Ano VII - 326
Caroline Romeiro
Português para dois concursos
Proteína demais pode matar?
Veja como gabaritar provas do TST e CLDF
Debate ressurge após morte de atleta australiana
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Elias Santana
Brasília, 26 de agosto a 1º de setembro de 2017
JBS DESVIA ATÉ ÁGUA
GUSTAVO GOES
Desvio feito pela empresa numa nascente e em dois afluentes do Córrego Samambaia deixa sem abastecimento pequenos produtores rurais em plena crise hídrica no DF. Adasa informa ao Brasília Capital que não autorizou alterações feitas pelo frigorífico Página 8
Desembargador proíbe GDF de parcelar salários de servidores Liminar do TJDFT suspende medida anunciada pelo governador Rollemberg Pelaí - Página 3
Justiça impede carro nas faixas de ônibus Página 7
Funerárias enterram a ética para ter lucro Página 9
Caseiro descobriu irregularidade ao procurar problemas na tubulação. Seca castiga o gado
Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
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A R T I G O
x p e d i e n t e
Uma luta de toda a sociedade Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 99139-3991 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Impressão Gráfica Jornal Brasília Agora Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). C-8 LOTE 27 SALA 4B, TAGUATINGA-DF - CEP 72010-080 - Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com - www.bsbcapital.com.br - www. brasiliacapital.net.br
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Chico Vigilante (*)
A luta contra o cartel dos combustíveis remonta a 2004, quando da realização da CPI dos Combustíveis, no âmbito da Câmara Legislativa. O relatório final, de minha autoria, comprovava a existência de cartel no Distrito Federal. A ação na CPI resultou no indiciamento de 21 pessoas de diversos grupos econômicos, dentre eles, das redes Gasol e Gasolline, por exemplo. Também resultou em multa de R$ 50 milhões aplicada pelo Tribunal de Contas da União à Rede Gasol. Posteriormente, o mesmo grupo recorreu ao próprio TCU, que retirou a multa. No fim, apesar de toda a robustez do relatório da CPI, a Justiça não aceitou a denúncia. No entanto, para o bem do consumidor brasiliense, treze anos depois, a Operação Dubai conseguiu desarticular o cartel. E, nos desdobramentos dessa bem-sucedida operação, as mesmas pessoas poupadas ao fim da CPI dos Combustíveis, foram, enfim, indiciadas. Durante o período de mais de um ano em que se desenrolaram as ações da operação, o consumi-
C
nFim dos comissionados Faca de dois gumes. Tirando os apadrinhados e puxa-sacos, esse tipo de contratação permite ao governo contratar gente qualificada e operante que tem que dar o melhor, senão é demitida. Por outro lado, atualmente só entra no serviço público concurseiro sem a mínima aptidão para a função. E o pior, com estabilida-
de plena. Então muito cuidado nessa hora. Sérgio Luís Henriques, via WhatsApp Não acredito que o fim dos cargos comissionados seja a solução para a melhoria dos serviços públicos, mas sim, termos gestores competentes no setor, inclusive com concursados comprometidos nas funções que exercem! João Moura, via WhatsApp
“Com a nova política de preços praticada pela Petrobras, de seguir o mercado internacional, o cartel voltou a se reagrupar e a explorar a população, novamente. Não há explicação plausível para que o preço da gasolina atinja o patamar de R$ 4” dor do Distrito Federal pôde experimentar a concorrência pelo preço mais baixo. Já era até comum nos outdoors da cidade, a visualização de anúncios do preço do combustível. No entanto, com a nova política de preços praticada pela Petrobras, de seguir o mercado internacional, o cartel voltou a se reagrupar e a explorar a população, novamente. Não há explicação plausível para que o preço da gasolina atinja o patamar de R$ 4.
Recordo-me que, na época da CPI, quando o preço da gasolina baixou, houve deflação no DF. O mesmo ocorreu após a Operação Dubai. Com esses aumentos absurdos e sucessivos, a inflação voltará a crescer em Brasília. Há, atualmente, cerca de 15 ações coordenadas pelo Cade e Polícia Federal para trazer competitividade, e espero que tais ações tenham um breve desfecho. É urgente que a Justiça determine, como estabelece o acordo de compliance firmado com o Cade, a venda de postos de combustível da Rede Gasol, especialmente nos eixinhos, como forma de equilibrar a concorrência na comercialização dos combustíveis em Brasília. A população de Brasília pode ter certeza de uma coisa: eu não vou, em hipótese nenhuma, esmorecer. Ao contrário, seguirei firme com o propósito de extirparmos, para sempre, esse cartel. A luta contra grupos poderosos deve ser incessante e envolver toda a sociedade. (*) Deputado distrital pelo PT-DF
a r t a s
Sobre a manchete “Servidores querem o fim dos comissionados”, da edição 325 nTempo Bom demais... Já pode ir embora, calor. Rômulo Cardoso, via Facebook Tá explicado o friozinho que passamos sábado à noite! Volta frio! Karolina Almeida, via Facebook Reações à notícia de que ventos vindos do Oceano
Atlântico chegam ao DF provocando frio. nImóveis funcionais É só mamata nesse Brasil. Raiva de quem ainda vem com argumentos sobre isso. Intolerável. Kellen Lima, via Facebook Governo? Ou nós que estamos pagando impostos altíssimos para não ter retorno nas áreas necessárias? Valdelina Soares Neves,
via Facebook Tem de acabar com imóveis funcionais nos três Poderes. E também com as residências oficiais para presidentes da Câmara e do Senado. Gastos inúteis. Hélio Doyle, via Twitter Sobre a matéria mostrando a ocupação de apartamentos funcionais por quem não trabalha mais no serviço público.
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x-craque da Seleção Brasileira, Ronaldinho Gaúcho quer reforçar a bancada da bola no Congresso Nacional. Ele pretende concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado pelo DF. Já tem até partido: o Podemos, do amigo pessoal Romário (RJ). A informação é do Diário do Poder. Como a legislação determina que o candidato comprove o domicílio eleitoral até um ano antes da eleição, Ronaldinho procura uma casa no Lago Sul, o mais próximo possível do Baixinho. O presidente do Podemos-DF, distrital Rodrigo Delmasso, diz que “o reforço será bem-vindo”.
Parcelamento suspenso
Ligeirinho
Decisão liminar do desembargador José Divino de Oliveira, do TJDFT, no final da tarde de sexta-feira (25), em ação protocolada pelo Sindser, suspendeu o parcelamento de salários determinado pelo Governo de Brasília. Assim, todos os 200.779 funcionários receberão integralmente seus proventos de agosto no quinto dia útil de setembro.
Chegou ao TRF da 4ª Região, em Porto Alegre, a ação contra o ex-presidente Lula no caso do triplex no Guarujá. Foi o trâmite mais rápido (42 dias) entre todas as apelações da Lava Jato com origem em Curitiba. A média dos demais casos foi de 96 dias. O ritmo acelerado sinaliza a intenção dos juízes em correr para interferir no processo político, numa manobra para tirar o petista das eleições de 2018, em que é líder em todas as pesquisas de intenção de voto.
