Jornal Brasília Capital 270 by Jornal Brasília Capital

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Chapa 3 entra na Justiça para ter acesso ao mailing dos dentistas Página 5

Ano VI - 270

divulgação

fogo e coragem

CBMDF incrementa Museu Histórico da Corporação

Distribuição gratuita

divulgação

Oposição denuncia mordaça no CRO-DF

Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016

Armação à Pandora

Sete anos após grampos irregulares derrubarem Arruda, o mesmo modus operandi é usado para desgastar Rollemberg. Objetivo seria tirá-lo do páreo em 2018. Quem estaria por trás da trama? Páginas 7 a 9

Página 12

editorial

A volta do coronelismo Página 2

PELAÍ

Principal obra de Rollemberg na mira da Justiça

Sinpro defende conquistas do funcionalismo

O colunista Chico Sant’ Anna revela que a construção do Trevo de Triagem Norte (TTN), orçada em R$ 2 bi, corre o risco de parar na Justiça. Entidades comunitárias alegam ameaças ao meio ambiente e priorização ao transporte individual.

Página 4

Páginas 10 e 11

Adversários devassam gestão de Rollemberg na Ciência e Tecnologia Página 3

Mobilização

Brasilia Capital n Opinião n 2 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

e d i t or i a l

x p e d i e n t e

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A volta do coronelismo

Brasil dos tempos da ditadura, da truculência, do coronelismo, do desrespeito aos direitos de expressão e de manifestação ressurgiu em dois episódios nesta semana. Num deles, de maior gravidade, um jornalista foi brutalmente executado com mais de 20 tiros em Santo Antonio do Descoberto (GO), a 50 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. No outro, um ex-senador, já idoso, foi carregado como se fosse um saco de batatas por quatro policiais militares após ter sido tirado à força de uma manifestação na capital paulista. No município goiano, a barbárie cheira a crime encomendado, algo típico dos antigos coronéis, senhores de currais eleitorais. Mais que isso, da vida e da morte. No domingo (24), no portão da própria casa, João Miranda, comandante do site S.A.D. Sem Censura foi morto por quatro homens, segundo testemunhas. Em seu portal, o jornalista costumava fazer denúncias contra o governo do prefeito Itamar Lemes do Prado (PDT), candidato à reeleição em outubro. Miranda ainda denunciava outros políticos e traficantes de drogas. Por desafiar gente perigosa, sofria constantes ameaças e já havia registrado três queixas na delegacia. Em janeiro, seu carro foi incendiado. O recado era para que “parasse de tocar em certos assuntos”. Mas ele não parou. A ameaça mais recente ocorreu dois dias antes de ser executado. João Miranda publicou numa página do Facebook,

Armando para Rollemberg Esse Renato Santana quer difamar o governador Rodrigo Rollemberg e promover seu partido, que certamente quer lançar o Rosso nas próximas eleições. Estamos de olho. nFelipe Artur Barbedo, via Facebook Sugestão para melhorar saúde pública no DF

Somos sabedores que a saúde pública do aqui DF, como também no Brasil, de uma forma geral, vem passando por diversos problemas. Como cidadão brasiliense que sou, e servidor aposentado do GDF, além de conhecedor desse sistema de saúde pública deficitária, gostaria de sugerir ao senhor governador uma forma para melhorar a saúde pública aqui no DF.

a “Folha da Copaíba na WEB”, um vídeo em que o prefeito dava dinheiro a uma suposta funcionária municipal. O jornalista denunciou: “Itamar pagando propina para sua fiel escudeira Darlete, olhem o absurdo, tudo isso no pátio do Fórum”. Segundo uma vizinha, a mulher do jornalista contou que o marido não dormiu em casa de sábado para domingo. Ele disse que tinha visto gente rondando sua residência. João Miranda era pré-candidato a vereador pelo PCdoB. Chefiava o gabinete do vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim (PSOL), que entrou em rota de colisão com o chefe do Executivo municipal poucos meses após serem eleitos, em 2012. “As falcatruas aconteceram e continuam acontecendo. A corrupção ainda está presente na Prefeitura. O município está falido. Os servidores estão com salários atrasados, e a prefeitura apresentou projeto de lei com redução de cargos e salários. Está um caos a cidade”, afirmou Guarda Mirim, em maio último, quando o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) apontou irregularidades na gestão de recursos destinados à saúde na Prefeitura e determinou que os gestores municipais devolvessem R$ 2,9 milhões aos cofres públicos. Já o ex-senador Eduardo Suplicy (PT), de 75 anos, candidato a vereador em São Paulo, foi detido na manhã de segunda-feira (25), por desobediência e obstrução à Justiça. Suplicy se deitou no chão para impedir uma reintegração de posse num terreno ocupado há mais de três

anos por cerca de 350 famílias na Cidade Educandário. O petista foi retirado à força, colocado numa viatura e levado a uma delegacia. Pelo Facebook, Suplicy disse que tentava inibir a violência contra os moradores, muitos deles crianças. “A truculência da Polícia Militar do Governo Alckmin é inaceitável. Se fazem isso com um ex-senador da República, imagine o que sofre a população que tanto precisa de apoio”. Na saída da delegacia, horas depois, Suplicy explicou: “Na hora que vi que policiais com escudos estavam avançando, com uma escavadeira atrás, e que [do outro lado] vinham moradores e haveria o encontro dos dois grupos fiquei com receio de haver uma cena de violência incontrolável. Então, [pensei]: eu vou me deitar aqui para prevenir e evitar qualquer violência”. Nos dois casos, o Brasil parece ter engatado uma marcha à ré. Resta, agora, às autoridades investigar e punir com o rigor da lei os responsáveis pelo assassinato de João Miranda. A impunidade, marca registrada dos tempos dos coronéis, não pode mais ter lugar neste País em pleno século 21. A democracia só pode sobreviver onde exista o mínimo de moralidade, de respeito às instituições e aos direitos humanos. É obrigação de todos exigir a garantia dos direitos constitucionais à expressão e à livre manifestação e, sobretudo, ao sagrado direito à vida, como defendeu Suplicy e vilipendiaram os algozes do jornalista.

a r t a s

Sugiro ao senhor governador encaminhar para CLDF um projeto com objetivo de montar uma rede de saúde pública aos “moldes” da saúde privada. nEvanildo Sales Santos, via facebook. GDF impõe multas a ambulantes nas Olimpíadas Tá certo! Aí somos obrigados a comprar água por 10 reais e

um salgadinho a 7. E isso é só o começo! nBruno Oliveira, via facebook. Homem morre eletrocutado durante discurso de Dilma Velho ditado popular: quem procura acha. Deus o tenha conforme a vontade do Senhor e em nome de Jesus. nCarlos Lacerda, via Facebook

