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Taguatinga festeja criação de parque no Pistão Sul Último obstáculo para implantação do novo equipamento público, Termo de Ajuste de Conduta é fechado e abre caminho para assinatura de decreto de Rollemberg Ano VIII - 393
Qual é o encanto das administrações regionais do DF? Elas não têm autonomia, mas são o sonho de consumo de centenas de líderes comunitários Páginas 8 e 9
Rollemberg vai reassumir função de assessor do Senado
Brasília, 15 a 21 de dezembro de 2018
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Parque Nacional e Flona ameaçados Duas das principais reservas ecológicas do DF podem perder grandes áreas por causa de um jabuti do senador Dário Berger, do MDB de Santa Catarina
Derrotado na tentativa de reeleição, governador quer colaborar na formulação de projetos do PSB Pelaí - Página 3
Joe Valle faz balanço de sua gestão e entra na fila para 2022 Presidente da Câmara Legislativa não concorreu a cargo eletivo este ano, mas quer voltar à política
FOTOS: ICMBio
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Mario Pontes escreve conto em capítulos no Brasília Capital Leia nesta edição a primeira parte da história de Sancho e a Rainha Página 16
A Floresta Nacional (acima), onde muitos brasilienses fazem trilhas a pé ou de bicicleta, ficaria com uma área 43,5% menor. O Parque Nacional (ao lado), que abriga a Água Mineral, cederia definitivamente as terras invadidas pelo Núcleo Rural Boa Esperança. Chico Sant’Anna - Páginas 10 e 11
Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 15 a 21 de dezembro de 2018 - bsbcapital.com.br
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EDITORIAL
x p e d i e n t e
Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diagramação / Arte final Thiago Oliveira artefinal.mapadamidia@gmail.com (61) 9 9117-4707 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). C-8 LOTE 27 SALA 4B, TAGUATINGA-DF - CEP 72010-080 - Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com - www.bsbcapital.com.br - www. brasiliacapital.net.br
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Facebook censura tradições milenares
ara o facebook, imagens de tradições indígenas brasileiras são equiparáveis a pornografia. A nota Flechas Cibernéticas, veiculada na edição 392 deste Brasília Capital, foi ilustrada na versão digital da coluna Brasília, por Chico Sant’Anna com uma foto do conceituado fotógrafo Orlando Brito, retratando o Huka-Huka, durante os festejos do Quarup, na região do Xingu. Milenarmente, é por meio do Huka-Huka – que se assemelha à luta greco-romana – que a virilidade dos jovens guerreiros é testada. Eles trajam apenas uma tanga, não muito diferente das usadas pelos lutadores do sumô japonês. Compartilhada na rede social, os algoritmos utilizados pelo Facebook bloquearam a veiculação da nota, por considerar que ela ”viola os padrões de nudez e atividade sexual”. Um pedido de reexame foi formulado e o Facebook destacou um mem-
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nBurocracia Não vejo nenhum trabalho feito pela Administração de Taguatinga. É só burocracia. Precisa mudar isso. Graziele Aires, via Facebook A cidade está abandonada, mal cuidada e cheia de irregularidades. Coloca os burocratas para irem às ruas. Marcelo Marques, via Facebook
Enquanto isso, a cidade se acabando em abandono. Fabricio Ferreira, via Facebook Parabéns pelas pautas do Brasília Capital, sempre de grande interesse comunitário. E as matérias políticas sempre antecipando a “grande imprensa” Jair de Farias, via WhatsApp Sobre entrevista com a administradora de Taguatinga
bro de sua equipe para a tarefa. Mesmo com a análise personalizada, foi mantida a censura das imagens dos indígenas. Na visão do perito, “não segue os padrões de nudez e atividade sexual e ninguém mais pode ver esta
publicação”, sentenciou o censor. É curiosa a eficiência do Facebook, que é capaz de censurar em frações de segundo a imagem de um índio com tanga, mas não consegue identificar os
emissores de fake news, que no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países se multiplicam em períodos eleitorais. Esse episódio, mais do que demonstrar ignorância por parte das máquinas e dos homens do Facebook, demonstra o perigo em que a sociedade se depara quanto à garantia do livre fluxo de informações e imagens. Hoje é a silhueta de um índio que é censurada por uma empresa cujos propósitos políticos e econômicos quase ninguém sabe. E amanhã? O que os algoritmos ou quem estiver por detrás deles irão bloquear? A liberdade de expressão está consignada na maioria das constituições das nações e também na Carta dos Direitos Humanos da ONU que acaba de completar 70 anos. Quando é que impérios econômicos, como esse do senhor Mark Zuckerberg, serão mais transparentes e mais respeitosos com os direitos de cada um de seus usuários?
a r t a s
Karolyne Guimarães. Ela afirmou que 85% dos funcionários da regional trabalham na burocracia. nPark Way Tenho uma casa na Ceilândia. Se alguém ai quiser trocar por uma dessas no Park Way, pode ser pau a pau. Cesar Mattos, via Facebook
Quem chegou primeiro, o aeroporto ou o setor residencial? Eu acredito que foi o aeroporto, e quem comprou casa lá sabia dos perigos, agora não pode reclamar não! José Wilson Amorim, via Facebook O aeroporto data de 1959, ou seja bem antes de qualquer outra coisa nas redondezas. Ademais, fatiaram os lotes das Park Way e os compradores sa-
biam que tinham o aeroporto como vizinho. E isso acontece em todas as cidades do mundo. Os incomodados que se mudem. Carlos Roberto Toledo, via Facebook Sobre manchete mostrando o medo e o incômodo dos moradores do Park Way com o aumento do número de pousos e decolagens no Aeroporto JK, em Brasília.
Brasilia Capital n Política n 3 n Brasília, 15 a 21 de dezembro de 2018 - bsbcapital.com.br
LAVA JATO - Coordenador da força-tarefa da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, José Alfredo de Paula Silva afirma que os advogados e políticos contrários à operação já têm mais uma arma para enfraquecer as investigações. Trata-se da intenção jurídica de encaminhar todos os processos para a Justiça Eleitoral, sob a desculpa de que toda a corrupção se trata de um grande caixa dois. O entendimento valeria para a Lava Jato e todas as operações que investigam políticos. “A Justiça Eleitoral vai ter condição de cuidar de todos esses casos? Tenho certeza que não”, acrescenta.
Família e negócios
ORLANDO PONTES / BSB CAPITAL
O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), fala muito sério quando afirma que se dedicará à família e aos negócios após encerrar o mandato na Câmara Legislativa (leia matéria na página 6 desta edição). MALUNGA – Sem alarde e sem festa de inauguração, na sexta-feira (14) ele abriu as portas do Mercado Malunga (foto), no Felicittá Shopping, na Quadra 107 de Águas Claras. A loja é a mesma onde até há pouco tempo funcionou o Bar do Ferreira, do saudoso Jorge, fundador do Feitiço Mineiro. EDUCAÇÃO AMBIENTAL – Nas gôndolas do Malunga estão expostos mais de 1,3 mil itens de alimentos orgânicos. “A produção e o consumo de alimentos orgânicos fazem parte de um movimento que propõe mudanças no comportamento alimentar, dentro de um programa mais amplo de saúde, educação ambiental e sustentabilidade”, diz ele. ORGÂNICOS PARA TODOS – “O Mercado Malunga (mesmo nome da fazenda de Joe onde são produzidos várias das mercadorias à venda) traz o conceito ‘Orgânicos para Todos’”, completa o político-empresário. DIVULGAÇÃO
PTB aposta em Jaqueline Silva O TSE julga terça-feira (18) o recurso do PTB que pode tirar Telma Rufino (Pros) da Câmara Legislativa e Luís Miranda (DEM) da Federal. Entrariam, respectivamente, Jaqueline Silva (PTB) e Paulo Fernando (Patriota). Se este ficar impedido, a vaga passa para Joaquim Roriz Neto (Pros).
