Jornal Brasília Capital 345

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GUSTAVO GOES

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Eduardo Brandão entra na fila de possíveis vices de Rollemberg É a segunda tentativa do socialista de ter o PV em sua chapa majoritária Páginas 6 e 7 Ano VII - 345

Brasília, 13 a 19 de janeiro de 2018

Bandidos perigosos virão para Brasília ANTÔNIO SABINO

Penitenciária federal, que poderá ser aberta em março, terá espaço para abrigar na capital do País condenados de outros estados considerados de alta periculosidade. Nomes não são antecipados por questão de segurança. Mas os traficantes Fernandinho Beira-Mar e Rogério 157 (abaixo) são exemplos do perfil de criminosos trancafiados em cadeias deste tipo. O Ministério da Justiça assegura que em 11 anos nunca houve nenhum tipo de ocorrência que justifique apreensão dos vizinhos nas quatro penitenciárias que estão em funcionamento. / Páginas 8 e 9 DIVULGAÇÃO

Obra pronta, faltam alguns alvarás. Ministério da Justiça assegura que não há motivo para apreensão de vizinhos

Projetos aumentam R$ 1,5 bilhão no orçamento

Fernandinho Beira-Mar

DIVULGAÇÃO

Rogério 157

Fórum quer incluir debate sobre água no dia a dia

Enfrente ou em frente!

Encontro marcado para março, em Brasília, reunirá autoridades do mundo inteiro

O ano de 2017 já foi, com suas tristezas... Que bom!

Páginas 12 e 13

Justiça de Deus – Atenuantes e agravantes

Desse valor, R$ 1,3 bilhão virá do Iprev e outros R$ 230 milhões de precatórios

GDF abre a porta para privatizar do BRB

Pequi: o fruto promissor do cerrado!

Página 10

Chico Sant’Anna - Página 11

Páginas 14 e 15


Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 13 a 19 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

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A R T I G O

x p e d i e n t e

Eleições presidenciais na Costa Rica Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 99139-3991 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). C-8 LOTE 27 SALA 4B, TAGUATINGA-DF - CEP 72010-080 - Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com - www.bsbcapital.com.br - www. brasiliacapital.net.br

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A negação da política tradicional a todo vapor

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niciando um ano eleitoral agitado na América Latina, no próximo dia 4 de fevereiro acontecerá o primeiro turno das eleições presidenciais da Costa Rica, país da América Central reconhecido como uma das nações mais democráticas, maduras e livres entre os países latino-americanos, ao lado do Uruguai, segundo relatório da The Economist Intelligence Unit (EUI), encomendado pela BBC em 2015. Apenas Costa Rica e Uruguai foram classificados como “democracias plenas” entre todos os países do bloco, levando em consideração a análise de aspectos como acesso às urnas, liberdades civis, participação política, entre outros. Lançaram-se ao escrutínio presidencial costarriquenho nada menos que 13 candidatos. Seu atual presidente Luis Guillermo Solís Rivera, imerso em escândalos de corrupção e com baixíssima popularidade, prejudica a candidatura governista de Carlos Alvarado, de centro-esquerda. Em pesquisa recente do Centro de Investigación y Estudios Políticos (CIEP), que aponta ida ao segundo tur-

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nIprev Vai destruir a aposentadoria dos servidores, com apoio dos distritais. Romério Batista, via Facebook Esse é o típico demagogo que só entra em transporte público pra fazer propaganda. Diniz Sigel, via Facebook O Exmo. Sr. Desgovernador do DF vai acabar com a aposentadoria de diversos

servidores públicos, para engordar os cofres de sua campanha fracassada pela reeleição! Luis Felipe Liberato, via Facebook Sobre proposta do GDF para aplicação dos recursos do Iprev (R$ 1,2 bilhão) no orçamento de 2018. nPromessas cumpridas

Adriano Mariano, consultor especialista em marketing político eleitoral adriano@viesmarketing.com.br

no, entre os eleitores que declaram participar das eleições, 40% não têm candidato definido e outros 40% não pretendem ir votar, apesar da obrigatoriedade. Outras pesquisas projetam que a centro-direita retornará ao poder, assim como na Argentina e no Chile, seguindo um aparente movimento político mundial e latino-americano de guinada à direita. O principal problema em destaque na mídia e nas rodas de conversas costarriquenhas é a corrupção, algo comum ao contexto brasileiro, sobretudo pela onipresença jornalística da Operação Lava Jato nos últimos anos, que mudou os rumos da história recente de nossa política e que poderá, a se confirmar no próximo dia 24, retirar o ex-presidente Lula, líder de intenções de votos, da corrida presidencial caso seja confirmada sua condenação em segunda instância.

Nosso cenário eleitoral ainda não tem tantos presidenciáveis, mas nossas indefinições são ainda maiores que as da Costa Rica. Apresentadores de TV, empresários, ex-militar, ministro da Fazenda, presidente da Câmara dos Deputados e ex-presidenciáveis tentam se cacifar ao posto negando a política tradicional e se esquivando dos escândalos de corrupção. A população, por sua vez, mais informada e desiludida, nega a política a seu modo, podendo gerar uma das maiores abstenções eleitorais da história do Brasil, sepultar inúmeras candidaturas de deputados e aprofundar ainda mais nossa crise de representatividade política. Eis os desafios de nossa jovem democracia, onde certamente as estratégias profissionais de marketing, comunicação e mobilização, especialidades de nossa consultoria Viés Marketing Estratégico, serão cruciais para candidaturas proporcionais que busquem êxito nas urnas em 2018. Para analisar cenários e tendências continentais que poderão desvendar os rumos eleitorais do Brasil, o projeto Tour Eleições das Américas embarcará no dia 29 de março para San José, capital da Costa Rica, para acompanhar o segundo turno das eleições presidenciais que acontecerão no dia 1º de abril. Acompanhe os novos capítulos, postagens, vídeos e artigos deste inédito projeto exclusivamente aqui, no jornal Brasília Capital.

a r t a s

Está fazendo agora porque entrou o ano político. Aí quer mostrar serviço e enganar o povo! Lu Fernandes, via Facebook Nós brasilienses estamos contando os dias para saída desse desgoverno Rollemberg. Governo amador. Vive no mundo da fantasia. Andreza Paz, via Facebook

Sobre matéria em que a secretária de Planejamento, Leany Lemos, confirmou que o governo Rollemberg já entregou 82% das promessas de campanha.

Família. Quem realmente precisa não ganha. A cara de pau dos políticos neste ano vai ser grande, viu. Todos vão dizer que são santos. Ely Batista, via Facebook

nCartão Material Escolar Será quanto vai custar esse cartão para os cofres públicos? Esse cartão é o mesmo esquema do Bolsa

Sobre nota do Pelaí que revela a intenção do deputado distrital Chico Vigilante de retomar o benefício do Cartão Material Escolar.


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“Só se ele se filiar ao PSDB” Comentário do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB/foto) ao ler, quarta-feira (10), no site do Brasília Capital, a notícia do convite do governador Rodrigo Rollemberg ao presidente do PV, Eduardo Brandão, para ser vice em sua chapa na eleição de outubro. Ele aposta que a vaga está comprometida com a tucana Maria de Lourdes Abadia.