Depois reclamam da falta de amor, compreensão, solidariedade e etc. Olha o tipo de comentário que fazem. Preferem um partido político que a vida de um ser humano. nIrene Freitas, via Facebook Como alguém consegue tecer comentários maliciosos sobre a morte de uma pessoa? Almas doentes. nPaula Prestes, via Facebook

Brasilia Capital n Política n 3 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

O diretor que aponta ao Brasília Capital problemas na Associação Comercial do DF disse que não se trata de covardia manter-se anônimo, e que isto é apenas uma questão de segurança própria. Mas promete continuar atento a questões como a penhora de seis salas da

Dossiê Rollemberg

entidade para quitar dívidas com o Unibanco. “Tudo que chegar ao meu conhecimento tornarei público, em favor da ACDF. Mas não quero transformar isso numa contenda pessoal com o presidente”, disse.

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Elza Fiuza / Agência Brasil

Determinados a encontrar vestígios de corrupção ou máculas na trajetória política de Rodrigo Rollemberg, seus adversários têm passado um pente-fino na vida pública do governador. A primeira parada da tropa de choque oposicionista foi no Tribunal de Contas da União (TCU).

Lupa no MCT Lá, foi localizado um processo engavetado pelo ministro Raimundo Carreiro que apurava supostas irregularidades na gestão de Rollemberg como secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia (governo Lula). Apesar de o parecer do corpo técnico do TCU ter estipulado uma multa para o político, o ministro (que ano que vem será presidente da Corte) arquivou o processo.

Indícios de fraude e conluio Na gestão de Rollemberg, o orçamento da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social foi aumentado em 13 vezes, mas o corpo funcional de servidores públicos permaneceu inalterado - o que chamou a atenção dos téc-

OSs Os pró-impeachment de Rollemberg ainda investigam a fundo o interesse do governador em implantar as Organizações Sociais no sistema de saúde do DF. Está no foco da tropa de choque uma doação de R$ 40 mil para a campanha do governador pelo grupo Mahatma Serviços Médicos Hospitalares - que administra OSs em Catanduva (SP) e no Rio de Janeiro.

nicos, que também viram indícios de fraudes em licitações e conluio entre fornecedores. Apesar de ter sido arquivada, a investigação foi encaminhada por Carreiro para o Ministério Público Federal, onde tramita em “segredo”.

Determinados A cúpula do Buriti, porém, está determinada a implementar as OSs no DF. É indiscutível que algo precisa ser feito na Saúde e, num horizonte próximo, ninguém enxerga outra saída. Vale ressaltar que 81% do orçamento da Saúde é usado para pagar pessoal. O governo crê que as OSs modernizarão o sistema e racionalizarão os gastos.

Temer, o disciplinado Instalado num gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto, mas ainda com o crachá de funcionário da vice-presidência da República, o ex-vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), é um

admirador do presidente em exercício, Michel Temer (PMDB). Filippelli destaca a disciplina e organização do chefe, a começar pela cautela com que ele trata o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff (PT).

Ministério? Nem pensar! Temer costuma chamar Filippelli ao seu gabinete sempre que surge algum assunto relativo ao DF. “Ele tem reforçado esta missão de que eu seja uma espécie de embaixador de Brasília, o que muito me orgulha”, diz. Mas rechaça a ideia de vir a assumir algum ministério, caso o Senado referende, este mês, o impeachment da presidente afastada.

Conversas sobre o Buriti Filippelli usa boa parte do expediente diário para receber pessoas do DF e conversar sobre a política local. Na última semana, disse ao Brasília Capital que um de seus mais frequentes interlocutores é o ex-governador José Roberto Arruda (PR), que fala muito sobre a frustração de estar afastado da política. “É a paixão dele”, reforça.

De volta ao rorizismo O ex-vice de Agnelo Queiroz (PT) admite que tem intensificado os contatos com pessoas ligadas ao seu primeiro padrinho político, Joaquim Roriz. Deixa evidente que tentará se descolar do petismo, ao qual esteve ligado nos últimos anos.

A fritura de Rollemberg Em suas conversas, Filippelli tem percebido que todos apostam no desgaste de Rodrigo Rollemberg para se lançarem à sua sucessão em 2018. Entre outros, cita os deputados federais Alberto Fraga (DEM) e Rogério Rosso (PSD) e a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS). E, claro, ele próprio...

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Sinpro convoca mobilização contra projetos que atacam o funcionalismo público

site da Câmara confirmou que na segunda-feira (1º/8) será votado o PLP 257, que trata da renegociação das dívidas dos estados e do ajuste fiscal aplicado aos servidores públicos. Entre as medidas prejudiciais ao funcionalismo previstas está a impossibilidade de governadores concederem reajustes salariais no prazo mínimo de dois anos. Para evitar perdas para os trabalhadores, nesse dia começará uma grande mobilização de combate aos projetos que atacam o funcionalismo público. Diversas entidades estão convocando filiados e servidores para participar da Primeira Semana de Trabalho na Câmara dos Deputados. A ação tem o apoio do Sindicato dos Profes-

sores no Distrito Federal (Sinpro-DF), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Embora o PL 4.567, que trata da privatização da exploração de petróleo na camada Pré-sal, não conste até o momento na pauta da Câmara, é provável que ele também seja votado na primeira semana de trabalho do Congresso, uma vez que seu regime de urgência foi aprovado concomitantemente ao do PLP 257, na última semana antes do recesso parlamentar. As entidades devem se manter alertas para participarem das mobilizações no Congresso Nacional contra o PLP 257 e o PL 4.567. Os professores e

orientadores educacionais também devem ficar atentos a uma possível convocação do Sinpro para defesa dos interesses da categoria. Alvo do PL 257 – Será apresentado nesta segunda-feira um substitutivo ao texto do PL 257 que poderá receber emendas de plenário. É pouco provável que a matéria seja apreciada logo no primeiro dia de trabalho, devido à falta de quórum, mas não se pode descartar tal possibilidade, especialmente por ser a primeira semana de trabalho efetivo do novo presidente da Casa, Rodrigo Maia. É importante lembrar que o projeto que trata da renegociação das dívidas dos estados e do DF com a União propõe mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal, fixando limites para os gastos

públicos e determinando a redução das despesas, especialmente com pessoal. Destacamos alguns pontos da proposta que dá a dimensão da ameaça que ela representa para servidores e o serviço público: congelar aumentos ou ajustes de remuneração; suspender a admissão ou a contratação de pessoal, inclusive nas empresas estatais; reduzir em 10% as despesas com cargos de livre provimento; contabilizar as despesas com terceirização de mão de obra e outras formas de contratação nas despesas de pessoal e transferir bens e participações acionárias dos estados para a União, que fará a alienação, ou, privatização. Portanto, o momento é de mobilização contra projetos que visam a flexibilização, redução e até eliminação de direitos adquiridos.