O tiro certo de Santiago Na segunda-feira (10), o portal Brasília Capital publicou, em primeira mão, os planos do governador Rodrigo Rollemberg para depois de transmitir o cargo ao sucessor Ibaneis Rocha (MDB). A revelação, que despertou interesse de vários outros veículos, só foi possível graças à pergunta de um cidadão comum: o bancário aposentado José Santiago (à direita na foto acima). ÁGUA DE COCO – O encontro ocorreu na manhã de sábado (8), quando Rollemberg foi a Águas Claras entregar a expansão do Parque Ecológico, uma área de 31 hectares desmembrada da Residência Oficial do Governador. De short e camiseta, andou de bicicleta e depois foi tomar água de coco na Barraca do Carlinhos. DISPARO – Como todas as mesas estavam ocupadas, o governador pediu licença para sentar-se com um casal. Ao lado da esposa, Santiago contou que viera a Brasília fazer o controle semestral de um câncer de pulmão que curou no Hospital Sírio-Libanês. Morador de Fortaleza (CE), mas inteirado da política brasiliense, disparou: “o que o senhor vai fazer
quando encerrar o mandato?”. VOLTA – Sem tergiversar, Rollemberg respondeu já ter definido que reassumirá a função de assessor legislativo da liderança do PSB no Senado. “Vou tentar dar minha contribuição para o partido ao qual sou filiado desde 1985, para Brasília e para o Brasil”. O governador entende que poderá ajudar tanto no plano nacional quanto no local. MODERADOR – No DF, sua ideia é tentar manter coeso – e se possível ampliar – o grupo que formou ao longo de sua trajetória como deputado distrital e federal, senador e governador. Nacionalmente, usará seu trânsito com lideranças estaduais como moderador de questões estratégicas e formulador de propostas. RETROCESSO – “Estou muito preocupado com o momento político brasileiro. Sei que o (presidente eleito Jair) Bolsonaro não terá vida fácil. Será importante que a oposição mantenha-se firme, mas sem levar o País a um impasse, para não corrermos risco de um sofrermos um retrocesso democrático”, ponderou.
UNIDADE – Confiante no resultado, a Executiva petebista elegeu Jaqueline (centro da foto abaixo), segunda-feira (10), como presidente regional da legenda. A unidade partidária ficou demonstrada na festa de posse, sábado (15), na sede do PTB, no Hotel Nacional. DIVULGAÇÃO
Olair nem aí O ex-deputado distrital Olair Francisco (PP) não desmentiu que foi sondado pelo governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) para assumir a Administrações de Taguatinga ou Águas Claras. DANÇOU - O sapateiro declinou, alegando “impotência” dos administradores para atender as demandas da comunidade. Mas sinalizou que aceitaria de bom grado a Secretaria do Trabalho, que acabou nas mãos de João Pedro Ferraz, do PPL.
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Boa sorte, Doutor! Cobranças a Ibaneis começam antes do início da gestão. E a tendência é de que se aprofundem Júlio Pontes Embora fosse um ilustre desconhecido da maioria da população do DF até um ano atrás, Ibaneis Rocha não enfrentou uma eleição improvável de vencer. Seguiu a cartilha do que ele mesmo antecipou em outubro de 2017 neste Brasília Capital: não vai ter W.O. Ele referia-se ao triunfo de Rodrigo Rollemberg em 2014, quando o governador derrotou Jofran Frejat (PR), que substituiu José Roberto Arruda. Ibaneis ainda se beneficiou da alta rejeição a Rollemberg, que chegou a 70%
às vésperas do pleito. Era matematicamente impossível virar o jogo. O milagre foi operado com a ida do atual governador ao segundo turno, evitando vexame semelhante ao de Agnelo. Justamente por esses números, os adversários do atual governador eram muitos. Nem sua base manteve-se unida. Rede e PDT oficialmente estavam com o socialista, mas no segundo turno explicitaram apoio ao advogado outsider. Rogério Rosso (PSD) foi governador sem voto. Eliana Pedrosa (Pros) nunca passou de coadjuvante. O enfraquecido PT não existiu nas eleições majoritárias. Fátima Sousa (PSol) e Guerra (Novo) não tinham reais expectativas de vencer. O general era despreparado e dividiu o apoio do presi- denciável Jair Bolsonaro (PSL) com Alberto Fraga (DEM), que foi condenado durante o período eleitoral. A via ficou livre e Ibaneis acelerou. Depois de eleito, as promessas eleitoreiras se tornam dívidas com a população. Uma delas, foi a de eleição direta para administradores regionais. Durante reunião de “lideranças comunitárias apartidárias para levantar demandas prioritárias em regiões administrativas” na última semana, percebeu-se os reais interesses políticos intrínsecos desses ditos líderes. Cada um que discursa tenta se mostrar amigo íntimo do futuro governador. Um pintou o próprio carro com a foto do piauiense e garante que sozinho conseguiu 40 mil votos em Ceilândia para o 15. Outra se orgulha por sua mãe ter participado do programa eleitoral o emedebista. Outro, que foi candidato a deputado distrital pelo partido de Rosso se diz “Ibaneis desde sempre”. Que prepotência! Nem Ibaneis é “Ibaneis desde sempre”. Até poucos dias antes do início do período
Apresentando-se como novidade na política, Ibaneis explorou o ponto fraco do atual governador: a rejeição que chegou a 70%. Nas ruas, usou o carisma com as crianças para conquistar os votos dos adultos
eleitoral, o candidato do grupo político era o incontestável ex-secretário de Saúde Frejat. Entretanto, o sentimento de esperança embutido nesses discursos não surgiu do nada. Alguém prometeu algo a alguém. O quê? Quem?... Cenas dos próximos capítulos! As cobranças, positivas e negativas, vão chegar a Ibaneis. Embora aumente o número de secretarias e administrações, não existe cargos suficientes para toda essa gente. As ameaças, como ouvimos, já começaram: “se ele não escolher um dos meus nomes para a Ceilândia, vai se ver comigo”, falou uma liderança em tom de brincadeira, com fundo de verdade. Resta desejar sorte ao Doutor Ibaneis! DIVULGAÇÃO
UM PEDIDO FÁCIL DE ATENDER E QUE RESOLVE MUITOS PROBLEMAS. As redes de esgotos sobrecarregadas causam transbordamentos nas ruas, mau cheiro e inundações na sua casa e na vizinhança. Não abra tampas das redes de esgoto para a água da chuva. Não jogue resíduos no ralo da cozinha, do banheiro ou no vaso sanitário. Óleo de cozinha usado não pode ir para o ralo da pia. É importante não jogar lixo nas ruas. Preserve o meio ambiente!