HERIVELTO BATISTA / ASCOM-MCTIC

Sob suspeita

RICARDO STUCKERT / INSTITUTO LULA

Continuam valendo dezenas de concessões de canais de rádio e TV emitidas pela Secretaria de Radiodifusão do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) assinadas pela ex-titular da pasta Vanda Jugurtha Bonna Nogueira (foto), e questionadas por uma empresa de São Paulo. As permissões foram dadas nos anos de 2016 a 2017. RESPOSTA – Segundo a assessoria de imprensa do MCTIC, “o suposto desrespeito ao regulamento é objeto do mencionado processo e, até decisão em contrário, as autorizações continuam válidas”.Denúncia publicada pelo site do Brasília Capital no dia 22 de dezembro levou à exoneração de Vanda Jugurtha, publicada no dia 29 de dezembro. CONTINUA – No entanto, a reportagem recebeu informação de que Vanda despachou a portas fechadas em seu antigo gabinete no MCTIC na segunda-feira (8). A assessoria do órgão nega.“A informação não procede. A ex-secretária não mais atuou na Serad desde 29 de dezembro de 2017. Após análises pelas áreas técnicas, o processo o foi encaminhado para avaliação à consultoria jurídica deste Ministério”, respondeu.

Patrimônio Cultural A Biblioteca Pública Machado de Assis, de Taguatinga é o mais novo Patrimônio Cultural do Distrito Federal. O decreto foi sancionado terça-feira (9) pelo governador Rodrigo Rollemberg. A iniciativa foi do deputado distrital Wasny de Roure (PT). FEIRAS – De olho no eleitorado taguatinguense, Wasny, que é pré-candidato a senador, enviou emendas para revitalização da biblioteca e das feiras dos Goianos e da M-Norte. Na quinta-feira (11) ele se reuniu com a administradora regional Karolyne Guimarães e pediu celeridade na execução das obras. Os recursos enviados somam quase R$ 1,5 milhão.

Leila sem rumo O governador Rodrigo Rollemberg propôs à secretária de Esportes, Turismo e Lazer, Leila Barros (foto), sair candidata à segunda vaga no Senado. Mas o grupo que apóia a ex-musa da seleção brasileira de vôlei prefere que ela concorra à Câmara Legislativa.

Lula: PT, MST e CUT mobilizados. PM, PRF e Abin atentos

Julgamento singular A preparação de aliados do ex-presidente Lula para comparecer a Porto Alegre no próximo dia 24, para acompanhar o julgamento do líder petista pelo TRF-4, preocupa os governos do Rio Grande do Sul e federal. Além da quantidade de gente contrária à condenação de Lula, há a possibilidade de confronto com manifestantes adversários do petista. GABINETE – Por isso, a Brigada Militar, a Polícia Rodoviária Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) montaram um gabinete de crise para monitorar as manifestações. “Vamos chacoalhar o Brasil junto ao movimento sindical, social e nossos partidos para que a gente ocupe as ruas do País”, afirma a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). “Haverá muita luta e resistência”, garante ela. CONVOCAÇÃO – O MST e a CUT convocaram seus militantes para protestar contra a decisão do juiz Sérgio Moro, que condenou Lula a nove anos e meio de prisão por causa de suposta propina recebida no caso do tríplex do Guarujá. Três desembargadores decidirão se mantém ou não a decisão de Moro. DIREITO – O secretário de Segurança do Rio Grande Sul, Cezar Schirmer, afirma que “o poder de manifestação estará garantido, como prevê a Constituição. Não há nenhum interesse do governo do estado em impedir manifestações. Porém, o limite da manifestação é o limite da lei. Vamos atuar para evitar a violência e assegurar a segurança dos manifestantes e de quem estiver dentro do tribunal”.

UNIVERSAL – Ocorre que o PRB, partido atual de Leila, já decidiu que o distrital Júlio César será candidato a deputado federal e a vaga de distrital será preferencialmente de um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. OTIMISMO – Rollemberg convidou a secretária para se filiar ao PSB. Mas os dois distritais da legenda – Luzia de Paula e Juarezão – não gostaram. Assim, o futuro político de Leila continua indefinido, embora seus principais aliados não tenham dúvida de que ela ocupará uma cadeira na Câmara Distrital a partir de 2019 seja por qual partido for...


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ELEIÇÕES 2018

Comportamento dentro da lei Decreto de Rollemberg lista restrições impostas a servidores durante o período de eleições no Distrito Federal Da Redação

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ara tornar mais claras as restrições impostas a servidores da administração direta e indireta durante o período eleitoral, o governador Rodrigo Rollemberg assinou uma espécie de código de conduta para o funcionalismo público do Distrito Federal. O decreto especifica o que é permitido fazer ou não, de acordo com a legislação eleitoral, do dia 7 de julho até a posse dos eleitos no início de 2019. Os agentes públicos não podem, por exemplo, ceder ou usar bens móveis ou imóveis da administração pública em benefício de candidato, partido político ou coligação, ressalvada a realização de convenção partidária; e usar materiais ou serviços da administração pública ou por ela custeados em benefício de candidato, partido ou coligação, que excedam as prerrogativas consigna-

Está proibida propaganda nos prédios e no interior de repartições da administração pública

das nas normas dos órgãos ou entidades que integram. Igualmente não se poderá fazer ou permitir propaganda eleitoral nos prédios ou

no interior das repartições da administração pública, bem como nos veículos oficiais ou a serviço do Estado, ainda que fora do horário de

expediente; e usar vestes ou acessórios que ostentem propaganda eleitoral no período em que estiver no exercício das atividades funcionais.

Teto para gastos em campanhas Novas regras eleitorais que valerão para as próximas eleições estabelecem limite para gastos nas campanhas: presidente, R$ 70 milhões; governador, de R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões, conforme o estado; senador, de R$ 2,5 a R$ 5,6 milhões, também de acordo o estado; deputado federal, R$ 2,5 milhões; deputados estaduais e distritais, R$ 1 milhão. Está proibida a propaganda elei-

toral paga na internet, sob pena de multa que varia de R$ 5 mil a R$ 30 mil. Partidos e candidatos poderão contratar ferramentas para que suas postagens tenham maior alcance nas redes sociais. Candidatos poderão arrecadar dinheiro por intermédio de financiamentos coletivos, prática conhecida como crowdfunding, uma espécie de vaquinha virtual. Isso

pode ser feito a partir de 15 de maio. O Fundo Especial de Financiamento de Campanha deve somar R$ 1,7 bilhão. O dinheiro virá de emendas parlamentares de bancada e da compensação fiscal que era dada às emissoras de rádio e TV pela propaganda partidária em ano não eleitoral. Com isso, fica extinta a propaganda dos partidos no ano em que não houver eleição.

LISURA – Terça-feira (9), data da publicação do decreto no Diário Oficial do DF, em entrevista coletiva no Palácio do Buriti, o chefe da Casa Civil em exercício, Guilherme Abreu, destacou que “o governo está preocupado com o fiel cumprimento das normas que regem o processo eleitoral, com a finalidade de manter a transparência, a lisura e a equidade do processo”. E sublinhou que o decreto é uma compilação das normais legais. O consultor jurídico-adjunto Leandro Zannoni, participando da entrevista, reforçou: “O decreto não cria regra, mas explicita as que já estão na lei eleitoral e em outras leis específicas, para que todos os agentes políticos e públicos do DF, sejam eles candidatos ou não, as observem fielmente para que o processo eleitoral ocorra dentro da mais estrita legalidade e regularidade”. Ficará vedado aos agentes públicos nomear, contratar, demitir sem justa causa, suprimir, readaptar vantagens, dificultar ou impedir o exercício funcional. Também não é permitido remover, transferir ou exonerar servidor público. As ressalvas são para nomeação ou exoneração em cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança; e nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início do prazo. As dúvidas serão esclarecidas pela Procuradoria-Geral do DF.