Brasilia Capital n Política n 5 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

Dentistas denunciam mordaça no CRO-DF

Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF) realiza eleição na próxima sexta-feira (5) para renovar sua diretoria para o biênio 11 de novembro de 2016 a 10 de novembro de 2018. A expectativa é de que mais de 5 mil profissionais estejam aptos a votar. Três chapas estão inscritas: a 1 (situação), a 2 (dissidente), e a 3 (Renovação), que se apresenta como “oposição de verdade”. E é justamente por se apresentar como oposição que a Chapa 3 denuncia ter tido cerceado o direito de acesso ao mailing com os contatos dos dentistas, o que a impediu de fazer campanha de forma equitativa em relação às outras duas concorrentes. A Renovação, comandada por Maria Luiza S. Paiva, a Malu, recorreu à Justiça para obter a lista. Por meio de Mandado de Segurança, conseguiu liminar assegurando o direito a fazer sua propaganda entre os eleitores, que são obrigados a votar e não conseguiram o devido acesso às propostas de todas as chapas. Os dentistas do DF ligados à oposição estão indignados com a “forma coronelista” da política eleitoral do CRO-DF. A menos de uma semana do pleito, não tinham como se comunicar com todos os eleitores. E apontam esse comportamento como grande demonstração de cerceamento ao direito a informar. A Chapa 3 denuncia, ainda, que o mailing vazou para as Chapas 1 e 2, desequilibrando a disputa. “Elas saíram do mesmo núcleo de apoio desde o início da campanha e vêm diuturnamente enviando e-mail e mensagens aos colegas”, afirma Malu. Ainda segundo os opositores, há décadas o Conselho Federal de Odon-

divulgação

Os dentistas Adalcyr, Ieve, Carlos de Lima, Fernanda, Renato, Malu Paiva, Camille e Júlio César apostam na chapa 3 para as eleições do CRO-DF

tologia (CFO) e seus correligionários usam, de forma ilegal, a faculdade do voto por correspondência, o que torna vulnerável a disputa eleitoral, como aconteceu em vários CROs ligados, política e economicamente, ao CFO. “O Brasil está mudando. A população está indignada com a prática rasteira da política do toma lá dá cá, do clientelismo barato, do pão e circo e das políticas antidemocráticas. Na odontologia devemos fazer o mesmo. Se depender da Chapa 3, nenhuma instituição vai interferir politicamente no CRO, que deve ser independen-

te”, disse Malu. Segundo a presidente conselehira, a discriminação por estar à frente da chapa é uma realidade, pois há 34 anos uma mulher não concorria ao pleito. A oposição destaca que a Chapa Renovação foi montada com 60% de participação de mulheres nas vagas nos Conselhos Efetivo e de Suplentes, respeitando a proporcionalidade de gênero entre os profissionais do DF. Entre as propostas que sequer chegaram a todos os dentistas, a Renovação defende o concurso para admissão de fiscal dentista para atuar

no CRO-DF. A redução da anuidade junto a outros conselhos regionais e CFO também foi colocada em pauta pela chapa. O corte imediato de 20% no valor das diárias de viagens de membros da diretoria do Conselho Regional é outra medida considerada prioridade pela oposição. O valor foi aumentado em 46% desde 2013, o que equivale a 20% acima da inflação do período. O mau uso das diárias pelo CFO foi alvo de investigação da Polícia Federal e Ministério Público, que culminou na prisão de membros deste conselho.

Usar o cinto de segurança salva vidas, e a população abraçou essa ideia.

Fumar em ambiente fechado prejudica a saúde de todos. A sociedade exigiu esse respeito.

Em Brasília, parar na faixa de pedestres criou um trânsito menos agressivo, e todos ganharam com isso.

Basta. Quando você se cala diante do desrespeito, a violência fala mais alto. 10 anos

da Lei Maria da Penha

brasilia.df.gov.br

#NaoSeCale

LIGUE

156

OPÇÃO 6

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Será mera coincidência? Gustavo goes

Orlando Pontes e Zilta Marinho

enos de sete anos após a eclosão do maior escândalo político de sua história, Brasília vive outro momento delicado em relação ao Poder Executivo local. A exemplo do que ocorreu com José Roberto Arruda em 2009, o governador Rodrigo Rollemberg está às voltas com a divulgação de conversas pouco republicanas gravadas clandestinamente. A diferença é que, até o momento, não apareceu nenhuma fita com a participação direta do governador. Mas os diálogos entre o vice, Renato Santana, e a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, têm conteúdo comprometedor e envolvem a primeiradama, Márcia Rollemberg.

Brasilia Capital n Cidades n 8 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

Buriti vê armação contra Rollemberg O Palácio do Buriti não tem mais dúvidas de que as denúncias de supostos desvios e cobrança de propinas na Secretaria de Saúde são uma “armação” para derrubar Rodrigo Rollemberg. O gabinete do governador trabalha com duas hipóteses: a estratégia teria sido montada pelo vice, Renato Santana (PSD), para tomar o lugar do número 1, ou seria uma montagem da presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS). Neste caso, Celina estaria agindo para afastar o governador e o vice, e tomar-lhes o lugar, como segunda na linha sucessória. Depois ela precisaria aprovar, em segundo turno, a emenda à Lei Orgânica que lhe asseguraria o direito de se reeleger para o comando da Casa. E em 2018 concorreria à eleição para o GDF. Há duas semanas, Celina interrompeu o recesso parlamentar para dar andamento à CPI da Saúde. Ela aproveitou o vazamento de áudios de conversas entre Santana e a presidente do SindSaúde atacando Rollemberg para turbinar o desgaste do governador. Nos últimos dias, outras gravações tornaram-se públicas, acentuando o racha entre o Executivo e a Câmara Legislativa. Na quinta-feira (28), a parlamentar divulgou nota reiterando “incondicional apoio às investigações da CPI” e repudiando a exoneração de servidores citados nas conversas. “Neste momento delicado, vem o GDF com mais um ato de covardia ao exonerar o delegado de polícia Rafael de Sá Sampaio, que, juntamente com uma equipe de delegados, ofereceu, voluntariamente, ajuda nas investigações”, diz o texto. Assessores próximos de Rollemberg avaliam, porém, que os áudios trazem “muita espuma e poucos fatos”. No entanto, admitem que as relações entre o governador e o vice estão desgastadas, principalmen-

2009 - CARA

Arruda - Começou o governo cortando despesas e reduzindo a influência dos distritais, Contrariou interesses e acabou preso por obstrução à Justiça

fotos: Divulgação

Durval - Fez o caixa 2 da campanha. Exigia espaço para continuar cobrando propina. Contrariado, delatou o esquema e derrubou o governo

Agnelo - Teve acesso à vi turbinava as denúncias. S seu caminho para o Palác

Marli - Para evitar a entrada das Organizações Sociais na Saúde Pública do DF, passou a gravar conversas com autoridades. É o Durval de saia?