Água da chuva deve ir para a rua, sempre. Lugar de lixo é na lixeira. Genial é fazer a coisa certa!
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O até breve de Joe Valle ORLANDO PONTES / BSB CAPITAL
Presidente da Câmara Legislativa faz balanço de sua gestão e revela planos de retornar à política em 2022
Na última sessão do ano, a deputada evangélica não reeleita Sandra Faraj (PR) tentou aprovar o projeto Escola sem Partido. Mas encontrou forte resistência do deputado reeleito Professor Reginaldo Veras (PDT), que conseguiu dissuadir os colegas a retirar a matéria de pauta, adiando sua apreciação para a próxima legislatura. “Não vou permitir que criminalizem os professores”, enfatizou o pedetista.
Orlando Pontes Poucas horas antes de entrar no plenário como presidente da Câmara Legislativa pela última vez na atual legislatura, o deputado Joe Valle (PDT) convocou uma coletiva de imprensa para fazer um balanço de seu trabalho nesses dois anos. Cercado de assessores, a maioria servidores concursados de carreira, reforçou a imagem de transparência de sua gestão e o empenho em melhorar a participação popular nas atividades Casa. O distrital não concorreu a cargo eletivo em 2018. Joe começou o ano como pré-candidato ao Senado e chegou a ser cotado para disputar a sucessão do governador Rodrigo Rollemberg. Mas os desencontros internos de seu partido e a falta de alianças com outras agremiações acabaram fazendo com que ele ficasse fora da campanha.
Transparência: Joe Valle usou power point para mostrar suas realizações. Ele quer voltar
Durante a conversa com jornalistas na manhã de quinta-feira (13), o presidente da Câmara disse que aproveitará os próximos anos para ficar mais com a família e cuidar dos negócios. Como cidadão, observará, à distância, o cenário político. Porém, admitiu que não se afastará do processo. Estará à disposição dos amigos e do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) para colaborar com a experiência acumulada no Parlamento e no Executivo, onde atuou como secretário de Estado.
“Não posso”, respondeu Joe ao ser questionado se pretendia ficar distante da política. E emendou dizendo que apresentará seu nome na eleição de 2022, embora sem revelar que cargo pretende disputar. “Política tem fila, tem rito e tem gesto”, filosofou, confirmando que participou da escolha do correligionário Léo Bijos para a Secretaria da Juventude e que é amigo do futuro secretário de Agricultura, Dilson Resende. “A gente tem time”, vangloriou-se.
Câmara em Movimento, o carro-chefe Durante uma hora e meia, Joe se revezou com os assessores na exposição de um power point mostrando as conquistas da Câmara Legislativa durante sua passagem pela presidência. Destacou o programa Câmara em Movimento, que aproximou a Casa da população das cidades do DF, e a economia de R$ 60 milhões no Orçamento de 2018. Esclareceu que o gasto só não foi menor porque a Casa assu-
Projeto Escola sem Partido é retirado de pauta
miu, a partir deste ano, as despesas previdenciárias de seus servidores, até então bancadas pelo caixa do GDF. “Buscamos a ressignificação da Câmara. Nossa meta era fazer a Casa voltar a ser valorizada e respeitada pelo povo. Por isso buscamos atuar com total transparência, fazendo com que os cidadãos participem e interajam do dia a dia do Parlamento, presencialmente ou por meio de ferramentas digitais”,
disse Joe Valle, deixando no ar um pedido à imprensa: “divulguem as nossas ferramentas de participação popular”. Pelos dados apresentados por ele, mais de 60 mil brasilienses estiveram na Câmara nos primeiros dez meses de 2018, participando de atividades como exposições, audiências públicas, seminários e congressos, além de 10 mil jovens estudantes em caravanas escolares.
ZEE - Outro projeto polêmico, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do DF foi aprovado. Instrumento estratégico de planejamento e gestão territorial, a lei orientará o desenvolvimento socioeconômico sustentável do DF a partir da definição de riscos e fragilidades de zoneamentos de uso do solo. A matéria é de autoria do governo, e foi aprovada com emendas. CONTAS DE ROLLEMBERG – Os distritais aprovaram as contas da gestão Rodrigo Rollemberg de 2015 a 2017. Delmasso (PRB) chegou a apresentar um requerimento pedindo que as contas não fossem levadas ao plenário, porque tinham problemas citados pelo TCDF. Mas depois retirou o requerimento da tramitação. CRÉDITOS – Foram aprovados seis projetos do Executivo que abrem créditos suplementares ou adicionais de R$ 98,5 milhões à Lei Orçamentária de 2018. ADASA - Raimundo Ribeiro foi aprovado pelos colegas deputados para presidir a Adasa nos próximos cinco anos.
Brasília Capital n Cidades n 7 n Brasília, 15 a 21 de dezembro de 2018 - bsbcapital.com.br GETULIO ROMÃO
A área verde de 76 mil metros quadrados ganhará vários equipamentos e poderá ser utilizada tanto pelos moradores quanto pela comunidade acadêmica da Católica
Rollemberg cria novo parque em Taguatinga MP conclui Termo de Ajuste de Conduta e abre caminho para assinatura de decreto pelo governador Orlando Pontes A criação do novo parque urbano de Taguatinga deve ser oficializada na terça-feira (18) por meio de decreto a ser assinado pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Uma das últimas etapas para viabilização do projeto foi superada na sexta-feira (14) com a conclusão do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) mediado pelo Ministério Público junto às partes envolvidas.
O Parque Universitário (nome provisório) fica em frente ao campus da Universidade Católica de Brasília (UCB), no Pistão Sul, e tem área total de 76.000m². O TAC era necessário porque 61.000m² pertencem ao GDF (Secretaria de Cidades) e 15.000m² são da Terracap. Além disso, parte da área é considerada Faixa de Domínio da rodovia DF-001, de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Comunidade comemora Carente de espaços de lazer e de áreas verdes, a comunidade de Taguatinga e de Águas Claras comemora a criação do parque. “Estamos entusiasmados. A universidade deve ser um lugar aberto a todos, e este parque será um convite para que as
pessoas de aproximem”, elogiou a professora de Administração Roberta Gontijo (foto à esquerda). Ela torce para que as obras fiquem prontas o mais rapidamente possível e assim os moradores e a comunidade acadêmica da Católica comecem a usufruir do equipamento. “Estamos todos ansiosos e a expectativa é a melhor possível. Será muito bom para nossa cidade”, completou a professora, que é nascida em Taguatinga.
O equipamento terá Ponto de Encontro Comunitário (PEC), pista de caminhada, ciclovia, parquinho infantil, entre outras opções de lazer. Será um espaço cercado, por questões de segurança, mas de uso de toda a comunidade. O parque será mantido durante cem anos pela UCB, que investirá R$ 600 mil por ano em sua conservação (R$ 100 milhões no período). A unidade passa a fazer parte do patrimônio da Administra-
ção Regional de Taguatinga. Desde 1993 a área é ocupada pela UCB com base num Protocolo de Intenções assinado com a Terracap. No entanto, a empresa agora reconhece que é proprietária de apenas 15.000m² - dos quais abre mão –, enquanto os outros 61.000m² são do GDF. A desafetação de toda a área e doação para a nova unidade de conservação serão feitas por meio de decreto pelo governador.
