de audição Rubin Slobodticov

pastor, colaborador de OJB

O Dia Nacional dos Surdos é 26 de setembro, oficializado pelo Decreto-Lei nº 11.796, em 2008. Seu grande objetivo é promover a inclusão social das pessoas que possuem deficiência auditiva. Normalmente, quem nasce sem condições de ouvir também não aprende a linguagem falada. Deficiente ou surdo, o indivíduo criará meios de se comunicar. Um deficiente auditivo possui algum grau de percepção de sons, ao passo que um surdo, a perda é profunda, isto é, não ouve absolutamente nada. Importante é o ambiente social não discriminar a pessoa, em qualquer uma das hipóteses. Então, eis que surge o fonoaudiólogo para aferir os sinais de audição. Esse fenômeno físico é observado desde os mais antigos povos, como os egípcios, gregos, hebreus etc. Aqueles tinham seus surdos como deuses que podiam ser adorados, servir de mediadores de

humanos com suas divindades e por isso eram temidos e respeitados, sob pena de serem lançados ao mar ou em penhascos. Entretanto, não tinham a mesma sorte na Grécia e entre Romanos, onde eram tratados como seres incompetentes que, por não saberem se expressar eram tratados como incapazes de raciocinar e sem direitos eram marginalizados, mesmo tendo Sócrates, em 360 a.C., admitido ser possível os surdos se comunicarem com as mãos e corpo, conforme dá conta a antiga história. Estranho mesmo são os registros de que Santo Agostinho defendesse a ideia de que os pais de filhos surdos pagavam por algum pecado que haviam cometido. Como sinais de audição surgiu a língua Libras que, por ser “visuoespacial” é mais facilmente aprendida pelos surdos e por isso é o idioma da comunidade surda, diferenciada tão somente pelos aspectos culturais. Assim, para estes, não existe deficiência e, sim, uma outra forma de experimentar a vida no mundo

por abrir portas para uma cultura própria e rica por ser incomparável ao que ouve ou não por haver sempre um ganho para o surdo, inclusive na comunicação por sinais pela via internet. As Escrituras Sagradas sempre colocaram a salvo aos que não podiam ouvir, sob recomendação veemente de Moisés: “Não amaldiçoem o surdo nem ponham pedra de tropeço à frente do cego” (Levítico 19.14). A vinculação a eventuais falhas dos pais para que filhos nascessem com deficiências já era publicada desde antigamente pelo que os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego? Ao que respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais, mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus” (Jo 9.2-3). Os sinais de audição são sublimados porque capazes de serem revestidos de uma linguagem que os ouvintes não alcançam com facilidade, como o “revestir-se de incorruptibilidade e imor-

talidade”, independente das deficiências físicas. O profeta Isaías já vaticinava essa graça ao afirmar: “Então os olhos dos cegos serão abertos e os ouvidos dos surdos se desimpedirão … porque as águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo” (ibid. 35. 5-6). E, em cumprimento ao que o profeta reassentou: “Surdos, ouvi e vós cegos, olhai para que possais ver” (Is 42.18), Jesus restabelecia não apenas cegos e coxos, como também abria ouvidos aos surdos, como está escrito o que disse: “Surdos, ouvi...” (Mateus 21.14). Surdo é quem não quer ouvir, porque todos possuem sinais de audição, como já questionava o profeta: “Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? E quem é cego como o que é perfeito, e cego como o servo do Senhor?” (Is. 42.19). Valorize-se pois, como suprema virtude, a audição ao buscar entender os sinais vitais que a vida fornece para um viver melhor. n


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REFLEXÃO

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A Educação Cristã e saúde mental Olavo Feijó Geraldo Farias

colaborador da AECBB; membro da Primeira Igreja Batista em BoituvaSP; psicólogo - especialista em Psicossomática e professor de Teologia; presidente da Associação de Igrejas Batistas de Sorocaba e Região

Nenhuma outra área das engrenagens eclesiásticas é tão abrangente quanto a Educação Cristã. Educadores são os recursos humanos das comunidades. E essa abrangência se dá primeiramente por avançar as fronteiras de um de nossos maiores tabus: A saúde mental. Como sexo e morte, a saúde mental é vista qual polarização em relação à espiritualidade. Ainda cultivamos o binômio ou bifurcação vida espiritual x vida material ou espiritualidade x secularismo. Também é desafio dos educadores a mediação entre estes supostos “dois mundos”. A gritante realidade do adoecimento de pessoas e famílias inteiras em Igrejas conspira para desfazer mitos: o primeiro é de que cristãos possuem blindagens contra transtornos e adoecimentos; o segundo é de que admitir necessidades é reconhecer-se incrédulo ou sob crise na fé - diversas matrizes religiosas estigmatizam indivíduos sob acompanhamento psicológico ou sob uso de psicofármaco. Somos seres integrais (biopsicossocial-espiritual). E essa afirmação é um dos fundamentos de nossas vivên-

cias, conteúdos e dinâmica do ensino-aprendizagem. As corporações de saúde elegeram o “setembro amarelo” para conscientizar a população sobre a prevenção e cuidado sobre a saúde mental - especialmente a prevenção do suicídio. O que significa uma ótima oportunidade para dialogar sobre nossa espiritualidade integral. “Não há saúde se não houver saúde mental”, preconiza a OMS. Sugiro: • Rodas de prosas em grupos das Igrejas - pais e filhos, homens, mulheres, jovens; • A audiência e posterior discussão de filmes e jornadas literárias sobre o tema; • Conferências com a partilha de especialistas e profissionais da saúde; • Séries de pregações sobre aspectos terapêuticos do Ministério de Jesus de Nazaré; A Pandemia da COVID-19 impôs esta agenda de cuidado para com nossos irmãos e irmãs na fé! O silêncio das Igrejas - pastores, líderes e educadores - sobre tão necessário conteúdo tem promovido uma espiritualidade alijada de uma de suas mais importantes facetas, contradizendo a vida abundante prometida por Jesus de Nazaré. E de forma provocativa, experiências religiosas frustradas ou ambientes de Igrejas tóxicos são ampliadores de transtornos, implicando no

pastor & professor de Psicologia

Sem Deus: sem forma e vazios “E a terra era sem forma e vazia; e Completando a revelação divihavia trevas sobre a face do abismo; na, começada no livro de Gênesis, o e o Espírito de Deus se movia sobre apóstolo João nos declarou: “E este a face das águas” (Gn 1.2). é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna e essa vida é nossa por meio Gênesis nos revela que antes da do Seu Filho. Quem tem o Filho tem intervenção do Senhor, o que havia a vida; quem não tem o Filho de Deus era o vazio: “No princípio, Deus criou não tem a vida” (I Jo 5.11-12). os céus e a Terra. A Terra era um vaApós Sua ressurreição, Jesus apazio, sem nenhum ser vivente e estava receu aos Seus discípulos e ordenou: coberta por um mar profundo. A es- “Vão pelo mundo inteiro e anunciem o curidão cobria o mar e o Espírito de Evangelho a todas as pessoas. Quem Deus se movia por cima da água” (Gn crer e for batizado será salvo, mas 1.1-2). A expressão “o Espírito de Deus quem não crer será condenado” (Mc se movia por cima da água” quer dizer, 16.15-16). Os cristãos de hoje são os no texto original hebraico: o Espírito continuadores da obra missionária de Deus estava “chocando” as águas, começada por Jesus. Que sejamos à semelhança de uma ave, quando se fiéis a esta sublime missão e sejamos assenta sobre seus ovos e produz o instrumentos para que Deus dê forma fenômeno da vida animal. e significado à vida de muitos! fenômeno sociológico dos desigrejados cristãos dissidentes das denominações. Hora de reavivar o conselho Paulino: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino […]” (I Tm 4.16). A prioridade

sobre o cuidado pessoal não é casual! Nós, educadores, somos a intersecção entre a Teologia Cristã e os diversos saberes. Repito: não há santidade sem sanidade! n