CAIXA - Alegando problemas de caixa, o governador Rodrigo Rollemberg anunciou na terça-feira (22) que os 44.953 servidores (22% da categoria) que ganham mais de R$ 7,5 mil receberiam o salário em duas parcelas (80% no quinto dia útil e os 20% restantes, dez dias depois). TUDO PODE MUDAR – A alternativa presentada pelo governo para evitar a medida seria a Câmara Legislativa aprovar até terça-feira (29) o novo sistema de aposentadorias. A proposta é unificar os dois fundos existentes – o dos beneficiários que ingressaram até 2007 (que é deficitário) com o grupo de 150 contratados a partir de 2006, que tem um superávit de R$ 3,7 bilhões no caixa do Iprev. INCOMPETÊNCIA – Os principais sindicatos de servidores e a oposição não aceitam a medida. Em nota, a presidente do PT-DF, deputada Érika Kokay, afirma que tudo não de passa de falta de competência do governador. COMPENSAÇÃO – Na quarta-feira (23), o ministro Roberto Barroso, do STF, autorizou o abatimento de R$ 40 milhõespor mês da dívida de R$ 791 milhões da União com o DF. Mas o não considera suficiente para evitar o parcelamento dos salários e insiste no uso das reservas do Iprev.
IHBDF O governador Rodrigo Rollemberg foi alertado por aliados sobre a história recente de episódios de desvios e malfeitos por gestores da saúde pública que também possuíam interesses em empresas privadas do setor. Muitos deles são hoje alvos de ações na Justiça. Mesmo assim, o chefe do Executivo mantém a ordem de acelerar a implantação do Instituto Hospital de Base do DF...
Concurso Após o lançamento do edital na segunda-feira (21) para preenchimento de 86 vagas na Câmara Legislativa, o Ministério Público de Contas recomendou a suspensão do concurso. O MPC afirma que a escolha, sem licitação, da Fundação Carlos Chagas, organizadora do evento, tem indícios de “violação aos princípios da transparência e isonomia”.
Energia mais cara A Eletrobrás nas mãos da iniciativa privada provocará reajuste de mais de 10% nas contas de energia elétrica para consumidores residenciais. As simulações foram feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Estabelecer um novo regime comercial em que o preço será estabelecido livremente tem um efeito perverso sobre o custo da energia suportado por esses consumidores”, aponta a agência, em relatório divulgado quinta-feira (24). “A eventual descontratação da energia proveniente das cotas causará impacto significativo às tarifas”, destaca o documento. PACOTE – O governo federal anunciou o pacote de 57 privatizações na quarta-feira (23). A desestatização atinge 18 aeroportos – incluindo as participações da Infraero nas concessionárias que administram os terminais de Brasília, Cofins, Galeão e Guarulhos –, 16 terminais portuários, duas rodovias e 16 concessões de energia elétrica.
Quebradeira suspeita O Fundo de Assistência à Saúde dos funcionários da Câmara Legislativa (Fascal) encaminhou correspondência para cerca de 30 associados “optantes” dando prazo de 60 dias para que procurem outro plano de saúde. Alega, entre outras coisas, falta de recursos para bancar as despesas para a manutenção daquelas pessoas em seus quadros. PERGUNTA – Paradoxalmente, a Mesa Diretora da Casa aprovou uma reformulação no Fascal que provocará despesa extra de R$ 10,2 milhões até o final de 2018. O objetivo é ampliar a rede de atendimento aos parlamentares e funcionários. Cabe a pergunta: como o Fascal não tem condições de manter 30 associados e seus dependentes, mas quer aumentar a assistência aos deputados distritais e demais mil e tantos associados?
VICE – Enquanto isso, Lula incrementa sua pré-campanha numa caravana pelo Nordeste e já especula até em seu vice: o empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, que morreu em 2011. Em 2014, Josué concorreu ao Senado pelo PMDB-MG. Ele migraria para o PR.
Vaquinha do Agnelo Alegando dificuldades financeiras para pagar advogados, o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) está organizando um jantar com amigos, no dia 17 de setembro, para arrecadar dinheiro. Os amigos dele terão de desembolsar R$ 300.
Frente A Frente em Defesa do Serviço Público será lançada dia 5 de setembro. “Pensamos em uma frente que vá além do movimento sindical. Precisamos defender o serviço público, ameaçado com a política de Estado mínimo dos governos Rollemberg e Temer”, diz a diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa.
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odo ano no Brasil, tão certo quanto o Carnaval e o especial de fim de ano do Roberto Carlos, uma nova proposta de reforma política é discutida no Congresso. O dissenso em relação ao tema normalmente impede a aprovação de mudanças substanciais no sistema político. Contudo, o conturbado processo de impeachment, os crescentes escândalos de corrupção, a grande insatisfação popular com a classe política e a tímida retomada do crescimento econômico, podem abrir caminho para a realização de mudanças concretas. Faltando pouco mais de um ano para as eleições, os parlamentares precisam correr contra o relógio para aprovar uma reforma política a tempo de as novas regras entrarem em vigor já no próximo pleito. Os principais pontos de convergência entre governistas e opo-
REFORMA POLÍTICA
Mudar para continuar com está? Lucas Fernandes (*)
sição é a preocupação com o financiamento de campanha e a mudança do sistema eleitoral. Em 2018, pela primeira vez em um pleito nacional, as empresas privadas não poderão fazer doações – essa regra já valeu para as eleições municipais de 2016 e reduziu os gastos declarados em 2/3. Como alternativa para a escassez de recursos, foi proposta a criação de um Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que contaria com um valor estimado em R$ 3,6 bilhões em 2018. Temendo a forte rejeição da opinião pública, o montante bilionário foi rejeitado em plenário. Um novo
O ponto mais polêmico da reforma é a substituição nas eleições para deputado e vereadores do sistema proporcional com lista aberta pelo Distritão valor deve ser definido até o final do ano, durante as discussões da Lei Orçamentária. Já o ponto mais polêmico da reforma é a substituição nas eleições para deputado e vereadores do sistema proporcional
com lista aberta pelo Distritão, onde não se vota nos partidos e apenas os candidatos mais votados são eleitos. À primeira vista, esse modelo pode parecer uma melhor opção, já que simplifica o processo eleitoral, acabando com as coligações e os puxadores de voto. Contudo, observando mais a fundo, é possível identificar uma série de problemas presentes nesse sistema, como o estímulo ao personalismo, a menor renovação do parlamento e o “desperdício” de votos, fazendo com que partidos bem votados tenham poucos representantes no Congresso.
