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Ano IX - 397
Ibaneis consolida maioria tranquila na Câmara Legislativa
CNC fará intervenção no Sesc e Senac
Aprovação de novo modelo de gestão da Saúde fortalece Buriti
Entidades no DF serão geridas pela Confederação por 90 dias
Páginas 2, 4 e 5 e Chico Sant’Anna
Pelaí - Página 3
Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019
JÚLIO PONTES / BSB CAPITAL
LÁ VEM O TREM GDF inicia em março testes para transporte de passageiros entre Brasília e Luziânia pela linha férrea. Projeto será comandado pelo secretário de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Paulo Roriz. Páginas 7, 8 e 9
Brasília Capital n Opnião n 2 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br
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x p e d i e n t e
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ARTIGO
É hora de buscar novos caminhos Saúde pública do DF está caótica. Cerca de mil leitos encontram-se bloqueados
Cláudio Abrantes (*) A saúde pública do Distrito Federal apresenta hoje estado caótico. Há precariedade nas instalações e equipamentos e cerca de mil leitos encontram-se bloqueados. São 200 apenas no Hospital Regional de Santa Maria. E, por mais que haja esforços da Secretaria de Saúde e dos servidores, é fundamental que haja um choque, uma vez que nossa população está morrendo. A Câmara Legislativa entende essa necessidade da população, e por
Aumentar a militarização das escolas significa aumentar os custos delas. De onde virá essa verba extra? Max Guimarães, via Facebook Colegas, se o problema é a falta de segurança, mais um motivo pra polícia fazer o seu trabalho de segurança
saúde pública nem de “atropelar” o servidor. Trata-se de dar celeridade a processos. Ademais, o DF vive um novo tempo. O projeto aprovado nos dá garantias que antes não existiam. Além de termos mecanismos de controle, também temos formas de garantir transparência e promover fiscalização rigorosa. Nossa luta é pela população do DF.
(*) Deputado distrital (PDT) e líder do governo na CLDF
Não prometa o que não pode cumprir Reginaldo Veras (*) Apesar do alerta do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho e do Ministério Público de Contas do DF, que emitiram recomendação conjunta pedindo que a Câmara Legislativa não votasse a expansão do Instituto Hospital de Base, a maioria dos deputados distritais aprovou, quinta-feira (24), a proposta do Executivo. Fui contra o projeto original, aprovado no governo Rollemberg, e conti-
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nRosilene Corrêa
isso aprovou o projeto do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do DF, apresentado pelo governo. É hora de buscar novos e urgentes caminhos. Isso não significa, no entanto, que admitiremos desrespeito ou desvalorização da classe que, por anos, tem se esforçado para cuidar de nossa população. Sabemos da luta do servidor para um atendimento de excelência. Sabemos que o caos não é culpa dele. Mas atingimos um ponto crítico e, por mais que o servidor se desdobre, seu sacrifício não é suficiente. Não se trata de privatização da
pública. Não é interferindo na atuação escolar e na docência que vai se resolver o problema. Se existe falta de segurança é porque a polícia não faz o seu trabalho. Ela dentro de escola estará protegida e fugindo da sua obrigação mais uma vez! Daqui a pouco vocês vão querer a igreja também dentro da escola achando que vai se re-
nuei contrário à versão apresentada pelo governador Ibaneis Rocha. O que me espanta é o fato, de durante a campanha eleitoral, Ibaneis alardear aos quatro cantos ser contra o modelo do IHB e tão precocemente mudar de opinião e defender ferozmente a expansão do Instituto. Sou coerente com minha história, com meus princípios, e por isso votei contra a proposição. Saúde não é mercadoria e não pode e não deve ser tratada como tal. A falta de transparência inerente ao mo-
delo defendido pelo governo pode vir a facilitar a corrupção e o mau uso dos recursos públicos, como já é observado em outras unidades da federação nas quais modelo semelhante foi implantado. Continuarei a defender a Saúde pública do DF e seus servidores, mas defendo um modelo transparente e não privatista. Nossa luta é por uma saúde pública de qualidade e para todos.
(*) Deputado distrital (PDT-DF)
a r t a s
solver o problema. Jacqueline Negrão, via Facebook Polícia tem que atuar é nas ruas, não é servindo de babá dentro de escola pra esses projetos de peba, não. Carlos Lacerda, via Facebook Nós queremos investimentos e combate ao crime fora da escola e não que tratem nossos alunos como
bandidos por serem pobres. Glauco Silva, via Facebook Sobre entrevista com a diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa. Ela declara ser contra a militarização nas escolas do DF, anunciada pelo governo na última semana. nSSindMédico Só li verdades. Essa pri-
vatização serve para desviar dinheiro. Elaine de Menezes, via Facebook A coisa está feia! Segura na mão de Deus e vai! Mauro Lima, via Facebook Sobre artigo do presidente do SindMédico-DF, Dr. Gutemberg Fialho. Ele argumenta que a saída para melhoria da saúde pública é o fortalecimento do SUS.
Brasília Capital n Política n 3 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br
Demissão pelo Twitter – O secretário de Educação Rafael Parente demitiu o subsecretário de Educação Básica Sérgio Elias após ele emitir parecer que contraria a política de militarização das escolas defendida por Ibaneis Rocha. A demissão, que ainda será publicada no Diário Oficial, foi
Intervenção no Sesc e Senac
Saias-justas e controvérsias Jair Bolsonaro já acumula saias-justas e situações controversas na presidência do Brasil. Em sua primeira viagem internacional, para a reunião do Fórum Econômico Mundial de Davos, frustrou investidores com um discurso superficial. Não participou de coletiva de imprensa marcada e evitou oportunidades de negócios optando por almoçar sozinho em restaurantes populares.
A Federação do Comércio do Distrito Federal avocou a gestão do Sesc e do Senac locais. A decisão foi tomada na reunião da diretoria na quinta-feira (24), no Rio de Janeiro. O Brasília Capital teve acesso a documento interno com esta informação, mas a diretoria da CNC não confirmou oficialmente. ESTATUTO - A decisão foi tomada em razão do descumprimento, no entendimento da CNC, do estatuto da entidade na sucessão do ex-presidente Adelmir Santana, que renunciou no dia 7 deste mês. Em vez de convocar eleição, na qual teriam direito a voto os diretores dos sindicatos filiados, o primeiro-vice, Francisco Maia (SindiEventos), reuniu o Conselho de Representantes e, por 16 votos a 10, teve seu nome confirmado para concluir o mandato do antecessor. ELEIÇÃO - Mas a saída encontrada pela Fecomércio não encontrou respaldo na CNC. O comando da entidade decidiu transferir a gestão do Sesc e do Senac por 90 dias para a direção nacional, até que Maia cumpra a determinação de realizar nova eleição. A Fecomércio-DF ainda não foi notificada oficialmente. EM ANÁLISE – Na prática, sem poderes sobre o Sesc e o Senac, suas duas principais fontes de dinheiro, a Fecomércio torna-se decorativa. O Brasília Capital tentou entrar em contato com Francisco Maia, mas ele não atendeu a reportagem. A assessoria de imprensa da CNC em Brasília não tinha informação e a Comunicação Social da entidade, no Rio, respondeu que “sobre as informações relativas ao Sistema Fecomércio-Sesc-Senac/DF, o assunto ainda está em análise na CNC”.
Pede para sair
JOSÉ CRUZ / AGÊNCIA BRASIL
Jean Wyllys (PSol-RJ/foto) não assumirá o terceiro mandato para o qual foi eleito em outubro. O deputado declarou à Folha de S.Paulo, quinta-feira (24), que abrirá mão da vida pública para morar fora do Brasil. As ameaças de morte e a atual situação política o levaram a tomar a decisão. “Não quero ser mártir. Eu quero viver”, concluiu. O vereador David Miranda, 33 anos, assumirá o mandato como suplente. Estrategista de marketing, ele é ativista LGBT e casado com o jornalista Glenn Greenwald, VAI COM DEUS – No Twitter, minutos depois da notícia, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) escreveu: “Se Jean Wyllys cumprir sua promessa de abrir mão do seu mandato, e ir (sic) embora do Brasil, olha sinceramente, o povo brasileiro vai adorar! Vai com Deus e leva o resto da quadrilha!”. AMEAÇAS – Na edição 396º o Pelaí publicou, com exclusividade, nota em que revelou que o deputado distrital Fábio Felix, também do PSol, sofre ofensas diárias e ameaças constantes em suas redes sociais por ser homossexual assumido.
comunicada por Parente pelo Twitter. “Não há mais espaço para deslealdade, desrespeito, fofoca, rebeldia, atitudes vaidosas ou egocêntricas. Jogar em time é tão importante quanto ser íntegro e competente”, escreveu o secretário em sua postagem.
