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Entrevista Alberto Fraga
Intervenção não interessa aos militares Pré-candidato do DEM ao Senado diz que teme “as maldades do Rollemberg” Páginas 7, 8 e 9 Ano VIII - 365
Presidente da Fibra é investigado pela olícia há 2 anos MPDFT devolve inquérito para a 10ª DP, que deve concluí-lo em agosto Pelaí - Página 3
Restaurante de Águas Claras recebe gasolina em pagamento de pizza Via Satélites - Página 12
Brasília, 2 a 8 de junho de 2018
Infiltrados e covardes REPRODUÇÃO / TV
Alberto Dines, uma trajetória digna e brilhante Os jornalistas Fernando Pinto e Mario Pontes homenageiam o amigo falecido em maio Páginas 14 e 16
Brasília precisa de um trem regional Chico Sant’Anna - Páginas 10 e 11
O vídeo do espancamento de um motorista no Tocantins viralizou na internet. Outro profissional foi assassinado à pedrada em Rondônia. Gente alheia à categoria agravou ainda mais os prejuízos ao País, como empresários investigados pela Polícia Federal pela prática criminosa de locaute. O movimento derrubou o presidente da Petrobras, Pedro Parente / Páginas 4 e 5
Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 2 a 8 de junho de 2018 - bsbcapital.com.br
E
ARTIGO
x p e d i e n t e
Chega de gasolina a preço de ouro! Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 9 8356 1491 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com
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Cláudio Sampaio (*) A paralisação dos caminhoneiros, a despeito de ter em sua pauta a redução do preço do diesel e outras reivindicações de interesse da própria categoria, escancarou a revolta de toda a população brasileira com o abusivo valor da gasolina e do etanol ao consumidor final. O estratosférico valor do combustível nas bombas tem relação com alguns fatores, principalmente a cobertura do rombo na Petrobrás ocasionado pelo maior escândalo de corrupção da história, uma exagerada carga tributária – agravada no governo Temer – e a preferência, sob o malsinado comando de Pedro Parente em nossa maior estatal, de o Brasil comprar petróleo refinado no exterior, enquanto nossas refinarias funcionam com pouco mais da metade de sua capacidade produtiva. Causa espanto, nesse sentido, que a mesma Petrobras pratique preços mais acessíveis ao exportar combustível para o mercado externo, em detrimento dos cidadãos brasileiros, que têm sofrido com a mais longa recessão de todos os tempos, no revés de uma política social que deveria ser inerente a uma empresa com forte capital estatal. Isso sem falar que 27% de nossa gasolina tem a adição obrigatória de etanol (álcool), cuja produção, desde sempre, é inteiramente nacional, não sofrendo, portanto, qualquer influência do dólar e da cotação internacional, como ocorre com o barril de petróleo.
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nPaulo Roque Concordo com ele, mas ele está no partido errado e que não tem nada de novo, pois é composto de grandes empresários e banqueiros que sempre financiaram os políticos, e a maioria, sempre legislou em prol dos interesses de quem os financia! Luke Bor, via Facebook É ruim disso acontecer sem uma revolta... José Antônio Dias, via Facebook
Dentro do contexto político, essa ideia não vai pra frente, pois os partidos não deixam. Leonel Divino, via Facebook Sobre entrevista com o pré-candidato ao Senado, pelo Partido Novo, na edição 364, que declarou “políticos sucateiam as empresas públicas”. nGreve suspeita São oportunistas tanto quanto o governo. É uma
Causa espanto a Petrobras praticar preços mais acessíveis ao exportar para o mercado externo, em detrimento dos cidadãos brasileiros Desta forma, o presidente Temer, se quiser evitar novas greves e manifestações que podem tornar infernal o restante de seu mandato, além de tentar resolver o problema dos caminhoneiros, deve descer de seu prepotente pedestal e se dispor a tomar medidas globais para reduzir o preço dos combustíveis para carros de passeio. Nesse passo, ao invés da prioridade aos acionistas da estatal petrolífera, o governo deve determinar, de imediato, a retomada da máxima capacidade produtiva das refinarias brasileiras e reduzir, sem moderação, a escorchan-
te carga tributária, ora de quase 50% do preço final, pois beirou a indecência que, em meados de 2017, o presidente tenha dobrado a alíquota de PIS/Cofins. Ora, se a alegação da equipe econômica do governo para o nefasto reajuste da alíquota foi a recuperação da saúde dos cofres públicos, deve-se lembrar que isto poderia (e deveria) ter sido realizado à custa de uma diminuição mais significativa da pesada máquina estatal e do fim das odiosas práticas de corrupção, que, infelizmente, continuam a todo vapor, conforme tem apurado o Ministério Público em parceria com a Polícia Federal. O apoio maciço da população à paralisação dos caminhoneiros, a despeito da crise de desabastecimento que gerou apreensão e contratempos, demonstra que o brasileiro, independentemente de eventuais preferências ideológicas, está cansado de ser penalizado por atos de governantes sem legitimidade e sem espírito público. A hora é de mobilização e do retorno de todos os cidadãos às manifestações de rua em busca do bem comum, pois o combustível a preços inviáveis desestimula a economia, tende a provocar inflação e retira a dignidade das pessoas, as quais, não raramente, se obrigam a abrir mão de outras necessidades básicas para exercer o singelo direito de ir e vir.
(*) Advogado e coordenador da Caravana do Bem
a r t a s
queda de braço por mais lucro. O preço dos combustíveis não entra nessa história. O que eles pretendem é mais lucro. Simples assim... João Batista Pontes, via WhatsApp Não tenho nenhuma dúvida com relação ao locaute. Esses, quando querem se aproveitar da situação, utilizam os trabalhadores e o povo. Paulo Sérgio, via WhatsApp
Sobre manchete da edição 364, apontando que a greve dos caminhoneiros seria locaute. Ou seja, movimento dos empresários do setor para pressionar o governo a conceder melhorias que visam lucro. nJoe Valle E agora, Joe? Você tinha a faca e o queijo na mão e não teve habilidade para apro-
veitar. Vai entrar na barca furada do governador que não se reelegerá ou terá coragem para dar um passo mais ousado? Marcelo Marques, via Facebook Sobre nota no Pelaí que mostrou que o presidente da Câmara Legislativa encontra-se encurralado - fez oposição a Rollember, não aceitou concorrer ao GDF e seu partido não comporá com Jofran Frejat
Brasilia Capital n Política n 3 n Brasília, 2 a 8 de junho de 2018 - bsbcapital.com.br
Suplente quer ser titular Irmão da deputada distrital Sandra Faraj (PR) e primeiro suplente do senador José Antônio Reguffe (sem partido), o pastor Fadi Faraj lançará sua pré-candidatura ao Senado no próximo dia 16. A festa será no restaurante São Paulo, na avenida Elmo Serejo, em Taguatinga.
Polícia investiga presidente da Fibra
Candidato do PR (centro): reivindicações da diretoria da Amaac
Frejat ouve Águas claras A Associação dos Moradores e Amigos de Águas Claras (Amaac) entregou ao candidato do PR ao GDF, Jofran Frejat (foto), uma lista de reivindicações da comunidade, que se mobiliza em grupo no Facebook com mais de 50 mil seguidores. EDUCAÇÃO E SAÚDE – Estão entre as sugestões: construção de escolas e de unidades de saúde e da sede da administração regional na área vertical da cidade; implantação dos parques Central e Sul; ampliação do horário de funcionamento do metrô; aumento da área do Parque Ecológico com a incorporação de parte da residência oficial do governador; plantio de árvores e construção de calçadas.
