Jornal Brasília Capital 327

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Oportunistas exploram doença do ex-governador de olho em 2018 Ano VII - 327

Brasília, 2 a 8 de setembro de 2017

Beco com uma só saída

Pelaí – Página 3

ENTREVISTA Fiel escudeiro do governador, novo administrador de Taguatinga, Marlon Costa, garante: “meu partido é Rollemberg” ANTÔNIO SABINO

Páginas 8 e 9

Lima Barreto era evangélico? Mario Pontes – Página 15

REPRODUÇÃO

Rodrigo Rollemberg aponta modificações no Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev) como única saída para solucionar problemas de caixa e garantir salários em dia. Projeto enviado à Câmara junta dois fundos previdenciários, eliminando despesa de R$ 170 milhões todo mês, afirma o governador Páginas 4 e 5 e Pelaí - Página 3

Salário integral O GDF pagará integralmente o salário dos servidores no quinto dia útil de setembro. O dinheiro virá do depósito de R$ 265 milhões feito pela Secretaria do Tesouro Nacional retidos indevidamente da contribuição previdenciária da segurança desde setembro de 2016.

Na ADE de Águas Claras, em vez de indústria, boate de strip-tease Chico Sant’Anna – Página 10

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Respeitem Roriz!


Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 2 a 8 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br

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E D I T O R I A L

x p e d i e n t e

Nas mãos da Câmara Legislativa Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 99139-3991 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Impressão Gráfica Jornal Brasília Agora Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). C-8 LOTE 27 SALA 4B, TAGUATINGA-DF - CEP 72010-080 - Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com - www.bsbcapital.com.br - www. brasiliacapital.net.br

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A solução para o caixa do Governo de Brasília neste momento de crise passa pela reestruturação do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev), que está pronto para ir à votação no plenário da Câmara Legislativa. O governador Rodrigo Rollemberg tem usado o argumento de que o projeto de lei, além de solucionar o desequilíbrio no sistema previdenciário dos funcionários públicos, dará fôlego ao próprio governo, solucionando neste momento a aflição maior dos servidores: o parcelamento de salários. Se assim é, cabe agora aos repre-

GDF precisa injetar no instituto R$ 170 milhões todo mês. O que se pede aqui não é a neutralização dos 24 deputados distritais diante de situação tão grave, mas apenas que cada parlamentar avalie as consequências de seu voto em assunto de tamanha importância. Que ao menos exemplos deprimentes como a falência do Estado do Rio de Janeiro sirvam para clarear a percepção de todos os deputados nesta hora. Que cada um cumpra seu papel para que os habitantes da capital do País sofram menos as consequências da crise que assola o Brasil.

A R T I G O

Oportunidade e Educação! Luiz Bezerra (*) Ando borocoxô, agoniado e incrédulo com a proposta de futuro posta e imposta pelos podres poderes da nossa doente república. Acho que sou um sujeito velho que se perdeu de vista. Numa dessas noites, depois de assistir a mais um festival de horrendas notícias sobre os desmandos políticos nacionais, ouvi Pedro Bial bradar: “Dos palácios para as ruas, tudo está esclerosado e é de baixo para cima que o sangue novo tem que correr”. Anunciou, então, a jovem que discutiria a renovação política do Brasil, a cientista política Tábata Amaral, de 23 anos, nascida na periferia onde tudo falta – saúde, segurança, dignidade

C

nAlunos sem aulas Achei que só eu pagava caro para não fazer nada no UniCeub, que me deixa sem vaga nas disciplinas. Os vacilos deles estão cada vez mais inacreditáveis. Luiza Helena, via Facebook Cadê o MEC que não vê umas coisas dessas? Acho que cabe um processinho. E aí? Abram o olho, jovens. Marcos

sentantes da população do DF na Câmara analisar com seriedade e sem politicagens a proposta governamental. De preferência votando-a com a urgência requerida, considerando o interesse dos moradores e evitando fazer do debate um confronto político. Brasília merece respeito de todos, independentemente de sigla partidária. E a crise que assola o País se mostra com mais crueza nas unidades da federação, sendo o caso do Rio de Janeiro o mais emblemático. O Iprev está, nos moldes atuais, condenado à falência. O Tesouro do

e, principalmente, oportunidade e educação. A garota Tábata tinha tudo para se perder. No entanto, como se por milagre, do meio da falta de tudo, obstinada pela sede do saber, alça vôo e se transforma em uma campeã de matemática. Bastou-lhe uma dose de oportunidade para descobrir o tamanho da imensidão do mundo e, com as asas da educação, pousar em Harvard. Simples assim: oportunidade e educação! Tábata retornou ao Brasil e fundou o movimento “Eu Acredito”. E grita: “Não quero ser exceção no Brasil. Tenho que participar da política e fazer acontecer. Não quero nem vou ser igual a esses adultos que fizeram a periferia de onde eu vim”.

Assim como Tábata, a bandeira do novo tremula com outros e novos vibrantes movimentos nacionalista: O “Agora” e o “Nossas”, que traduzem os sonhos de seriedade e esperança dos exércitos de idealistas plasmados pela cientista política Ilona Szabó e a economista em direitos humanos Alessandra Orofino. Um novo tempo se anuncia e me enche de esperança! Sr. Editor, considere a possibilidade de criar neste nosso pasquim uma trincheira de resistência ao caos político, onde as ideias consolidem o palanque livre do NOVO. Esperança de porvir! Muito obrigado,

(*) Um brasileiro!

a r t a s

Almeida, via Facebook Leitores incrédulos com a falta de aulas práticas obrigatórias para alunos de medicina do UniCeub.

A respeito do fim do time de basquete de Brasília, que decretou nesta semana que não jogará mais o NBB por “problemas financeiros”.

nBasquete candango Triste quando param de investir no esporte. O basquete tinha tudo para seguir os passos do vôlei. Marcelo Marques, via Facebook

nRevolta A história se repete sempre! Na era medieval, monarquias falidas por culpa de reis incompetentes, faziam festas para toda cúpula do reinado com

muita comida e bebida farta enquanto os plebeus ficavam passando fome e trabalhando para manter as orgias da oligarquia! Carlos Machado, via Facebook Mas é simples, doutor... ponha o jaleco branco; pegue uma panela de tamanho médio; uma colher de pau grande; vá para o meio da rua e bata freneticamente a colher no

fundo da panela para tirar um som alto e estridente, que tudo muda para melhor. Ronaldo Lima, via Facebook Comentários sobre a revolta do cirurgião Kleber Nogueira de Campos, que organizou ato público contra gasto previsto em R$ 1,6 milhão no Tribunal de Contas do DF com auxílio-moradia para conselheiros e procuradores.


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Qual é sua, Temer? Quem deixou a pergunta no ar foi a cantora Fafá de Belém, ao encerrar um vídeo em que conclama os brasileiros a reagir ao decreto do presidente da República que permite a exploração mineral de uma reserva de 46 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica. A área é maior do que todo o território da Dinamarca.

Rollemberg na rede O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) está apaixonado pelas redes sociais. Frequenta assiduamente os espaços virtuais do Facebook e do Twitter. Na quarta-feira (30) postou uma mensagem na internet e acompanhava a repercussão. POUCAS E BOAS – Mas o texto foi retirado inadvertidamente pela assessoria do Palácio do Buriti. Indignado, telefonou para saber quem havia dado a ordem. O assessor de terceiro escalão ouviu poucas e boas...