Davos - Os olhos da nação estiveram vidrados na pequena cidade Suíça. Recebido em meio a protestos, Bolsonaro se esquivou de encontros com grandes empresários e líderes mundiais e optou por agendas binacionais com líderes conservadores da Itália, Polônia, República Tcheca (foto) e Japão. LIBERDADE DE IMPRENSA – O Sindicato dos Jornalistas do DF e a Federação Nacional dos Jornalistas se manifestaram contra mudanças na regulamentação da lei de acesso à informação. O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que o decreto visa “reduzir a burocracia na hora de desqualificar alguns documentos sigilosos”. Para as entidades, “a retórica não é capaz de desmentir o que está estabelecido no decreto: servidores públicos de alto escalão poderão impedir o acesso dos cidadãos e cidadãs - incluídos os jornalistas - às informações públicas”. “Se o acesso era a regra e o sigilo a exceção, prenuncia-se o inverso: o sigilo como regra e o acesso como exceção, caracterizando um ataque à liberdade de imprensa e ao exercício da cidadania”, alegam.
Tá ok? Logo nos primeiros dias à frente da Funai, o presidente Franklimberg de Freitas enfrentou, na Procuradoria-Geral da República, um debate com indígenas e procuradores sobre demarcação de terras e direitos constitucionais dos índios. Na coletiva, ele repetiu várias vezes o bordão de Jair Bolsonaro, terminando frases com o “tá ok?” Menos, presidente, menos! AMOR TERRÍVEL - No mesmo evento, a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos disse que ama “terrivelmente” a causa indígena. No entanto, optou por não responder perguntas sobre o tema. Até Raquel Dodge tinha dúvidas para tirar com Damares - que permaneceram sem resposta. VOLTA À COLONIZAÇÃO - Liderança indígena, Luiz Eloy, do Povo Terena, nega que os índios temam que haja retrocesso ao que havia antes da Constituição de 1988 com relação aos seus direitos. “O que vemos é a proximidade com o período da colonização, quando índios tiveram que aceitar a Igreja para serem considerados seres humanos”, alertou.
Brasília Capital n Política n 4 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br
Ibaneis consolida maioria Buriti consegue 14 votos e expande modelo de Instituto para Hospital de Santa Maria e seis UPAs Da Redação
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urante toda a quinta-feira (24), os deputados distritais se desdobraram em discussões acaloradas sobre a criação do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (IGESDF), uma ampliação do modelo proposto pelo ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) para o Hospital de Base. O projeto, que tramitou no mesmo dia em caráter de urgência em quatro comissões, foi aprovado em sessão extraordinária no começo da noite com o apoio de 14 parlamentares. A vitória do Buriti ocorreu em meio a desgastes com a Câmara Legislativa, após intenso trabalho de articulação comandado pessoalmente pelo vice-governador Paco Britto (Avante). Se a aprovação do projeto, por si só, já é um grande mérito, o governador Ibaneis Rocha (MDB) pode comemorar a consolidação de uma base aliada ampla e consistente. Dos 24 deputados, apenas Agaciel Maia (PR) e Rodrigo Delmasso (PRB) não atenderam à convocação, por estarem fora de Brasília. Dos 22 presentes, os dois filiados ao PSB do ex-governador votaram a favor. Ainda que pudessem ser considerados oposição à atual gestão, José Gomes e Roosevelt Vilela foram compelidos
a votar a favor do projeto, uma vez o modelo é herança dos socialistas. A oposição, formada pelos petistas Arlete Sampaio e Chico Vigilante, por Leandro Grass (Rede), Fábio Felix (PSol) e Júlia Lucy (Novo) foi endossada por Reginaldo Veras (PDT), colega de partido do líder do governo, Cláudio Abrantes. Também ficaram contra a iniciativa do GDF os novatos por Jorge Vianna (Podemos) – enfermeiro da Secretaria de Saúde – e João Cardoso (Avante, correligionário de Paco Britto). Veras disse ao Brasília Capital que se manterá independente em relação à gestão Ibaneis. “Não vou ser influenciado nem por líder de governo, nem por partido, nem por ninguém. É uma posição de independência, não de neutralidade. Se o projeto for bom para a sociedade, terá meu apoio. Caso contrário, farei as críticas pertinentes”. Para o Buriti, a mudança de voto do deputado do Avante foi uma surpresa. Segundo o governador, o correligionário de seu vice foi extremamente prestigiado pela gestão e espera que o parlamentar contribua em próximas votações. Com a chegada de projetos polêmicos que envolvem a categoria do parlamentar - que é professor, a postura de Cardoso ainda é uma incógnita no plenário.
Na primeira sessão como presidente da Câmara, Rafael Prudente mostrou fidelidade ao governo. João Cardoso é do Avante, partido do vice-governador Paco Britto, e foi voto contrário ao GDF
Oposição barulhenta Dentre os deputados que votaram contra o projeto do Buriti, ganharam destaque os iniciantes Fábio Felix, Júlia Lucy e Leandro Grass. Ao longo da semana, o parlamentar do PSol fez diversas manifestações apresentando consternação com o caráter urgente de votação de grande impacto no SUS. Ele entrou com mandado de segurança no TJDFT para barrar o PL e tentou retirar o projeto da pauta. Lucy e Grass apresentaram emendas ao projeto e fizeram duras considerações no plenário.
Brasília Capital n Política n 5 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br FOTOS: SILVIO ABDON/CLDF
ARTIGO
Saúde do DF precisa ser exemplo JÚLIO PONTES / BSB CAPITAL
Ibaneis Rocha (*)
COMO VOTARAM Agaciel Maia Arlete Sampaio Chico Vigilante Cláudio Abrantes Daniel Donizete Delmasso Eduardo Pedrosa Fábio Félix Hermeto Iolando Jaqueline Silva João Cardoso Jorge Vianna José Gomes Júlia Lucy Leandro Grass Martins Machado Reginaldo Veras Rafael Prudente Reginaldo Sardinha Robério Negreiros Roosevelt Vilela Telma Rufino Valdelino Barcelos
ausente não não sim sim ausente sim não sim sim sim não não sim não não sim não sim sim sim sim sim sim
Durante a última campanha, andei por cada canto do Distrito Federal, e, ao contrário do que muita gente do restante do País imagina, há, aqui, locais carentes, sem infraestrutura e serviços públicos inadequados para milhares de pessoas. Entre os mais pobres, a principal queixa era com relação ao sistema de saúde. O quadro era de caos: pessoas morrendo enquanto esperavam lugar na fila por um atendimento. Uma situação inaceitável que encarei como primeiro desafio a ser enfrentado. Para resolver a situação, é preciso transparência, franqueza, trabalho. Muito trabalho. Verifiquei, de imediato, que um modelo já implantado no Hospital de Base está sendo bem-sucedido e aceito pela população. Foi criado um Instituto com maior autonomia, de maneira a tornar mais ágil os procedimentos de compra e contratação de pessoal. Os ganhos com essa mudança podem ser demonstrados. Por exemplo, apenas na aquisição de órteses, próteses e demais materiais para a ortopedia, o Instituto já economizou cerca de 50%. Houve queda em quase todos os itens de despesa e os recursos que sobram podem ser investidos diretamente na melhoria dos demais serviços de saúde. É evidente que um sistema que atende melhor a população deve ser preservado e ampliado. Num primeiro passo, em acordo com o Legislativo, devemos incluir na estrutura, a partir do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do DF, novas instituições como o Hospital de Santa Maria, o Hospital Materno-Infantil, e o Hospital Regional de Taguatinga, além das unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Importante destacar que essa modernização em nenhum momento irá tirar direitos dos servidores, que poderão optar se trabalharão na
“Tenho a humildade em admitir a necessidade de replicar o modelo do instituto em outras unidades hospitalares. Não há demérito nisso. A humildade é a base para as demais virtudes, é ter grandeza, é buscar a sabedoria” Organização ou na Secretaria de Saúde. O DF também precisa consolidar um sistema de informação em tempo real de todas as áreas (atenção básica; atenção especializada, com consultas, exames e procedimentos; atenção na urgência e emergência; gestão hospitalar; regulação; e transporte sanitário). O Hospital da Criança, o Hospital de Base e o Instituto de Cardiologia já possuem esse sistema, mas é preciso uma integração de todas as unidades, com prontuário eletrônico e uma sala de monitoramento de todas as ações estratégicas, com acesso a painéis de controle para os gestores. A disposição dos serviços deve estar no
