Jornal Brasília Capital 344

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Eliseu Kadesh

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Entenda um edital de língua portuguesa

Conheça as ideias do autointitulado primeiro outsider pré-candidato a governador do DF

Discriminação racial? Sem essa, caras-pálidas!

Você é o autor do seu destino

Páginas 8 e 9

2018 oportunidades para uma vida saudável Páginas 13 e 14 Ano VII - 344

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ENTREVISTA

Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018

Dias contados DIVULGAÇÃO

Rollemberg em visita ao aterro sanitário de Samambaia, acompanhado da presidente do SLU, Kátia Campos, em 2017. Ela considera a mudança uma importante conquista do governo

Valdir de Oliveira é carta na manga de Rollemberg Secretário de Desenvolvimento Econômico pode ser candidato a vice / Pelaí – Página 3

2018 vai ser um ano do Cão

Inaugurado em 1960, o Lixão da Estrutural será fechado no próximo dia 20. Os detritos do Distrito Federal passarão a ser depositados e tratados no aterro sanitário de Samambaia. O local tem prazo de validade. Na melhor das hipóteses, durará 26 anos. Para isso, precisa que a coleta seletiva atinja 100% da população e que o governo compre dois terrenos vizinhos, que têm 70 hectares. Do contrário, estará saturado em no máximo 13 anos.

Pelo Horóscopo Chinês, solidariedade e diálogo. Já no Brasil... / Chico Sant’Anna – Página 10 Gabriel Pontes - Página 12


Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

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A R T I G O

x p e d i e n t e

Sistema partidário desafia renovação política Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 99139-3991 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). C-8 LOTE 27 SALA 4B, TAGUATINGA-DF - CEP 72010-080 - Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com - www.bsbcapital.com.br - www. brasiliacapital.net.br

Os textos assinados são de responsabilidade dos autores

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Gabriel Vieira de Moura (*)

Ao pensarmos a representação política na Câmara dos Deputados, é notória a fragmentação partidária que atingiu o seu maior patamar na última eleição com a representação de 28 partidos políticos de 32 registrados na Justiça Eleitoral. O Partido dos Trabalhadores (PT), com maior representação na Casa, teve apenas 13,6% das cadeiras, número similar ao de 14 micro e pequenos partidos. A fragmentação partidária no Brasil é atribuída por alguns autores de Ciência Política como uma das distorções geradas pelo sistema eleitoral proporcional de lista aberta. Os motivos que geram a fragmentação partidária podem ser variados, mas, em parte, sabe-se que as estratégias eleitorais também influenciam nesse grande número de agremiações representadas no Parlamento, como a decisão de concorrer em coligações e os seus efeitos que favorecem os partidos pequenos. Isso é apenas um dos sintomas que demonstram a fragilidade da representação partidária frente aos interesses dos eleitores brasileiros. A partir disso, questiona-se: Qual a real conexão que os 28 partidos possuem com os anseios da sociedade? Os partidos ainda são a principal forma de conexão entre a sociedade civil e o Estado? Esses são alguns dos complexos

C

nRollemberg Iludido. Mal sabe ele que é odiado, ainda mais até que o ex governador Agnelo. Assis Caetano, via Facebook Ele não está enxergando o índice de rejeição dele que está altíssimo aqui no DF? Mario Lopes, via Facebook Não sei em que mundo ele vive pra achar que vai se reeleger. Tânia Lima, via Facebook Eu, no lugar dele, também

estaria. Não tem nenhum adversário e tem a máquina pública nas mãos. Thiago Oliveira, via Facebook Sobre a nota do Pelaí, na edição 343, que fala sobre o otimismo de Rodrigo Rollemberg para as eleições de 2018. nPaulo Octávio Era só o que me faltava! O cara é dono de 50% de Brasília, com o patrocínio de todos os governadores que

questionamentos que, provavelmente, já passaram pela cabeça dos eleitores, principalmente, num ano eleitoral, como 2018. O autor Peter Mair (2003) cita que os partidos políticos nas democracias ocidentais estão cada vez mais se distanciando da grande massa dos cidadãos e se voltando mais para o Estado, com a finalidade de formação de governos e maior representação nas câmaras legislativas. Um dos exemplos é a grande dependência dos partidos aos fundos partidários públicos e o declínio de funções de representação dos partidos políticos, como mobilizar os cidadãos, agregar interesses da sociedade e formular políticas públicas que atendam aos anseios dos seus eleitores. Ao refletirmos sobre a realidade política brasileira, podemos encontrar sinais claros de declínio do poder de representação dos partidos? Essa é uma pergunta de difícil resposta e que move uma série de debates e discursos crescentes no cenário, principalmente o da necessidade de renovação política. Mas, como isso é possível frente ao nosso sistema partidário atual, visto não ser possível haver candidatos independentes que não estejam vinculados a partidos para as disputas eleitorais?. Algumas ações estão surgindo para fazer frente a esse cenário como o Movimento Agora, Renova BR, a Rede de Transformação Pública, que

são os chamados movimentos eleitorais, os quais possuem dentre os seus objetivos dar maior representatividade a política, com o apoio a candidaturas de cidadãos não necessariamente imersos na dinâmica partidária ou nas chamadas “práticas políticas tradicionais” que ainda predominam no sistema brasileiro. Assim, adotam formas distintas de recrutamento de candidatos, como processos seletivos abertos a qualquer cidadão, a busca por notáveis em diferentes campos da sociedade, a maior diversidade de candidaturas, que representem de melhor forma os diferentes segmentos e minorias da sociedade, dentre outros aspectos que se distinguem em parte da forma de recrutamento político dos partidos. No entanto, esses movimentos terão que dialogar com os partidos para oficializarem suas candidaturas. Assim, surge a questão: como a renovação de candidaturas pode ser efetiva para uma maior representação política da sociedade dentro do atual sistema partidário? Isso é uma importante agenda a ser debatida nos diferentes espaços da sociedade brasileira e que não é pautada nos importantes espaços decisórios da política nacional.

(*) Mestrando no Programa de Pós-Graduação de Ciência Política da UnB

a r t a s

passaram pelo Buriti desde sua criação. Sumiu quando o Arruda foi pego pela PF, claro que por dever, e agora ressurge querendo pagar de santo. Cristiano Silva, via Twitter Vamos fazer uma eleição bonita neste ano. Vamos deixar todos os políticos de fora. Qual interesse desses empresários bem-sucedidos se candidatarem? Será que é para ajudar o povo? Ou agir em

benefício próprio? Ely Batista, via Facebook Sobre nota do Pelaí que revela a intenção do ex-vice-governador de concorrer a deputado federal nas próximas eleições. nPSol Na teoria ela pode defender várias teses. Mas, na prática, não sei não. Anderson Coelho, via Facebook Os arrudistas e rorizistas

filhotes da corrupção piram. Eduardo Von Schneider, via Facebook Grande parte do PSol é formada por ex-dirigentes petistas. Pior: todos já foram governo quando Cristovam Buarque governou e não fizeram nada pelos moradores. Fábio Almeida, via Facebook Sobre lançamento da candidatura da professora Fátima Souza ao GDF pelo PSol.


Brasilia Capital n Política n 3 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

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ex-bancário José de Arimatéia (foto) é o “rei de Taguatinga” no final de semana. Ele comanda o encerramento da 38ª edição do Torneio Arimatéia de Futsal que agita os finais de ano da cidade. Um dos trinta troféus a serem entregues terá o nome do Brasília Capital.