Pelo lado positivo, vale destacar o sistema distrital misto, onde o eleitor possui dois votos – um no candidato e outro no partido/coligação – metade das vagas é preenchida pelo sistema proporcional de lista fechada e outra metade por distritos divididos de acordo com a população. Apesar de ser um modelo complexo, melhora a prestação de contas entre representantes e representados e atende aos interesses regionais e gerais. Se, por um lado, as mudanças são necessárias para oxigenar o cenário político do País e implementar normas mais afinadas com a realidade brasileira, por outro, dá margem para a adoção de práticas menos pluralistas e que reproduzam, ou até mesmo ampliem, os vícios presentes no atual modelo político.
(*) Consultor de Análise Política e Assuntos Legislativos da Barral M Jorge
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Canetada de Rollemberg ameaça o Iprev
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mediatamente após o Sindicato dos Professores no Distrito Federal tomar conhecimento do envio do projeto de lei do Executivo que põe em risco as aposentadorias dos servidores públicos do GDF, diretores do Sinpro foram para a Câmara Legislativa na quarta-feira (23) para cobrar dos deputados distritais a sua responsabilidade para com o servidor público e com Brasília. O PL de Rollemberg (PSB) provoca uma mudança na estrutura e no conceito da Previdência do funcionalismo, alterando de maneira drástica o Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev). Durante a ação, o Sinpro teve o compromisso de vá-
DIVULGAÇÃO / SINPRO – DF
Sinpro reúne-se com colégio de líderes da Câmara e cobra derrubada de vetos ao reajuste salarial
rios parlamentares, inclusive da presidência da CLDF, de que não apreciariam o projeto de lei sem antes haver um amplo debate, que
inclusive já se iniciou, com vários sindicatos. AUTORITÁRIO – O Governo de Brasília age de forma auto-
ritária e desrespeitosa para com a população do DF ao não discutir o projeto com representantes dos servidores e com os próprios dis-
tritais. Não é a primeira vez que o GDF busca a alternativa mais fácil, porém de grande ameaça aos servidores, que é a retirada do Iprev, repetindo o que foi feito em anos anteriores. O Sinpro condena veementemente a atitude do governo neoliberal de Rollemberg, que usa como chantagem o parcelamento salarial para criar uma situação perversa e justificar a retirada de direitos do funcionalismo. Todos os servidores devem permanecer em estado de alerta máximo. Somente com unidade e participação do funcionalismo público a vitória virá, como já aconteceu no passado, com as investidas de políticos de plantão que usam o cargo para mercantilizar e privatizar serviços públicos e direitos sociais.
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Guerra à burocracia Empresários dão a Rollemberg receita para destravar a economia do DF
O
governador Rodrigo Rollemberg solicitou diversos estudos às áreas técnicas do GDF para responder a uma lista de doze reivindicações apresentadas durante encontro no Palácio do Buriti pelo grupo “Empresários em Ação” e o “Movimento Destrava Brasília”. No documento entregue ao chefe do Executivo, o setor produtivo identifica dificuldades nas relações com a Caesb, Agefis, Instituto Brasília Ambiental, CEB, Central de Análise de Projetos (CAP) e Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth). “Esses setores, muitas vezes, atuam de forma isolada, sem compartilhamento de informações e isso prejudica o desenvolvimento da economia”, afirmou o presi-
SINDIVAREJISTA
Édson de Castro, Janine Brito e Rollemberg debatem medidas para incrementar a economia do DF
dente do Sindivarejista, Édson de Castro. Segundo ele, a pauta entregue a Rollemberg visa dinamizar a economia local, mediante a ge-
ração de empregos e renda. “O DF tem hoje 360 mil desempregados e pelo menos 77 postos de gasolina e outros estabelecimentos fe-
chados por falta de licença governamental”, exemplificou Édson de Castro. Ele considera que o GDF deve reduzir a excessiva buro-
cracia “que impede a abertura de empresas de diversos segmentos”. Os empresários pedem ao governador a criação do Simplifica Pessoa Jurídica, que poderá ajudar os pequenos e médios empresários a regularizar suas empresas; a normatização do Pró-DF, visando fomentar a atividade empresarial e o prolongamento do horário de funcionamento do metrô aos domingos – até as 22h para facilitar o transporte de funcionários de lojas de shoppings e consumidores. Também foi solicitado o “combate eficaz” às feiras itinerantes e aos ambulantes “que invadem inclusive as imediações de shoppings, numa concorrência desleal com o comércio estabelecido que recolhe impostos”.
Erika Kokay pede saída de Rollemberg do Buriti A presidente do PT-DF, deputada federal Érika Kokay (foto), ocupou a tribuna da Câmara na terça-feira (22) para dizer que a solução para os problemas do Distrito Federal é o afastamento de Rodrigo Rollemberg (PSB) do cargo de governador. Ela registrou sua postura diante do que chama de incompetência do governador para solucionar os problemas que atormentam a população, citando o parcelamento de salários dos servidores locais como “a gota d’água”: “Já são quase três anos de ausência de governo no DF. Por
isso, Rollemberg deveria sair do Palácio do Buriti e deixar Brasília para o povo que aqui mora” Érika fez um histórico do que considerafalência total do governo Rollemberg. “A crise que o País vivencia com congelamento de gastos e desmonte das políticas públicas nós vivenciamos também aqui no DF. Temos o Hospital do Paranoá, que foi interditado pelo
Conselho Federal de Medicina; e o Hospital de Base (o maior de Brasília), que está sendo descaracterizado por um processo de transformação em Instituto, que vai prescindir de licitação e de concurso público”, disse. “O HBB está com quatro serviços essenciais – inclusive o atendimento oncológico – absolutamente inabilitados”, emendou.
DEVOLUÇÃO – “Nós temos recursos do SAMU que estão sendo devolvidos ao Ministério da Saúde porque o GDF não tem competência para implementá-los. Temos racionamento de salários e racionamento de água, coisas que nunca existiram no DF, expressões contundentes da incompetência e do desprezo do governador com o povo de Brasília”, bradou. “Estamos vivenciando a destruição da capital da República pelo governo Rollemberg, que se diz da geração Brasília”. E questionou: “Geração Bra-
sília? Com tamanho desprezo pelo povo desta cidade, elegendo como inimigos os servidores públicos, repetindo como ventríloquo ou sabujo o próprio discurso de Michel Temer, que diz que os inimigos da Nação são os servidores públicos?”. A deputada afirmou que deveriam ser cobrados os cerca de R$ 1 bilhão que a União tem de dívidas previdenciárias com o DF. “Mas o governador se submete a Michel Temer (...). Prefere parcelar os salários dos servidores e jogar a culpa no governo passado”, acentuou a petista.
