GDF perde milhões por não executar obras Izalci cobra projetos como o do Hospital do Câncer Pelaí - Página 3
Brasília, 6 a 12 de abril de 2019
MPDFT usa lupa para fiscalizar Ibaneis Rocha Governador está em linha de colisão com procuradores Página 6
O presente de grego de Moro para Brasília A intransigência do ministro da Justiça expõe a Capital Federal ao risco de receber os líderes das duas principais facções criminosas do País - o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Chico Sant’ Anna – Paginas 4 e 5
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Julimar é eleito presidente da Contracs O secretário de Administração e Finanças da CUT Brasília, Julimar Roberto, foi eleito presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs/CUT) durante o 10º Congresso Nacional da entidade que representa 92 sindicatos do país e mais de 3,5 milhões de trabalhadores. “Nunca no Brasil os trabalhadores precisaram tanto dos sindicatos. Temos que manter as nossas entidades vivas para continuar representando os trabalhadores. Temos obrigação de estar na base e dialogar com cada um sobre a importância das entidades sindicais, das federações, das confederações e da
CNBB contra a reforma da Previdência A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou nota pública de apoio à luta contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro. O apoio foi dado ao presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, por dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, durante encontro em Brasília. A entidade ratifica que a reforma sacrifica a todos, mas principalmente os mais pobres, as mulheres e os trabalhadores rurais. “Há um consenso entre a CUT, de-
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nConfusão na EPTG Nem fazem o teste e a medida já e definitiva. Em outras cidades, primeiro faz um teste, se não der certo, retorna como era. Karina Alves, via Facebook Não acredito que esse Ibaneis está me fazendo sentir falta do Rollemberg! Inaldo Reinaldo, via Facebook Faça a limitação de aplicativos
Central Única dos Trabalhadores. Ninguém solta a mão de ninguém, e nós não vamos soltar a mão dos trabalhadores”, discursou. O novo presidente da Contracs ressaltou que consciência e solidariedade de classe são conceitos que devem ser colocados em prática. “Tenho ouvido por aí que é o momento das negociações e acordos coletivos valerem só para os filiados. Sou contrário a isso. Filiados ou não, nós representamos todos os trabalhadores da nossa categoria. Não podemos cair na onda do individualismo, que é justamente a estratégia desse governo. Nós trabalhamos pelo coletivo”, disse.
de transporte, e incentive a população a usar transporte urbano! E verás que não teremos mais problema de trânsito. Alessandro Domingo, via Facebook Gostei da mudança. Os problemas são os gargalos. No meu caso, o do SIA, no sentido ao Sudoeste, e, na volta, a entrada de Taguatinga. Fernando Santos, via Facebook Tem uns idiotas que entram
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u r t a s
nGoverno quer demitir 20 mil nos Correios O presidente da ECT, general Juarez de Paula Cunha, quer reduzir o quadro de pessoal de 105 mil para 85 mil trabalhadores. O argumento é de que a empresa é deficitária. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios (Fentect-CUT) diz que a solução seria o governo dar preferência aos serviços prestados pela empresa. Por exemplo, o Ministério da Saúde usar os Correios para a entrega de remédios, e o MEC para entregar livros às escolas.
nSindecof garante desconto de mensalidades em folha
mais centrais e CNBB sobre os efeitos devastadores da reforma da Previdência para a classe trabalhadora, principalmente os mais pobres”, explica o presidente da CUT. “Comungamos [centrais e CNBB] do mesmo pensamento de que a reforma de Bolsonaro quer usar a Previdência Social para beneficiar o setor financeiro por meio do sistema de capitalização, que já se mostrou devastador em países como o Chile, e que o trabalhador mais pobre será o mais atingido”.