Trabalhando nas férias Rodrigo Rollemberg retorna domingo (7) de 10 dias de férias com a família na paradisíaca praia de Barra do Jacuípe, no sul da Bahia. Mesmo à distância, o governador coordenou pelo menos dois movimentos

Vigilante quer a volta do Cartão Material Escolar O deputado Chico Vigilante (PT/foto) quer que o governo proponha à Câmara Legislativa a volta do pagamento do Cartão Material Escolar ainda neste ano. A sugestão do distrital é que o GDF inclua a medida no conjunto de projetos a ser votado no próximo dia 15, na sessão extraordinária que apreciará a aplicação do R$ 1,2 bilhão do Iprev. DIGNIDADE - Em março do ano passado, quando a Justiça considerou o repasse inconstitucional, o GDF não recorreu. O benefício de R$ 80 era destinado às famílias que recebiam o Bolsa Família. O cancelamento foi pedido pelo Ministério Público do DF e Territórios, em virtude das despesas extras que traria. “O Cartão Material Escolar movimenta o comércio local, as pequenas papelarias e dá dignidade às pessoas”, argumenta Vigilante.

estratégicos neste início de ano: o balanço apresentado pela Secretaria de Planejamento com as realizações dos primeiros três anos de sua gestão e o pacote de medidas para destravar o setor produtivo.

CORINGA – Não foi acaso a escolha das duas áreas. A secretária de Planejamento, Leany Lemos, é uma coringa no Buriti. E Rollemberg quer vê-la disputando um cargo eletivo em outubro.

Abadia. Em vez de vice, ela concorreria a distrital para se tornar, em 2019, presidente da Câmara Legislativa. SONHO – A parceria com Abadia é a materialização de um sonho antigo de Rollemberg de fazer uma aliança com o PSDB. Assim, concretizaria o apoio à candidatura presidencial do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), além de assegurar importante tempo de TV.

VICE – Já o titular da Secretaria de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia, Antônio Valdir de Oliveira (foto), é uma carta na manga do governador para compor sua chapa como vice. ESCUDEIRA – O governador acredita que Leany poderia se tornar uma de suas defensoras na Câmara Federal ou na Distrital. Uma espécie de fiel escudeira que ele não tem na atual legislatura. FIADOR – Valdir de Oliveira agrega credibilidade junto ao setor produtivo. Ex-diretor do Sebrae e irmão do

distrital Chico Leite (Rede), ele seria o fiador dos projetos econômicos, garantindo que não ficarão mais emperrados na burocracia do GDF. PRESIDENTE – Caso Valdir Oliveira seja o escolhido, Rollemberg trabalhará para manter o acordo com a atual secretária de Projetos Estratégicos, Maria de Lourdes

TRAIDOR – A primeira tentativa de aproximação com os tucanos foi com o deputado Raimundo Ribeiro. Ele chegou a ser líder do governo na Câmara Legislativa e teve uma cota de 700 cargos na estrutura do GDF. Mesmo assim, bandeou-se para a oposição, filiando-se ao PPS. No Buriti, hoje, é tido como traidor.


Brasília Capital n Política n 4 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

Suspeita de irregularidades causa demissão no MCTIC Secretária de radiodifusão deixa o cargo após de ser acusada de favorecer empresas e fundações na concessão de canais de rádio e TV HERIVELTO BATISTA ASCOM-MCTIC

Da Redação

D

epois de questionamentos feitos por empresas de comunicação de São Paulo sobre a violação de exigências técnicas e jurídicas em dezenas de concessões de canais de rádio e TV, a secretária de Serviços de Radiodifusão do Ministério de Ciências, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Vanda Jugurtha Bonna Nogueira, foi exonerada do cargo no dia 2 de janeiro. Mas o ato publicado no Diário Oficial da União diz que a demissão foi “a pedido”. O MCTIC respondeu, em nota enviada ao Brasília Capital, na quinta-feira (4), que o desligamento de Vanda deve-se apenas “a questões particulares e de trajetória profissional”. E elogiou o trabalho da

Jugurtha: ministério informa que ela foi demitida a pedido ex-secretária. “Vanda exerceu com competência e lisura as tarefas à frente da Secretaria, como ações em favor da migração das emissoras de rádio de AM a FM, a desburocratização do setor e a progressiva implementação do sinal digital de televisão no país, entre diversas outras ações que contribuíram com o setor de radiodifusão e sua função social no Brasil”. No dia 21 de dezembro, o

portal Brasília Capital (www. bsbcapital.com.br) noticiou a situação da agora ex-secretária. As irregularidades atribuídas a Vanda Jugurtha entre 2016 e 2017 foram apresentadas às comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal, e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados.

De acordo com a denúncia protocolada nos três órgãos, as autorizações de RTV assinadas pela secretária de Serviços de Radiodifusão violam exigências técnicas e jurídicas. De acordo com a denúncia, um grupo específico de empresas e fundações estaria sendo beneficiado. Entre elas, são citadas as entidades Fundação Educacional Comendador Avelar Pereira de Alencar, Fundação Guilherme Muller, Fundação de Fátima e Fundação Padre Luiz Bartholomeu, além das empresas Miller Propaganda e Marketing Ltda e Emmanuel Telecomunicações Ltda-EPP. Antes de assumir o cargo no MCTIC, Vanda Jugurtha advogou para vários grupos de comunicação no País. Notícia publicada pela Folha de S. Paulo em 2016 dá conta de que entre esses veículos estão afi-

liadas da Rede Globo, como a TV Diário, de Mogi das Cruzes (SP). Na Secretaria, Vanda Jugurtha tinha a competência de supervisionar a “regulamentação da outorga para exploração dos diversos serviços de radiodifusão” e “acompanhar a exploração dos serviços”. Procurado pelo Brasília Capital, em dezembro o MCTIC respondeu que “recebeu as notificações” e esclareceu que “todos os assuntos pertinentes às denúncias serão auditados”. A secretária Vanda Jugurtha não atendeu o jornal nas várias tentativas de contato. A reportagem também não conseguiu contato com as entidades citadas na denúncia. O MCTIC não respondeu, quinta-feira (4), se os atos irregulares atribuídos a Vanda Jugurtha serão anulados após seu afastamento da função.

Troca-troca até o limite da lei Da Redação Até abril, prazo para que candidatos se afastem de cargos públicos, haverá um intenso troca-troca de ministros. Em menos de um mês, houve três substituições, e pelo menos mais 13 deixarão a Esplanada nos próximos 50 dias. Em dois meses, o presidente Michel Temer trocou os titulares dos ministérios do Trabalho – Ronaldo Nogueira (PTB-RS) cedeu lugar

a Cristiane Brasil (PTB-RJ); das Cidades – Bruno Araújo (PSDB-PE) foi substituído por Alexandre Baldy (sem partido-GO); e da Secretaria de Governo – Antônio Imbassahy (PSDB-BA) deu lugar a Carlos Marun (MDB-MS). “O cargo sempre é do presidente, mas pretendo ficar até o fim do prazo legal”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), candidato à reeleição no Senado. Já anunciaram saída até abril, Ricardo

Barros (PP-PR), Saúde; Osmar Terra (MDB-RS), Desenvolvimento Social; e Sarney Filho (PV-MA), Meio Ambiente. Farão companhia a eles Leonardo Picciani (MDB-RJ), Esporte; Marx Beltrão (MDB-AL), Turismo; Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Transportes; Fernando Coelho Filho (sem partido-PE), Minas e Energia; Aloysio Nunes (PSDB-SP), Relações Exteriores; e Mendonça Filho

(DEM-PE), da Educação. Ricardo Barros reafirmou na quinta-feira (4) que será candidato a deputado federal no Paraná. “Fico no cargo o tempo que o presidente determinar. Mas a data limite é dia 7 (de abril), o prazo que a lei impõe”, O Planalto descarta promover uma reforma de uma só vez, como chegou a ser cogitado no fim de 2017. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco

(Secretaria-Geral) afirmam agora que a reforma será paulatina. A Presidência quer deixar os ministérios nas mãos dos mesmos partidos para evitar problemas em votações importantes, como a da Previdência Social. Um dos presidenciáveis que podem ter apoio do Planalto, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD) repetiu quinta-feira que avaliará sua candidatura apenas em abril.