A administradora regional Karolyne Guimarães é outra entusiasta da iniciativa. Ela organizou um abaixo-assinado com as principais lideranças da cidade e já angariou apoio da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (ACIT), dos delegados titulares das três delegacias de Polícia Civil locais, dos comandantes dos batalhões dos Bombeiros e da PM, do Lyons e do Rotary Club, dos Conselhos Regionais de Saúde e de Cultura, e de várias associações de moradores e de artesãos. “Não encontramos resistência em nenhum
segmento”, garante Karolyne. O professor Márcio Dias (foto abaixo) acompanha o processo desde o início e é outro que não disfarça o ânimo com o desfecho das tratativas. “Isto é o que poderia acontecer de melhor para todos”, diz ele.
Brasília Capital n Cidades n 8 n Brasília, 15 a 21 de dezembro de 2018 - bsbcapital.com.br
Qual é o encanto das adm Sem autonomia, sem orçamento e sem poder, elas são disputados por centenas de interessados em chefiar as cidades do DF. Nova lei prevê eleições diretas Orlando Pontes e Júlio Pontes
E
ntrevistada pelo Brasília Capital na semana passada, a administradora de Taguatinga, Karolyne Guimarães, admitiu que apenas 15% dos 300 servidores da Regional fazem trabalhos externos, como pequenas obras e operações tapa-buracos nas ruas da cidade. Os demais 85% cumprem tarefas burocráticas. A proporção se repete ou se aproxima em praticamente todas as demais trinta regiões administrativas do Distrito Federal. Ela disse, ainda, que a Administração não tem receita própria, e limita-se a negociar emendas com os deputados distritais quando detecta demandas importantes da comunidade. Para resolver problemas do cotidiano, recorre a outros órgãos do GDF, que enviam equipes e equipamentos. Entre eles, a Novacap, o DER, as Secretarias de Estado. Sem recursos próprios e sem estrutura de pessoal e de maquinário – para atender às reivindicações da população a administradora estima que precisaria de cerca de 200 trabalhadores braçais – Karolyne Guimarães ainda assim mostrou-se interessada a permanecer no cargo, caso seja convidada pelo governador eleito Ibaneis Rocha (MDB), para “continuar a missão”. TERCEIRO TURNO - O sonho da chefe da Regional de Taguatinga também é acalentado por centenas de outros candidatos a administradores
das mais de trinta cidades do DF. Desde que Ibaneis admitiu nomear para esses cargos pessoas indicadas em listas tríplices formadas a partir de consultas à sociedade civil das próprias cidades, instalou-se um verdadeiro terceiro turno das eleições de outubro. É um jogo sem regras e sem critérios claros. Os pretendentes se articulam e desenvolvem campanhas em busca de aliados sem saber o que, de fato, será decisivo para a canetada final do chefe do Executivo. Isto pode mudar a partir da derrubada, quarta-feira (12), do veto a um projeto do deputado Chico Vigilante (PT). Caso a lei de fato entre em vigor - há o risco de ser questionada na Justiça por vício de iniciativa - Ibaneis terá 90 dias para abrir o processo de consulta popular. Qualquer morador em dia com as obrigações cidadãs poderá se candidatar. Caberá ao governador escolher um dos três mais votados em cada uma das regiões administrativas do DF. Isto poria fim à histórica barganha de troca de administrações por votos de deputados distritais. CARTA - O Brasília Capital acompanhou, terça-feira (11), a reunião de um Conselho de Desenvolvimento da Região Oeste do DF, que engloba Guará, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo I, Águas Claras e Vicente Pires. O encontro foi no Colégio Kadima, em Taguatinga, organizado pelo empresário Eliseu Kadesh. Ele seguiu a mesma dinâmica adotada no encontro da região Norte, no dia 28 de novembro. A intenção do grupo é elaborar uma carta de demandas prioritárias e entregá-la a Gustavo Aires, ex-presidente do MDB-DF e indicado por Ibaneis como coordenador das administrações regionais. Os mais de trinta líderes comunitários presentes também fizeram indicações de nomes para administradores regionais.
Hélio Rosa (em pé), Eugênio Piedade, Valquíria Félix, Paulo Antenor e Eliseu Kadesh: o grupo
Líderes dizem seguir a car O grupo reunido em Taguatinga dizia seguir os critérios apontados pelo próprio governador eleito: ouvir os deputados, os partidos da base e a sociedade civil. Gestor público e coordenador-adjunto da frente na Região Norte, Hélio Rosa garante que o Conselho é um novo instrumento de participação popular na política e que “no momento de transição é preciso celeridade”. Os líderes presentes – muitos, posteriormente, reclamaram não terem sido convidados – apresentaram as principais demandas de suas localidades, depois de levan-
tamentos feitos por eles próprios. As necessidades são pontuais, como campos sintéticos, quadras poliesportivas, alargamento de vias, e até um viaduto na EPNB, sugerido por Rosana Lúcia Alves, moradora do Riacho Fundo. LISTA - Eugênio Piedade e Hélio Rosa, que encabeçaram o movimento na região norte, entregaram nomes de possíveis futuros administradores, inclusive apontando quais os políticos os estariam apadrinhando. A lista é a seguinte: Sobradinho II: Estevão Reis,
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ministrações regionais? FOTOS: DANIELA CARVALHO
Lista tríplice de um homem só A lista tríplice dos possíveis futuros administradores de Ceilândia foi elaborada por um único líder comunitário. Rubens Estêvão, o Galego do Ibaneis, garante ter conquistado esse poder durante a campanha eleitoral, quando teria conseguido, sozinho, 40 mil votos para o governador eleito. “Tenho bala na agulha para apontar o administrador da cidade”, diz ele, montado em seu Vectra azul customizado com a marca de Ibaneis. A foto do emedebista enfeita o capô e o número 15, do partido, foi pintado nos retrovisores laterais e no teto do carro pintado com a cor da campanha de Ibaneis. Tanto comprometimento levam Galego a esperar uma recíproca de Ibaneis, confirmando para o cargo um de seus aliados. Ou mesmo os três, caso o governador eleito confirme a subdivisão da Regional, criando novas administrações para os bairros Sol Nascente e Por do Sol. “Eu não abro mão dele indicar para administrador de Ceilândia
os nomes que eu sugeri”, reforça. Para o Guará, a indicação do grupo é Tânia Coelho, que teve 953 votos para deputada distrital. “As mulheres têm que participar”, diz ela. A servidora da Câmara Legislativa Rosana Lúcia Alves é a prefeirida para o Riacho Fundo I. “Sou Ibaneis desde o começo”, garante. O grupo não fechou questão quanto aos futuros administradores de Águas Claras e Vicente Pires. INÚTIL - O deputado Chico Vigilante considera a função de administrador regional “a mais inútil que existe”. Ele espera que a escolha passe a ser feita com a participação da população e as administrações tenham orçamento próprio e estrutura com máquinas para, pelo menos, cortar o mato e tapar os buracos das ruas. “Elas precisam ter engenheiros e arquitetos. Do contrário, não tem sentido esses monstrengos continuarem existindo apenas como cabides de emprego, avalia o petista”.