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Para o GDF, o caos é o normal A nota do Departamento de Estado dos Estados Unidos recomendando que turistas daquele país sejam cautelosos em visitas a quatro cidades do Distrito Federal causou indignação. Não agrada a nenhum de nós ver o nome de nossa cidade mencionado nesse tipo de situação. Dr. Gutemberg, Mas declaração do orpresidente do Sindicato ganismo estrangeiro não é dos Médicos do DF e advogado de todo infundada. Há anos os relatórios do Mapa da Violência elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) aponta que temos no DF localidades com níveis de violência com padrão europeu. Ao mesmo tempo, outras se comparam aos índices dos locais mais violentos do mundo. Isso evidencia falha na política de segurança pública. O GDF se apressou em divulgar nota em que afirma: “em qualquer cidade no mundo ocorrem crimes, mas tudo dentro da normalidade”. No entanto, não há consenso sobre a “normalidade” alegada pela equipe do governador Rodrigo Rollemberg. Neste início de ano estamos sendo confrontados com uma série de situações e notícias que demonstram que o serviço públi-

co da capital da República está funcionando mal em função de uma gestão desastrosa. Na segunda-feira, por exemplo, o noticiário de TV mostrou que agências do Na Hora tiveram reduzidos pela metade os atendimentos por falta de pessoal e até de telefone. No mesmo dia foi mostrado que o GDF deixou de usar R$ 44 milhões do Fundo Penitenciário Nacional, que permitiria a criação de 800 vagas no sistema prisional do DF. Até quando as notícias são supostamente positivas há ressalvas a fazer, como no caso do aumento do investimento no Metrô: o gasto passou de R$ 4 milhões para R$ 22 milhões, mas continua faltando pessoal e, não raro, deixa-se de cobrar passagem por falta de quem venda o cartão de acesso. Na área da Educação, a no-

tícia foi que os consertos necessários para que as escolas retornem às aulas em condições adequadas foram comprometidos porque o governo deixou de repassar os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF). Com atraso, nesta semana só entregou metade do dinheiro. Na Saúde a situação não melhora. Dia 5, o Observatório da Saúde do Distrito Federal estampou em sua página eletrônica a chamada “DF: Mais cenas de uma desgraça anunciada…”, na qual fazia referência à dificuldade para conseguir consultas, procedimentos e exames na rede hospitalar pública e ao aumento na judicialização nesse segmento do serviço público. A ONG destacava o drama da fila para tratamento de câncer, com mais

de 700 pessoas aguardando mais de um ano pela primeira consulta. Não ficou por aí. No dia 10 a TV anunciava que ainda faltam 40 medicamentos nas farmácias públicas – desde remédios para controle de pressão até alguns que compõem o coquetel para tratamento da AIDS. Um dia depois, foi noticiado que 8 mil pacientes estão na fila para cirurgias ortopédicas. Em que pese nosso desagrado com o Departamento de Estado dos EUA, o que causa nossa indignação é a incompetência e o descaso da atual gestão na prestação de serviços à população residente no DF. Nossos governantes fecham os olhos e dão o nome de “normalidade” ao caos do dia a dia.


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Rollemberg tem pelo menos três nomes para ocupar a vaga de Renato Santana Orlando Pontes e Júlio Pontes

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JÚLIO PONTES

afastamento do vicegovernador Renato Santana (PSD) abriu espaço para Rodrigo Rollemberg (PSB) fazer uma reengenharia da chapa majoritária que concorrerá à reeleição em outubro próximo. Até o momento, há três nomes na fila para substituir Santana: a secretária de Projetos Especiais, Maria de Lourdes Abadia (PSDB); o secretário de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia, Antônio Valdir de Oliveira (sem partido); e o presidente do Partido Verde, Eduardo Brandão. ALCKMIN – Abadia assumiu o cargo no segundo semestre de 2017. A composição teve as bênçãos do presidente do PSDB e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Pensando num acordo nacional envolvendo o PSB para fortalecer sua candidatura ao Palácio do Planalto, Alckmin desagradou o correligionário Izalci Lucas.

Eduardo Brandão (acima) é a mais nova opção de vice na chapa de Rollemberg. Abadia entrou no páreo no final de 2017 ao aceitar convite para assumir uma Secretaria no GDF. Renato Santana rompeu com o chefe do Executivo e está fora do jogo. Valdir Oliveira (à direita) tem a simpatia do setor produtivo, após implementar ações que destravaram a economia do Distrito Federal


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GUSTAVO GOES

MATHEUS SAVITE

RENATO ARAÚJO / AGÊNCIA BRASÍLIA

PEDRO VENTURA / AGÊNCIA BRASÍLIA

Pré-candidato a governador, o deputado federal que preside a legenda no DF tem criticado a participação de tucanos na gestão do socialista Rollemberg, ao qual faz oposição ferrenha. Quadro histórico do PSDB, Abadia desdenha das ameaças de expulsão do partido feitas por Izalci. “Izalci não conversa com as pessoas. Ele é ele. Se autoproclamou candidato a governador sem falar com o partido todo. Fez a Executiva local e agora está fazendo o que quer. Mas estou tranquila. Todos os meus atos são pautados na conversa e nos conselhos do Alckmin. Este é o meu grande compromisso. Quanto às ameaças, estou aguardando para ser expulsa”, diz ela. Rollemberg também recebeu sinalizações do setor produtivo para prestigiar Valdir de Oliveira. Ex-diretor do SebraeDF, o secretário imprimiu um ritmo há muito cobrado pelo empresariado para destravar a economia do DF. Isto o credenciou a ocupar a vaga de vice na chapa do governador. PV – Mas a novidade da semana – publicada com exclusividade pelo portal Brasília Capital – foi o convite ao presidente local do Partido Verde, Eduardo Brandão. Os dois se encontraram quarta-feira (10) e Rollemberg sinalizou a intenção de tê-lo como vice. A assessoria do Buriti confirmou o encontro. Caso Brandão aceite o convite, haverá uma negociação entre as legendas para atender aos interesses de todos. A proposta feita a Brandão é exatamente a mesma de 2014, quando ele recusou alegando que havia apoiado o governo Agnelo Queiroz (PT) por quatro anos e seria uma traição ao então governador. Como se sabe, o desfecho foi ruim para os dois lados: o atual vice, Renato Santana, hoje faz oposição a Rollemberg, enquanto Agnelo sequer chegou ao segundo turno.

Rollemberg escolheu pessoalmente Anchieta, sem interferência de deputados

Vicente Pires tem novo administrador Empresário Anchieta Coimbra assume o lugar do presidente da Novacap, Júlio Meneghoto O presidente da Associação Comercial e Industrial de Vicente Pires (Acivip), Anchieta Coimbra, vai substituir Júlio Meneghoto na Administração Regional da cidade. A nomeação foi publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (12). Ele assume a função na segunda-feira (15). Desde o ano passado, Meneghoto acumulava a administração e a presidência da Novacap. O governador Rodrigo Rollemberg chegou a negociar o cargo com deputados, mas acabou fazendo uma escolha pessoal. As conversas com Anchieta começaram durante as tratativas de legalização de terras em Vicente Pires. “Até hoje, eu representava os interesses dos empresários. A partir de segunda-feira terei

o compromisso de defender e trabalhar por todos os moradores de Vicente Pires”, disse o novo administrador. A Acivip passa a ser comandada pelo vicepresidente Reynaldo Taveira, que elogiou a escolha de Rollemberg. “Como representante dos empresários, vou trabalhar para que as outras entidades representativas da comunidade se associem à administração regional para obter o máximo de conquistas para todos”, afirmou Taveira. As “outras entidades” citadas pelo empresário são a Associação de Moradores (Amovip), presidida por Gilberto Camargos, e a Associação dos Produtores (Arvips), comandada pelo petista Dirsomar Chaves (OP).