A Polícia Civil investiga um possível desvio de R$ 250 mil dos cofres da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). O dinheiro, segundo inquérito público – não há segredo de Justiça – que corre na 10ª DP (Lago Sul), teria sido pago a um escritório de advocacia para cobrir com recursos da entidade, despesas com causas particulares do presidente Jamal Jorge Bittar. NOTÍCIA-CRIME – O inquérito foi instaurado em 31 de março de 2016 para apurar notícia-crime. Encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o processo de 160 páginas foi devolvido no dia 7 de maio, pela promotora de Justiça Vivian Caldas,à 10ª DP. A delegacia terá mais três meses para cumprir diligências policiais. Entre elas, colher o depoimento de duas testemunhas.
JÚLIO PONTES
Jamal teria usado dinheiro do IEL para pagar advogados particulares
e Terence Zveiter, no valor de R$ 350 mil. E que se trata de dívida particular de Jamal, valor R$ 100 mil a mais do que o da nota fiscal anexada ao processo. MOQUIFO – Wilson Lobo garantiu à polícia, em 2 de fevereiro de 2016, que presenciou o “acerto” entre Jamal e os dois advogados. Chegou a afirmar, no depoimento, que o presidente da Fibra “nunca poderia arcar com os honorários, pois sua fábrica é um verdadeiro ‘moquifo’, conforme comprovam as fotografias anexas”.
NOVOS ENCONTROS – Durante o encontro, ocorrido na sede da Amaac na quarta-feira (30),Frejat garantiu que as demandas serão estudadas e poderão constar em seu plano de governo. Segundo os diretores da Amaac, outros pré-candidatos ao governo serão convidados para reuniões semelhantes.
ACERTOS – Na notícia-crime, Wilson Lobo Marques Filho diz que em 2014 colaborou na campanha de Jamal à presidência da Fibra, assegura que houve acertos, no final de 2015, para pagamento de honorários aos advogados Francisco Queiroz Caputo Neto
Cristovam em Taguatinga
Inexperiente
O senador Cristovam Buarque (PPS) dedicou a manhã de sexta-feira a Taguatinga. Na Praça do Relógio, gravou um vídeo homenageando os 60 anos da cidade, a serem morados terça-feira (5). Ele a proveitou para fazer uma visita à redação do Brasília Capital acompanhado dos assessores Jair de Farias e Renata Gonzaga.
O deputado Reginaldo Veras (PDT/foto) desmentiu que será candidato a governador. Diante de uma onda que surgiu na internet durante a semana, o distrital gravou um vídeo para esclarecer de onde surgiu o boato, agradeceu a lembrança e disse que não tem, ainda, a experiência necessária para assumir a função. “É um cargo muito importante, que mexe com a vida de 3 milhões de pessoas. Não estou preparado para isso”, disse ele, reforçando que é pré-candidato à reeleição para a Câmara Legislativa.
IEL – A oposição, que perdeu a campanha para Jamal, mantém processo na Justiça do Trabalho para a anular a eleição.
No processo, há informação de que R$ 250 mil pagos aos advogados saíram do Instituto EuvaldoLodi (IEL), vinculado à Fibra, ao Sesi e ao Senai. ATAQUE– Ouvidos pela polícia, o presidente da Fibra e os advogados negam as irregularidades. Argumentam que os serviços foram, realmente, prestados à Federação. Procurado pela reportagem, Jamal não respondeu aos questionamentos encaminhados acerca do processo. Preferiu atacar o jornal. “O Brasília Capital deixou óbvia a falta de interesse em me ouvir (...)”. “As matérias publicadas são encomendadas e com impressões digitais”.
NOTA DA REDAÇÃO – O Brasília Capital reitera seu compromisso com a verdade. Desde o ano passado, o jornal tem publicado denúncias contra o presidente da Fibra baseado em documentos e depoimentos de fontes que, às vezes, por temer represálias, pedem para ser preservadas. Em todas as ocasiões buscamos a versão de Jamal Bittar. No entanto, em nome do bom jornalismo, jamais deixamos de dar publicidade aos fatos. E esta continuará sendo a nossa prática. Doa a quem doer.
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Golpistas infiltrados Empresários são investigados como possíveis causadores da baderna em nome dos caminhoneiros Valdeci Rodrigues
N
a greve dos caminhoneiros, deflagrada no dia 21 de maio, ganhou contornos de tentativa de golpe de estado a suspeita de locaute, crime tipificado para o caso de os empresários comandarem uma paralisação com a finalidade de obterem lucro. Os indícios da prática são investigados pela Polícia Federal desde sexta-feira (25), conforme destacou a manchete da edição 364 do Brasília Capital (Greve suspeita). Com o desenrolar do movimento que parou o País nas últimas duas semanas, surgiram denúncias de que pessoas alheias à categoria se infiltraram nos bloqueios à beira das rodovias e passaram a intimidar os caminhoneiros que tentavam voltar ao trabalho. Houve muitos casos de agressões contra trabalhadores, com mortes e feridos. No Tocantins, o motorista de um caminhão cegonha foi humilhado, espancado e arrancado da boleia porque queria trabalhar. As imagens mostradas na televisão causaram espanto e viralizaram na internet. Em Rondônia, quarta-feira (30), um trabalhador morreu atingido na cabeça por uma pedra atirada no parabrisa do caminhão. Após o governo atender a praticamente todas as reivindicações apresentadas no início da mobilização, a greve dos caminhoneiros foi man-
tida, reforçando a suspeita de que se tratava de um movimento coordenado por empresários do setor. Além da PF, também o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) passou a investigar o possível locaute. O desabastecimento de combustível foi o primeiro sintoma sentido pela população. Mas o país inteiro ficou prejudicado, mesmo depois de domingo (27), quando o governo chegou a um acordo com os líderes do movimento. Percebeu-se que a radicalização nas estradas já não era mais apenas um movimento paredista da categoria. Dois dias antes, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmara que era, sim, locaute. O presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou na segunda-feira (28) que os motoristas de caminhão queriam voltar ao trabalho, mas estavam sendo impedidos e ameaçados pelo que denominou de “intervencionistas que querem derrubar o governo”. A continuidade dos pontos de bloqueio em todo o País, incluindo atos de violência, gerou preocupação não apenas no governo. Cidadãos sem combustíveis, alimentos, remédios, hospitais, ficaram atônitos e assustados com o desabastecimento. Em Brasília, o governador Rollemberg, no comando do gabinete de crise local, clamou
pelo abastecimento prioritário de soro fisiológico, indispensável em cirurgias. Situação semelhante era verificada nas outras 26 unidades da federação com o corte do suprimento de remédios, tanto nas farmácias quanto nos hospitais. A propagandeada manutenção da ordem, feita pelo presidente Temer, não aconteceu nas estradas. Houve quei-
ma de pneus e de todo tipo de entulho até na presença da PM e do Exército. Os “infiltrados” mantiveram o País refém de um movimento que não era mais dos caminhoneiros. As constatações do governo sobre locaute provocaram abertura de dezenas de inquéritos pela PF, inclusive com pedido de prisão de empresários. A lista passa de 50. Os nomes foram mantidos em
sigilo. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, garantiu que tudo foi descoberto pelo serviço de inteligência. Depois de apontar locaute, Marun dizia na segunda-feira (28): “Nós tivemos as informações dos líderes de que muitas dessas concentrações, pessoas que ali estão, não são caminhoneiros. São pessoas que se infiltraram no movimento
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desmoralizam greve MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
AGÊNCIA BRASIL
AGÊNCIA BRASIL
com objetivos diferenciados, objetivos políticos”. No mesmo dia, em entrevista, o presidente da Abcam, prometeu revelar o que sabe: “Vou entregar (os nomes) porque eu não faço parte desse tipo de situação. E não aceito que estão usando caminhoneiros para isso. Se querem derrubar o governo, que montem um esquema separado”. E acentuou: “os ca-
ras querem dar um golpe no Brasil e eu não vou fazer parte disso”. MOTORISTAS VIRAM REFÉNS - Em alguns estados, a Polícia Rodoviária Federal e as Forças Armadas desbloquearam vários trechos em pontos de retenção ocupados por motoristas que foram obrigados a ficar na paralisação, misturados aos agitadores, de acordo com a Abcam.
