Jornal Brasília Capital 414

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Ninho de cobras no Park Way Família de corre-campo se escondia em caixa de telefonia Ano VIII - 414

Brasília, 25 a 31 de maio de 2019

Chico Sant’Anna - Página 4

Tiro ao Álvaro Bolsonaro atiça a classe política e é obrigado a recuar diante do Congresso De tanto dar flechadas em adversários - a quem trata como se inimigos fossem - e a aliados que vê como desafetos, o presidente da República desagrada a deputados e senadores, que lhe impuseram didáticas derrotas no Parlamento. Para não virar “tábua de tiro ao álvaro”, como diz a música de Adoniran Barbosa, Jair Bolsonaro, ainda fazendo pose de atirador desarmado, adotou a tática do recuo. Página 2

RENATO ALVES/AGÊNCIA BRASÍLIA

Ibaneis manda recolher armas de policiais

Governador adota ações para reduzir violência contra a mulher

José Matos

Valorizar o professor é caminho para o desenvolvimento Caroline Romeiro

Decreto atinge PMs, Civis e Bombeiros indiciados na Lei Maria da Penha

Governo defende retrocesso na rotulagem nutricional

Pelaí - Página 3

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Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 25 a 31 de maio de 2019 - bsbcapital.com.br

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E D I T O R I A L

x p e d i e n t e

Bolsonaro, a tábua de tiro ao Álvaro Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diagramação / Arte final Thiago Oliveira artefinal.mapadamidia@gmail.com (61) 9 9117-4707 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com

Tiragem 10.000 exemplares. Distribuição: Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG).

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Orlando Pontes De tanto dar flechadas, Jair Bolsonaro virou alvo. Depois das manifestações da semana passada, com mais de um milhão de brasileiros nas ruas protestando contra os cortes orçamentários na Educação, novas batalhas foram travadas no Congresso Nacional. No início da semana, o presidente da República, num evento no Rio de Janeiro, atacou a classe política, esquecendo-se de que ele e seus três filhos são carreiristas neste campo. E colheu os frutos do desarranjo verbal. Mesmo após se desmanchar em elogios aos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, para tentar limpar a sujeira, foi obrigado a engolir a devolução do Conselho de Controle da Atividade Financeira (Coaf) ao Ministério da Fazenda - o Planalto queria transferi-lo para a Justiça, sob a batuta de Sérgio Moro.

Não parou por aí. Frente à pessima repercussão do chamado “decreto das armas”, o chefe do Executivo retirou a licença para a venda de armas de grosso calibre, como fuzis, que seria liberada para resgatar um de seus compromissos de campanha. Na quinta-feira (23), o Supremo Tribunal Federal reconheceu que homofobia é crime de racismo. O assunto estava congelado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados há trinta anos. A conclusão do julgamento será em junho. Mais uma decisão indigesta que atinge Bolsonaro como um tapa com luva de pelica. O presidente ainda está na mira in-

direta da Justiça do Rio, onde seu filho Flávio, o zero um, anda às voltas com desvios ocorridos à época em que era deputado estadual. Para complicar, o ex-assessor Fabrício Queiroz pagou R$ 70 mil com dinheiro em espécie uma despesa de internação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se tratou de um câncer de intestino. A investigação sobre Queiroz atinge Flávio, cujo pai desafia: “se querem me atingir, esqueçam meu filho. Venham pra cima de mim”, sem diferenciar questões judiciais de briga de rua. Briga de rua, aliás, está marcada para domingo (26). Bolsonaro incentiva “manifestações espontâneas” em defesa do governo e contra o Congresso e o STF. Será um teste para medir quantos dos 70 milhões que votaram nele em outubro ainda não se arrependeram. Se os atos forem um fiasco, terá inaugurado um caminho semelhante ao percorrido por Fernando Collor em 1992.

A R T I G O

Ibaneis e sua primeira proposta orçamentária Clayton Avelar (*) O GDF tenta impedir reajustes salariais, contratações de servidores concursados e conter de investimentos por meio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2020 enviado à Câmara Legislativa. A medida fundamenta um projeto pessimista em três premissas: de que o País está em crise; que o Tribunal de Contas da União decidiu garfar o DF em mais de R$ 10 bilhões; e que não quer um Orçamento como “peça de ficção”. O País está em crise e Ibaneis tem parte de culpa nisso porque apoia o governo Bolsonaro e sua política econômica desastrosa, destinada a tratar a estagnação econômica com mais medidas recessivas. Isso inclui o apoio à desumana reforma da Previdência. Imagine o impacto social da redução de dezenas de milhares de Benefícios de Prestação Continuada dos atuais R$ 998 para R$ 400. A segunda premissa é um terroris-