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Faixas voltam a ser exclusivas para ônibus A partir de segunda-feira (28), os motoristas que circularem nas vias destinadas ao transporte coletivo voltarão a ser multados. A vigência da lei distrital que permite o trânsito de carros nas faixas exclusivas de ônibus fora do horário de pico está suspensa por liminar do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). A proibição vigorará até a análise do mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada pela Procuradoria- Geral do DF, que alega que a permissão afronta diversos artigos da Lei Orgânica do DF, fazendo alterações em matéria de competência exclusiva da União de legislar sobre trânsito. E, ainda, que apenas o governador poderia fazer este tipo de regulamentação. De acordo com a Procuradoria, a norma legislativa estaria causando prejuízos à prestação adequada do serviço público de transporte coletivo e prejuízo financeiro de cerca de R$ 10 milhões por ano. Para os desembargadores, os argumentos do DF levantam indícios de que a lei ofende o princípio constitucional da reserva da administração. Os desembargadores entenderam também que a lei, de autoria da deputada Celina Leão (PPS/foto), usurpa a competência privativa do governador para legislar sobre atribuições das secretarias de governo, órgãos e entidades da administração pública, e promove ingerência indevida, ao estabelecer providências a serem tomadas pelo poder público. A decisão colegiada, toma-
da na terça-feira (22), foi unânime, e tem efeitos até o julgamento do mérito da ADIn. CRIME – Celina Leão qualifica o argumento do GDF de “até criminoso”, ao apontar como “algo surreal” alegar prejuízo por causa da diminuição na aplicação de multas. Apesar da unanimidade da decisão liminar, a deputada frisa que o tribunal só agiu porque foi provocado pelo governo. Sobre o entendimento de que apenas a União ou o governador podem decidir a respeito da questão, responde que o “argumento é muito fraco”. Para a deputada, a lei é constitucional porque se trata somente de sinalização no trânsito. Por isso, entende, não existe inconstitucionalidade no texto aprovado pela Câmara Legislativa. A respeito dos benefícios, Celina diz não ter nenhuma dúvida: “O trânsito flui muito melhor”. Como exemplo, cita a EPTG, perguntando: “há algo mais criminoso do que essa via?”. Na avaliação dela, o governador está de olho na arrecadação com as multas e não quis esperar o TJDFT julgar a ADIn. E lamenta a insegurança jurídica provocada pelo GDF. Ela acredita que pode sair vitoriosa mais uma vez. Exemplifica citando a polêmica em torno das placas indicando os radares fixos (pardais). A lei obrigando a afixação dessas placas passou por questionamento na Justiça. O mesmo deve acontecer com o trânsito de automóveis fora de horários de picos nas faixas exclusivas para ônibus.
PRESSIONE O CONGRESSO NACIONAL EM DEFESA DOS SEUS DIREITOS
ACESSE NAPRESSAO.ORG.BR
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JBS desvia nascente em Samambaia
Obra do frigorífico deixa propriedades rurais sem água. Adasa afirma que empresa não tem autorização para o serviço
FOTOS: GUSTAVO GOES
Gustavo Goes
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m plena crise hídrica na capital da República, pequenos produtores rurais de Samambaia acusam a JBS de desviar o curso da água de uma nascente e dois afluentes do Córrego Samambaia. A intervenção provocou o desabastecimento em várias propriedades onde predomina a atividade agropecuária e prejudicou o ecossistema local. O frigorífico, no entanto, afirma que a captação acontece há 20 anos e que tem amparo legal. Mas a Agência Reguladora de Água e Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) respondeu ao Brasília Capital que a empresa não possui outorga para retirar água do córrego Os fazendeiros garantem que a captação é irregular. O caseiro Álvaro Francisco, de 54 anos, trabalha há seis anos no Sítio do Mineiro, a menos de um quilômetro da fábrica da JBS. Ele aponta para o indicador do nível da represa – abastecida pela nascente – e diz que o prejuízo nos negócios de seu patrão é real. “Pensei que fosse algum problema na tubulação e fui atrás para descobrir. E vi que havia uma mudança no curso da nascente. Dividíamos o fluxo da água, mas agora não sobra mais nada pra gente”, disse. Álvaro é responsável pela criação de 100 cabeças de gado no terreno, além de porcos e galinhas. Com o desabastecimento, segundo ele, os animais podem estar com os dias contados. “A fazenda
salão principal, além de criar peixes. Entretanto, com a estiagem e o desabastecimento, “nem com reza” consegue cumprir as tarefas. “Eu molhava a grama duas vezes por dia. Agora, só dá para fazer isso durante 10 minutos a cada dia. Tenho que desligar o registro de hora em hora porque se não tiver água para captar e o registro estiver ligado, ele queima. Isso dificulta também a criação de peixes”, disse Paulo, que mora na fazenda com a esposa e dois filhos.
A criação de animais e o ecossistema estão comprometidos com a intervenção do frigorífico no curso da nascente
tem mais de 45 anos e nunca havia acontecido isso. Eles afirmam que têm outorga do governo, mas nunca apresentaram nada pra gente”. AGRICULTURA – Afirmando ser uma “briga de cachorros grandes”, um produtor da região preferiu preservar sua identidade, por medo de represálias. Ele planta mandioca e milho e tem mais de 200 bois. “O córrego está quase seco. Isso impacta diretamente a nossa produção. “Fui informado de que a JBS estava desviando o córrego por meio de um rego, para usar a água na fábrica. Teria
“Pensei que fosse problema na tubulação e fui atrás para descobrir. E vi que havia uma mudança no curso da nascente” Álvaro Francisco Caseiro
que abrir um processo administrativo para que um acordo seja firmado e todos possam se beneficiar da água do córrego. Foi solicitada uma vistoria da agência e estamos aguardando uma solução”, disse o fazendeiro. GRAMADO – Quem cuida da fazenda vizinha, pertencente à Igreja Adventista do Sétimo Dia, é o caseiro Paulo Alves, de 40 anos. Como o complexo de lazer só recebe visitas aos fins de semana, sua principal missão nos dias úteis é cuidar do gramado entre o auditório, o campo de futebol e o
JBS – A reportagem do Brasília Capital foi até à fábrica da JBS, onde um funcionário, apontado por um recepcionista como engenheiro ambiental, informou que a captação é feita há 20 anos com autorização de órgãos ambientais. Segundo outro funcionário, a Polícia Militar Ambiental vistoriou o local e não constatou nenhuma irregularidade. Ele preferiu não se identificar e afirmou que “há uma perseguição contra o frigorífico” desde as investigações feitas pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Carne Fraca. ADASA – A assessoria de comunicação da Adasa informou que não foi encontrada nenhuma outorga em nome da JBS no córrego de Samambaia. “Existe uma fiscalização a ser programada para ocorrer no local decorrente de denúncia recebida durante esta semana. A captação em nascente é permitida, desde que atenda aos requisitos de finalidade do uso da água previstos em Lei”, diz a nota.
