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Distribuição gratuita
Ano VI - 246
Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016
pelaí
Lula é melhor do que FHC, diz Vox Populi PÁGINAS 2 e 3
Cristovam Buarque
Perdemos Feio PÁGINA 3
Sebastão Nery
O porre de Gallotti PÁGINA 8
Tancredo Maia Filho
Conversa de passarinheiro PÁGINA 10
Fernanda Sampaio
Depressão, o mal do século PÁGINA 10
Fernando Pinto
O Matusalém chinês PÁGINA 11
Cláudio Sampaio
Responsabilidade na advocacia PÁGINA 11
Orlando Pontes
Os bichos do Recife PÁGINA 15
Mario Pontes
Frida entre nós PÁGINA 15
H
á 13 anos ocupando o principal cargo de governança do Brasil, o Partido dos Trabalhadores comemorou 36 anos de fundação no dia 10 de fevereiro. A legenda nasceu a partir da organização dos metalúrgicos do ABC paulista, sob o comando do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, e ganhou a adesão de militantes de esquerda, da Igreja Católica, dos semterra que lutavam pela reforma agrária e de pessoas de todos os segmentos que idealizavam um país mais justo socialmente, após 20 anos de ditadura militar. continua nas PÁGINAS 4 a 6
E
x p e d i e n t e
Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor de Arte Gabriel Pontes redacao.bsbcapital@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com Cel: 61-9139-3991 Impressão Gráfica Jornal Brasília Agora Tiragem 20.000 exemplares e
Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo
Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste,
Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante,
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Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas
(GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO) e Luziânia (GO).
Circulação aos sábados. SRTVS Quadra 701, Ed. Centro Multiempresarial, Sala 251 Brasília - DF - CEP: 70340-000 - Tel: (61) 3961-7550 comercial.bsbcapital@gmail.com.br www.bsbcapital.com.br
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CARTAS
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Lula: santo ou demônio Em relação ao Lula, meu ponto de vista é de demônio enganador, pois pegou o país nos trilhos, deixado por Fernando Henrique Cardoso, e acabou com ele. Acho que o lugar de destaque que ele merece é atrás das grades e a pecha de maior
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Pelai
Política
A
Associação Comercial e Industrial de Taguatinga empossa na terça-feira (16) a diretoria para o biênio 2016/17. A cerimônia será no Teatro do Sesi, na QNF 24, às 19h30. São 33 componentes, incluindo o presidente Justo Magalhães, que foi reeleito. Confirme presença pelo telefone 3354-3000 ou pelo email acitdf@gmail.com.
ladrão e corrupto de toda história da República. nVasco Pigato, via Whatsapp Condenar o Lula como a pessoa mais corrupta do mundo é atribuir o crescimento do país durante seu mandato a um milagre econômico ou qualquer
Pedetistas insatisfeitos A insatisfação dos senadores José Antônio Reguffe (foto) e Cristovam Buarque com os rumos do PDT nacional podem causar uma debandada no partido em Brasília. Os dois parlamentares não concordam com o apoio incondicional ao governo Dilma, referendado pelo presidente Carlos Luppi, e tampouco com o lançamento prematuro da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (CE) à sucessão de 2018.
Rumo ao PPS Caso, de fato, venham a se desfiliar do PDT, a primeira opção seria o PPS. Esta, pelo menos, é a preferência de Cristovam Buarque. Reguffe, em tese, ficaria algum tempo sem partido, mas seguiria o correligionário em breve.
Celina acompanha Sem Cristovam e Reguffe no Senado, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, já avisou que também se afastaria do PDT, seguindo os passos dos dois líderes. Ela conta com o apoio deles, inclusive, para confirmar uma possível candidatura à sucessão do governador Rodrigo Rollemberg. Já o colega distrital professor Reginaldo Veras não vê motivos para sair do partido. Pelo menos por enquanto...
fator externo que facilitasse o governo do petista. Isso é uma covardia sem tamanho. Não podemos pisar nos indicadores sociais e ignorar o crescimento do país. Tomara que todas as calúnias proferidas a ele sejam desmentidas e que ele volte a ser eleito em 2018. Aí sim teremos o Brasil que o povo
brasileiro merece. nAlisson Araújo, via Whatsapp O descaso que mata É impressionante como os governantes mascaram um problema geral no sistema de saúde resumindo tudo ao zika vírus. Enquanto o governo busca soluções para
Política
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Vox Populi compara Lula e FHC Ao contrário do que muitos supõem, na comparação popular entre os expresidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, o petista é muito melhor avaliado do que o tucano pelo conjunto da
população brasileira. Entre os dias 11 e 15 de dezembro, o instituto Vox Populi fez 10 perguntas a 2 mil pessoas em todo o país para apontar qual dos dois havia sido o melhor presidente em cada área.
A voz do povo: Lula é melhor Embora o momento da pesquisa fosse amplamente desfavorável, o resultado mostrou que, para o povo, Lula foi melhor presidente. Vamos às perguntas: Quem... Gerou mais empregos? Lula 65% - FHC 19% Investiu mais em educação? Lula 60% - FHC 18% Teve mais preocupação com os pobres? Lula 74% - FHC 9% Investiu mais em saúde? Lula 46% - FHC 18% Controlou melhor a inflação? Lula 52% - FHC 28% Mais melhorou a imagem do Brasil no exterior? Lula 55% - FHC 20% Mais estimulou o crescimento econômico? Lula 55% - FHC 21% Investiu em segurança pública?
Lula 37% - FHC 17% Mais combateu a corrupção? Lula 32% - FHC 18% Houve mais corrupção em seu governo? Lula 47% - FHC 18%
O ano “D” de Rollemberg
Pra não perder o timing
Para o especialista em marketing político José Maurício dos Santos, da Tracker Consultoria e Assessoria, 2016 é o ano “D” do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Diante das dificuldades econômicas de 2015, será fundamental para Rollemberg melhorar os indicadores sociais, a fim de estancar a queda de popularidade e, assim, ganhar musculatura para aprovar projetos imprescindíveis para a recuperação econômica do DF.