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Brasília receberá preso Bandidos perigosos de outros estados serão trazidos para a Penitenciária Federal, ao lado da Papuda Valdeci Rodrigues

B

andidos perigosos e famosos poderão ser transferidos para o Distrito Federal já no próximo mês de março, quando entrará em funcionamento a Penitenciária Federal de Brasília. A unidade é de segurança máxima especial. Por isso, não é permitido divulgar o nome dos condenados que virão para a capital da República, mas apenas o perfil, como função de liderança em organização criminosa e prática repetida de crimes com violência ou grave ameaça. É o que determina uma lei de 2008. Os traficantes Fernandinho Beira-Mar e Rogério 157, do Rio de Janeiro, são dois exemplos célebres do tipo de marginal que é transferido para penitenciárias federais. Este tipo de prisão não tem acolhida tranquila nos estados – a de Brasília é a quinta – porque ninguém quer ficar na vizinhança de penitenciárias deste tipo. Um exemplo de reação contrária aconteceu no ano passado quando quatro estados recusaram-se a receber penitenciárias federais, levando o governo a fazer lobby entre parlamentares.

Aqui, a Secretaria de Segurança Pública dá uma resposta sucinta ao questionamento do Brasília Capital: “A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social não tem ingerência na administração do presídio federal, próximo ao Complexo Penitenciário da Papuda, de responsabilidade do governo do Distrito Federal. A obra, de segurança máxima, pertence ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça. A segurança na região próxima à penitenciária nacional continuará sendo mantida pelas forças policiais do Distrito Federal”. FUGA – De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça, existe entendimento, sim, entre o governo federal e a unidade da federação que já recebeu ou receberá uma peniten-

Apesar de toda a desconfiança com presídios desta natureza, o Ministério da Justiça assegura que não se registra neles até agora rebelião ou tentativa de fuga

O prédio está pronto e equipado, dependendo apenas de vistorias como a do Corpo de Bombeiros. Por questã

Orçada em R$ 18 milhões, a obra chega a R$ 40 milhões devido aos gastos com os equipamentos que com


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os perigosos em março FOTO: ANTÔNIO SABINO

ão de segurança, não é divulgado o nome dos condenados que virão

mpõem sua infraestrutura

ciária federal. Um dos motivos principais é a doação do terreno à União. Apesar de toda a desconfiança com presídios desta natureza, o Ministério da Justiça, por intermédio do Depen, assegura que não se registra neles até agora rebelião ou tentativa de fuga. Menos ainda a superlotação, já que faz parte do esquema de segurança não lotar as 208 celas, exatamente para que sempre haja espaço para remanejamento em momentos de revolta. O então ministro da Justiça em 2006, Márcio Thomaz Bastos, apresentou a ideia

das penitenciárias federais devido aos ataques organizados pelo PCC que paralisaram São Paulo. “Em 11 anos, nenhum aparelho celular conseguiu driblar os quatro níveis de revista pelos quais um visitante passa até estar pessoalmente com o preso. De lá, nunca partiu uma ordem, via telefone, para crimes do lado de fora. Lá também não tem televisão nem jornais. As leituras permitidas são de livros, revistas, apostilas de cursos e conteúdos religiosos”, garante o Ministério da Justiça. O texto da assessoria de comunicação assegura que “o nível de monitoramento dentro das cinco unidades do Sistema Penitenciário Federal (SPF) é o mais alto possível”. E que foi reforçado com portaria do ano passado que proibiu visitas íntimas aos presos, exceto para réus colaboradores e réus delatores. Elas foram impedidas porque se constatou que desses encontros saíram as ordens para assassinar dois agentes federais e uma psicóloga que atuavam num dos presídios. “Em países da Europa e até mesmo nos Estados Unidos, visita íntima é um benefício que não se concede à maioria dos presos”, lembra o diretor da Penitenciária Federal de Brasília, quinta unidade do Sistema Penitenciário Federal (SPF), que não tem o nome divulgado por questões de segurança. O ministério estabeleceu o primeiro semestre deste ano como o prazo para inauguração, mas a assessoria informou que isso deverá ocorrer em março.

Visitas monitoradas A Penitenciária Federal de Brasília não pode sequer ser fotografada ou filmada livremente, mesmo em reportagem acompanhada por assessores do Ministério da Justiça. Nenhum corredor de acesso ou trajeto foi filmado em visita recente da imprensa. O rigoroso esquema de segurança continuará depois da inauguração. Por exemplo, internos só poderão ter contatos com advogados, parentes ou amigos sob o olhar dos agentes e de 250 câmeras de última geração. O custo dessas cadeias, de acordo com o ministério, gira em torno de R$ 40 milhões, quando incluídos os equipamentos de segurança e a infraestrutura. Elas têm área de 12,3 mil metros quadrados. As celas individuais têm banheiro, cama e mesa de concreto armado, que não podem ser desmontadas nem pegam fogo. No banho, a água cai por cinco minutos de um cano no teto, ao mesmo tempo para os presos de uma ala, que tem 13 celas. Elas não têm tomadas para TV ou rádios, proibidos no local. Apenas livros estão liberados. A iluminação natural entra pela janela de concreto e as lâmpadas são controladas pela administração da penitenciária. A segurança determina que, para sair, o preso precisa se despir durante a revista e ser algemado depois que vestir a roupa. De algemas, presidiários de uma ala inteira poderão ir para duas horas de banho de sol. As alas são separadas por facção. O objetivo é evitar conflitos entre grupos rivais nesses momentos. É proibido fumar e visitantes não podem entrar com isqueiros. Até mesmo dentro da cela individual, de 7 metros quadrados, há procedimentos a serem seguidos. O chuveiro liga em hora determinada, e esse é o único horário disponível para o banho do dia. A comida chega através de uma portinhola. A bandeja é recolhida e em seguida vai para inspeção. “Tudo que entra e tudo que sai da penitenciária é vistoriado. Até o lixo dos presos é periciado”, diz o diretor. Exemplo de funcionamento das penitenciárias federais está onde elas funcionam: Campo Grande (MS); Catanduvas (PR); Porto Velho (RO); e Mossoró (RN). Ainda neste mês, o Ministério da Justiça inspecionará para novo presídio em Charqueadas (RS). Sobre conseqUências para a população, o Depen informa que não tem nenhum estudo a respeito.


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Batalha decisiva Votação de projetos que acrescentam R$ 1,5 bilhão ao Orçamento de 2018 é estratégica para Rollemberg JULIO PONTES

Gustavo Goes

O

governador Rodrigo Rollemberg (PSB) enfrenta segunda-feira (15) uma batalha decisiva para suas pretensões políticas neste ano. Cumprindo acordo feito em dezembro com os deputados distritais, enviou quinta-feira (11) à Câmara Legislativa dois projetos de lei, que somam recursos de R$ 1,5 bilhão, para alterar o orçamento do Distrito Federal de 2018. A sessão está marcada começar às 14h30. Do montante, R$ 1,3 bilhão será retirado do Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev) e R$ 230 milhões de precatórios. Para anunciar o encaminhamento da maté-

Rollemberg ao lado de Leany e Wilson de Paula: “99% do projeto já é conhecido da Câmara”

ria, Rollemberg convocou entrevista coletiva em que defendeu o texto do Executivo ao lado dos secretários de Fazenda, Wilson de Paula, e de Planejamento, Leany Lemos.