Selá (pausa. Silêncio) Sérgio Dusilek

pastor da Igreja Batista Marapendi - RJ

“Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá. (selá.).” Sl 49.15. Pausa. Silêncio. A morte impõe esse silêncio, essa falta da vontade de falar. As palavras, outrora prolíferas, agora saem liquefeitas nas lágrimas. Não é mais a voz; são as lágrimas. Pausa. Silêncio. Esperança de que o som da pessoa amada, o qual não mais ouvimos aqui, será ouvido outra vez. Se a morte silencia quem amamos, Deus que nos ama, não permite o silêncio eter-

no. Em Cristo, vamos voltar a nos ver. A pausa, o silêncio impingido quando da nossa morte, vai ser tragado pelo santo barulho, pelas vozes daqueles que nos aguardam no céu de Deus. Pausa. Silêncio diante da Revelação de Deus. Num tempo em que a teologia não encontrava amplo desenvolvimento, como compreender a fala do salmista na crença de uma vida além, se não pela via da intimidade com Deus, pela fé, pela revelação divina? Silêncio… quando o Eterno ou a Eternidade se mostram, ficamos extasiados, sem palavras. Pausa. Silêncio. Diante do Autor da Vida, que nos espera além vida, o que dizer? Palavras? Não. Silêncio. Estupe-

fatos, maravilhados… tanta coisa para dizer… mas o que falar quando o inefável nos rouba as palavras? Silêncio diante de um Jesus que nos receberá de braços abertos. Pausa. Silêncio. Se nas festas vemos os outros, nos velórios nos enxergamos. Paramos para nos ver. Na pausa que a morte de alguém que amamos faz na nossa vida (sim, porque nossa agenda é interrompida) paramos silentes. É no silêncio que ouvimos a nossa alma. É no silêncio que podemos escutar uma outra voz que não só a da nossa consciência: a doce e mansa voz de Deus. Pausa. Silêncio. Você ouve no seu coração, na sua interioridade de que você

é filho/filha amado(a) de Deus? Porque estes que ouvem, ecoam a certeza do salmista de, uma vez alcançados pela morte, não serão esquecidos na sepultura. Pausa. Silêncio. Quando a última pausa vier e sua voz aqui for silenciada, para onde você vai? Há um local de encontro e reencontros nos esperando, cujo endereço é Jesus Cristo. Pausa. Silêncio. Em respeito à memória e história de centenas de milhares de brasileiros cujas vidas foram abreviadas pela “sindemia”. Pausa para, em silente oração, suplicarmos o contínuo conforto de Deus sobre nossa nação. n


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Burnout - o esgotamento na vida do líder - parte 2 Setembro Amarelo - cuidando as emoções para não adoecer

Fabiano Gomes do Espírito Santo

• Alterações no apetite; • Dificuldade para pegar no sono; • Ter sentimentos constantes de fracasso e insegurança; • Sentir-se derrotado e sem esperança para novos sonhos; • Dificuldade para cumprir com responsabilidades do trabalho; • Vontade de se isolar dos outros. O esgotamento pode vir de vários fatores: frustrações com pessoas, um De acordo com o Instituto Schaeffer, ambiente de trabalho corrosivo e, prin“70% dos pastores lutam constantemente cipalmente, o lidar com pessoas todos contra a depressão, 71% se dizem esgota- os dias de forma desgastante. dos, 80% acreditam que o ministério pastoral afetou negativamente suas famílias Alguns conselhos para a vida: e 70% dizem não ter um amigo próximo”. • Andar sozinho é uma rota suicida; Isso quer dizer que se nos dedicar• Não deixe a maldade das pessoas mos além de nós mesmos, abusando adoecer e contaminar o seu coração. dos nossos próprios limites sem desa- Isso é problema delas, mesmo assim celerar, poderemos, com o tempo, quei- continue acreditando nas pessoas. Não mar nossa vitalidade e sofrer as conse- mude seu coração por causa delas. quências. Levando ao que chamamos Certa vez, um homem foi reencontrar de esgotamento espiritual e emocional. um amigo. Ele narra da seguinte forma: Além disso, outros sintomas que po- eu não via esse amigo há muito tempo e dem ser identificados incluem: quando a gente se encontrou pra almo• Sentir-se cansado e sem energia çar, esse meu amigo foi tão negativo. Ele quase sempre; minou tudo o que tinha valor pra mim e • Ter dor de cabeça frequente; todas as pessoas no meu mundo. Ele pastor da Base de Comunhão da Primeira Igreja Batista em Brasilândia, São Gonçalo, RJ; formado em teologia pelo STBN - Unicesumar; especializado em Clínica Psicológica na Depressão (IBAC), Suicidologia (UERJ-UFSC), Doenças Neurológicas (UFOP); técnico em Capelania e em Psicanálise Clínica (cursando - FGAIO)

era tão crítico; sua alma simplesmente estava envenenada. Enquanto a gente se despedia, eu sabia em meu coração que eu não deveria procurá-lo nunca mais. Por quê? Porque eu era jovem e porque o que Deus tinha à minha frente era importante demais para eu permitir que o que estava no coração dele, sabotasse o meu e virasse parte de mim. Se você trabalhar por demanda e urgência e não no que é prioridade, as pessoas vão matar você e a sua família - as demandas da Igreja sempre existirão. Aprenda a dizer “não” - “agora não posso” - aprenda a delegar. No livro “O pastor imperfeito”, Zack diz o seguinte: “Certa vez, preguei em uma conferência cinco vezes… sentia a presença de Deus de maneira tangível. No caminho para casa, depois daquele último sermão, entre as divinas bênçãos daquela noite, a minha esposa de 15 anos de casamento disse que estava me deixando”. Meu querido líder, cuide de sua família, afinal de contas, ela é o seu primeiro ministério. Às vezes é necessário “desacelerar” para cuidar mais da sua esposa e filhos. Se você não construir e manter

