Jornal Brasília Capital 530

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Ano XI - número 530

Brasília, 4 a 10 de setembro de 2021

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Zezinho Carne de Sol

Sucessão em família Após 37 anos à frente do restaurante, o fundador (foto) vai “passar o ponto” para filhos e genros Dedé Roriz – Página 11

FOTOS: ANTÔNIO SABINO/BRASÍLIA CAPITAL

Cadê as obras? Há dois anos, o governador Ibaneis anunciou um pacote de R$ 4 bilhões de investimentos em infraestrutura. Mas grande parte das obras sequer foi iniciada,

como a terceira faixa na BR-020 (foto), ou não foram entregues no prazo previsto, a exemplo das sete UPAs em várias cidades do DF. Páginas 6 e 7

Chuva: alívio e transtorno Brasiliense comemora precipitações após 76 dias de seca, mas revive problemas como inundações na Rodoviária e quedas no fornecimento de energia. Privatização da CEB não melhorou o serviço. Página 9

Imprensa comunitária cobra regulamentação da Lei Luzia de Paula, aprovada em 2014

Opinião – Página 3

SINDICATOS General assum e SES Agora a saú-DdF. vence a guerr e a? Sind Médico – Pági na 4

Escola de covid-19s acom casos umentam 355% no DF Sinpro – Página 4

Atos em defes ad democracia e protestosa contra Bolson aro Sindicato dos Ba ncários – Pági na 5


Brasília Capital n Política / Pelaí n 2 n Brasília, 4 a 10 de setembro de 2021 - bsbcapital.com.br

Ex pedien te

Abençoados pela Universal – O deputado federal Julio César e o distrital Mar tins Machado são os candidatos oficiais pelo par tido Republicanos, com apoio da Igreja Universal no DF, para as eleições de 2022. A informação é do blog Olhar Digital.

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Tiragem 10.000 exemplares. Distribuição: Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresasestataiseprivadas),Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho,SIA,NúcleoBandeirante, Candangolândia,LagoOeste,Colorado/ Taquari,Gama,SantaMaria,Alexânia /OlhosD’Água(GO),Abadiânia(GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), JardimIngá(GO),Luziânia(GO),Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG).

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Cerco de senadores De olho nas eleições de 2022, os três senadores do DF dominaram a reunião da CPI da Pandemia, na quinta-feira (2), questionando o ex-secretário de Saúde Francisco de Araújo Filho. INOCÊNCIA – Izalci Lucas (PSDB), Reguffe (Podemos) e Leila Barros (Cidadania) pres-

sionaram a testemunha por cerca de três horas, mas só ouviram alegações de inocência por parte de Francisco. SONO – A CPI da Pandemia voltou sua atenção para as denúncias de corrupção no sistema de saúde do DF. Izalci quis saber se Araújo conseguia dormir tranquilo sa-

bendo que milhares de pessoas morreram e outras tantas fizeram testes sem qualidade. DEBOCHE – A defesa do ex-secretário se manifestou considerando a pergunta debochada e lembrou que o habeas corpus lhe garantia um tratamento “civilizado em sem ironia”.

Traição na rachadinha Uma entrevista do ex-empregado dos Bolsonaro, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, foi assunto mais comentado nas redes sociais na sexta-feira (3). Ele denunciou uma série de possíveis crimes cometidos pela família do presidente da República.

TRAIÇÃO – Marcelo afirma que Jair Bolsonaro transferiu para os filhos Flávio e Carlos o comando do suposto esquema de corrupção nos gabinetes de ambos após descobrir que era traído por sua então mulher, Ana Cristina Siqueira Valle. GOLPES – E revelou que Ana Cris-

tina foi a primeira a controlar o recolhimento de parte dos salários dos assessores do primeiro e segundo herdeiros de Bolsonaro. Conta, ainda, ter sido testemunha de diversos golpes praticados pela advogada, de quem o atual chefe do Executivo federal se separou em 2007.

DIVULGAÇÃO

Sob nova direção Mergulho com terno No ano passado, numa visita ao Centro de Ensino Especial 2 de Ceilândia, o deputado Reginaldo Veras (PDT - foto) se comprometeu a enviar dinheiro de uma emenda parlamentar para reativar a piscina da escola, que estava interditado há 20 anos. Na sexta-feira (3), na entrega da obra, ele cumpriu outra promessa feita ao vice-diretor do CEE 2: pular na piscina de terno e gravata. Tudo transmitido ao vivo no Instagram do parlamentar.

Cerca de 2.200 filiados ao Psol foram as urnas em agosto para escolher o próximo diretório regional e direção executiva no DF. A chapa 4, liderada pela ex-deputada Maninha e por Toninho do PSol, teve a preferência de 43,36% da militância local. A chapa 3, do distrital Fábio Félix, ficou em segundo lugar, com 39,4%. PLENÁRIA – A vitória da Chapa 4 representa um retorno dos integrantes da tendência Primavera Socialista ao comando do Psol DF após três anos. Com a definição dos novos dirigentes, o Psol DF realizará uma plenária que definirá se o partido irá lançar candidatos próprios ao GDF e ao Senado ou se irá compor uma frente partidária.


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Imprensa comunitária do DF exige respeito A falta de regulamentação da Emenda à Lei Orgânica (ELO) nº 74/2014, aprovada há sete anos pela Câmara Legislativa, tem causado distorções no mercado de comunicação do Distrito Federal. A matéria fixa uma reserva de, no mínimo, 10% das verbas de publicidade dos órgãos públicos do DF para as mídias comunitárias – jornais, blogs e rádios comunitárias. O texto da Lei, de autoria da ex-deputada Luzia de Paula (hoje no PSB), que alterou o artigo 149, parágrafo 9º da Lei Orgânica do DF, exclui desta quota outdoors, painéis, panfletos, mídias sociais e outros, como produção de vídeos para redes sociais. Mas, desde 2014, as seguidas gestões na Secretaria de Comunicação do GDF – inclusive a atual – não cumprem o que prevê a ELO nº 74. Por conta disso e para driblar a voracidade da concorrência dos “grandes” da imprensa, os empresários da mídia alternativa (blogs, sites, rádios comunitárias e jornais impressos), liderados pela Associação de Veículos Comunitários de Comunicação (Asvecom), está retomando o movimento que culminou na aprovação da ELO nº 74/2014.