Brasília Capital n Política n 5 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

GDF parece não se importar com a população No primeiro dia útil deste ano, dia 2, uma atendente de um cartório de Ceilândia informava: já foram emitidas dez certidões de óbito de pessoas que morreram em casa. “Isso não Dr. Gutemberg, é comum. É que agora não presidente do Sindicato dos estão aceitando pacientes Médicos do DF e advogado nos hospitais”, opinou. Um dia antes, 1º de janeiro, um homem enfurecido tentou invadir o Hospital Regional do Gama com o carro: não havia cadeiras de rodas para conduzir a paciente que ele acompanhava. O ano mudou, os problemas permanecem e se aprofundam, e, como bem faz questão de lembrar a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. Seguimos em contagem regressiva, ansiosos pelo fim. Rollemberg fala aos quatro ventos que fará, em um ano, tudo o que não fez até agora. Mas sabemos que não fará e até tememos o que possa fazer. Mal começou o ano, abrimos o jornal e vemos que o governo dele cortou o transporte pa-

ra idosos que precisam fazer hemodiálise. A justificativa é que “os critérios para manutenção do serviço estão sendo reavaliados” e que eles já têm direito a passe livre no transporte público. Idosos e portadores de doença renal crônica têm, por definição de condição, dificuldade de locomoção. E o transporte público do DF, quem usa sabe, mal respeita horários. Que dirá oferecer conforto. Rollemberg usou mais de R$ 2 milhões na festa de virada de ano e deixou de liberar, em dezembro, os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) e a volta às aulas nas escolas públicas vai

ser prejudicada. Os diretores de escolas não têm dinheiro para mandar dar uma demão de tinta nas paredes para trocar telhas e janelas quebradas das salas de aula. Voltemos à saúde pública. No Hospital de Base, o maior da rede pública do DF – que está sendo privatizado com o apelido de “Instituto” –, os telefones não funcionam desde o dia 28 de dezembro. Mas, afinal, diria a equipe de Rollemberg, hoje em dia todo mundo tem celular. No Hospital do Paranoá, que continua com falta de anestesistas, os pacientes também continuam esperando mais de dois meses por uma cirurgia ortopédica. Ficam ali cozinhando as

sequelas que vão criar limitação de vida, custo para a previdência social e sofrimento para as famílias. São as primeiras notícias de 2018: os resultados de uma gestão feita por burocratas distantes, que não se importam com a realidade do povo continua sendo colocada acima das necessidades reais das pessoas. Até o fim do ano teremos mais notícias desse tipo. Afinal de contas, como nos lembrou a secretária de Planejamento, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. E sabe-se lá o que ainda virá pela frente.


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Suspeita de irregularidades causa demissão no MCTIC Secretária de radiodifusão deixa o cargo após de ser acusada de favorecer empresas e fundações na concessão de canais de rádio e TV HERIVELTO BATISTA ASCOM-MCTIC

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epois de questionamentos feitos por empresas de comunicação de São Paulo sobre a violação de exigências técnicas e jurídicas em dezenas de concessões de canais de rádio e TV, a secretária de Serviços de Radiodifusão do Ministério de Ciências, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Vanda Jugurtha Bonna Nogueira, foi exonerada do cargo no dia 2 de janeiro. Mas o ato publicado no Diário Oficial da União diz que a demissão foi “a pedido”. O MCTIC respondeu, em nota enviada ao Brasília Capital, na quinta-feira (4), que o desligamento de Vanda deve-se apenas “a questões particulares e de trajetória profissional”. E elogiou o trabalho da

Jugurtha: ministério informa que ela foi demitida a pedido ex-secretária. “Vanda exerceu com competência e lisura as tarefas à frente da Secretaria, como ações em favor da migração das emissoras de rádio de AM a FM, a desburocratização do setor e a progressiva implementação do sinal digital de televisão no país, entre diversas outras ações que contribuíram com o setor de radiodifusão e sua função social no Brasil”. No dia 21 de dezembro, o

portal Brasília Capital (www. bsbcapital.com.br) noticiou a situação da agora ex-secretária. As irregularidades atribuídas a Vanda Jugurtha entre 2016 e 2017 foram apresentadas às comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado Federal, e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados.

De acordo com a denúncia protocolada nos três órgãos, as autorizações de RTV assinadas pela secretária de Serviços de Radiodifusão violam exigências técnicas e jurídicas. De acordo com a denúncia, um grupo específico de empresas e fundações estaria sendo beneficiado. Entre elas, são citadas as entidades Fundação Educacional Comendador Avelar Pereira de Alencar, Fundação Guilherme Muller, Fundação de Fátima e Fundação Padre Luiz Bartholomeu, além das empresas Miller Propaganda e Marketing Ltda e Emmanuel Telecomunicações Ltda-EPP. Antes de assumir o cargo no MCTIC, Vanda Jugurtha advogou para vários grupos de comunicação no País. Notícia publicada pela Folha de S. Paulo em 2016 dá conta de que entre esses veículos estão afi-

liadas da Rede Globo, como a TV Diário, de Mogi das Cruzes (SP). Na Secretaria, Vanda Jugurtha tinha a competência de supervisionar a “regulamentação da outorga para exploração dos diversos serviços de radiodifusão” e “acompanhar a exploração dos serviços”. Procurado pelo Brasília Capital, em dezembro o MCTIC respondeu que “recebeu as notificações” e esclareceu que “todos os assuntos pertinentes às denúncias serão auditados”. A secretária Vanda Jugurtha não atendeu o jornal nas várias tentativas de contato. A reportagem também não conseguiu contato com as entidades citadas na denúncia. O MCTIC não respondeu, quinta-feira (4), se os atos irregulares atribuídos a Vanda Jugurtha serão anulados após seu afastamento da função.

Troca-troca até o limite da lei Da Redação Até abril, prazo para que candidatos se afastem de cargos públicos, haverá um intenso troca-troca de ministros. Em menos de um mês, houve três substituições, e pelo menos mais 13 deixarão a Esplanada nos próximos 50 dias. Em dois meses, o presidente Michel Temer trocou os titulares dos ministérios do Trabalho – Ronaldo Nogueira (PTB-RS) cedeu lugar

a Cristiane Brasil (PTB-RJ); das Cidades – Bruno Araújo (PSDB-PE) foi substituído por Alexandre Baldy (sem partido-GO); e da Secretaria de Governo – Antônio Imbassahy (PSDB-BA) deu lugar a Carlos Marun (MDB-MS). “O cargo sempre é do presidente, mas pretendo ficar até o fim do prazo legal”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), candidato à reeleição no Senado. Já anunciaram saída até abril, Ricardo

Barros (PP-PR), Saúde; Osmar Terra (MDB-RS), Desenvolvimento Social; e Sarney Filho (PV-MA), Meio Ambiente. Farão companhia a eles Leonardo Picciani (MDB-RJ), Esporte; Marx Beltrão (MDB-AL), Turismo; Maurício Quintella Lessa (PR-AL), Transportes; Fernando Coelho Filho (sem partido-PE), Minas e Energia; Aloysio Nunes (PSDB-SP), Relações Exteriores; e Mendonça Filho

(DEM-PE), da Educação. Ricardo Barros reafirmou na quinta-feira (4) que será candidato a deputado federal no Paraná. “Fico no cargo o tempo que o presidente determinar. Mas a data limite é dia 7 (de abril), o prazo que a lei impõe”, O Planalto descarta promover uma reforma de uma só vez, como chegou a ser cogitado no fim de 2017. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco

(Secretaria-Geral) afirmam agora que a reforma será paulatina. A Presidência quer deixar os ministérios nas mãos dos mesmos partidos para evitar problemas em votações importantes, como a da Previdência Social. Um dos presidenciáveis que podem ter apoio do Planalto, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD) repetiu quinta-feira que avaliará sua candidatura apenas em abril.