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DF vive epidemia de ausência do Estado Ironia ou não, foi um dos pioneiros do humorismo político, Apparício Torelly, o Barão de Itararé, quem escreveu a seguinte frase: “de onde menos se espera é que não sai nada”. E, mesmo sem a certeza de que o governador Rodrigo Rollemberg seja, talvez, um grande fã do jornalista e escritor, me arrisco a dizer que a frase é um dos mantras no alto escalão do Buriti. Nós, servidores, e também a população, não esperamos mais nada do atual governo. E, de lá, nada sai. A não ser que seja em benefício próprio: como o desmonte da saúde e, como suposta consequência, a privatização do SUS-DF. O primeiro passo do Programa de Governo Não OfiDr. Gutemberg, cial de Rollemberg presidente do Sindicato dos e sua equipe foi Médicos do DF e advogado
Gustavo Goes
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marido da auxiliar de serviços gerais Gleciane Martins, 31 anos, Luís Paulo de Oliveira, 43 anos, morreu de problemas no fígado, dia 1º de julho, no Hospital de Samambaia. Em choque, a família ganhou a solidariedade do amigo Manoel Costa, 31 anos, para as providências do funeral. Porém, antes de chegar ao HRS para fazer o reconhecimento do morto, Manoel recebeu um telefonema da viúva avisando que o corpo havia sido levado pela Funerária Renascer. A remoção foi autorizada por Gleciane após ser abordada por um funcionário da empresa – o que é ilegal. Mas ela se confundiu, pois Manoel já havia contratado o serviço da Funerária Santo Antônio. Este tipo de confusão é muito comum. A concorrência entre os agentes funerários é grande, e nem sempre dentro
abandonar todo e qualquer investimento nas unidades de Saúde do DF. Hospitais, UPAs e centros de saúde: todos sem insumos básicos, medicamentos, com déficit de profissionais e extensas filas para atendimento. Talvez seja por isso, quem sabe, que alguns gestores estão abandonando seus cargos. Não aguentam a pressão do “nada”. Não suportam a regra do “desmonte”. Mas, entenderam (alguns deles) que o objetivo final é lucrar em cima de toda essa inércia. O “arranjo jurídico” chamado Instituto Hospital de Base (IHBDF) é prova disso. Enquanto, efetivamente, o governo não pode transformar o Hospital de Base em
de padrões legais e éticos. Vários profissionais – os “papa-defuntos” – se aproveitam do momento de fragilidade dos familiares para explorá-los. Segundo empresários ouvidos pelo Brasília Capital, a falta de licitação para a prestação do serviço, regido pelo poder público, permite que as irregularidades predominem. A Secretaria de Justiça e Cidadania afirma que não há previsão para licitação. Com isso, 66 funerárias atuam por meio de Termo de Ajustamento de Conduta, re-
todo o Distrito Federal. Agora, ele confirma o escalonamento de salários. O que fez, no entanto, para evitá-lo? Nada. Também anuncia o corte de R$ 500 milhões do orçamento de 2017: com certeza, porém, sem incluir os gastos com publicidade. Alguma dúvida? Foram R$ 20 milhões em propaganda no primeiro trimestre deste ano. Afinal de contas, haja marketing para convencer a população de que Brasília está “no rumo certo”. Mas, como diria também Barão de Itararé, o provável escritor preferido do governador, “tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.”
DIVULGAÇÃO
Exploração da dor No momento mais difícil, parentes são abordados por “papa-defuntos” em busca de lucro. Procedimento é crime
instituto, já que existem leis e normas para isso, o abandono da unidade fica mais evidente a cada dia. Pelo menos quatro serviços foram suspensos no maior hospital do DF, entre cirurgias cardíacas de alta complexidade e tratamentos oncológicos. E os problemas não param. Há também o déficit de profissionais, o bloqueio de leitos, a falta de medicamentos e muito mais. O HBDF é, hoje, o resumo do “nada” de Rollemberg. E, por isso mesmo, deve sustentar a narrativa de que é preciso privatizar. E assim ele segue o plano sem nada ter feito nos últimos dois anos e oito meses de governo, Rollemberg assiste, provavelmente sentado, ao caos se espalhar por
administra os seis cemitérios do Distrito Federal.
No meio da rua, é feita a transferência de cadáver
novado anualmente. INVESTIGAÇÃO – No caso do sepultamento de Luís Paulo, o amigo Manoel explicou à Renascer que o procedimento seria feito pela Santo Antônio. A família acionou a empresa contratada, que entrou em contato com a concorrente. A Renascer deixou o corpo numa clínica no Setor P Sul, em Ceilândia, onde a Santo Antônio foi buscá-lo. Mas a Renascer ainda cobrou uma “taxa de translado”. A Organização de Luto Re-
nascer afirmou que o trabalho da funerária é pautado em preceitos éticos e que vai processar o denunciante por falta de provas. Mas, admite que a prática é comum no setor. O sofrimento dos parentes de Luís Paulo já foi experimentado por muitas famílias brasilienses. De maio a agosto, 23 denúncias foram protocoladas na Sejus. Há, inclusive, investigações no Ministério Público sobre a possível participação de funcionários de cartórios, SAMU e da Campo da Esperança, que
DRIBLE - Em 21 de julho último, outra ilegalidade foi vista em Taguatinga, na CNC 4, local de concentração de empresas funerárias. A transferência de um cadáver foi feita no meio da rua – proibido por lei – entre uma funerária licenciada e uma não licenciada, a Pax Jardim. O Brasília Capital pediu à Pax Jardim o orçamento de um sepultamento. O agente Lincoln informou que o serviço básico custa R$ 1.800. No site OLX, a Pax Brasília, outra não licenciada, ofereceu o serviço básico por R$ 1.300, incluindo higienização e registro de morte no cartório. A funerária sem licença São Miguel Arcanjo oferece o serviço, no mesmo site, com o slogan: “No momento da dor se faz necessário pessoas capacitadas e éticas para auxiliar nos trâmites legais e nos serviços fúnebres”.
Brasília Capital n Geral n 10 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
SindSaúde denuncia “balcão de negócios” no IHBDF Por Chico Sant’Anna
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omeçam a ser conhecidos os nomes dos gestores do Instituto Hospital de Base - IHBDF, o órgão criado pelo GDF para administrar o Hospital de Base. Eles foram publicados no Diário Oficial do DF. Embora a maioria seja servidores públicos, alguns têm em comum o fato de possuir vínculos com empresas privadas que atuam no setor de Saúde. O SindSaúde, em texto publicado em seu portal intitulado “Balcão de Negócios no IHBDF”, afirma que “alguns (dos nomeados) são donos de empresas ligadas a serviços de saúde”. E relaciona na denúncia os seguintes gestores: Ismael Alexandrino, futuro-diretor geral do instituto, possuiria vínculo com a Exame Medicina Diagnóstico; Rodrigo Caselli, nomeado diretor de Atenção à Saúde, seria sócio da EMS Consultoria e Treinamento em Emergência e da Climed, que atuam na atenção à saúde e de medicina ambulatorial, respectivamente; Lourdes Cabral, seria dona de uma empresa privada denominada Associação Mães em Movimento (AMEM-DF), voltada para a área social. Eduardo Luiz da Silva, nomeado para o cargo de assessor, seria sócio das empresas Triangeli Clínica de Ginecologia e Obstetrícia Ltda. e Angio – Clínica de Angiologia e Cirurgia Vascular Ltda. Fernando Uzuelli, nomeado conselheiro administrativo, seria, pela denuncia do sindicato, sócio da Clima-Clínica dos Médicos Associados S/S Ltda.