celular das pessoas, a fim de que a população possa ter acesso mais fácil a eles, de onde quer que esteja. Não existe nada mais frustrante ou desesperador para uma gestante na hora do parto do que não encontrar vaga na maternidade. O que dizer de uma mãe com o filho doente procurar o médico e não ter pediatra. De um paciente com uma receita médica na mão receber como resposta a falta do seu medicamento. Muitas vezes, questões graves como essas podem ser atenuadas por um sistema mais integrado que pretendemos implantar. Essas medidas, mais estruturais, não significam que ficamos de braços cruzados em relação ao aqui e agora. Ao contrário. Logo após ter tomado posse, implantamos o SOS Saúde, com mutirões de cirurgias eletivas, principalmente ortopédicas, cardíacas e oncológicas. É preciso ser incansável para melhorar essa área. Em certos momentos cheguei a me posicionar contra o modelo implantado no Hospital de Base, pois, como grande parcela da população, as informações que vinham a público eram precárias e davam margem a muitas dúvidas. Hoje vejo o que há de positivo e tenho a humildade em admitir a necessidade de replicá-lo em outras unidades hospitalares. Não há demérito nisso. Ao contrário, a humildade é a base para as demais virtudes, é ter grandeza, é buscar a sabedoria. Mas um ponto precisa ficar claro: meu compromisso é entregar o melhor serviço à população, sobretudo aos que mais precisam. É preciso coragem e determinação para avançar mais, dentro do espírito de responsabilidade que deve caracterizar a administração pública. O DF há de se tornar referência nacional em saúde. Vou por esse caminho. (*) Governador do Distrito Federal
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O único modelo que já funcionou no DF foi o SUS A Câmara Legislativa aprovou o projeto de lei do governador Ibaneis Rocha que expande a gestão privada a outras unidades públicas de saúde do Distrito Federal por meio do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do DF (IGEDF). O que se vê de resultado disso, novamente, é mais sofrimento para a população, em médio e longo prazo, como está acontecendo em Goiás, no Rio de Janeiro e em outros estados em que tomam medidas contra o Sistema Único de Saúde (SUS). Não é à toa que apontamos isso. Aqui mesmo já vimos acontecer em outros governos de agremiações partidárias e cores ideológicas diversas. Os contratos com o Instituto Candango de Solidariedade, Instituto Zerbini, Cruz Vermelha e Real Sociedade Espanhola de Benemerência só causaram prejuízo financeiro, mais caos ao sistema de saúde e desassistência à população. Isso porque são reedições de uma receita que, no final das con-
tas, acabam repetindo a tentativa de “arranjar um jeitinho” de burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal, driblar a Lei das Licitações e de contornar a legislação que rege o serviço público e exige concurso público para contratação de servidores. Quando nós, servidores, cobramos que essas leis sejam cumpridas não estamos lutando por privilégio, mas pela aplicação dos princípios da Administração Pública instituídos no artigo 37 da Constituição Cidadã: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Todos os princípios que devem ser aplicados à gestão não só do SUS, mas de todo o serviço público oferecido à população. O SUS é uma das poucas políticas públicas brasileiras que podemos chamar “política de Estado”. Por isso, ele tem que ser protegido de práticas que, mesmo ancoradas em boas intenções, contribuam para o seu sucateamento, como vem
ocorrendo ao longo dos anos e sucessivos governos. Há espaço para outras formas de prestação de assistência em saúde. A iniciativa privada e as organizações da sociedade civil podem e devem complementar a ação do SUS, naquilo que o Estado não pode ou não consegue suprir. Mas nunca pode haver substituição. O texto aprovado só não foi pior pela atuação dos sindicatos e dos servidores da Saúde que foram para a porta da Câmara Legislativa para pedir a retirada ou rejeição do projeto e discussão pública de uma proposta estruturante avalizada por trabalhadores, usuários, órgãos de controle externo e de controle social e parlamentares, com rigor técnico e lastreado por informações consistentes. Nada disso ocorreu. A Câmara Legislativa aprovou uma proposta sem lastro técnico, sem a discussão obrigatória pelo Conselho de Saúde do DF, sem parecer da Procurado-
Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado
ria Geral do DF e outros problemas graves. Os argumentos para a aprovação foram rasos: “um dia eu fui lá e vi”; “eu falei com fulano e beltrano”; “do jeito que está não dá para ficar”; e até “eu sei porque moro ao lado de um hospital”. A população de Brasília e os trabalhadores da Saúde merecem mais, muito mais do que isso.
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O arrocho nosso de cada dia
Um milhão de brasilienses usam ônibus para chegar ao Plano Piloto CNTT
Acordar cedo, enfrentar ônibus lotado, trabalhar o dia todo e voltar para casa de novo em coletivos cheios e desconfortáveis. Esta é a realidade de 54% dos brasilienses que diariamente vão das cidades-satélites para o Plano Piloto. Em média, essas pessoas perdem duas horas no deslocamento casa-trabalho-casa. Estes dados da Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan) foram apresentados ao governador Ibaneis Rocha, que tem como uma das prioridades de sua gestão Investimentos em modais coletivos (metrô e trens). O estudo aponta que 39,6% da população usam ônibus e 37,7% utilizam carro particular em seus deslocamentos. O metrô transporta 3% e 1,29% prefere a bicicleta. Motocicletas transportam 2% e 11% dos brasilienses declaram que andam a pé. Isto significa que 1 milhão de pessoas utilizam ônibus e micro-ônibus como principal meio, segundo o Anuário do Transporte do DF. Brasília tem uma frota de 3 mil ônibus que atendem 967 linhas em todas as regiões administrativas. MICRO-ÔNIBUS – No 21º dia do governo, Ibaneis entregou 63 novos micro-ônibus. Eles fazem parte da renovação da frota e substituirão veículos antigos. A ampliação e renovação da frota fazem parte da estratégia do GDF para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários.
THIAGO OLIVEIRA / BSB CAPITAL
Da Redação
Passageiros do DF gastam em média 1h30 no perscurso diariamente. No detalhe, Lays da Silva, que gasta quase 3h entre Samambaia e Sobradinho, ida e volta
Frota chegará a 3 milhões de veículos A previsão é de que, até 2025, o DF terá 3 milhões de veículos – um carro para cada 1,6 habitante. Atualmente, são 1,7 milhão. Todos os anos são emplacados 50 mil carros no DF, de acordo com o Detran. “Não há investimento em infraestrutura que acompanhe o crescimento desta demanda. É necessário repensar a relação entre pessoas e a cidade”, alerta a ambientalista doPartido Verde, Rayssa Tomaz. Para
ela, este caminho poderá nos levar ao colapso da cidade. “ ZONA AZUL - A cobrança por o uso de estacionamentos públicos no centro de Brasília e a criação de bolsões de estacionamentos nas estações do Metrô que entrarão em funcionamento nos próximos meses são medidas estratégicas para que o transporte público se torne opção para um maior número de brasilienses. O DF tem hoje 24 estações de metrô. TREM – Com 31 vagões e 1,2 mil funcionários, o metrô tem um percurso de 42,3 quilômetros de linhas que ligam o Plano Piloto ao Guará, Águas Claras, Taguatinga, Samambaia e Ceilândia.
Outra novidade anunciada por Ibaneis é o projeto de trem de passageiros de Brasília a Luziânia. As viagens experimentais começam em março. Hoje, a demanda represada de passageiros do Entorno é de cerca de 80 mil pessoas. VIAGEM - A bancária Lays da Silva, 28 anos, mora em Samambaia e trabalha em Sobradinho. Ela vai de metrô até o Plano Piloto e de ônibus ao destino final. Grávida de sete meses, conta que seu trajeto é “uma viagem diária” de um lado ao outro do DF. “Os vagões, no horário que eu embarco, estão sempre cheios. Na volta, é um pouco mais vazio”, conta Lays, que gasta três horas por dia para ir e voltar do trabalho.