Rosso - De olho na cadeir de longe, pelo desgaste d como Agnelo, teve acesso

2016 - CRACHÁ

Rollemberg - Cortou Secretarias, reduziu o número de administrações, reviu contratos e combateu a grilagem. Virou alvo de ataques do próprio vice

te após o envolvimento do nome da primeira-dama. “Se o Santana imaginava que Rollemberg não confiava nem meio por cento nele, agora pode ter certeza de que a desconfiança é de 100%”, diz um aliado. Os governistas entendem que, a exemplo de Arruda, Rollemberg tem contrariado grandes interesses. Citam a redução do número de Secretarias e de Administrações Regionais, cortando cargos e verbas de redutos comandados por deputados; a revisão de contratos de prestação de serviço ao GDF – muitos deles con-

trolados por empresas de famílias de distritais –; e a regularização de invasões de terras públicas. Esta última medida colide frontalmente com os grileiros. Ajuda da Federal – Celina Leão vê a teoria da conspiração contra Rollemberg como uma infantilidade do governador. Para a presidente da Câmara, ele não trata as denúncias com a seriedade que elas merecem. E, em vez de investigar, tenta desqualificar os indícios trazidos a público pelas gravações. Diante do que chama de “inope-

rância do governo”, a parlamentar garante que a Câmara cumprirá seu papel de ir a fundo nas apurações. “Como o governador resolveu retaliar contra a Polícia Civil, que ele controla, pediremos apoio da Polícia Federal, inclusive para garantir a segurança das pessoas que fazem as denúncias”, diz ela. Enquanto isso, corre nos bastidores do Buriti uma brincadeira de “cara-crachá” à qual o Brasília Capital teve acesso. No joguinho, Rollemberg equivale a Arruda, principal alvo das denúncias; Marli seria

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ideoteca de Durval e Sem Arruda na disputa, cio do Buriti ficou livre

Sombra: Fiel depositário das fitas gravadas por Durval. Atraiu Arruda para uma suposta venda de provas. Governador caiu na armadilha e foi preso

Vigilante: presidia o PT-DF e entrou com pedido de impeachment acatado pela Procuradoria da CLDF. Usava a imprensa para atacar o governador

ra do governador, torce, de Rollemberg. Assim o à videoteca do delator

Santana - Gozava da confiança de Rollemberg até o vazamento dos áudios. No Buriti, desconfia-se de que ele sabia que estava sendo gravado

Celina - Eleita distrital na coligação do governador, tornou-se presidente da Câmara e passou para a oposição. Ela sonha ser governadora de Brasília

o delator Durval Barbosa, que saiu gravando ilegalmente todos os seus interlocutores; o deputado Rogério Rosso (PSD) teria o mesmo papel de Agnelo Queiroz (PT), que torcia pelo desgaste do governador para facilitar sua chegada ao poder na eleição seguinte; Santana corresponde ao jornalista Edson Sombra, fiel depositário e mediador entre o delator e seu alvo; e Celina reproduz o que foi o distrital Chico Vigilante (PT), que aumentava o tom dos discursos da oposição na Câmara pedindo o afastamento de Arruda.

As semelhanças se acentuam quando se compara o modus operandi das gravações feitas por Marli. Seria mera coincidência? Personagens – No desenrolar dessa trama, muitos são os personagens e seus interesses. O deputado Wellington Luiz (PMDB), é policial civil, foi presidente do Sindpol/DF e assumiu a presidência da CPI num momento em que sua categoria profissional está em campanha salarial junto ao GDF. O vice-presidente da CPI, Cris-

tiano Araújo, do mesmo partido de Santana e de Rosso, é sócio em empresa que aparece nas gravações como tendo recebido mais de R$ 40 milhões do Fundo de Saúde do DF. Araújo comemorou a liberação desses recursos com Ricardo Cardoso, ex-diretor do Fundo. O distrital Robério Negreiros (PSDB), membro da CPI, é investigado por nepotismo cruzado com o deputado federal Felipe Maia (DEM-RJ). Uma das gravações divulgadas foi feita no apartamento de Edvaldo Simplício da Silva. Ele promoveu uma

reunião entre Santana e Marli. Edvaldo e Marli foram apresentados por Valdeci Marques de Medeiros, que é funcionário do SindSaúde e servidor comissionado do GDF até a semana passada. Era Ouvidor do gabinete da vice-governadoria. Edvaldo é técnico em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. A pedido da presidente da CLDF, Christian Popov, ex-gerente de Cessões, Requisições e Ressarcimento, assinou a cessão de Edvaldo para a Câmara Legislativa. Após as denúncias, Celina informou que ele foi devolvido ao GDF, mas até quinta (28) nenhum documento oficializando isso foi recebido pelo Palácio do Buriti. Christian Popov foi exonerado da função na quarta (19). Em 25 de novembro de 2015, ele assinou a carta convocatória endereçada ao SindSaúde para que fossem apresentadas certidões que evitariam que o sindicato perdesse acesso aos consignados, conforme decreto 28.195/2007. Quem também foi exonerado (25/7) foi Rafael Sampaio. Ele é vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil e foi afastado da Assessoria Jurídico-Legislativa da Secretaria de Segurança Pública e Paz Social depois que participou da criação, sem autorização, de uma força-tarefa de delegados para auxiliar a CPI da Saúde. Fábio Gondim, João Batista de Sousa, Marcos Júnior, Marcello Nóbrega, Caio Barbieri, Marcelo Radical, Arthur Luiz Pinho de Lima, Sady Carnot Falcão Filho, Renildon Rehem, Armando Raggio, Rafael de Sá Sampaio, Ricardo Cardoso, e outros, são alguns dos personagens dessa intrincada história, na qual seus interesses particulares parecem estar cada vez mais próximos. No meio disso tudo, ao assumir o cargo, o atual secretário de Saúde, Humberto Fonseca, alinhado com modelos da moderna administração, reviu todos os processos de trabalho e sentenciou: “quem licita não contrata, quem contrata não paga”. Com isso, ele acredita estar dificultando a manutenção dos “acordos” pré-existentes e herdados das gestões anteriores.