a manutenção do seu lar, não terá aonde ir quando seus dias de ministério terminarem. A Igreja é a noiva de Cristo e não pode se tornar uma amante para a sua esposa (I Timóteo 5; I Timóteo 3.5). • Seja honesto com as suas emoções, elas mostram não quem você é, mas como você está (Mateus 26.38); • Ser gente é também adoecer. Vença o orgulho. Eu não sou um supercrente (II Coríntios 12.10); • Leve a sério o cuidado com a sua saúde física (I Coríntios 6.19); • Busque ajuda psicológica quando for preciso (Marcos 2.17). Não flerte com o pecado (I Timóteo 6.11). • Cuide da sua vida devocional. Pare de ler a Bíblia só para preparar estudos e sermões (Efésios 5.18). Caro “líder, seminarista ou pastor”, você tem se sentido esgotado espiritualmente e emocionalmente? Você tem conseguido dizer “não”? A sua família esta precisando de mais atenção neste tempo? Não está na hora de ter a coragem de decidir mexer na sua agenda e fazer algumas mudanças rumo a uma nova realidade? n

tos no texto de Hebreus em destaque. Primeiro, devemos observar os que já foram aprovados para Ele, pela sua fé em Jesus, que nos rodeiam com um testemunho de vida transformada nesse mundo, e copiá-los. Outro requisito é desembaraçarmos de todo peso e do pecado que nos assedia de forma tenaz nessa vida. Isso ocorre quando o homem reconhece que é um escravo do pecado e que isso o condena espiritualmente, mas que há uma providência de Deus para o livrar desse peso condenatório, que é Jesus, e a Ele se entrega para ser liberto. “Todo o que comete pecado é escravo do pecado. Se pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.34 e 36).

O texto ainda nos aponta o terceiro requisito, que é uma carreira de perseverança em Jesus e em Seus ensinamentos, tendo-o como único Senhor e mediador junto ao Pai. É uma carreira de lutas constantes contra o pecado, que nos assedia diuturnamente para nos afastar da nova vocação. Certamente, em algum momento vamos cair, mas, sabedor disso, o Pai nos disponibilizou um advogado que tem acesso ao trono de sua suprema corte, Jesus. “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo” (I Jo 2.1). Se já aceitou essa carreira, a percorra com perseverança. Se ainda não, aceite-a agora. n

Uma carreira proposta por Deus Celson Vargas

pastor, colaborador de OJB

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1) Essa palavra de Deus tem o objetivo de comunicar a todos, independentemente de sua posição religiosa ou espiritual, que Ele tem a proposta de uma carreira especial para nós; de excelência, porque é fundamentada não no que é findável ou terreno, mas no que é eterno,

o Seu reino. A proposta consiste, portanto, em uma carreira por Ele oferecida, e os requisitos necessários para nosso ingresso nela. A carreira tem como objetivo, nos levar a uma resoluta decisão de nos tornarmos integrantes de Seu reino aqui na terra, instaurado por Jesus, quando de Sua encarnação, vida, morte e ressurreição. “Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos porque está próximo o reino de Deus”; “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio” (Mt 4.17; Lc 22.29). Para esse reino anunciado por Jesus e confiado a Ele pelo Pai, somos todos convidados. Os requisitos para aceitarmos a honrosa proposta do Senhor, estão descri-


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Dia do surdo e o tal do capacitismo Natália Vilar Melo

membro e coordenadora de Escola Bíblica Dominical da Igreja Batista Memorial na Posse, em Nova Iguaçu - RJ

As mãos não param de tagarelar, a alegria é total, os intérpretes estão eufóricos e hoje o culto será na direção deles. Isso mesmo, eles conduzirão a Igreja a adorar e exaltar ao Senhor nosso Deus. A hora passa, a membresia chega e sempre tem aquele irmão, desavisado, que não entende porque tem um surdo na recepção da Igreja. Ou, porque todos estão com uma camisa escrita com aquelas mãozinhas. A esposa, suavemente, fala para ele que é Dia do surdo e foi anunciado no domingo anterior, que durante toda a semana, a Igreja realizou atividades em comemoração e que hoje era o culto de encerramento. Outros se achegam e procuram seus acentos favoritos, quase que marcados como no jardim de infância. “Ai daquele irmão, que ousar sentar no meu lugar; para garantir, marco com minha Bíblia; e para guardar o espaço de quem ainda não chegou, uso até a do vizinho”, pensam alguns. E, assim, tudo está pronto. O dirigente é surdo e os irmãos, desta vez, estão na situação contrária. Eles veem o surdo e apenas ouvem o intérprete, que senta com o microfone na primeira fileira. Logo a irmã, líder do ministério, é segurada pelo braço por um dos fundadores da Igreja. Que pergunta, um pouco irritado, se o culto será o tempo todo assim. A irmã, sorridente, responde que sim. Ele volta para o seu lugar; nunca saberemos se está irritado ou não. Louvores, peça, jogral; tudo, absolutamente tudo com o surdo em atuação. Até que o pastor começa a pregar e começa a fala dizendo para olharem para eles, “os surdos”; em sua palavra, ele diz que deveriam se espelhar neles, que tinham tudo para desistir e estão ali, trabalhando. Marido e mulher, ambos surdos, trocam olhares, aqueles que conversam sem nada dizer. O discurso tem como base o Capacitismo. Já ouviu falar? Se não, vou lhe explicar: é uma forma de

preconceito, discreto, velado; talvez, até sem ser percebido pela própria pessoa que o faz. Porém, a pessoa com deficiência já está tão cansada de receber, que não aguenta mais ficar em silêncio. Mas, vamos ao Capacitismo! Ele parte da ideia que as pessoas sem deficiência são perfeitas e aquelas com deficiência são “imperfeitas”, “coitadas”, “tadinhas”, “fora do normal”. É preciso ter muito cuidado, pois, mesmo ao elogiar, você pode criar uma distância entre o ser normal e o pobrezinho do deficiente. Pense no Capacitismo como uma ponte. Faça essa pergunta: estou reconhecendo o trabalho ou estou comparando o dela com o de uma pessoa “normal”? Quer um exemplo? Vamos voltar para o culto. E perceba algumas falas capacitistas. Exemplo 1: “veja o irmão: dirigiu o culto, mesmo sem falar nada. Agora, você, que é perfeito, não faz isso”. Exemplo 2: “Deus te deu uma voz linda, mas você não louva; e hoje, os surdos, que teriam toda a desculpa para não fazer, estão adorando”. Exemplo 3: “olhem para eles: se eu estivesse na situação deles, eu acredito que não sairia da cama. Vê-los me faze ter forças de sair e trabalhar”. Não houve elogio real ao trabalho, mas, sim, comparação com o modelo normal. Em outras palavras foi assim: ele é deficiente e consegue; você tem obrigação de ser melhor. Não achou isso? Vamos trocar a fala para negros ou para mulheres. Exemplo 1: “veja o irmão, ele dirigiu o culto, mesmo sendo negro. Agora, você, que é branco, não faz isso”. Exemplo 2: “homens, Deus te deu uma voz linda, mas você não louva. E hoje, vimos uma mulher adorando”. “Poxa! Mas não podemos nem elogiar!” Pense se você gostaria de ser elogiado desta forma. Pense se você gostaria de ouvir que se alguém tivesse sua vida era melhor a morte. Isso não me parece animador! Elogie a pessoa e o trabalho que ela fez sem pensar em qualquer outra pessoa ou situação. É uma pessoa, escolhida por Deus, assim como eu e você. Troque por essas frases:

“Irmão sentimos a presença de Deus na condução do culto. Deus continue te abençoando”. “Que louvor maravilhoso. Vamos continuar adorando nosso Deus através da mensagem”. “Vamos todos adorar ao nosso Deus, sabendo que o tempo está próximo. Não fiquemos de preguiça. Todos temos um chamado!”