“Precisamos, urgentemente, regulamentar esta Lei. Como o Executivo não tem interesse nisto, especialmente os gestores da Secretaria de Comunicação, vamos voltar a procurar os deputados distritais para que eles nos ajudem. Temos certeza de que a Câmara Legislativa compreenderá esta nossa necessidade”, diz um dos dirigentes da Asvecom, pedindo anonimato por temer represálias do GDF. PANDEMIA – Nunca foi fácil empreender no segmento da Comunicação no DF. E uma das áreas mais penalizadas é a chamada imprensa comunitária. Com a pandemia e as medidas de restrição e isolamento social, a sobrevivência da mídia alternativa ficou ainda muito mais complicada, e várias pequenas empresas estão falindo, sem condições de arcar com os custos de impressão e distribuição de seus produtos, além do pagamento da equipe. Os pequenos jornais sobrevivem de anúncios publicitários de empresas do comércio ou serviços – o chamado varejo – em sua área de atuação e da publicidade oficial. Esses jornais são distribuídos gratuitamente em domicílios e

no comércio, ou entregues diretamente para a população. Em tese, com a “Lei Luzia de Paula” a sobrevivência dos pequenos estaria garantida. Mas não é o que ocorre na prática. Os secretários de Comunicação de todos os governos do DF, inclusive o atual, nunca se preocuparam com a regulamentação da lei e, tampouco, com a destinação correta da cota de 10% para a mídia comunitária. Aproveitando a falta de regulamentação da Lei, veículos exclusivos de publicidade, como outdoors, painéis, panfletos e produção de vídeos para as redes sociais etc., são colocados indevidamente sob o guarda-chuva de proteção da lei, em detrimento daqueles que realmente têm o direito. “Em alguns casos, até institutos de pesquisa contratados por órgãos do GDF têm os seus custos colocados na reserva prevista no Parágrafo 9º do Artigo 149, da ELO 74”, aponta a Asvecom. Isso gerou uma distorção inédita. As emissoras de TV, que são os meios que sempre receberam mais verbas publicitárias oficiais, em 2020 foram superadas pela mídia alternativa inflada por

todo tipo de veículos encaixados indevidamente na conta de reserva de 10%. AGÊNCIAS – Nesse segundo semestre de 2021, 27 agências de publicidade entraram na concorrência para ficar entre as quatro selecionadas para administrar a verba de R$ 160 milhões da Secom-DF. Nesse caso, para o cumprimento do que está previsto no parágrafo 9º do Artigo 149º, da ELO 74, no mínimo R$ 16 milhões deverão ser destinados aos veículos da mídia alternativa protegidos pela lei. Mas isso só vai acontecer com justiça se ocorrer a devida regulamentação da ELO 74, com a definição do que é mídia alternativa (blogs, sites, rádios comunitárias e jornais impressos). E com critérios técnicos claros, para que os gestores não confundam o que vem a ser verba pública de publicidade para a mídia alternativa com uso de dinheiro público para cooptar apoios políticos e perseguição a quem não reze na cartilha do governante de plantão. O Brasília Capital pediu uma posição da Secom-DF sobre a falta de regulamentação da ELO nº 74/2014, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Afeganistão: mais um jogado no caos Júlio Miragaya (*) Depois da Líbia, da Síria e do Iêmen, o Afeganistão é mais um pobre país islâmico dilacerado pela intervenção do imperialismo norte-americano. Após 20 anos de ocupação militar, ocupação que gerou uma guerra de libertação que matou cerca de 200 mil afegãos e gerou mais de 2 milhões de refugiados, o Talibã voltou a governar o país. Desde então, a mídia global se mostra “estarrecida” com o que ocorre lá, em particular o tratamento que o Talibã dispensa às mulheres, mas não se pronuncia sobre a responsabilidade dos norte-americanos no caos gerado no sofrido país. Em meio à uma retirada desastrada, um subgrupo do Estado Islâmico (ISIS) promoveu um atentado matando 180 pessoas, sendo 13 militares norte-ameri-

canos. Em retaliação, Biden foi Reagan/ Clinton/Bush/Obama, autorizando ataques por drones que mataram vários civis, inclusive crianças. O território afegão integrou, ao longo de 4 mil anos, diversos impérios, sempre associado à civilização persa. No século XIX, surgiu como uma espécie de estado tampão entre o Império Britânico, que controlava a Índia, e o Russo, que recém ocupara vários reinos do chamado Turquestão Ocidental. O Reino Afegão persistiu até 1973, quando a monarquia foi derrubada e proclamada a república. Em 1979 assumiu o poder um partido pró-soviético, que implementou políticas progressistas (proibição de casamentos forçados, voto para as mulheres, reforma agrária), suscitando a oposição dos segmentos religiosos, que logo receberam dinheiro de outros países islâmicos e dos EUA de Reagan, no ápice da Guerra Fria. É necessário dizer que o Talibã, hoje pintado pelos EUA como uma organização terrorista, foi uma das organizações

criadas com o financiamento de US$ 40 bilhões dos EUA e das monarquias absolutistas do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Emirados Árabes) para combater as tropas soviéticas que ocuparam o país em 1979. Tal situação foi bem retratada em Rambo III, no qual Stallone representava um “soldado-herói” norte-americano que se aliara aos mujahidins, os “guerreiros santos” que viriam a formar o Talibã, e conseguiram impor a retirada soviética (1989) e a derrubada do regime (1996). O mesmo procedimento seria repetido anos depois, ao apoiar a wahhabista Al-Qaeda contra o regime iraniano; ao financiar o Al-Jama’a bi-Libya contra o regime líbio e ao armar o Estado Islâmico (ISIS) contra o regime sírio. Os EUA alegam, cinicamente, a defesa de valores democráticos, mas sustentam há décadas monarquias absolutistas e sanguinárias no Golfo Pérsico e ditaduras militares no Egito e na Argélia. Aos países que a ele não se curvam, o imperialismo promove um implacável