Na análise da Tracker Consultoria, caso o governador não seja o articulador criativo para minimizar os impactos da crise nacional em Brasília, como a inflação e o desemprego, ele perderá o timing, e serão remotas as suas chances de reverter um quadro pior ou igual ao atual em apenas um ano e meio (2017 e o início da campanha eleitoral, em julho de 2018.
a epidemia que ainda vai se intensificar com o passar do tempo, os brasilienses não podem fazer um atendimento no hospital que não seja caso de vida ou morte. Até em casos de quadros agravantes eles acabam por deixar escapar a vida de um bebê, mesmo após a gestante se queixar de diversos
Explicando a ferocidade Para Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, o conjunto dessas avaliações é um caminho para explicar a ferocidade com a qual as oposições procuram destruir a imagem de Lula. “A coalizão nefasta e antidemocrática que reúne políticos profissionais, integrantes do Judiciário e do aparato policial e empresários de comunicação, parece não ter nenhum objetivo além desse e nenhum freio que a impeça de desferir golpes baixos para alcançá-lo”. Durma-se com um barulho desse...
problemas. A solução é inventar uma porção de desculpas mirabolantes para justificar o injustificável. nGabriel Bastos, via e-mail Nutrição Adorei o artigo de Nutrição da Caroline Romeiro. Nutricionista não tem que
se prender às restrições alimentícias, e sim, a situações. É quase certo que a pessoas vão querer extrapolar no carnaval e o correto é dar dicas a partir desses exageros, como a nutricionista do jornal recomendou. Saúde em primeiro lugar sempre. nBárbara Prado, via Whatsapp
Cristovam Buarque (*)
Perdemos Feio Ao falar que o Brasil está “perdendo feio” a guerra contra a dengue, o ministro Marcelo Castro prestou um serviço, embora incompleto, porque essa não é nossa única “derrota feia”. Perdemos a guerra contra a violência: o clima de guerra já se apossou tanto da sociedade, que nos acostumamos a fugir das ruas, trancafiarmo-nos em nossas casas, condomínios fechados, carros e shoppings. A tal ponto, que já não nos perguntamos como viver em paz, apenas como conseguir segurança prendendo menores e liberando porte de armas aos cidadãos. Perdemos a guerra da educação. Com mais de 50 milhões de brasileiros adultos sem o ensino fundamental, ainda que um governo sério decida fazer a revolução na educação de base, as crianças já nascidas chegarão à idade adulta despreparadas para enfrentar o desafio da era do conhecimento; não serão capazes de levar o Brasil ao desenvolvimento que precisamos. Perdemos feio a guerra contra a desigualdade social. Mesmo depois de 15 anos de Bolsa Escola/Família, continuamos campeões de desigualdade, e os resultados na luta contra a fome estão regredindo por causa da inflação. Perdemos feio a guerra do desenvolvimento científico e tecnológico, da inovação e da competitividade. Em muitos setores, estamos atrás até mesmo de países pequenos e sem tradição de desenvolvidos. E nossa educação, nossas empresas, nossas universidades não estão preparadas para enfrentar este desafio. Perdemos a guerra da saúde. Não a tratamos como uma questão sistêmica que cuide da água potável, do saneamento, do trânsito, da saúde primária e de hospitais eficientes servindo ao interesse do doente, e não de empresários, sindicatos ou políticos. Perdemos momentaneamente a guerra contra a inflação, e há sério risco de que não seremos capazes de vencer esta guerra por não querermos tomar as decisões necessárias. Perdemos feio a guerra contra a dívida pública; além de perdermos também a guerra do endividamento das famílias e empresas. Perdemos a guerra das cidades, transformadas em “monstrópoles”; violentas, feias, com trânsito atravancado, ruas inundadas e casas sem água. Perdemos também a batalha do transporte público. Perdemos feio a batalha da gestão pública, com um Estado ineficiente, dependente dos vícios dos partidos por aparelhamento, dos empresários por subsídios e desonerações fiscais; entregue à voracidade corporativa dos sindicatos, desprezando-se eficiência e mérito. Perdemos a guerra contra a corrupção. Apesar da Lava-Jato, a prática, continua generalizada e o crime impune. Perdemos feio a guerra da credibilidade na política e nos políticos, e nada será feito se esta guerra não for vencida. Estamos próximos de perder a batalha da democracia: com um debate centrado no impeachment de uma presidente com mandato ou na conformação a um governo eleito com notória incompetência para vencer as guerras e conduzir o Brasil para o futuro. Felizmente, ainda não perdemos a guerra da esperança. (*)Professor Emérito da UnB e Senador pelo PDT-DF.
Política continuação da capa
N
esses 36 anos, o PT tornou-se o maior partido brasileiro. Mas enredou-se por caminhos que lembram o romance publicado pelo escritor inglês George Orwell em 1945. A fábula “A revolução dos Bichos” narra que a ilusão revolucionária é breve, e o poder absoluto corrompe aqueles que o exercem. É aí que Orwell, um socialista de convicções democráticas, conforme sua definição, dirige sua sátira corrosiva para qualquer sistema desgovernado. E os porcos (classe dominante) passam a lembrar os homens, seus maiores inimigos inicialmente. Durante a Guerra Fria, o Ocidente transformou “A Revolução dos Bichos” num clássico da propaganda anticomunismo, mas suas lições no Brasil de hoje são mais atuais do que nunca. À primeira vista, a obra é apenas uma genial sátira à Revolução Russa (1917). Sua narrativa relaciona pessoas, animais e eventos às transformações ocorridas na Rússia (ou URSS) no século 20. Todavia, embora Orwell tenha buscado mostrar uma época específica, sua obra pode --e deve-- ser vista como uma alegoria a qualquer revolução em que os mais fracos tomam o poder e, em seguida, são por ele corrompidos. A ação do livro ocorre na Granja do Solar, dirigida pelo Sr. Jones, que tem sérios problemas de alcoolismo e maltrata seus animais. Publicada em 1945, no auge do regime stalinista, “A Revolução dos Bichos” já começa com essa alusão ao final do czarismo. O czar Nicolau 2º era conhecido por seu pouco apreço pela população, preferindo falar francês a russo, segundo relatos históricos, e tinha uma
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“Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros” Aforismo do final da obra de George Orwell, que se torna o único mandamento da Granja dos Bichos
Da Redação
queda pelo álcool. Não faltam paralelos entre personagens do livro e da Revolução Russa. O velho Major, porco sábio e professoral, é uma mistura de Karl Marx, famoso por ter transmitido suas crenças socialistas por meio de textos, repletos de conteúdo revolucionário, baseados na economia e na filosofia, com o Lênin idealista do princípio da revolução. É Major que espalha as sementes da revolução na Granja do Solar, que se tornará a Granja dos Bichos. A exemplo de Marx, foi só após a morte de Major que seus ideais igualitários foram aplicados. Aí surgem Bola-de-Neve e Napoleão, os dois porcos que comandarão o le-
vante dos animais contra o Sr. Jones. Napoleão, partidário do totalitarismo, foi criado para representar Stálin, o mais sanguinário dos líderes soviéticos. Bola-de-Neve tem destino similar ao de Trótski, transformando-se, à custa de muita propaganda, no “inimigo da revolução”. Os cavalos Sansão e Quitéria representam o proletariado. Sem acesso às informações, eles crêem no que lhes conta Garganta, porco que é uma alegoria aos sistemas de propaganda dos regimes totalitários (um tipo de “Pravda” de quatro patas). Sansão é a encarnação irracional do mito criado em torno de Alexei Stakhanov, o mais famoso trabalhador soviético por
seu empenho e por sua dedicação. Napoleão se cerca de cães ferozes, “verdadeiros defensores da revolução”, que funcionam como a KGB (a polícia secreta soviética) ou suas antecessoras, não permitindo dissensão nem oposição ao poder central. Há ainda, na obra-prima de Orwell, várias alusões a fatos da Revolução Russa. As sempre inatingíveis metas dos planos quinquenais de Stálin são representadas pela construção do moinho de vento: o sonho impossível dos moradores da Granja dos Bichos. Os expurgos stalinistas aparecem no momento em que a sublevação dos animais está em perigo por conta de
Política
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ataques do mundo exterior (dos homens). Assim, inúmeros animais acabam mortos, num banho de sangue que faz com que os outros revolucionários da granja se lembrem do Sr. Jones --talvez como o proletariado soviético pensou nas forças de segurança de Nicolau 2º durante os expurgos realizados por Stálin. Contudo, como lembra o aforismo do final da obra (“Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”), que se torna o único mandamento da Granja dos Bichos, a ilusão revolucionária é breve, e o poder absoluto corrompe aqueles que o exercem. O livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o “paraíso comunista” proposto pela Rússia na época de Stalin. Os animais tentam criar uma sociedade utópica, porém Napoleão, seduzido pelo poder, afasta Bola-de-Neve e estabelece uma ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos. Será o Brasil de nossos tempos a Quinta Solar? José Dirceu, Lula, Dilma, FHC e outros atores do cenário político nacional podem se encaixar nos perfis dos personagens de George Orwell? Estará nosso povo descobrindo que o poder corrompe aqueles que no passado o defendia? Leia nesta página o artigo de Antônio Sabino, fundador e ainda hoje militante em Taguatinga-DF contando a história do PT e fazendo a defesa dos governos Lula e Dilma. Confronte-o com O Kujuba (página 6), onde o ex-petista Paulo Delgado revela os motivos que o levaram a se desfiliar do partido. O mundo é um moinho e a história sempre se repete. Será?