Essas simples trocas fazem total diferença. Então, no dia do surdo, da mulher e em qualquer outra situação elogie sem comparação. Lembremos do que diz em Êxodo 4:11: “Disse-lhe o Senhor: “Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor?” n

ERRATA Edital de Convocação Assembleia Geral do dia 23 de outubro de 2021 A Associação dos Diáconos Batistas do Brasil vem Retificar o Edital de Convocação da AGO publicado no JORNAL BATISTA, pág. 6, em 10/09/2021, para dele fazer constar a alteração abaixo indicada: Onde se lê: “(…) convocar todos os diáconos e diaconisas batistas do Brasil, para reunirem-se em Assembleia Geral Ordinária (…)” Leia-se: “(…) convocar todos associados da ADBB, em pleno gozo de seus direitos estatuários, para reunirem-se em Assembleia Geral Assembleia Geral Extraordinária (…)” Transcrevemos abaixo, já com a correção, o referido Edital de Convocação da Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada em 23 de outubro de 2021, às 08h30 em primeira convocação e às 9h00 em segunda convocação.

EDITAL DE CONVOCAÇÃO O Presidente da ADBB - ASSOCIAÇÃO DOS DIÁCONOS BATISTAS DO BRASIL, Dc. Fabio Ricardo Motta de La Plata, no uso de suas atribuições, com base nos estatutos desta organização, Artigos 14, 16, 52, e mais o Artigo 42 do Regimento Interno, vem através deste edital, convocar todos associados da ADBB, em pleno gozo de seus direitos estatuários, para reunirem-se em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 23 de Outubro de 2021, às 8h30, em primeira convocação e em segunda convocação, decorridos trinta minutos da primeira, utilizando-se de aplicativo de reuniões virtuais, via internet, em LINK a ser disponibilizado para os inscritos através do site: https://www.einscricao.com/adbb/reformaestatuto, em caráter excepcional em razão da situação de pandemia pela qual passamos, para tratar da seguinte pauta: 1. REFORMA DO ESTATUTO 2. REFORMA DO REGIMENTO INTERNO Brasília, 01 de setembro de 2021.

Dc. Fabio Ricardo Motta de La Plata Presidente da ADBB


MISSÕES NACIONAIS

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

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Campanha Missionária é tempo de festa! Igrejas enfeitadas com bandeiras, balões, cartazes. Peças de teatro, músicas missionárias, testemunhos do trabalho no campo. Blusas com o tema da Campanha por todos os lados. Pela graça de Deus, assim tem sido o mês de setembro dos Batistas brasileiros. Ao redor do nosso país, diversas Igrejas estão mobilizadas e animadas com a Campanha 2021. É o caso da Igreja Batista em Jardim América, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Com muita criatividade, os membros prepararam um cenário para fotos, em que eles podem simular que estão dentro do barco que é símbolo da Campanha. Os irmãos da Primeira Igreja Batista de Teresina, no Piauí, também estão animados! Com alguns materiais e muita habilidade, eles fizeram um barco, que lembra a todos sobre o foco do mês e, assim, a Igreja se envolve ainda mais com a obra missionária. Como podemos perceber, no quesito criatividade, nossas Igrejas estão com nota máxima e a pequena Juju faz parte desse time criativo. Ela é promotora mirim na Igreja Batista Jardim Santíssimo, no Rio de Janeiro, e tem um coração missionário. Por isso, está vendendo palhas italianas para ofertar para missões. É motivo de muita alegria ver irmãos e irmãs trabalhando com tanto entusiasmo, desenvolvendo ações para conhecerem mais sobre a obra missionária e para enviarem juntos uma oferta para o trabalho ao redor do Brasil. Louvamos ao Senhor por este tempo de ênfase

missionária! O mês de setembro está acabando, mas a obra continua. Ainda há muito para ser feito em nossa nação. Vamos juntos anunciar que Jesus Cristo é a única esperança! n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

Batistas brasileiros celebram o

Legado denominacional teve início Estevão Júlio

jornalista da Convenção Batista Brasileira

Chico Junior

jornalista da Convenção Batista do Estado de São Paulo

O dia 10 de setembro de 2021 é mais uma das datas marcantes na história dos Batistas brasileiros. Sem dúvidas, um dia que nunca será esquecido pelo nosso povo. Isso porque alcançamos mais uma expressiva comemoração: o sesquicentenário do trabalho Batista no Brasil; para sermos mais claros, celebramos os 150 anos da presença Batista em solo brasileiro. A solenidade aconteceu em Santa Bárbara D’Oeste-SP, cidade onde a primeira Igreja Batista em solo brasileiro foi fundada, em 1871. O evento teve participação presencial de cerca de 400 pessoas, por conta da pandemia de COVID-19, e transmissão nas redes sociais da Convenção Batista Brasileira (CBB) e Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP). A celebração foi organizada pela CBESP, CBB) e Igreja Batista Memorial em Santa Bárbara d’Oeste. O orador oficial foi o pastor Irland Pereira de Azevedo, que recentemente, no dia 03 de setembro, recebeu o título de presidente emérito da CBESP. Recebido na Casa de Eventos Jardins, o encontro respeitou o protocolo sanitário, como uso de máscara e de álcool em gel. As músicas foram executadas por coro e orquestra da Igreja Batista da Liberdade, conduzidos pelo maestro Donaldo Guedes. Entre as lideranças presentes estavam pastor Fausto Aguiar de Vasconcelos, presidente da CBB; pastor Sócrates

Oliveira de Souza, diretor executivo da CBB; pastor Vanderlei Marins, vice-presidente da CBB; Tânia Kammer, quarta secretária da CBB; pastor Genilson Vaz, presidente da CBESP; pastor Fernando Brandão, diretor executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN); João Marcos Barreto Soares, diretor executivo da Junta de Missões Mundiais (JMM); Elinaldo Pita, pastor da Igreja Batista Memorial em Santa Bárbara D’Oeste-SP; além de representantes da Convenção do Mato Grosso, Convenção Batista Carioca, Convenção Batista do Estado do Espírito Santo, Convenção Batista Fluminense e União Missionária de Homens Batistas do Brasil. O prefeito da cidade, Rafael Piovezan, também compareceu e participou de toda a solenidade Pastor Sócrates Oliveira de Souza, executivo da CBB, iniciou sua palavra convidando a todos a recitarem o que está escrito em Salmos 126.3: “Grandes coisas fez o Senhor por nós e por isso estamos alegres”. Além disso, comentou que era um tempo de “agradecer a Ele pela vida, pela visão dos nossos antepassados”. Ressaltou que “foi imediatamente crescente o trabalho” e hoje “somos uma família de mais de 3 milhões e 100 mil Batistas, que se reúnem em 14000 templos espalhados por esse Brasil” e que devemos continuar “a nossa tarefa, de fazer aquilo para qual Jesus Cristo nos chamou, levar todos a conhecerem Jesus Cristo”. Ele finalizou dizendo que “nós só temos motivos para agradecer ao Senhor”. Na sequência, o presidente da CBB, pastor Fausto Aguiar de Vasconcelos, enfatizou que toda a glória é do nosso Deus. “Quando pensamos nesse sesquicentenário, não estamos pensando