Brasília Capital n Política n 5 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

GDF parece não se importar com a população No primeiro dia útil deste ano, dia 2, uma atendente de um cartório de Ceilândia informava: já foram emitidas dez certidões de óbito de pessoas que morreram em casa. “Isso não Dr. Gutemberg, é comum. É que agora não presidente do Sindicato dos estão aceitando pacientes Médicos do DF e advogado nos hospitais”, opinou. Um dia antes, 1º de janeiro, um homem enfurecido tentou invadir o Hospital Regional do Gama com o carro: não havia cadeiras de rodas para conduzir a paciente que ele acompanhava. O ano mudou, os problemas permanecem e se aprofundam, e, como bem faz questão de lembrar a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. Seguimos em contagem regressiva, ansiosos pelo fim. Rollemberg fala aos quatro ventos que fará, em um ano, tudo o que não fez até agora. Mas sabemos que não fará e até tememos o que possa fazer. Mal começou o ano, abrimos o jornal e vemos que o governo dele cortou o transporte pa-

ra idosos que precisam fazer hemodiálise. A justificativa é que “os critérios para manutenção do serviço estão sendo reavaliados” e que eles já têm direito a passe livre no transporte público. Idosos e portadores de doença renal crônica têm, por definição de condição, dificuldade de locomoção. E o transporte público do DF, quem usa sabe, mal respeita horários. Que dirá oferecer conforto. Rollemberg usou mais de R$ 2 milhões na festa de virada de ano e deixou de liberar, em dezembro, os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) e a volta às aulas nas escolas públicas vai

ser prejudicada. Os diretores de escolas não têm dinheiro para mandar dar uma demão de tinta nas paredes para trocar telhas e janelas quebradas das salas de aula. Voltemos à saúde pública. No Hospital de Base, o maior da rede pública do DF – que está sendo privatizado com o apelido de “Instituto” –, os telefones não funcionam desde o dia 28 de dezembro. Mas, afinal, diria a equipe de Rollemberg, hoje em dia todo mundo tem celular. No Hospital do Paranoá, que continua com falta de anestesistas, os pacientes também continuam esperando mais de dois meses por uma cirurgia ortopédica. Ficam ali cozinhando as

sequelas que vão criar limitação de vida, custo para a previdência social e sofrimento para as famílias. São as primeiras notícias de 2018: os resultados de uma gestão feita por burocratas distantes, que não se importam com a realidade do povo continua sendo colocada acima das necessidades reais das pessoas. Até o fim do ano teremos mais notícias desse tipo. Afinal de contas, como nos lembrou a secretária de Planejamento, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. E sabe-se lá o que ainda virá pela frente.


Brasília Capital n Política n 8 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

Chegou 2018. Como fica a pretensão de um outsider morador de Taguatinga de chegar a governar Brasília? – Contagem regressiva. Parece que em 2018 tudo começa a andar mais rápido. Nossa pretensão nasceu em novembro de 2016. Completou um ano. E, neste ano, vemos o relógio girando mais rápido. Tudo é uma grande novidade pra nós. Nunca fomos candidato a qualquer cargo eletivo. É a primeira vez que entramos para a vida pública com esse objetivo de ser governador do DF.

Entrevista / Eliseu Kadesh

Quais são as credenciais que você apresenta para tentar conquistar os votos dos brasilienses? – A primeira, é que sou um cidadão, um eleitor, um usuário do GDF. Sirvo-me dos serviços públicos. Então, sei enxergar onde estão os defeitos e as coisas boas de Brasília; onde a gente pode investir mais e melhorar. A segunda é minha experiência em gestão. Há mais de 15 anos sou gestor escolar no colégio Kadima. Sou empreendedor.

O pedagogo Eliseu Kadesh, 36 anos, se autointitula o primeiro outsider pré-candidato a governador de Brasília. Morador de Águas Claras, mas com a vida dedicada a Taguatinga, ele assumiu a postura de concorrente à sucessão de Rodrigo Rollemberg (PSB) no Palácio do Buriti em novembro de 2016. Desde en-

Como cidadão, você falou que tem noção das coisas boas e ruins. Vamos começar pelas ruins... – Serviços de saúde. No momento, não tenho plano de saúde. Então, eu e minha família nos utilizamos do SUS. Fui me consultar, recentemente, no Hospital Regional de Taguatinga e o doutor me apresentou um receituário fotocopiado. Tenho certeza absoluta de que, provavelmente, ele tirou do próprio bolso para fazer as fotocópias para poder não faltar receituário. Ou seja, a rede pública não tem nem o formulário de receituário. O que você faria, como gestor, para mudar essa realidade? – Todos os pré-candidatos, ao falar de saúde em Brasília, sempre usam a palavra gestão, que falta

O primeiro outsider na briga pelo Buriti Orlando Pontes

isso. Nós encerramos 2017 com mais de R$ 300 milhões sendo devolvidos para o SUS, porque a Saúde não conseguiu gastar. A nossa ideia de entrar com uma gestão tecnológica minimizaria esses erros e desmandos. Um concorrente seu, o deputado Alberto Fraga, já definiu a área de segurança como prioridade, caso se eleja governador. Qual seria a sua? – Minha prioridade seria a gestão tecnológica, como já falei. Um investimento pesado em tecnologia para minimizar os defeitos que existem nas gestões, tanto da segurança quanto da saúde. Na área de segurança, pensamos em uma campanha educativa muito necessária, que nunca ocorreu. Você vê campanhas educativas de respeito ao trânsito, doenças, mas contra a violência não se vê esse tipo de campanha educativa no DF.

tão, dedica-se a buscar apoios ao seu projeto que, garante, visa melhorar a qualidade de vida “de todos os moradores do Distrito Federal, e não apenas do Plano Piloto”. Filho de um policial militar com uma professora, casado e pai de três filhos, ele pretende usar as modernidades para prestar bons serviços aos usuários dos sistemas públicos, especialmente na saúde, na segurança e na educação.

Só isto seria suficiente para resolver o problema? – Um ponto fundamental para mim, que sou conhecedor por ser de família de um policial militar, é um investimento nas polícias. Principalmente, a que está na rua. Hoje, nós estamos com o mesmo efetivo de mais de 10 anos atrás. Ou seja, a população cresceu e polícia continuou do mesmo tamanho. Você é educador. Pode-se deduzir que a educação seria prioridade no seu governo? – Não tem como não ser prioridade. Eu falei de campanha educativa para segurança. Isso passa pela educação. Questões de saúde passam pela educação. O fato de as pessoas aprenderem a se higienizar antes de alimentar, de fazer uma comida com a devida higiene, passa pela educação. Meus três filhos estudam em escolas públicas. Demos sorte de ser em esco-

las que têm uma direção muito boa, apesar da dificuldade que a Secretaria de Educação tem. Você acha que o ensino se equipara ao das escolas particulares? – Os professores estão fazendo o melhor para os alunos que estão ali. Diante disso, tenho uma proposta muito inovadora e, ao mesmo tempo, antiga. Prometer a educação integral, hoje, é uma utopia. É impossível prestar educação integral para todos. Não tem corpo técnico e nem estrutura física para isso. É um investimento para 10 ou 15 anos. É uma geração completa. Temos uma proposta que passa pela alimentação correta dos alunos da rede pública. Está comprovado: aluno que não se alimenta bem não consegue aprender direito. Como governador, qual seria o tratamento que você dispensaria às cidades-saté-

No Brasília Capital, Kadesch diz


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FOTOS: GUSTAVO GOES

z que até segurança depende de campanha educativa

lites e às pessoas que vivem fora do Plano Piloto? – Eu não me proponho ao cargo de governador, e sim, de gerente. Quero ser funcionário de Brasília, e não chefe. O patrão é a população. O atual governador, através da mudança que fez na nomenclatura e na logomarca, acaba denunciando a intenção dele. O governo não é das satélites e de Brasília. É o governo só de Brasília. O nome da unidade federativa é Distrito Federal. O GDF precisa de presença. Você promoveria a descentralização das administrações regionais? – Com certeza, o administrador é o representante do governador. Tem que ser. E não o representante de um deputado. Como ficariam os acordos com a Câmara Legislativa sem o toma-lá-dá-cá? – Eu ficaria muito desconfortável de falar neste assunto se não acreditasse que a Câmara Legislativa também vai se renovar. Sou pré-candidato acreditando que serei candidato, que serei eleito e que a Câmara Legislativa vai passar por uma renovação de, pelo menos, 70% dos deputados, que é o apontam os especialistas. Nós não vamos ter a filosofia do balcão de negócios, de venda e compra de votos. Seja no nível eleitoral ou governamental. Para mim, é imoral. Para isso, tenho uma proposta muito boa: todas as reuniões que fizermos com o Legislativo, com um ou com todos os deputados, sejam transmitidas pela internet para a população assistir. Você acha isso factível? – Se o assunto for de interesse do Distrito Federal, nós que estamos nos candidatando à vida pública não temos porque esconder. Assuntos como aprovação de projetos e