A intenção dos “infiltrados” era prolongar a situação provocada pela greve. Como houve adesão em massa em todos os estados e no DF, postos de gasolina ficaram sem ter o que vender, com intermináveis filas. O desabastecimento esvaziou gôndolas de supermercados, Ceasas e feiras. Indústrias foram paralisadas em cidades que decretavam estado de emergência; e aulas foram canceladas.
Cenas de selvageria depois de as reivindicações dos profissionais terem sido atendidas. Pedro Parente pede demissão em carta enviada ao presidente Temer. A política de preços da Petrobras foi muito criticada durante a paralisação
Movimento derruba Pedro Parente A crise em torno da greve dos caminhoneiros provocou a queda de Pedro Parente da presidência da Petrobras. Sexta-feira (1º), quando completou dois anos no comando da estatal, o tucano pediu demissão em carta ao presidente Michel Temer. Ele foi o responsável pela política de preços que culminou na paralisação do País por dez dias. “A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens da crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País”, diz, num trecho na carta. Após o anúncio da saída de Parente, as ações da Petrobras registraram queda na bolsa de valores. O Índice Ibovespa também foi impactado. O dólar registrou alta. A sexta-feira terminou com Temer estudando um nome para substituir Parente. HERANÇA – A herança de Parente é maldita. Serão R$ 160 milhões a menos para a saúde, afetando hospitais universitários, atendimento a populações indígenas e à Rede Cegonha, que acompanha gestantes; corte de R$ 45 milhões no Farmácia Popular e no Mais Médicos; redução de R$ 8 milhões em investimentos no transporte ferroviário e aquaviário, além de R$ 55,1 milhões a menos na educação – corte de bolsas para estudantes pobres que recebem bolsas de ensino superior, como Fies etc.; menos R$ 30,7 milhões no orçamento da reforma agrária; tesourada nas ações de proteção e demarcação de terras indígenas (R$ 625 mil); redução nos programas de segurança alimentar, de obras contra as secas e de saneamento básico em comunidades ribeirinhas; e menos R$ 3,9 milhões no programa Criança Feliz.
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A Equação Rollemberg: quanto pior para nós, melhor para eles
U
ma das lógicas de existirem as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) é que elas estão, em geral, mais próximas das casas da população, facilitando, assim, o acesso à assistência. Porém, como, na Equação Rollemberg, não há nada tão ruim que não possa piorar, diante do caos causado no Distrito Federal pela greve dos caminhoneiros, o governador e sua equipe de gestão não tiveram ideia melhor (para não dizer o contrário) do que simplesmente interromper os atendimentos nos Centros de Saúde durante dois dias. O resultado da “estratégia”, claro, assim como na Teoria do Caos – da qual,
certamente, Rollemberg é seguidor -, foi a total desordem em cima da desordem. Com médicos e outros servidores realocados em serviços de urgência e emergência (hospitais e UPAs) a situação apenas se agravou: não havia nem consultórios e muito menos equipamentos suficientes para atender a população. Ou seja, mais uma vez, o GDF mostrou seu total despreparo para gestão em situações extremas. Aliás, a tomada de decisões ruins na saúde e em outras áreas é marca deste governo. E só não foram piores porque houve oposição dos sindicatos, dos órgãos de controle, da Justiça e de alguns parlamentares.
Isso fica claro, por exemplo, no custo elevado das poucas obras realizadas, como no caso da unidade básica de saúde do Pôr do Sol, em Ceilândia, entregue há pouco tempo: R$ 3.526,67 por metro quadrado, ou seja, 36,4% mais caro do que o previsto em nota técnica do Ministério da Saúde. E a Teoria do Caos, tão praticada por este governo, também se fez presente na substituição de modelo na atenção primária à saúde – transformação das equipes dos centros de saúde em equipes de saúde da família. O próximo governo vai ter que corrigir os problemas que se acumulam: terminar o levantamento da
população e fazer a redistribuição das unidades para melhor atender comunidades que cresceram é parte disso. Como foi feita de forma atropelada, essa substituição de modelo aumentou a quantidade de equipes da Estratégia Saúde da Família, mas, de acordo com o Ministério da Saúde e com os relatórios gerenciais da própria Secretaria de Saúde, diminuiu a cobertura do atendimento de menor complexidade (a chamada atenção primária). Segundo o relatório de gestão do terceiro quadrimestre de 2017, foram mais de 100 mil atendimentos a menos em relação a 2016. Qual é o sentido?
Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado
Não há. Fato é que, como o GDF já não tem mais como sustentar sua suposta governabilidade, para eles, tanto faz. Na lógica (ou falta dela) da atual gestão do Buriti, e justamente por estarmos em ano eleitoral, o importante é apenas fingir que há a intenção de recuperar o DF do caos que eles mesmos criaram. É a Teoria do Caos na prática: quanto pior para nós, melhor para eles.
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JÚLIO PONTES
Entrevista Alberto Fraga Em meio à greve dos caminhoneiros, surgiram focos de manifestações pedindo intervenção militar. Qual sua visão em relação a isso? – É algo fora de tempo e fora de época. Conversava com alguns parlamentares e havia certa preocupação. Eu não tenho essa preocupação. Sei que as Forças Armadas não têm o menor interesse numa intervenção militar. É claro que esse grupo se infiltrou. Já existem provas dessa infiltração? – Sim. Além da declaração do presidente da Associação de Caminhoneiros (Abcam), o governo está levantando os nomes e as lideranças. Esse movimento está sendo insuflado. Não faz sentido a gente discutir uma intervenção. Seria a volta de um regime autoritário, e nos tempos de hoje a democracia está consolidada. Mas o senhor, que é coronel da PM, apoia Bolsonaro, que também é militar, como candidato a candidato a presidente da República... – Bolsonaro nunca apoiou a hipótese de intervenção militar. Não é porque ele tem uma origem no Exército que tem esse tipo de pensamento. De forma alguma. No máximo, quando ele fala de militarismo, é que algumas funções, como ministro da Defesa, tenha que ser alguém da carreira de farda. Nada mais que isso. Pegaram um projeto que Bolsonaro fez tempos atrás, que penaliza com quatro anos de prisão quem bloquear estrada. Mas
Fraga: “Não faz sentido discutir intervenção militar. A democracia brasileira está consolidada”
“Só tenho medo das maldades do Rollemberg” Orlando Pontes Coronel da reserva da PM, o deputado Alberto Fraga (DEM) não vê “o menor interesse” dos militares em tomar o poder no Brasil. E não tem dúvidas de que houve infiltração de grupos radicais na greve dos caminhoneiros. Pré-candidato ao Senado na coligação de Frejat (PR), acredita que não há espaço na chapa para o presidente da Câmara Legislativa, Joe Vale (PDT). “É um garoto bom,
ele fez esse projeto para alcançar o MST. E hoje o pessoal está usando isso nas redes sociais de uma forma muito cruel para detoná-lo perante a categoria. Projeto é uma coisa, lei é to-
mas não tem densidade política para um posto majoritário”. Fraga não acredita que Bolsonaro (PSL) apoie o general Paulo Chagas (PRB) ao Buriti. Nesta entrevista ao Brasília Capital, diz que o lugar de Izalci (PSDB) é na vice de Frejat. E que Alírio Neto (PTB) não chegará a lugar nenhum em voo solo. De Rollemberg só teme as maldades que o governador possa fazer usando a máquina pública, como requentar velhas notícias para denegrir adversários.