mo orçamentário. De fato o TCU, em decisão estranha, determinou que o Imposto de Renda associado ao Fundo Constitucional seja retirado do DF e que o Executivo devolva R$ 10 bilhões ao governo federal. Essa estranheza foi derrubada por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio e deverá ser discutida no plenário do Supremo. O PLDO pressupõe a derrota do DF no plenário do STF. Mas essa pressuposição não tem uma base fática. A terceira premissa, a de evitar “peça de ficção”, não condiz com as estatísticas dos últimos anos. Mesmo nos anos de recessão, de 2015 a 2017, o DF não teve queda de receita. Relatórios do GDF indicaram substanciais aumentos, o que pode ser demonstrado na queda do gasto com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida. O slogan do GDF diz “É tempo de ação”. Que ações foram feitas para superação da crise econômica? Qual iniciativa o governo tomou para que

Brasília deixe de ter o maior índice de desemprego do País? Alguma providência para deixarmos de ser a unidade da federação com maior desigualdade social? Nada. Quer aumentar receita? Institua a progressividade tributária, reveja as alíquotas do IPTU em relação aos milionários, reaqueça a economia negociando com sindicatos e aumentando o poder de compra dos servidores e estimule a agricultura familiar. Quer diminuir despesas? Acabe com as terceirizações e pague mais aos seus empregados, porque assim haverá mais dinheiro em circulação. Felizmente, Ibaneis não é um radical de extrema direita, como seu parceiro do Palácio do Planalto. Por isso, talvez haja tempo de rever rumos, o que é impensável em relação ao presidente da República.

(*) Servidor da assistência social do GDF e líder sindical


Brasília Capital n Política n 3 n Brasília, 25 a 31 de maio de 2019 - bsbcapital.com.br

PENTECOSTES - O maior evento católico do DF está confirmado para os dias 7, 8 e 9 de junho. Os organizadores esperam um público de 4 milhões pessoas. O GDF iniciou uma força-tarefa para preparar o Taguaparque. A Novacap já podou 1.185 árvores e no sábado (25) inicia a roçagem do local. Organizada pelo padre Moacir Anastácio, a festa começou em 1999, na Paróquia São Pedro, em Taguatinga Sul. A celebração, uma das mais importantes do calendário cristão, comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo, sua mãe Maria e outros seguidores.

RENATO ALVES/AGÊNCIA BRASÍLIA

PTB dobra o número de filiados no DF

Empresas obrigadas a combater a corrupção

O número de filiados ao PTB -DF subiu de 4,8 mil para 9 mil de dezembro até maio. O crescimento é resultado do trabalho da nova presidente do partido, deputada Jaqueline Silva, de atrair lideranças para os quadros da legenda.

Entra em vigor em 1º de junho a lei 6.112/18, de autoria do ex-deputado Chico Leite (Rede). Empresas que vendem ou prestam serviços ao GDF com contratos acima de R$ 80 mil serão obrigadas a implantar programas internos de combate à corrupção. No caso de obras, o valor sobe para R$ 650 mil.

SENADORES - Ela já abonou fichas de filiação de pessoas como os candidatos ao Senado Fadi Faraj, ex-PRP, e Brigadeiro Átila, ex-PRTB. O primeiro teve 280 mil votos e o outro 130 mil votos. FEDERAIS - Também convenceu potenciais candidatos a deputado federal, como os ex-distritais Sandra Faraj, Raad Massour e José Edmar Cordeiro, além do empresário César Gonçalves, do ramo de bares, restaurantes e hotéis. DISTRITAL - Segunda-feira (20), o empresário Rubens Costa filiou-se ao PTB e recebeu das mãos de Jaqueline a presidência da 15ª zonal do partido. O dono do tradicional Restaurante do Rubinho prometeu organizar a legenda em Águas Claras e, embora afirme não ter pretensão de concorrer a cargo eletivo, é um forte candidato a distrital em 2022. ORLANDO PONTES/BSB CAPITAL

Rubinho: presidente da zonal de Águas Claras

Entre as deputadas Celina Leão e Flávia Arruda, Ibaneis adota medida de aumento da proteção à mulher