“99% do projeto já é conhecido da Câmara Legislativa”, lembrou o governador. SAÚDE – Serão destinados R$ 407,8 milhões para a Saú-

de, que terá investimentos no Hospital da Criança, no Instituto de Cardiologia do DF e outras despesas, como alimentação hospitalar e Unidades de Terapia In-

tensiva (UTIs). A Educação poderá receber R$ 298 milhões para construção de escolas – no Itapoã e Mangueiral – e para reforçar o caixa do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf). A mobilidade urbana deve receber R$ 148 milhões e o setor de infraestrutura R$ 97 milhões. As alterações no orçamento foram divididas em dois projetos para atender à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que impede a destinação de recursos para custeio da máquina pública e para pessoal na mesma proposição. Serão investidos R$ 121 milhões na contratação de servidores, sobretudo, na Saúde, Educação e Segurança Pública.

Técnicos apontam irresponsabilidade Técnicos da Câmara Legislativa apontam “irresponsabilidades” nas propostas do GDF e um déficit na Previdência de R$ 474,62 milhões, que terão de ser remanejados ainda neste ano. Segundo eles, o GDF não aponta de onde serão tirados os recursos para cobrir as despesas com a Previdência. “O uso do dinheiro do Iprev, da forma como está sendo feita, resolve o problema deste governo. Entretanto, vai comprometer a sustentabilidade futura do DF. Estava sendo construída uma solução previdenciária desde 2008, que se agravaria ao longo dos

anos, até 2035, e se resolveria apenas em 2080. Mas se resolveria um dia. O que o GDF está fazendo é pegar essa data de 2035 e jogando lá pra 2050”, disse o técnico da CLDF José Willemann. DÉFICIT – Essa movimentação é em decorrência de um projeto de lei em outubro do ano passado, que uniu os dois regimes previdenciários do DF - financeiro e capitalizado. O governo vetou as despesas que seriam utilizadas no Iprev, que foram realocadas para a reserva de veto. Assim, o GDF foge de um dispositivo da Lei

Orgânica que determina que o governo não pode diminuir despesas com o pessoal nos primeiros nove meses do ano, o que não é ilegal. O regime capitalizado era uma poupança dos servidores que entraram a partir de 2007. O trabalhador contribuía com 11% do salário e o Estado com 22%. “Essa poupança, quando os fundos foram fundidos, tinha na ordem de R$ 5,5 bilhões. Com a fusão dos fundos, esse recurso passou a ser utilizado para pagamento dos servidores mais antigos, do outro regime, que é deficitário. Como o governo diminuiu a ne-

cessidade de déficit do fundo financeiro com o orçamento do Tesouro, ele pode destinar para outras áreas.”, disse outro técnico, Joan Martins.

te de recurso. A discussão é: vai se tirar R$ 1,3 bilhão, mas de onde virá a outra parcela para entrar no lugar desse montante?”, questionou Martins.

ADEQUAÇÃO – A incerteza que move os estudos da Câmara Legislativa é relativa à adequação das fontes de renda do Iprev, de onde o governo vai devolver esses recursos tirados da Previdência. “Hoje, tem déficit orçamentário de R$ 650 milhões para se fechar o ano com os vetos a estes recursos. O governo está tirando R$ 1,3 bilhão, mas ele tem que colocar esse dinheiro de outra fon-

QUESTÃO FISCAL – 2018 tem a peculiaridade de ser ano eleitoral. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, não se pode deixar dívida para o próximo exercício sem saldo financeiro em caixa. Na prática, o GDF pode cancelar obras ou investimentos para repor o dinheiro da previdência. “Obrigatoriamente, o GDF tem que deixar um lastro financeiro”, completa Joan Martins.


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Por Chico Sant’Anna

GDF abre a porta da privatização do BRB ANTÔNIO SABINO

Sem que ninguém - ou quase ninguém - percebesse, o governador Rodrigo Rollemberg, no apagar das luzes de 2017, deu início a uma privatização disfarçada do Banco de Brasília, o BRB. Depois de duas tentativas – sem sucesso - de aprovar na Câmara Legislativa leis que amparassem a venda total ou parcial das doze empresas estatais do GDF, ele encontrou um jeitinho de se valer desse patrimônio para cobrir seus gastos. A “privatização” se deu mediante o repasse de ações do BRB para o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos (Iprev). A medida foi anunciada dia 22 de dezembro. No lugar de devolver em dinheiro os recursos usados do Iprev em 2015 e 2016, o GDF repassou 16,47% do controle acionário do BRB ao Iprev e ativos imobiliários. A partir de agora, o Instituto, se precisar transformar essas ações em dinheiro vivo, poderá vendê-las sem necessidade de autorização legislativa. Os repasses de ativos, com valor estimado em R$ 1,7 bilhão, são uma compensação de saques de dinheiro feitos nas contas do Iprev para dobrir despesas do Estado, inclusive salários e aposentadorias de servidores. Para quitar as aposentadorias do ano e liberar o valor necessário para fechar a folha de pagamento em 2015, foram sacados R$ 1,2 bilhão do fundo capitalizado do Iprev. No ano seguinte, outros R$ 493 milhões foram retirados do mesmo fundo. Para o deputado distrital Wasny de Roure (PT), “é um artifício que o governo utilizou para criar o mecanismo de privatização das ações do BRB, ainda que seja dirigido ao Iprev. Além disso, o Ministério da Previdência, em uma nota técnica especifica, demostra que não cabe a utilizações das ações do BRB para essa finalidade. André Nepomuceno, secretário de bancos públicos da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN), afirma não haver nada que sustente a ideia de que as ações serão mantidas pelo Iprev por longo tempo. “Ao contrário, a tendência é que sejam vendidas na primeira oportunidade, seja por necessidade premente de caixa ou simplesmente para aproveitar eventual valorização no mercado”, diz ele. Eduardo Araújo, presidente do Sindicato dos Bancários do DF, rotula a ação do GDF de “jogada para facilitar a transformação do BRB num banco privado”. Ele considera a medida pouco inteligente, pois o banco é rentável e o governo poderia usar os divi-

Tentativas de privatização Em 2015, Rollemberg teve diferentes iniciativas voltadas à privatização das doze estatais candangas. Em maio daquele ano, encaminhou à Câmara Legislativa o projeto de lei 467, que autorizava o governo a alienar participação societária de suas empresas. Seriam colocadas à venda ações das estatais da estrutura do GDF com o objetivo de arrecadar em torno de R$ 2,5 bilhões – o que equivalia a cerca de 50% do patrimônio dessas estatais. O dinheiro, em tese, seria usado para equilibrar as contas governamentais. No mesmo ano, tentou aprovar um projeto de lei que lhe dava poderes para disponibilizar as ações de empresas públicas, entre elas a CEB, o BRB, a Caesb e a Terracap, como garantia nos contratos das parcerias público-privadas. A proposta não avançou e foi retirada da pauta por falta de acordo. Em julho de 2017, foi a vez do secretário de Economia e Desenvolvimento Sustentável do DF, Valdir Oliveira, afirmar à imprensa que o GDF deveria vender estatais para fazer caixa.