Brasilia Capital n Cidades n 10 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Por Chico Sant’Anna

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Nas barras do Tribunal

nica obra de peso da administração Rollemberg, a construção do Trevo de Triagem Norte - TTN – pode parar nas barras dos tribunais. Foi solicitada às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e de Defesa da Ordem Urbanística a suspensão temporária dos trabalhos. Assinam a petição seis entidades comunitárias e movimentos sociais, dentre elas o Instituto Histórico Geográfico IHG-DF, o Conselho Comunitário da Asa Norte, a ONG Rodas da Paz e o movimento #RepensePontaNorte. Eles alegam que as exigências legais para a execução da obra foram simbolicamente obedecidas. A audiência pública com a comunidade afetada teria sido divulgada de forma dissimulada, com datas trocadas, levando a presença de apenas 39 pessoas, “sendo que 34 eram vinculadas aos órgãos de governo ou às empresas interessadas”, diz a petição.

R$ 2 bi para o BRT-Norte ficar pronto só em 2020

GDF quer TTN pronto pouco antes das eleições de 2018

Morte das Nascentes

Só motorizado

O TTN deve trazer forte impacto ambiental, pois se encontra em uma Área de Preservação Permanente - APP, que possui regime rígido de proteção. “A regra é a intocabilidade”. Ressaltam que haverá aterramento de inúmeras nascentes e que, embora o próprio EIA/RIMA reconheça os impactos sobre os recursos hídricos, não apresenta alternativas para evitar esses danos ambientais. “Haverá redução da recarga do aquífero e rebaixamento permanente do lençol freático, o que significa que nascentes secarão, a água ficará mais inacessível e o volume de água do Lago Paranoá pode ser reduzido” - afirma a petição. É importante lembrar que o Lago Paranoá vem perdendo volume d’água com assoreamento, e mesmo assim está nos planos da Caesb utilizar seu manancial para o abastecimento d’água potável ao brasiliense.

Apontado pelo GDF como solução de mobilidade para a Região Norte do DF, esse projeto, incluindo a ligação Torto-Colorado, foi pensado inicialmente na gestão Roriz, iniciado e interrompido na de Agnelo, e retomado agora por Rollemberg ao custo de R$ 196 milhões. O BNDES financia a obra e o brasiliense terá que pagar de volta o empréstimo. Na prática, a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) ganhará, em seu trecho Norte, duas novas pistas — uma em cada sentido —, e passará a contar com três faixas cada uma. Serão 5,2 quilômetros de ampliação entre o Torto e o Colorado. A ligação do Plano Piloto por meio dos Eixinhos L e W dar-se-á em novas pontes a serem erguidas paralelas à do Bragheto. Doze obras, dentre pontes, viadutos e túneis, serão executadas na construção

do Trevo de Triagem Norte. Com isso, o GDF espera acabar com engarrafamentos e deixar de ativar a chamada faixa reversa em horários de pico. Cem mil carros devem passar diariamente pelo local. O primeiro questionamento é que essas pontes não preveem a passagem de pedestres e ciclistas. O professor da Universidade de Brasília, Benny Schvarsberg, lembra que a Lei Federal da Mobilidade Urbana, de 2012, preconiza, sem rejeitar o automóvel particular, o favorecimento prioritário ao trânsito de pedestre, de ciclista e os modos não motorizados, em segundo lugar; e o transporte coletivo, em terceiro lugar. “O que vi no projeto básico [no TTN] parece o oposto. Buscam favorecer a fluidez do transporte motorizado individual”, diz o especialista, que integra o Conselho de Preservação e Planejamento Metropolitano de Brasília.

Brasilia Capital n Geral n 11 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

TTN: não, não é TNT, mas para o governo Rollemberg será tão explosivo quanto dinamite. A única obra de peso do governo tende a ficar embargada pela Justiça

Roberto Max Storai Lucich

Jonas Pereira

Patrimônio

Movimentos sociais querem que GDF repense a saída Norte. Acham o projeto rodoviarista, que só atende quem tem carro, e pedem um sistema sustentável de mobilidade urbana. TTN vai pôr em risco nascentes e pode afetar até o abastecimento do Lago Paranoá. Vegetação nativa já está sendo retirada por tratores.

Pensamento semelhante tem o engenheiro, doutor em estudos de transportes pela University College London (Reino Unido), Paulo César Marques da Silva, por duas vezes coordenador do Programa de Pós-Graduação em Transportes da UnB: as obras na chamada “Saída Norte” pecam por insistir no velho modelo rodoviarista. “Não há dúvida de que existe saturação no complexo viário Ponte do Bragheto - Balão do Torto - Balão do Colorado. Também é razoável considerar que a solução para o problema passa por investir em infraestrutura de transporte. O erro está em acentuar o problema que gera a saturação, ou seja, a dependência do automóvel e o consequente excesso de veículos em circulação”. Para o movimento #RepensePontaNorte, o congestionamento de veículos não vai ter solução com alargamento e ampliação das pistas. Embora seja tido como o passo inicial

para a implantação do BRT-Norte, o projeto prioriza inicialmente o transporte individual motorizado em detrimento do transporte coletivo e do não motorizado. Pelo calendário do GDF, o BRT, com 68,8 quilômetros de extensão, só ficará pronto daqui a quatro anos, em 2020, a um custo de quase R$ 2 bi. Recurso que não há no caixa. “A prioridade absoluta precisava ser o transporte público coletivo. Aí, sim, teríamos uma solução estruturante, que além de tudo respeita o que prevê o Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do DF. Não começar pelas intervenções estruturantes acaba por dificultá-las, encarecê-las ou, no limite, até inviabilizá-las no futuro. Isso porque soluções de traçado, desenho de interseções e vários outros elementos de projeto terão que ser adaptados ao que estiver implantado, ou fazer alterações que fatalmente custarão muito”, complementa Paulo César.

A vice-presidente do IHG-DF, Vera Ramos, lembra que entre 2005 e 2006 o projeto foi vetado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, por colocar em risco o tombamento de Brasília. Com ele, será acelerado “o fluxo de veículos para o centro da cidade, e consequentemente, os congestionamentos serão apenas deslocados e provavelmente intensificados, para a zona central, aumentando a pressão de tráfego e emissão de gases de efeito estufa para o centro de Brasília”. A Unesco cobra do GDF um projeto de transporte coletivo para a área tombada. Há ainda um mistério sobre se há ou não uma autorização por parte do Iphan. O local da obra está na área tombada. Versões divergentes dizem que a autorização concedida no governo Agnelo já prescreveu. Outras dizem que o Iphan está reavaliando o projeto e o GDF diz que está tudo autorizado e botou as máquinas para rasgar o solo.