O Sindecof-DF obteve liminar na 1ª Vara do Trabalho para descontar das mensalidades dos filiados que autorizaram o desconto em folha. Outras entidades também conseguiram liminares contra a MP 873, que veta desconto em folha de contribuições sindicais e determina cobrança de boleto bancário, mudança vista como tentativa de “asfixiar” os sindicatos.
a r t a s
na faixa exclusiva e depois saem antes do final... Já foram geradas mais de 600 multas. André Machado, via Facebook Sobre matéria mostrando os problemas na EPTG após as mudanças no uso da faixa exclusiva de ônibus. nApoio a Celina Celina Leão não representa o DF! Quem deve levar é a Flá-
via Arruda, a mais votada em 2018. Alessandro Domingos, via Facebook Celina Leão estar solta é uma piada. Geziel Lisboa, via Facebook Sobre nota no Pelaí dando conta do apoio do governador Ibaneis à deputada Celina Leão para coordenar a bancada do DF na Câmara.
nFernando Pinto Estava viajando quando soube da morte do mestre Fernando Pinto. Li seu artigo sobre ele e fiquei emocionado. Afinal, o Brasília Capital é um reduto de resistência da imprensa, e me ofereço como colaborador, principalmente pela memória do amigo, que sempre elogiou o jornal. Gilson Rebello, via e-mail. Sobre a homenagem a Fernando Pinto.
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onhecido como “o fotógrafo dos presidentes” – é autor, entre outras, da tradicional imagem de Juscelino Kubstchek acenando com uma cartola na mão no dia da inauguração de Brasília – Gervásio Baptista morreu sexta-feira (5), aos 96 anos. Em várias
coberturas fez dupla com o repórter Fernando Pinto, falecido há uma semana, aos 93 anos. Fernando Pinto escreveu crônicas semanais para o Brasília Capital nos últimos sete anos. Foi como correspondentes de guerra que ois dois se tornaram amigos e parceiros.
Cresce insatisfação com Bolsonaro
Mudança para o Centrad vai atrasar
A reprovação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL/foto) cresce mês a mês. Nos primeiros noventa dias de governo, as taxas de aceitação à sua gestão têm sofrido quedas seguidas. É o que mostra pesquisa da XP Investimentos divulgada sexta-feira (5). O índice de insatisfação chegou a 26% em abril. Foram ouvidas mil pessoas na pesquisa.
Uma ação do Ministério Público de Contas no TCDF pode atrasar a mudança do GDF para o Centro Administrativo em Taguatinga, marcada para sexta-feira (12). De acordo com o procurador Demóstenes Tres de Albuquerque, não houve planejamento para a transferência e não há garantia de que seja vantajosa para o poder público.
REPROVAÇÃO – De acordo com o levantamento, em janeiro e fevereiro, Bolsonaro tinha aprovação de 40% dos entrevistados. Em março, este percentual caiu para 37%. Agora, o índice de satisfação com o governo Bolsonaro ficou em 35%. A reprovação do chefe do Executivo aumentou de 17% em fevereiro para 24% em março, atingindo 26% agora. O levantamento foi feito de 1º a 3 de abril e mostra que 32% das pessoas acreditam que o governo se manteve regular em março e abril. Em todos os casos, a oscilação foi dentro da margem de erro, de 3,2%.
ABI pode ressurgir em Brasília Brasília poderá voltar a ter um escritório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a tradicional entidade dos jornalistas, com 111 anos de existência. Este é um dos compromissos da chapa de oposição “ABI: Luta pela Democracia”, encabeçada pelo carioca Paulo Jerônimo, o Pagê. A eleição será em 26 de abril, presencialmente — no Rio de Janeiro, sede da entidade — ou pela internet. DOYLE – O brasiliense Hélio Doyle (foto) é um dos 15 integrantes para o Conselho Deliberativo e será o diretor do escritório no DF, caso a oposição vença a atual diretoria, liderada por Domingos Meirelles. As eleições na ABI ocorrem anualmente para a renovação de um terço do Conselho Deliberativo e a cada três anos para a diretoria e conselhos Fiscal e Consultivo. A eleição da nova diretoria da ABI será em 26 de abril, presencialmente — no Rio de Janeiro — ou pela internet.