Maquiagem fundiária A criatividade dos grileiros não tem limites. No Park Way, a pedido dos moradores, a PM e a Agefis tiveram que agir para que uma área pública entre as quadras 28 e 29 não fosse loteada. Os grileiros chegaram a colocar piquetes e fincaram até falsos marcos (foto) com o selo metálico do Incra. Segundo fiscais da Agefis, esse marco teria como objetivo tentar regularizar a terra com base na recém-aprovada MP 759, a chamada Medida Provisória da Grilagem. Ao fincar o marco do Incra e com apoio de documentos falsos, eles tentariam, com as novas regras, se apoderar da terra.
FREJAT E MANINHA CONDENAM – Ex-secretários de Saúde, Joffran Frejat (PR) e Maria José Maninha (PSol) condenam a opção feita pelo GDF. Frejat disse não ter dúvidas de que, à luz das experiências passadas vivenciadas pela Secretaria de Saúde, a designação de gestores com laços com a iniciativa privada é no mínimo temerária. Maninha afirma que depois da opção de privatização da saúde, essa é mais uma “fórmula mirabolante” inventada pelo GDF para a gestão pública. Ela acha fundamental que sejam criados dispositivos impedindo a dupla militância: gestor e empresário. OLHOS ABERTOS – Na visão do promotor da Defesa da Saúde, Jairo Bisol, em tese, estes vínculos são preocupantes, mas devem ser analisados um a um. “Há muita paixão e muito interesse corporativo em jogo. Há também muita deselegância no sentido balzaquiano do termo: gente atuando de forma enviesada, não querendo parecer ser o que é! Estamos de olhos bem abertos, fiscalizando essa questão”, concluiu. SERIEDADE E HONESTIDADE – Consultada, a Secretaria de Saúde assegurou que todos os nomeados são pessoas sérias e honestas, e que não há, por parte de nenhum deles, interesse empresarial em ter uma vaga na gestão do IHBDF. “As ‘ligações ocultas’, pretendidas pelo Sindsaúde, nada têm de “ocultas”. Além do que contêm desinformação. Ressalte-se que não há qualquer impeditivo legal ao servidor público no que se refere ao exercício de atividade privada fora do seu horário regular de trabalho. Além disso, a legislação veda qualquer possibilidade de vinculação de tais atividades com as do serviço público. Não há remuneração para o cargo de conselheiro. O Conselho visa justamente à maior democratização da gestão, com a participação, inclusive, de representantes da sociedade e dos servidores do hospital”, conclui a secretaria.
Agnelo, Dilma, Magela e Filippelli: inauguração de serviço que não funciona
3º aniversário de não funcionamento No dia 13 de junho de 2014, a presidente Dilma Roussef e o ex-governador Agnelo Queiroz inauguraram o serviço de transporte do BRT-Sul. A cerimônia foi na Estação Quadra 26, do Park Way. Três anos já se passaram e esta estação e outras três continuam sem funcionar. Moradores e trabalhadores do Park Way ficaram desprovidos de ônibus. Vidros blindex das estações se transformaram
em alvos para a prática de tiro-ao-alvo. Sem pegar passageiros, as estações servem de oficinas mecânicas para os ônibus e até estacionamento privilegiado. Toda essa situação foi levada pelo Conselho de Segurança do Park Way e pela Associação dos Moradores e Amigos do Córrego Mato Seco ao Ministério Público. A Procuradoria dos Direitos do Cidadão promete cobrar providências do GDF.
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Brasília Capital n Geral n 12 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
Por Odir Ribeiro FOTOS: DIVULGAÇÃO
Reguffe e Cristovam na frente A coluna teve acesso a uma pesquisa do Instituto & Exata para a sucessão de Rodrigo Rollemberg (PSB ) em 2018. O senador José Antonio Reguffe (sem partido foto) lidera a corrida ao Palácio do Buriti com 15,3%, seguido do senador Cristovam Buarque (PPS), que tem 7,3%. O atual governador aparece com apenas 2,8%. A Exata aponta que Reguffe permanece em primeiro, porém em um patamar abaixo das medições anteriores e com uma rejeição crescente.
Cristovam, Jofran Frejat (PR) e Érika Kokay (PT) mantiveram-se na mesma posição. Mas a rejeição de Érika e Cristovam é bastante elevada. Quem cresceu foi o presidente do PTB-DF e ex-deputado distrital Alírio Neto (3,3%). Ele deixou para trás o deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), empatou com o deputado federal Alberto Fraga (DEM) e ultrapassou Rollemberg.
A baixa rejeição de Alirio e seu potencial de crescimento têm apavorado os concorrentes. Reguffe declara que não será candidato. Cristovam sonha em continuar no Senado. Érika é uma incógnita. Fraga tem rejeição elevada. Neste contexto, Frejat ou Alirio poderiam ser eleitos em primeiro turno. Caso Frejat opte por concorrer ao Senado, a direita pode levar o governo e de lambuja as duas vagas ao Senado. Barba, cabelo e bigode!
UM PASSARINHO ME CONTOU ...que Rollemberg teve uma reunião com o líder do governo Agaciel Maia (PR) para buscar saídas para a crise financeira... ...que o ex-deputado federal Jofran Frejat (PR / foto) está trilhando o seu próprio caminho rumo ao Palácio do Buriti... ...que a proximidade entre o senador Cristovam Buarque (PPS) e Jofran Frejat (PR) está dando o que falar... ...que Rede, PDT e PV estão fazendo de tudo para caminharem juntos, e o Palácio do Buriti é o destino... ...que, enquanto isso, o ex-vicegovernador Tadeu Filippelli
(PMDB) observa todos os movimentos e inquéritos... ...que o ex-governador José Roberto Arruda quer saber porque Jofran Frejat não o procura... ...que em política quem tem rabo preso jamais queima o rabo alheio. E assim todos se salvam...