Agaciel otimista O líder do governo na Câmara Legislativa, Agaciel Maia (PR/foto), se ausentou de Brasília na semana passada. Mas, por telefone, mostrou otimismo quanto à aprovação do projeto do Iprev (leia páginas 4 e 5) na terça-feira (5). ROLO COMPRESSOR – Embora evitem o termo, a expectativa dos aliados de Rodrigo Rollemberg na Casa é de que o Buriti usará o “rolo compressor” para assegurar os 13 votos que aprovarão a proposta do Executivo. PELA METADE – O deputado Bispo Renato Andrade (PR), embora declare-se indeciso, aposta que a parte do projeto do Iprev que trata da previdência complementar passará sem sobressaltos. Mas a outra... PALIATIVO – Chico Vigilante (PT) rejeita toda a matéria. Para ele, o GDF precisa procurar saídas que não dilapidem o patrimônio dos servidores. “Estão usando um paliativo. Esta proposta, no médio prazo, pode levar Brasília a um estado de insolvência semelhante ao que ocorreu com o Rio de Janeiro”, alertou. CALOTE – Wasny de Roure (PT) exige que, antes de discutir o projeto, o governo precisa honrar o acordo do ano passado, quando usou R$ 1,8 bilhão do Iprev para pagar com terrenos da Terracap. “Até hoje, não tem um só imóvel em nome do instituto”, afirma.

Respeitem Roriz! No sábado, dia 19 de agosto, uma fonte do Brasília Capital telefonou para avisar que o ex-governador Joaquim Roriz, internado no Hospital do Coração, na Asa Sul, havia sido submetido a uma cirurgia para amputar dois dedos do pé. Era o ápice das complicações causadas pelo diabetes crônico de que Roriz é vítima e que há dez anos o obriga a submeter-se a sessões diárias de hemodiálise. Mesmo consciente da comoção que a notícia poderia gerar “em primeira mão” e os milhares de cliques que certamente alcançaria no portal www. bsbcapital.com.br, a equipe do jornal decidiu não publicá-la. Por uma única razão: evitar a exploração de um tema tão sensível e doloroso para o velho cacique político e sua família. Três dias depois (terça-feira, 22), o assunto corria à boca miúda pelos corredores e no plenário da Câmara Legislativa. Ainda assim, mantivemos a postura de não dar-lhe publicidade por meio de nosso veículo eletrônico. A notícia acabou publicada por outro site

e, finalmente, na quarta-feira, mídia impressa. Roriz necessitou amputar outra parte da perna direita, abaixo do joelho. O procedimento foi feito no sábado (26). O Hospital do Coração não está autorizado a emitir boletins médicos. Mas amigos próximos à família nos informam que o ex-governador passa bem, dentro do possível em seu quadro. A filha caçula, deputada distrital Liliane Roriz (PTB), pediu licença da Câmara para acompanhar a recuperação do pai. Atitude louvável. O mesmo, porém, não se pode dizer em relação a outros políticos que, à guisa de uma solidariedade questionável, passaram a postar banners nas redes sociais (veja as reproduções) como se estivessem organizando uma torcida pela recuperação de Roriz. Em 2018, os seguidores de Joaquim Domingos Roriz, de 81 anos, governador de Brasília por quatro vezes, responderão, nas urnas, se é esse tipo de político que merece herdar o espólio do seu líder.


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A luz no fim do PEDRO VENTURA / AGÊNCIA BRASÍLIA

GDF considera alterações da previdência dos servidores como saída para a crise financeira Valdeci Rodrigues (*)

A

aprovação do Projeto de Lei Complementar que reestrutura o Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev) é, neste momento, a única saída apontada pelo Governo de Brasília para manter a máquina administrativa funcionando sem maiores sobressaltos. A matéria estará na pauta de votação do plenário da Câmara Legislativa na terça-feira (5), de acordo com o presidente da Casa, deputado Joe Valle (PDT). O caixa do GDF terá um alívio de R$ 170 milhões todo mês, dinheiro utilizado atualmente para bancar o desequilíbrio um dos dois fundos previdenciários, além da criação de previdência complementar para os novos funcionários públicos. Rodrigo Rollemberg contabiliza que com a aprovação do projeto, afastará o fantasma do parcelamento de salário dos servidores. “Recurso esse que poderá ser usado para pagar em dia”, frisa o governador. O fundo denominado de financeiro fechou 2016 com um déficit de R$ 2,1 bilhões, e a previsão é de encerrar 2017 com um saldo negativo de R$ 2,9 bilhões. Nele, segundo o Iprev, há 52.336 servidores contribuintes e 58 mil aposentados e pensionistas. Já o fundo capitalizado tem superávit de R$ 3,7 bilhões, porque 34.193 funcionários públicos contribuem, e apenas 152 são aposentados e pensionistas. DESEQUILÍBRIO - Pelas regras atuais, o DF não pode utilizar o que sobra do capitalizado para cobrir o rombo do financeiro. A fartura de um e a falta no outro

Rodrigo Rollemberg (centro) entrega a proposta nas mãos de deputados distritais, incluindo o presidente Joe Valle (1º a sua esq.)

decorrem da data de entrada dos servidores na administração distrital. Quem passou em concursos após 2006 contribui para o fundo financeiro. Como vão demorar para se aposentar por tempo de serviço, esses 34.193 servidores contribuem para o pagamento de apenas 152 pessoas, normalmente aposentadas por invalidez. Rollemberg acredita que a possibilidade de usar os recursos disponíveis nos dois fundos para pagar os aposentados, independentemente da data de ingresso no serviço público, reduzirá aos poucos o rombo na previdência. O secretário de Fazenda, Wilson de Paula, realçou as dificuldades financeiras em audiência pública na Câmara, segunda-feira passada (28). “Nossa receita para cobrir as despesas do mês de setembro é de R$ 1,642 bilhão, mas temos despesas obrigatórias de R$ 1,426 bilhão e transitórias de R$ 429 milhões. Ou seja, a previsão de déficit é de R$ 214 milhões. Essa é a nossa realidade financeira hoje. É

“É como se estivéssemos atravessando um deserto com pessoas morrendo de sede e encontrássemos uma caixa de água cheia, mas não pudéssemos beber” Rodrigo Rollemberg

preciso fazer algo para mudar”, alertou. CAIXA D’ÁGUA - No primeiro semestre de 2016, 1.874 servidores públicos do DF se aposentaram. No mesmo período de 2017, foram contabilizados 2.285, um aumento de 21%. Para a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Le-

any Lemos, a mudança no modelo de gestão é uma proposta apartidária e visa dar sustentabilidade ao regime pelas próximas duas décadas. “É uma solução estruturante de longo prazo para que não haja um desmonte do sistema no futuro”, diz. Leany e o presidente do Iprev, Adler Anaximandro, também estiveram na audiência pública para reforçar a necessidade de aprovação das mudanças na Câmara. Para o governador, ter um fundo deficitário e outro com superávit pode ser traduzido numa figura de linguagem. “É como se estivéssemos atravessando um deserto com pessoas morrendo de sede e encontrássemos uma caixa de água cheia, mas não pudéssemos beber”, comparou Rollemberg em pronunciamento na Câmara Legislativa no último dia 23, quando foi pessoalmente levar o projeto de lei.