o vai encaminhar para Ibaneis os nomes que espera ver administrando a região Oeste do DF
rtilha de Ibaneis DIVULGAÇÃO
com o apoio da deputada federal eleita Celina Leão (PP); Planaltina: Hélio Rosa, que teria a simpatia de Cláudio Abrantes (PDT); Itapoã: Eugênio Piedade, supostamente indicado por Agaciel Maia (PR); Jardim Botânico: Hamilton Santos, aliado do vice-governador eleito Paco Britto (Avante); Varjão: Tia Nair, indicada por seu partido, o Avante; e Lago Norte: José Roberto Furquim, em tese com o suporte do atual presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT). REGIÃO OESTE - O Conselho da região Oeste apresentará os nomes
de possíveis administradores a Gustavo Aires na sexta-feira (21). Os postulantes são Tânia Coelho, para o Guará; Rosana Lúcia Alves, para o Riacho Fundo I; Renato Morais para Samambaia; e Eliseu Kadesh, para Taguatinga. Para Ceilândia, Rubens Estêvão, o “Galego do Ibaneis” (é assim que o governador me chama, diz, orgulhoso, o líder comunitário) apresentará três nomes ao governador: Paulo Florentino, Roberto Araújo e Walter Marcelo. Não ficou esclarecido quem seriam os padrinhos políticos deles, além do próprio Galego. Dona Aidê corre por fora.
O Vectra customizado é uma das provas da dedicação de Galego à campanha de Ibaneis. Hélio Rosa, posando ao lado da “máquina”, pretende ser administrador de Planaltina
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Por Chico Sant’Anna
Congresso ataca o N
as duas pontas do Eixo Monumental, articulações políticas com aparência de terem sido movidas por interesses escusos poderão trazer danos irreparáveis ao meio-ambiente do Distrito Federal. Na ponta oeste, a Câmara Legislativa aprovou, terça-feira (11), numa sessão noturna, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), alterando destinações de imóveis e os limites de construção em muitos deles. Foi a vitória do concreto sobre o verde. Na outra ponta, uma Comissão Especial reunindo senadores e deputados federais aprovou, de uma só tacada, a redução de duas importantes Unidades Federais de Conservação no DF: a Floresta Nacional (Flona) e o Parque Nacional de Brasília (PNB), que abriga a Água Mineral. As medidas foram inseridas no parecer do senador Dário Berger (MDB-SC) à MP 853, que tratava especifi-
Parque Nacional
camente de imóveis do INSS. Como dizem no jargão parlamentar, colocaram um jabuti no telhado. O GDF nega ter solicitado qualquer uma das medidas, e tudo indica que elas foram incluídas para regularizar a situação de grileiros que ocupam as duas áreas. Pela decisão – que precisa ser ratificada pelos plenários da Câmara e do Senado –, a Flona perde 4.067 hectares. CONTAMINAÇÃO – Duas das quatro glebas (as de número 2 e 3), deixarão de fazer parte da Flona, cuja área será reduzida em 43,5%, passando de 9.346 hectares para 5.279ha. A gleba 2, na Estrutural e a 3 nas regiões administrativas de Taguatinga e Brazlândia, vêm sendo ocupadas irregularmente. O maior núcleo habitacional é o 26 de Setembro. Foi lá onde o governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) prometeu construir com recursos próprios as casas derrubadas pela Agefis. A Flona é importante na proteção tanto para os cursos d’água que desaguam na bar-
ragem do Descoberto, quanto na de Santa Maria. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMbio, essas ocupações não possuem saneamento básico e a coleta de lixo praticamente não existe, o que é uma ameaça de contaminação dos mananciais no local. EXTINÇÃO – Por lei, a Flona foi criada com a missão de promover o manejo de forma sustentável dos recursos naturais renováveis, e a manutenção e proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade do Cerrado. O volume d’água dos mananciais por ela preservados representa o consumo de 65% da população do DF, segundo o ICMBio. Ali estão espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, como o palmito-juçara, o pássaro papa-moscas-do-campo e o tatu-canastra. Trechos da unidade de conservação abrigam trilhas para caminhada e circuitos de mountain bike abertos ao público.
Criado em 1961, o Parque Nacional de Brasília abriga a Água Mineral, cuja gestão esteve a ponto de ser privatizada por decisão do ministro do Meio-Ambiente, Sarney Filho, futuro secretário do Meio-Ambiente
A área preservada da Flona (acima) tem trilhas e espaços para o lazeres; no Parque Nacional, além da natureza, tem as piscinas da Água Mineral
do DF. O PNB deve perder uma área denominada Núcleo Rural Boa Esperança II – NRBEII. No interior do Parque está a barragem de Santa Maria, segundo maior reservatório de Brasília, que atende
moradores do Plano Piloto, Lago Norte e Varjão. O PNB nasceu com 30 mil hectares e foi ampliado para 42,3 mil há, em 2006, pela lei 11.285/06 aprovada pelo Congresso Nacional. Em 2010, o então deputado federal
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verde de Brasília FOTOS: ICMBio
GDF não pediu
Geraldo Magela (PT-DF) apresentou projeto buscando reduzir em 53ha – cerca de 50 campos de futebol – as dimensões do Parque. A reação popular foi grande e o projeto não andou. Agora, em uma medida provisória que
tratava especificamente de imóveis de propriedade do INSS, o relator senador Dário Berger (MDB-SC) incluiu artigos que reduzem as duas Unidades de Conservação, bem como do Parque de São Joaquim, em Santa Catarina.
No texto em exame no Congresso é dito que a alteração no perímetro do Parque proporcionará uma economia de R$ 25 milhões nas obras de acesso ao bairro Taquari, através de uma ligação Torto-Colorado, e regularizar a situação do Núcleo Rural Boa Esperança, no interior do PNB, nas proximidades do Lago Oeste. Na secretaria de Comunicação do GDF, a informação é que o governador Rodrigo Rollemberg nada solicitou nesse sentido. No Departamento de Estradas e Rodagens, que constrói a ligação Torto-Colorado, o informe é que o acesso ao Taquari jestá sendo concluído, sem afetar a área do Parque. Cerca de 300 famílias moram no Boa Esperança, que hoje se assemelha mais a um condomínio urbano de classe média do que a instalações de produtores rurais. Tudo indica que foi o lobby dessa comunidade que moveu as alterações. Negociações que já estavam sendo realizadas entre o GDF e o ICMBio conduziam para uma permuta de terras pela qual o Parque seria ampliado na parte Sul e liberaria a parte alvo da MP. Ao aprovar a MP, o Congresso atravessou uma negociação e não garante mais a reposição da área a ser perdida. A mesma situação é a da Flona. O grupo de trabalho GDF/ICMbio negociava a desafetação da gleba 2 e de parte da 3, porém com ressalvas ambientais para a preserva-
ção de nascentes e córregos, como a área do Bananal, que a partir da crise hídrica de 2017 passou a ser um dos mananciais fornecedores de água para os moradores do DF. O ICMBio soltou nota técnica afirmando ser inconstitucional a mudança de áreas de Unidade de Conservação por meio de MP, bem como a introdução de temas alheios ao objetivo da proposta: o famoso jabuti, e que a proposta deveria ter sido debatida com o Instituto e com a população. IZALCI - Único parlamentar do DF na comissão, o deputado Izalci Lucas (PSDB/foto) votou a favor da redução das duas unidades. Afirmou que, embora reconheça que o método utilizado não é o convencional, alguma coisa precisaria ser feita para regularizar a situação dos moradores que ocupam áreas na Flona e no PNB. No GDF não há sinais de movimentações para derrubar as emendas de redução das duas unidades de Conservação. Apenas o ICMBio e ambientalistas estão se movimentando para evitar esse prejuízo o DF. JÚLIO PONTES / BSB CAPITAL
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TAPA-BURACOS - A administração de Taguatinga começou a operação tapa-buracos na cidade. Segundo a administradora Karolyne Guimarães o recapeamento será feito prioritariamente nas principais vias da cidade: Hélio Prates, Comercial Sul e Norte e Samdu Sul e Norte.