talmente diferente. O senhor é antigo aliado do Bolsonaro, mas agora apareceu o general Paulo Chagas dizendo que terá o apoio de-
le como candidato ao Buriti. Qual é a verdade nisso? – Bolsonaro é uma pessoa muito corporativista. Claro que ele pode ter uma simpatia pelo general, mas em momento ne-
nhum Bolsonaro disse para mim que vai apoiá-lo. O general inclusive fez vídeos dizendo isso. Com todo o respeito, mas o general teve uma experiência muito ruim quando fizeram uma reunião com alguns militares em Brasília e o convidaram. Ele foi muito inábil com relação aos bombeiros e aos policiais militares. Quando os PMs começaram a questionar a respeito de salário, atendimento de saúde, disse que policial militar que reclama é miliciano. Com isso, mais de 30 pessoas da plateia foram embora. É claro que um apoio a Bolsonaro é importante, mas é necessário que as ideias também estejam conectadas. Já eu tenho o voto dos eleitores de Bolsonaro porque minhas ideias são as mesmas dele. Estamos juntos há anos, e temos sempre concordância de ideias. Sua aliança com o PR de Jofran Frejat está consolidada?– Não só com o PR, mas também com o PP e o MDB. Então a sua candidatura ao Senado está garantida... – Se tem uma pessoa por quem tenho muito respeito e confiança na palavra, é o Frejat. Ele não tem mais idade para ficar mentindo. Ele é muito transparente em suas posições. Quando decidi apoiá-lo e não disputar mais o Buriti, tivemos uma conversa em que ficou certo que a vaga seria assegurada. E de quem seria a segunda vaga? – Do Paulo Octávio. Mas tem um detalhe: ele diz que está tudo bem, mas algumas pessoas apostam que ele não será candidato. Não sou eu que tenho que dizer se ele vai ou não se candidatar. Há um mês, falei com Paulo Octavio, nos encontramos com Frejat, e ele nos disse que, na opinião de seus advogados, ele seria candidato sim. Estamos apostando que ele será candidato. Fechando essa chapa, não sobrará espaço para o
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Entrevista Alberto Fraga acordo que o Joe Valle vem anunciando. O senhor acredita nessas conversas entre Frejat e Joe?– Não acredito. Em um dos encontros que Frejat teve com Cristovam e Rosso, ele disse ao Cristovam que não poderia assumir compromisso com relação às vagas do Senado, que ele já tinha se comprometido. Se o Paulo Octávio não puder ser o candidato, até abriria a possibilidade dele estar com nossa segunda vaga ao Senado. Isso seria bom para a coligação? – Acho que seria bom para a coligação, sim. Agora, se perguntar se seria bom para mim, não teria essa resposta ainda. O que sei é que o segundo voto de Paulo Octavio pode migrar para o Fraga, e o meu migrar para o Paulo Octávio. Já o segundo voto do Cristovam não vem para mim. Não tem o meu perfil. Nossas ideias são contrárias. O senhor não acha queo Cristovam mudou? Passou do PT para o PDT e agora está no PPS...– Embora ele seja um nome conhecido em Brasília, a gente sabe que o Cristovam tenta migrar para a direita porque teve problema durante o processo de impeachment da Dilma Rousseff. Antigamente, as pesquisas o mostraram com boas intenções de voto. Hoje não mais. Na verdade, hoje não vejo a eleição garantida para ninguém. E o Alírio Neto? – Nós co-
meçamos um trabalho juntos. O Alírio sempre teve o compromisso de dizer que quem estivesse melhor estaria na cabeça da chapa. Isso sempre foi discutido em nossas reuniões. E na última reunião na minha casa, o Alírio não concordou com alguns posicionamentosdo Frejat, e a partir dali criou uma outra alternativa para ele. Ainda acho que Alírio é uma pessoa muito boa e que deveria estar em nosso grupo. Sozinho do jeito que está não vai a lugar nenhum. E o Izalci? – Desde o início ele vem dizendo que quera cabeça de chapa. Tambémacho uma precipitação falar dessa forma. Ninguém pode ser candidato de si próprio, mas sim de um grupo político. Pela sua análise, a cabeça de chapa com Frejat, e duas vagas ao Senado preenchidas, o que resta é a vice. Quem seria a vice? – Acho que seria o Izalci. E o Joe Valle? – Para ele só sobra uma vaga para deputado federal, se ele vier. Ele é um garoto bom, mas, sem querer desmerecê-lo, ele não tem densidade política para querer um posto majoritário. No momento não. Joe fala em se aproximar do Frejat, mas o partido dele, o PDT, não é muito simpático. Isso complica o cenário para ele? – Completamente. E não entendo que conversas são essas. A gente sabe que o PR pode dar palanque para Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia ou Henrique Meirelles. E o Bolsonaro? – O PR e Bolsonaro andaram muito próximos. Eu ainda acho que o vice do Bolsonaro será do PR. Já se tentou o senador Magno Malta (ES), mas ele disse preferir disputar a reeleição ao Senado. Ainda está se procurando um nome.
Seu partido sempre foi da base do presidente Michel Temer. Mas agora ameaça desembarcar. O senhor é favorável a essa saída? – Acho que só podemos desembarcar de um barco quando há pontos conflitantes. Rodrigo Maia tem uma pré-candidatura que está ali patinando. Ele sabe que só pode avançar se der uma subida nas intenções de voto. Hoje ele reconhece que a situação é muito difícil. Como o senhor vê a disputa pelo GDF? – Não podemos desprezar a máquina. O Agnelo tinha a máquina e não foi ao segundo turno. O Agnelo tinha uma vantagem sobre o Rollemberg, que era um bom time. O Rollemberg se isola, não ouve ninguém. E deu um baita tiro no pé com esses rolezinhos na orla do Paranoá. Seria muito mais fácil pegar os 11 pontos que existem na orla e fazer uma coisa como criar uma estrutura, uma prainha, por exemplo, para o povo se divertir. Acho que isso seria natural. Mas isso que ele fez vai poluir o Lago Paranoá de novo. A fauna está tendo um problema sério de capivaras sendo mortas para o povo comer. Na minha casa todos os dias apareciam mais de dez capivaras, e hoje em dia sumiram. Agora aparecem mortas. Rollemberg mexeu com quem estava quieto. Ele conseguiu tirar isso tudo dos moradores de Brasília. Fez de uma forma muito inábil. O governador não tem muita coisa para mostrar. Mas e a obra do trevo de triagem norte? – Aquilo foi um projeto meu. O Agnelo Queiroz fez a licitação. Rollemberg pegou quase tudo pronto, só para concluir. Esse projeto eu fiz quando o Arruda quis fazer uma terceira ponte para o Lago Norte, e os moradores não aceitaram. O Agnelo, mesmo dando reajuste para 17 categorias, perdeu a eleição. O Rollemberg fi-
“Rollemberg se isola, não ouve ninguém. E deu um baita tiro no pé com
O trevo de triagem norte é projeto meu. O Agnelo licitou e o Rollemberg pegou quase tudo pronto, só para concluir
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FOTOS: JÚLIO PONTES
Entrevista Alberto Fraga Por quais acusações? – Homicídio, troca de tiro por resistências. Mas nunca fui condenado. E como gestor público? – Enquanto estive na Secretaria de Transportes, a pasta nunca se envolveu em escândalo. Depois que saí, quando explodiu a Caixa de Pandora – que eu não estava envolvido – o senhor Agnelo Queiroz determinou a um grupo de delegados “temos que pegar o Fraga”. E aí inventaram aquela história de alguém que foi pegar dinheiro, e que ia para o Arruda e para mim.