(*) Com Agência Brasília


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túnel Indecisos decidirão Gustavo Goes Embora o projeto seja tratado como prioridade pelo Palácio do Buriti, os deputados distritais querem estudar o tema com mais profundidade. Alegam que o GDF precisa dar garantias de que esse projeto não venha a onerar o fundo previdenciário dos novos servidores. O governo precisa de 13 votos para aprovar a proposta, mas, provavelmente, o quórum será de 23 deputados (leia Ausências). Levantamento feito pelo Brasília Capital na quinta-feira (31) aponta que oito pretendiam votar a favor e nove contra. O bloco dos indecisos fará a diferença. São eles: Chico Leite (Rede), Julio Cesar (PRB), Bispo Renato Andrade (PR), Joe Valle (PDT), Telma Rufino (Pros) e Liliane Roriz (PTB). A proposta passou por três comissões na terça-feira (29). Em duas delas – Assuntos Sociais (CAS) e Economia, Orçamento e Finanças (Ceof) – foi aprovada por unanimidade. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) encontrou resistência de dois distritais. Mesmo assim, foi aprovada com três votos a favor. Celina Leão (PPS) e Reginaldo Veras (PDT) foram contra. Mesmo com a aprovação de oito deputados durante o debate nas comissões, esse número não pode servir de garantia para o Executivo. “Isso não implica, necessariamente, que ele vote da mesma forma no plenário”, disse a assessoria do deputado Chico Leite. São votos certos pela aprovação: Agaciel Maia (PR), líder do governo; Rodrigo Delmasso (Podemos), seu antecessor no cargo; Juarezão (PSB e Luzia de Paula (PSB). O líder da oposição Wellington Luiz (PMDB) e os petistas Ricardo Vale, Wasny de Roure e Chico Vigilante já se posicionaram contra o projeto.

AUSÊNCIAS – A votação poderá ter duas ausências. Sandra Faraj (SD) está de licença médica desde segunda-feira (28). Ela ficará 120 fora da Casa – não assumirá suplente. Liliane Roriz (PTB) não compareceu às últimas sessões por conta do estado de saúde do pai, o ex-governador Joaquim Roriz. E, por não ter se pronunciado sobre o assunto, pode não aparecer na Câmara.

INTENÇÃO DE VOTO FAVORÁVEIS: Agaciel Maia (PR) Cristiano Araújo (PSD) Juarezão (PSB) Luzia de Paula (PSB) Rodrigo Delmasso (Podemos) Lira (PHS) Professor Israel (PV) Rafael Prudente (PMDB) CONTRÁRIOS: Celina Leão (PPS) Chico Vigilante (PT) Cláudio Abrantes (sem partido) Professor Reginaldo Veras (PDT) Ricardo Vale (PT) Wasny De Roure (PT) Welington Luiz (PMDB) Raimundo Ribeiro (PPS) Robério Negreiros (PSDB) INDECISOS: Chico Leite (Rede) Julio Cesar (PRB) Bispo Renato Andrade (PR) Joe Valle (PDT) Telma Rufino (Pros) Liliane Roriz (PTB)* AUSÊNCIAS: Sandra Faraj (SD) *Liliane Roriz pode comparecer caso seu pai apresente melhora na saúde


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pagamento de auxílio-moradia retroativo (de outubro de 2009 a setembro de 2013) a conselheiros e procuradores do Tribunal de Contas do Distrito Federal foi revogado quinta-feira (31). “Vencemos! Vencemos! Vencemos!!!!! Vitória parcial. Vamos pra rua”, escreveu o médico Kleber Nogueira de Campos, do Hospital de Base do DF, no seu Facebook. A conta, prevista em R$ 1,6 milhão, provocou nele uma revolta que o levou a organizar um ato de repúdio à despesa

Indignação derruba privilégio que ele considerava totalmente descabida. Kleber Campos fez analogia com a situação dos pacientes de câncer --- mais de mil apenas na fila de um dos exames, a radioterapia ---para dizer que sua tolerância acabou. E passou a conclamar os cidadãos a não aceitarem “o uso indevido do nosso dinheiro pelos conselheiros e procuradores do TCDF”. O

médico acentuou que “a maioria dos nobres conselheiros tem moradia própria em Brasília e todos estão cientes das dificuldades fiscais que o DF enfrenta, ou deveriam estar, considerando seus cargos, e a missão principal do órgão ao qual servem”. A repercussão negativa do privilégio fez a presidente do TCDF, Anilcéia Machado, revogá-lo. Ela citou ainda questio-

namentos feitos pelo Ministério Público em ação civil encaminhada à Justiça. O pagamento do auxílio-moradia no tribunal refere-se a um processo de 2014. A corte havia reconhecido a dívida dos exercícios de outubro de 2009 a setembro de 2013. Os conselheiros têm direito a valor mensal de R$ 4.377,73. O cirurgião torácico Kleber Campos, coordenador de resi-

dência médica na sua especialidade e com PhD em Toronto, no Canadá, diz que não conseguia engolir isso. “Foi a gota d’água”, justifica. Ele cita vários casos de pacientes e aponta centenas deles que sequer fizeram a primeira consulta como o pano de fundo para o protesto que organizou. “Cansei, como cidadão e médico, de assistir à malversação de recursos públicos por esses caras. Enquanto isso, vemos todos os dias pessoas morrendo em condições evitáveis nos hospitais da Secretaria de Saúde do DF. É duro”, desabafa.


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Farra de R$ 1 bi com dinheiro público Confederações nacionais e federações regionais de indústria e comércio receberam em 2016 quase R$ 1 bilhão em repasses de dinheiro público para fazer o que se chama legalmente de “administração superior” do Sesc, Senac, Sesi e Senai, as quatro entidades mais poderosas do Sistema S, juntamente com o Sebrae, de acordo com reportagem publicada quarta-feira (30) pelo Valor Econômico. O jornal questiona a real necessidade do aporte dos recursos do erário porque as quatro instituições tiveram orçamento somado de R$ 2,1 bilhões no ano passado. O Sebrae funciona como exemplo que dispensa entidade de classe acima dele. Sua gestão superior está a cargo de pessoas não remuneradas que teve, em 2016, orçamento mais ou menos semelhante às entidades congêneres tanto no comércio quanto na indústria. Foram contabilizados R$ 423 milhões após as transferências. Nas contas feitas pelo Valor Econômico, a soma de R$ 968 milhões, sem nenhuma espécie de prestação de contas, mais R$ 520 milhões cobrados pela Receita Federal “para prestar o serviço de arrecadação”, já resulta num total de R$ 1,48 bilhão que os contribuintes pagaram para sustentar as cinco principais instituições do Sistema S no ano passado, mas que não foram empregados na operação. Na apuração feita pelo Valor, dos R$ 19,16 bilhões cobrados sobre a folha de pagamento das empresas para sustentar esses cinco serviços sociais autônomos em 2016, R$ 17,68 bilhões foram efetivamente recebidos.

(InformAção) Projeto que reestrutura previdência dos servidores distritais está pronto para ser votado em plenário.

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Projeto de Lei Complementar nº 122/2017, que reestrutura o regime próprio de previdência do Distrito Federal, foi aprovado na terça-feira (29) pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS); de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF); e de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa. A proposta segue para apreciação no plenário da Casa, sendo necessários 13 votos favoráveis para ser aprovada. Encaminhado pelo GDF na última quarta-feira (23), o texto tramita de forma célere.