Brasília Capital n Política n 8 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br
ENTREVISTA PAULO RORIZ É a terceira vez que o senhor assume a Secretaria do Entorno. Qual a diferença das vezes anteriores para agora? – Para mim, é um prazer muito grande voltar a comandar a Secretaria do Entorno, que passou a se chamar Região Metropolitana, a partir da medida provisória do ex-presidente Michel Temer, assinada em dezembro, e que deve ser aprovada em fevereiro pelo Congresso Nacional. Sou filho de Luziânia, conheço esta região e os negócios que ali ocorrem. Meu pai foi prefeito duas vezes na época em que Valparaíso, Ocidental, Novo Gama, Céu Azul, Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas, faziam parte
diariamente, utilizar os serviços públicos, trabalhar ou desenvolver suas atividades empresariais. Cem mil pessoas vêm de ônibus, segundo dados da Codeplan. E 45 a 50 mil vêm de carro. Melhorar as condições desse transporte é uma de nossas metas. Sua Secretaria recebeu a incumbência de botar para rodar o trem entre Brasília e Luziânia. Como está isso? – Este trem ligando o DF a Luziânia é a realização de um sonho de décadas da população do Entorno. O governador esteve com o ex-ministro das Cidades, Alexandre Baldi, durante a transição. Baldi foi deputado federal por Goiás e já
“Ibaneis está cumprindo o acordo com Caiado, mas me parece que ainda não teve a contrapartida acertada” da Grande Luziânia. Ele foi o responsável pela emancipação desses municípios. O que pretende fazer para melhorar a qualidade de vida da população dos 35 municípios da região? – O DF tem uma população de 2.5 milhões de habitantes. A Região Metropolitana, com 32 municípios de Goiás e três de Minas Gerais, tem mais de 3,5 milhões. Em média, 200 mil pessoas vêm a Brasília,
conhecia o assunto. Ibaneis mostrou a necessidade deste trem e o ministro entrou em contato com a Companhia Brasileira de Transportes Urbano e, graças a Deus, a CBTU encampou este sonho. Qual o custo inicial? – O custo dos testes nos primeiros seis meses será de R$ 3,5 milhões. Serão três vagões transportando uma média de 200 pessoas cada. As locomotivas estão vindo de Reci-
fe. Durante estes seis meses, a CBTU vai bancar tudo. Nós não vamos entrar com nada. Nos primeiros 30 dias vai ser um teste sem passageiros, saindo da rodoviária direto para Valparaíso. Por que Valparaíso? – Porque a malha passa dentro de Valparaiso. É a única cidade que os trilhos passam no centro da cidade. Em Luziânia e na Cidade Ocidental os trilhos passam longe do centro. Seria necessário integração e não daria para executar agora. Demandaria muita logística. Eu queria colocar até o posto Ipê e o Ingá, mas existem ainda problemas de viabilidade por causa dos trilhos. As bitolas não estão adequadas para o transporte de passageiros. Vamos construir uma estação pequena para embarque e desembarque do segundo mês em diante, durante cinco meses. Serão transportados 200 passageiros de Valparaíso para Brasília de manhã e voltando à tarde. Com essas duas viagens deixarão de rodar 14 ônibus por dia na BR-040. A Secretaria também vai trabalhar os recursos do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste. O que significa isto? – Brasília tem hoje um montante de quase R$ 800 milhões que poderão ser geridos pelo Banco do Brasília, via FCO. Não sou eu que vou gerir isso. Esta atribuição é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Mas a gente vai poder trabalhar junto com os empresários, montar as políticas de empréstimos, junto ao FCO, para empresários que queiram investir no Entorno. Já existem interessados? – Agora mesmo tem uma grande empresa que
O maquinist Orlando Pontes Aos 58 anos, Paulo Roriz assume pela terceira vez a Secretaria do Entorno, que comandou nos governos de seu tio, Joaquim Roriz, e de Agnelo Queiroz (PT). Rebatizada de Secretaria de Desenvolvimento da Região Metropolitana, a pasta ressurge fortalecida. Poderá intermediar negociações do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que terá R$ 800 milhões do Banco do Brasil em 2019, e será a
fez um pedido de R$ 80 milhões para construir uma usina termoelétrica em Cristalina. Inclusive, já com 45% da obra pronta. Levei o empresário para conversar com
o secretário de Desenvolvimento Econômico e o projeto está praticamente aprovado. Como será a parceria da Secretaria com o governo de
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FOTOS: JÚLIO PONTES / BSB CAPITAL
O trem vai da rodoviária do Plano Piloto ao Valparaíso sem paradas. Segundo o secretário, “nos primeiros seis meses a CBTU vai bancar tudo”
calamidade financeira... – É verdade. Mas o que foi combinado entre os dois o Ibaneis está cumprindo. Foi criada a Secretaria da Região Metropolitana e ele nos deu total liberdade para fazermos investimentos dentro da realidade financeira do Distrito Federal e de Goiás. O que me parece é que ainda não teve a contrapartida acertada. Outra fonte de recursos são as emendas parlamentares. Já existem conversas com os deputados e senadores de lá e de cá? – Sim. As emendas são impositivas. Ou seja, o governo tem que cumprir. Cada deputado federal tem direito a R$ 18 milhões. E tem as emendas de bancada, que são quase 40 milhões. O que nós vamos tentar fazer é um intercâmbio entre os deputados e os senadores de Goiás, Minas e DF para que eles coloquem essas emendas, pessoais e de bancada, na Secretaria da Região Metropolitana para que nós possamos investir no Entorno.
ta de Ibaneis condutora do projeto que visa implantar o trem de passageiros ligando Brasília a Luziânia. As viagens experimentais começam em março e vão durar seis meses. Nesta entrevista ao Brasília Capital, Paulo Roriz explica como pretende desenvolver todos os projetos, da expectativa de parcerias com o governo de Goiás e com as 35 prefeituras que integram a Região Metropolitana criada a partir de medida provisória assinada pelo ex-presidente Michel Temer e que deve ser aprovada em fevereiro no Congresso Nacional.
Goiás? – O governador Ibaneis conversou com o governador Ronaldo Caiado no final do ano passado para construirmos o desenvolvimento da Região Metropolitana em
conjunto. Mas Goiás está com sérios problemas econômicos. Espero que até julho isso tudo entre nos eixos. Ele decretou estado de
Que tipo de investimento? – Construir Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), escolas e universidades. Atrair empresários. Uma UPA evitará que muitos moradores que buscam tratamento médico no DF não precisem mais sair de suas cidades. Uma universidade atenderá milhares estudantes que atualmente precisam ir para Brasília. Se os empresários investirem nessas cidades, os trabalhadores não precisarão procurar emprego no DF. Nossa ideia, basicamente, é fazer com que os empresários possam investir na Região Metropolitana. Como será a parceria com os prefeitos dessas cidades? – Os prefeitos também
terão sua contrapartida. Vamos procurar cada um deles. Sabemos da difícil condição financeira dos municípios. Os prefeitos estão passando por dificuldade. Mas tudo vem a somar. Quando a gente apresentar um projeto e os prefeitos virem que é viável, sabemos que eles vão investir. Principalmente nos municípios maiores. São sete ou oito que representam mais de 40% do PIB do Entorno. Qual a estrutura de pessoal da Secretaria? O senhor terá liberdade para montar sua equipe? – Estamos procurando, a pedido do governador Ibaneis, montar uma equipe de alto nível técnico, com pessoas qualifi-
pessoas que têm expertise na região para nos ajudar. O senhor foi candidato a deputado e não se elegeu. Este trabalho poderá melhorar seu desempenho na próxima campanha? – Eu não queria ser candidato. Fiz campanha durante apenas 40 dias, a pedido de um grande amigo, para ajudar o partido e a coligação. O PSDB se coligou ao PR. Entrei para ajudar um companheiro político, mas sabíamos de nossas dificuldades. Meus 13 mil votos ajudaram a eleger essa pessoa. Eu não tenho nenhum interesse político no momento. Gosto do trabalho político, mas agora está na hora de trabalhar. A política
Meu pai me inspira mais do que meu tio Joaquim. Me mostrou como é a vida pública. Um homem ponderado de nome a zelar” cadas. Tenho a responsabilidade de indicar essas pessoas para ele aprovar os nomes. Pretende indicar políticos? – Também. Podemos fazer um meio de campo com pessoas políticas e técnicas. Este é o perfil que estamos procurando, levando até ele os nomes para que ele aprove. Queremos uma Secretaria mais técnica do que política. A política já passou. Agora é hora de trabalho, de juntar
lá na frente a gente vê. Sua inspiração política vem mais do seu tio Joaquim ou do seu pai Zequinha Roriz? – Do meu pai. Ele me inspira mais. Me mostrou como é a vida pública e, graças a Deus, tenho 17 anos de vida pública tranquila. Isso eu devo a ele, um homem ponderado e de nome a zelar. Meu ídolo político sempre foi o Zequinha, duas vezes prefeito e duas vezes deputado estadual.