GDF perde milhões por falta de execução de obras O senador Izalci Lucas (PSDB/foto) está preocupado com o desperdício de dinheiro pelo Governo do Distrito Federal por falta de execução de obras com os recursos de emendas parlamentares impositivas da bancada de Brasília no Congresso Nacional. PROJETOS – Na quinta-feira (4), o tucano se reuniu com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Duarte Guimarães, para evitar a devolução de R$ 124 milhões destinados ao Hospital do Câncer. Guimarães garantiu que cobrará do GDF os projetos para poder autorizar os repasses, sem prejudicar a Capital federal. RESTOS - Izalci é um dos três remanescentes da representação brasiliense no Congresso, juntamente com a deputada Érika Kokay (PT) e o senador José Antônio Reguffe (sem partido). Conhecedor das propostas apresentadas em 2018, ele identificou que outros R$ 300 milhões de emendas do ano passado podem ser devolvidos à União por falta de projetos. CONTINGENCIAMENTO – Para evitar tamanho prejuízo, o senador cobrou do governador Ibaneis Rocha (MDB) e do secretário de Fazenda, André Clemente, a documentação e os projetos exigidos por lei. Além disso, até terça-feira (9), trabalhará pelo contingenciamento de R$ 132 milhões de emendas da bancada local para 2019. MINISTÉRIO – Mesmo trabalhando intensamente no Senado, Izalci articula para ser o substituto do ministro da Educação, Vélez Rodrigues. Conta com o apoio da bancada cristã (evangélicos e católicos) e aguarda o convite do presidente Jair Bolsonaro (PSL), seu colega de parlamento durante muitos anos.Quem torce por um desfecho positivo é o advogado Luís Felipe Belmonte, marido da deputada Paula Belmonte (PPS), primeiro suplente do tucano.
VANTAGEM – “A se confirmar a informação revelada pela imprensa e pelo próprio governo, estar-se-á diante de violação ao princípio da economicidade, em razão da patente inexistência de planejamento para a realização da mudança. Impossível estabelecer, diante das informações disponíveis, vantagem de qualquer natureza, notadamente econômica, com a mudança em espaço de tempo tão diminuto e, claramente, sem planejamento”, disse. DESPESAS – O procurador afirma que, diante da crise econômica que repercutiu na contenção de gastos, é preciso que a Corte de Contas analise se as despesas de valores elevados são recomendáveis. O secretário de Fazenda, André Clemente, garante que o GDF prestará todas as informações ao MP. CUSTOS – Para Demóstenes, ao assumir o imóvel, o governo terá “custos de R$ 23 milhões mensais por 22 anos, além dos gastos com infraestrutura e mobiliário, com prejuízo aos cofres do DF, que não passa por situação financeira confortável”.