POR: JÚLIO PONTES {ÁGUAS
CLARAS
{DISTRITO
Palco Aberto na estação Arniqueiras
FEDERAL
{PARK
A função social da música
WAY
Conhecendo nossos rios
VICTOR VEC
Palhaços, malabaristas e músicos (foto) ocupam, domingo (16), a partir das 10h, a praça da estação do metrô Arniqueiras. A apresentação gratuita será no picadeiro do projeto Palco Aberto, que recebe artistas de circo, teatro e música, entre outros segmentos da cultura popular desde 2012. O projeto, que conta com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do DF, já passou pelas regiões administrativas do Guará, Taguatinga e Vicente Pires. COLETIVO AMBIDESTRO
Sem lixo nas ruas A Administração Regional pede a colaboração dos moradores para manter a cidade limpa. O excesso de lixo nas ruas causa prejuízos a todos, inclusive com o entupimento de bueiros, que resulta em alagamentos durante as chuvas. Esta semana, num momento de estiagem, as máquinas do GDF recolheram o entulho acumulado na QS 9 do Areal (foto). Manter a cidade limpa é um dever de todos. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL/FACEBOOK
Integrantes do projeto, Ramon Alvarenga e Anna Sarkis, interagem com as crianças da rede pública de ensino
Promover a inclusão social por meio da música. Este o objetivo do projeto Samba com Carinho, uma iniciativa de produtores culturais e do grupo de pagode Menos é Mais. O objetivo é compartilhar bons momentos com pessoas à margem da sociedade, como crianças carentes, idosos, enfermos e outros grupos, para gerar uma mudança no ambiente em que estão inseridas e desenvolver valores humanos. A primeira ação ocorreu com os alunos do 3º ano “E” do CEF 1 do Varjão. Eles lancharam no McDonald’s do shopping Iguatemi com integrantes do Menos é Mais. Além da aproximação com essas co-
munidades, o projeto busca entender o contexto social e emocional a partir do diálogo durante os encontros. “O entretenimento é a forma de fazer a interação com esses grupos. Entre brincadeiras, batucadas e sorrisos, buscamos soluções para os problemas vivenciados em lugares de baixa renda”, explica o percussionista Ramon Alvarenga. O Samba com Carinho arrecada doações e faz campanhas pontuais na internet. tros projetos sociais e empresas. Informações: Gustavo Goes – 98100-4690 ggoesb@gmail.com
Esporte e solidariedade DIVULGAÇÃO
O Crossfute (foto), mistura de crossfit com futebol, e o YURB, espaço às margens do Lago Paranoá destinado a eventos, promoverão, domingo (16), um dia de esporte e solidariedade. A intenção
é arrecadar roupas, alimentos não perecíveis e brinquedos para instituições de caridade. Inscrições pelo site: crossfute. com/crossfute-solidario até o dia do evento, das 10h às 14h.
A Área de Proteção Ambiental (APA) Gama-Cabeça do Veado é responsável por um terço das águas que chegam no Lago Paranoá. O Ribeirão do Gama, com seus dezesseis afluentes, forma uma importante bacia hídrica. Porém, muita gente desconhece os cursos d’água e, às vezes, não respeita esse importante patrimônio ambiental. Numa iniciativa inédita, a Administração Regional do Park Way, bairro por onde passam muitos desses córregos e riachos, passou a identificá-los (foto abaixo). Placas sinalizadoras indicam onde os cursos d’água atravessam as vias urbanas. Os primeiros a serem identificados foram o Córrego do Mato Seco, que nasce próximo ao Catetinho, numa área pública entre as quadras 27 e 28 – é nessa área que a comunidade quer criar um parque ambiental para a proteção das nascentes -; o córrego do Cedro, que brota nas imediações da Quadra 26 e deságua na Lagoa do Cedro, próximo à Quadra 17; e o Ribeirão do Gama, o maior de todos, que desagua no Lago Paranoá, próximo à QI 17. CHICO SANT’ANNA
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A grande lição do atual governo é como não governar No apagar das luzes da atual gestão, o govenador Rodrigo Rollemberg encaminhou à Câmara Legislativa, em caráter de urgência, o Projeto de Lei 2179 que, ao regulamentar as atividades de docência e preceptoria na Secretaria de Saúde, reduz gratificações e cria obstáculos para a participação dos profissionais da Saúde nos programas de residência – que são pós-graduações, com atividades de treinamento em serviço e teóricas para médicos e outros profissionais da saúde. Só nos programas de residência médica são mais de 900 pessoas em treinamento em diversas especialidades, número que equivale a quase um quinto do número de médicos efetivos na rede pública de Saúde. Todos aprendem enquanto prestam serviço aos usuários
do sistema público de saúde. O projeto foi discutido entre poucos gestores durante oito meses, mas os interessados só tomaram conhecimento dele após a leitura do PL no plenário da CLDF. Só então foram apontados os problemas no texto e os efeitos desastrosos que causar tanto à formação de novos especialistas quanto à assistência à população. Até fechando as portas e entregando as chaves do palácio do Buriti os atuais gestores demonstram autoritarismo, prepotência e descompromisso com o serviço público. Foi dessa mesma forma que agiram, por exemplo, em relação à criação do Instituto Hospital de Base (IHB). Venderam a ideia de resultados fantásticos e os sindicatos apontaram que a propos-
ta não passava de uma forma de burlar a legislação vigente na contratação de trabalhadores e nas compras e que a assistência à população seria comprometida. Até agora, os resultados obtidos no IHB são produtividade abaixo da média histórica, substituição de um terço da força de servidores estatutários por empregados celetistas com salários mais baixos e dificuldade para o restante da rede pública de saúde no encaminhamento de pacientes para atendimento no hospital. Assim, com uma personalidade jurídica pernóstica de serviço social autônomo, o governo Rollemberg inventou uma nova forma de burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que, em médio e longo prazo, pode se tornar um problema gigante.
A preocupação com o futuro foi apenas recurso de retórica para Rollemberg e sua equipe. Como, por exemplo, no caso dos saques de recursos do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal, o IPREV-DF. Avisados de que as operações realizadas provocariam desequilíbrio nas contas do Instituto e risco às aposentadorias futuras, eles sabiam haveria problemas, mas fizeram ouvidos moucos. Hoje, o DF só mantém o Certificado de Regularidade Previdenciária graças a decisões judiciais e, enquanto os novos governantes não conseguirem corrigir o malfeito do atual governador, haverá o risco de bloqueio de repasses de recursos financeiros da União e bloqueio de ope-
Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado
rações de crédito. Já considerado o pior da história do Distrito Federal, o governo Rollemberg ainda pode causar danos ao Distrito Federal em médio e longo prazo, a partir da gestão de Ibaneis Rocha. Esperamos que o governador eleito tenha a iluminação de perceber os erros que foram cometidos na atual gestão e que faça um governo verdadeiramente benéfico para a população.