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Brasília Por Chico Sant’Anna
Ibaneis, o bom de briga O governador Ibaneis Rocha deve gostar de briga. Mal o governo começou e ele já tem inimigos em três cantos do ringue. De um lado, os profissionais de ensino, que serão submetidos paulatinamente a um processo de militarização de até 40 escolas. Em outro, os estudantes, ameaçados de perder o passe livre estudantil. POR ÚLTIMO - pelo menos por enquanto –, os profissionais de Saúde, com o projeto de expansão para toda a rede do modelo de gestão do Instituto Hospital de Base, visto por muitos especialistas como privatização da atenção à Saúde. Com tudo isso, Ibaneis corre o risco de enfrentar greves duríssimas, que unirão estudantes e trabalhadores, o que lhe acarretará dificuldades para governar. A militarização das escolas revela a inexistência de um projeto pedagógico mais profundo e eficaz. Levar militares da reserva para dentro das escolas, além de provocar um choque com os educadores, em nada mudará as
condições de ensino. Instalações, laboratórios e bibliotecas continuarão do mesmo jeito. Ibaneis deveria se orientar pelo modelo exitoso dos Institutos Federais de Ensino. Além de mais baratos do que as escolas militares, são mais eficientes e produtivos e, o que é melhor, não provocam desgaste social e conflitos entre as corporações. Por que não fazer um teste? Já que decidiu militarizar de pronto quatro escolas, por que não adota o modelo IFB em outras quatro e avalia quem vai ter o melhor resultado. Mas Ibaneis não tem dinheiro para investir em escola pública e cria o factoide do colégio militar. Crianças fardadas, batendo continência, meninos com cabelo a máquina zero e meninas de coque na cabeça. Não é a pedagogia do cassetete trará mais conhecimentos às mentes da nossa juventude, e sim um modelo de ensino criativo, em local adequado – não ruindo ao chão – aprazível e em que os educadores tenham condições materiais e humanas de um bom trabalho.
JÚLIO PONTES / BSB CAPITAL
Ibaneis entrou em atrito com estudantes, professores e servidores da Saúde
O modelo de Instituto adotado no Hospital de Base será estendido a outras unidades
Privatização da Saúde O ex-governador Rodrigo Rollemberg abriu a porteira, com a aquiescência da maioria dos distritais, e o Hospital de Base deixou de ter uma gestão pública. Dados oficiais apontam que a produtividade do HBB caiu. Foram 17% menos consultas médicas. Em 2018, foram 7 mil consultas mensais a menos do que a média de 2000 a 2014.
O volume de cirurgias caiu 11%: cerca de cem cirurgias a menos todo mês. Desde que Joaquim Roriz extinguiu o Saúde em Casa, em 1999, Brasília vive dramas de atenção a Saúde Pública. Quando foi extinto, o programa atendia 70% da população. Não existiam UPAs, o Paranoá, Santa Maria e Samambaia eram desprovidos de hospitais regionais e no Recanto das Emas existia apenas um posto de saúde. Com o trabalho de casa em casa, 400 equipes com médicos, dentistas, enfermeiros e agentes comunitários aliviaram a carga
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REPRODUÇÃO
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Passe livre bloqueado O trânsito de Brasília está cada vez mais engarrafado. No mundo todo, em situações como essa, os gestores incentivam o uso de transporte público. Além de retirar veículos das ruas, reduz gastos com infraestrutura viária, melhora a condição atmosférica, reduz a poluição e promove uma qualidade de saúde maior. Em Roma, quando a poluição do ar chega a determinado nível, os carros são proibidos de trafegar e o transporte público se torna gratuito. A Alemanha, também com a meta de reduzir emissões de poluentes nas grandes cidades e melhorar o trânsito, começa este ano a testar o transporte público gratuito em Bonn, Essen, Reutlingen, Mannheim e Herrenberg. O GDF vai comprar uma briga antes de saber que benefício isso trará. Não sabe quantos estudantes de alta renda – que ficariam desprovidos do passe livre – efetivamente se valem do passe estudantil. Pela quantidade de carros nas portas dos colégios, os detentores de maior renda praticamente não usam ônibus.
dos hospitais. Os Centros de Saúde ganharam folego para desempenhar seu papel e nos hospitais apenas os casos de alta gravidade eram encaminhados. Desde então, os governantes apostaram em construir novos hospitais e UPAs, mas esqueceram-se das ações básicas de Saúde. Os novos prédios sem recursos humanos e materiais suficientes não suprem a demanda, cada vez maior em decorrência da migração de milhões de ex-clientes de planos de saúde para o SUS. A saída não está na criação de Or-
ganizações Sociais para gerir a Saúde. É preciso retomar a regionalização e hierarquização do sistema. Investir no atendimento na base para evitar o acúmulo nos hospitais. É mais barato e mais eficiente. Goiás e Rio de Janeiro nos mostram que o modelo de OSS foi parar na polícia. Elas abrem as portas para falcatruas e maracutaias. As regras para as compras são bem mais flexíveis e facilitam o assalto aos cofres públicos. A Saúde guarda uma verba de R$ 128,2 bilhões no SUS em todo o Brasil, e tem muita gente de olho gordo.
O governador deveria fazer, na verdade, seria criar condições para a inclusão de mais passageiros no transporte público. Nos EUA, os famosos ônibus amarelos levam os estudantes independentemente de padrão de renda. Na França, as empresas criam condições especiais para que famílias inteiras andem de ônibus e metrô. Campanhas do tipo “viaje dois e pague um”. Até nas férias escolares são concedidas condições diferenciadas para que o jovem desempenhe suas funções. A mudança nas regras do passe estudantil pode até trazer redução nos subsídios pagos às empresas, mas certamente trarão mais gastos com recuperação de vias, construção estacionamentos e, inclusive, com Saúde Pública. Além disso, numa cidade com cerca de 340 mil desempregados e milhares de subempregados, se a linha de corte do perfil de renda for muito baixa – há cidades que usam como parâmetro o salário mínimo – o risco maior é que a evasão escolar aumente. Aí o prejuízo social será imensurável.
Remuneração por quilômetro rodado O reembolso de gratuidade de transporte público seria evitado se o GDF remunerasse as empresas de ônibus por quilômetro rodado e não por passageiro transportado. O custo operacional de um ônibus é o mesmo se ele vai cheio, vazio ou com metade da capacidade. Essa fórmula incentivaria a utilização de mais ônibus pelas empresas. Hoje a lógica é o oposto. Poucos ônibus hi-
perlotados são mais lucrativos. TCB - A TCB poderia focar no transporte escolar. O GDF dispõe de dezenas de ônibus escolares – os amarelinhos –, mas prefere contratar transporte privado em ônibus sucateados que colocam em risco a segurança das crianças. Seria uma forma de revitalizar a TCB e propiciar um transporte escolar mais seguro.
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VIA
Satélites Por Júlio Pontes
{TAGUATINGA
{DISTRITO
Asfalto cede e trânsito para O asfalto cedeu na C-8, em Taguatinga Centro, na tarde de terça-feira (22). O Corpo de Bombeiros foi chamado e fechou o trânsito até a conclusão do reparo na pista. Segundo os militares que atenderam a ocorrência, a rede de esgoto não suportou o peso do carro, mas não comprometeu a estrutura de locais próximos. THIAGO OLIVEIRA / BSB CAPITAL
Amparo da administração A administração regional, a PM e a Sedest realizaram por duas vezes na última semana ação social para ajudar pessoas em condição de rua. Um caminhão da administração retirou entulhos dos locais visitados.