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Por Chico Sant’Anna
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GDF está certo ao se opor à presença do líder do PCC, Marcos Camacho, o Marcola, em Brasília. Com ele, já estão na cidade dez integrantes do Primeiro Comando da Capital, que tocou o terror em São Paulo. O patrocinador dessa infeliz ideia de trazê-lo para a Penitenciária Federal é o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Cabeça dura, foi categórico ao Correio Braziliense ao dizer que “não vai voltar atrás”. Brasília conta com o maior número de “chefões” reclusos da principal facção criminosa do País. Não dá nem pra dizer que o PCC criou uma filial no DF. O correto seria dizer que ele trouxe a matriz para cá, e com apoio do governo federal. Dentre outros, estão por aqui, além de Marcola, Cláudio Barbará da Silva, o Barbará; Patric Velinton Salomão, o Forjado; e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal. Todos considerados “violentos” pelo Ministério Público de São Paulo. A vinda desses criminosos é vista como um erro básico de segurança pública. Ela coloca em risco não só a segurança da população, mas em especial o status de capital da República da cidade. Além de visitas de chefes de Estados, temos como residentes diplomatas do mundo inteiro, representantes de organizações internacionais e autoridades federais. Quase todos vivenciam a cidade como se fossem cidadãos comuns, sem grandes aparatos de segurança. Sem falar nas
reuniões internacionais de cúpula que movimentam a economia local, como a Cimeira dos Brics, a fundação da Unila e o Encontro América do Sul Países-Árabes. Até o futuro econômico do Mané Garrincha e do autódromo ficam fragilizados. Escola do crime – Quando o PCC ou o Comando Vermelho se derem conta dessa realidade, com certeza irão mirar pessoas do alto escalão. O que fará o ministro Moro quando um diplomata norte-americano ou europeu for sequestrado? E quando um deputado ou senador for o alvo? Vai chamar a CIA ou o FBI? Uma vez implantado o crime organizado numa cidade do porte e do perfil de Brasília, com mais de três milhões de habitantes, cortar suas raízes se torna quase impossível. Por isso, capitais como Washington, Paris e Madri não possuem penitenciárias de alta segurança. Brasília não precisa de iniciativas como essa de Moro. Melhor seria transformar a Penitenciária Federal em uma escola, mas não do crime. Passeio turístico – Descrentes desses riscos, Moro e o Ministério Público patrocinaram à imprensa um passeio turístico pelas dependências da Penitenciária Federal. Tentaram convencer que a presença de Marcola em Brasília não gera riscos, e que a unidade prisional, localizada a menos de dez quilômetros da Praça dos Três Poderes, é Padrão Fifa. Para os brasilienses, a qualidade da segurança pública
Moro dá presen de grego a Bras Ministro da Justiça é o autor da infeliz ideia de trazer Marcola para o presídio federal da Capital
já vem decaindo. Isso se deve, em parte, à crise econômica, que gerou mais de 300 mil desempregados. De outro lado, o anúncio, pelo governo Temer e agora por Bolsonaro de uma brutal reforma da Previdência aterrorizou milhares de policiais que pediram precocemente aposentadoria para preservar seus direitos previdenciários. Hoje, na PM há um déficit de 7.300 policiais. Na Civil, cerca de três mil vagas estão sem ser preenchidas. Deixou raízes – Marcola já teve uma curta temporada em Brasília, no início dos anos 2.000, e influenciou o mundo do crime candango. Na época, o governo paulista pediu que o GDF abrigasse o líder da facção na Papuda. Erroneamente, ele foi recolhido às instalações regu-
lares da penitenciária em local comum aos demais detentos. “Com isso, o estrago se iniciou. Nascia uma escola do crime. Os bandidos criaram coragem para formar uma espécie de partido do crime no DF, assim como em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi criada a facção Paz, Liberdade e Direitos (PLD) em menos de um ano. Mas conseguimos desmantelar e conter o avanço de uma nova cultura criminosa”, comenta um delegado da Polícia Civil. A PCDF possui um arquivo com milhares de nomes de membros do PCC no Brasil, todos identificados com sua posição hierárquica. Embora ela tenha se adiantado ao risco e criado a Cecor (Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado), o risco existe, é grande e não es-
tá na área interna aos muros da Papuda Federal. O risco está exatamente do lado de fora. É notório que juntamente com a transferência de um detento desse porte - o que não dizer de dez? -, se transferirão todo o seu entourage (assessoria jurídica, família, esquema de segurança para proteger a família) mantido pelas próprias gangues. E, por fim, o sistema financeiro que custeia a estrutura e que se baseia, obviamente, em novos crimes que possam garantir o sustento e o conforto desse entourage. O fato é concreto, a Inteligência da PCDF já percebeu que bandidos ligados a Marcola negociam casas, terrenos e até postos de gasolina para se estabelecerem no DF. Exportados da Maré – A presença
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DIVULGAÇÃO
Se muito vale o já feito, mais vale o que será Rosilene Corrêa (*)