Artigo
Antônio Sabino (*)
Viva os 36 anos do PT Em meio aos estertores finais de uma ditadura sangrenta, em 1980 nasce o maior partido da história política brasileira. A vontade de criar um partido sem as amarras e os grilhões da elite arregimentou jovens da esquerda tradicional, estudantes, setores da igreja católica, artistas e intelectuais que desejavam uma agremiação de defesa dos reais interesses da classe trabalhadora. Assim, nasceu o PT. Resultado da vontade da classe trabalhadora, que havia acumulado forças nas lutas sindicais do ABC Paulista, nas lutas dos trabalhadores rurais pela reforma agrária, no engajamento de homens e mulheres nos desejosos de verem um país democrático e livre da opressão. O Brasil de hoje está muito melhor do que o de 36 anos atrás. Basta revisitar os dados históricos antecerioes à ascensão de Lula ao posto máximo de governança em nosso país. Os indicadores sociais colocaram o Brasil em outro patamar de reconhecimento internacional e demonstram o respeito pelos mais pobres, fio condutor das principais políticas de governo, que fizeram a mobilidade social mais destacada de todos os tempos. Quarenta milhões de desvalidos saíram da extrema pobreza e passaram à condição de consumidores de bens e de serviços, fazendo a economia girar e crescer como nunca havia ocorrido. As elites, assanhadas e perturbadas com as sucessivas derrotas, após o primeiro mandato da presidente Dilma, rearticularam de forma mais açodada os instrumentos para impedir a continuidade do projeto de libertação nacional. Os meios de comunicação, aliados com setores do judiciário, desenvolveram e praticaram a campanha mais feroz em favor de um candidato - Aécio Neves, tentando elegê-lo e destruir o projeto nacional de defesa dos pobres e dos mais necessitados. Mas Dilma forjou a síntese da vontade majoritária e derrotou o PIG e as elites. Uma nova quadra de lutas se apresenta para o PT, para a classe trabalhadora e para todos os homens e mulheres que não aceitam a interrupção do projeto de libertação nacional. A elite, a mídia e agora contando com uma ação mais sistemática e permanente da justiça do Moro utilizam-se de todos os instrumentos para impedir que Lula seja candidato em 2018, estabelecendo verdadeiro cerco contra o PT, porque sabem que o povo brasileiro abraçou a causa da libertação nacional e deseja Lula como o continuador do processo político que completará 16 anos e com a sua eleição em 2018 iremos para 20 e depois 24 anos no poder, aí sim, consolidando o projeto iniciado pelos trabalhadores, quando apeamos do poder, pelo voto, os amigos siameses da elite. Devemos, sim, comemorar o 36º aniversário do PT. Chegar até aqui, de pé, cheio de vida, articulado e agraciado no coração da classe trabalhadora, é motivo de muita alegria, a despeito de tudo que se coloca para a continuidade da luta. (*) Fundador do PT e membro da Executiva Regional/DF
o kujuba
Política
A
pós a série de denúncias sobre o sítio de Atibaia, Dilma e Lula se encontram na sexta (12) para conversar sobre a situação, buscando uma argumentação comum. O Palácio do Planalto aguarda um pronunciamento do ex-presidente Lula para que Dilma desenvolva discurso de apoio ao seu mentor. As investigações avançam a passos largos.
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O desencanto de Paulo Delgado
N
o dia 10 de fevereiro de 2016 o Partido dos Trabalhadores completou 36 anos de existência. Um dos seus fundadores, o ex-deputado Paulo Delgado (foto), em entrevista ao Valor Econômico do dia 5 de fevereiro, manifestou seu desencanto com o partido que ajudou a fundar. “Para quem viveu, nada apaga as primeiras impressões. Só quem se arriscou no início pode falar agora. As pessoas ajudaram o PT por acreditar naquilo. Todas as pessoas de bem em algum momento tiveram simpatia pelo PT ou por pelo menos um petista. Lula era odiado pelos que agora o apoiam. Quem o fez amado foram os petistas de todas as classes. Ser petista dividia famílias”. O desencanto maior foi
batalhar pela aprovação da Lei nº 10.216/2001 e ver que o Partido que ajudou a criar destruiu uma se suas principais obras no Legislativo – a que propôs nova política no tratamento das doenças mentais. Por essa causa lu-
tou durante 12 anos. As revelações da Operação Lava Jato e a destruição da Petrobras, além do andamento do governo Dilma revigoram o desencanto de Paulo Delgado, em que pese sua visão crítica sobre os
governos de seu ex-partido, embora defenda que qualquer governo do Brasil, daqui para a frente, não poderá prescindir do PT e suas políticas sociais. “Um apaixonado pela noiva que não o quer mais”. Sobre as diferenças entre o governo Lula e o da Dilma, diz: “São semelhantes, se agarraram aos defeitos do Estado achando que tinham descoberto a pólvora. É impossível classificar os governos petistas como de direita ou de esquerda, porque a direita e a esquerda no topo do poder vivem uma dentro da outra. Quem poderia imaginar as mamatas da empreiteira dentro de um governo de esquerda? “O que ocorreu no período petista é que usufruir do governo passou a ser melhor do que prosperar por si”.