EIXÃO - O recapeamento no Eixão começou. A obra inclui a pista de rolamento, sinalização horizontal da rodovia no trecho entre o Trevo de Triagem Norte (TTN) e o Trevo de Triagem Sul (TTS), e a faixa de pavimento de concreto do túnel do aeroporto ao viaduto da DF-051/DF-002. A empresa contratada só trabalhará no período noturno. O valor investido pelo GDF é de R$13 milhões e o prazo de execução é de 180 dias.
FEDERAL
{ÁGUAS
Sebrae oferece vagas para oficinas e palestras gratuitas QUADRO DE CURSOS GRATUITOS Agência SIA - Trecho 3 Oficinas: 23/1 - 14h: Já sou MEI 29/1 - 14h: Quero ser MEI 30/1 - 14h: Já sou MEI Agência Asa Norte - 515 Norte Oficinas: 5/2 - 14h: Já sou MEI 7/2 - 14h: Quero ser MEI Palestras: 11/2 - 12h: Como a internet pode ajudar os pequenos negócios 15/2 - 19h: Como melhorar sua performance como empresários 22/2 - 15h: Como tornar sua empresa lucrativa 25/2 - 15h: Como gerenciar capital de giro
O Sebrae no Distrito Federal abriu inscrições para as palestras e oficinas gratuitas do Circuito Empreendedor do DF. As atividades serão realizadas em cinco regiões administrativas, nas Agências de Atendimento do Sebrae no SIA, no Gama, na Asa Norte, em Sobradi-
Agência Taguatinga - Qi 19 Oficina 31/1 - 9h: Quero sei MEI Palestras 6/2 - 14h: Como tornar sua empresa lucrativa 27/2 - 14h: Inovação para melhorar as vendas Agência Sobradinho - AE 03 Oficina 29/1 - 9h: Já sou MEI 12/2 - 13h: Quero ser MEI Palestras 14/2 - 18h: Gestão de vendas: fidelizando seu cliente 28/2 - 18h: Inovação para melhorar as vendas Programação completa no site bsbcapital.com.br ou lna Central de Atendimento, pelo telefone 0800 570 0800.
nho e em Taguatinga. Os encontros são voltados para produtores rurais, microempreendedores e microempresários que podem participar de cursos, palestras, oficinas e seminários e serão realizados nos períodos da manhã, tarde e noite.
MEC prorroga inscrição do SISU
DIVULGAÇÃO
Administração, PM e Sedest juntos
O Ministério da Educação adiou o prazo final para inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2019. Segundo comunicado divulgado na quinta-feira (24), em vez de encerrar no dia 25 de janeiro, conforme previam as regras, o Sisu receberá inscrições até as 23h59 de domingo (27). A divulgação do resultado está
mantida para a segunda-feira (28). O sistema ficou instável durante os dois primeiros dias de inscrição, o que prejudicou os selecionados. Segundo o MEC, os problemas técnicos foram resolvidos e “a lentidão eventualmente registrada resulta do volume massivo de acessos simultâneos”.
CLARAS
Parque fechado para manutenção O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) fechará o Parque Ecológico de Águas Claras na segunda-feira (28) para manutenção do espaço. Serão realizados serviços de poda de árvores e corte de grama. Para a segurança dos frequentadores, a circulação será interrompida durante todo o dia. Na terça (29) as atividades voltam ao normal das 6h às 22h.
{CEILÂNDIA
Terceiro papa-entulhos Foi inaugurado o terceiro papa entulho na cidade. Trata-se de um equipamento para recebimento de restos de obras, podas de árvores, móveis velhos e materiais recicláveis. Também, em parceria com o projeto Biguá da Caesb, recebe óleo de cozinha usado. Moradores de outras regiões podem utilizar gratuitamente as unidades já em operação. REPRODUÇÃO FACEBOOK
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Rede pública de ensino: novo ano, velhos problemas SINPRO
O ano letivo de 2019 se inicia em 11 de fevereiro e, em vez de receber os mais de 30 mil professores e meio milhão de estudantes com estrutura renovada e adequada para a prática do magistério, a escola pública abre suas portas e apresenta velhos problemas. Até o fechamento desta edição, o Governo do Distrito Federal não havia liberado o Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) para que os gestores organizassem o início do ano letivo. O novo ano começa, portanto, com os velhos problemas estruturais, físicos e pedagógicos nas 678 escolas. “A situação, em algumas escolas, é de calamidade. E, agora, além de se preocupar com a precarização generalizada da educação, a categoria e os (as) estudantes terão mais uma preocupação: a intervenção militar em quatro escolas com possível expansão para mais 36 unidades”, destaca Cláudio Antunes, diretor do Sinpro-DF. O levantamento sobre o Plano Distrital de Educação (PDE) de 2017 dá conta do desempenho de todas as metas. “O da Meta 20, por exemplo, indica o quanto foi aplicado do PIB, do Orçamento, e, de forma geral, aponta para o fato de que, numa média nacional, o Ministério da Educação aplicou R$ 19 mil por estudante nos colégios militares; R$ 6 mil por estudante nas escolas públicas no Brasil; e R$ 9 milno DF”, informa o também diretor do Sinpro-DF, Júlio Barros. Um relatório do Tribunal de Contas do DF de 2018 sobre as escolas públicas indica que 90,9% das escolas da rede pública estão com as instalações físicas carentes de manutenção, “em condições insatisfatórias para receber os alunos”. E que essas condições insatisfatórias “têm como causa a manutenção insuficiente das edificações, já apontada nas auditorias anteriores”. O documento do TCDF aponta ainda para o fato de que “foram verificadas situações em que parte da estrutura da escola oferecia risco de desabamento pela ação das infiltrações ao longo dos anos, equipamentos de refrigeração de ar instalados e fora de funcionamento por falta de adequação da rede elétrica e infiltrações em depósitos de mantimentos. Fatos que não entraram na presente avaliação por não participarem dos itens e ambientes avaliados”. De acordo com a auditoria do TCDF, apenas 9,09% das escolas estavam em boas condições; 37,58% apresentavam necessidade moderada de reparos; 41,20% estavam em condições ruins e 12,14% estavam em péssimas condições de uso até dezembro de 2018.
Caic do Gama chegou a tal ponto de sucateamento que a estrutura precisa ser demolida urgentemente
Sucateamento por todo o DF “O que a gente percebe em nossas visitas às unidades escolares é que a quantidade de escolas apontada pelo TCDF não corresponde ao número delas com problemas. Há muito mais do que isso. Há escolas completamente deterioradas, sem condições, em estado de calamidade”, denuncia Letícia Montandon, diretora do Sinpro-DF. A Escola Classe 16, do Gama, pegou fogo em razão de um curto-circuito e não está citada no levantamento. “Todo dia temos escolas que desaba o telhado, e nada de o GDF investir o dinheiro público destinado à educação nas reformas e na construção de novas unidades para substituir as que estão condenadas e as que precisam ser erguidas”, afirma. Letícia cita o Caic do Gama como um dos exemplos de escola condenada. Com a estrutura física comprometida, foi interditada no passado e precisa de demolição urgente, porque oferece riscos para quem está dentro dela. Mas nenhuma providência foi tomada. Os corpos docente e discente foram transferidos para outras escolas. Não há calendário de reconstrução e está funcionando no pátio de outra escola pública, que também precisa de reforma. “Isso se arrasta há várias gestões do GDF e essas mesmas escolas se repetem nos relatórios anuais da própria Secretaria de Educação”. A 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF condenou o GDF, em 2018, a reconstruir a Escola Classe 410, de Samambaia. Chegou ao
ponto de a comunidade escolar fazer vaquinha para fazer algumas reformas e manter a escola em pé. O CEF 1, da Vila Planalto, também condenado por causa da negligência do GDF, foi fechado em 2013 e nunca retornou. Trata-se da única escola da localidade, cujos (as) estudantes estão espalhados (as) em várias escolas do Plano Piloto. O governo não reconstruiu, conforme indicação dos relatórios. “A situação está pior a cada dia. E quando a gente espera que tudo vai melhorar, vem um governo novo e traz a velha decepção: em vez de investir nas 678 escolas da rede, escolhe quatro para intervenção militar, com perspectiva de dar o mesmo tratamento a mais 36”, afirma. Para a diretoria colegiada do Sinpro, a intervenção militar é um engodo que visa à mudança de ação pedagógica, à intimidação e à privatização das unidades públicas. “Nada tem que ver com a segurança. Quem quer acabar com a criminalidade investe em políticas públicas, fomenta a criação de empregos e salários decentes, investe na segurança, previne o tráfico com políticas públicas e inclusivas e não com intervenção militar nas escolas. Além disso, não irá atender à demanda das unidades existentes na rede com problemas estruturais e pedagógicos. Há várias escolas com defasagem de professores (as) de todas as disciplinas, de orientadores (as) educacionais, de mais salas de aula, de laboratórios e de novas escolas”, ressalta.