Anunciados os jurados do 22º Troféu Câmara Legislativa. Foto: Diogo Lima

Você merece saber tudo o que acontece na Câmara Legislativa.

Produção Legislativa PROJETOS APROVADOS NAS COMISSÕES (4): • PLC nº 122/2017 (CAS, CEOF e CCJ), que reestrutura o regime próprio de previdência pública no DF; • PLC nº 85/2016 (CCJ), autoriza criação da Fundação das Artes do DF (Fundart-DF) e da Fundação de Patrimônio Cultural (Funpac-DF) • PL nº 1.084/2016 (CESC), que trata da política distrital para integração da pessoa com deficiência; • Substitutivo ao PL nº 791/2015 (CDC), que trata da Lei Geral de Defesa do Consumidor e PL nº 1.500/2017. AUDIÊNCIAS PÚBLICAS (4): • Mudanças na Previdência dos servidores públicos do DF; • Situação da pediatria do Hospital Regional de Planaltina; • Situação da segurança pública em Planaltina; • Regulamentação das atividades de vendedores ambulantes no DF.

Número de cidadãos que compareceram à CLDF de 28/8 a 1º/9

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AGENDA DA SEMANA Os 3 nomes têm destaque no cinema nacional.

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rês importantes nomes do cinema vão integrar o júri oficial do 22º Troféu Câmara Legislativa. Os filmes vencedores da premiação serão escolhidos pelo cineasta e crítico de cinema Amir Labaki, pela diretora e roteirista Betse de Paula e pelo documentarista e professor Vladimir Carvalho. Todos eles se destacam na história do Festival de Cinema de Brasília e da produção audiovisual nacional. Este ano, 17 filmes (4 longas e 13 curtas) estão na disputa dos R$ 240 mil em prêmios, distribuídos pelo Legislativo local. Os filmes serão exibidos na Mostra Brasília, a mais antiga vitrine da produção cinematográfica da cidade, de 18 a 22 de setembro, a partir das 18h30, no Cine Brasília. A programação faz parte do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que este ano acontece ao longo de dez dias, de 15 a 24 de setembro, quando serão anunciados os vencedores.

www.cl.df.gov.br

4/9 - Segunda-feira 19h - Sessão Solene – Colégio Ideal de Brasília. 5/9 - Terça-feira 10h - Reunião Extraordinária – CPI da Pedofilia. 10h - Audiência Pública – Em defesa das empresas públicas: não à privatização. 10h30 - Reunião Ordinária da Comissão de Constituição e Justiça. 14h30 - Reunião Extraordinária da Comissão de Fiscalização, Gov., Transp. e Controle. 15h - Sessão Ordinária. 19h - Audiência Pública – Discutir melhorias para o Setor Lúcio Costa. 6/9 - Quarta-feira 15h - Sessão Ordinária. (Agenda sujeita a alterações)


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Como você chegou à administração, cargo muito cobiçado por políticos, e qual sua relação com Taguatinga? – Sou morador, filho de Taguatinga. Nascido e criado. Moro na M Norte. A minha vinda para cá foi um ajuste que o governador discutia há algum tempo. Desde o começo do governo, ele tinha a intenção de me trazer para cá. Mas tive que ocupar outras áreas que ele achava mais importantes. Mas chegou um momento que ele falou para eu vir, até por conta da minha relação com a cidade. Trabalho com o Rodrigo desde que ele era deputado federal. Tenho uma relação com ele e com Taguatinga. Você foi cabo eleitoral dele? – Fui o coordenador da campanha dele em Taguatinga para o Senado. Na campanha para governador, trabalhei diretamente com ele e não fiquei só em Taguatinga. No PSB, sempre que foi mencionada Taguatinga, o responsável era eu. Eu estava na subsecretaria de Mobiliário Urbano, dentro da Secretaria de Cidades. É a subsecretaria que toma conta das feiras. De lá, vim para Taguatinga, respondendo interinamente e agora devo ser efetivado. Outra pessoa ocupará o meu lugar em Cidades. A nomeação de seu antecessor, Ricardo Lustosa, foi um acordo político com a deputada distrital Sandra Faraj. Você não está na cota de nenhum deputado? – Acho que o ponto positivo para Taguatinga é este. Meu partido político é o governador Rollemberg, não tem nenhum partido por trás. Foi uma indicação pessoal dele. Ricardo estava fazendo um trabalho bom. Por conta dessas mexidas de governo, o governador quis mudar.

Entrevista / Marlon Costa

“Meu partido é o governador Rollemberg” Fiel assessor desde a Câmara dos Deputados é efetivado como administrador de Taguatinga

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om um mês no cargo de administrador de Taguatinga, o publicitário Marlon Costa, de 35 anos, não vacila quando aponta os principais problemas da cidade: segurança e trânsito. Filiado ao PSB, ele faz política ao lado de Rodrigo Rollemberg desde a primeira campanha do governador para deputado federal. Garante que não caiu de paraquedas. “Fui formado em Taguatinga, no Projeção. Moro na M Norte e meus pais moram na QNL. Nesta entrevista concedida ao Brasília Capital na quarta-feira (30), Marlon Costa fala sobre os desafios para administrar Taguatinga e dá duas informações que podem até animar a população local: a de que Rollemberg o escolheu levando em consideração suas ligações com a cidade, onde educa seus quatro filhos com a esposa Viviane, formada em gestão pública; e a de que sua antiga ligação com o governador permitiu sua escolha sem estar na cota de nenhum político.

No final da gestão do Lustosa houve um racha em Taguatinga. Os empresários da Associação Comercial estavam divididos. Você conseguiu pacificar isso? – Eu até imaginava que teria uma resistência maior. No começo teve. Mas, hoje, já sinto que se apaziguou. Lógico, as pessoas estão aguardando algumas ações em Taguatinga para poder fazer uma avaliação. Hoje, acredito que consigo transitar, tranquilamente, entre esses grupos. Nesta semana o senhor está envolvido com o programa Cidades Limpas. Como é esse trabalho? – É um programa de governo que está se destacando dentro da

Secretaria de Cidades. Já esteve em Taguatinga há três meses. Assim que assumi a administração, pedi ao governador outro Cidades Limpas. Como é um programa que une todos os órgãos do governo, você consegue atender várias demandas da comunidade, que sozinho, na administração, não conseguiria.

“Ricardo Lustosa estava fazendo um trabalho bom. Por conta dessas mexidas de governo, o governador quis mudar”

Qual é o principal problema em Taguatinga? – Os maiores problemas são o trânsito e a segurança. É o que mais senti da comunidade nestas reuniões de que participamos. São coisas que não dependem tanto da administração. Mas tem que ser feita interação com outros órgãos.

Em relação à segurança, o que você quer fazer para melhorar a sensação de segurança da comunidade? – A segurança tem vários fatores. A Polícia Militar é um órgão que não depende diretamente da administração para fazer suas ações. Já estamos conversando com o comandante-geral da PM para pedir ajuda para Taguatinga. Tive uma reunião com o secretário de Segurança Pública. Mas, o ponto focal, diretamente da administração, é iluminação, tapar buracos, pavimentar as ruas, podar árvores. Tudo isso ajuda na segurança. Isso é o que a administração pode fazer de imediato. Estamos fazendo


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FOTOS: ANTÔNIO SABINO

Fiel escudeiro de Rodrigo Rollemberg, Marlon Costa chega prestigiado para administrar Taguatinga

um trabalho conjunto com a PM e SSP. E em relação ao trânsito, a mão única na Comercial e na Samdu foi uma boa solução? – Desde o começo eu participei da discussão para poder fazer a inversão. Percebi que houve uma resistência muito grande da comunidade. Hoje, já tive a oportunidade de conversar com várias pessoas. A avaliação é positiva. Falam bem desta inversão. Taguatinga é o pulmão comercial do DF, uma metrópole. É lógico que tenhamos problemas de mobilidade. Tem a questão do alargamento do viaduto da EPTG, cuja obra foi retoma-

“Sou totalmente a favor de eleições diretas para administrador”

da. Nós estamos em parceria com o DER para estar com o projeto pronto para aumentar uma faixa para quem vem de Ceilândia sentido centro de Taguatinga.