m esses rolezinhos na orla do Lago. Ele vai voltar a poluir o Paranoá”
cou muito tempo dizendo que pegou o DF quebrado, que estava sem dinheiro... Isso era verdade? – Era verdade nos 12 primeiros meses. Mas o Fundo Constitucional de Brasília é de 13 bilhões de reais. Ele conta com um orçamento de 41 milhões. Mas ele alega ter recebido um rombo de R$ 6,5 bilhões... – Isso é o que ele diz. Eu não acredito. Ele tem chances de se reeleger? – Claro que não se pode desprezar a máquina, que é poderosa, inclusive para fazer as maldades que ele está autori-
zando que façam. O que o secretário de Comunicação está fazendo com os adversários é algo cruel. Estão requentando notícias velhas, buscando processos de 2007 para poder desmoralizar possíveis adversários. O Frejat não tem nada porque está há 15 anos sem função pública. Existe um lado ruim do Executivo, que comparo com o policial. Se o policial tem 20 anos de profissão e nenhum processo, então não foi policial. Ficava escondido. No Executivo, você também precisa se expor diante da burocracia. O senhor já respondeu a quantos processos como policial? – Passou de 20.
Mas não existia mesmo nenhuma irregularidade ali? – Como eu posso impedir um funcionário de agir de forma desonesta? Mas, quando tomei ciência, exonerei o servidor e tomei as medidas cabíveis. Como posso ser acusado? O pior é indiciado por “ouvi dizer”. Não existe nenhuma prova. Tenho declaração de quem deu dinheiro afirmando que nunca teve contato comigo. Acha que isso vai ressurgir na campanha?– Já ressurgiu. Tenho as declarações que provam a verdade. Vou me antecipar. O que dói é receber uma condenação por possuir posse ilegal de arma. Isso chega a ser bizarro. Eu sou coronel. Sou caçador, atirador e colecionador. Tenho armas registradas. Plantaram uma arma num flat que não era meu e me condenaram por posse ilegal de arma. Eu responderia até por 20 portes ilegais de armas, mas me dói muito quando me
falam que estou respondendo por propina. Eu respondo normalmente por processos por coisas que fiz. No dia que você me ver calado é porque eu tenho culpa. Agora, responder por algo que não fiz, enquanto eu tiver voz, eu vou gritar. Na minha vida pública, acumulei muitos processos provenientes da minha atividade. Nunca tive e não tenho medo de processos. Tenho medo das injustiças. Acredita que sofrerá perseguição do atual governo? – Eu acho que temos que ter cuidado com a máquina, que é poderosa e usa de meios não muito republicanos para atacar os adversários. Em recente reunião com Rollemberg e alguns coronéis dos bombeiros, o governador exonerou quem estava em uma foto com Frejat. Nas últimas semanas, ocorreu outro encontro com coronéis da PM, dos bombeiros e vários policiais militares. Chegou a mim a notícia de que o tenente coronel da PM Marco Alves, comandante do Centro de Treinamento e Especialização do Departamento de Educação e Cultura, foi exonerado. Ele disse que aparecia apoiando a mim e a Frejat. Co-
vardia. Minha mensagem a ele é que nosso grupo é grande e vamos ganhar isso. O que Brasília irá ganhar se o senhor deixar de ser deputado e passar a ser senador?– Vou continuar com a bandeira da segurança pública. Prometi na minha campanha para deputado federal que iria lutar pela redução da maioridade penal. Aprovamos e tiramos da gaveta após 17 anos. Chegando no Senado, vamos colocar isso para voto. Queremos tirar também o estatuto do desarmamento. Vários projetos da segurança pública, como por exemplo, pedir restrições com relação aos saidões. Eu queria a revogação, mas não consegui. Restringi bastante. O preso tinha direito a sete saídas, passou agora a só ter uma por ano. No Senado, vou ter condições de concluir esse trabalho de brigar e criar leis. Quero também ser um senador que vai buscar recursos para o DF. Qual sua opinião sobre a distribuição do Fundo Constitucional, que inclusive causou confusão entre o deputado Laerte Bessa e um assessor do GDF? O senhor é favorável a passar 65% para a segurança e apenas 35% para a saúde e a educação? – Se analisar a emenda constitucional verá que o Fundo foi criado para segurança pública. Então o senhor concorda com Bessa? – Sim.
Temos que ter cuidado com a máquina, que é poderosa e usa de meios não muito republicanos para atacar os adversários
Isso não afetaria outras áreas? – Não, porque a saúde e educação são custeadas pelo estado. O percentual da segurança pública foi dividido por causa de sindicatos fortes, que anunciam greves e pressionam governos. Há alguns impedimentos. Não se pode usar esse fundo para pagar, por exemplo, os inativos da saúde. Para a Polícia Militar pode. E eles têm usado isso.
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Por Chico Sant’Anna
Por um trem regional para Brasília
A
recente crise provocada pela greve dos caminhoneiros revelou com todas as nuances a dependência das cidades brasileiras do transporte rodoviário, seja de carga, seja passageiros. O atrelamento de Brasília aos carros particulares é ainda mais gritante. Não por menos: numa cidade de três milhões de habitantes, os automóveis aqui registrados ultrapassaram a casa de 1,7 milhão. Brasília é a terceira cidade do Brasil em população. São Paulo e Rio de Janeiro, que estão à frente, possuem pluralidade maior de mo-
dais - nome chique que os técnicos dão aos diferentes tipos de transporte. As duas maiores capitais do País têm a maior quantidade de ônibus, enquanto as redes de metrô, trem regional e mesmo de ciclovias se apresentam em melhor qualidade e maior quantidade. Passou da hora de investir nos transportes sobre trilhos no DF. Desde o governo Arruda, a cidade desperdiçou oportunidades de custeio para a ampliação da rede de metrô. Em 2009, por meio do chamado Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, foram ofertados os recursos suficientes para levar o metrô até o Setor O, na Ceilândia, e a Expansão
de Samambaia, além de fazer chegar à Asa Norte, com uma estação próxima ao HRAN. Os recursos alocados também bancariam a primeira etapa do VLT, ligando o aeroporto à estação Asa Sul do Metrô. Numa segunda etapa, entraria pela W3. Ao todo, R$ 1,2 milhão, que foram reafirmados pelo PAC da Mobilidade e depois pelo PAC da Copa. Passaram-se os governos Arruda, Rosso, Agnelo e Rollemberg e nenhum centímetro de trilho foi colocado. Com a queda de Dilma, Temer acabou com a disponibilidade da verba e ficamos a pé.
Metrô do Gama
Linha para Luziânia
Nos anos 1990, três linhas de metrô foram projetadas pelo GDF. A atual –chegando até o final da Asa Norte -, uma ligando Ceilândia ao Gama e outra partindo do Gama, pela via EPIA, chegando à Rodoferroviária. A Companhia do Metrô chegou a ter os recursos para tal obra, mas o governo Agnelo optou em usá-los para construir o BRT-Sul, ligando Santa Maria e Gama ao Plano Piloto. Deve ter sido a primeira obra no mundo de uma linha de ônibus construída por uma empresa de Metrô. O projeto do BRT-Sul ficou incompleto. Faltou o trecho entre o Núcleo Bandeirante a Estação Asa Sul do Metrô, passando pela Candangolândia e Park Sul. Orçada inicialmente em R$ 587,4 milhões, a obra saiu por R$ 704,7 milhões, com um superfaturamento de 25%, aproximadamente R$ 208 milhões, segundo o Ministério Público. O BRT-Sul, como o Mané Garrincha, caiu na Operação Panatenaico da Polícia Federal. E a linha 2 do Metrô não saiu do papel.