Preletor da noite, pastor Irland Azevedo destacou a mão de Deus sobre a trajetória denominacional

Público de 400 participantes cantou e agradeceu apenas na organização de uma Igreja, mas no estabelecimento do movimento Batista em solo brasileiro. Muito mais do que uma Congregação, que depois foi sendo multiplicada, é o mesmo movimento Batista debaixo da orientação do mesmo Deus Todo-poderoso”. Ele também ressaltou que o dia 10 de setembro é “um dia que pertence a todos os Batistas dentro do Brasil”, independente da Convenção. As boas vindas ficaram sob a responsabilidade do pastor Genilson Vaz, presidente da CBESP, que em sua fala disse que “Santa Bárbara foi o ‘útero’ da primeira Igreja Batista plantada em solo brasileiro”. Enquanto celebrávamos nossos 150 anos, mais uma Igreja Batista da CBB era organizada no país. Durante a fala

do pastor Fernando Brandão, da JMN, acontecia a organização de uma Igreja na cidade de Sapiranga-RS. Todos os que estavam presentes de maneira presencial ou online puderam contemplar este momento, que teve o pastor Fausto Aguiar de Vasconcelos conduzindo a oração de organização de maneira virtual. Além disso, pastor Fernando Brandão citou os trabalhos que a nossa agência missionária para o Brasil realizou em 10 de setembro: comissionamento da carreta do sertão; nomeação de radicais no Rio Grande do Sul e distribuição do Evangelho de João com selo de 150 anos dos Batistas no Brasil. “A nossa história é essa, de evangelização, de envio de missionários, plantação de Igrejas, compaixão, relevância social. Olhar para o passado com gratidão, estar no

Presidente da CBESP, pastor Genilson Vaz fez saudação aos participantes e aos internautas


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

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os 150 anos da denominação no país

o no município barbarense em 1871. Fotos: Rafael Bernardo/CBESP

u a Deus pelos 150 anos do povo batista no Brasil presente renovando o nosso compromisso com Deus, de que vamos avançar; e esse futuro não é incerto pra nós, porque Deus está no controle”, encerrou o pastor, que também representou a Aliança Batista Mundial, apresentando um vídeo de Thomás Mackey, presidente da BWA. O pastor João Marcos Barreto Soares, executivo da JMM, relembrou a vinda dos Batistas americanos ao Brasil, que mesmo num momento difícil abençoaram os brasileiros. “Há 150 anos, por causa de pessoas que procuravam servir a Deus, no meio da dor, milhões de pessoas hoje podem ter esperança no meio da dor”. O trabalho de Missões Mundiais tem 114 anos de evangelização no mundo, mais de 5000 missionários enviados e mais de 100 países alcançados.

Num momento em que se falou sobre firmeza teológica e doutrinária, o pastor Adilson Santos, diretor executivo do Conselho de Administração e Missões da CBESP, citou nossos seminários (Seminário do Sul, do Norte e Equatorial), a Associação Brasileira De Instituições Batistas de Ensino Teológico (ABIBET), Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB) e Convicção Editora. Também convocou uma oração por pastores, alunos e professores dos Seminários. O pastor Marcelo Santos, autor de “O Marco inicial Batista”, da Convicção Editora, teve três minutos para falar desse início. Logo após, um vídeo produzido pela Comunicação CBESP e pela Osis Filmes finalizou este momento. No momento da Palavra, o pastor Irland Pereira de Azevedo definiu o ser-

Presentes oraram agradecendo a Deus e consagrando a PIB Sapiranga - RS pela sua organização

mão como “textual, expositivo e tópico” e sugeriu que celebremos os 150 anos através de quatro olhares: olhar para Deus, para os começos: “Foi Deus quem trouxe aqueles irmãos americanos, depois de uma guerra e vieram buscar seu destino no Brasil”; olhar para os começos, para trás; destaque para a identidade e DNA Batistas, cooperação e evangelização; olhar para dentro de nós, da nossa Convenção, a preservação da identidade Batista, democracia e Princípios Batistas; e olhar para o futuro, enfrentando tensões teológicas e utilizar os recursos da comunicação de maneira correta. Após a palavra, o prefeito da cidade, Rafael Piovezan, disse que “a comunidade Batista veio para cá para se dedicar ao cuidado fraternal e para fazer com que a comunidade barbarense melhorasse todos os dias”. No momento das homenagens, a Convenção Batista Mineira (CBM), Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) E Rádio Trans Mundial presentearam a CBB com placas comemorativas. Encerrando as comemorações pelo sesquicentenário foi realizado na manhã de sábado, 11 de setembro, o 5º Pedala Batista, organizado pelo Pedala SBO. A edição recebeu o nome de “Pedala Batista 150”. Os ciclistas fizeram percursos livres e passaram por pontos históricos, um deles era o Cemitério dos Americanos, local onde está a primeira capela da denominação Batista.

a “Primeira Igreja Batista no Brasil para Estrangeiros” em Santa Bárbara d’Oeste. Oito anos depois, em 1879, outro grupo fundou a Segunda Igreja Batista em solo brasileiro, na mesma cidade, no bairro da Estação, atualmente pertencente à cidade de Americana. Esses irmãos se uniram e solicitaram à Junta de Richmond, dos Estados Unidos, o envio de missionários ao Brasil. E foi o que aconteceu… Foi no ano de 1881 que chegaram os casais missionários William Buck Bagby e Anne Luther Bagby e Zachary Clay Taylor e Katharine Steves Crawford Taylor. Recebidos em Santa Bárbara d’Oeste, filiaram-se à Igreja Batista existente e começaram a estudar a língua portuguesa, tendo como professor Antônio Teixeira de Albuquerque, que antes tinha sido ordenado padre católico no Seminário de Olinda, porém, havia deixado o catolicismo e se tornado protestante, aderindo posteriormente à doutrina Batista e sendo ordenado pastor pelo presbitério da Igreja Batista de Santa Bárbara. Os Batistas no Brasil cresceram. Como Convenção Batista Brasileira somos 33 Convenções estaduais, 9070 Igrejas e 4667 Congregações ao redor do nosso Brasil. Que continuemos na mesma visão dos pioneiros, evangelizar a pátria, compartilhando Graça e Misericórdia, dizendo a todos que Jesus Cristo é a única esperança, para que o Brasil e o mundo viva o poder que transforma. Parabéns, Batistas brasileiros! Um pouco da história Assista a celebração completa em nosso canal no Youtube: youtube. O ano era 1871, quando Batistas que com/c/ConvençãoBatistaBrasileira n vieram dos Estados Unidos organizam