boicote econômico (casos de Cuba, Irã e Venezuela), ou fomentam a guerra civil (Líbia, Síria e Iêmen), criando o caos econômico, social e político. Os afegãos são apenas mais uma vítima. Bilionários: Enquanto o Brasil caminha para fechar 2021 com 650 mil a 700 mil mortos pela negligência do desgoverno Bolsonaro no enfrentamento da covid; totaliza 20 milhões de desempregados (incluindo desalentados) e chega a 40 milhões na situação de extrema pobreza, a revista Forbes divulgou que o país ganhou 42 novos bilionários em 2021, pessoas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão (agora são 315 os bilionários brasileiros. No topo, Jorge Lemann, da Ambev, com quase R$ 100 bilhões. Contraditório? De forma alguma. No próximo artigo abordaremos a relação amensalista entre o topo e a base da pirâmide social. (*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia


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General assume SES-DF em cenário de guerra. Agora a saúde vence? Um novo personagem faz parte, agora, do enredo na saúde pública do Distrito Federal: o general do Exército Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, anunciado para o cargo de secretário de Saúde do DF. A mudança ocorreu, segundo Ibaneis Rocha, porque é necessário “alguém que tenha um pouco mais de força no trato de união de equipes”. Então, analisando o cenário e o que é preciso para recuperar a saúde do DF, imagino que o novo gestor da SES-DF tenha as habilidades estratégicas de um bom general frente a uma guerra [porque lutar pelo SUS é uma batalha]: sabedoria, perspicácia, capacidade de diálogo e, sobretudo, usando as palavras de Sun Tzu, autor do livro “A Arte da Guerra”, “aquele cujo soberano não interfere”. O general, além da formação em administração hospitalar, ocupava a função de superintendente-executivo do Instituto de Cardiologia (ICDF) e já foi diretor administrativo do Instituto Hospital de Base do DF. O que, para o governador, configura “grande experiência na saúde pública do Distrito Federal”. Há controvérsias. Contudo, como realista esperançoso que sou, torço para que a escolha de Ibaneis seja a acertada para, finalmente, retomarmos a Atenção Primária como prioridade e darmos fim

ao IGES-DF, este buraco negro que suga da nossa saúde pública e, como consequência, dos nossos servidores e pacientes. Além do anúncio do novo secretário, o GDF lançou o “Cartão Pequenos Reparos” para a área, que dará aos gestores de Saúde um crédito de até R$ 100 mil para obras – R$ 100 mil para os superintendentes e R$ 70 mil para os diretores de hospitais e das Unidades Básicas de Saúde (UBS). O cartão não vale para o IGES-DF. Bonito na teoria. Um blefe na prática, pois apenas aumenta a verba do Programa de Descentralização Progressiva de Ações de Saúde (PDPAS) e não resolve a questão da falta de autonomia financeira e administrativa dos hospitais. Porque o novo organograma da Secretaria não abre espaço para diretores de hospitais, por exemplo, exercerem, de fato, os seus papeis. Ainda entre as novidades na SES-DF, há outro anúncio que, caso não sejam criadas condições para a saúde pública funcionar, há grandes chances de ser mais uma cilada – vulgo marketing político: a contratação de 397 profissionais para reforço do atendimento à saúde. Entre eles, 104 médicos, 64 enfermeiros obstetras, 39 enfermeiros de família e dois técnicos de hematologia e hemoterapia. É importante observar que o gargalo

no que diz respeito a esses servidores é muito maior. E, sem valorização do servidor (com salários compatíveis aos cargos e desafios e o prometido reajuste salarial) e condições de trabalho (com equipamentos, medicamentos e insumos), o que acontece é que não há permanência e, muito menos, reposição efetiva. Também dentro das mudanças urgentes e necessárias na gestão da SES-DF, quero ressaltar aqui, novamente, a postura do GDF sobre criação de novas UPAs. Este é um modelo que foca na atenção secundária/terciária: ou seja, emergências e hospitais. A porta de entrada, que é a Atenção Primária, continua a ver navios, negligenciada por seguidos governos, incluindo o atual. O Converte, criado por Rollemberg, é um grave problema dentro da Atenção Primária: ele tira especialistas dos consultórios de postos de Saúde e, quando o cidadão é encaminhado para as UPAs ou hospitais, também não consegue acesso aos médicos, porque há déficit e porque o sistema, capenga, não favorece este encontro. Ao general, que assume o desafio de recuperar a saúde pública do DF em um cenário de pandemia, desejo sabedoria e voz de comando com autonomia. E espero que ele esteja bem informado sobre os reais problemas

Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

na SES-DF, alguns citados aqui. Que Manoel Luiz Narvaz Pafiadache seja, de fato, um general de guerra: experiente e sábio. E que nada disso seja apenas panfletagem. Saúde é coisa séria. E os militares sabem bem que, para vencer uma guerra, é preciso ter conhecimento do campo de batalha, da força de trabalho, dos recursos materiais e, sobretudo, coragem. Saúde e vacina a todos.