Mais um posto próximo a residências em Taguatinga ANTÔNIO SABINO / BSB CAPITAL
Júlio Pontes Estão em fase final as obras de um terceiro posto de combustíveis próximo a residências e escola em Taguatinga. Depois da polêmica com a construção de duas unidades da Rede Braga na QNA 25, na Praça do DI, e na QND 46, no Pistão Norte, um posto com a bandeira BR na QSE 22 divide parede com uma casa e fica a uma rua do Centro de Ensino Fundamental 5, na Área Especial 9/10, na via conhecida como Boca da Mata. O posto está à esquerda de quem segue no sentido Taguatinga-Samambaia. A estreita rua de mão dupla dá acesso ao CEF 5 e ao Residencial Varandas do Parque fica antes da futura entrada do posto.
rães, justificou que os alvarás de construção estavam em conformidade com a legislação. O grupo Defensores de Taguatinga impetrou uma ação no Ministério Público para impedir a inauguração. Entretanto, há dez dias o MP liberou que continuação das obras. O movimento apontou uma série de riscos que o funcionamento dos dois postos pode oferecer. O posto está à esquerda de quem segue no sentido Taguatinga-Samambaia
O trânsito na área já é complicado e moradores temem o aumento no número de acidentes. LOTES RESIDENCIAIS – Em junho, o
Brasília Capital mostrou que dois postos estavam sendo construídos em lotes residenciais próximos a casas e escola. A administradora de Taguatinga, Karolyne Guima-
MALES - Entre outros, aumento da criminalidade, poluição ambiental, incêndios, falta de estacionamentos públicos, depreciação imobiliária, queda da qualidade de vida dos moradores e assinatura de alvará de construção sem estudo urbanístico e ambiental.
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Aprenda português com Zezé di Camargo e Luciano (I) “É o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim”. Tal construção tem um nome: partícula expletiva Desde criança, sou muito fã de Zezé di Camargo e Luciano (quem me conhece sabe). Em várias aulas minhas, uso exemplos retirados de canções da dupla. Como essa metodologia sempre foi bem recebida pelos que me acompanham, resolvi estender isso aos meus artigos. Mensalmente, falaremos sobre lín-
gua portuguesa por meio dos versos desses notáveis artistas! Para começar, um clássico: “É o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim”. Quero falar sobre as estruturas em destaque. Vamos fazer uma experiência – retirá-las do trecho: “O amor mexe com a minha cabeça e me deixa assim”.
Última Hora, a melhor escola de jornalismo Samuel Wainer foi perseguido e rotulado como “comunista” simplesmente porque editava um jornal nacionalista A fundação do jornal Última Hora pelo jornalista Samuel Wainer, no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 1951, com altos salários e escolha dos melhores profissionais de outros jornais que até então sobreviviam de “bicos”, constituiu verdadeira revolução no meio empresarial das publicações brasileiras e protestos, entre os quais da modesta Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, e que tudo levava a crer morria de inve-
ja pelo bem-sucedido Wainer, seu ex-amigo de adolescência, contra quem nunca desistira dos vigorosos ataques na tentativa de provar que o dono de UH tinha nascido na Bessarábia e, como tal, ficava proibido de comandar um jornal brasileiro. Lembrando o aforismo “enquanto os cães ladram, a caravana passa”, o transatlântico UH navegava de vento em popa, liderando a audiência absoluta de leitores.
O povo e o poder com Marcelo Ramos Repóter do povão
Rádio JK - AM 1.410 (segunda a sábado - 08h às 10h) Ligue e participe:
99981-3086 / www.opovoeopoder.com
Note que, do ponto de vista gramatical, a sentença permanece correta e compreensível. Portanto, é possível perceber que o par “é...que” foi usado para realçar, dar ênfase ao trecho. Tal construção tem um nome: partícula expletiva. A partícula expletiva (ou partícula de realce) serve para colocar em evidência alguma informação do texto – no trecho da música, o foco está em “o amor”. A inserção ou retirada desse recurso enfático não altera a correção gramatical ou o sentido original. Veja mais um exemplo: O Neymar é que sofre muitas faltas. Vale a pena perceber que a oração poderia ser reescrita sem o “é que” (“O Neymar sofre muitas faltas”). Estamos, novamente, diante de uma partícula expletiva.
Zezé di Camargo e Luciano fizeram uso desse recurso em mais de uma oportunidade! Na canção Indiferença, o trecho “é a sua indiferença que me mata” também apresenta a partícula de realce! Logo, em momentos distintos da carreira, a dupla colocou em evidência sentimentos diferentes! Em outra belíssima canção, mais uma partícula expletiva: “no inferno é que se vê o paraíso” (Diz pro meu olhar). Aposto que, de agora em diante, será fácil se lembrar dessa função do “que”! Difícil vai ser tirar essa música da cabeça nas próximas horas!
Foi mais ou menos por essa época que ingressei na equipe de repórteres especiais, por indicação do chefe de reportagem Pery Augusto, onde complementei o meu aprendizado jornalístico sob o comando de SW, que fazia reuniões de pauta com seus repórteres todas as manhãs, às sete horas em ponto, à guisa de aulas de jornalismo. Desde então, acompanhei todos os trâmites de glórias da empresa, que chegou a ter um vespertino diário similar em São Paulo, além de uma edição nacional que era localizada em nada menos de seis capitais brasileiras. Sempre perseguido e rotulado como “comunista”, simplesmente porque editava um jornal nacionalista, finalmente Samuel Wainer foi obrigado a fugir e se exilar na Europa após o golpe militar de 64. Em 1971 negociou em Paris a ven-
da do acervo da Última Hora para a empresa Folha da Manhã S/A, que era dona da Folha de São Paulo. Anos depois, com o advento da anistia, por ironia do destino, cruzei com SW na redação da Folha de São Paulo. Mas ele não me reconheceu, até porque não era dado a afagos a quem não fazia parte de seu restrito grupo de amigos, como era o meu caso! Samuel Wainer faleceu em São Paulo a 2 de setembro de 1980. E deixou sua autobiografia gravada, “Minha Razão de Viver”, à guisa de herança aos três filhos: Pinky, Bruno e Samuel Wainer Filho.