nte sília dessas facções vem crescendo no Planalto Central desde a ocupação do Complexo da Maré — maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro — pelas Forças Armadas, em abril de 2014. O objetivo era dar mais segurança à cidade durante a Copa do Mundo, mas provocou um êxodo de integrantes do crime organizado para outras localidades, inclusive para o DF. Em novembro de 2018, divulgamos aqui o informe repassado pelo então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ao atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Alertava que as duas maiores organizações criminosas do Brasil, PCC e CV, contariam no interior de Goiás com cerca de 1.500 integrantes. Policiais do DF reconhecem que eles estão nos municípios do Entorno. Em Goiás,
o PCC contaria com mil integrantes. Já o Comando Vermelho teria 500 pessoas. Brasília vivencia hoje uma sofisticação dos crimes. O uso de dinamites e explosivos passou a ser mais frequente. Recentemente, sem qualquer cerimônia, assaltaram os caixas eletrônicos instalados no Hotel Royal Tulip, a 800 metros do Palácio da Alvorada. “É grande a possibilidade de haver envolvimento dessa facção, mas pode ser um ato isolado de quadrilhas especializadas nesse tipo de roubo”, diz o delegado. Parece até um recado ao governo federal. No mundo todo, penitenciárias federais de alta segurança são instaladas em pequenas localidades. Cidades de baixa população, onde o controle e a segurança se tornam mais baratas e eficazes.
Ao comemorar 40 anos de existência, o Sinpro-DF se vê diante de grandes desafios, os quais convocam a categoria a fortalecer a resistência e a se reinventar enquanto profissionais da educação e classe trabalhadora. Os ataques aos direitos trabalhistas têm sido diários. A educação, possivelmente, é a área que mais tem sido objeto de ações ofensivas. A imposição de amarras e mordaças, limitando e extinguindo direitos, traz incerteza ao País e à educação: reforma trabalhista, congelamento dos investimentos em educação (por 20 anos), reforma da Previdência, escola sem partido, ideologia de gênero, militarização das escolas e o ataque à liberdade de cátedra primam pela desorganização educacional, com o claro intuito de transformar a escola em mera transmissora de conteúdos basicamente técnico-mecanicistas. A educação pública está sendo alinhada para preparar mão de obra barata. Essa realidade determina um novo perfil de trabalhador. O trabalho passa a ser ameaçado fortemente, com terceirização de profissionais e de conteúdos, por exemplo. Retira-se das pessoas as condições de exercício de seu ofício com dignidade e com a essência que é peculiar à nossa profissão. A educação pública, de qualidade e gratuita, garantida pelo Estado como direito social, está em xeque. Afiançar esse conjunto fundamental exige unidade. A conjuntura pede que “ninguém solte a mão de ninguém”. Os 40 anos do Sinpro/DF são um marco histórico em defesa da valorização da educação e de seus profissionais. A entidade coordena a organização de trabalhadores (as) no Distrito Federal que se configura em uma categoria forte, consciente de suas ações de cidadania e com clareza de que defender a educação exige ampliação de frentes. Processos educativos dizem respeito à sociedade como um todo. Acumulamos, nesse tempo, conquistas, garantias, avanços. Temos dialogado com temas nacionais e locais, tendo como essência de atuação a luta pela valorização de professores (as), orientadores (as) educacionais e especialistas, em defesa assertiva da escola
pública de qualidade, democrática e plural. A história nos ensina que para o povo trabalhador ter seus direitos garantidos, só a luta persistente e a sólida organização sindical produzem conquistas. A chamada é para a reinvenção. Sempre fomos desafiados à criatividade, à atualização de conhecimentos e à busca de relações democráticas no ambiente escolar. Essas, dentre outras, são características fundamentais para a educação pública de qualidade pela qual lutamos. Temos como tarefa, também, o fortalecimento da organização nos locais de trabalho. A atuação organizada, com representação plantada na escola, representa frutos para a democratização da ação sindical. Novos representantes estão convocados a disponibilizar sua crença em uma entidade que pode se tornar ainda mais forte e organizada. Escrever os próximos 40 anos da história do Sinpro/DF é tarefa de todas (os). Educação é ensinar a “ler o mundo”. É espaço para além dos diferentes muros. Na escola e na organização sindical nós precisamos ser os destruidores de paredes. Direitos são coletivos e sua garantia requer consciência de pertencimento à categoria e à classe trabalhadora. As lições do mestre Paulo Freire precisam ser revisitadas e resgatadas. Ele nos ensina que o ato de educar está mergulhado no compromisso cidadão de preparar sujeitos sociais, e como tal, responsáveis pela comunidade. Educadores (as) precisam considerar sua atuação pedagógica também fora da escola, com visão e responsabilidade coletivas. A organização sindical é espaço democrático para este fim. Assim será nossa luta por um mundo “menos desigual, feio, malvado e desumano”. Para tanto, ao lado do amor e da esperança, é necessário expressar nossa indignação diante da injustiça. Esperançar exige resistência e reação. Afinal, o Brasil merece nosso empenho para que o país seja justo e fraterno para todos, pois nosso papel como educadores é imprescindível para transformar os espaços educativos e sociais.