Escolas com casos de covid-19 aumentam 335% no DF No dia 23 de agosto, uma segunda-feira, o professor Josias Salgado (*) retomou às atividades presenciais. Foi a primeira vez, desde março de 2020, que ele saiu do trabalho remoto e entrou novamente no CED São Bartolomeu, onde acompanha cerca de 100 estudantes da unidade de internação de São Sebastião. Três dias depois, na quinta-feira (26), Josias retomou o trabalho in loco. O professor, vacinado e fiel cumpridor dos protocolos de segurança sanitária, começou a sentir dores no corpo. Ao aferir a temperatura, o termômetro marcou quase 38 graus. Ele pensava que era uma gripe; mas estava com covid-19. Para Josias, foi difícil acreditar no exame PCR-RT, que saiu na segunda-feira (1º/9), comprovando a infecção pelo vírus que já tirou a vida de mais de 10 mil pessoas no Distrito Federal (580 mil em todo Brasil). Ele, que seguiu criteriosamente as recomendações de segurança sani-

tária durante toda a pandemia, disse que jamais imaginou que seria mais uma vítima da covid-19 ao retornar presencialmente à escola. Do hospital, com medicação venal para normalizar a pressão arterial, o professor disse, por telefone, que está “abalado, preocupado”. A esposa de Josias, de 49 anos, vacinada contra covid-19, e o filho, de nove anos, que está em aula presencial, também apresentaram sintomas semelhantes ao dele. “Faltar para a família é o meu maior medo”, desabafou Josias, que preferiu não divulgar o nome verdadeiro por medo de retaliação ao falar sobre os problemas inseridos na equação volta às aulas presenciais/covid-19. O cenário de angústia imposto ao professor Josias e à sua família não é um caso isolado. Quem frequenta as escolas públicas do DF vem vivendo o mesmo drama desde que o governo local deter-

minou o retorno presencial às atividades escolares, no dia 5 de agosto. Segundo levantamento realizado pelo Sinpro-DF, em 16 dias, o número de escolas com casos de covid-19 aumentou mais de 335%. No dia 16 de agosto, 14 escolas registraram pelo menos uma pessoa infectada pelo vírus. Até o fim da tarde de segunda-feira (1º), o número chegou a 61 escolas. “A gente vê os casos de covid-19 aumentando de forma assustadora nas escolas, mas não vemos ainda um empenho adequado do GDF em mitigar o risco de infecção pelo vírus no ambiente escolar. Embora o Sinpro-DF venha fazendo uma série de cobranças, levantadas a partir de reuniões com delegados sindicais e com gestores, ainda não há um protagonismo de atuação por parte do governo. Medidas básicas para coibir a proliferação do novo coronavírus, como tes-

tagem em massa, não vêm sendo adotadas nas unidades escolares”, denuncia a diretora do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa. Num esforço contínuo em defesa da vida, o Sinpro-DF está em negociação permanente com a Secretaria de Educação. Desde o início da pandemia, em março do ano passado, garantias importantes foram conquistadas, como o ensino remoto – que durou por quase um ano e meio –, a vacinação de todas/os as/os trabalhadoras/es em educação e a garantia do emprego de 11 mil professoras/es em regime de contratação temporária. Entretanto, outros pontos essenciais reivindicados pelo Sindicato continuam sem resposta.


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7 DE SETEMBRO

Desfile cívico dá lugar a tensão institucional Convites a invadir o STF, apoio de forças armadas e ataques à democracia colocam a República em alerta para o Dia da Independência Conhecido pelo tradicional desfile cívico-militar, o 7 de setembro ganhou em 2021 contornos de tensão. O presidente Jair Bolsonaro tem feito insistentes ameaças à democracia, com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional. O movimento tem o apoio de parte das Polícias Militares do país, o que preocupa ainda mais as autoridades. O ápice da tensão veio há cerca de quinze dias, com o vazamento de um áudio em que Reis fazia ameaças contra ministros do Su-

premo Tribunal Federal e convocava defensores do presidente para uma manifestação em Brasília. “Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [ministros do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”, disse o cantor. A participação de militares e de pessoas armadas em atos bolsonaristas pelo país virou alvo de preocupação agravada pelo discurso de Bolsonaro. Na semana passada, ele defendeu a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que todos tenham um fuzil. "Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado", disse. LEVANTE MILITAR – O GDF descarta um levante das forças militares durante o evento, como em outros estados. Segundo o secretário de segurança, as forças estão alinhadas e a inteligência trabalha para antecipar qualquer iniciativa desta natureza. Ao todo, cinco mil policiais fa-

RENATO ALVES / AGÊNCIA BRASÍLIA

“Aguarde o melhor, mas prepare-se para o pior e aceite o que vier” Gustavo Rocha,

secretário da Casa Civil do DF

rão a segurança dos protestos. O trânsito será interditado na Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes será fechada.

GDF vai separar manifestantes “Existe um provérbio que fala: aguarde o melhor, mas prepare-se para o pior e aceite o que vier. A Secretaria de Segurança vem se preparando, vem aguardando. A expectativa é que tudo ocorra de forma tranquila, ordeira, mas está preparada para qualquer tipo de ação que seja necessária”. Essa foi a fala do secretário-chefe da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, durante a apresentação do plano local de segurança para as manifestações previstas para terça-feira, 7 de setembro. Os movimentos de direita e esquerda estarão em locais diferentes em Brasília. A ideia é reunir os manifestantes pró-Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios e os contrários entre a Torre de TV e a Funarte. A distância entre eles será de cerca de três quilômetros. Até o momento, 13 grupos de direita e três de esquerda indicaram ao Governo do Distrito Federal interesse em participar dos atos.

I n fo r m e

Atos em todo o país defendem a democracia e protestam contra Bolsonaro Na próxima terça-feira (7) será realizada a 27ª edição do Grito dos Excluídos, em todo o país, para engrossar o coro de “Fora Bolsonaro”, em defesa da democracia e em protesto contra a economia desastrosa e privatista do governo, além do descaso com o enfrentamento à pandemia de covid-19. Em Brasília, a concentração será às 9h, na Praça das Fontes, na Torre de TV. A mobilização nacional, convocada pelos movimentos sociais e centrais sindicais, este ano tem como tema: “Na luta por participa-

ção popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já”. Durante o ato, será realizada uma campanha de arrecadação de alimentos, que serão doados para o acampamento da Marcha das Mulheres Indígenas. Participe e leve sua doação! “É necessário que todos participemos desse ato em defesa da democracia e contra esse governo genocida no dia 7 de setembro. Claro que tomando todos os cuidados referentes à pandemia e à segurança. Esse governo não se importa com a população e quer que todos ‘mor-

ramos à míngua’, seja sem saúde, sem comida, sem emprego e sem direitos. Ele está acabando com o patrimônio nacional, com o que é nosso. Precisamos dar um basta nesta situação. É povo na rua para reforçar a luta contra tantos retrocessos”, ressalta Fabiana Uehara, diretora do Sindicato. O ‘7S – Grito dos Excluídos’, que acontece desde 1995, é a quinta grande manifestação deste ano contra o governo de Bolsonaro. Protestos já foram realizados nos dias 29 de maio, 19 de junho, 3 de

julho e 18 de agosto, data em que houve paralisação dos servidores públicos contra a reforma administrativa (PEC 32). Os organizadores reforçam a importância de ir às ruas com todos os cuidados necessários para se proteger do novo coronavírus, como o uso de máscaras, álcool em gel e evitar aglomeração sempre que possível.