Decreto recolhe armas de policiais Os 13 feminicídios ocorridos no DF este ano acenderam o alerta no Palácio do Buriti. Após o assassinato da professora Débora Tereza Correa, 43 anos, segunda-feira (20), no prédio da Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto e Cruzeiro, na 511 Norte, o governador Ibaneis Rocha assinou, quinta-feira (23), um decreto que restringe o uso de armas por profissionais das forças de segurança pública envolvidos em processos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). RECOLHIMENTO - O recolhimento ocorrerá em caso de servidores das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e do Sistema Penitenciário do DF que forem indiciados em inquéritos policiais por motivo de violência doméstica e familiar contra a mulher. O texto também prevê a mesma determinação àqueles profissionais que estiverem com medida protetiva judicial decretada. A arma de fogo ficará retida até a conclusão do processo judicial respectivo. ASSASSINO - “Estamos trabalhando, mas precisamos de uma campanha com toda a sociedade”, destacou Iba-

neis durante a assinatura do decreto. Quando houver indiciamento, o delegado responsável pelo inquérito policial deverá comunicar à corporação da qual o indiciado faz parte. A medida é para a adoção de providências necessárias ao decreto. Vale lembrar que o assassino de Débora Tereza é seu ex-namorado Sérgio Murilo dos Santos, 51 anos, que é policial civil. Ele tentou suicídio em seguida e está em estado grave no hospital. TORNOZELEIRA - O ex-distrital Chico Leite (Rede/ foto), hoje promotor de Justiça, tinha como uma de suas propostas como candidato ao Senado a obrigatoriedade de uso de tornozeleiras eletrônicas por homens investigados por crimes contra mulheres. OPORTUNO - Talvez fosse oportuno algum parlamentar eleito aproveitar a ideia e apresentar projeto criando uma lei neste sentido. Afinal, qualquer iniciativa para conter essa onda de violência seria muito bem-vinda.

QUEBRADEIRA - A medida, no entanto, causa preocupação ao setor produtivo. As federações do Comércio (Fecomércio) e da Indústria (Fibra) alegam que a adoção de programas de compliance geram gastos elevados e pode quebrar, especialmente, as pequenas e microempresas. LOBBY - Sensível ao problema, o governador Ibaneis Rocha protocolou, sexta-feira (24), na Câmara Legislativa, projeto mudando os limites do texto anterior: só contratos acima de R$ 5 milhões serão obrigados a desenvolver programas de integridade. Agora, o GDF espera contar com o lobby dos empresários para convencer os distritais a aprovar a matéria até 1º de junho.

Ibaneis vai a Portugal O governador Ibaneis Rocha embarcou quinta-feira (23) para Portugal. Foi tentar atrair investimentos e promover parcerias e cooperações técnicas para projetos em áreas como cultura, educação e tecnologia. Na terça-feira (28), participará de reunião com o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, Vítor Ramalho.


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Brasília

Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress. com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Por Chico Sant’Anna

RENATO ALVES/AGÊNCIA BRASÍLIA

Atravessou o samba Ladeado pelo empresário, ex-vice-governador e atual presidente do PSD, Paulo Octávio, o governador Ibaneis Rocha (MDB) seguiu os passos de José Roberto Arruda e, em 2020, vai apoiar o desfile da escola de samba Unidos da Vila Isabel. Oficialmente, o GDF não desembolsará dinheiro público. A proposta é que ajude na captação de recursos com base nas leis de incentivo à cultura. Entretanto, para assinar o termo de cooperação com a Unidos da Vila Isabel, o GDF já desembolsou R$ 22,4 mil, entre passagens e diárias aos carnavalescos, informa o jornalista Romário Schettino, no portal Brasiliários. Outras despesas deverão aparecer, pois de acordo com o secretário Adão Cândido, a parceria com a Vila Isabel não será pontual e tem o propósito de ser estendida por todo o mandato. ARRUDEANDO – Em 2009, Arruda apoiou a Beija-Flor, com R$ 3 milhões públicos e, segundo a imprensa, a iniciativa privada local entrou com mais R$ 500 mil. Os valores que a Vila Isabel estaria demandando seriam de R$ 4 milhões. A promessa é que o samba enredo seja de Martinho da Vila. A decisão de Ibaneis abalou o mundo da cultura do DF. O Teatro Nacional e o Museu de Arte estão fechados há anos. Há poucos dias, um edital do Fundo de Apoio à Cultura foi revogado e o GDF decidiu repassar a verba que apoiaria iniciativas culturais para a reforma da Sala Martins Pena. A deputada Erika Kokai (PT) propôs manter intacto o FAC em troca de uma emenda parlamentar assegurando a mesma verba. Ibaneis não topou.