“Quando me coloco como pré-candidato a governador, é o meu voto de protesto. Não há outro candidato que represente o que a sociedade está precisando” nomeação de comissionados, por exemplo, são de interesse público. O seu discurso de outsider não é único. Outros candidatos se apresentam com esse mesmo perfil... – A nossa candidatura é a mais legítima com o nome de outsider. Aqui em Brasília, o primeiro a ter essa configuração fui eu. Garanto que sou o único candidato a governador com essa característica. Todos os outros têm um pé na política. Mas legislação não permite um candidato sem partido. E à medida que a pessoa se filia a um partido, ela tem que rezar a cartilha daquele partido, no estatuto. Como lidará com isso? – Esse momento de renovação está passando também pelos partidos. A maioria deles está abandonando o nome “partido” e adotando um formato de movimento. Isso revela o

sentimento da maioria das pessoas. Hoje, dificilmente se vê, como há 15 anos, pessoas andando com bandeiras penduradas nos carros e defendendo sua ideologia. Isso já não existe mais porque é a realidade do brasileiro hoje, de não acreditar em partidos. Nós precisamos de um partido para sermos candidato. Porém, estamos todos, eleitores, políticos e partidos, aprendendo o que será essa nova realidade. Você admite a divisão entre direita e esquerda? – De verdade, não. Se tivesse que se posicionar por essa divisão, qual seria o seu lado? – Outsider (risos). Qual mensagem você deixaria para Brasília com a perspectiva de eleições e a avaliação da atual gestão? – Otimismo é uma palavra muito forte. Busco mais o realismo. Nós estamos em um estado de emergência. Estamos na UTI, em todos os sentidos. Do serviço público, até a sociedade como um todo. Desejo que as pessoas possam refletir, apesar da revolta que sentem no coração, da vontade de explodir, de dar tiro. Que elas tenham esse momento. Tudo que está acontecendo não foi culpa de nenhum alienígena que chegou e nos impôs. Nenhum dos líderes políticos foi imposto por alienígenas, e sim pelo voto. Proponho que as pessoas reflitam. O voto deve ser consciente. Não só o voto, que é reflexo de uma atitude, comportamento e de uma crença, mas que as pessoas possam acreditar que elas fazem a diferença. Quando me coloco como pré-candidato a governador, é o meu voto de protesto. Não há outro candidato que represente o que a sociedade está precisando.


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Barriga vazia Por Chico Sant’Anna

2018 vai ser um ano do Cão

N

CHICO SANT’ANNA

ão, não é nenhum trocadilho, embora 2018 prometa ser um ano bem complexo no Brasil e em Brasília. Segundo o Horóscopo Chinês, 2018 fecha o ciclo do Galo e abre o ciclo do ano do Cão, que começa em 16 de fevereiro e vai até 5 de fevereiro de 2019, sob a influência direta do elemento Terra. Uma interpretação barata pode, contudo, induzir o leitor a achar que estamos muito mais perto daquilo que a cultura popular brasileira define como sendo “do Cão”. Pelo olhar oriental, sob a influência do signo do Cão da Terra, há a valorização da solidariedade, do diálogo e da igualdade. As pessoas serão mais tolerantes e terão mais empatia, tornando o ano repleto de equilíbrio. Talvez lá pelas bandas do Oriente. Por aqui, tudo indica que os ânimos estarão mais esquentados do que nunca. CHUPANDO MANGA – A situação política e econômica do Brasil e da Capital Federal nos leva a crer que a leitura endiabrada, atribuída pela cultura popular, mostra-se muito mais apropriada. Poder-se-ia, mesmo, dizer que vai ser um ano do “Cão chupando manga”. Crise hídrica, desemprego, salários baixos, gás e gasolina com preços pela hora da morte, eleições, diferenças religiosas, lutas sociais ..., tudo contribuindo para acirrar os ânimos.

Essa conjuntura nacional e local não deve mudar. Desemprego, proliferação de casos de corrupção, carestia - embora as cifras oficiais insistam em dizer que a inflação está caindo -, tudo tende a contribuir para que 2018 seja um Ano do Cão à Brasileira. Os economistas mais otimistas falam na geração de 500 mil empregos. Significa dizer que continuaremos com 11,5 milhões de desempregados. Contabilizados seus familiares, serão cerca de 50 milhões de pessoas de barriga vazia. CRISE HÍDRICA – Aqui em Brasília, o desemprego beira 300 mil pessoas. Um desempenho da economia igual ao projetado para o Brasil gerará apenas 12.500 novas vagas. Ou seja, pouca coisa mudará. Tem ainda o agravante da crise hídrica. O metrô não terá sido ampliado, e a Saúde e a Educação continuarão precárias. Apesar da ajuda de São Pedro neste início de ano, 2018 será ainda de racionamento d’água, afetando, principalmente, as camadas mais pobres, que não possuem reservatórios capazes de atravessar três dias de turbulência no abastecimento toda semana.

Custo de vida, Copa e eleições

“Cão chupando manga”, na linguagem popular, traduz o que nos espera

Aquele brasileiro cordial, gentil, revelado por Sérgio Buarque de Holanda, em 1936, na obra Raízes do Brasil, parece ter desaparecido nas redes sociais da pós-modernidade. Mas, como visionário, ele mesmo deu a pista da transformação ao definir que a ética do brasileiro tem um fundo emotivo e que, com a simples cordialidade, não se criam bons princípios. FAKE NEWS – Os nervos estão à flor da pele, e certamente em decorrência de um fundo emotivo, como citado por Holanda. Existe uma insatisfação política e social latente e que se revela

em mensagens fortes, sejam nas redes sociais virtuais ou tradicionais – as famosas rodas de conversas. Nem mesmo no período de festas, quando a harmonia deveria reinar entre todos, houve trégua. Não faltaram mensagens politicamente incorretas: intolerância política, religiosa, de gênero, racista, xenófoba, de discriminação regional e social. Para reforçar tudo isso, surgem agora as informações de que programas cibernéticos, robôs e até equipe de profissionais são utilizados para fomentar as fake news, os boatos que irritam tanta gente.

O título de cidade campeã do custo de vida também não ajudará a apaziguar os ânimos. Quem sabe a Copa do Mundo!... Mas logo depois começará o período eleitoral e os zaps estarão zunindo de tudo que é lado. A política local e a nacional tendem a apimentar o ambiente. Neste primeiro semestre devem sair resultados de vários processos judiciais. Os principais atores políticos que buscam as cadeiras do Buriti e do Planalto estão pendurados na Justiça. Punidos ou absolvidos, não importa, o circo vai pegar fogo. Dirão uns que é marmelada, outros que é golpe. Na Câmara Legislativa, é grande a nominata de distritais enrolados judicialmente. E é lá que estão complexos projetos de leis, como a Lei do Silêncio, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Zoneamento Ecológico e Econômico. As autoridades falharam em construir um consenso e a comunidade de Brasília está pronta a impedir que os políticos alterem as regras em favor da especulação imobiliária, sempre muito poderosa. Como se vê, 2018 será mesmo o Ano do Cão. Mas do Cão cibernético, tuitando e zapiando. Haja espírito de tolerância e, é claro, memória no celular...

Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com


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Sem previsão de normalidade O racionamento de água no Distrito Federal continuará em 2018 e não há previsão para um final. Mesmo com a elevação no nível dos reservatórios e de chuvas intensas nos últimos dois meses, a tendência é de a situação continuar inalterada. Mas a expectativa é de que o corte no fornecimento não subirá de 24h para 48h por semana. O Instituto Nacional de Meteorologia informou na segunda-feira (1º) que as chuvas ficaram 15% abaixo da previsão de 1.525,9 milímetros. Foram registrados somente 1.304,6 milímetros no ano passado. O volume acumulado nos últimos 12 meses foi menor do que a média histórica – 221,3 milímetros a menos. A previsão do Inmet para este primeiro mês de 2018 é de chuvas em quantidade superior à media esperada. “A expectativa é de que chova em torno ou ligeiramente acima da média do mês, a exemplo do que ocorreu nos últimos dois meses do ano passado”, diz o meteorologista Manoel Rangel. A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) divulgou em dezembro três cenários e trabalha com a possibilidade de prevalecer o que chamou de realista. Neste caso, o Descoberto chegaria a 50% de sua capacidade em abril, o que mantém o racionamento de um dia por semana. Os outros dois são os cenários pessimista – com o reservatório do Descoberto em 34% em abril – e otimista – com esse percentual chegando a 71%. De acordo com a Adasa, nem a improvável situação totalmente acima das previsões indicaria o fim do racionamento.

Encerramento do Torneio Arimateia agita Taguatinga Maior campeonato de futsal aberto da América Latina, a 38ª edição do Torneio Arimateia termina neste domingo (7) na arena montada no Taguaparque. Serão disputadas as finais de oito categorias. As decisões começam às 9h e

vão até às 19h30, quando ocorre a disputa da categoria principal. O torneio levou mais de 25 mil pessoas neste ano durante os 19 dias de competição. Para as finais o público esperado é de 5 mil espectadores.

Shopping é referência O Taguatinga Shopping consolidou em 2017 a posição de principal referência de compras da região mais populosa do Distrito Federal, que inclui, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Vicente

Pires e Recanto das Emas. O shopping, que completou 17 anos e gera 2.500 empregos diretos, movimentou R$ 700 milhões no ano e recebeu uma média de 1,1 milhão de pessoas por mês.

Escola Técnica oferece 825 vagas Começam em 15 de janeiro as inscrições para 12 cursos de formação inicial e continuada da Escola Técnica de Ceilândia. O processo ocorrerá presencialmente até o dia 18. São 825 vagas. Entre as modalidades de capacitação

estão assistente administrativo, cabeleireiro e marceneiro. As regras para a seleção podem ser consultadas no Diário Oficial do DF do último dia 2. A Escola Técnica fica na Área Especial da QNN 14, na Guariroba.

A Caixa é 100% Brasil. É de todos nós! Vem pra defesa da Caixa você também. Instituições centenárias e todo o patrimônio público estarão sob ameaça enquanto durar o governo ilegítimo de Temer A Caixa Econômica Federal atinge 157 anos de existência neste 12 de janeiro de 2018. Desde a sua criação, em 1861, a Caixa tem presença marcante na história do Brasil e na vida dos brasileiros. De fato, sempre foi muito mais que um banco. A Caixa já nasceu associada aos sonhos dos brasileiros, especialmente aos sonhos de liberdade, justiça social e qualidade de vida, com cidadania, acesso à cultura e ao conhecimento. Para os brasileiros, abrir uma conta na Caixa sempre foi o caminho mais curto e menos tortuoso para o ingresso no sistema bancário. A caderneta de poupança da Caixa ganhou o imaginário popular como meio de se juntar economias para a realização de sonhos. A abertura de pecúlio na Caixa Econômica permitiu aos escravos, lá em 1871, juntarem recursos para a compra de carta de alforria. Desde então, a realização dos sonhos mais caros à nossa gente, como o da casa própria, tornou-se muitas vezes possível por intermédio do “banco da poupança”. A Caixa responde por 70% dos financiamentos habitacionais realizados em todo o País, com aplicação de recursos da ordem de R$ 420 bilhões ao ano. Desde 2009, é também o banco operador do Minha Casa, Minha Vida, programa que já beneficiou mais de 3,3 milhões de famílias e gerou 1,2 milhão de empregos. Atualmente, a Caixa administra R$ 487,3 bilhões do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Além de socorrer os trabalhadores em momento de dificuldade, os recursos do fundo ainda financiam obras de infraestrutura urbana por todo o País. Como banco 100% público, a instituição é responsável também pelo Programa de Integração Social (PIS) e pelo Seguro Desemprego, além de ajudar a população executando políticas públicas como a do Bolsa Família e a do financiamento estudantil (FIES). Esse banco que mais investe em moradias populares, concede incentivo ao esporte, dá apoio à cultura, financia a educação e as micro e pequenas empresas já esteve sob ameaça de desmonte em outros momentos de sua história, mas poucas vezes de forma tão evidente como nesse momento em que o país convive com um governo ilegítimo, antinacional e entreguista ao extremo. No decorrer de 2017, houve a tentativa de abertura do capital da Caixa, o que deslancharia de vez o processo de privatização da empresa. A resistência dos bancários e a promessa de muita luta com envolvimento da população forçaram o recuo dos operadores do desmonte nos corredores da instituição e do governo. Mas que ninguém se engane: a ideia está viva. Os empregados da Caixa contam com todos os brasileiros e brasileiras na vigília e no combate às ações dos inimigos do patrimônio público para que a Caixa possa comemorar seus próximos aniversários como empresa 100% pública, já sem as ameaças que sofre atualmente. Somos 100% Caixa. Só a luta nos garante!


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Lixão será fechado após 58 anos A partir do dia 20, todos os resíduos produzidos no DF serão depositados no aterro sanitário de Samambaia, que tem capacidade para nove anos. GDF aposta em coleta seletiva e na compra de terrenos para ampliar vida útil para 26 anos DIVULGAÇÃO

O

segundo maior acúmulo de lixo a céu aberto do mundo está com os dias contados. O dia 20 de janeiro é o prazo final dado pelo Governo de Brasília para o fechamento do lixão da Estrutural, o que só será possível devido à inauguração do aterro sanitário em Samambaia. Com um modelo que diminui o impacto do descarte, o novo espaço já está recebendo um terço dos resíduos do DF desde janeiro de 2017. Por outro lado, caso a coleta seletiva continue atingindo apenas 60% da população local, o aterro de Samambaia tem capacidade para durar apenas mais treze anos. Com 76 hectares, 32 deles para compactação do lixo, ele foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de rejeitos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) calcula que, caso a coleta seletiva seja 100% implementada no DF e a área do aterro seja ampliada, além da implementação de ações na gestão dos resíduos, como compostagem, aperfeiçoamento da triagem, e educação ambiental para incentivar a separação correta, sua vida útil sobe para 26 anos. O governo negocia a compra de dois terrenos vizinhos, de 30 e 40 hectares, ao lado. Deivid Mesquita, 22 anos, catador na Estrutural desde quando chegou em Brasília, aos 18 anos, acha que o projeto do governo é bom, mas distante da realidade dos catadores. “Sinceramente, não acredito que trabalharemos em um galpão, com proteção e recebendo o valor que conseguimos aqui”,

afirma. Em média, um catador na Estrutural chega a receber R$ 350 por semana separando materiais recicláveis. O governo propôs aumentar de R$ 92 para até R$ 350 o valor pago por tonelada de material reciclável. Também se comprometeu a iniciar imediatamente o pagamento do benefício de R$ 360 por mês aos membros de cooperativa que transferirem seus serviços do lixão para os centros de triagem do novo aterro. “É um salto civilizatório, com a inclusão dos catadores de forma adequada, digna”, comemorou o governador Rodrigo Rollemberg à época do acordo com as cooperativas. Em Samambaia, num primeiro momento, serão seis galpões alugados, pois os definitivos ainda não estão prontos. Mas a ideia é que sejam sete. “Nem galpão o governo tem ainda”, alfineta Deivid. Mas o catador lembra que depois de muito tempo o poder público reconheceu o valor de quem separa lixo.