Sobre a presidenta Dilma A presidenta tem duas grandes limitações. Imagina que é possível governar sem se fazer governável e imagina que, ao governar, ela diminui a sua qualidade como pessoa por causa da análise negativa que tem da sociedade política brasileira. Ela tem dois problemas que parecem estar na origem dessa incompreensão. Primeiro é que a presidenta parece que considera esplendoroso o seu isolamento político. Vê valor e qualidade no fato de não gostar de política. O segundo é que passa a impressão de que o Brasil deve a ela algum favor. Analisando friamente
as considerações feitas pelo ex-petista na sua entrevista ao Valor Econômico, fica a impressão de que os trinta e seis anos do PT tinham uma finalidade: “O enriquecimento de alguns dos seus membros em detrimento de outros”. E o culpado? Está muito claro que chegamos a essa condição por um projeto pessoal do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que jogou no lixo a sua história. Diuturnamente, o pai dos pobres trabalhou para o bem-estar da sua própria família e de alguns amigos que se submeteram às suas pregações. Lula está mais para Edir Macedo do que para o esta-
dista que diz ser, além de se considerar o ente mais honesto da humanidade. O Brasil hoje se encontra numa encruzilhada – não consegue sair das cordas porque os governos petistas não tinham e não têm nenhum projeto de Nação; tinham projetos pessoais. O desemprego está batendo à porta dos brasileiros. O sistema de saúde (SUS) antes oferecido pelo Edir Macedo de Pernambuco ao Presidente Barak Obama é administrado por um ministro deslumbrado com o cargo, em que pese ser médico de formação. Como pode um país como o Brasil ser levado ao estado
falimentar e o nosso sistema de saúde precário dominado por um mosquito de 5mm? Vimos o Sr. Lula – o nosso Edir Macedo Pernambucano –, em sua mensagem pela passagem dos 36 anos do PT, acabrunhado e sem qualquer defesa para atos de corrupção praticados por seus assessores e/ou laranjas. Como justificar o seu patrimônio? Como justificar o pagamento de honorários milionários a um séquito de advogados de plantão? Ao ex-deputado Paulo Delgado, os aplausos pela maneira leal e forte na análise da atual da situação do Partido dos Trabalhadores e do governo Dilma.
COM A ZIKA, O PERIGO ESTÁ AINDA MAIOR Além da Dengue e da Chikungunya, o mosquito Aedes aegypti também transmite o Zika Vírus, que vem matando pessoas, causando microcefalia em bebês e problemas neurológicos como a Síndrome de Guillain-Barré. O mosquito transmissor se reproduz em água parada. E não existe forma mais eficiente de combater essa grave doença senão com a eliminação do mosquito. Amarre bem o lixo, limpe as calhas, tampe tonéis e caixas d’água, deixe garrafas sempre viradas. Converse com seus vizinhos e os incentive a fazer o mesmo. Para mais informações ligue 160 ou acesse www.saude.df.gov.br. Antes que você e sua família se tornem um alvo, faça a sua parte.
Política
8 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Sebastião Nery O porre de Gallotti Rio – Era meia noite de um fim de semana de 1979. O restaurante Antonio`s, varanda lírica da República do Leblon, no Rio de Janeiro, começava seu fim de noite. Nas mesas, os profissionais da madrugada penduravam esperanças e desencantos nas beiras dos copos. Um conversar silencioso e humilde, como do feitio dos calejados. Cada grupo em sua mesa, como monges de uma missa noturna. De repente, o tufão. A porta se abre forte e aparece, cabelos brancos displicentemente penteados, rosto queimado de sol, terno azul sem gravata, Antonio Gallotti (foto). Foi como se Napoleão entrasse em um bistrô de Paris, mal chegando da conquista do Egito. O restaurante explodiu numa salva de palmas, calorosa, continuada, visivelmente sarcástica. Alguém gritou: - Apaguem-se as luzes! Não precisa mais! A luz chegou! Tarso de Castro comandou: - Ótimo. Todas as contas pagas! Paulo Casé, desconsolado: - Que pena! Eu tinha acabado de pagar a conta. Gallotti faz um gesto amplo com a mão direita, cumprimenta-nos a todos e senta-se à mesa de Miguel Lins, Mauro Salles e Otto Lara Rezende. Estava visivelmente excitado, como quem tivesse ganho na Loteria. Tirei um pequeno bloco do bolso, a caneta, e, discretamente, atrás da garrafa de vinho, fui anotando tudo que ouvia. Otto Lara e Mauro Salles falavam baixo. Miguel Lins, sorvendo seu charuto, celestialmente, quase em transe, mal falava. Só Gallotti, com sua voz anasalada, seu sotaque de tenor italiano,“allegro, allegríssimo”, falava.Alguém pergunta: - Como é que foi? - No dia 12 de julho, mergulhei. Quando voltei à tona, o negócio estava garantido. Aí, viajei. Não fui morto pelos acionistas de lá porque fugi. Cheguei
aqui, todo mundo contra mim. Alguém interrompe: - Volta, Gallotti! - Não ganhei nada na transação. Não ganhei zero da Light. Tive só 39 da Brascan (Imaginei 39 milhões de dólares – SN).Gosto de ganhar dinheiro. Quero ganhar dinheiro. Mas, sobretudo, quero morar na glória dos amigos. Às vezes, fico pensando e na minha insensatez me digo: - Que besteira que eu fiz! Melhor, só para os acionistas da Light. E dá uma gargalhada nervosa, estrepitosa, delirante, quase histérica. (E foi assim que o Brasil,“comprou” de novo a Light já nossa). O choro - Gallotti para, cala, baixa os olhos, como se estivesse triste. Alguém levanta um brinde “à vitória do negócio”.E ele atrás dos óculos de aro preto: - Agora, vou dizer uma coisa a vocês. A vitória não foi só minha. Tive companheiros dedicados, tive juristas, tive muita gente importante ao meu lado. Mas que foi bonito, foi. Foi ou não foi bonito? Foi maravilhoso! Eu estou emocionado! Eu estou chorando! Tô chorando! Me dá um lenço que eu vou chorar! Me dá teu lenço, Mauro, para eu enxugar minhas lágrimas! Eu chorei! Como no samba, eu chorei! E as lágrimas lhe rolaram rosto abaixo, indisfarçadas. A mesa ficou tensa, calada. Gallotti, quase soluçando, tenta consertar a emoção. Rubem Braga levanta-se, dá um abraço em Otto e lhe diz ao ouvido: - O Sebastião Nery está anotando tudo aí atrás. Otto olha para trás, me vê, passa as mãos pela cabeça branca, e suspira. Miguel Lins sente alguma coisa no ar, diz a Gallotti: - Fale baixo, estão ouvindo sua conversa.