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Viaduto mirabolante, com três níveis, no Itapoã ficou apenas no bonito projeto apresentado pelo governo

Obras in Há dois anos, Ibaneis lançou um pacote de investimentos de R$ 4 bilhões. Mas, até hoje, pouca coisa saiu do papel. População reclama José Silva Jr Em 27 de dezembro de 2019, o governador Ibaneis Rocha (MDB) reuniu o seu secretariado no Salão Negro do Palácio do Buriti e, como se estivesse fazendo reunião de pautas jornalísticas, cobrou de cada uma novidade que pretenderia realizar em sua respectiva área. “Não se preocupe com dinheiro. O homem do cofre está aqui”, disse Ibaneis, apontando para o secretário de Economia, André Clemente. Com o dono do cofre a tiracolo,

Ibaneis anotou as sugestões e as incluiu num pacote de benfeitorias que estimava gastar (ou investir) R$ 4 bilhões. Os investimentos seriam da Segurança à Saúde, passando por infraestrutura e esporte e lazer. Nada que estava ruim escaparia das mãos reparadoras do mandatário brasiliense. Aquela reunião vai completar o segundo aniversário, mas boa parte das cidades do DF não tem motivo para comemorar. A reportagem do Brasília Capital visitou vários locais e constatou que muita coisa ainda falta ser feita, sem contar obras que sequer foram iniciadas. UPAS – Ibaneis anunciou a construção de sete novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Elas contemplariam Paranoá, Brazlândia, Riacho Fundo II, Ceilândia, Vicente Pires, Planaltina e Gama. A UPA do Gama tinha previsão de entrega em julho deste ano. Não só deixaram de cumprir esse prazo como não há nem

previsão de inauguração. Apesar de a fachada apresentar um aspecto de obra concluída, lá dentro a situação é desoladora.

Além do acabamento, ainda faltam móveis, tubulações especiais para receber os equipamentos, portas dos consultórios...


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DER queria um viaduto mirabolante Se na Saúde nem tudo está no azul, na infraestrutura a situação também não vai bem. Presentes à reunião de 2019, representantes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) venderam a sugestão de construção de um viaduto mirabolante no lugar do ineficaz balão que distribui o fluxo de veículo do Paranoá para o Itapoã, Sobradinho e Rajadinha. A obra seria inédita no Distrito Federal. Pelo croqui, o viaduto teria três níveis. “Quem vem de Sobradinho dos Melos e Planaltina vai passar por baixo, num túnel. Quem vem de Sobradinho, pela DF-001,

por cima, mas no segundo nível. E haverá um elevado passando por cima dos dois, ligando direto ao Paranoá”, explicou, na época, o superintendente de Obras do DER-DF, Cristiano Cavalcante. POWER POINT – Mas só ficou na animação no power point e no desenho. Nossa reportagem passou pelo local na quarta-feira (25) e, no lugar do viaduto, continua a velha rotatória e as diversas reclamações de motoristas enfurecidos com a confusão no trânsito e os consequentes engarrafamentos. “Já era para ter feito”, cobra Valto Alves, 66 anos, que

reside na Quadra 29 do Paranoá. Perto dali, em Sobradinho, mais uma promessa de Ibaneis Rocha ficou pelo caminho. Na saída da cidade, seria construído um viaduto que ligaria com a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). A passagem atenderia o fluxo ao sentido ao Plano Piloto e seria erguida na altura do estádio de futebol Augustinho Lima. Se pronta, a obra beneficiaria 50 mil motoristas/dia. Quem sai da cidade para pegar a rodovia passará por baixo até desembocar na estrada que liga Planaltina ao Plano Piloto. O custo da obra foi orçado em R$ 20 milhões.

No lugar da obra, a velha rotatória. “Já era para ter feito”, ressalta o morador do Itapoã Valto Alves

nvisíveis Cadê a terceira faixa na BR-020? Além do viaduto, a BR-020 também seria alargada com a chegada de uma terceira faixa nos dois sentidos: Planaltina-Plano Piloto e vice-versa. Esta outra fase foi avaliada em R$ 8 milhões e também ficaria pronta no mesmo período. Apesar do aspecto da vegetação do local apresentar uma aparência mais amarronzada, diferentemente do verde do verão daquela época que a obra foi anunciada, nada

Abertura de uma terceira faixa na BR-020 foi prometida para os dois sentidos: Planaltina-Plano Piloto e vice-versa. Nada foi feito até o momento e a obra está avaliada em R$ 8 milhões.

Morador de Sobradinho, Arlindo Araújo não acredita que o GDF vai entregar o viaduto da BR-020 até 2022

mais mudou ali. Os motoristas continuam se irritando com o trânsito na saída de Sobradinho e os constantes engarrafamentos, que já fazem parte do cotidiano dos moradores. Para o aposentado Arlindo Araújo, 56, morador de Sobradinho, até o final do governo de Ibaneis essas passagens devem ser concluídas. Otimismo? Nada disso. Para ele, isso só vai se realizar por uma estratégia política da qual todos os antecessores do emedebista lançaram mão dela. “No ano que vem, ele (Ibaneis) vai correr com as obras porque será período eleitoral e ele quer se reeleger. É sempre assim. Em outras palavras: a velha moeda de troca”, lamenta.