Na mesma época em que se iniciavam as obras do BRT-Sul, a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) apresentou projeto de transformação da linha férrea da Extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) em um trem regional. O trajeto de 60 quilômetros, desde Luziânia, atende aos principais polos habitacionais da parte Sul do DF e Entorno. Seria beneficiada uma população superior a 500 mil habitantes. A linha, hoje usada só por cargas, já passa pela Cidade Ocidental, Valparaíso, está próxima ao Novo Gama, Gama e Santa Maria, atravessa o Park Way, Núcleo Bandeirante, Guará, SIA, chegando à Rodoferroviária. Nos cruzamentos com a linha do BRT-Sul, do Metrô, no Guará; e a EPTG, tornar-se-ia fácil a integração com ônibus e metrô. O custo de adaptação da linha, apontado à época pela Sudeco, era a metade do BRT-Sul – cerca de R$ 360 milhões. Cada viagem do trem regional equivaleria a 15 viagens de ônibus. Centenas de carros particulares deixariam de circular.
Mesmo com a bitola mais estreita, no sertão cearense, 60 km da extinta RFFSA foram transformados no VLT do Cariri
Antes mesmo de o sol nascer, a EPIA-Sul apresenta engarrafamentos
Nos últimos quatro governos, o GDF optou pelos ônibus e esqueceu o transporte sobre trilhos
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Padre Cícero
CHICO SANT’ANNA
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Forças ocultas, contudo, inviabilizaram o projeto. De pronto surgiram técnicos de plantão para apontar problemas: “O trajeto não é bom, a bitola não é adequada”...Mil argumentos para que não se materializasse.Esqueceram-se, contudo, de que, nessa mesma linha, até 1996, trafegou o trem Bandeirante, levando passageiros de Brasília a São Paulo. Por fim, o Ceará calou a boca de todos que só encontram problemas e nunca veem solução. Em pleno sertão, um trecho de igual tamanho(60 Km), foi transformado no VLT do Cariri, que liga o Crato a Juazeiro do Norte. De quebra, ainda se pede uma benção ao Padre Cícero. Passou da hora da linha do trem Bandeirante virar o Trem Regional do DF. É desumano obrigar as pessoas a perderem cerca de quatro horas de seu dia enlatadas em ônibus superlotados ou presas a engarrafamentos infindáveis. Soluções rodoviaristas, além de caras, mostram-se ineficientes ao longo dos anos. Quatro anos se passaram desde a ampliação da EPIA Sul, para receber o BRT, e ela já apresenta engarrafamentos às quatro da manhã e às quatro da tarde. Um novo governo está por chegar. É importante ter o compromisso das futuras autoridades em soluções mais eficientes, confortáveis, confiáveis e sustentáveis de mobilidade urbana. O rodoviarismo, em todo o mundo, está com seus dias contados. Brasília não pode perder o trem da história.
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IEDFT OFERECE COQUETEL – O Instituto Empresarial do Distrito Federal e Territórios (IEDFT) realiza, terça-feira (5), na Universidade Católica de Brasília (UCB), a partir das 19h30, o coquetel de apresentação do espaço para empresários de Brasília. Serão apresentados projetos de excelência buscando alavancar os resultados das empresas.
ÁGUAS CLARAS
VICENTE PIRES / Por Eliane Araújo
Pizza paga com gasolina
Obras de alargamento da EPTG avançam
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A Enjoy Pizzas, na Avenida das Araucárias, número 4.155, em Águas Claras, está trocando pizzas grandes de qualquer sabor por gasolina (foto). A cada três litros do combustível o cliente tem direito a levar o produto. A promoção começou no dia 27 e, de acordo com o dono do estabelecimento, Marcos Moennich, vai durar até a greve dos caminhoneiros acabar e o abastecimento voltar ao normal. A publicação em uma rede social gerou uma grande repercussão – que o proprietário não esperava – e resultou na interação dos clientes com a loja, além de ajudar no abastecimento de motos para as entregas em delivery.
Para acelerar a obra de alargamento do trecho da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) próximo à ponte do Córrego Vicente Pires, o local foi bloqueado parcialmente no feriado de Corpus Christi (31 de maio). De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), foram colocadas quatro vigas metálicas de sustentação, que darão suporte para as obras de alargamento da via. A ação visa reduzir o número de acidentes e melhorar o trânsito no trecho, onde existe um afunilamento na terceira faixa de rolamento, que diminui de 3,5 metros para 2,7m. O alargamento beneficiará quem passa pela via, principalmente os moradores de Taguatinga, Águas Claras, Ceilândia e Guará. Além da ampliação da ponte, dois trechos passam por melhorias: Córrego Samambaia (próximo à Residência Oficial de Águas Claras) e o viaduto da linha férrea (entre o Guará e o Lúcio Costa).
Calçadas da rua da Mauá Uma boa surpresa para os moradores é que as calçadas da Rua 4C, entrada pela Faculdade Mauá, estão sendo concluídasdos dois lados da pista. Essa é uma reivindicação antiga que está saindo do papel. Vamos ficar atentos!
Oásis de aconchego
DISTRITO FEDERAL
Mais postos de trabalho
Curva de Santa Maria
Cerca de 8 mil pessoas conseguiram emprego no DF em abril. De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), os setores que mais abriram as portas foram comércio e serviços. Segundo o balanço, houve estabilidade no contingente de assalariados do setor privado e redução do setor público. Mesmo com o aumento de postos de trabalho, a taxa de desemprego cresceu de 18,9% em março para 19,2% em abril.
A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) publicou resolução que estabelece curva de referência para acompanhamento do volume útil do reservatório de Santa Maria para o período de maio a dezembro deste ano. O volume útil deverá atingir limite mínimo de 30,3% em novembro. A curva servirá para a Adasa como instrumento de apoio à tomada de decisão para gestão dos recursos hídricos.
A “Di Bari Pizzaria e Creperia Gourmet” é um oásis de aconchego no coração da cidade. A proposta do ambiente, bem decorado e intimista, é oferecer um cardápio com massas artesanais, finas e acabamento diferenciado (foto). O crepe de acarajé é uma receita exclusiva. Os preços das pizzas são acessíveis, variando de R$ 27,90 a R$ 52,90 e os crepes vão de R$ 24,90 a R$ 28,90.
Serviço: Di Bari Pizzaria e Creperia Gourmet Endereço: Rua 4 A, Vicente Pires Telefone: 3547-8637 Funcionamento: de domingo a domingo das 17h30 às 24h.