No sábado (11), evento ciclístico fechou comemoração pelos 150 anos dos Batistas no Brasil


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21 ARTE & CULTURA

Ícaro celebra o aniversário de 150 anos dos Batistas no Brasil em boa companhia Ícaro, o líder da Missão IOCO, não poderia ficar de fora da celebração especial dos 150 anos dos Batistas no Brasil. A festa aconteceu no dia 10 de setembro, na cidade de Santa Bárbara D’Oeste-SP, local onde iniciou-se a primeira congregação Batista. Apesar da ausência dos outros componentes da missão IOCO: Olívia, Carol e Otávio, o Ícaro contou com a ajuda de três amigos especiais: pastor David Hammond, um americano apaixonado pelo Brasil. Ele já foi muito ativo em nossa denominação e atualmente ministra como coach de esportes; é um grande exemplo de servo comprometido com o Reino de Deus. O outro amigo a nos ajudar, foi o Selio com S. Selio é fotógrafo profissional. Um dos que mais fotografou eventos Batistas na História. E, para completar nosso quarteto missionário, tivemos a ajuda da Estela, residente local que nos levou a um tour pela cidade histórica e nos ajudou com o personagem Ícaro. Nossa aventura começou com a visita ao museu do imigrante, onde acompanhamos a história dos primeiros americanos e outros povos que chegaram à cidade. Foi lindo poder ver a nossa primeira Igreja fazendo parte da história da cidade! Presenteamos, o museu com dois livros, que contam, com detalhes, o início da história dos Batistas Brasileiros; garantindo, assim, que os fatos sejam passados, com exatidão, ao se falar nossa história. Auxiliamos na distribuição do evangelho de João, na praça pública e comércios locais. Foi muito bom poder despertarmos sorrisos, na população, durante a entrega da palavra de Deus.

Depois, foi a hora de entregar o Evangelho de João para os convidados que vieram para o culto de Celebração dos 150 anos dos Batistas no Brasil. Foi muito legal ver pessoas fazerem uma selfie com o Ícaro e querendo saber mais sobre a missão IOCO! Participamos da inauguração da carreta missionária, da Junta de Missões Nacionais (JMN), que tem a missão de levar assistência médica, dentária e emocional ao povo do sertão e por onde Deus permitir. A inauguração foi abrilhantada com participações musicais pela orquestra Cristolândia. Visitamos também o Cemitério dos Americanos, onde nossos heróis pioneiros e seus familiares foram enterrados.

Tivemos um momento solene e uma foto histórica, tirada com os presentes por ocasião da visita. Glórias a Deus, por nos proporcionar a oportunidade de celebrar tão grande data e nos motivar a avançar sempre! Quero agradecer a todos, que direta ou indiretamente foram usados por Deus para que pudéssemos participar desse data histórica. n Escreva para Arte e Cultura CBB Roberto Maranhão marapuppet@hotmail.com Gerente de Arte Cultura, Esporte e Recreação.


MISSÕES MUNDIAIS

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

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Alceir e Cenilza Ferreira: uma história de alegrias e desafios Marcia Pinheiro

Redação de Missões Mundiais

Em sua adolescência, Alceir Ferreira era um assíduo leitor da revista “O Campo é o Mundo”, editada por Missões Mundiais na década de 1980, e que mais tarde ganhou o nome de “A Colheita”. Naquela época, seu chamado ainda não era claro. Na juventude, foi para o Seminário Teológico Batista Fluminense, em Campos dos Goytacazes-RJ, onde a leitura da revista da JMM era uma prática quase que diária. Foi nesta época que ele conheceu uma seminarista, Cenilza, com quem se casou ao fim de 1984, logo após concluírem a formação Teológica. Depois, seguiram para o primeiro ministério pastoral, no Maranhão. Em todas as etapas, Deus preparava o casal para a obra missionária. O primeiro campo de atuação em Missões Mundiais foi a fronteira do Brasil com o Uruguai. Era um convênio entre a JMM e a Convenção Batista do Rio Grande do Sul. “O projeto consistia na revitalização de uma Igreja brasileira, que já estava fechada, e a abertura de uma frente missionária do lado uruguaio. A obra foi realizada durante três anos. A Igreja continua ativa até hoje, 30 anos depois. E a frente Batista do lado uruguaio produziu grandes frutos para a glória do Senhor”, alegra-se Alceir.

Trajetória 1991 - 1993: Jaguarão-RS | Rio Branco/ Uruguai 1994: Colômbia (Santa Marta) 1995 - 1998: Colômbia (Tucurinca e Fundación) 1999 - junho 2005: Colômbia (Floridablanca) Julho - dezembro de 2005: África do Sul (White River - estudo da língua) 2006 - 2013: Botsuana (Palapye) 2014 - maio 2017: Brasil (Mobilização) Junho 2017 - fevereiro 2021: Paraguai Março - maio 2021: promoção Momentos de grandes alegrias e desafios Ao longo destes 30 anos servindo ao Senhor como missionários de Missões Mundiais, o casal experimentou o cuidado e direcionamento do alto em suas ações. E cada desafio era sucedido de momentos de grandes alegrias. Mas um momento era ainda mais especial para o pastor Alceir, o batismo. “Cada vez em que batizamos alguém é difícil conter as lágrimas. Organizar uma Igreja e transferi-la para a liderança local, sentir que a tarefa foi cumprida, não há alegria maior que essa. Ver que a obra se consolidou. São muitos pontos altos de alegria”, recorda. Eles enfrentaram a distância da família e de amigos por amor ao Senhor de Missões, cumprindo com excelência o seu chamado. “Um grande desafio foi ter que deixar nossa filha para trás, quando nos mudamos da Colômbia para Botsuana. E também ter que aprender a língua inglesa, depois de já ter aprendido o Espanhol, aos 40 anos, foi bastante pesado. Isso tendo também que aprender a língua

tribal”, conta Alceir. “Desde o começo, o nosso chamado implicou em estar longe da família. Inicialmente no Maranhão, depois Uruguai, Colômbia, África e, por último, o Paraguai. Nem sempre é fácil”, emenda. No início, o casal chegou a ficar até quatro anos sem ver a família. A comunicação era só por carta e, com muita dificuldade, por telefone. Ainda não havia e-mail, videoconferência, tampouco WhatsApp. “Mas o Senhor prometeu, na Grande Comissão, estar conosco todos os dias. E esta realidade nos consolava e fortalecia nos momentos de distância de amigos e familiares”, garante. E Deus ia levantando pessoas prontas a sustentar suas cordas e orações e ofertas para que a missão de Alceir e Cenilza fosse cumprida. “Sem este apoio e sustento em oração nós não teríamos ido. Mas além disso, em várias ocasiões tivemos visitas de voluntários. Sempre foram momentos de grande celebração e também de muito trabalho. Era sempre muito bom poder falar Português, principalmente na África, onde não tínhamos com quem falar o nosso idioma. O apoio dos Batistas brasileiros foi marcante durante todo esse tempo no campo”, revela o pastor.