Chico Buarque levanta-se, vai saindo, Miguel Lins chama-o: - Antônio, você conhece o Chico? - Muito prazer, meu filho. Você ainda é muito mais charmoso pessoalmente do que nas fotos. Chico sorri seu sorriso discreto, Gallotti insiste: - Você sabe quem eu sou? - Sei sim. O senhor não é o homem da história mal contada? E saí. A mesa fica gelada. Rubem Braga vai saindo também, seu passo manso, o olhar sábio de caçador de instantes. - Rubem, um abraço. - Um abraço. Saibam vocês que, haja o que houver, estou neutro. E saí. Uma mesa começa a cantar com a música do Flamengo: - “Gallotti, Gallotti, tua glória é lucrar! Gallotti, Gallotti, campeão de faturar!” Ele fala com Norma Benguel. Ela ironiza: - O senhor é português? Tem um sotaque multinacional. Ele volta para meu lado: - Nery, você sabe quem eu sou? - Claro, doutor Gallotti.O senhor é a luz que ilumina o triste fim do governo Geisel. - Não é nada disso, Nery. Leio você todos os dias, na TRIBUNA, conheço seus livros, vejo você todos os dias na TV Bandeirantes. Não sei se gosto mais de seu estilo, de seu talento ou de seu patriotismo. Mas confesso que às vezes me assusto com sua maledicência. (Essa é a diferença entre a ditadura e a democracia. Depois da negociata Gallotti foi para o bar. Os empreiteiros vão para a cadeia).
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Política
9 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Governo de Rollemberg precariza o serviço público Há uma triste e recorrente realidade no Distrito Federal. Basta ir em uma escola, em uma delegacia ou um hospital para constatar o óbvio: faltam profissionais. As filas nos hospitais são comuns, às vezes com apenas um médico de plantão. Servidores da segurança pública reclamando de falta de efetivo e a sensação de insegurança é permanente em diversas regiões do DF. Há um processo de fragilização do serviço público, com muitas pessoas, aprovadas em concursos após muito tempo de suas vidas dedicadas aos estudos, que simplesmente são ignoradas pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Enquanto isso, as escolas agonizam com a falta de professores e principalmente pedagogos-orientadores educacionais. As convocações realizadas até o presente momento de professores são tímidas, irrisórias, perante a previsão de que 1600 se aposentem até o final do ano. Em 2015, foram 171 contratados para cerca de 800 aposentados. O buraco só aumenta a cada dia. O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro) calcula um déficit de mais de 2000 profissionais atualmente.
No caso dos pedagogos-orientadores educacionais, a situação é mais dramática. O Sindicato defende a proporção de um profissional para cada 300 alunos. Mas o que vemos está muito longe desta meta. Existem escolas com mais de 1000, 2000 alunos que contam com apenas um orientador. E muitas escolas, sem nenhum. O orientador educacional faz um trabalho de vital importância, sendo um elo entre estudante, professor, direção e as famílias. Muitos dos casos de violência na escola e bullying não ocorreriam se este profissional estivesse na escola. O concurso para pedagogo-orientador educacional foi homologado há mais de um ano e ninguém foi chamado. Ninguém foi contratado. A última convocação foi em 2009 e era relativa ao concurso de 2004. Temos orientadores educacionais aprovados em concurso, aptos para trabalhar nas escolas, mas o GDF não convoca ninguém. Ninguém. A necessidade de fortalecimento do setor público, com contratação de pessoal, é urgente e a população do Distrito Federal não pode mais esperar.
Cidades
10 n Brasília, 6 a 12 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Tancredo Maia Filho (*)
E
ste final de semana, com muito sol ou mesmo um pouco nublado, está excelente para uma boa passarinhada, seja nos parques da cidade ou nas matas próximas. Um excelente local que pessoal do Oservaves tem visitado é o Altiplano, às margens do rio São Bartolomeu. Quando saímos para o mato é importante que estejamos acompanhados, principalmente para lugares que não conhecemos. Porém, se sair sozinho, informe para alguém aonde vai e a que horas pretende voltar. Se houver sinal de telefonia, leve o celular. Devemos cuidar da natureza, não pegando plantas ou flores, pedras e galhos. Nesta época de dengues e zikas e de sol forte, não esqueça o repelen-
te e o protetor solar. Também é bom usar calças compridas e camisas de mangas longas, para prevenir contra arranhões e picadas de insetos. Se necessário, leve agasalho, capa e guarda-chuva, e não esqueça de levar mochila com água e lanche. Traga seu lixo de volta e não fume nas trilhas: as aves e a natureza agradecem. Leitor amigo, conte onde você foi passarinhar e quais espécies você avistou; mande sua mensagem para conversadepassarinheiro@gmail.com Boa passarinhada! ARIRAMBA-DE-CAUDA-RUIVA – Galbula ruficauda - Cuvier, 1816 (Também conhecido como bico-de-agulha, beija-flor-grande, bico-de-sovela). Tem a beleza, a cor verde-
a quatro ovos cada. Pousa em galhos e cipós expostos a cerca de um metro do chão. Esses poleiros são usados seguidamente para a espreita e a caça de insetos. Ao pegar abelhas, libélulas e mariposas voltam ao ponto de partida e batem repetidamente o inseto contra o poleiro para retirar as asas e quebrar a carapaça externa para facilitar a ingestão. A ariramba-de-cauda-ruiva é muito comum no Parque Olhos D’Água, na Asa Norte de Brasília. -amarelada iridescente e o bico longo e fino de um beija-flor, mas não é um beija-flor. A ariramba-de-cauda-ruiva é comumente confundida com os beija-flores, mas seu bico longo e resistente serve para escavar barrancos de córregos e rios em
galeria profunda onde o macho e a fêmea fazem o ninho. Tiram o entulho para fora do túnel com os pés, bem pequenos, mas bastante resistentes. Os ovos são brancos e a ariramba-de-cauda-ruiva chega a fazer duas posturas por ano com dois
Depressão, o mal do século
H
oje, 11 milhões de brasileiros são diagnosticados com depressão e 5 milhões são considerados em risco. A doença atinge quase 7% da população mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão já é o mal mais incapacitante. Muitos buscam uma explicação sobre o crescimento dessa doença que cada vez vem ceifando mais vidas em todo o mundo. O quadro depressivo pode ter muitas causas e disparadores, mas, pela minha experiência clínica, em todos eles há alguns pontos em
Fernanda Sampaio (*) comum: um esquecimento de si mesmo, uma dificuldade em aceitar algo imutável e uma incapacidade de reconhecer os próprios limites. A pessoa se volta tanto para as necessidades e expectativas externas que acaba moldando seus comportamentos na tentativa de agradar, de ser aceito e/ou amado pelos outros. Com isso, acaba se esquecendo ou ignorando suas próprias necessidades afetivas. Contudo, da mesma forma que quando agimos
errado com alguém o deixamos com raiva, quando ignoramos nossas necessidades emocionais o nosso eu mais íntimo também se sente ofendido e magoado com nós mesmos. Essa mágoa, que é uma raiva disfarçada, se transforma em poder de autodestruição. Destruímos nosso eu interior e passamos a ter sintomas como desesperança, tristeza, baixa autoestima. Enfim, a conhecida depressão. Quando nossa energia está baixa, significa que
estamos canalizando de forma inadequada a nossa espontaneidade. Em geral, o depressivo tem muita raiva e mágoas guardadas e não consegue expressar seus sentimentos ao mundo de maneira construtiva. É importante que essa troca ocorra, porque as chateações causadas na vida não são autodigeríveis. Tudo que o nosso corpo coloca para dentro, ele aproveita o que lhe for útil e expulsa o que nos faz mal. O mesmo acontece com
(*) Junte-se à nós; seja um observador de aves. Informações em: www. observaves.blogspot.com.br Observaves – Observadores de Aves do Planalto Central - 11 anos ajudando a preservar o meio ambiente.