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PROFESSOR
Elias Santana Acordem! A Nova Ortografia já é oficial! A proposta está longe de ser perfeita. Mas isso motivou na comunidade acadêmica uma discussão acerca dos métodos para ensinar a língua portuguesa É fato: o decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008 – também conhecido como O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa –, entrou em vigência plena em 1º de janeiro de 2016. Passamos seis anos nos adaptando às novas regras. O surpreendente, todavia, é ainda nos sentirmos desamparados quanto a esse tema. O propósito do Novo Acordo Ortográfico é unificar a ortografia dos países
integrantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Estão envolvidos Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A justificativa legal para a adoção dele é dar maior prestígio e notoriedade à língua portuguesa, a sexta mais usada no mundo. Cabe relembrar que o acordo não é tão novo assim. Ele foi assinado pela primeira
ESPÍRITO
José Matos Abuso de criança: carma gravíssimo A justiça divina cobra reparação. Quanto maior a inocência, maior a culpa e maior o sofrimento Carma é o resultado das nossas ações. Boas ações geram bom carma; más ações geram mau carma. Tudo é plantação e colheita desta e de outras vidas. Pelos resultados de nossas ações nos diferenciamos uns dos outros. “Não há injustiça no universo”. O que faze-
mos, automaticamente fica gravado em nossa mente, exigindo reparação, seja de forma consciente ou inconsciente. Assim é que os grandes benfeitores da humanidade, em geral, estão apenas reparando erros cometidos noutras vidas, até que possam libertar-se e agir como
O povo e o poder com Marcelo Ramos Repóter do povão
Rádio JK - AM 1.410 (segunda a sábado - 08h às 10h) Ligue e participe:
99981-3086 / www.opovoeopoder.com
vez em 1990, mas já era problematizado na década de 1970. O assunto ficou estagnado por anos! Deseja-se, atualmente, tentar reduzir os problemas da política do nosso idioma. Vejo, cotidianamente, pessoas afirmarem “eu já não sabia português, e ainda criaram uma nova regra”. A elas, digo: não há o que temer! Apenas cerca de 0,5% da ortografia do português do Brasil foi afetada! O resto (99,5%) não foi alterado! Outro ponto que merece destaque: o acordo é só ortográfico; ou seja, modifica só a forma de escrever. Todas as pronúncias foram mantidas. A proposta de nova ortografia implementada está longe de ser perfeita. Há diversos pontos questionáveis. Mas isso motivou em parte significativa da comunidade acadêmica uma discussão acerca dos métodos adotados no Brasil para ensinar formalmente a língua portuguesa. Já constatamos que meramente decorar preceitos gramaticais não é a
chave; mas também já atestamos que apenas discutir o texto, sem dar atenção às suas unidades funcionais de composição, é um modelo falho. A sociedade cobra medidas urgentes quanto a isso, pois o perfeito entendimento da língua dá ao usuário o pleno entendimento do mundo que o rodeia! Como as pessoas podem compreender tantos outros diversos assuntos, quando estes são expressos por meio do português? O brasileiro quer dominar a língua portuguesa, e o Novo Acordo é um microcosmo linguístico excelente para iniciarmos essa discussão. Todos nós precisamos conhecer as novas regras ortográficas! E alcançaremos esse objetivo! Semana que vem, daremos mais um passo! Até lá!
verdadeiros missionários. Prevendo o que seria banalizado no futuro, Jesus advertiu: “e, se alguém escandalizar um destes pequeninos, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”. Semana passada, foi preso um pedófilo com milhares de vídeos de abusos de crianças. Quem comete tal crime, saiba que, em algum momento, as imagens voltarão como flash-back até a loucura instalar-se, se não reparar o mal feito. A justiça divina, implantada em nossa mente, cobra reparação. Quanto maior a inocência da vítima, maior a culpa e maior o sofrimento. Quem sente impulsos para este crime e ainda não o cometeu, trate-se imediatamente. Quem já o cometeu,
pare imediatamente e torne-se instrumento de prevenção para que outros não o cometam. Quem sofreu abuso, trate-se, para que as lembranças não atrapalhem o cumprimento de sua programação existencial. Louise Ray, escritora americana abusada na infância, após muito sofrimento passou a escrever e andar pelo mundo ajudando pessoas abusadas a superar este grave trauma. No seu livro “Ame-se e cure sua vida”, ela ensina técnicas de libertação. Não importa o trauma. Supere-o e ajude outros a superar. Viver é topar em pedras e retirá-las para que outros não topem.
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguistica pela Universidade de Brasília (UnB)
José Matos Professor e palestrante
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CRÔNICA
Fernando Pinto Filosofando sobre o mar da Bahia! Consoante os olhos do emérito poeta Dorival Caymmi, convém lembrar que, tal qual a mulher amada, o mar é traiçoeiro Todas as tardes, por volta das 18 horas, se repetia o gentil convite de minha mulher Lêda Maria: “Amor, vamos ver a beleza do mar?”. Eu agradecia, fazendo ouvidos moucos e por motivos bastante justificáveis: foram nada menos de 10 dias de férias, desfrutando do conforto do resort-hotel Catussaba, que fica perto da praia de Itapuã e é cercado de mar por todos os la-
dos, desde quando levantamos da cama até o belo anoitecer, ninado pelo marulho do mar. Sinceramente, eu não compreendia a diferença, provavelmente porque Lêda é legítima soteropolitana, ou seja, a felizarda que teve a sorte de nascer em Salvador, capital da Bahia. E todo baiano se orgulha em afirmar, como se fossem versos de uma poesia, que o
NUTRIÇÃO
Caroline Romeiro Detox pós férias! Tem um elemento que não pode faltar: a água. Esta se faz fundamental no processo de limpeza do organismo Após as festas de final de ano e as férias na praia comendo e bebendo à vontade, o que pode ajudar o corpo a eliminar toxinas acumuladas nesse período? Muita
gente fala em chás, dietas e sucos detox. Será que existe mesmo dieta e suco detox? O que muita gente chama de detox são estratégias que têm o objetivo de ajudar na
mar que banha a cidade “é bonito, é bonito quando quebra na praia”, consoante os olhos do emérito poeta baiano Dorival Caymmi. Porém, convém lembrar que, tal qual a mulher amada, o mar é traiçoeiro. Por isso, “Pescador quando sai pra pescar / Nunca sabe se volta, nem sabe que fica / Quanta gente perdeu seus maridos, / E perdeu seus filhos nas ondas do mar...” “O mar quando quebra na praia, é bonito é bonito”, inclusive porque não faz barulho: o mar marulha, o que é bom pro sono à noite... / Como se fosse uma rede balançando, de cá pra lá e de lá pra cá. “A jangada saiu / com Chico Ferreira, Pedro e Bento / Mas a jangada voltou só. / Com certeza foi lá fora, algum pé de vento. / E a jangada voltou só...” “Bento cantando modas/ Muita figura fez/ Bento tinha bom peito / E
pra cantar não tinha vez / As moças de Jaguaripe/ choraram de fazer dó/ O querido Bento foi na jangada / E a jangada voltou só...” “Por sua vez, Pedro que só vivia de pesca,/ e só voltava na hora do sol raiá/ Todos gostavam de Pedro / E mais do que todas/ Rosinha de Chica/ A mais bonitinha/ E mais bem feitinh / De todas as moças lá do arraiá”. “Pedro saiu bem cedo/ Mas passou toda a noite fora/ Não veio na hora do sol raiá./ Deram com o corpo de Pedro/ Jogado na praia/ Roído de peixes/ Sem barco, sem nada/ Num canto bem longe lá do arraiá”. “E deixou Rosinha de Chica chorando, sem poder se consolar, sofrendo como toda mulher/ que tem o destino de um pescador, amar!”
