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Diretora do Sinpro lamenta declaração do go- vernador de que assembleia dos professores seria palanque para a pré-candidatura dela ao Buriti. Fala dos problemas vividos nas escolas públicas com a volta das aulas presenciais após dois anos e diz que 26 mil estudantes estão sem matrícula na rede oficial. Página
Entrevista Rosilene Corrêa
Ao comentar sobre a assembleia de terça-feira (22), o governador Ibaneis Rocha tentou politizar o movimento, ao dizer que você queria palanque para sua pré-candidatura ao
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GDF. – Eu lamento. Me pareceu preconceito dele contra a candidatura de uma mulher professora. Como sindicalista, me senti desrespeitada. Mas isto mostra a ignorância do governador com relação à história do Sinpro e da categoria. Mas a categoria percebeu qual era a intenção.
Isso te prejudicou de al-
guma forma? – Por incrível que pareça, eu acho até que ele acabou me prestando um bom serviço. Primeiro, divulgou a pré-candidatura e chamou a atenção da categoria para qual é a posição dele, qual será o tratamento que dará a isso e, principalmente, chamou a atenção da sociedade para o debate da educação. Ainda que algumas pessoas tenham prestado atenção a isso, criticando o sindicato por chamar uma assembleia com uma semana de aula depois de tanto tempo com os alunos em casa, nos deu a oportunidade de contar para a sociedade de que escola estamos falando, como nesta entrevista.
O tiro saiu pela culatra?
– Ele tentou tirar o foco do problema, porque o nosso papel é mostrar para a sociedade o que está faltando dentro das nossas escolas. E ele acabou nos ajudando com essa tentativa de criminalizar a política. Porque eu sou sindicalista não posso me colocar na política partidária? Ele misturou as coisas, dizendo que a assembleia foi oportunismo. Basta puxar pelo histórico do sindicato para ver que é tradição fazermos assembleia no início de ano letivo. O governador antecipou uma disputa que talvez nós faremos. está se descuidando com a população, porque nós prestamos serviço. Fica parecendo que ele está preterindo, que alguém é mais importante para a gestão pública. No caso, a polícia. E aí, nenhum problema com os trabalhadores da polícia, mas tem que ter isonomia.
Orlando Pontes
Pré-candidata do PT diz que ataque do governador projetou seu nome na corrida sucessória ao Buriti. Como diretora do Sinpro, aponta problemas vividos pela categoria
FOTOS: ANTÔNIO SABINO
Será que a intenção dele é criar no DF a mesma polarização nacional? – Não sei. Pode ser. Ficou muito ruim para ele. Primeiro que ele antecipou o debate de greve. A única pessoa que falou em greve foi o governador. Nenhum sindicalista ou professor ou material nosso fala em greve. O que nós queremos é diálogo. Juntos, vamos buscar alternativas. Olhar para o GDF como um todo e as prioridades que do governo.
A assembleia uma semana depois da volta às aulas presenciais era necessária?
– Fazer assembleia é uma tradição, uma necessidade e obrigação de qualquer entidade classista. É assim que se mobiliza os trabalhadores para tomar decisões.
Qual a necessidade
hoje? – Passamos dois anos sem assembleias presenciais. Isso, por si só, já justificaria uma assembleia. Com a volta 100% das aulas presenciais, também precisávamos retomar nossa rotina. No ensino remoto, muita coisa passava despercebida. Com o retorno presencial, foi ficando evidente o caos nas escolas.
Qual a realidade encon-
trada? – Tivemos um processo seletivo de contratos temporários muito complicado, sem transparência. Desorganização total. Muita gente com larga tradição em contratos temporários ficou fora. A contratação temporária precisa ocorrer. Inclusive, nós deixamos de ter alguns direitos garantidos por não termos contratos temporários suficientes. A Secretaria de Educação adotou a política de não fazer concurso e não nomear professores efetivos para a rede. 2021 com 60% dos professores em sala de aula temporários.
Isto é normal? – Nunca imaginei que eu fosse viver uma situação dessa na capital do País. Há regionais que já não têm mais professores para serem contratados. Tudo indica que voltaremos a viver uma realidade de estudantes sem aula. Temos também a educação inclusiva, a educação integral, onde é preciso ter monitores nas escolas como auxiliares dos professores para atender os ANEE (alunos com necessidades educacionais especiais). Tem monitores concursados e a Secretaria coloca para ocupar esse espaço os educadores sociais voluntários, pessoas desempregadas que ganham R$ 30 por dia. E mesmo esses voluntários a Secretaria cortou pela metade. Sem falar dos sete anos de salários congelados.
Você acha que o governo priorizou uma categoria, que são os policiais civis?
– Sem dúvida, não há nenhuma justificativa para isso. Eu acho que é preciso ter um equilíbrio, e quando o governo tem esse descuido com seus servidores, na verdade
Mas tem eleição em outubro. Aí o discurso dos políticos será de que educação é prioridade. Com uma candidata professora e sindicalista isso ficará só no discurso de campanha?
– Com certeza, não. E eu acho que não é só uma questão de salário, mas também de ter educação. Todos os países que evoluíram fizeram forte investimento na educação. Isso é inteligente.
Foi oportuna essa assembleia na segunda semana de aulas presenciais após dois anos de
aulas remotas? – Posso garantir que o que está acontecendo dentro das escolas é um prejuízo infinitamente maior do que um dia sem aula para uma assembleia. E é importante registrar que nós sempre fizemos a reposição do dia de trabalho em que ocorreu assembleia.
Na assembleia também foi falado sobre a superlotação das salas de aula... –
É outra triste realidade. Não foram construídas novas escolas e tivemos 26 mil novas matrículas na rede, segundo a própria Secretaria. O quê que a Secretaria fez para solucionar, sem discutir com o sindicato? Historicamente, isso é discutido conosco. Mas a Secretaria, unilateralmente, publicou a estratégia de matrícula com as alterações que bem entendeu, aumentando muito o número de estudantes em cada sala em plena pandemia. Como fica o distanciamento recomendado pelas autoridades da Saúde?