as nossas emoções: se guardamos aquilo que nos faz mal, adoecemos e podemos até morrer em função disso. Afinal, morrer, às vezes, parece ser a melhor opção quando somos um lixo ambulante e não aguentamos mais carregar tantos pesos, tantas dores e tantas incompreensões. Mas é preciso lutar contra esse adoecimento. A primeira luta é ser sincero consigo mesmo, se analisar sem julgamento, reconhecer aquilo que foi guardado e que não nos faz bem, e rever as formas como lidávamos com essas emoções guardadas. Assim, saberemos o que temos de mudar. (¨*) Psicóloga, Psicodramatista, Terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR
Cidades
11 n Brasília, 6 a 12 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Fernando Pinto (*)
O Matusalém chinês Segundo notícia de uma agência de Pequim, o homem mais velho do mundo tem 127 anos de idade e atende pelo nome de Gong Lai. Mas, ao contrário do que se pode imaginar, não sobrevive sentado numa cadeira de rodas, gagá da cabeça aos pés. Até muito ao contrário. Baixinho, com apenas 1m 46 de estatura e peso pluma de 50 quilos, há 13 anos aposentado e com a saúde excelente, esse chinezinho faz lembrar o filósofo grego Sócrates (considerado o maior sábio de
todos os tempos), transmitindo conhecimentos e sua experiência aos mais jovens, em sua casa na aldeia da Província de Ghizu. Nas horas vagas, desfruta do chamado lazer contemplativo, regado a goles de saquê (o uísque oriental) e pitadas em seu cigarro de palha. (*) Atual campeão mundial de longevidade humana, o macróbio chinês ainda está longe de se igualar a Matusalém, que viveu nada menos de 969 anos, consoante a Bíblia. Mas leva
Consultório
Cláudio Sampaio (*)
Responsabilidade na advocacia Com a proliferação de faculdades particulares nas últimas duas décadas, houve um expressivo aumento do número de advogados no mercado, o que não redundou, entretanto, em proporcional melhoria na qualidade dos serviços, mesmo havendo um exame de habilitação promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil. Por outro lado, o crescimento da oferta de variados cursos de pós-graduação e de especialização, com as modernas
ferramentas da internet, traz a expectativa de a sociedade contar, em médio prazo, com uma gama expressiva de profissionais com qualificação diferenciada. Todavia, para que a advocacia se fortaleça, readquirindo a grande credibilidade de outrora, é imprescindível que os advogados se conscientizem do papel preventivo e conciliatório que podem exercer em múltiplos casos, sugerindo e intermediando, quando mostrarse viável, soluções mais rápidas e
a vantagem de que seu cetro é “real”, com base na existência insofismável de carne e osso, enquanto o personagem do Gênesis não passa de ficção, ou, para quem acredita em milagres do Velho Testamento, em cuja lista não me incluo, por ausência de fé. Aliás, acabei de ler que a depressão em idoso leva, fatalmente, ao AVC – acidente vascular cerebral, sinônimo de derrame - o que, felizmente, não corro esse risco, apesar dos 90 anos e 3 meses, conforme o calendário. E estou isento simplesmente porque meu cérebro está sempre ocupado, dialogando com amigos, lendo e escrevendo, sem tempo para me deprimir. A propósito, não invejo o centenário Gong Lai, até porque minha meta não é chegar aos 100 anos de idade cronológica. Só peço a Deus que me conceda,
pelo menos, mais cinco anos de vida, porém lúcido e de pernas ainda musculosas de quem jogou futebol até os 65 anos. Se for atendido, minha intenção é continuar sendo útil aos meus semelhantes e à minha família, particularmente às duas netinhas Bárbara, de 10, e Maria Luíza, de 7, acompanhando-as à escola, às aulas de música e eventuais alternativas. Amém! (*) Da mesma forma que Oscar Niemeyer, que fumou até às vésperas de seu falecimento, aos 104 anos, Gong Lai está desmentindo o diagnóstico dos médicos de que cigarro faz mal à saúde e abrevia o tempo de vida. Mas convém lembrar que eles não são uma regra e sim exceções.
econômicas aos clientes. Isto porque, o ajuizamento e o comum alongamento de lides judiciais, com tantos recursos e meios de impugnação previstos em lei, exigem vultosas despesas das partes, com taxas processuais, peritos, locomoções e honorários, além de trazerem um indesejável teor de imprevisibilidade quanto à solução pretendida, a qual pode demorar ou ser bem distinta da esperada pelos litigantes. No entanto, essa mudança de mentalidade passa também por empresários dispostos a resolver os problemas, sem chicanes, sobretudo daqueles consumidores e trabalhadores que mostrem bom senso e não tentem se utilizar da ação, ou de sua iminência, como instrumento de retaliação ou de enriquecimento. Infelizmente, ainda há cidadãos que não valorizam e relutam em remunerar os advogados que lhe apresentam
habilidosas soluções extrajudiciais, bem como existem ainda alguns profissionais que estimulam seus clientes, ao arrepio do bom senso, a aventuras, em Juízo, repletas de pedidos excessivos, inconsistentes ou oportunistas. Avançaremos largamente, rumo ao equilíbrio social, quando nos depararmos com mais acordos e menos demandas, com mais distratos e menos rescisões judiciais, com mais responsabilidade e menos ganância, por parte dos advogados – como moderados conselheiros que devem ser – e de todos aqueles que, em determinadas situações, se vêem instados a tomar atitudes calcadas em seus direitos e obrigações.
(*) Fernando Pinto é jornalista e escritor
(*) Consultor jurídico, fundador da Sampaio Pinto Advocacia e presidente da Abrami-DF
Geral
12 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Menino de 4 anos explode carro com prisioneiros O Globo – 11.2 - O Estado Islâmico divulgou um novo vídeo na quinta-feira (11) no qual mostra um menino britânico de apenas 4 anos explodindo um carro com três prisioneiros dentro. O garoto, conhecido como jihadi júnior Isa Dare, aparece com a mão em um detonador antes de gritar ‘Deus é grande’. Este é o segundo vídeo do grupo extremista que mostra o menino, identificado como filho da mulçumana extremista Grace ‘Khadija’ Dare, que o levou para a Síria e jurou lealdade ao Estado Islâmico. O primeiro foi divulgado em janeiro deste ano.