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)
Fernando Pinto Jornalista e escritor
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Alerta aos médiuns Os principais meios de derrubada de médiuns são sexo, dinheiro (ambição) e vaidade As denúncias de assédio sexual pelo médium João de Deus, que a imprensa denuncia desde sexta-feira (7),é uma situação que deve servir de alerta a todos os médiuns de quaisquer denominações. Embora João seja médium (mas não espirita), não invalida o aviso, inclusive, para católicos e as diversas denominações evangélicas, que também têm seus médiuns mas os definem como “dom do Espírito Santo” ou de
“profecia”. Médium é meio entre dois mundos. Não importa o título que se dê. Precisa-se, diariamente, viver atento aos ensinamentos de Cristo: “orar e vigiar”, e do apóstolo Paulo: “não acrediteis em todos os espíritos, mas verifiqueis se os espíritos são de Deus”. Chico Xavier destacou-se por manter-se humilde, compassivo e sem ambição. Todos os livros que recebeu por meio da psicografia doou os direitos
Diga sim à uva passa A frutinha contém nutrientes como as vitaminas A e K, complexo B e um teor apreciável de fibra alimentar As comemorações de final de ano estão se aproximando, os grupos de WhatsApp para o Natal em família estão sendo formados, e escolhidas as receitas para as datas comemorativas. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece,
estamos vendo um movimento nas redes sociais de amantes versus os adversos a uma frutinha comum nas comidas típicas deste período: a uva passa. É bem interessante ver como uma frutinha tão inocente divide
autorais para instituições de caridade. Ivone Pereira, autora de “Memórias de um Suicida”, foi outro exemplo de integridade. Atualmente, é possível observar o trabalho de Divaldo Franco, palestrante espírita aos 90 anos de idade, psicógrafo de mais de 200 livros com todos os direitos autorais aplicados na Mansão do Caminho, em Salvador (BA), antigo orfanato, e hoje escola profissionalizante para mais de três mil crianças e jovens pobres. Mediunidade é dom gratuito de Deus, e deve ser usada gratuita e discretamente. Médium deve evitar os elogios, as bajulações, os primeiros lugares. Os principais meios de derrubada de médiuns são sexo, dinheiro (ambição) e vaidade. Quando o médium se dedica, ganha um guia para ajudar na sua caminhada, ou o Espírito Santo, como chamam os católicos
e evangélicos. Se encantar-se com o erro, será orientado, advertido. E o guia se afastará, ganhando o médium a companhia das trevas. Chico Xavier, no final da vida, e mesmo assim cobrado pelo seu guia, queixou-se: “eu estou no final da vida e você ainda fica me chamando a atenção”. Emmanuel, respondeu: “às vezes, é no final da vida que ocorrem as provas mais difíceis”. Os testemunhos do apóstolo Paulo e de Chico, no final de suas vidas, continuam atuais. Paulo: “eu venci o bom combate”. Chico: “eu sou feliz. Fiz todos os meus deveres de casa”. O dever bem cumprido é excelente travesseiro para a noite, ensinou André Luís.
opiniões. Eu particularmente gosto dela, e vou tentar te convencer a gostar também. Se não for pelo paladar, será pelas suas propriedades nutricionais. A uva passa nada mais é do que a uva desidratada, e é importante ressaltar que não tem adição de açúcar. Porém, ao ser desidratada, apresenta o teor natural do açúcar da uva concentrado. Com isso, o sabor doce é acentuado. Mas não apenas o açúcar, e sim todos os nutrientes ali presentes, como vitamina A, Complexo B e vitamina K, além de um teor apreciável de fibra alimentar estão presentes. Além desses micronutrientes, ela tem fotoquímicos
concentrados, como o resveratrol, com potente efeito antioxidante e protetor para doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A uva passa pode ser usada em preparações doces para ajudar a adoçar sem adicionar açúcar, ou em preparações mais exóticas, que misturam sabores doce com salgado, bem típicas de final de ano. E você, é contra ou a favor à uva passa nas receitas de final de ano?
José Matos Professor e palestrante
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
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Sancho e a Rainha – Capítulo I Mario Pontes (*)
E
ra a primeira vez que eu ia a Brasília depois do abril de sessenta e quatro. Ia visitar meu pai carpinteiro, como fazia todos os anos, desde que ele havia se mudado pra lá, a fim de ajudar a construir a cidade. De quebra eu queria rever meu amigo Sancho, que também era um pioneiro da nova Capital. Sabia que ele tinha inventado uma associação de servidores públicos. Não me falaram das dimensões e alcance de tal sociedade; mas, se era da cabeça dele que saíra, só podia ser coisa de sonho, alvoroço, espalhafato. Uma semana antes de viajar recebi um telegrama: “Sancho faleceu de repente. Aguarde carta. Dorotéia”. A cidade parecia calma. Calma demais, rígida como se tivesse adormecido após um ataque de epilepsia. Mas a calma
terminava no endereço de Dorotéia, uma daquelas casinhas reservadas originalmente ao pessoal da engenharia e outros pioneiros da construção a galope. Parecia uma colmeia. Era o ambulatório médico da tal associação de servidores. Ninguém necessitou me dizer quem era Dorotéia entre as mulheres que circulavam do outro lado do balcão, entrando e saindo, ruidosas e animadas, por entre os cordões de contas coloridas que se fingiam de cortina e isolavam a pequena sala de recepção do espaço onde os clientes esperavam ser atendidos por estudantes de medicina. Forte como uma camponesa, alta, pele dourada e ainda sem rugas, cabelos quase castanhos muito claros, voz poderosa e gestos decididos, correspondia mais ou menos ao retrato que Sancho havia feito dela em nossas conversas. Sentei-me na extremidade de um banco de
espera e fiquei a observá-la. Não paravam de entrar associados. Tudo gente de salário mínimo ou coisa bem chegada. Todos querendo ser atendidos imediatamente. Ela erguia o braço e eles baixavam a voz, ela mandava que se aquietassem e aqueles homens, na maioria briguentos como gatos de rua, encolhiam as unhas e escondiam o rabo diante da rainha. Fora assim que Sancho a havia classificado. Uma rainha. A sua Rainha. Quando acabou de distribuir os números de atendimento e eles foram zumbir na outra sala, ela abriu o balcão e veio me abraçar, de olhos úmidos. Disse meu nome como se nos conhecêssemos desde a infância. – Eu estava achando que você não vinha. -- Mas por quê? – Você é jornalista. Pra vocês as coisas andam meio...
– Devagar? – sondei. – Complicadas – ela respondeu, enquanto esfregava com o indicador um sinal escuro e irregular no extremo da sobrancelha direita. – E pra ele, como estavam? -- Ruins. Ele tinha uns problemas... – Tratando-se dele não seria de admirar – arrisquei. – Você sabe, ele era antes de tudo um jornalista. Gente maluca! Ela fez um gesto de dúvida, não sei se quanto à doidice ou à firmeza da vocação jornalística de Sancho, e foi despachar um cliente recém-chegado. A sala esvaziou-se de novo e ela veio sentar-se ao meu lado. Puxava a saia, tentando ocultar um pouco mais das coxas poderosas. A polícia esteve aqui e também na minha casa. Vinham com a corda toda, reviraram tudo e ficaram roxos de raiva por não terem encontrado nada – ela disse, e acendeu um cigar-
ro que fumou sem tragar. – Andavam na cola dele. Mas Sancho, apesar do jeitão desligado, tinha aprendido a ser safo. Conseguiu se esconder na chácara de um amigo, onde passou semanas lendo uns livros de aventura, Tarzan... essas coisas. – Então o ânimo dele devia estar bom. – Acho que sim. Ria e se encharcava de cerveja, pra variar. Mas francamente, penso que apesar das piadas e risadas, lá por dentro ele andava um bocado tenso. Só que ficar parado não era com ele, você sabe. E também penso que estava com um pouco de medo. Não era pra menos, andam contando coisas... Talvez isso tenha influído na morte dele...
(*) Mario Pontes, ex-editor do Caderno Livro, do Jornal do Brasil, ficcionista e tradutor de obras de ficção e ensaio. Mora no Rio.