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Satélites

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Abastecimento garantido – Mesmo tendo ficado 75 dias sem chuva, o nível dos reservatórios do Distrito Federal permanece acima de 75%, de acordo com dados da Adasa. A situação contrasta com a crise hídrica brasileira, que fez com que o governo reajustasse a tarifa de energia elétrica em 49,63%.

Por Lorrane Oliveira

RIACHO FUNDO

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O melhor tira gosto do DF O bar campeão do Comida di Buteco em Brasília 2021 é o Bem Amigos Bar, do Riacho Fundo, que teve como petisco o Bolinho de Salmão servido com molho de gengibre da casa. O título foi entregue na terça-feira (31) em cerimônia de premiação restrita, devido aos procolos da pandemia. Estreante no concurso, o Bem Amigos concorreu com mais 14 participantes. Segundo os proprietários do local, Eder do Nascimento e Elvis do Nascimento, é uma emoção ser o campeão, principalmente em um período tão difícil para os bares. “Estamos emocionados

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FOTOS: RAPHAEL RIBEIRO

e confiantes que poderemos representar bem Brasília na etapa nacional.”

Para os proprietários, Eder e Elvis do Nascimento, foi uma emoção ser o campeão, principalmente em um período tão difícil para os bares.

Terracap inicia a regularização de imóveis

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imóveis do Setor Habitacional Vicente Pires. Desta vez, são 405 lotes localizados na antiga Colônia Agrícola Samambaia. Os ocupantes têm até o dia 29 de setembro

para apresentar a proposta de compra junto à Terracap e dar prosseguimento à regularização do imóvel. Mais informações no site www.terracap.df.gov.br

Túnel chega em 45% de execução Começou nesta semana a fase de concretagem da lage do túnel de Taguatinga. Atualmente, a obra do túnel está 45% executada. “Essa etapa deve durar em torno de seis meses”, explica o secretário de Obras, Luciano Carvalho.

DIVULGAÇÃO

DISTRITO FEDERAL

Comércio vai funcionar no 7 de setembro No feriado da próxima terça-feira, 7 de setembro, o comércio do Distrito Federal funcionará normalmente. Lojas de rua e de shoppings vão abrir. A determinação foi apresentada pelo Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) após convenção co-

Cidade ganha dois estacionamentos Taguatinga terá dois novos estacionamentos nos próximos dias, um na QNG 4 e outro na CSE 6, próximo ao Pistão Sul. Em Taguatinga Norte, a praça e o parquinho infantil da QNG vão passar por reforma. Está incluso na obra limpeza geral, roçagem, pintura e recuperação de brinquedos quebrados.

VICENTE PIRES

A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) publicou, na terça-feira (31), novo edital de convocação de venda direta contemplando

TAGUATINGA

letiva de trabalho assinada entre o Sindivarejista e o Sindicato dos Empregados do Comércio. O governador Ibaneis Rocha (MDB), por outro lado, decretou ponto facultativo no Distrito Federal. A folga deve afetar os serviços de atendimento ao público.

Não haverá desfile cívicomilitar do 7 de setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pelo segundo ano consecutivo.


Brasília Ca pital n Cidades n 9 n Brasília, 4 a 10 de setembro de 2021 - bsbcapital.com.br

Chuva traz alívio e transtornos FOTOS: ANTÔNIO SABINO/BRASÍLIA CAPITAL

Após 76 dias de seca, população comemora precipitação, mas sofre com queda de energia e inundação na Rodoviária José Silva Jr O adágio popular diz: “Uma agonia de cada dia”. Ele se aplica à realidade dos brasilienses. Bastaram umas gotículas de água e lufadas de ventos mais apressados, na segunda-feira (30), para que algumas cidades ficassem às escuras e outras áreas sofressem com alagamentos. Naquele dia, choveu 0,8mm em Brazlândia. Simultaneamente, o pequeno temporal caiu sobre Águas Claras, no Guará 1, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e no Plano Piloto. Porém, parte da população não pôde comemorar a amenidade do clima que o registro de chuva trouxe. No Paranoá Parque, moradores afirmaram que houve queda de energia logo após o início das precipitações. A interrupção durou cerca de dez minutos, mas exumou um mal que parecia enterrado juntamente com a razão social da antiga Companhia Energética de Brasília (CEB): o risco de quedas sucessivas da

Bastou uma chuva para que houvesse infiltração e alagamento na Rodoviária

Lucivaldo Vieira: “A loja ficou ilhada, porque a água invadiu todo o piso”

luz, como sempre ocorreu (leia Privatização da CEB). PREJUÍZOS – No centro da capital da República, outra combinação de mau tempo e ação malsucedida do governo resultou em mais transtornos para a população. No

caso, para os usuários da Rodoviária do Plano Piloto. Uma reforma no telhado da plataforma superior voltada para o Teatro Nacional fez com que a água infiltrasse para o terminal, alagando pátio, mezanino e lojas. Alguns estabelecimentos tiveram prejuízo material. Uma das vítimas foi a loja de venda de apostilas para concursos que fica na plataforma superior do terminal. A reportagem do Brasília Capital esteve no estabelecimento dois dias depois e flagrou o proprietário calculando os prejuízos. O concessionário pediu para não ser identificado. Mas contou que a água desceu do teto pelas paredes até encharcar sua livraria, danificando vários exemplares caros de questões para concurso público. “Tá vendo essas caixas? Eu nem abri ainda porque a água estava alcançando a metade delas. Tenho certeza de que as apostilas que es-

tão nelas foram molhadas”, lamenta o empresário. “Fui reclamar com a empresa e nem me deram satisfação”, disse ele, mostrando as marcas de infiltração no teto da loja. Vizinha à loja dele, a lanchonete do gerente Lucivaldo Vieira, 36 anos, também sofreu prejuízos em meio ao temporal e às infiltrações provocadas pela obra. “A loja ficou ilhada, porque a água invadiu todo o piso. Os clientes nem puderam se aproximar. Perdemos muitas vendas”, lamentou. SEM RESPOSTA – A reportagem do Brasília Capital foi atrás dos responsáveis. O primeiro a ser abordado foi um encarregado da empresa terceirizada que executa a obra. Ele não quis falar. Depois, foi a vez da Administração da Rodoviária, que pediu para procurar a Novacap. Esta, por sua vez, ainda não havia se manifestado até o fechamento desta edição.