“Temos agora um novo canal para explorar o universo. É como se, depois de uma surdez, começássemos a ouvir” Riccardo Sturanni, pesquisador italiano do IFT-UNESP, atuou no projeto que detectou ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein há 100 anos
Mangueira é a campeã do Rio de Janeiro Correio Braziliense – 10.2 - A Mangueira ganhou o título do carnaval carioca de 2016. Com o tema “Maria Bethânia: a menina dos olhos de Oyá”, que homenageou os 50 anos de carreira da cantora, a escola de 87 anos conquistou o 18º título no Grupo Especial. A ficou com 269,8 pontos. Em segundo lugar ficou a Unidos da Tijuca. A Estácio de Sá ficou em último lugar e vai desfilar no ano que vem na Série A, a segunda divisão do carnaval carioca.
PM morre em capotamento de viatura na BR-070
Em São Paulo, deu Casa Verde
Metrópoles – 5.2 - Um policial militar morreu após uma viatura capotar na tarde de sexta-feira (5), na BR-070, sentido Águas Lindas (GO), próximo à Barragem do Descoberto. Renato Fernandes da Silva (foto) tinha 37 anos e estava há 13 na corporação. Ele não resistiu mesmo após as sucessivas tentativas de reanimação feitas pelos bombeiros. Quatro helicópteros e dezenas de veículos das corporações foram acionados para o resgate. O trânsito na avenida ficou congestionado e a quantidade de veículos presentes no local causou repercussão na mídia e nas redes sociais.
G1 – 9.2 - Império de Casa Verde venceu o carnaval em São Paulo. A taça foi conquistada com 269,4 pontos. É o terceiro título da escola, que ganhou em 2005 e 2006. Em segundo lugar ficou a Acadêmicos do Tatuapé, com 269,1 pontos, mesma pontuação da Mocidade Alegre, mas a Tatuapé levou vantagem nos critérios de desempate. A apuração foi marcada por tumulto. Houve confusão e briga depois que dois jurados “esqueceram” de dar notas nos quesitos para os quais haviam sido designados.
Einstein, 100 anos à frente de seu tempo R7 – 11.2 - Cientistas anunciaram na quinta-feira (11) que detectaram pela primeira vez as ondas gravitacionais, ondulações no espaço e no tempo, antecipadas hipoteticamente pelo físico Albert Einstein há um século. A descoberta marcante abre uma nova janela para o estudo do cosmos. Os pesquisadores disseram ter detectado ondas gravitacionais no dia 14 de setembro oriundas de uma colisão entre dois buracos negros - objetos extraordinariamente densos cuja existência também foi prevista por Einstein-- de 30 vezes a massa do Sol, ocorrida a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.
Carnaval esticado, semana perdida Fato Online – 11.2 - Apesar de o Congresso ter retornado os trabalhos na terça-feira (2), após 40 dias de recesso, os senadores decidiram esticar o feriado do carnaval e retomar as votações somente na próxima semana. Na quarta-feira (10) o ponto foi facultativo na Casa – o que, na prática, significa feriado. No horário da sessão ordinária, a TV Senado exibiu uma reunião da Comissão de Relações Exteriores realizada em setembro do ano passado. As sessões do Senado de quinta e sexta-feira foram apenas para discursos dos parlamentares.
MARCELO RAMOS
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O REPÓRTER DO POVÃO
Programa O Povo e o Poder de segunda a sábado das 8h às 10h
Rádio Bandeirantes - AM 1.410 Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610 www.opovoeopoder.com.br
Geral
13 n Brasília, 13 a 19 de fevereiro de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
José Matos
Dom Hélder Câmara do Além
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á algum tempo, o falecido Arcebispo Dom Hélder Câmara tem-se utilizado de médiuns para mandar notícias do além e de suas atividades no mundo espiritual. Seus livros têm feito sucesso também entre os católicos, que o identificam nos títulos que foram lançados. Do último, “Revolução pelo amor”, pelo médium Carlos Pereira, tiramos estas pérolas: 1 - “Aquilo que nossos olhos percebem como tragédia, grande sofri-
mento, não passa de expurgo das mazelas humanas, de ajuste maior. Deus é maior do que tudo que possamos imaginar; então, há perfeição naquilo que imaginamos ser imperfeito. Creia nisso! 2 – “Vamos garantir que toda a sociedade humana possua o mínimo necessário para sobreviver com dignidade: um teto, uma escola de qualidade, saúde básica, um emprego decente, entre outros direitos essenciais.
3 – “Tancredo, Ulysses, Brizola, Arraes, Darcy Ribeiro e tantos outros atuam no cenário político brasileiro tanto ou mais quando estavam na vida física. Fazem a boa política, a política sadia. 4 – “Há políticos de qualidade que vão nascer e mudar o Brasil e o mundo. Verdadeiros idealistas que vão conduzir as massas para um bom destino. Vocês vão se surpreender com as ideias desses novos políticos que chegarão por aí.
5 – “As novas gerações irão revolucionar a terra em todos os sentidos, a começar pela preservação do meio ambiente. As pessoas serão mais solidárias.Não se admitirá pessoas passando fome ou sem teto para morar. Não se descansará enquanto não houver uma rede eficiente de qualidade para proporcionar serviços de saúde e assistência básica. 6 – “Uma igreja que não se alia à dor dos pobres não pode ser chamada Igreja de Cristo”.
O papel dos chás
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epois da água, o chá é a bebida mais consumida no mundo. Os chás são feitos a partir da infusão ou decocção de ervas, ou partes de plantas e frutos, como cascas, folhas ou caules. Em média, as ervas e especiarias que compõem os chás apresentam cerca de 30% do seu peso seco de compostos fenólicos. Esses compostos são os grandes responsáveis pelos efeitos benéficos relacionados aos chás. O chá verde, feito a partir da Camellia sinensis, apresenta proprie-
dades que atuam na prevenção e até auxiliam o tratamento de diabetes, cardiopatias, infecções virais, inflamação em doenças degenerativas e até mesmo no câncer. As substâncias do chá verde responsáveis por todo esse efeito protetor relacionado a ele são as epicatequinas, epicatequina galato, epigalocatequina e epigalocatequina galato, sendo que esta última tem sido a substância mais estudada, por estar em maior concentração no chá verde. Os compostos fenólicos encontra-
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Caroline Romeiro
Saúde e Nutrição
dos nos chás junto com a água presente nessa bebida podem auxiliar o organismo nos seus processos de limpezas naturais, que ocorrem no intestino, fígado e rins. Com esses compostos presentes, o corpo consegue fazer a limpeza necessária, especialmente nesse período após o carnaval. Chás mornos ou gelados, o que você preferir. O processo de infusão ou decocção precisa ser feito, mas a temperatura fica de acordo com o seu paladar!
