Jornal Brasília Capital 555

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Brasília Capital n Política/ Pelaí n 3 n Brasília, 26 de fevereiro a 4 de março de 2022 - bsbcapital.com.br

Transtornos da obra do BRT A população de Ceilândia promoveu um protesto, terça-feira (23), contra a obra do BRT, que vai ligar o Sol Nascente ao Plano Piloto. O assunto foi levado ao plenário da Câmara Legislativa pelo deputado Chico Vigilante (PT), morador da cidade.

PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

O Brasil, a guerra e a construção da paz

MUDANÇA – Vigilante esclareceu que o atual governo mudou o projeto aprovado na gestão de Agnelo Queiroz (PT), transferindo a pista do BRT, que seria no canteiro central, para as laterais das duas vias. CORREÇÕES – Com isso, está ocupando o espaço das calçadas e dos estacionamentos na via Hélio Prates. “É uma obra importante, mas foi desvirtuada. Portanto, peço ao governador que chame a Secreta-

ria de Obras para fazer as correções necessárias”, apelou. FALÊNCIA – O petista teme a falência de muitos comércios e a demissão de trabalhadores.

O papel do País é o de defender nos organismos internacionais os direitos humanos, a cooperação entre os países e a resolução pacífica dos conflitos Zélio Maia da Rocha (*)

Bolsonaro torna Brasil irrelevante Na quinta-feira (24), dia em que a Rússia atacou a Ucrânia, o mundo vivia a apreensão de uma guerra e mais de 500 brasileiros tentavam escapar do país invadido, o presidente do Brasil participava de uma motociata no interior de São Paulo. SOLIDARIEDADE – Bolsonaro (foto) inaugurou uma travessia feita pelo governo federal em Rio Preto e, durante o evento, não citou o conflito na Europa e nem se solidarizou com as famílias brasileiras retidas na Ucrânia. IRRELEVÂNCIA – Ao encerrar o discurso, proferiu seu slogan de campanha “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e finalizou com um grito de “iuhuuu”. Mais uma vez, o chefe do Executivo reafirmou sua irrelevância no cenário mundial. VENEZUELA – Além de desautorizar Hamilton Mourão, seu vice, Bolsonaro, que recentemente visitou o presidente Vladmir Puti, fez o

Itamaraty emitir uma nota sem se posicionar contra a Rússia – além dele, na América do Sul, apenas Maduro, da Venezuela, teve postura semelhante. FRACO – Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores emitiu nota pouco consistente em que “apela à suspensão imediata das hostilidades” entre os países europeus. MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

D o i s anos de dolorosa crise sanitária já levaram mais de 5,4 milhões de pessoas em todo o mundo, dentre elas 674 mil brasileiros. No ano passado, mais de 82 milhões foram forçados a se deslocar em razão de perseguições, conflitos, violência e violação de direitos humanos em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a insegurança alimentar aguda aumentou 40% e atingiu mais de 800 milhões no ano. Essas estatísticas testemunham que a Terra passa pela pior crise humanitária desde 1945, último ano da Segunda Guerra Mundial. Assim, perturba saber que o já deteriorado quadro mundial será agravado pelos últimos acontecimentos relativos à invasão russa na Ucrânia. Ainda que seja prematuro falar em um conflito de escala global, são inegáveis as repercussões econômicas e sociais negativas do conflito.

Perturba ainda mais saber que, diante desse quadro, a atuação internacional do Brasil é tímida e destoante de sua tradição diplomática. Isto porque, desde Barão do Rio Branco, os brasileiros têm um histórico de destaque nos organismos internacionais na promoção do equilíbrio do planeta. Podemos lembrar, por exemplo, da atuação do diplomata e político Oswaldo Aranha, que presidiu a primeira sessão da Assembleia Geral da ONU e foi determinante para a construção do Estado do Israel. Ou de Sérgio Vieira de Mello, diplomata da ONU que atuou em quinze missões de paz, dentre elas no Timor Leste, onde conduziu o processo de pacificação e independência daquele país. O soft power, compreendido como exercício do poder brando, realizado por meio do diálogo e do convencimento, é a característica da política externa brasileira ao longo das décadas, e conseguiu afirmar nosso país positivamente perante as nações. Ainda que não se possa ignorar o peso do poderio econômico e militar, o papel reservado a nós e que demonstramos ser competentes, é o de defender altivamente nos organismos internacionais os direitos humanos, a cooperação entre os países e da resolução pacífica dos conflitos. Essa postura, longe de ser uma pretensão utópica, precisa ser recuperada - a bem da defesa dos interesses nacionais e, ao mesmo tempo, dos esforços globais pela construção da paz e da justiça.

(*) Subprocurador-geral do DF, advogado (licenciado), professor de Direito Constitucional, atual diretor-geral do Detran


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