(*) Professora da rede pública, diretora do Sinpro-DF, da CNTE e da CUT
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MP de olho em Ibaneis DIVULGAÇÃO
Procuradores põem lupa sobre os atos do governador Orlando Pontes
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m dos advogados mais bem-sucedidos de Brasília, o governador Ibaneis Rocha (MDB) entrou em rota de colisão exatamente com seus colegas de profissão que atuam no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Ao desafiar o colegiado, porém, o chefe do Executivo passou a ser observado com mais aten-
ção. A ordem entre os procuradores é colocar lupa sobre todos os atos do chefe do Buriti – de contratos a nomeações de assessores. Foi com esse “espírito fiscalizador” que o MP identificou irregularidades na escolha dos ex-distritais Wellington Luiz (MDB) para a direção do Metrô (acabou assumindo a Codhab) e Cristiano Araújo (PSD), que também desistiu de ir para o Metrô. Raimundo Ribeiro (PSDB) está no comando da Adasa. Antes, no entanto, foi fustigado pelas suspeitas de participação em esquema de corrupção quando esteve na Câmara Legislativa. Fernando Leite tomou posse como presidente da Companhia de Saneamento
Ibanes Rocha passou a ser observado com mais atenção pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
Ambiental do DF (Caesb) e logo em seguida foi denunciado por responder a uma condenação por improbidade administrativa em sua passagem anterior pelo cargo.
A nomeação dos comissionados Erik Adriano Alves dos Reis e Valmá Ventura de Sousa para a Administração de Taguatinga também entrou no radar do MP. O pri-
meiro como chefe da Gerência de Execuções de Obras e outro como assessor técnico da Coordenação de Desenvolvimento da regional. Erik dos Reis foi condenado por sete crimes. Entre eles, posse de arma e seis roubos com a ajuda de um comparsa. Ao todo, suas penas somam 43 anos e nove meses de prisão, que ele começou a cumprir em regime semiaberto em 2003. Portanto, faltam 28 anos, agora no regime aberto. Já Valmá de Sousa foi condenado por roubo à mão armada, porte de arma, furto e receptação. São 11 anos de prisão a serem cumpridos desde 2007. Falta, então, um ano e 11 meses.