#RepensePontaNorte As críticas têm sido levadas ao GDF e já foram debatidas com representantes da Secretaria de Mobilidade, no âmbito do Conselho de Preservação e Planejamento Metropolitano de Brasília. Mas as expectativas não são tão otimistas. “Conhecendo a dinâmica das obras de infraestrutura urbana viária e o interesse comercial das empreiteiras, bem como o interesse político-eleitoral dos governantes, estou cético quanto à possibilidade de ‘ajustes’ ao projeto”, lamenta o professor Benny Schvarsberg. Na Justiça, com apoio do Ministério Público, o movimento .

#NemPensar O movimento # RepensePontaNorte joga suas esperanças e pede novas soluções viárias. Solicita nova audiência pública para discussão sobre impactos da obra, sua eficácia na mobilidade urbana, impacto no meio ambiente e no patrimônio histórico e arquitetônico do DF, além do processo de licenciamento ambiental. No GDF, a hashtag do momento é #NemPensar em parar as obras. A previsão de entrega é para junho de 2018, bem pertinho das eleições. Imagina se atrasa!?

Brasilia Capital n Cidades n 12 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

Luzes acesas no cinema por uma boa causa Maria Gabbriela Veras Meia luz, som baixo, pessoas livres para transitarem nas salas de cinema. Essas sessões fazem parte do projeto “Sessão Azul”, cujo nome faz referência ao mês azul, comemorado em abril, e destinado à conscientização sobre o autismo. Ao menos uma vez por mês a adaptação acontece em parceria com as redes de cinema Kinoplex, Cinemax, Centerplex e Cinesystem. Durante o filme são feitos acompanhamentos e orientações às famílias por profissionais capacitados. O auxílio é para que a criançada se adeque ao ambiente do qual está acostumada e para que os pais saibam lidar com possíveis situações adversas. O projeto oferece, ainda, um kit de preparação para a criança, visto que pessoas que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA) sentem-se mais à vontade com uma rotina pré-estabelecida. No kit, há a possibilidade de personalizar dados de passos da criança desde a chegada ao shopping, até as informações de qual filme será exibido, horário, local e data. O material é disponibilizado no site www.sessaoazul.com.br. A Sessão Azul surgiu após duas amigas psicólogas, Carolina Salviano e Bruna Manta, ouvirem relatos de mães de autistas que deixaram de ter um convívio social por receio que algo acontecesse ou até mesmo por vergonha da reação dos filhos em situações desconfortáveis. Elas queriam que essas famílias tivessem opções de lazer e se depararam com alternativas escassas. Os filmes são escolhidos pelo público, por votação online, além de serem dublados e em 2D. Na exibição não existe propaganda ou trailer. Os ingressos são vendidos na bilheteria do cinema ou no site www.ingresso.com.

Uma história escrita com fogo e coragem Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) cria seu Museu Histórico e se prepara para documentar a história oral da corporação criada, em 1856, pelo Imperador D. Pedro II. Reprodução / Facebook

Zilta Marinho

eróis sempre estiveram no imaginário das pessoas. No mundo real, os Bombeiros Militares são o mais próximo desse sonho que muitas crianças acalentam para uma futura profissão “quando crescerem”. A história mostra, no entanto, que a construção de uma corporação, líder na confiança dos brasileiros, foi feita com muitas lutas e, sobretudo, muita coragem, como relatam suas canções. Conta o major RRm Nilo de Abreu Lima, coordenador da implantação do Museu Histórico, que, com a inauguração da nova capital, o Corpo de Bombeiros foi transferido para Brasília, e criado o do Estado da Guanabara. Em 1º de julho de 1964, chegaram o capitão Arlindo Jacarandá e o 1º Tenente Nestor Puga Wanderley, para assumir o comando da Corporação. “A situação era precária e a unidade onde todos trabalhavam recebeu o nome de Forte Apache”, lembra o Major. O detalhe é que o grande contingente veio a pé do Rio para Brasília. A caminhada começou na manhã de 2 de junho de 1965, na Praça Mauá, e terminou no dia 27 do mesmo mês, no Eixo Rodoviário. Naquela época, os uniformes eram muito simples. No lugar dos sofisticados coturnos resistentes a altas temperaturas o calçado usado era a botina com solado de couro. O primeiro grande incêndio, entretanto, ocorreu em 1960, antes da chegada da tropa. Foi na antiga Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, quando 25 estabelecimentos

Sargento Malone, instrutor do CBMDF, diante da Torre Yokohama comerciais pegaram fogo. Para interromper as chamas foi necessário desmontar uma das lojas de madeira, não permitindo que o fogo se alastrasse. Em outro, na Churrascaria Alabama, na Asa Norte, os bombeiros tiveram que desenterrar um hidrante com pás e picaretas. Na época, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) eram um facão, a “faca de bombeiro”, o capacete de material duro parecido com papelão grosso, e um cinto largo de couro o “Cinto Ginástico”, onde havia uma argola para amarrações. O salto tecnológico veio em 1976, num acordo de cooperação tecnológica com os japoneses. Técnicas foram revistas, novos equipamentos passaram a ser usados, a metodologia

de trabalho foi ajustada e a Academia de Bombeiro Militar construída com uma área de treinamento onde estão as duas torres. A menor chamada de Yokohama e a maior, de Tokio. Muitos heróis perderam a vida no cumprimento do dever e em outras situações, como o grave acidente entre um ônibus e a moto do Sargento Malone, instrutor da corporação. Como num filme, Malone foi socorrido por seus ex-alunos que, chocados, utilizaram tudo que com ele aprenderam e tudo de que dispunha a corporação para salvá-lo. Mas ele não resistiu. Entre chamas, suor e lágrimas, muitas páginas vão sendo escritas, e o CBMDF reverencia e homenageia todos os civis e militares, bombeiros ou não.“A Medalha Sangue de Brasília é destinada a todos esses que compartilharam o espírito de solidariedade e compromisso com o outro”, destaca o Major Nilo. Depois do resgate de objetos, viaturas e uniformes, o Museu Histórico se prepara agora para as gravações dos relatos orais . Hoje o CBMDF possui os melhores equipamentos, viaturas e profissionais formados, numa construção coletiva feita com o trabalho e a dedicação de cada um dos 9.600 militares que atualmente integram a corporação. Não há última página. A história continua com os que ingressarão nas vagas abertas este ano num concurso público e que, diante de “labaredas que flamejam no ar num incêndio horroroso e dantesco”, honrarão o lema “Vidas alheias e riquezas salvar.”