Catadores do lixão da Estrutural serão remanejados para o aterro de Samambaia. Medida é comemorada pelo governador Rollemberg e pela diretora do SLU, Heliana Kátia Campos

GABRIEL JABUR AGÊNCIA BRASÍLIA

Gabriel Pontes

Uma montanha de lixo de 55 metros de altura O maior lixão da América Latina nasceu irregularmente após a criação de Brasília, no início dos anos 1960. Seu nome formal é Aterro Controlado do Jockey, e deveria ter sido fechado há 20 anos, quando o Ministério Público pediu o fechamento do depósito. Em 2011, a Justiça determinou o fim do lixão. Em 2014, terminou o prazo para encerramento de lixões e aterros irregulares no País, previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ainda assim, nada aconteceu. Passados quase 60 anos, o espaço acu-

mula 40 milhões de toneladas de detritos. O maciço — nome técnico para a parte central onde é disposto o lixo domiciliar — tem 55 metros de altura. No entorno do lixão, a Cidade Estrutural cresceu e conta hoje com cerca de 40 mil habitantes. Neste cenário, o fechamento do lixão da Estrutural, mesmo com todas as nuances, é considerado uma conquista da gestão de Rollemberg e da diretora do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Heliana Kátia Campos. TRABALHO CONTINUA – Mesmo após o fe-

chamento do aterro, o Poder Público ainda terá trabalho para reparar os danos que o lixão causou ao meio ambiente. Principalmente por ser vizinho do Parque Nacional de Brasília – unidade de conservação que abriga o sistema Santa Maria/Torto, segundo maior reservatório de água do DF, responsável pelo abastecimento de 25% da população. Antes da total desativação, o aterro da Estrutural receberá resíduos da construção civil, como entulhos de demolição, areia e pedras. Uma usina será contratada para operar no local.


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Você é o autor do seu destino Trate bem seu semelhante. Existem pessoas que vivem estressadas e doentes pela quantidade de fluidos negativos que atraem diariamente de outras que são maltratadas por elas. Já vi ônibus coletivo em que o motorista é xingado constantemente pela forma grosseira de tratar os passageiros, e outros em que os passageiros sempre entram com um sorriso no rosto porque são recebidos com um cumprimento e um sorriso.

Em Nova York, um motorista de ônibus, enquanto dirige, conta a história dos monumentos da cidade. Todos saem felizes e ele também, pelo olhar de gratidão dos passageiros. Existem médicos que levantam e vão até à porta do consultório receber os pacientes, com alegria e palavras de encorajamento. Os pacientes retiram-se bem melhor pelo bom acolhimento recebido e, é claro, esses médicos recebem uma chuva de fluidos positivos

2018 oportunidades para uma vida saudável O ano começou a todo vapor e muitos já fizeram seus votos e promessas de uma vida mais saudável. Alguns dizem que o ano começa somente após o Carnaval, mas acredito que não temos que ter data definida para fazer mudanças em nossa vida, ainda mais quando isso está diretamente relacionado à nossa qualidade de vida. Não precisamos de muito para

ter um estilo de vida compatível com saúde e vitalidade positiva. Algumas dicas podem ajudar você a começar agora. Para aqueles que exageraram nas festas de final de ano, uma boa alternativa é começar com um processo de limpeza do organismo. Muitos chamam de detox. Detoxificação é um processo natural que ocorre em alguns tecidos. O fígado e o intestino são os principais

emitidos pelos pacientes gratos. Não arrume complicações gratuitas. Não se limite ao dever. Jesus pediu que fôssemos além do dever. Disse ele que quem se limita ao dever é um inútil. Não devemos esquecer dos professores que incentivam e colaboram para o crescimento dos alunos e, por isso, recebem gratidão eterna na forma de comentários positivos e chuva de fluidos. Os comerciantes não devem limitar-se a vender mercadorias. A atenção e o estímulo ao freguês perturbado ou desanimado são fatores fundamentais para o sucesso dos negócios. Vivemos em relação, e todos dependemos e precisamos uns dos outros. “A pessoa que ama a si mesma

torna-se graciosa, elegante. Se você não ama a sua casa, não a limpa, não a circunda com um belo jardim. “Se você se ama, tentará aumentar seu potencial e demonstrar tudo o que está dentro de você para ser expressado. Se você ama, continuará banhando a si mesmo, nutrindo a si mesmo. E se ama a si mesmo, ficará surpreso: os outros amarão você. “Ninguém ama alguém que não ama a si mesmo. Se não pode nem amar a si mesmo, quem mais vai se importar?”. Com Jesus, aprendemos: “ o que você quiser receber, faça-o ao próximo”.

órgãos responsáveis pelo processo. Alguns alimentos, compostos bioativos e nutrientes ajudam o organismo nesse processo de limpeza. Chás, como o chá verde e o chá de hibisco, além do gengibre, são muito utilizados. Esses chás podem ser ingeridos quentes ou gelados (aproveitando o calor do verão). O importante é fazer a decocção ou infusão, de acordo com cada tipo. A água também e fundamental nesse processo. Manter o corpo hidratado garante meios para a eliminação de toxinas. Aproveitando as temperaturas elevadas do verão, temos um momento propício para o consumo de frutas e hortaliças frescas, preferencialmente os da estação, por

apresentarem menor concentração de agrotóxicos (o ideal é consumir orgânicos) e maior teor de nutrientes, por serem alimentos dessa estação do ano. Para ajudar na escolha, vou listar algumas frutas e hortaliças desta época: abacaxi, carambola, coco verde, fruta do conde, laranja-pera, mamão, maracujá, melancia, uva, alface, cebolinha, couve, salsa, abóbora, abobrinha, beterraba e tomate. Quer saber mais? Procure um nutricionista!

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)


Brasília Capital n Geral n 14 n Brasília, 6 a 12 de janeiro de 2018 - bsbcapital.com.br

Entenda um edital de língua portuguesa Recorrentemente, recebo mensagens de alunos que gostariam de saber o que estudar. Uns estudam além do necessário; outros, menos do que o previsto no edital. Quero, por meio deste artigo, mudar o seu 2018! Neste ano, você vai estudar apenas o que é cobrado, a fim de alcançar a sonhada aprovação! Vou citar os principais tópicos explorados e o que está implícito neles: Fonética e fonologia: reconhecimento de letras e fonemas; encontros vocálicos; encontros consonantais (poucos concursos exploram este conteúdo). Ortografia: a forma correta de escrita das palavras (e isso, para concursos públicos, se aprende por meio de muita leitura, e não por regras); Novo Acordo Ortográfico; uso do hífen; acentuação gráfica (o mais importante). Morfologia: reconhecimento das 10

classes de palavras – substantivo (além de dominar a classe, aprenda a diferenciar o concreto do abstrato), artigo, adjetivo, numeral, pronome (saiba reconhecer TODOS os pronomes), verbo (a banca, ao citar “morfologia”, está autorizada a cobrar TUDO aquilo que envolve o verbo; é importante conhecer o perfil de cada examinadora), advérbio, preposição, conjunção (decore preposições e conjunções) e interjeição (nunca é cobrada). Aqui também estão as locuções (verbal, adjetiva, adverbial, conjuntiva e prepositiva) e o processo de formação de palavras (nem todas as bancas cobram; é importante conhecer o perfil de cada uma). Sintaxe (a maior parte do conteúdo): classificação sintática – sujeito (e suas classificações – cai muito), predicado (e suas classificações – cai pouco), transitividade, complementos (verbais e nomi-

Discriminação racial? Sem essa, caras-pálidas! Antes, como repórter, e agora, como turista, já viajei pelos quatro cantos do mundo e conheço o Brasil como a palma da minha mão. Na última incursão, lamentavelmente, foi quando tropecei inúmeras vezes com o preconceito racial contra brasileiros negros e até mesmo discriminação ostensiva, o que é mais grave. Cito aqui um exemplo contundente. Em Salvador, capital da Bahia, cidade na qual cerca de 70% são afrodescendentes de aparência bonita, há uma tradicional

agremiação de elite com o nome de Clube Bahiano de Tênis, na qual não aceitam como sócios ou frequentadores eventuais pessoas de epiderme escura. Isto é não só chocante, mas também crime, segundo a Lei 7.716, aprovada em 5 de janeiro de 1989, que teoricamente colocou um ponto final no problema. O que tudo indica é que a compra de negros na África, para revendê-los a países capitalistas, baseava-se na constatação de que esses escravos de pele escura,

MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO

Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas

Rádio JK - AM 1.410 Ligue e participe: (61) 9 9881-3086 www.opovoeopoder.com.br

nais), adjuntos (adnominais e adverbiais), predicativo (do sujeito e do objeto), agente da passiva, aposto e vocativo. Há também a classificação sintática do período composto – orações coordenadas (assindéticas e sindéticas) e subordinadas (adjetivas, substantivas e adverbiais). Existem ainda conteúdos híbridos, que envolvem morfologia e sintaxe (a famosa morfossintaxe): concordância (nominal e verbal), regência (nominal e verbal), estudo dos pronomes oblíquos (principalmente os átonos), funções do SE (principalmente para concordância), funções do QUE (principalmente para o período composto), crase (está atrelada à regência). Semântica: é o estudo do sentido em um texto. Pode ser cobrada em qualquer um dos tópicos acima citados. Existe ainda o assunto mais híbrido de todos: pontuação. Em muitas oportunidades, o edital cita explicitamente que esse conteúdo será cobrado. Entretanto, só de citar “sintaxe” (ou qualquer tópico relacionado), a banca pode cobrar pontuação; só de citar “semântica”, a banca pode cobrar pontuação. Nesse caso, é fundamental olhar não apenas para o documento de publicação do concurso, mas para provas anteriores, a fim de ve-

rificar com que frequência esse assunto foi explorado pela banca. Sobre análise de textos: além de verificar se há tópicos específicos no edital (como figuras de linguagem ou tipos de discurso), nunca deixe de estudar: compreensão e interpretação (em exercícios), tipologias textuais e coesão. Conselho: cole este artigo na parede do seu quarto. Exceto fonética e fonologia (que só deve ser estudada apenas se o edital citar), tenha a certeza de que você domina todos os outros conteúdos apresentados, a fim de que você esteja sempre apto a usar a língua portuguesa como sua aliada em concursos públicos! Nunca é demais relembrar que essa é a disciplina que mais reprova em concursos públicos. Todavia, a partir de hoje, ela pode ser motivo de reprovação para os outros, e não para você! Tenha um 2018 abençoado e próspero, de muito trabalho, estudo, dedicação e realização!

além de fortes fisicamente, eram de índole dócil, o que facilitava as transações sem protestos. No Brasil, depois da escravidão permanecer vigente desde 1550 (nada menos de 300 anos!), finalmente Dona Isabel, a princesa regente, sancionou a Lei Áurea em 13 de Maio de 1888, libertando os escravos, na ausência do imperador D. Pedro II, que se encontrava em viagem ao exterior. De lá para cá, os negros continuam dando provas de sua excepcional condição física, a exemplo das incontáveis vitórias internacionais de atletas afros em todas as modalidades esportivas. Historicamente, basta relembrar a performance do competidor negro norte-americano Jesse Owens, nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. A sensacional conquista desmoralizou Adolf Hitler, que se encontra-

va presente no estádio, com a intenção de apresentar ao mundo a superioridade dos participantes alemães, que ele considerava “arianos” (raça pura, de brancos), que só existia na cabeça maluca do grande ditador. Por aqui, basta citar o nome de um ídolo negro: o nosso “rei” Pelé. Diante da realidade incontestável, sem essa de discriminar brasileiros negros, até porque eles são produtos de uma bela raça! E nosotros, caras-pálidas, não somos de raça definida. Na verdade, não passamos de mestiços, inclusive este cronista de epiderme clara (eu).

Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)

Fernando Pinto Jornalista e escritor


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Canetti e seus caracteres

Elias Canetti tornou-se jovem na Inglaterra, educou-se na Suíça mas escolheu o alemão para se expressar literariamente

Mario Pontes (*)

A

té aquela tarde, tudo que eu sabia sobre Elias Canetti resultava de habituais (ou ocasionais) leituras de revistas e jornais estrangeiros. Sabia que nascera na Espanha. Que sua família, perseguida por causa das origens judaicas, mudara-se para a Bulgária – onde o avô do menino Elias passara a “fazer negócios em dezessete línguas e dialetos”. Sabia ainda que o adolescente Elias tornara-se jovem na Inglaterra, educara-se na Suíça e escolhera o alemão para expressar-se literariamente. Sabia por fim, que como um destacado romancista do século XX não tardara a ser conhecido para além das fronteiras da Europa. Breve parada na capital fran-

cesa (estava a caminho da Alemanha, a fim de ver a grande Feira Anual do Livro de Frankfurt e escrever sobre ela no jornal no qual trabalhava) proporcionou-me um inesperado encontro com Canetti. Aconteceu no momento em que um dos seus livros – o mais falado nos meses recentes – começou a me acenar do interior da vitrina de uma livraria conhecida em meio mundo. Na edição inaugural, em língua alemã, o romance intitulou-se Die Blendung (A ofuscação). Na tradução francesa, escolheram para título uma antiga expressão, idêntica em espanhol e português: Auto de fé. Assim denominava-se a cerimônia pública na qual o Tribunal da Inquisição (instituição medieval) costumava queimar vivas pessoas condenadas por descumprirem os mandamentos da Igreja

Católica. Como se não bastasse, os promotores afirmavam que aquilo era apenas o começo da tortura do condenado; no plano extra-terreno, mesmo que os pecados cometidos na Terra não fossem lá muito graves, a alma do condenado passaria não um século, mil séculos, mas a eternidade inteira a torrar nas chamas do Purgatório! Auto de fé, o romance, não se passa na Idade Média, mas nos começos do século XX, em local não muito bem especificado. O cenário do drama é uma grande biblioteca (variada, como a inteligência humana), dirigida pelo sábio Kien. Ele passa dias e noites lá dentro, a ler tudo que é possível, até ser devorado pelas chamas – que consomem todo aquele gigantesco armazém de testemunhos, idéias e sugestões. Ignora-se quem acendeu a fo-

gueira. Mas o narrador aproveita a circunstância para lembrar – e condenar, ainda que sem resultados palpáveis – aqueles que, em nome de causas tão elevadas que não chegam a ganhar forma, estão sempre a transformar idéias em cinzas e cabeças independentes em torresmos. Auto de fé não é a única obra de Canetti. Ele escreveu outras ficções e alguns estudos de sociologia e política. Entre os quais o destaque vai para Massa e poder, que trata da exploração das multidões pelos grandes e imortais vampiros da economia e da política. Meses atrás, um amigo recém-chegado da Europa presenteou-me com um livro, que mais podia ser? Um livrinho de bolso com pouco mais de duzentas páginas. Título: Fünfzig Charaktere (Cinquenta caracteres). Ah, o Canetti! Ele era mesmo o Rei da Surpresa. Como eu poderia ter imaginado que fosse também psicólogo? Mas o fato é que no livrinho ele usou a psicologia como instrumento para revelar a índole, descobrir a cara escondida de cinquenta tipos de indivíduos com quem frequentemente temos de conviver: uns tolos, outros nascidos com o instrumental necessário para sacanear o próximo, passar à frente de todos e alcançar o topo da pirâmide social somente por ter pernas e garras igualmente compridas. Outros... Para alertar e, se possível, divertir o leitor, Canetti criou vocábulos compostos (em alemão), com os quais ressaltou o lado negativo dos seus cinquenta caracteres. Dois exemplos: 1) O Lambenomes, cujas papilas línguais se excitam e descobrem – a léguas de distância – o nome daquele que vale a pena lamber, ou seja, bajular. 2) O Pseudorretórico: caçador de ouvintes incapazes de entender as porcarias que vomita com seu discurso. Se o leitor pensa que tive vontade de enriquecer com caracteres brasileiros a lista de Canetti, acertou. Mas como espaço é limitado, guardei-os no fundo da gaveta à espera do dia certo.

(*) Ex-editor do Caderno Livro, do Jornal do Brasil, ficcionista e tradutor de obras. Mora no Rio



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