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NUTRIÇÃO
Caroline Romeiro Alimentação saudável para o Planeta Estudos em todo o mundo mostram que uma dieta baseada em alimentos de origem vegetal com menor proporção de alimentos de origem animal confere saúde tanto para o ser humano quanto para o planeta. Isto porque, para o meio ambiente, parece ser mais dispendioso manter a criação animal, que exige maior gasto de água e causa maior nível de poluição. Estimular o consumo de vegetais parece ser uma estratégia mutuamente vantajosa, pois favorece o ser humano e o Planeta. Estima-se que até 2050 precisaremos alimentar 10 bilhões de pessoas em todo o mundo, e para isso acontecer, muitas políticas públicas voltadas à agricultura
ESPÍRITO
José Matos A compaixão é terapêutica Todo o ensinamento do budismo e de Dalai Lama resume-se em desapego, compaixão e superação do sofrimento. O caminho óctuplo de Buda resume-se nestes três pilares, mas a compaixão resume os três. Com o aprofundamento atual do egoísmo, mais do que nunca a compaixão torna-se tão necessária. Osho, um dos maiores intérpretes do budismo, comenta este tema tão importante. Vejamos: “O homem mais pobre é aquele que tem algo a compartilhar, mas perdeu esta capacidade. Assim, o homem é pobre. O homem de compaixão é o homem mais rico. Ele simplesmente dá e segue o seu caminho. É isso que eu chamo terapêutico. “Para ser compassivo é preciso que se tenha, em primeiro lugar, compaixão por si mesmo. Se você não amar a si mesmo, você nunca será capaz de amar um outro alguém. Se você não for amável consigo mesmo, você não conseguirá ser amável com ninguém mais.
e à alimentação precisam estar alinhadas com o propósito da saúde planetária. Há poucas semanas, vimos nos jornais notícias de agricultores e crianças que foram intoxicados por agrotóxicos usados na lavoura em Minas Gerais e no Paraná. Precisamos refletir, enquanto população e responsáveis pelo futuro do Planeta, se esse é o caminho que deve ser seguido: alta produção de alimentos à base de agrotóxicos? O governo brasileiro está fechando os olhos para os riscos oferecidos por esses produtos quando usados de modo equivocado em grandes quantidades. O lucro está falando mais alto do que o que de fato importa: o bem maior, que é a saúde humana. Se hoje sofremos com isso, imaginemos como será em 2050? Fica aqui a reflexão para o final de semana!
Caroline Romeiro Nutriocionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
PROFESSOR
Elias Santana O plural dos substantivos compostos Na semana passada, falamos sobre o plural de alguns substantivos compostos, como couve-flor e taxa-extra (se você ainda não leu o artigo anterior, sugiro que o faça). Talvez, o que já apresentei seja o ponto mais polêmico acerca do conteúdo. No artigo desta semana, quero falar sobre os demais casos. 1. Quando o substantivo composto é formado por uma palavra invariável (como um verbo ou uma interjeição) e uma variável (um substantivo), apenas a segunda sofre flexão. Ex.: guarda-roupa/guarda-roupas; Ave-Maria/Ave-Marias; beija-flor/beija-flores. 2. Quando há, no substantivo composto, uma preposição, apenas a primeira palavra sofre flexão. Ex.: pé de moleque/pés de moleque; amigo da onça/amigos da onça; pau a pique/paus a pique.
“Qualquer coisa que você for consigo mesmo, você será com os outros. Se você se detesta, você irá detestar os outros. Como você pode amar os outros tão cheio de ódio? onde você irá encontrar amor? Assim, você simplesmente finge. “O primeiro passo é: aceite-se como você é. Relaxe e seja simplesmente você mesmo. Não siga copiando as assinaturas de outros. Quando você não está tentando se tornar um outro alguém, você simplesmente relaxa e uma graça surge. “Então você está cheio de grandeza, esplendor e harmonia, porque aí não existe qualquer conflito. Simplesmente veja o ponto! Seja apenas você mesmo. Uma vez que você se aceite, a compaixão surge, e então você começa a aceitar os outros. “A não ser que a compaixão tenha acontecido para você, não pense que você viveu corretamente, ou que você viveu de alguma maneira. Compaixão é o florescimento, e quando a compaixão acontece para uma pessoa, milhões são curadas. Qualquer um que chegue ao seu redor será curado. A compaixão é terapêutica”. Saia de si, e passe do “eu” para “você” e para “nós”.