Ministério da Previdência é contra GDF passou 16,47% das ações do BRB para o Iprev dendos a que tem direito para cobrir suas despesas. O BRB, segundo o site especializado em análise bancária Econoinfo, tem ativos avaliados em R$ 14,1 bilhões. Em 2016, apresentou um lucro líquido de R$ 225,5 milhões e, até setembro do ano passado, de R$ 181,2 milhões. CONTROLE ACIONÁRIO – Embora o GDF afirme ter repassado 16,47% do controle acionário ao Iprev, o Econoinfo afirma que o fundo de pensão possui, desde 27 de dezembro de 2017, 21,41% do controle da instituição financeira. Ao GDF restariam 75,44% e os 3,15% restantes das ações estariam pulverizadas entre acionistas privados: 1.059 pessoas físicas e 33 pessoas jurídicas. O Estatuto do BRB obriga que o GDF preserve 51% do controle acionário. Na transferência das ações ao Iprev, o GDF atribuiu um valor de aproximadamente R$ 500 milhões à cota dos 16,47%. Isso permite estimar que o valor de mercado do BRB seria de R$ 3,036 bilhões. Para os bancários, a diluição do controle acionário abre um horizonte de maior incerteza quanto ao futuro do BRB como banco público. Caso tivesse decidido vender abertamente as ações do BRB em bolsa, certamente Rollemberg não teria conseguido a permissão legislativa necessária. Enfrentaria resistência da Câmara Legislativa, dos bancários e dos movimentos contrários à privatização de estatais.

A criativa arquitetura legislativo-financeira não agradou o Ministério da Previdência, a quem, por lei, cabe fiscalizar a saúde financeira dos fundos de pensão de servidores estaduais e municipais. As regras aprovadas pela CLDF contrariam normas da Secretaria de Políticas de Previdência do governo federal que considerou “inadequada a garantia em ações ao Iprev” e sugeriu “a substituição por outros ativos”. Em razão dessa manifestação do órgão federal, a Câmara Legislativa aprovou projeto de lei substituindo a garantia em ações do BRB por imóveis. O projeto foi vetado pelo governador e, agora, com a Câmara em recesso, comunicou o repasse das ações, para evitar a derrubada do veto. Segundo a nota técnica da Previdência, os fundos previdenciários dessa natureza só podem investir em fundos financeiros de renda fixa e em imóveis. Trata-se de uma garantia de proteção ao patrimônio. Diz a nota que é expressamente proibido o investimento na aquisição de ações. A própria secretária de Planejamento do DF, Leany Lemos, reconheceu o risco de volatilidade que o acervo de ações do BRB pode sofrer. Uma crise da bolsa, um problema de gestão no BRB, uma crise econômica no país e essas ações podem evaporar. O GDF já foi notificado pelo Ministério da Previdência. O Tribunal de Contas do DFdecidiu suspender a transação até averiguar os elementos, objetivo dessa transação e da utilização do recurso. O deputado Wasny de Roure estuda entrar com uma representação no Ministério Público.


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Valdeci Rodrigues (*)

U

m dos objetivos do 8º Fórum Mundial da Água, que será realizado em Brasília no mês março, é colocar o fornecimento e o consumo na agenda de discussão diária das pessoas – daqueles que não têm a percepção de se cuidar bem da água até os que “acham que a água nasce na torneira”, na definição do diretor-executivo do evento, Ricardo Andrade. Acentuando uma das muitas contradições do Brasil, o evento ocorre justamente quando o Distrito Federal vivencia o primeiro racionamento em toda a sua história. Nas palavras de Ricardo Andrade, a realização do fórum no País tornou-se quase uma obrigação porque existe aqui “a maior oferta hídrica individual do mundo”. Daí, a singularidade de sediarmos o primeiro encontro do Conselho Mundial da Água no hemisfério sul. E onde está o problema? “Onde tem água não tem gente e onde tem gente não tem água. Na Amazônia, tem água mas não tem gente. No Nordeste, em quase todo o litoral brasileiro, tem gente mas não tem água. E onde tem água e tem agente, muitas vezes, a água não é bem cuidada. É poluída, desperdiçada”, ilustra Ricardo Andrade. ILUSÃO – A oferta hídrica a que ele se refere acaba trazendo a falta de compromisso de dezenas de milhares de brasileiros “porque dá a sensação de que nós temos muita água, que ela nunca vai acabar e que não temos que nos preocupar com ela”. Afora isso, Andrade lembra o desempenho da Agência Nacional de Água (ANA) e da atuação da entidade no conselho mundial. “Um ponto que precisa ser bem esclarecido é o de que isso não foi uma iniciativa da ANA. A agência foi provocada. As diversas instituições brasileiras ligadas à água se reuniram e entenderam que estava na hora de realizar o fórum na América do Sul. E isso se justificava com o argumento de que o Brasil tinha o que mostrar: a maior oferta hídrica individual do mundo”, explica. E um fórum como este traz soluções? Não, de acordo com ele. A justificativa: “não se consegue oferecer água de boa qualidade no tempo certo e no lugar correto se não tiver financiamento, se não tiver uma boa governança. Não adianta oferecer água se não tratar o esgoto, porque aí o manancial que se tinha para oferecer água perde a qualidade. E aí passa a se ter um problema de quantidade não porque falta água, mas porque falta qualidade”.

Assunto para nosso dia a dia Colocar a questão hídrica para discussão de todos é objetivo do Fórum Mundial da Água, no próximo mês março em Brasília DIVULGAÇÃO

Para evitar o desperdício, são necessárias campanhas de conscientização e, mesmo assim, cenas como esta podem se repetir

Momento histórico no Distrito Fedederal O 8º Fórum Mundial da Água será realizado de 18 a 23 de março e envolverá governo, sociedade civil, empresas e instituições científicas nos debates sobre oferta e preservação de recursos hídricos. O público esperado é de cerca de 40 mil pessoas. O governador Rodrigo Rollemberg diz que a expectativa é reunir neste “momento histórico, cerca de 7 mil estrangeiros, os maiores especialistas no tema do mundo, vários chefes de Estado e

o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Antônio Guterres”. Rollemberg entende que o fórum será uma grande oportunidade de “dar um salto de qualidade na relação com os recursos hídricos, no fortalecimento das políticas públicas de uso adequado da água”. O evento acontecerá no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Criado em 1996 pelo Conselho

Mundial da Água, o fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos. O encontro ocorre a cada três anos e já passou por Daegu, Coreia do Sul (2015); Marselha, França (2012); Istambul, Turquia (2009); Cidade do México, México (2006); Kyoto, Japão (2003); Haia, Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997). (*) Com Agência Brasil


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Orla do Lago para todos GDF conclui desobstrução da faixa de 30 metros entre o espelho d’água e o limite dos lotes

HBB segue modelo do Sarah

Gustavo Goes JÚLIO PONTES

A primeira etapa para democratização da Orla do Lago Paranoá foi concluída na segunda-feira (8) com a desobstrução completa da faixa de terra de 30 metros entre o espelho d’água e os lotes. A próxima etapa do projeto é a ocupação dessa área. Estão abertas até o dia 23 deste mês as inscrições dos projetos para o concurso da Masterplan, que reúne as propostas destinadas Ottoni: “Um ponto como a orla da Ponte JK não tem um banheiro” à ocupação do espaço. O julgamento ocorrerá de 17 a 20 de abril, e o resultado será anun- da Orla do Lago Paranoá começou em ciado dia 21, no aniversário de Brasília. Re- agosto de 2015, atendendo a uma decisão presentando os usuários do Lago Paranoá, judicial transitada em julgado em 2012. a Associação Ocupe o Lago esteve presente Através da própria Justiça, moradores conem audiências públicas sobre o processo de seguiram interromper a operação por diocupação da orla. Apesar de não ter reuni- versas vezes, alegando, entre outros motido uma equipe técnica para lançar um pro- vos, a insegurança causada pela liberação jeto, alguns requisitos foram solicitados. En- das áreas. A Ocupe o Lago foi um dos grutre eles, a criação de equipamentos públicos, pos mais consultados durante esse processo, que envolvia usuários, moradores e pocomo banheiros. “Um ponto turístico como a orla da Pon- líticos. “Fomos surpreendidos em uma das noste JK não tem um banheiro. Nossa premissa, independentemente do que estabeleça sas reuniões com um grupo de moradores o PDOT, a LUOS ou qualquer outro meca- do Lago. Um deles, Mauro, do Lago Norte, nismo, é que a área ocupada tem que ser mostrou o seu quintal que tem nascente. dotada de infraestrutura básica para aten- Ele preservou tudo. Ele estava muito triste, dimento da população. E a área que não foi porque estavam destruindo o que ele cuiocupada tem que se priorizar a preserva- dou. Ainda havia o problema da segurança. ção ambiental”, disse o presidente da asso- Porém, são duas coisas distintas. Uma é desobstruir, que tem que acontecer. Outra é ciação, Marcelo Ottoni. ocupar, que pode ser feito de diferentes forRESISTÊNCIA – O processo de desobstrução mas”, pondera Marcelo Ottoni.