“limpeza” do corpo, eliminando toxinas e substâncias provenientes de processos inflamatórios que vêm dos excessos associados ao elevado consumo de bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos e industrializados. A questão é que o termo detox, vem de detoxificação, ou destoxificação, que nada mais é do que um conjunto de reações bioquímicas que acontecem em nossas células, especialmente no fígado e no intestino. Então, nossas células fazem esse processo, mas nós podemos fornecer nutrientes e compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias para ajudar o corpo nesse processo natural.
Tem um elemento que não pode faltar: a água. Esta se faz fundamental no processo de limpeza do organismo. Então, sabe o segredo do detox? Se hidratar bem consumir alimentos antioxidantes diariamente, como frutas e hortaliças, e manter hábitos de vida saudáveis. Parece, então, que não tem segredo. Basta ter uma alimentação equilibrada que o seu corpo cuida do resto!
Fernando Pinto Jornalista e escritor
Caroline Romeiro Nutriocionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
Brasília Capital n Literatura n 16 n Brasília, 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2019 - bsbcapital.com.br
Sancho e a Rainha - Capítulo V Mario Pontes (*) E lá fomos nós, eu, mulher e filhos pequenos. Ele dirigindo o jipe superlotado de coisas pra se comer e beber; controlando o volante com a mão acidentada, aquela que só se abria pela metade. Fomos primeiro pelo asfalto, depois por uma estrada de terra batida que eu desconhecia. Por fim alcançamos a beira-mar e esta se converteu em estrada. O jipe deslizava sobre a areia dura das praias que se sucediam. Paramos em um local onde a praia se tornava reta e comprida, encolhendo-se depois para formar uma pequena enseada. Era ali, entre o mar inquieto e as dunas onduladas, que se encravava a aldeia banhada de sol. Descemos no pátio de uma casa antiga, baixa, cercada de alpendres e cajueiros. Sancho mostrou-nos um monte de cocos verdes. – Mandei um moleque derrubar três dúzias... O que a
gente vai fazer com tanto coco? Ora, beber a água de todos eles. E assim foi. Durante os quatro dias que lá estivemos, todos – mas especialmente os meninos – nos alternávamos entre o mar e os cocos, como se quiséssemos nos mostrar dignos da impensada gentileza de Sancho. Houve quem sentisse enjoado e dormisse mal. Enquanto isso, o anfitrião me levava a peregrinar pelos botecos que se sucediam no pequeno recôncavo. Ele derramava simpatia pelas bordas. Puxava conversa com os vendeiros e pagava rodadas de bebidas para os pescadores. E enquanto as conversas se desenrolavam, bebíamos, comíamos peixe frito, bebíamos e comíamos peixe de novo. Começamos com aguardente de cana, só porque Sancho queria mostrar aos pescadores que era como se fosse um deles. Mas em certa hora, quando não havia pescador nenhum para ser fisgado, ele apontou para
uma prateleira e disse: – Olhe só aquilo! – Uísque? – Sim – murmurou. – E sabe quanto custa uma dose? Tanto quanto uma de cachaça. – Mas como! Se não for falsificado... Na Capital uma dose de Queen Anne deve custar cinco ou seis vezes mais... – E custa mesmo – voltou a murmurar. – Ah, sim, aqui você deve dizer Quein ain-ain, do contrário ninguém sabe o que está querendo. Mais tarde Sancho me revelou a origem do tesouro escocês espalhado por todos os botecos da enseada. Anos atrás, em dia de forte tempestade, o iate de um ricaço, usado para fazer contrabando, havia encalhado e adernado perto da praia. A embarcação foi abandonada, e quando os habitantes da aldeia descobriram o que ela carregava, saquearam-na até a última garrafa. Centenas de caixas
foram enterradas nos quintais das casas dos pescadores e donos de botecos. O iate apodreceu, o naufrágio foi esquecido. O uísque passou anos amadurecendo e quando o bebi estava no ponto ótimo. Naquele mesmo dia, depois de termos misturado perigosamente doses e doses de cana sem origem certa com doses e doses de Quain ain-ain, Sancho parou-me diante de uma casinha de tijolos corroídos pela maresia. – Também aluguei isto. Tem uma sala, um pequeno depósito e um banheiro... o vaso é tão antigo que não tem tamanho pras minhas necessida... bem, deixa pra lá! Pra quê? Vou fazer daqui um ambulatório. – Estou ouvindo bem? – Está – respondeu mascando um pedaço de peixe assado na brasa. – Vou tratar dessa gente. Principalmente das crianças. – E o médico?
Sancho apontou para os cabelos brancos do peito. – Eu mesmo... É importante que eu seja o médico, o enfermeiro e o farmacêutico. Não outro. Olhei seus olhos azuis, meio ocultos sob as pálpebras gordas. – Acho que estou começando a entender o sentido profundo das suas reportagens. – Mesmo? –Você, Sancho, está cavando uma vaga na chapa do partido do Secretário? Acertei? – Estou com sede – disse. – Vamos beber outro Quein ain-ain naquele boteco e alugar jipe pra gente passear nas dunas. Ainda não falei com o dono dele. – Pôs-se a correr pela areia que as ondas compactavam. Gritou: – Quem chegar por último é a mulher do padre!
(*) Ex-editor do Caderno Livro, do Jornal do Brasil, ficcionista e tradutor de obras de ficção e ensaio. Mora no Rio.
Clube do Livro gratuito em Taguatinga “Este ano eu quero ler mais”. Esta é uma promessa que muitas vezes fazem no início de cada ano. Ganhamos obras literárias, compramos best-sellers, mas muitos deles ficam abandonados nas cabeceiras ou enfeitando prateleiras. Segundo a professora de Língua Portuguesa Cléa Maduro, “a falta de comprometimento, de disciplina e de incentivo são fatores que contribuem para que as pessoas desistam dos livros”. Pensando nisso, a Autoria Cursos – empresa que será inaugurada ábado (26) – criou um projeto gratuito para incentivar a leitura rotineira a partir de uma metodologia que visa a disciplina:
o Clube do Livro. “Esse incentivo leva ao comprometimento”, explica Cléa. UM LIVRO POR MÊS – Os integrantes do Clube do Livro se encontrarão mensalmente na sede do curso para compartilhar ideias e percepções acerca das obras selecionadas pelos professores. Serão seis livros durante o primeiro semestre. Para participar da iniciativa, basta se inscrever pelo WhatsApp 61-98100-9752 ou comparecer à empresa, localizada na praça do DI, no Centro Comercial Santos Dumont, em Taguatinga.
“ESCREVA SUA PRÓPRIA HISTÓRIA” – A Autoria chega ao mercado com um novo conceito de cursinho que faz jus a um im-
portante pilar: a autonomia na escrita e na oralidade. Independentemente da faixa etária, do objetivo ou do nível do conhecimento, os professores prometem aulas dinâmicas e descomplicadas com turmas de, no máximo, 30 alunos. Há cursos voltados para a UnB, para o PAS, para o Enem e para concursos, além de aulas voltadas a um público que já está no mercado de trabalho e precisa relembrar algumas regras da Língua Portuguesa. A Autoria Cursos também oferece um serviço de acompanhamento escolar para estudan-
tes do Ensino Fundamental, e traz uma novidade aos amantes da literatura e aos escritores em potencial: um curso de escrita criativa com produção de crônicas e poesias. A missão da empresa é que os seus alunos sejam protagonistas de suas próprias histórias e, para isso, criou um ambiente inspirador e acolhedor rodeado por uma equipe qualificada e atenta às necessidades de cada um. A jornalista Anna Maduro conta que o clima é de festa: “Estamos motivados e felizes por ver a Autoria nascendo em Taguatinga. Aguardamos todos os interessados para tomar um café conosco”, afirma uma das fundadoras.