Editor do blog Rádio Corredor, que acompanha os bastidores da Câmara Legislativa e do Palácio do Buriti
Brasília Capital n Geral n 13 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
A graça não é de graça Pastores evangélicos, erroneamente, conceituam a graça como favor imerecido de Deus. Se isso fosse verdade, Deus seria irresponsável. A graça não é de graça. É condicional, e dada de acordo com a capacidade de bom uso e de compartilhamento com seus semelhantes. Então, temos o exemplo clássico dos dez leprosos que receberam a graça da cura por Jesus, e nove voltaram a adoecer. Não demonstraram capacidade de convi-
ver de forma digna com a saúde, a começar pela falta de gratidão demonstrada ao Mestre, quando, segundo relato bíblico, apenas um voltou para agradecer. Não basta querer algo. É preciso perguntar-se para quê. Muitos perderam a saúde dos rins ou do fígado e estão nas filas dos transplantes. Talvez, para continuar a agredir o corpo com as bebidas alcoólicas. Outros estão nos presídios sonhando com a liberdade. Provavelmente, para continuar os
Dieta hiperproteica pode matar? Há algumas semanas, uma atleta de fisiculturismo australiana faleceu por estar seguindo uma dieta hiperproteica. Se você parasse sua leitura na minha primeira frase, imagine o quão grave seria essa informação! Por quê? Já explico... Não foi a dieta hiperptoteica que levou a atleta a óbito e, sim, uma condição clínica de uma do-
ença rara que ela desconhecia ter. A dieta rica em proteína, nesse caso, foi o gatilho para desencadear uma série de problemas no metabolismo da atleta e a levou à morte. O sensacionalismo com que essa notícia foi promovida chega a ser assustador. Precisamos ter cuidado, digo, os profissionais da saúde precisam ter cuidado ao ler e passar informações de mídias
MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO
Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas
Rádio JK - AM 1.410 Ligue e participe: (61) 9 9881-3086 www.opovoeopoder.com.br
desmandos de todos os tipos. Esta é uma das humanidades mais atrasadas do universo, que não enxerga que os corpos físicos são instrumentos de aprendizagem e cumprimento de tarefas para que um dia possam atingir a condição de espíritos livres. Somos regidos por leis. E capacidade também é uma lei. Normalmente ela caminha junto com a Lei do Mérito, que manda dar a cada um de acordo com seu merecimento. A Lei de Capacidade é acionada quando não se tem mérito, mas se tem capacidade para honrar a graça recebida. Ensinou Jesus: “Um rei foi viajar e chamou três empregados. A um deu 5 talentos; a outro, dois, e ao terceiro, um talento, de acordo com suas capacidades”. Se você não tiver méritos, pode-
rá consegui-los colaborando com seu semelhante. Se não tiver capacidade, poderá criá-la ou aumentá-la de acordo com seu esforço em crescer. Mas também poderá perdê-las, caso as tenha. Foi o que Jesus chamou de enterrar o talento. Você não o aproveitou para crescimento próprio e nem para crescimento do seu semelhante. Então, cresça e ajude o outro a crescer, “e tudo o mais lhe será dado de acréscimo”. A quem eu comparo esta geração? perguntou Jesus. E ele mesmo respondeu: “A crianças brincando em folguedos”.
Se você não tem bons hábitos de vida e está buscando melhorar, procure um profissional que te ajude nessa mudança
determinados grupos de alimentos sem uma orientação adequada, pode levar a problemas de saúde sim. Por isso, temos nutricionistas para fazer a orientação mais adequada a cada caso. O recado hoje é: se você não tem bons hábitos de vida e está buscando melhorar, procure um profissional que te ajude nessa mudança. Preferencialmente um que não faça terrorismo nutricional com você e que te estimule a ter uma relação saudável com os alimentos.
sensacionalistas. Portanto, onde está o erro neste caso? Falta de acompanhamento. Seguir um padrão alimentar cheio de restrições, que provavelmente leva ao aumento do consumo de
José Matos Professor e palestrante
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
Brasília Capital n Cultura n 14 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
Os 7 passos para gabaritar português no TST e na CLDF Tanto o Tribunal Superior do Trabalho (TST) quanto a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) publicaram importantes editais nos últimos dias, revelando como o universo dos concursos públicos será agitado nos próximos meses – ao contrário do que muitos diziam. Muitos certames grandiosos serão lançados até o fim de 2018, e os candidatos mais bem preparados – principalmente os que se dedicaram com antecedência – estarão à frente nessa disputa. Ambos os concursos serão realizados pela Fundação Carlos Chagas (FCC). Eu te garanto: em língua portuguesa, não há diferenças para a sua preparação. Quem estuda para um está automaticamente se preparando para o outro, na medida em que essa
banca só costuma modificar o perfil de cobrança de português nas provas destinadas às carreiras fiscais. Sabendo disso, vou montar para você uma estratégia de estudos: 1. Domine morfossintaxe. Quem faz uma prova da FCC precisa saber identificar sujeitos, complementos verbais e transitividade verbal. Posso afirmar a você que essa é a base que sustenta muitos outros assuntos gramaticais (como concordância, regência e emprego de pronomes oblíquos). 2. Depois disso, não se esqueça de estudar casos especiais de concordância e de regência. Além de haver muitas questões sobre isso, a banca também explora esses assuntos em questões de reescritura e de reconhecimento de frases incorretas.
O jogador a caminho da cura Há cinco semanas que venho enfrentando e, felizmente, superando a tentação de fazer uma fezinha no Jogo do Bicho e, por tabela, na Quina da Loteca. A mais recente vitória foi a proposta que me foi feita por meu amigo Pereira – aliás, com a melhor das boas intenções: “Olha, faça como eu, gaste três reais perseguindo uma quina diariamente e gastará por semana apenas 18 reais”. Tudo bem. Porém ele se esqueceu de que nos meses de
cinco semanas o dispêndio será de 90 reais. Mas deixa isso pra lá. O mais importante é que estou me sentindo vitorioso porque realmente acredito que venci a praga do vício, usando a reflexão, aliada à força de vontade, etapa a caminho da cura, o que não é fácil. Por sinal, acredito, que nem mesmo o genial escritor russo Fiódor Dostoiévski conseguiu essa vitória, não obstante tenha feito uma catarse escre-
3. Estude pontuação, e faça isso de maneira ordenada (desde a ausência de vírgula entre sujeito e verbo até os esquemas de pontuação em orações coordenadas adversativas). Não se esqueça de que o entendimento de pontuação depende de conhecimento sintático e semântico, e não de respiração. 4. Tenha paciência para estudar verbo. A banca gosta muito desse assunto, seguindo esta ordem de prioridade: vozes verbais (nesse momento, você também estudará as funções do SE), reconhecimento dos tempos e modos verbais, emprego dos tempos e modos verbais e correlação verbal. O capítulo de verbos é o maior em qualquer gramática. Saiba o que estudar. 5. Estude as funções do QUE. A banca gosta muito dos pronomes relativos – e da regência associada e eles. 6. Você não pode se esquecer de decorar as conjunções subordinativas adverbiais e coordenativas. Elas são MUITO exploradas (principalmente aquelas que ninguém usa). 7. Nem só de gramática vive o homem. É necessário treinar a análise de textos, pois, além de ser uma questão garantida, é a única parte da prova que pode ser feita “com consulta”.