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Felicidade ensinada em aula
DIREITO DO CONSUMIDOR
O Instituto Feliciência lança o Curso de Formação de Facilitadores em Felicidade Interna Bruta (FIB) A felicidade não só é possível, como pode ser ensinada. Especialmente com a disseminação de como evitar pensamentos negativos e realçar exatamente a parte boa e mais prazerosa da vida. O Instituto Feliciência está lançando, com exclusividade, o Curso de Formação de Facilitadores em Felicidade Interna Bruta (FIB). O FIB é um indicador preconizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) novo paradigma de desenvolvimento socioeconômico recomendado para as nações signatárias. Os participantes serão introduzidos nos conceitos de Psicologia Positiva e Neurociência, e preparados para aplicarem em organizações uma metodologia estratégica de gestão DIVULGAÇÃO com impacto na performance profissional e institucional. A primeira turma será realizada de 11 a 15 de junho, em Brasília, no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, com a coach e facilitadora master em Felicidade Interna Satisfação no trabalho é plenamente possível Bruta Carla Furtado, que desenvolveu o Sistema FIB-Feliciência®, e a mentora Lorena Porto Pereira, premiada gestora do mercado hospitalar, palestrante, desenvolvedora de líderes, que implantou o reconhecido modelo de gestão no Hospital Anchieta. A formação para obter a Certificação FIB-Feliciência é destinada, principalmente, a empreendedores, gestores, líderes, profissionais de Recursos Humanos, coaches, mentores, consultores, educadores e especialistas em Políticas Sociais. A ferramenta já é disseminada mundialmente pelos resultados socioeconômicos alcançados, como bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente, governança e padrão de vida. As inscrições podem ser realizadas até 31 de maio no linkbit.ly/feliciencia. Mais informações: carla@carlafurtado.com.br
Bancos são proibidos de reter salário para pagar empréstimo Embora muitos clientes não saibam, uma instituição financeira não pode descontar de seus correntistas valores por empréstimo tomado, mesmo havendo assinatura de contrato A súmula 603 do Superior Tribunal de Justiça, aprovada em 22 de fevereiro de 2018 não deixa dúvidas: “É vedado ao banco mutuante reter, em qualquer extensão, os salários, vencimentos e/ ou proventos de correntista para adimplir o mútuo (comum) contraído, ainda que haja cláusula contratual autorizativa”. O que isso significa é que caso não seja um empréstimo consignado (são lícitos, pois existem legislação que os regem), o banco não está autorizado a descontar nenhum valor de seu salário para pagar o empréstimo. No entendimento do STJ, mesmo que exista assinatura de um contrato que permita esse desconto, a ação é ilícita, pois a cláusula é abusiva e contraria o artigo 7º, da Constituição Federal, e o artigo 833, do Código de Processo Civil.
Além do mais, a retenção de parte do salário com o objetivo de quitar débitos existentes em conta-corrente mantida pela própria instituição financeira credora é conduta passível de reparação por danos morais. O que o banco deve fazer, se seu cliente não pagar o empréstimo conforme contrato, é acionar a Justiça, ajuizando ação de cobrança. Viveu situação semelhante? Quer tirar dúvidas sobre direito do consumidor? Entre em contato com o Centro de Defesa do Consumidor.
Telefones: (61) 98364-5125 e (61) 3548-9187
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É “mas” que fala? Ou “mais”? A palavra “mas” é uma conjunção; portanto, deve ser usada para conectar informações. No artigo desta semana, resolvi oferecer um suporte às redes sociais e aplicativos de mensagens. Eu, como já expus em outros artigos, não tenho o hábito de corrigir pessoas (nem mentalmente) em seus atos de fala espontâneos, pois considero hipocrisia e falta de educação (na minha opinião, alguém só deve ser corrigido quando quer).
Sei, todavia, que ter zelo pela língua pode evitar algumas confusões e impasses. Por isso, vamos falar da diferença entre “mas” e “mais”, que oferecem tanta confusão nos ambientes virtuais. A palavra “mas” é uma conjunção; portanto, deve ser usada para conectar informações. Essa conexão pode ter valor adversativo (ideias contrárias) ou aditivo (soma de ideias). Veja:
Muito obrigado, Mestre Dines! Sob seu comando, fiz um mergulho no submundo do crime, do qual regressei com 10 quilos a menos. Foi uma reportagem no Rio de Janeiro para o Jornal do Brasil Pela segunda vez consecutiva, deixo o texto referente ao falecimento do jornalista Alberto Dines, ocorrido na manhã de terça-feira, 22, aos cuidados da Redação, já que os assuntos que vou relatar não fazem parte do contexto noticioso. Conheci Dines em 1959 no jornal Última Hora, no Rio de Janeiro. No transcurso de minha ascensão no jornalismo, ele sempre me levou quando trocava de jornal, graças à nossa empatia, a
exemplo de quando assumiu o comando do Jornal do Brasil: - Leia isso aqui e faça uma pauta. O “Leia isso aqui” era um recorte do JB, edição daquele dia, 24 de fevereiro de 1966. Registrava a ação destruidora de um grupo de jovens arruaceiros, que tinham depredado uma mansão que pertencia ao genro da dona do JB, condessa Pereira Carneiro. Entreguei a solicitada pauta-roteiro a Dines três dias
MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO
Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas
Rádio JK - AM 1.410 Ligue e participe: (61) 9 9881-3086 www.opovoeopoder.com.br
(1) Eu não como carne, mas consumo outros alimentosde derivados de animais. (ideias contrárias). (2) Eu não só como carne, mas também derivados animais (soma de ideias). Perceba a diferença: no primeiro caso, há o texto de uma pessoa que não come carne, mas, de maneira inesperada (no julgamento do emissor), consome outros produtos de origem animal. No segundo, há o discurso de alguém que não consome carne e derivados animais (o “mas”, quando expressa adição”, vem seguido de “também”). Se não for um dos casos acima apresentados, deve-se usar “mais”. Eu vou mostrar: (3) Eu vou dormir mais. Estou cansado. (intensidade relacionada ao verbo “dormir”).
(4) Mais pessoas chegaram durante o show. (sinônimo de “muitas”) (5) Não quero mais voltar ao parque. (interrupção de alguma ação) (6) Dois mais dois é quatro. (ideia de soma) (7) João mais Maria foram à casa da vovó. (conjunção aditiva – é o único que pode gerar confusão, mas compare com o exemplo 2 e perceba a diferença). Em geral, percebo que a agramaticalidade mais frequente é o uso de “mais” no lugar de “mas”. Mas acredito que, depois deste texto, boa parte das dúvidas poderão ser atenuadas!
após conversar com delegados de polícia conhecidos. Segundo afirmaram, as gangs de outros bairros não ofereciam a mesma periculosidade que os motoqueiros localizados em Copacabana e Ipanema, a maioria filhinhos do papai. Cumprindo a pauta elaborada por Dines, minha missão era passar uma temporada incógnito entre os motoqueiros dos citados bairros da zona Sul carioca. Para tanto, o JB alugara uma quitinete em Copacabana, na qual eu ficaria residindo com carteira de identidade falsa. Para minha segurança, ficou acertado que não mantivesse assíduo contato com o chefe de reportagem, a não ser excepcionalmente, para que informasse ao fotógrafo Alberto Jacob, onde e como gravaria flagrantes indicados por mim, à distância, com sua teleobjetiva. Na infinidade de ruas e avenidas, havia nada menos de 51 boates, mais co-
nhecidas como inferninhos. Ao checar que uma das turmas mais violentas tinha o seu QG na rua Miguel Lemos, comecei a frequentar os bares da área, com o objetivo de estabelecer os primeiros contatos. Sobre o resultado desse verdadeiro mergulho no submundo do crime, do qual regressei com 10 quilos a menos e com os nervos à flor da pele, prefiro transcrever o meu Ato de Contrição, ao pé da letra: “Vivi 40 dias no meio deles. Fumei maconha e cheirei cocaína, incluindo picos nas veias. Quanto ao meu veredictum, depois de conhecê-los de perto, não os considero merecedores do Inferno convencional”. E se tiver de dar o meu voto, “prefiro sentar no banco dos réus, ao lado deles!”
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)
Fernando Pinto Jornalista e escritor
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O centro espírita do futuro Entre religião e ciência, Kardec propôs a integração de fé com razão, pregando a evolução pela prática da caridade Em 1854, com o lançamento do Livro dos Espíritos, na França, teve início o Espiritismo codificado pelo professor e pensador francês Allan Kardec. Era um período de incredulidade devido ao fracasso da Igreja Católica após séculos de abusos, principalmente, com a Inquisição, e a consequente perda de poder com a derrocada das monarquias, nas quais a Igreja escorava-se.