“Como morador de Taguatinga, sou bairrista, sou totalmente contra essa questão do Taguaparque”

Mas isto não é paliativo? A discussão técnica é a questão do túnel. – A obra do túnel é importante, mas está judicializada há um ano. Estou acompanhando de perto, pois foi uma demanda muito questionada quando assumi. Esbarramos mais uma vez naquela questão: essa obra não passa pela administração de Taguatinga. Mas o que precisamos é melhorar a mobilidade, por exemplo, fazendo a população utilizar o transporte público.

Outra coisa que se discute há mais de 20 anos é a questão dos estacionamentos rotativos na área central. E ninguém consegue implantar. Ninguém dá sequência a esses estudos... – Hoje, na Secretaria de Cidades, foi feito um estudo para a implantação no Setor Comercial Sul de Brasília. A coisa está bem avançada. Dando certo ali, tem todas as condições de trazer para cá, pelo tamanho de Taguatinga.

de ser do governo e para fazer uma discussão mais interna, antes do posicionamento. Sou totalmente contra isso. Foi feita uma conversa com o governador e ele gravou um vídeo esclarecendo que a poligonal do Taguaparque continuará com Taguatinga. Aqui em Taguatinga tinha três áreas de crise que estavam sendo discutida na questão da poligonal. Uma delas era essa. O governador bateu o martelo.

Não seria mais fácil começar por Taguatinga? – Seria mais fácil. Concordo. É isso que temos que olhar. Tem que começar a pensar em coisas que podem até ter resistência da comunidade, mas que trarão benefícios aos moradores, como ocorreu com a inversão dos sentidos da Comercial e da Samdu.

O governador, durante a campanha de 2014, prometeu fazer eleições para administradores. Você é a favor? – Sou totalmente a favor de eleições diretas para administrador. Não foi nem na campanha de 2014. Quando era senador e deputado, ele brigava por isso. Pegamos uma crise no Brasil inteiro que tomou conta do cenário político e trouxe complicações. Para fazer eleições corretamente, da forma que tem de ser feito, foram consultados o TSE e TRE. O TRE colocou diversas barreiras que dificultariam o pleito. Foi feita uma consulta pública e o governador não descartou essa opção de eleições. Precisamos encontrar uma forma de fazer.

Qual será o posicionamento da administração de Taguatinga em relação à transferência da área do Taguaparque para Vicente Pires? – Como morador de Taguatinga, sou bairrista, sou totalmente contra essa questão do Taguaparque. Inclusive, não me manifestei durante essas discussões por conta


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Uma bomba no estacionamento Por Chico Sant’Anna

Desenvolvimento econômico sexy Quem passa pelos cruzamentos de Águas Claras corre o risco de ganhar o panfleto da Boate Real Show (foto). A especialidade da casa: strip-tease de belas mulheres e o que mais o galanteio e o dinheiro permitirem. Com área de 600 m², o lote 43 da ADE de Águas Claras, Conjunto 16 abriga a boate. Ali deveria existir a Casa do Alfaiate Ltda. O imóvel, informa a Terracap, foi concedido em 2001. Na verdade, foram dois lotes, o 43 e o 44, totalizando 1.200 m². Em 2007, ele foi vendido à Casa do Alfaiate com os benefícios do Prodecon. Mas a Terracap foi obrigada a cobrar na Justiça a importância de R$ 22.209,68, a valores de 2005, referente às taxas de concessão de direito real de uso não quitadas.

Templos e bordéis no lugar de fábricas A distribuição de lotes (residenciais e comerciais) é uma marca registrada na história de Brasília. Uma febre que parece não ter cura. Pelo contrário, cada vez mais criam-se programas para distribuição de terras públicas, se não de forma gratuita, mas quase que de graça. Por meio do PRO-DF e o Prodecon, lotes comerciais eram concedidos e depois comercializados com até 80% de desconto. Tudo em nome da geração de emprego e do desenvolvimento econômico. Mas os resultados concretos desses programas são duvidosos. No governo Cristovam, um levantamento da Terracap na Área de Desenvolvimento Econômico de Planaltina apontou que a imensa maioria não tinha sido utilizada para o fim proposto. Templos, residências e até bordéis funcionavam onde deveriam estar operando pequenas fábricas.

As normas de segurança são bem claras: uma central de gás de cozinha deve ficar afastada pelo menos três metros da passagem ou estacionamento de veículos. Mesma distância deve separar do passeio público e a, pelo menos, 1,5 metro de portas e janelas. Os nichos, espécies de armários em que são instalados os botijões de GLP, devem dispor de extintor de incêndio e estarem protegidos contra colisão de veículos. Mas não é isso que acontece no Núcleo Bandeirante, cidade administrada por um egresso do Corpo de Bombeiros do DF, o suplente de deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB). Há poucos metros da sede da Administração Regional, um restaurante oriental instalou sua central de gás no estacionamento de veículos, colada ao passeio público e defronte a outros estabelecimentos, que no caso de vazamento de gás poderão ser afetados. Motos e carros param colados à central (foto). Em caso de acidente, o passeio público vai virar um “corredor da morte”. Não há extintores, a sinalização exigida não foi instalada,

muito menos balizas que impeçam um motorista desavisado de abalroar nos tambores que levam, cada um, 45 quilos de gás liquefeito de petróleo. Procurado pela coluna, Roosevelt Vilela informou que, no Núcleo Bandeirante, os prédios são geminados e não possuem espaço adequado para a colocação de central de gás e o estacionamento acaba sendo a única opção. “O projeto da central de gás deve ser aprovado pelo Corpo de Bombeiros e deve ser paga uma taxa de ocupação de área pública. O que não ocorreu e, por isso, inclui a denúncia no sistema Agefis”. Por sua vez, a Comunicação Social do Corpo de Bombeiros informa que o local da central é competência da administração e que a corporação não intervém na construção e que não recomenda a instalação de gás em áreas públicas.

Escritório Fantasma? Reportagem da Revista Época levanta a suspeição de que o senador Hélio José (PMDB-DF) possui um “escritório político fantasma” em Brasília. Pelas regras do Senado, os parlamentares podem possuir gabinetes de apoio fora do prédio do Congresso, pagos pelo Senado. O instrumento é utilizado por parlamentares que ficam longe das bases. Os outros dois senadores do DF, Cristovam Buarque (PPS) e Reguffe (sem partido), não se valem dessa facilidade. Segundo o repórter Nonato Nery, da Época, no escritório político de Hélio José estariam lotados 41 servidores. Desde 2015, só com alu-

guéis, foram gastos R$ 150 mil, fora os salários dos comissionados. Detalhe: o escritório não tem espaço para os 41 servidores que deveriam trabalhar lá. “Expresso encontrou apenas três funcionários. Duas salas minúsculas, de qualquer maneira, seriam incapazes de comportar a quantidade de pessoas”. Ao contrário dos concursados do Senado, os comissionados de Hélio José não batem ponto. A fiscalização da frequência é responsabilidade do chefe de gabinete, a quem cabe lançar mensalmente no sistema eletrônico o cumprimento da jornada pelos servidores designados para o escritório de apoio.

Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com


Brasília Capital n Geral n 11 n Brasília, 2 a 8 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br

Rollemberg e o confisco de aposentadorias O GDF mais uma vez acionou o rolo compressor na Câmara Legislativa para tentar aprovar sua proposta de alteração e, por consequência, o confisco nos fundos de previdência dos servidores do Distrito Federal. Na teoria, o projeto (PLC 122/2017) parece até viável. Ele engana. Porém, na prática, ele significa um retrocesso, com elevado impacto social negativo e que, a médio e longo prazo, compromete a aposentadoria dos mais de 207,6 mil funcionários públicos do DF. A previdência nada mais é que uma poupança compulsória do trabalhador, gerida pelos governos federal e estaduais, e que pertence exclusivamente aos que contribuíram para que ela existisse: os traDr. Gutemberg, balhadores. Aqueles presidente do Sindicato dos que têm descontos Médicos do DF e advogado

mensais em seus contracheques para garantir, quando idosos, um nível salarial digno, capaz, pelo menos, de cobrir gastos básicos. Imagine agora se, após décadas de trabalho para formar esta poupança, a garantia para seu futuro, viesse o governo propondo usar o dinheiro de sua aposentadoria para cobrir uma obrigação legal dele, por não ter a competência de gerir os outros recursos? Pois é exatamente isso que o governador Rodrigo Rollemberg já fez e quer continuar fazendo de forma ainda mais destruidora, por meio do PL 122/2017. Rollemberg faz de tudo para resolver, única e exclusivamente, o seu problema

de gestão, chamado incompetência, que o torna incapaz de conduzir uma política econômica racional, guiada pelo bom senso. Desde que assumiu o Buriti, o governador Rodrigo Rollemberg nada fez para fomentar o crescimento econômico do DF. E, já que não fez, não o fará. Por isso, as ameaças, de todo o tipo, ao serviço público apenas se tornarão mais constantes. Apesar de, desde o dia 1º de janeiro de 2015, alegar falta de recursos para honrar, por exemplo, com os reajustes salariais, o governo deixa de arrecadar R$ 1,6 bilhão ao ano por causa de renúncias tributárias. Além disso, o GDF tampouco trabalha para, pelo menos, diminuir a

inadimplência fiscal, que soma, aproximadamente, R$ 25 bilhões em débitos diversos, segundo a própria Secretaria de Fazenda. Agora, enquanto o governo abre alas para aprovar um dos projetos mais desastrosos desta gestão, que simplesmente usurpa recursos dos servidores, a Secretaria de Saúde, essa mesma que não tem dinheiro nem para comprar papel higiênico, reserva nada menos do que R$ 10,6 milhões para investir em móveis novos. Afinal de contas, este governo trabalha com prioridades. Ou não?


Brasília Capital n Geral n 12 n Brasília, 2 a 8 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br

A

validade do licenciamento de veículos venceu na quinta-feira (31). A partir de sexta (1°), os motoristas irregulares flagrados pelos órgãos de trânsito poderão ser autuados. A infração é considerada gravíssima e é punida com multa de R$ 293,47, além de 7 pontos na CNH. São 1.697.893 veículos no DF com pendências, o que corresponde a 49,48% da frota.

TAGUATINGA

DISTRITO FEDERAL ANTÔNIO SABINO

Greve de ônibus Está marcada para segunda-feira (4) à tarde a reunião de conciliação entre rodoviários e empresários de ônibus. A nova rodada de negociação visa evitar a greve da categoria, que exige reajuste salarial de 10%. As empresas alegam não ter condições de arcar com as reivindicações dos rodoviários, que também querem aumento no vale-alimentação e nos planos de saúde e odontológico. A procuradora Paula de Ávila e Silva Porto Nunes, do Ministério Público do Trabalho, propôs reajuste de 4,5%. As duas partes analisam a proposta do MP e o desfecho pode vir no início da semana.

Samba Brasília cancelado

Engarrafamentos repetem-se diariamente nas principais avenidas nos horários de pico, mesmo com adoção de sentido único

Trânsito dá nó Andar de carro em Taguatinga exige paciência. Mesmo com a adoção do sentido único nas duas principais avenidas da cidade – Comercial e Samdu – os engarrafamentos repetem-se diariamente nos horários de pico, pela manhã e nos finais de tarde. Há filas intermináveis também na Avenida Central, para quem chega pela EPTG. O mesmo acontece no Pistão Sul e no Pistão Norte. O nó no trânsito frequentemente causa acidentes e discussões entre motoristas mais estressados.

DIVULGAÇÃO

Cultura Racional na Praça do Bicalho Todos os sábados, das 9h às 11h, a Cultura Racional realiza exposição com painéis alusivos a passagens do livro Universo em Desencanto, na Praça do Bicalho (foto), em Taguatinga. Para divulgar “o conhecimento da origem do ser humano, de onde ele veio, como veio por que veio, e o retorno ao seu estado natural de ser racional puro, limpo e perfeito”, a Cultura Racional também faz shows três domingos por mês. Informações sobre a Cultura Racional estão nos sites www. culturaracional.info e www.desencantodouniverso.com.br.

O festival Samba Brasília, marcado para 16 de setembro, foi cancelado. A festa já tem tradição na cidade e receberia atrações como Péricles, Turma do Pagode, Ferrugem, Pixote, Mumuzinho, Thiaguinho, além de outros renomados artistas. Os organizadores alegaram problemas administrativos. Quem já havia comprado ingresso pode estornar o valor pelo site bilheteriadigital. com, na loja da Bilheteria Digital no Brasília Shopping (W3 Norte), ou diretamente na loja onde adquiriu o bilhete.

Estado de emergência Após 100 dias sem chuva, a Defesa Civil do Distrito Federal declarou estado de emergência na capital federal. A umidade relativa do ar alcançou o índice mínimo de 11% durante a última semana. A declaração serve como alerta para os órgãos públicos e para a população. Nessas condições, as pessoas podem sofrer mal-estar e ter problemas como sangramento nasal. É recomendado evitar atividades físicas e trabalhos ao ar livre, como coleta de lixo, entre 10h e 17h, devido à maior incidência do sol. Se a situação piorar, pode comprometer o desfile de 7 de Setembro.


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Ingratidão, a raiz da infelicidade Jerônimo Mendonça, mineiro de Ituiutaba, personagem do livro “O Gigante Deitado”, viveu trinta e dois anos após ficar cego e tetraplégico. Jerônimo foi a pessoa mais agradável que conheci na minha vida. Mesmo naquela situação, era levado numa maca para proferir palestras por todo o Brasil e arrecadar recursos para manter um orfanato com 150 crianças. O que fez de Jerônimo uma pessoa constantemente alegre? Gratidão.