Serviço: •Concurso Público para o CBMDF. •Inscrições de 18/7 a 18/8.•779 vagas. •www.idecam.org.br

Brasilia Capital n Geral n 13 n Brasília, 1 a 5 de agosto de 2016 - bsbcapital.com.br

Tony Winston / Agência Brasília

A chama olímpica passou pela capital federal no dia 3 de maio e aqueceu as expectativas dos brasilienses para as partidas de futebol que serão disputadas no Mané Garrincha

Rio 2016 é aqui Gustavo Goes

omeçam na quarta-feira (3/8) os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O evento sediado na Cidade Maravilhosa também vai acontecer em outras quatro capitais brasileiras batizadas de Cidades do Futebol. Entre elas, Brasília. O estádio Mané Garrincha receberá 10 partidas durante o torneio olímpico: sete do masculino, incluindo as duas primeiras da seleção brasileira, e três do feminino. O pontapé inicial na capital da República será dado na quinta-feira (4). O primeiro jogo no Mané Garrincha será entre as seleções do Iraque e da Dinamarca, às 13h. Os times estão no mesmo grupo do Brasil, que, logo em seguida, às 16h, fará a partida de fundo contra a África do Sul. Os ingressos para a rodada dupla estão disponíveis apenas no ponto de venda físico, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Os preços variam de R$ 50 a R$ 100.

O Brasil volta a jogar no dia 7 contra o Iraque, às 22h. Antes, às 19h, Dinamarca e África do Sul se enfrentam no Mané Garrincha. As seleções da Argentina, Honduras, Coreia do Sul e México também jogarão na capital federal. Uma partida das quartas-de-final da competição acontecerá no dia 13 de agosto. Feminino – O futebol feminino estreia em Brasília no dia 9, com a partida entre Alemanha, da artilheira da última Copa do Mundo, Célia Sasic,

e Canadá, às 16h. No mesmo dia, China e Suécia jogam às 13h. As meninas brasileiras só jogarão no Mané Garrincha se se classificarem em terceiro lugar no grupo E, que tem também África do Sul, China e Suécia. Prepativos – As delegações utilizaram as instalações brasilienses durante a preparação dos torneios. A principal delas é o estádio Bezerrão, no Gama, onde treina a seleção da África do Sul

Agenda olímpica em Brasília

Futebol masculino: 4.8 – 13h - Iraque x Dinamarca 4.8 – 16h - Brasil x África do Sul 7.8 – 19h - Dinamarca x África do Sul 7.8 – 22h - Brasil x Iraque 10.8 – 13h - Argentina x Honduras 10.8 – 16h - Coréia do Sul x México

13.8 – 13h - 1º do Grupo D x 2º do Grupo C Futebol feminino: 9.8 – 16h - Alemanha x Canadá 9.8 – 22h - China x Suécia 12.8 – 13h - 1º do Grupo G X 3º dos Grupos E ou F

Doping abala Rússia como potência esportiva Elena Dilber (*) A equipe olímpica da Rússia recebeu sinal verde para participar dos Jogos do Rio de Janeiro, após veredito emitido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no domingo(22). Mas é sinal verde mesmo? O COI não proibiu a Rússia, mas delegou a aprovação da participação dos atletas às federações esportivas internacionais, que podem negar a entrada daqueles que não preencham os requisitos definidos pelo próprio COI e pela Agência Mundial Antidoping (Wada). Isso significa que o futuro dos competidores russos está nas mãos das federações globais. Mas alguns atletas já chegaram ao Rio. O que devem fazer? Sentar-se sobre a mala ainda fechada e aguardar a aprovação final? Ou refazer a mala e retornar humildemente ao seu país, como no caso dos nadadores barrados, que já haviam chegado ao Brasil e foram barrados do evento na segunda (25)? O COI já manifestou desconfiança em relação ao Ministério dos Esportes da Rússia e aos atletas do país. A reputação da Rússia foi substancialmente manchada e levará anos para reverter essa imagem e restaurar o antigo prestígio. O mais recente escândalo de doping minou a credibilidade da Rússia e causou danos irreparáveis a sua imagem de potência esportiva.

(*) Jornalista esportiva internacional baseada em Moscou

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mbora tenha alisado com o meu magrelo traseiro os bancos de nada menos de três faculdades universitárias, reafirmo o que já disse neste cantinho de página: 90% do verniz de cultura que possuo foram conquistados pela leitura de livros, a começar pela Bíblia, aos cinco anos de idade, por inspiração de meu saudoso pai. Na exata proporção em que fui crescendo física e mentalmente, transformei a leitura no meu principal entretenimento. Mas a esta altura do “campeonato da sobrevivência”, no qual concorro aos 90 anos, 8 meses e 8 dias de idade, o que seria de mim não fossem as páginas de meus livros protegendo-me contra a solidão de uma magra aposentadoria, que me tornaria, com certeza, candidato à depressão. Isso ficou constatado, mais uma vez, em recente curta viagem de férias julinas, acompanhado de mi-

Fernando Pinto (*)

Navegar não é preciso, ler é preciso! (*) nha mulher, Ledinha, de meu filho Cláudio, e de minhas netinhas Bárbara, 11, e Maria Luíza, 8. E como bater pernas à procura de atrativos não é mais a minha praia, enquanto eles perambulavam a passeio, eu ficava confortavelmente no quarto do hotel, lendo o romance Monsenhor Quixote, de Graham Greene, que comprei no Sebinho da 407 Norte.