O novo modelo de gestão do Hospital de Base de Brasília, inspirado no Hospital Sarah Kubitschek, entrou em vigor sexta-feira (12). A unidade passou a ser administrada pelo Instituto Hospital de Base do Distrito Federal (IHBDF). A entidade sem fins lucrativos cuidará de um orçamento de R$ 602 milhões. A implementação do novo modelo permite que o processo de compra de medicamentos, contratação de pessoal e manutenção de equipamentos seja desburocratizado, com autonomia e independente da Secretaria de Saúde. Será aberto um processo seletivo para contratação de 708 servidores. Em consulta pública feita pela Secretaria de Saúde, 501 funcionários demonstraram o desejo de serem redistribuídos para outras unidades. Os médicos contratados para reforçar o atendimento no hospital receberão entre R$ 13 mil e R$ 16 mil. Inscrições no ensino público Alunos que se inscreveram e tiveram a pré-matrícula aprovada para a rede pública

do DF devem efetivá-la nas unidades de ensino até 18 de janeiro. De acordo com a Secretaria de Educação, foram contemplados todos os 36.767 estudantes que procuraram vagas para este ano. Volume morto O pregão eletrônico para contratar o serviço que permitirá a captação do volume morto no reservatório do Descoberto fracassou. Foram apresentadas duas propostas para fazer a intervenção na barragem. Uma não tinha a documentação técnica e outra queria um valor acima do estipulado pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). Perigo na capital Estados Unidos, Canadá, Espanha e Japão emitiram alerta aos turistas desses países que vêm a Brasília para o alto índice de criminalidade na capital. O guia citou as regiões administrativa de Ceilândia, Gama e Plano Piloto, além de Águas Lindas e Valparaíso, em Goiás, que compõem o Entorno do DF. O alerta destaca crimes violentos, como assaltos e sequestros-relâmpago.


Brasília Capital n Geral n 14 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

Enfrente ou em frente! Há, na língua portuguesa, diversas construções homófonas (que possuem a mesma pronúncia, apesar do sentido e da grafia diferentes). Estamos diante de mais um desses casos – pouco polêmico, mas bastante reflexivo para este início de ano! Enfrente é a terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo do verbo enfrentar, que significa, segundo o brilhante dicionário Houaiss, olhar frente a frente; pôr-se em con-

fronto, atacar; passar por, viver (problemas, desafios etc). Vejamos o exemplo abaixo: (1) Enfrente cada desafio com raça e paixão! Por ser terceira pessoa do imperativo, o sujeito está elíptico. Na oração, implicitamente, há um “você” após o verbo. Enfrente você cada desafio com raça e paixão! Entendeu? Em contrapartida, a forma em frente pode ter dois usos no nosso ver-

O ano de 2017 já foi, com suas tristezas... Que bom! Não adianta olhar para trás: 2017 já foi, com suas muitas tristezas e poucas alegrias. No resumo das muitas tristezas, o auge ocorreu no fim do ano; e, felizmente, também o cume das poucas alegrias. No primeiro caso, quando foi identificado o câncer no meu intestino; e no segundo, quando após a difícil intervenção para retirar o tumor maligno, agravada pelo fato de eu ser nonagenário e diabético, graças a Deus os exames posteriores confirmaram que não havia o risco de metástase (*).

E o que fazer, já que fiquei com vergonha de comemorar o resultado, em respeito aos amigos que perdi e os que ainda estão enfrentando a traiçoeira doença? A resposta é olhar para a frente, seguindo as palavras de Sidarta Gautama (Buda, o iluminado): “A Lei do tempo mais importante é agora. Não o passado nem o futuro. Agora!”. Buda nasceu no século VI a.C e deixou cerca de 350 milhões de seguidores em todo o mundo, 200 mil dos quais no Brasil. Por mera coincidên-

MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas

Rádio JK - AM 1.410 Ligue e participe: (61) 9 9881-3086 www.opovoeopoder.com.br

náculo. O primeiro é como locução prepositiva, com a finalidade de indicar a localização de algo. Pode-se empregar tanto em frente a quanto em frente de, segundo Cegalla. Veja: (2) Você ficou em frente ao (ou em frente do) computador, estudando até tarde. O outro uso é adverbial. Serve para circunstanciar determinada ação verbal. (3) A despeito dos problemas, vamos seguir em frente. E assim é a vida! Precisamos de disposição diariamente para enfrentar nossos desafios e alcançar nossos sonhos. Mas, quando um caminho parece tortuoso demais, quando estamos em frente a um problema aparentemente sem solução, uma opção possível é recalcular os planos, rever as metodolo-

gias e seguir em frente. O importante é nunca parar! Enfrente ou em frente! Esse deve ser o lema do nosso 2018! “A vida não é problema; é batalha, desafio. Cada obstáculo é uma lição.

A resposta é olhar para a frente, seguindo as palavras de Sidarta Gautama (Buda, o iluminado): “A Lei do tempo mais importante é agora. Não o passado nem o futuro. Agora!”

semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta. E por que andais ansiosos pelo que ter de vestir? Olhai os lírios dos campos: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu igual a um deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas. Não andeis, pois, ansiosos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã trará a si mesmo os seus próprios males!”. (*) Metástase – É o termo utilizado em oncologia para designar a instalação de um ou mais focos do tumor, distante do local em que ele se originou.

cia, o cristianismo (a maior religião, com dois bilhões de fiéis) adota a mesma postura de não ter receio do amanhã, conforme afirmou Jesus Cristo: “Não andeis cuidadosos de vossa vida pelo que haveis de comer ou de beber, nem do vosso corpo pelo que haveis de vestir; não é a vida mais que o alimento, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não

É necessário sempre acreditar Que o sonho é possível, Que o céu é o limite, E que você, truta, é imbatível.” Racionais Mc’s. Quanto mais estudo a língua portuguesa, mais aprendo com ela!

Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)

Fernando Pinto Jornalista e escritor


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Justiça de Deus – Atenuantes e agravantes As religiões católica e protestante pararam no tempo. Até hoje apresentam um Deus judaico de 3000 anos atrás, humano, sanguinário, cruel, embora Jesus e os apóstolos Pedro e João tenham atualizado o conceito de Deus, mostrando que ele é amor, misericórdia, luz. Mesmo assim, continuam pregando o Deus de Moisés embora se digam cristãs. A razão da miséria na terra é o próprio homem, com seu egoísmo, or-

gulho e espírito de separação. Deus é apenas a luz que provoca nos homens sentimentos elevados em quem sintoniza com ele pelo amor ao próximo. André Luis, no livro Missionários da Luz, mostra com maestria, como funciona a Lei de Deus: “A existência humana não é um ato acidental e, no plano da ordem divina, a justiça exerce o seu ministério, todos os dias, obedecendo ao alto desígnio que manda ministrar os dons

Pequi: o fruto promissor do cerrado! O pequi, que tem o nome científico de Caryocar brasiliense, é nativo em todo o cerrado brasileiro. São áreas que incluem Distrito Federal e os estados do Pará, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Na região nordestina, entram os estados do Piauí, Ceará e Maranhão. O fruto do pequi é consumido pelas populações que habitam as regiões onde ele é nativo. Os estados de

Goiás e Minas Gerias são os principais produtores e consumidores de pequi. O fruto pode ser apreciado em variadas formas: cozido, no arroz, no frango, com macarrão, com peixe, com carnes, no leite e na forma de um dos mais apreciados licores de Goiás. Além de doces e sorvetes. Os pesquisadores brasileiros têm estudado a semente e a polpa desse fruto e várias descobertas

da vida ‘a cada um de acordo com suas obras’, e a dor vai derrubando as pesadas muralhas da indiferença, do egoísmo cristalizado e do amor próprio excessivo. “Ninguém trai a vontade de Deus sem graves tarefas de reparação, e todos que tentam enganar a natureza acabam por enganar a si mesmos. A vida é uma sinfonia perfeita. Quando procuramos desafiná-la, somos compelidos a estacionar em pesado serviço de recomposição da harmonia quebrada. A justiça se cumpre sempre, mas, logo que se disponha a pessoa à precisa transformação no Senhor, atenua-se o rigorismo do processo redentor. ‘O amor cobre a multidão de pecados’. “Não há privilegiados na criação. Existem, sim, os trabalhadores fiéis

compensados com justiça seja onde for. Na Lei de Deus a justiça está cheia de misericórdia. Deus colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, por meio da colaboração e do amor. Devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva. “A missão do superior é de amparar o inferior e educá-lo. A bondade divina é infinita e, em todos os lugares, há sempre generosas manifestações da Providência paternal de Deus, confortando os tristes, acalmando os desesperados, socorrendo os ignorantes e abençoando os infelizes”.

Para os que não apreciam o sabor desse fruto, já existem alternativas para o consumo do óleo do pequi, inclusive em cápsulas

de concentração. O pequi é também excelente fonte de beta-caroteno, precursor de vitamina A, um potente antioxidante, além de compostos fenólicos bioativos, com propriedades importantes no combate aos radicais livres. Portanto, o pequi é um fruto promissor na prevenção e combate às doenças crônicas. Para os que não apreciam o sabor desse fruto, já existem alternativas para o consumo do óleo do pequi, inclusive em cápsulas. Quer saber como usar e a quantidade? Procure um nutricionista!

foram feitas. Os quatro principais componentes da amêndoa de pequi são as gorduras (51%), as proteínas (25%), os carboidratos (8%) e a fibra alimentar (2,2%). Na polpa e na amêndoa do pequi observa-se o predomínio dos ácidos graxos insaturados. O ácido oleico, o mesmo do abacate e do azeite de oliva, está presente em maior concentração na polpa, com quase 60%

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)


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Mario Pontes (*)

M

anhã chuvosa de domingo, 7 de janeiro de 2.018. A TV anuncia e logo o jornal vem confirmar: Carlos Heitor Cony morreu na noite anterior, aos 91 anos de idade. Permaneço um longo momento em silêncio, mas engana-se quem imaginar que penso nele como um morto. Fecho os olhos e o vejo bem vivo, agitado, falante, mesmo quando sentado diante de sua máquina de escrever, no grande e claro salão com vista para o Aterro, o mar, o céu, o outro lado da Guanabara. Somos algo como uma dúzia de jornalistas, escrevemos para revistas destinadas a diversas categorias de leitores, publicadas pelo Grupo Bloch. Cony edita uma delas, da qual sou redator. Estávamos na década de 1960. E a chegada dele foi uma surpresa para nós. Supúnhamos que ainda amargava mais uma das várias prisões com as quais a ditadura tentava calar-lhe a boca. E todos nos sentíamos gratos ao velho Adolfo Bloch – top do grupo empresarial – pela sua corajosa decisão de trazer para a nossa companhia aquele ainda jovem autor de excelentes romances e desafiadoras crônicas dedicadas em especial ao sombrio momento histórico que atravessávamos. A empresa atribuiu-lhe, de imediato, a tarefa de ser o pai de uma revista em gestação. E terminada esta, editá-la mensalmente, com a ajuda de uns pouquíssimos redatores, entre os quais o autor desta breve memória. A revista se chamaria Ele-Ela. Haveria um pouco de sexo em seu cardápio, mas nada que chegasse a quilômetros da pornografia. Nós, os redatores brasileiros, escreveríamos algo como a metade das matérias. As outras seriam adquiridas da revista alemã Jasmin e traduzidas por uma

DIVULGAÇÃO

Carlos Heitor Cony: autor de romances e desafiadoras crônicas dedicadas ao sombrio momento histórico da ditadura militar implantada em 1964

senhora que fazia parte da redação. A partir do segundo número, Cony me surpreendeu com uma tarefa desafiadora: traduzir mensalmente um conto de autor estrangeiro. O conto seria publicado sob a forma de encarte, que poderia ser destacado da revista e colecionado pelo leitor. Minha experiência no ofício era pequena. Tudo que eu havia traduzido profissionalmente até então eram uns contos policiais de baixa qualidade, a serem publicados na edição brasileira de uma revista norte-americana especializada no gênero. Para me encorajar, Cony prometeu-me que Ele-Ela só publicaria contos de autores cuja obra já estivesse internacionalmente conhecida pela sua alta, altíssima qualidade. Di-

Agora que a sua Pessach – sua Passagem – terminou, fico a me perguntar com quem ele irá confrontar-se por causa da sua cética visão de mundo, dos mundos!... to e feito: abrimos a seção com uma clássica história de D.H. Lawrence, escritor inglês cuja porta para a celebridade foi o romance intitulado O amante de Lady Chaterley, marco de rompimento com os tabus sexuais, e por isso proibido durante dezenas de anos na sua própria e conservadora Inglaterra. Vieram em seguida auto-

res de outras nacionalidades, tão ou mais célebres do que Lawrence: como o francês Marcel Proust e o italiano Cesare Pavese... Infelizmente, a censura entendia que falar de sexo, mesmo de leve, era uma grave ofensa à moral. As provas de cada número eram obrigatoriamente levadas aos censores de Brasília, que faziam cortes absurdos e impiedosos. Não demorou muito para que inviabilizassem a revista e a tirassem de circulação. Entre o público comum dava-se o contrário. A revista era muito lida e aqueles encartes colecionados por muitos leitores de bom gosto. Certo dia, uma senhora que se identificou como professora de língua e literatura inglesa, telefonou-me para informar que o Instituto Brasil-Estados Unidos, do

Rio de Janeiro, usava em seus cursos, como material didático auxiliar, os contos que eu traduzia do inglês e eram publicados pela revista. Dei a notícia a Cony. Que a recebeu com um sorriso difícil de ser classificado. Não por mim. Eu sabia que o sorriso do ex-seminarista Cony expressava, ao mesmo tempo, satisfação e ceticismo. Agora que a sua Pessach – sua Passagem – terminou, fico a me perguntar com quem ele irá confrontar-se por causa da sua cética visão de mundo, dos mundos!... Mas no fundo não duvido que ele chegará incólume à outra margem.

(*) Ex-editor do Caderno Livro, do Jornal do Brasil, ficcionista e tradutor de obras. Mora no Rio


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