Treinar o estilo FCC e fundamental! Por fim, organize o seu estudo: Divida seu tempo em quatro partes. Inicialmente, você verá mais teoria que exercícios (75% teoria e 25% exercícios). É o momento em que você está nutrindo o seu intelecto. Nessa etapa, vale a pena fazer questões tanto da FCC quanto de outras bancas (pois comparar semelhanças e diferenças entre organizadoras é uma forma de impregnar no seu cérebro o que a FCC vai querer de você). Com o passar dos dias, vá alterando a distribuição do tempo: cada vez menos teoria, cada vez mais exercícios (e você vai começar a priorizar a FCC). O ideal é chegar às vésperas da prova com 100% do tempo destinado à resolução de questões da FCC! Além disso: não se esqueça de justificar seus erros e acertos e identificar quais assuntos oferecem maior dificuldade. Também recomendo que você resolva uma questão de texto por semana (sempre FCC). Com isso, você vai gabaritar a prova de português!
vendo um romance autobiográfico intitulado O Jogador. Basta lembrar que, além da fragilidade da saúde, Dostoiévski estava sempre envolvido em dívidas financeiras (o que geralmente acontece com quem se torna adepto de jogos de azar). Inclusive, devia uma grana preta ao dono da editora que imprimia os seus escritos, de quem recebeu a ameaça de prisão se não escrevesse um novo livro no prazo de 30 dias. E ele só conseguiu essa façanha porque conhecia o assunto como ninguém, já que era um frequentador assíduo dos cassinos europeus. Embora eu também seja escriba com 12 livros publicados e com registro no Sindicato dos Escritores Profissionais do DF – mas que fique bem claro: longe de mim a pretensão de querer me comparar ao autor de “Crime e Castigo”, a obra-prima de FD, na
qual ele consegue conduzir o incauto leitor a cometer assassinato a sangue frio, matando a machadadas a velha agiota que figura como personagem central na trama do romance. Estou ciente de que, a exemplo do que ocorre nos grupos dos Alcoólicos Anônimos (AA), há o risco de o alcoólatra voltar ao vício. Escrevi várias reportagens sobre isso. Basta que não resista ao primeiro gole da cachaça, da cerveja ou até mesmo do aparente inofensivo scotch -, o que pode também ocorrer com o recuperado em jogatina (como o meu atual estágio), caso aceite a fórmula econômica sugerida pelo bom amigo Pereira. Aliás, de bem-intencionados o purgatório está cheio!
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)
Fernando Pinto Jornalista e escritor
Brasília Capital n Cultura n 15 n Brasília, 26 de agosto a 1 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br
CRÔNICA
MI C R O C O NT O
Milhões de olhos
Luis Gabriel Sousa
Sorrir, meu amigo!
Mario Pontes Rio – Durante meio século, talvez até um pouquinho mais, paguei meu pequeno, porém regular, tributo para o florescimento da indústria automobilística do País. Hoje, sempre que posso, uso meus pés, ou um vagão de metrô, e não me sinto empobrecido por isso. Também adquiri o hábito de fazer caminhadas noturnas pelas ruas, largos e praças do meu bairro. Só não me considero cento e um por cento feliz com essas regulares andanças porque, faz pouco, alguns fabricantes de automóveis armaram uma jogada para azedar a relação. – O que fizeram agora? – alguém da roda pergunta. – Ah, vejo que você não é chegado a sair à noite de casa. Se fosse, já saberia do que pretendo falar. – Então vamos, não se iniba! – Ocorre quase sempre. Mal completo cinquenta passos e lá vem ele. Não sei como se chama, só sei que é um carro, e de modelo recente. – Como sabe? – Por causa do fortíssimo feixe de luz que ele lança na minha cara, obrigando-me a cobrir os olhos com as mãos. Passou, abro os olhos bem devagarinho, a melhor maneira de a gente se libertar da meia cegueira causada pela ofuscação. – Ah, esses motoristas mal-educados! Não estão nem aí pras leis do trânsito! – ou-
Antes a gente podia saber se o carro usava farol alto ou baixo. Agora é impossível
tro deblatera. – Desculpe, companheiro, mas no caso não são eles que varrem a lei para o acostamento. Os fabricantes de certos modelos, sim. Entendeu? Então se lembre de um fato, aparentemente, mas só aparentemente, desimportante. Antes a gente podia saber, na hora , se o carro que vinha na nossa direção usava farol alto ou baixo... Agora é impossível. Vivemos a sensação de confronto com uma locomotiva, um iate, um helicóptero que voa pertinho do chão. – Não existe lei que regule isso? – perguntam. – O bom senso e a razão mandam que haja. Mas não sei se em algum daqueles edifícios da Praça dos Três Poderes existe um órgão cuja tarefa seja verificar em que medida os donos das montadoras levam em conta os princípios da ergonomia na fabricação de seus produtos. Ouço uma voz que vem de longe: – Sim, os princípios da boa relação do homem com a máquina são observados onde devem ser, isto é, nas nossas linhas de produção... No caso do auto-
móvel – o fantasma pontifica – importa garantir o conforto e a segurança do usuário. – Desculpe – retruco –, mas esta é uma questão que se resolva na fábrica, mas também na esfera dos que podem – e deveriam – decidir quanto a empresa deve gastar não só com a segurança e o bem-estar do motorista e do passageiro, mas também com a do pedestre que usa a calçada... Sim, a rigor, estou a falar de algo relacionado com a ergonomia, um já antigo estudo sobre as relações entre o homem e máquina. Que cedo foi levada em conta por alguns produtores de carros. Mas convém não esquecer que a ergonomia tem uma dimensão fortemente social. E ela escapa dos galpões da fábrica para revelar-se nítida, por exemplo, no momento em que a máquina-automóvel passa a agredir, com fortíssimos feixes de luz, aqueles que estão na calçada, o território por excelência do homem urbano. Parece problema pequeno, mas não é. O uso de faróis inadequados a esse ambiente atenta contra o bem-estar e a saúde dos olhos de milhões de cidadãos que cada noite assumem sua condição de pedestres.
Entrei no táxi e sentei no banco de trás. “Boa tarde”, eu disse ao motorista. “Boa, guri”, respondeu ele. Papo vai, papo vem, eis que ele aborda o assunto de política. Respirei fundo, já me preparando para ser educado nas respostas e continuarmos o bom diálogo que iniciamos. Entre todos os palavrões possíveis referidos a Dilma e ao Lula, a baba de ódio escorrendo ao lado da boca, eu mantinha a concentração pra continuar calmo. Ele me perguntou: “Em quem você votou, guri?”. E eu, de maneira direta, respondi: “Dilma!” O motorista não falou mais nada até chegar ao ponto de ônibus mais próximo. Lá, ele ordenou: “Desce. Desce agora porque não carrego petista no meu carro”. Eu desci na hora, sem pestanejar, em choque, mas querendo gargalhar por dentro. Quem disse que sou petista, amorzinho? Em tempos de ódio, meus amigos, rir continua sendo o melhor remédio.
A vida sobre duas rodas nem sempre é emocionante.
A vida passa pelo trânsito. Acidentes envolvendo motocicletas têm tirado a vida de muita gente. Só no ano passado foram 85 mortes e quase 4 mil feridos, aqui no DF. No trânsito, o motociclista precisa ver e ser visto, ocupar o espaço de um veículo, sinalizar suas manobras e, principalmente, evitar os corredores entre os veículos. Por suas características, a moto é perigosa e vulnerável. Pilote com responsabilidade.