Privatização da CEB não melhorou serviço No dia quatro de dezembro do ano passado, o governador Ibaneis conseguiu um feito que alguns dos seus antecessores tentaram e não obtiveram êxito: a venda da superavitária Com-

panhia Energética de Brasília (CEB). Mais do que os bilhões que recolhera aos cofres públicos com a operação, o leilão traria o tão sonhado serviço de excelência no

fornecimento de energia elétrica aos brasilienses, que vilipendiavam a CEB a cada queda de luz. Mas, até agora, a empresa Bahia Geração de Energia, do Grupo Neo-

energia, que pagou R$ 2,515 bilhões pela CEB, não mostrou a que veio. Isso ficou claro com a chuva da segunda-feira (30), após 76 dias de seca no Distrito Federal.


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QUESTÕES DA ALMA

Anna Ribeiro Reedite-se Reescrevo-me diariamente. A cada dia um novo parágrafo, uma nova história. Redesenho rotas e me edito infinitamente Superlativos sempre me definiram. Gosto do sol quando ele queima. Gosto de açúcar e de afeto sem medidas. Não me interessam economias. Parciais. Parcelas. Eu quero provar e testar. Tudo. Provar e testar cada cheiro, cada toque. Quero uma explosão de cores e sabores. Tudo junto ao mesmo tempo, agora. Mas eis que é preciso tomar um bom gole com calma. O terreno agora é diferente. Estou atravessan-

do paradoxos. Estou usando óculos para enxergar de perto e de longe. Com o tempo pensava que veria além, mas vejo cada vez menos. Sinto tudo como nunca, incluindo as articulações e as desarticulações. Embora me aceite mais, nunca usei tanto maiô – não descobri ainda se é senso do ridículo ou lucidez. Meu GPS está alucinado, me encontrando e me perdendo a cada passo. Recalculando a rota.

ESPÍRITA

José Matos Dormiremos após a morte? O que determina a posição da pessoa após a morte é o magnetismo vindo dos seus pensamentos, sentimentos e atitudes A resposta para a pergunta do título acima, pelo menos para os espíritas, é não. Chico Xavier dedicou parte de sua vida a receber mensagens de filhos mortos (desencarnados, para os espíritas) para seus pais. Algumas mensagens foram

TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA

aceitas, até por tribunais e, com base nelas, réus foram inocentados. O caso mais conhecido foi o de Heitor Furtado, filho do ex-deputado Alencar Furtado, inocentando seu assassino. Jesus, quando subiu ao Monte Tabor para orar, recebeu as visitas

A cada dia menos imperativos e mais adjuntos adverbiais. Tenho me expressado com mais cautela, mais “talvez” e menos “com certeza”. Um expresso e um uísque, nessa ordem. Um para aquecer e o outro... Bem, o outro também. Não entendo porque aquecer o que está em brasa. Muitas horas em branco. O coração cada vez mais colorido. Sigo incerta, vacilante, errante. Mais menina impossível. A cada dia sinto mais e mais o peso da lei da gravidade. Presa ao chão, ao real, ao cotidiano. Eu que gostava tanto de flutuar, eu que gostava tanto de perder o chão. Agora tão terrivelmente humana e limitada. O que nos sedimenta de fato? O que é que nos traz de forma tão pesada para o chão? Necessito de lentes novas para me enxergar. Empresta-me teus olhos. Assim, sem pensar na forma correta, na justaposição das palavras. Sem pensar no que está correto, sem travas, sem depois, sem talvez. Empresta-me teus olhos por-

que eu quero ver através de você. Eu quero teu olhar sobre o mundo e sobre mim. A vida sob sua perspectiva. Eu quero teus olhos. Mais que seus olhos, eu quero seu desejo de ver. Empresta-me tuas mãos para que eu me sinta no seu toque. Empresta-me um medo seu. O maior. Quero entender o seu pavor, entrar nos labirintos escuros da sua mente. Vamos juntos mergulhar na sua noite e nos perder no descompasso de um coração disparado, desesperado, desalinhado. Empresta-me tua pele para que eu transpire por teus poros, para que eu sinta o sol, o frio, a chuva. Empresta-me tua pele para que eu me abrace e me perceba na sua pele. Pelo seu sentido, pelo meu avesso, pelo meu reverso. Reescrevo-me diariamente. A cada dia um novo parágrafo, uma nova história. Redesenho rotas e me edito infinitamente.

dos “mortos” Elias e Moisés. Nenhum dos dois estava dormindo. Na parábola do Rico e de Lázaro, Jesus mostra que nenhum dos três ficou dormindo, mas que colheram de acordo como viveram. Lázaro e Abraão estavam nas regiões celestiais. Já o rico, nos abismos, não por ser rico, mas por ter faltado com a Lei de Solidariedade, que manda que nos ajudemos. Por que São Paulo falou dos que dormem? Porque existem pessoas que ficam dormindo, temporariamente. São os evangélicos, que acreditam nisto, ou os ateus, que, como não acreditam, nada veem. No Espiritismo são conhecidos como múmias espirituais. Na verdade, o que determina a posição da pessoa após a morte é o magnetismo, vindo dos seus pensamentos, sentimentos e atitudes que determinam seu mundo íntimo.