Entre dirigentes da Vila Isabel e com apoio do empresário Paulo Octávio, o governador Ibaneis Rocha assinou o convênio com a escola carioca

Rimas difíceis Nas redes sociais, o que se pergunta é como Martinho da Vila vai rimar Saúde com falta de médicos e remédios, 330 mil desempregados, falta de livros didáticos e militarização de escolas e engarrafamentos com falta de proposta de mobilidade urbana. Há cinco anos Brasília vive sem os desfiles das escolas de samba por falta de dinheiro. Por isso, a notícia de apoio ao carnaval carioca caiu como uma bomba. Moacyr Oliveira, o Moa, presidente da ARUC, estranhou o fato da Associação das

Cobras e lagartos Diante do mau funcionamento da rede de telefonia fixa na Quadra 9 do Park Way, a concessionária foi avisada e, ao abrir os armários que recebem os cabos logo identificou o problema: Thamnodynastes pallidus, uma espécie de serpente conhecida popularmente de corre-campo, ou ubiraquá. Ao lado de cabos, plugues e conectores, um verdadeiro serpentário. Uma família inteira de

Escolas de Samba ter sido “marginalizada do processo, não tendo sido consultadas ou informadas”. Ele relata que, em 2010, uma etapa da escolha do samba-enredo da Beija-For aconteceu em Brasília – e não como será agora, no Rio – e que sambistas da cidade puderam participar. CONCURSO – Secretário de Cultura em 2009, Silvestre Gorgulho informa que no carnaval de 2010 não foi escolhida uma escola aleatoriamente. “Fizemos uma carta convite para a Liga

das Escolas do Rio indicar cinco escolas que topassem fazer o desfile dos 50 anos de Brasília. A Beija-Flor foi a única que apresentou proposta. Ele sugere: “que se lance um edital para escolher os quatro melhores enredos de escolas do DF, uma do Rio e outra de São Paulo e realiza-se um carnaval fora de época no 21 de abril, com seis escolas desfilando na Esplanada dos Ministérios. Assim, divulga-se Brasília internacionalmente, faz a festa do aniversário da cidade e apoia as escolas candangas”.

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Família de cobras na caixa de telefonia

corre-campo curtia o aconchego do espaço. A espécie chega a atingir um metro de comprimento. Sua mordedura pode ser letal. Segundo o portal Tudo sobre Cobras, a correcampo está em extinção no Brasil, vítima de caça ilegal para retirada de sua pele. As serpentes do Park Way foram resgatadas pela PM Ambiental e serão reinseridas na natureza.


EU VI AS MARCAS NO ROSTO DELA. E NÃO FIZ NADA.

Muitas vezes, os sinais de violência contra as mulheres aparecem bem antes de o agressor chegar a um golpe fatal. Por isso, ao ver uma mulher sendo ameaçada, humilhada, subjugada ou sofrendo qualquer tipo de agressão física ou verbal, denuncie. Caso você, uma amiga, vizinha ou colega de trabalho esteja passando por qualquer tipo de violência, procure ajuda. A sua denúncia pode salvar uma vida. O seu silêncio pode ser fatal.

FEMINICÍDIO: SEU SILÊNCIO PODE SER FATAL.

DENUNCIE LIGUE 180


Brasília Capital n Cidades n 6 n Brasília, 25 a 31 de maio de 2019 - bsbcapital.com.br

A dengue vence a incompetência Em 1513, o filósofo italiano Nicolau Maquiavel escreveu: “a primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam”. Esse e outros pensamentos fazem parte da obra “O Príncipe”, publicada postumamente em 1532. Certamente, para muitos governantes, o livro é uma referência. Tanto do que fazer, quanto do que não fazer. Porém, no Distrito Federal, aparentemente, o livro passa bem longe das escolhas literárias da atual gestão. A começar pela frase aqui citada. Pois a escolha de quem integrará uma administração é, talvez, a decisão mais importante de um político eleito. Para Maquiavel, é a partir da definição de seus “assessores” que um governante revela sua capacidade de gestão. “Quando estes são eficientes e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta, pode-se sempre fazer mau juízo dele, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os assessores”, diz o filósofo. Acho que, no