Os intelectuais pregavam e orgulhavam-se do ateísmo. A separação entre fé e razão ou religião e ciência, aprofundara-se. Foi nesse contexto que Kardec propôs a integração entre fé e razão pregando a evolução pela prática da caridade baseada numa fé raciocinada ancorada na ciência. Kardec prega uma fé “que encare a razão face a face em qualquer época da humanidade”. E recomen-
Qual a diferença entre o açúcar branco e o mascavo? Falsa ilusão calórica. No quesito energia, os dois equivalem-se. A cada grama, são quatro calorias, mas um deles não possui resíduos químicos
Muitas pessoas estão adotando o açúcar mascavo em vez de usar o açúcar branco como se fosse uma alternativa menos calórica. O erro está no motivo calórico, pois o açúcar masca-
vo apresenta a mesma quantidade calórica por grama de produto, ou seja a cada 1 grama de açúcar, independentemente da forma, teremos 4 calorias. Essa falsa ilusão calórica talvez
dou: “Onde a ciência mudar, mudará o Espiritismo”. Alguns anos depois, em 1909, em Niterói, no Rio de Janeiro, foi fundada, pelo médium Zélio, a Umbanda (Legião de Deus, Lei de Deus) para servir aos necessitados, sem nenhuma discriminação, e baseada no Evangelho de Cristo. O que há de comum entre as duas doutrinas? A evolução pela prática da caridade e baseada no Evangelho de Cristo. Pela semelhança, muitos trabalhadores kardecistas frequentam Centros de Umbanda em busca de ajuda, e muitos umbandistas frequentam Centros Espíritas em busca de conhecimento. Então, atendendo à recomendação de seu fundador de que a Umbanda deve estar baseada no Evangelho de Cristo, é que muitos umbandistas têm introduzido estudos e palestras em seus centros. Um
tenha se confundido com o fato de o açúcar mascavo ser preferível ao branco pelos especialistas por ter passado por menos processamento e não ter passado por branqueamento. Isso significa que mantém maior teor de micronutrientes e não possui resíduos químicos do branqueamento. Porém, sua quantidade de energia será igual à do branco. Existe uma questão que me preocupa, quando alguém opta pelo mascavo, que e a quantidade usada. Afinal, o açúcar mascavo tem um poder de adoçar menor do que o branco. E, na maior parte das vezes, as pessoas usam em maior quantidade, especial-
Centro de Umbanda com palestras e estudos é o Centro do Futuro. Nada impede que os Centros Kardecistas também não possam evoluir, fazendo com que haja mais proximidade, principalmente, entre trabalhadores encarnados e desencarnados. É por não haver esta proximidade e diálogo nos Centros Kardecistas que eles buscam os Centros de Umbanda em busca de aconselhamento ou mesmo chegam a fundá-los, cometendo o pecado de não levarem palestras e estudos, ficando apenas no mediunismo. Acordem! Se a Umbanda deve ser baseada no Evangelho de Cristo, é preciso que se estude e se divulgue o que disse o Mestre.
José Matos Professor e palestrante
mente no cafezinho. Se você é um dos que adotaram o açúcar mascavo, use a mesma quantidade que usaria do branco, ou, melhor ainda, ajuste seu paladar e tente diminuir gradativamente a quantidade de açúcar de adição nas bebidas e outras preparações até que você não precise mais adoçar nada. Ai ,sim, você conheceraá o real sabor dos alimentos! Fica a dica da nutri!
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
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Obrigado, Dines Palavras como rotina e conformismo não cabem numa nota biográfica de Dines. Antes de tudo, ele era um criador, e os criadores são motos-perpétuos
Mario Pontes (*)
A
lberto Dines, que acaba de falecer em São Paulo, aos oitenta e seis anos de idade, continuará, decerto, a ser admirado pela maioria dos que o encontraram em sua peregrinação por redações de revistas e jornais. E lembrado pelos muitos que só de passagem tiveram condições de ler os capítulos mais difíceis de sua vida, cujo brilho, mesmo assim, não pôde ser eliminado pelos eclipsantes: aqueles marcos de sua breve e forçada – mas certamente inesquecível –participação na vida política nacional, durante as décadas de 1960-70. Admito que a memória dos seus atos individuais de resistência às violações da li-
berdade de expressão possa perder o brilho com o passar do tempo, com o desaparecimento daqueles que no período mencionado liam o Jornal do Brasil por hábito ou necessidade de entender o que se passava aqui e no restante do mundo. Mas não para os integrantes do grupo – formado por alguns homens e um número muito maior de mulheres – que redigiam e editavam os vários jornais e revistas sempre acomodados no ventre das edições comuns ou especiais do JB. Palavras como rotina e conformismo não cabem numa nota biográfica de Dines. Antes de tudo, ele era um criador, e os criadores, todos sabem, são motos-perpétuos. Todos lembram como ele aperfeiçoava, cada dia, o projeto de renovação interna do
Continuará a ser admirado pela maioria dos que o encontraram em redações de revistas e jornais. E lembrado pelos muitos que só de passagem tiveram condições de ler os os capítulos mais difíceis de sua vida
jornal, sem privá-lo do sóbrio projeto visual criado nos anos 60. Mas atenção: tão grande quanto a percepção dos fatos – e a capacidade de entendê-los e vertê-los para a lingua-
gem comum – era o grau de maleabilidade que o guiava na relação com os outros, em particular os subordinados. A propósito, permitamme falar da minha experiência com ele. Desembarquei no JB em inícios dos anos 70 e fui trabalhar como redator do Departamento de Pesquisa. Criada antes da difusão do computador, cabia à Pesquisa coletar, classificar e guardar, para utilização das várias editorias do jornal, artigos, reportagens, documentos e estatísticas sobre os mais diversos assuntos, recém-publicadas por revistas e jornais, brasileiros e estrangeiros. A primeira tarefa que me atribuíram foi fazer um histórico de todos os esforços do governo da Alemanha Ocidental – naquele momen-
to dirigido por WillyBrandt –, para alcançar algum êxito na sua política de reunificação, intitulada Abertura para Leste. Nada fácil, para um recém-chegado, lidar com aquele cipoal de idéias, propostas e políticas. Eu tinha de lembrar cada uma das tentativas de reunificação feitas desde o fim da II Guerra, mostrar ao leitor os interesses, os argumentos, os fracassos ou os pequeninos avanços de cada liderança. Sem esquecer de indicar quais os maiores personagens de cada ato do drama. Com o título de Porta para o futuro a matéria ocupou uma página do Caderno Especial, criado justamente para acolher matérias que se propunham a “esgotar o assunto”; na medida do possível, claro. Fiquei feliz com o destaque obtido, mas a partir daquele dia não tive mais sossego. Pouco depois Dines apareceu com um livro escrito em inglês, e disse-me: -- Vá pra casa, leia este livro e volte na sexta-feira cedo com texto suficiente para ocupar uma página do Caderno Especial. Eu próprio achava que não era possível, mas foi. Pouco depois Dines me trouxe outro livro para resumir e publicar no mesmo Caderno: um estudo sobre a estratégia dos Estados Unidos, da guerra da Independência à Guerra do Vietnã, que naquele momento se travava. A matéria foi aprovada, e como prêmio, ele me confiou a elaboração de uma coluna semanal intitulada Observatório, destinada a tratar resumidamente fatos importantes da política internacional. Ao contrário do que eu esperava, não é que deu certo? Obrigado, Dines.
(*) Ex-editor do Caderno Livro do Jornal do Brasil, ficcionista e tradutor de obras de ficção e ensaio. Mora no Rio