Ele dizia que Deus era tão bom que até a doença lhe deu à prestação. Primeiramente, ficou de muletas; depois foi para a cadeira de rodas e, em seguida, teve que ficar deitado, devido à artrite reumatoide. Finalmente, cegou de um olho e depois do outro. - Como Deus é bom! – costumava dizer. Quando examinamos as razões da infelicidade, detectamos sempre a ingratidão. As pessoas tornam-se

A polêmica das frutas Há algumas semanas, a blogueira Mayra Cardi publicou um vídeo polêmico sobre o consumo de frutas ser potencialmente perigoso para o desenvolvimento de cirrose hepática. Na semana em que é comemorado o Dia do Nutricionista (31 de agosto), resolvi comentar o assunto. Meu objetivo, com isso, é reforçar o apelo que faço aqui quase toda semana: valorizem os profissionais nutricionistas. Eles estudam e se

especializam para planejar dietas equilibradas e saudáveis sem nenhum tipo de terrorismo nutricional, como este absurdo publicado pela famosa blogueira. É incrível como ainda temos pessoas sem nenhum conhecimento técnico sobre o assunto veiculando informações a respeito da ciência da nutrição associadas ao terrorismo nutricional. Chega a ser criminoso esse tipo de atitude sensacionalista.

MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas

Rádio JK - AM 1.410 Ligue e participe: (61) 9 9881-3086 www.opovoeopoder.com.br

infelizes por aquilo que lhes falta, e não levam em conta o que têm, o que já tiveram e o que ainda terão. A ingratidão as leva à revolta, inveja e queixas intermináveis. Comparam-se constantemente com os que vivem melhor, e tornam-se mais infelizes. Enquanto não assumirem que são responsáveis por suas misérias, só piorarão de situação. Num estágio mais avançado procuram outros iguais para lamentarem-se, acusarem, até perderem a vontade de viver. Não faltam pessoas para ajudá-las. Porém, sem a colaboração delas, nada pode acontecer. Alguns, após muito sofrimento, aceitam ajuda e recompõem a vida tornando-se voluntários, passando a ajudar outros iguais. Assim como em muitos casos a

razão foi o fim de um romance - como se existisse somente uma pessoa no mundo – é por nova paixão que muitos se erguem. Vejam que mesmo neste caso a causa primeira é a ingratidão. Tiveram inúmeros namorados – ou namoradas –, mas caíram quando um só relacionamento não deu certo. Estejam atentos para os presentes constantes da vida. Agradeçam sempre. Compartilhem. O objetivo maior da vida é o aprendizado da arte de amar, ensinou Luis Sérgio. Gratidão é amor. Gratidão é felicidade. Gratidão é a força que aumenta e dá vontade de viver.

Eu posso assegurar: comer fruta, ao contrário do terrorismo plantado pela blogueira Mayra Cardi, não oferece nenhum risco de desenvolver cirrose hepática

está na dose. E para os alimentos não é diferente. No caso das frutas, o problema que temos enfrentado nos últimos anos é o baixo consumo delas, e não o consumo excessivo. Aliás, deveríamos comer mais frutas. E eu posso assegurar: comer fruta, ao contrário do terrorismo plantado pela blogueira Mayra Cardi, não oferece nenhum risco de desenvolver cirrose hepática. Portanto, reforço o conselho: procure um nutricionista. Ele te explicará os reais benefícios das frutas!

As frutas fazem parte de um grupo de alimentos ricos em compostos bioativos – água, fibras e ... (sim!) açúcar. As frutas apresentam sacarose e frutose. E não há nenhum problema em consumi-las. A diferença entre o veneno e o remédio

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)


Brasília Capital n Cultura n 14 n Brasília, 2 a 8 de setembro de 2017 - bsbcapital.com.br

Por esse motivo, o pronome relativo CUJO sempre aparece entre termos de natureza substantiva.

Como usar o CUJO Hoje, ouvi uma música que apresentava a seguinte frase: Na linha pontilhada vou indo […] Na terra cujo herói matou um milhão de índios. (Cores e Valores - Racionais MCs) Nesse trecho, existe uma palavra que costuma gerar muitas dúvidas para os usuários da língua portuguesa: CUJO. E essa dificuldade é normal, uma vez que se trata de uma vocábulo pouco empregado em nosso cotidiano. Por esse motivo, no artigo desta semana, resolvi apresentar como se usa esse pronome corretamente.

1. O vocábulo CUJO sempre é usado para denotar uma relação posse. “A terra cujo herói matou um milhão de índios” significa dizer que o herói da terra matou um milhão de índios. Em outras palavras, uma determinada terra possui um herói, e esse herói matou muitos índios. Vamos ver um outro exemplo: (1) O livro cujas páginas estão amareladas é histórico! Novamente, temos uma leitura com ideia de posse (um livro que possui páginas amareladas é histórico).

Temer quer privatizar empresas estatais a toque de caixa Enquanto a maioria dos políticos silencia sobre o projeto que tramita no Congresso Nacional, que poderá se tornar lei a qualquer momento e extingue o monopólio estatal de uma enorme área de mineração na Amazônia, artistas como o baiano Caetano Veloso e a carioca Anita, em show realizado em Salvador no domingo (27), convocaram o povo a se unir contra essa iniciativa de favorecer o capital estrangeiro. Aliás, a propósito, também a modelo gaúcha Gisele Bündchen já havia se pronunciado nas redes sociais: “É uma vergonha! Estão leiloando a nossa Amazônia!” A iniciativa faz parte de um pa-

cote de medidas na área da mineração que o governo Temer vem lançando na surdina, a pretexto do Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira, o que inclui a criação da Agência Nacional da Mineração (ANM) e abre caminho para a mineração privada. Trata-se da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), uma área com alto potencial de ouro e outros metais preciosos, situada entre o Pará e Amapá, com 46.450 quilômetros quadrados – maior que a Dinamarca. O decreto que a criou, em 1984, no final da ditadura militar, determinava que somente a Companhia

2. O pronome CUJO sempre concorda com o termo posterior. Veja que, nos dois exemplos apresentados, o pronome concorda com “herói” e “paginas”, respectivamente. Cuidado: por ser pronome relativo, ele tem a função de retomar o termo anterior; todavia, a concordância é feita com o vocábulo posposto a ele. 3. O pronome CUJO nunca é seguido de artigo. Construções como “a terra cujo o herói” e “o livro cujas as páginas” são gramaticalmente incorretas. 4. O pronome CUJO pode ser antecedido por preposição. Veja este exemplo: (2) O governo em cujas medidas

A alternativa de privatização do patrimônio nacional já faz parte de decisões anteriores de governos entreguistas, a exemplo de FHC, que privatizou empresas como a Vale do Rio Doce, a Usiminas, a Siderurgia de Volta Redonda e, por pouco, não vendeu o Banco do Brasil e a Petrobras a preço de banana de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), do Ministério de Minas e Energia, podia fazer pesquisa geológica para avaliar as ocorrências de minério na área. Agora a expectativa é de que os leilões sejam aprovados pelas grandes empresas interessadas na região. Na defensiva, o presidente Temer divulgou uma nota afirmando que “a Renca

confiamos não foi eleito. Por razões de regência, em (2), a presença da preposição “em” é obrigatória, uma vez que o sentido do período é o governo que possui medidas em que confiamos não foi eleito. Agora, dou a você uma dica: o pronome CUJO é muito cobrado em provas. Por isso, entenda o funcionamento dessa palavra. Não recomendo, no entanto, que você a utilize nos seus textos (a não ser que você já tenha muita segurança quanto ao emprego correto). Ou seja, inicialmente, aprenda a reconhecer as propriedades do CUJO; só depois passe a usá-lo.

Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)

não é um paraíso”. Sobre esta definição discordam os ambientalistas, incluindo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que já protocolou um projeto de lei, pedindo a suspensão da portaria que extingue a Renca. E adiantou que também moverá uma ação popular contra Michel Temer. Mas, além do contragolpe relacionado à mineração na Amazônia, o governo acaba de divulgar outro pacote de licitação de 57 empresas estatais. Na lista, incluem-se a Eletrobras, a Casa da Moeda e 14 aeroportos. Aliás, a alternativa de privatização do patrimônio nacional já faz parte de decisões anteriores de governos entreguistas, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, que privatizou empresas estratégicas, como a Vale do Rio Doce, a Usiminas e a Siderurgia de Volta Redonda. E por pouco não conseguiu vender o Banco do Brasil e a Petrobras, a preço de banana. Fernando Pinto Jornalista e escritor


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Lima Barreto e seu fantasma Mario Pontes(*)

S

emanas atrás publiquei neste jornal um pequeno artigo sobre a homenagem prestada a Lima Barreto, in memoriam, pelos promotores da Feira do Livro de Paratiy (RJ). Na secção Cartas, edição de 5 de agosto, a título de comentário ao meu texto, o leitor Emanuel Lima escreve para afirmar, com base em fonte não citada, que o autor de Vida e morte de J.M. Gonzaga de Sá era evangélico, como hoje se autodenominam milhares de protestantes brasileiros. Não conheço o Sr. Emanuel. E como cético que sou nada tenho a favor ou contra sua escolha religiosa. Mas na condição de calejado jornalista e escritor que desde os anos juvenis sempre se preocupou com a precisão e a nitidez daquilo que se publica, a afirmação de que Lima Barreto foi protestante (ou budista, maometano, xintoísta) desagrada-me por não corresponder aos fatos. Como qualquer ficcionista – inclusive o que passageiramente ocupa este espaço –, o escritor carioca pode ter sentido, nesta ou naquela ocasião, necessidade funcional de introduzir em algum de seus romances ou contos um personagem disposto a acrescentar aos problemas práticos do cotidiano exigências espirituais, e logo comportamentais, deste ou daquele credo. Se LB pensou nisso, logo desistiu. E jamais procurou alívio para seus dramas em uma teologia ou no catecismo de alguma seita. Se você quer conhecer algo que chega muito perto de ser uma com-

Na biografia escrita por Assis Barbosa há um meticuloso inventário dos 799 livros encontrados nas várias estantes do romancista. Entre eles, uma Bíblia. Mas isso não significa que Lima fosse um crente provação dessa atitude, leia atentamente a obra do escritor. Verá que seus romances, contos, crônicas, reportagens, artigos, são noventa e nove por cento focados nos angustiantes problemas da pobreza, do poder abusivo, da injustiça social. Logo descobrirá, nas entrelinhas e depois nas linhas, o que de fato era a seiva daquilo que escrevia o incansável

M I CRO CO N T O

criador de Policarpo Quaresma. Em sua extensa obra, são raríssimas passagens em que ele aludiu a algum motivo religioso. Mas mesmo a esse pouco não foi por contrição ou defesa velada de alguma crença – e sim, quase sempre, com intenção critica e apetite francamente satírico. Exemplos? Na página 39 de Contos reunidos há uma história intitulada “Milagre de Natal”. Um humilde casal de servidores públicos tenta descobrir o que permitiu seu casamento, um ano antes. Foi Nosso Senhor Jesus Cristo – ele afirma. Foi a promoção que você recebeu – ela contesta, com realismo e calma. Na página 105 do mesmo volume, São Pedro, porteiro do Céu, decide – como reza a tradição cristã – quais das almas recém-chegadas terão seu lugar no Paraíso. Todas, menos uma. E explica que o motivo do não acolhimento está naquilo que foi escrito no Registro da portaria: “Fulano de Tal. Casado. Honesto. Leal e sincero. Pobre de espírito. Bondoso como São Francisco... Acontece, porém, que se trata da alma de um negro. Seu destino é o Purgatório.” E quanto à afirmação do Sr. Emanuel de que Lima Barreto era evangélico? Digo-lhe que ainda não encontrei uma linha capaz de confirmá-la. Também nada, o que é sintomático, em A vida de Lima Barreto, celebradíssima biografia escrita por Francisco de Assis Barbosa, de valor internacionalmente reconhecido. O mesmo se pode dizer das notas que o próprio Lima conseguiu escrever, até quando estava recolhido no hospício; das cartas, entrevistas e confissões reunidas no livro Um longo

/

sonho de futuro, publicado pela Graphia, em 1993. Na biografia escrita por Assis Barbosa há um meticuloso inventário dos 799 livros encontrados nas várias estantes do romancista. Entre eles, uma Bíblia. Mas isso não significa que Lima fosse um crente. Eu, que não sigo credo nenhum, tenho entre os oito mil volumes da minha biblioteca uns vinte dedicados à história e particularidades das religiões. E seis Bíblias em outras tantas línguas. Bíblias ou parte significativa dos Testamentos, como é o caso do Pentateuco, que judeus portugueses traduziram e publicaram pouco depois da invenção da imprensa por Gutemberg. E a tradução pioneira de Martinho Lutero para o alemão, com a qual foi rompido o tabu medieval que reservava ao clero a leitura do Livro Sagrado. Para terminar, pergunto ao Sr. Emanuel a qual Lima Barreto referia-se na carta publicada neste Brasília Capital. Ao escritor carioca, cuja descrença ele próprio escancarou em passagens como esta? – “Em mim não existe absoluto, nem ausência de absoluto, porque não conheci nunca elemento distinto do eu.” Poderia um descrente tão absoluto e tão sereno adaptar-se às rígidas crenças de uma igreja?

(*)Mario Pontes, antigo editor do caderno de literatura do Jornal do Brasil, escreveu centenas de resenhas e ensaios sobre livros e autores brasileiros e estrangeiros. Publicou até agora mais de uma dezena de romances, coletânea de contos, poesias e ensaios. Traduziu mais de trinta obras do inglês, francês e espanhol. Mora no Rio de Janeiro.

Luis Gabriel Sousa

Atração coletiva Coloquei a cinta-liga; calcei a bota até a metade da coxa; vesti minha capa sensual; passei batom vermelho e perfume francês e peguei o ônibus rumo à casa do boy. Ele não deixou nem eu entrar. “Vamos comer pastel. Nem entre”, disse ele. “Não

posso”, respondi, sem sucesso. Cada pedaço de pastel aumentava mais o meu fogo por dentro – não de tesão, mas de calor mesmo. “Tira essa capa!”, ele falava. “Não posso!”, repeti mais de cinco vezes. O boy cansou de pedir e abriu minha roupa,

viu minha sensualidade por debaixo da vestimenta, ficou em choque e transformou minha surpresa em atração coletiva. E olha que a minha intenção era apenas fazer-lhe uma surpresa, não um espetáculo! (Baseado em Naira - Curitiba/PR).


O racionamento de água já faz parte da vida da gente. E para enfrentar a seca, todos têm que fazer a sua parte. Precisamos da sua atitude. Do seu exemplo. Que você use a consciência e não desperdice. Agora, mais do que nunca, cada gota conta.

#useaconsciência. Não desperdice.

www.useaconsciencia.df.gov.br


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