José Matos Professor e palestrante
Obs.: segundo o Novo Acordo Ortográfico, os substantivos compostos dotados de preposição não devem mais receber hífen. 3. Quando o substantivo composto é formado por palavras repetidas ou por palavras onomatopaicas (sons de coisas ou animais), apenas a segunda palavra deve ser flexionada. Ex: reco-reco/reco-recos; corre-corre/ corre-corres; quero-quero/quero-queros. Desta forma, encerramos o assunto plural dos substantivos compostos! Acredito que, a partir de agora, vai ser bem mais fácil saber qual é a forma correta – e evitar tantas polêmicas acerca do assunto. No mais, lembro que, em caso de dúvidas, é fundamental recorrer aos dicionários ou ao Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa (VOLP), que é de acesso gratuito no site da Academia Brasileira de Letras (academia.org.br).
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguistica pela Universidade de Brasília (UnB)
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O caos no atendimento pediátrico pode ser evitado Todo ano há um aumento tremendo na procura por atendimento pediátrico da primeira quinzena do mês de março à primeira quinzena de junho, em função do período de maior incidência de doenças respiratórias. É fato registrado em estudos acadêmicos e nas estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Sabe-se disso há décadas. Não é justificável, portanto, estarmos assistindo, mais uma vez, a esse festival de imagens e relatos de crianças dormindo em bancos e no chão dos hospitais e famílias peregrinando pelas unidades de saúde e voltando para casa sem atendimento. Tampouco as portas das emergências pediátricas tomadas por carros da polícia, chamada para conter a revolta de pais e mães furiosos
com a demora ou falta de atendimento, como ocorreu duas vezes no Hospital Regional de Santa Maria com um intervalo de apenas 72 horas.
tiveram o efeito de lotar as unidades de emergência pediátrica. Isso ocorreu em 1998. Qual é a receita? Uma rede de Atenção Primária à Saúde bem estruturada.
A culpa desse caos não é dos profissionais de saúde nem do gestor de uma ou outra unidade de saúde. É um problema sistêmico de gestão e que vem se arrastando ao longo dos anos. A verdade é que as medidas para esse período de sazonalidade deveriam estar previstas no planejamento anual de ações da Secretaria de Saúde.
Em 1998, o DF contava com uma cobertura imensa do Programa Saúde em Casa (PSC), com equipes completas. Essas equipes tinham o apoio dos pediatras e demais profissionais dos centros de saúde, para onde eram encaminhados os casos que não podiam ser resolvidos pelas equipes do PSC. E só os casos mais complexos, que precisavam de mais recursos ou especialistas focais, eram mandados para os hospitais – todo mundo era atendido e só os casos graves eram hospitalizados.
Estudos que avaliam a evolução do atendimento pediátrico no Distrito Federal mostram que, de 1994 até hoje, houve apenas um ano em que as doenças sazonais respiratórias não
Hoje, com as mudanças feitas no governo Rollem-
berg, a maioria dos profissionais em atividade na Estratégia Saúde da Família não tem treinamento adequado para o atendimento pediátrico e não há mais a rede de apoio de médicos especializados em pediatria nos centros de saúde – vai todo mundo para a porta dos hospitais e UPAs. Muitos leitos hospitalares estão fechados e, de abril de 2014 a fevereiro deste ano, o quadro de pediatras da SES passou de 684 para 541 – apesar de a cidade ter quase 1.400 pediatras inscritos no Conselho Regional de Medicina. Não faltam pediatras em Brasília. Isso é mito! As ações indicadas para equacionar o problema, além da contratação de pediatras em número adequado, são: reabrir e flexibilizar a utilização de leitos
Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado
conforme a necessidade do momento (leitos reversíveis), estender o período de funcionamento dos centros de saúde com profissionais capacitados, colocar pessoal treinado e com atuação específica no serviço de classificação de risco 24 horas por dia – eu defendo que sejam médicos. Não é de hoje que elas estão previstas. O que não aconteceu até agora foi o gesto político de adotar as medidas necessárias. Já é tempo de fazermos isso.
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