O casal entende que todos somos chamados a obedecer a Grande Comissão, seja orando, contribuindo ou indo, e deixa um recado àqueles que ainda não entenderam o seu próprio chamado. “Para alguns este chamado implica em deixar a nossa casa, a nossa família, a nossa nação e ir para onde os não alcançados estão, pregar as Boas Novas e plantar Igrejas entre eles. Isso pode ser difícil e assustador. Mas aquele que comissiona, também capacita e vai junto. Não tenha medo de obedecer”. E o pastor considera Missões Mundiais como uma serva da Igreja, do missionário, no cuidado, no pastoreio, no treinamento e na capacitação. De volta ao Brasil, a saudade já é grande. O casal está redescobrindo o significado de ser membro de uma Igreja. “Estamos congregando em uma Igreja onde nos sentimos felizes e úteis à obra do Senhor. A saudade do campo é grande e ainda dói. Os sentimentos e as lembranças ainda são muito fortes. Mas por outro lado estamos felizes de estarmos onde o Senhor nos colocou, ao lado de nossa família, principalmente neste momento de perdas por conta da pandemia, quando pudemos chorar juntos”, afirma o missionário. No coração, o sentimento de gratidão tem lugar certo. “Nossa gratidão por conhecer a Deus, por meio de Jesus Cristo, e servi-lo. ‘No serviço do meu Rei eu sou feliz, satisfeito e abençoado.’ (cantarola o hino). Meu agradecimento também às Igrejas Batistas brasileiras pelo amor e pelo cuidado ao longo destes 30 anos de serviço no campo. Não faltaram a oração, o apoio espiritual, tampouco o apoio material. Louvo a Deus pela fidelidade e carinho de cada Batista brasileiro”, reconhece. “E também minha gratidão a Missões Mundiais e a todos os seus colaboradores. Nos acompanharam com paciência, compreensão e cuidado ao longo de todos estes anos. A palavra ‘obrigado’ é muito curta para expressar toda a minha gratidão por tudo o que Missões Mundiais fez por nós”, encerra. n


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O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21

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PONTO DE VISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 26/09/21 FÉ PARA HOJE

Investindo nas instituições Batistas de ensino Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob Sou um curioso e atento observador das universidades americanas. Lá, os ex-alunos contribuem para os fundos das suas respectivas universidades. São fundos bilionários. É impressionante a visão americana quanto ao ensino e a pesquisa nas universidades. Igualmente, a sua capacidade de captar recursos de ex-universitários e milionários norte-americanos. Uma das razões do sucesso das universidades norte-americanas é a capacidade de financiamento por parte dos seus antigos alunos. São universidades de ponta, com vários professores e ex-acadêmicos que ganharam o prêmio Nobel e outros prêmios no exterior. A história dos fundos universitários dos Estados Unidos é uma inspiração para mim. Um fator motivador para dizer: Por que não fazemos assim aqui no Brasil? Claro, guardadas as devidas proporções, podemos fazer muito pelas universidades brasileiras - públicas e privadas. Aproveito esta oportunidade para fazer uma pergunta aos irmãos, especialmente pastores e ex-alunos de Colégios, Faculdades e Seminários Batistas: Por que não investimos em nossas instituições? Por que não nos engajamos para ajudar as nossas entidades de ensino a serem melhores, a buscarem a excelência na educação? Por que razão somos tão míopes, inex-

pressivos nesse assunto tão relevante? São indagações pertinentes que nos levam à reflexão e ações efetivas. As nossas instituições Batistas precisam de nossas orações, atenção, visitas e investimento de amor e gratidão a Deus. Podemos tornar nossos colégios, seminários e faculdades em instituições de ponta, tendo condições de adquirir insumos, materiais diversos, investir na formação de professores e na concessão de bolsas de estudo. Enfim, podemos equipar essas instituições para torná-las relevantes e competitivas no universo de educação média/ superior. Podemos formar fundos para financiamento de materiais humanos e didáticos. Na verdade, temos vergonha, somos tímidos, com visão tacanha para desafiarmos pessoas a contribuírem financeiramente com as nossas instituições de ensino. Como ex-aluno dos seminários Batistas do Norte (Recife) e do Sul (Rio de Janeiro), uma vez sendo desafiado a contribuir, devo fazê-lo com muita gratidão a Deus e com um sentimento de cumprimento de missão. Como ex-aluno, sou responsável pelo financiamento que enseja a excelência no ensino cristão. Os ímpios investem pesado em suas agremiações de ensino. E nós, o que temos feito? Temos um espírito crítico, alienado, sem uma percepção madura do que seja o ensino cristão de excelência e a

ajuda aos que mais precisam estudar, membros de famílias mais pobres. Para o cristão autêntico, investir significa financiar o ensino, a pesquisa, vocação e o desenvolvimento do país, contribuindo assim para a expansão do Reino de Deus em todo mundo. Aprendamos com os americanos a nobreza de investir em suas instituições para o desenvolvimento sustentável. Que motivemos uns aos outros ao financiamento, a ajuda substancial de nossas casas de ensino cristão, orientadas por valores do Reino de Deus. Quem investe tem visão, amor, sensibilidade, altruísmo, excelência e prazer em servir com os seus recursos financeiros. Financiar uma instituição de ensino é promover uma educação cristã de alta qualidade. Como ex-alunos, estimulemos uns aos outros ao investimento amoroso e sacrificial. Sejamos imitadores dos excelentes exemplos dos Estados Unidos da América, que é um país de vanguarda, desenvolvido e que tem aprendido a investir em pessoas, talentos e criatividade. Deus certamente deseja que sejamos Seus administradores competentes, procurando financiar as agremiações que contribuíram para a nossa formação acadêmica. Como cristãos, devemos ser exemplos de generosidade a toda a prova (Filipenses 4.10-20). Carecemos disso! Que as Associações, Convenções

Estaduais e Convenção Batista Brasileira se unam em formar um Fundo de Educação Cristã em cada instituição. Que se apresentem homens e mulheres vocacionados como levantadores de recursos para cada agremiação de ensino. Que o Senhor levante gestores de instituições Batistas que sejam cheios de sonhos e realizações. Há um potencial imenso de investimento no seio de nossas Igrejas espalhadas pelo Brasil. Creio que nós, pastores, devemos ser o exemplo de liberalidade a toda prova ajudando financeiramente as nossas casas de ensino cristão. Penso que é hora de um engajamento financeiro para as nossas agremiações Batistas de ensino. Que os nossos gestores denominacionais se debrucem sobre esse projeto de financiamento. Que as assembleias - desde a Associação até a CBB - se unam e desafiem os ex-alunos a colocarem a mão no bolso para contribuírem na melhoria da qualidade e expansão das instituições Batistas de educação. Sejamos homens e mulheres de oração, intrepidez, ousadia, criatividade, assertividade e coerência em relação a esse assunto tão nobre, necessário e urgente. Façamos um Fundo de Captação de Recursos para cada instituição de ensino Batista financiado por seus ex-alunos ou por qualquer outro cristão Batista que tenha prazer em investir. Deus será glorificado! n