Nesse contexto, o laureado escritor inglês coloca o leitor diante de um debate teológico sobre a existência de Deus, através do rico diálogo entre um velho pároco de uma cidadezinha espanhola e um ex-seminarista católico que se tornou comunista após a leitura de O Capital, de Karl Marx, emprestando-o ao padre Quixote no transcurso de uma surpreendente viagem, percorren-

oda sociedade tende a valorizar um determinado padrão, seja ele físico, social ou de personalidade. O problema é que todos os que não se encaixam nesse perfil estabelecido se sentem inferiorizados socialmente e psicologicamente. A cada época, a sociedade seleciona perfis que fazem sentido para o seu tempo. Por exemplo, no mundo tecnológico de hoje, os antigos nerds e antissociais passam a ser ídolos das redes sociais. Da mesma forma, as mulheres com mais curvas antes veneradas e pintadas no período de Renascimento passam a ser as mesmas excluídas e desvalorizadas. Sociedades sempre ditam o que está na moda ou não, mas não se pode ditar moldes quando falamos de pessoas e personalidades humanas. Assim acontece com a timidez. Percebo que muitos tímidos julgam essa característica como um problema. Isso acontece porque a sociedade de hoje valoriza a extroversão co-

Fernanda Sampaio (*)

Sou tímido, e aí? mo a chave do sucesso. Porém, isso não é uma verdade. O sucesso está em ser o melhor dentro do que somos. E a timidez é simplesmente uma forma de ser, dentre outras tantas. O que deve ser avaliado é: no que ela atrapalha? E se ela de fato atrapalha? E se ela estiver atrapalhando a conquistar algo, essa dificuldade específica deve ser trabalhada. Não é preciso deixar de ser tímido para ter sucesso, mas é fundamental não

deixar que a timidez seja um empecilho para a realização pessoal. Cada um tem seu papel num grupo e todos eles são valorizados. Os tímidos têm um valor importante no mundo. Eles têm poder de observação diferenciado de qualquer indivíduo. Como não falam muito, viram mestres observadores. E se aprendem a falar na hora certa, o que falam certamente é um diferencial. Os tímidos também cos-

do aldeias pitorescas no trajeto até Madri. No final das 216 páginas, na condição de ex-seminarista presbiteriano que renunciou ao ministério pastoral às vésperas de se diplomar, por causa das mesmas dúvidas do protagonista comunista do romance, livro marxista que também balançou a roseira da fé do idoso padreco -, eu me senti menos ignorante em matéria de angústia existencial (**), como se tivesse recebido uma aula de filosofia de Graham Greene. Concluindo: que lindas férias desfrutei, graças à simples leitura de um Best-seller. (*) Versão ligeiramente alterada do verso de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso!” (**) Tema de crônica anterior. (*) Fernando Pinto é jornalista e escritor

tumam ser pessoas sensíveis e cuidadosa, que zelam tanto pelas palavras porque sabem o poder que elas têm. Isso é a sabedoria que falta muitas vezes aos verborrágicos. Eles têm também a sensibilidade que falta para que o mundo possa ser melhor. O tímido só precisa se trabalhar para que não deixe de alcançar suas realizações por excesso de zelo. Quando timidez é uma característica de personalidade, não é possível mudar, mas sim aceitar. Parar de ver isso como um problema. Toda personalidade tem seus pontos fortes e seus pontos fracos. E em todas elas precisamos valorizar e explorar o lado positivo e trabalhar o negativo para que não nos atrapalhe. Valorizar as diferenças, aceitá-las e ser quem somos é sempre o melhor caminho do sucesso.

(*) Psicóloga, psicodramatista, terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR.

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or incrível que possa parecer, em pleno Século 21 ainda existe a interferência dos pais na escolha da profissão dos filhos e, geralmente, apenas por razões financeiras. Esses pais não têm ideia do mal que fazem. Cada pessoa vem à terra com uma programação existencial gravada no superconsciente. A programação é a razão da vocação. Programação não executada ou executada parcialmente é motivo de tédio, insatisfação, péssimo profissionalismo e depressão. O exercício da profissão faz parte da educação da alma; não é apenas um meio para se adquirir dinheiro, poder ou status. ao educar, o professor se educa; ao curar, o médico se cura; ao julgar, o juiz se julga. Entendendo o drama do outro, o psicó-

Vocação – Não atrapalhe seu filho logo entende o seu próprio drama. Quando cria, o artista (arquiteto, cabeleireiro, dançarino, pintor, escultor, poeta, escritor etc.) desenvolve o sentido do belo. “A vida é um mistério para ser vivido”, ensinou o mestre indiano Osho. A psicóloga americana Hellen Von

Bach, autora do livro Life Before Life, provou, por meio de regressão de memória em centenas de pacientes, que nascemos com uma programação chamada pelos Mestres do Oriente de “Lenda Pessoal”. “Você não nasce por acaso. Nasce por uma causa”. O mestre indiano Yogananda, nas-

omida de Verdade: esse é o nome de um programa bem interessante no Youtube em que a apresentadora Rita Lobo faz algumas orientações com a presença, muitas vezes, de pesquisadores ilustres na área da alimentação e nutrição no Brasil. Na aula 6 do programa, por exemplo, o convidado foi o professor Carlos Monteiro, epidemiologista renomado. Ele foi o primeiro a estudar a fundo o processo de transição nutricional pelo qual nossa população passou, e que hoje é evidenciado pelo crescente aumento da obesidade entre adultos e crianças. No programa, o professor Monteiro falou sobre estratégias para cuidarmos da alimentação da fa-

MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poder de segunda a sábado das 8h às 10h

Rádio Bandeirantes - AM 1.410 Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610 www.opovoeopoder.com.br

Caroline Romeiro

Comida de verdade mília. Uma coisa importante que ele comentou foi que as tarefas de casa precisam ser compartilhadas, inclusive com as crianças. De acordo com a idade, a complexidade das tarefas vai sendo alterada.

Muitas vezes, o problema relatado pelas famílias para não se adotar hábitos alimentares saudáveis é a vida agitada moderna. Erroneamente muitos acreditam que para se ter uma alimentação saudável

cido e criado na Índia e depois radicado nos Estados Unidos, informa em seu excelente livro Autobiografia de um Yogue, que sempre sonhou com uma cidade, e quando chegou em Los Ângeles, constatou que era a cidade dos seus sonhos. Muitos falam de suas vocações desde a infância. Alguns que tiveram a profissão imposta pelos pais, em algum momento rebelam-se e vão fazer os cursos de sua escolha na maturidade. Chico Xavier conheceu um espírito se preparando para vir à terra na área do câncer e o encontrou reencarnado num hospital de Belo Horizonte 30 anos depois como médico cancerologista. Questionado sobre ser padre, Dom Helder Câmara respondeu: se voltasse à terra seria padre novamente. Isso é vocação.

e equilibrada seria necessário voltar no tempo e comer como nossos avós. Na verdade, precisamos entender a nova conjuntura familiar. Dessa forma, a divisão de tarefas não sobrecarregará ninguém, sobretudo as mulheres, sempre vistas como as únicas responsáveis pela comida de casa, mas que hoje em dia trabalham fora de casa tanto quanto os homens. Escolher receitas, montar cardápio, fazer as compras, preparar as refeições, são tarefas que devem ser compartilhadas em casa. As crianças podem ajudar no preparo da mesa e, com o passar dos anos, na elaboração das preparações. Dessa forma, estimulamos nelas o interesse pelos alimentos.

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