Há tempos que, mesmo um país capitalista como Estados Unidos, produz filmes com temáticas espirituais, mostrando a realidade após a morte. O filme Ghost, que retrata com precisão razoável a situação de algumas pessoas após a morte, faz sucesso até hoje. No Brasil, a novela “A Viagem”, extraída do livro “E a Vida Continua”, de Chico Xavier, de igual maneira, faz sucesso até hoje. Na verdade, o importante é praticar os ensinamentos crísticos: “Ame o próximo como a si mesmo; não faça ao outro o que não gostaria que fizessem com você; faça ao outro o que gostaria de receber; na casa do Meu Pai há muitas moradas... Amem-se como eu vos amei”.

Anna Ribeiro Escritora

José Matos

Professor e palestrante

CANAL 12 NA NET WWW.TVCOMUNITARIADF.COM @TVComDF

TV Comunitária de Brasília DF


Brasília Capital n Gastronomia n 11 n Brasília, 4 a 10 de setembro de 2021 - bsbcapital.com.br

Gastronomia

Empresário e radialista divulgando a boa gastronomia e eventos de Brasília Instagram: @dederoriz

Dedé Roriz

ZEZINHO CARNE DE SOL

Sucessão em família FOTOS: ANTÔNIO SABINO/ BRASÍLIA CAPITAL

Após 37 anos, o proprietário da mais tradicional carne de sol de Taguatinga vai “passar o ponto” na CSA 1 para genros e filhos José Silva Jr. Depois de 37 anos servindo uma das melhores carnes de sol de Taguatinga e do Distrito Federal, Zezinho começa a se preparar para se aposentar. Ou, como se diz no jargão do comerciante, vai “passar o ponto para frente”. José Aerre Sobradino, 72 anos, o badalado Zezinho Carne de Sol, explica que o motivo da transferência do negócio para os mais jovens da família é o cansaço. “Depois de tanto tempo, eu cansei. Preciso cuidar da minha saúde. Dar mais atenção à minha família”, elencou. Um dos que vão herdar esse tesouro da culinária taguatinguense será o genro, José Aderlei, que terá o compromisso de manter a fama e tradição que o estabelecimento criou ao longo dessas quase quatro décadas.

Saiba+

De pai pra filhos Quanto ao futuro, além de descansar, Zezinho admite que pretende não se afastar tanto assim do comércio. “Vou ajudar meus filhos com os Zezinhos de Águas Claras e de Vicente Pires. Um dia vou lá. Noutro vou no outro e, sempre que possível, darei uma passada em Taguatinga, onde tudo começou. Com o restaurante, Zezinho criou cinco filhos. Dois deles seguiram os passos do pai e abriram filiais do bem sucedido negócio.

“Vou ajudar meus filhos com os Zezinhos de Águas Claras e Vicente Pires”, afirma Zezinho

CARRO-CHEFE – A carne de sol é o carro-chefe, mas Zezinho garante que a procura também se estende a outros pratos, como galinha caipira, rabada, picanha, churrasco. “Nosso cardápio é bem variado”, gaba-se. “Já cheguei a vender 400 Kg de carne por semana. No meu salão cabem 200 pessoas. Tem dia que lota”, diz ele. Mas isto tudo dá muito trabalho e a gente vai se cansando. Chega uma hora que é preciso diminuir o ritmo”, ensina.

Começou como Brechó A fama de Zezinho não surgiu da noite para dia. É uma conquista que vem desde 1968, quando ele desembarcou em Brasília, vindo de Boa Viagem – que fica no Sertão Central do Ceará e conseguiu o primeiro emprego num restaurante da Asa Sul. Hoje ele brinca: “ali, no mínimo, a alimentação estava garantida. O dono do estabelecimento, que vendia bem, resolveu abrir uma filial em Taguatinga. Então, foi convi-

dado a se mudar para lá. O restaurante não deu certo, e os donos ofereceram a ele uma sociedade. Na época, o estabelecimento na CSA 1 tinha outro nome: Brechó. Foi quando Zezinho resolveu avocar para si a tarefa de fazer o estabelecimento engrenar. “Já vendíamos carne de sol. Só fiz mudar o nome para identificar meu restaurante com um estabelecimento cujo prato principal era esse”, conta.


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NAÇÃO RUBRO-NEGRA

ELIMINATÓRIAS

Ibaneis e seus três filhos são donos da loja do Flamengo

Brasil tenta manter 100%

Notório flamenguista, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), adquiriu uma franquia de revenda de produtos do Flamengo. A empresa tem como sócios o próprio Ibaneis e seus três filhos, Caio, 23 anos; João Pedro, 16; e Mateus, 2. O caçula foi admitido na sociedade em abril. À época, a RB também comunicou à Junta Comercial a criação da primeira filial, no Shopping JK, em Taguatinga. A RB Comércio Varejista de Artigos Esportivos Ltda., cujo nome fantasia é Nação Rubro-Negra, possui capital social de R$ 1 milhão. “Tenho que ensinar meus filhos a trabalhar”, afirma o governador. O primogênito, Caio, é o administrador da empresa,

DIVULGAÇÃO

Governador juntou a paixão pelo time a um negócio em família

segundo os registros na Junta Comercial. As informações são do portal Metrópoles. Vale ressaltar que, desde o ano passado, o BRB, empresa da qual o GDF é o acionista majoritário, é patrocinador do rubro-negro. OUTRO LADO – Segundo Ibaneis,

a empresa é lícita e gerida por seu filho. “Nós adquirimos as franquias e colocamos para funcionar. Tudo dentro da legalidade e sem nenhum beneficiamento”, afirmou. O governador informou que as franquias são de dezembro de 2020 e de janeiro de 2021.

A seleção brasileira enfrenta a Argentina no domingo (5), às 16h, no estádio do Corinthians, tentando manter os 100% de aproveitamento nas eliminatórias para a Copa do Catar. O Brasil terá o desfalque do zagueiro Marquinhos, que recebeu o terceiro cartão amarelo contra o Chile, na quinta-feira (2).

SÉRIE B

Botafogo embala O primeiro turno da Segundona acabou com apenas um campeão da Série A no G-4: o Coritiba. Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Guarani estavam fora. Mas o Botafogo reagiu e entrou no grupo dos que subirão para a primeira divisão em 2022.


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