EDITAL DE CONVOCAÇÃO 91ª ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DA UNIÃO FEMININA MISSIONÁRIA BATISTA CARIOCA – UFMBC Na qualidade de presidente da União Feminina Missionária Batista Carioca UFMBC, em cumprimento ao Artigo 6º do Estatuto da União Feminina Missionária Batista Carioca, convoco as mensagerias das Organizações Femininas das Igrejas Batistas deste Munic pio para realização da 91ª Assembleia Geral Ordinária, a ser realizada no dia 30 de outubro de 2021, sábado, a partir das 8h30m, na IGREJA BATI TA DO TAUÁ, situada à Rua Professor Hilarião da Rocha, 300 Tauá, Ilha do Governador RJ, para eleição da Diretoria 2021/2022, bem como analisar e deliberar sobre assuntos gerais de interesse da União9

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2021 Wilma da Costa Ferreira Presidente da UFMBC


PONTO DE VISTA

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OBSERVATÓRIO BATISTA

Pastorado versão 2.0! Lourenço Stelio Rega

Mais do que isso, o pastorado 2.0 se tornou emprego e relação de trabalho em vez de ministério; posições ministeriais ou denominacionais se tornaram em projeto político de poder no lugar de projeto de servir. A política tomou conta da vivência na Igreja 2.0, em que a imagem, as aparências são mais importantes que a realidade, que a essência de vida e caráter. Mentir não é problema se for o melhor, desde que dê resultados. O orgulho é a “virtude” chave, obter títulos, ainda que sem valor real, é o alvo da busca. Em um processo de sucessão pastoral, a fluência de currículos pastorais e contatos recebidos pela Igreja sem pastor demonstra exatamente isso, dando a entender que essa Igreja abriu uma vaga de emprego. Vida na vida, modelo de vida, exemplo prático a ser seguido foram substituídos por fama, poder, produtividade, em que as ovelhas são contadas como mão de obra útil e produtiva. Atuando no campo da ética pastoral por um bom tempo, tem sido possível contabilizar que o maior volume de dilemas pastorais, que acabam sendo a causa de encerramento de um pastorado, se localizam no território do comportamento, do relacionamento. Quem foi cha-

O pastorado também tem passado por um processo de upgrade. A visão ministerial do Novo Testamento tem se atualizado para a versão 2.0. Na versão original, o pastorado está ligado ao cuidado, ao território da misericórdia, à sensibilidade com o próximo. Atitudes como acolhimento, escuta atenta, mas também ativa, senso de pacificação, dedicação ao ensino (pastor/mestre em Efésios 4.11,12), valorização do potencial das pessoas etc. Tem sido substituídos pelo exercício de poder. Aliás, o projeto de servir, presente na versão original, tem sido substituído por projeto de poder. O pastorado 2.0 se tornou performance, na busca por seguidores virtuais no lugar de discípulos. É muito curioso ver colegas publicarem nas redes sociais que alcançaram milhares de seguidores em sua rede. Há gigantesca diferença em ser seguidor virtual e ser discípulo. O seguidor virtual se identifica com seu “herói” digital porque fala coisas com as quais encontra sintonia com seu modo de vida, sua própria visão de mundo, seu jeito de ser. O discípulo vê em seu mestre um modelo de vida que vai além de palaGerência vras publicadas no mundo virtual, um modelo de vida a ser seguido, pois é Pessoas são: objetos, mão de obra, meio compatível não com seu próprio modo Busca sistemas e estruturas de vida, sua própria cosmovisão, seu jeito de ser. O discípulo vê em seu mes- Gerência (management) tre compatibilidade desta vida com a Interesse pelo fazer das pessoas do Mestre maior - Jesus - conforme o Busca crescimento das atividades apóstolo Paulo ensinou em I Coríntios Focaliza programas 11.1 - sejam meus imitadores como eu sou de Cristo. No discipulado vale Modelo empresarial de gestão então o modelo de Jesus Cristo, não o que o mestre virtual ou o seguidor Autossatisfação e autorreferência virtual acha bonitinho ou se identifica. A identificação é com Cristo. Aqui entra Talvez, alguém diria que alguns itens muitas vezes o difícil caminho da cor- da coluna da esquerda da tabela acireção, da disciplina. ma são necessários; eu diria que sim,

mado para ser modelo de moderação, na versão 2.0 acaba sendo o causador do desconforto com o povo de Deus. E até os demais ministérios na Igreja me parece que estão recebendo upgrade seguindo o modelo do pastorado 2.0. O membro da Igreja que atua no meio profissional, onde a produtividade e a entrega de resultados são o foco, acaba trazendo para a vida eclesiástica essa mesma razão de validação. Mas como validar e avaliar a produtividade no ministério pastoral? Como é possível contabilizar o tempo dedicado para a oração, para a meditação pessoal, para o atendimento pastoral que é sigiloso? Talvez, não devamos culpar essas ovelhas. Se conseguirmos atuar com amor, carinho, respeito, acolhimento para com nossas ovelhas, a validação de nosso ministério será mesmo pela nossa vida e modelo a ser seguido e não por alguma performance que possa ser contabilizada. Foi publicado em português, pela Editora Vida, um livro fantástico que nos ajuda a rever a versão atual do ministério, cujo título é “Igreja S/A”, escrito pelo amigo doutor Glenn Vagner, que traz uma tabela sobre isso muito interessante:

Quando se exige que os seminários formem pastores e não teólogos (como se fosse possível formar médicos sem Medicina) faz com que a formação teológica seja como que uma linha de montagem gerando uma espécie de “economia de escala”. É como formar balconistas, gerentes, operários do ministério em vez de formar líderes que possuam as capacitações necessárias para compreender profundamente as Escrituras, mas também outros saberes que possam ser úteis para a interpretação do mundo contemporâneo, para oferecer respostas seguras, para que o povo de Deus possa não apenas sobreviver, mas SABERviver neste mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo (Mundo VUCA). Precisamos de completa revisão da estratégia de formação ministerial, na filosofia de ensino em nossos seminários e faculdades teológicas para que haja equilíbrio entre a formação acadêmica (Bíblia – Teologia - outras áreas), formação prático - ministerial e formação na vida e piedade. Foi possível comprovar isso na prática, ao dirigir uma instituição de formação teológica por 24 anos e por mais sete anos e meio na atuação como deão da mesma instituição, além da janela que Deus abriu junto aos órgãos federais na área de educação para parLíder / pastoreio ticiparmos efetivamente da construção das Diretrizes Curriculares Nacionais Pessoas como prioridade para os cursos de Teologia dentro dessa Busca encorajamento visão. Ministério Dois de meus primeiros professores Conhece as pessoas pelo nome de seminário - Plínio Moreira da Silva e Tiago Nunes Lima - deixaram claro uma Busca crescimento das pessoas frase que até hoje toca ao coração: a Focaliza relacionamentos função primordial de um pastor é ser Modelo bíblico de liderança moderador. Portanto, alguém que traz Plenitude de vida e dependência de soluções, respostas, não confusão, não rigidez legalista, muito menos contenda Deus e senso de poder desmedido. Ficam estes desafios para promovermas o foco está na coluna da direita, que representa bem a versão original do mos revisão em nossa visão ministerial. Você aceita o desafio? n ministério pastoral.



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