Lazer
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ENTRETENIMENTO quadrinhos
Microconto Dignidade
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chuva caía como se fosse a última vez que iria aparecer: intensa, forte, destruidora. Como eu não tinha opção, afinal, tinha prova, peguei meu guarda-chuva e sai rumo à faculdade. Dois passos à frente, um piso em falso,
Cruzadas
Respostas Por Luís Gabriel Sousa
um buraco fundo e uma perna atolada. Caderno, roupa, dignidade, cara, tudo na lama. Não sabia se eu me levantava ou me afundava de vez no buraco. Não precisei reagir sozinha, um ser humano abençoado me estendeu a mão. Fui salva. Hoje em dia, cada vez que chove, me escondo da água. Já sou craque em
lidar com essas coisas traiçoeiras que me aparecem! (Baseado na leitora Larissa – Riacho Fundo II/DF) Gostou do microconto? Então mande sua história, ela pode ser a próxima micronarrativa aqui da coluna. (facebook.com/JornalBrasíliaCapital, e-mail: wredacao.bsbcapital@gmail.com).
Cultura
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Orlando Pontes
Os bichos do Recife
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arnaval em Pernambuco é o bicho. No mar tem tubarão, nas barracas de praia e nos restaurantes tem camarão, e por todo o canto tem o Aedes Aegypti. O povo daqui tem mais medo do mosquito do que do diabo. Afinal, ele é o vetor de transmissão das três pragas que afetam o Brasil na atualidade: a chicungunya, a dengue e o Zika vírus – este propagador da microcefalia. A maioria dos turistas se assusta com os possíveis ataques de tubarões. Embora o mar seja lindo e as águas morninhas, todo mundo fica perto da margem, sob o alerta de dezenas de placas avisando da possível presença
do gigante dos oceanos de boca cheia de dentes sempre prontos a arrancar um pedaço do corpo de quem ousar invadir seu território. Eu, particularmente, passei a ter como maior inimigo o pequeno e aparentemente inofensivo camarão. Recentemente, descobri-me alérgico ao crustáceo. Poucos dias antes de vir para cá, arrisquei roubar uma beirada do prato de um amigo com quem almoçava. Quase morri. Cheguei ao Hospital Santa Lúcia às carreiras, com coceira por todo o corpo e a glote começando a fechar. Depois do tratamento emergencial, com aplicações venosas e via oral, sobrevivi. Como se
Memórias Mario Pontes (*)
Frida entre nós
E
m 1995, por insistência de Maria Amélia Melo, então integrante da equipe editorial da José Olympio, aceitei o desafio de traduzir O Diário de Frida Kahlo, célebre pintora mexicana do século XX. Da platéia, alguém me pergunta, com uma pontinha de sarcasmo: -- Desafio por quê? Afinal a autora era uma latino-americana; falava e escrevia em espanhol, língua tão parecida com a nossa! Como não estou a fim de duelar com o cavalheiro, saio pela tangente e não lhe respondo que
são muitas – e enganadoras – as diferenças entre o espanhol e o português. Além do mais, teria de dizer-lhe que nem todo o livro estava escrito em espanhol. Para começar, a introdução tinha sido originalmente uma conferência do poeta mexicano Carlos Fuentes, escrita em inglês e lida em uma universidade do Texas. A ela seguia-se um ensaio, igualmente em inglês, de Sarah M. Love, crítica norte-americana de artes plásticas. Vinha afinal o Diário da autora. Para começo de conversa, o original não era uma sucessão
diz no Ceará, melhor escapar fedendo do que morrer cheirando. Cheguei em casa tranquilo, e, orientado pelo doutor Carlos Porfirio Pereira da Silva, decidido a nunca mais me aproximar daquela iguaria maravilhosa e inigualável, a qual aprecio há tantos anos. Eis que venho passar o carnaval em Recife. Cercado de camarão por todos os lados, deixei meus companheiros de viagem - Tatiana, Gabriel e Júlio (mulher e filhos) - de sobreaviso: se perceberem a presença ou mesmo o cheiro, me avisem - vou correr léguas pra longe dele. Mas o bichinho é traiçoeiro e sorrateiro. Disfarçadamente, ele veio parar em algum prato preparado numa cozinha qualquer. Provavelmente no óleo de uma fritura de batata ou mandioca (aqui chamada macaxeira). E eis que, após me esbaldar nas ladeiras de Olinda, vi frustrada minha programação de assistir a abertura do carnaval no Marco Zero, com Lenine, Oto, Elba Ramalho, Chico César
e outros bambambãs. Baixei ao Real Hospital Português de Beneficência. Antes de buscar o socorro, ainda no hotel, passei pra dentro três comprimidos da receita que trouxe de Brasília. Isto evitou que sentisse a angústia da dificuldade de respirar do momento em fui atendido pelo dr. Carlos Porfirio. Liberado pela atenciosa Dra Simone Martins Garcia Dantas Vaz, eu e Tatiana retornamos ao hotel. Júlio e Gabriel me confirmaram pelo WhatsApp que a festa no Marco Zero, como esperávamos, foi “o bicho”. Então, pra compensar, acordei às 6 da manhã e combinei com Tatiana: às 9 estaremos no Galinho da Madrugada, que sai às 8. Tenho certeza que a imponente ave de 27 metros de altura, 6 toneladas de peso e com apenas dois dentes postiços e seus dois milhões de seguidores será muito menos perigosa do que um aparentemente inocente camarão abatido, frito, guisado ou ao molho num prato desta bela cidade do Recife.
de folhas brancas sobre as quais alguém houvesse datilografado (ainda não havia computador) um texto contínuo ou dividido em capítulos. Não, o suporte das idéias e revelações da autora eram folhas de papel nas quais ela havia pintado ou desenhado alguma coisa. Isso, somado à caligrafia nada convencional, criava dificuldades a cada página. Além do mais, às vezes Frida se expressava com uma linguagem muito pessoal, um idioleto, ao qual, para consumo próprio, denominei de kahlês. Mas ainda não era tudo. A tradução tinha de ser feita em prazo bastante apertado. O livro seria impresso na Itália, pela Mondadori; e lá seria lançado, no mesmo dia, em várias línguas. Apesar de tudo, enfrentei a maratona com alegria. Afinal, Frida Kahlo não se notabilizou apenas como artista de grande talento e originalidade. Foi alguém capaz de não se entregar ao desespero, de
contrapor ao seu longo sofrimento (um grave acidente de trânsito aos dezoito anos, trinta e cinco cirurgias antes de morrer aos quarenta e quatro) respostas positivas aos chamamentos da vida, bem como aos apelos da política e da participação social em sua conturbada época. E as respostas foram dadas apesar do grande e contínuo sofrimento que foi seu dia a dia, após aquele grave acidente de trânsito. Neste momento, Frida é homenageada no Rio com uma grande exposição no Centro Cultural da Caixa Econômica. E como seria de esperar, encanta o público carioca. As mulheres em particular. Algumas das quais não resistem à tentação de vestir-se como Frida para sair nos blocos de rua do nosso Carnaval.
(*) Escritor, tradutor e ex-editor do Caderno Ideias do Jornal do Brasil
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