DF, algumas decisões precisam ser revistas. E a escolha do secretário de Saúde, talvez, seja uma delas. Desde o início do ano, vivemos um surto de dengue como nunca registrado antes. De janeiro até 11 de maio, de acordo com dados da própria Secretaria de Saúde, a Capital registrou 19,8 mil notificações da doença. O número é 12 vezes maior do que no mesmo período de 2018, quando foram 1.676 casos. Mais grave ainda: o salto no número de ocorrências também causou um aumento nos registros de mortes pela doença. Foram 16 neste ano. Em 2018, nos cinco primeiros meses, foi uma. E, para piorar o cenário, agora o fumacê contra a dengue foi interrompido, sem prazo para retomada do serviço, porque o galpão onde a mistura era feita foi interditado pelo Ministério Público. Segundo o órgão de fiscalização, no local onde o fumacê era produzido, inseticidas vencidos eram misturados a outros químicos ainda dentro da validade. Além disso, apontou o Ministério Público, todo o trabalho era feito em cima de uma bancada

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improvisada, em um ambiente sujo e sem ventilação. Nem mesmo os funcionários que borrifavam a mistura nas ruas do DF têm qualificação técnica comprovada. E enquanto nada funciona, o número de casos da doença, certamente, está aumentando. Isso, lembrando, em um cenário de caos nos hospitais e outras unidades de Saúde que, sequer, têm luvas para o atendimento aos pacientes. Até agora, nada foi feito para resolver o problema (ou, os problemas). O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, não se pronunciou e a Pasta ainda não deu nenhuma solução para o problema. Tudo o que temos são anúncios de “situação de alerta”. Aliás, é bom lembrar que no início do mandato, em uma grande coletiva de imprensa, a atual gestão anunciou que utilizaria até drones para combater a dengue. Pelo jeito não funcionou. Ou, quem sabe, não houve seriedade suficiente para tentar sanar o problema. Afinal de contas, o Aedes Aegypti não é, necessariamente, nenhuma novidade no que diz respeito à transmissão de doenças.

Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado

Até aqui, parece que a atual administração do DF, ao invés de se preocupar com políticas públicas que solucionem antigos problemas, decidiu ir à contramão do discurso de campanha. Além da dengue, há uma série de disfunções no Distrito Federal, que precisam de ações sérias e comprometidas com a recuperação efetiva da Capital e suas Regiões Administrativas. Até aqui, parece que a única parte da filosofia de Maquiavel levada a sério pelo atual governo é: “os fins justificam os meios”. E a população segue refém da ineficiência e da inabilidade dos gestores.


Brasília Capital n Geral n 7 n Brasília, 25 a 31 de maio de 2019 - bsbcapital.com.br

ESPÍRITO

José Matos O novo professor Somente a educação extingue as trevas da ignorância. “O autoconhecimento é a base da sabedoria” Nas orações de agradecimento, presentes em várias culturas, inclui-se o professor, chamado de Mestre em muitas dessas culturas, e “lentes”, nos tempos antigos. Há uma relação clara, exceto para parte da classe política brasileira, do valor dado ao professor, à educação e ao desenvolvimento de um país. Quanto mais desenvolvido,

maior o valor. Quanto menos desenvolvido, menor esse valor. Todos os países desenvolvidos, para desenvolver-se, investiram fortemente na formação e remuneração dos seus professores e em boas condições para o aprendizado do aluno. Na Grécia antiga, dois educadores se destacaram na busca da forma-

NUTRIÇÃO

Caroline Romeiro Rotulagem nutricional Por que o governo não quer adotar o modelo proposto pela ANVISA? Há cinco anos temos discutido, tanto a sociedade civil organizada como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a questão da nova rotulagem nutricional. Inclusive, depois da publicação do Novo

Guia Alimentar para a População Brasileira, em 2014, com a classificação dos alimentos baseada no seu nível de processamento. Várias questões consideradas de extrema importância para a saú-

ção de qualidade: Platão, criando a Academia, e seu aluno Aristóteles, criador do Liceu. Na Idade Média, a formação ficou por conta dos padres e seus seminários. E somente para a elite. Com o Renascimento, e a burguesia interessada em tomar o poder, investiram na educação dos seus filhos, criando escolas e bibliotecas. No Brasil, apenas recentemente começou um movimento pela importância do ensino de qualidade. Leonel Brizola, por meio de Darcy Ribeiro, criou escolas de tempo integral. FHC e Lula investiram na formação e remuneração dos professores, mas ainda longe do ideal. No Ceará, o atual governador, Camilo Santana, planeja transformar, até 2020, todas as escolas estaduais em escolas de tempo integral. Quem educa o educador?, questionava Darcy Ribeiro. De professor-instrutor, aquele que limi-

ta-se a ensinar sua disciplina. De professor-educador, aquele que usa sua disciplina para ajudar na formação do aluno como ser humano e, finalmente, o professor terapeuta, aquele que ama o que faz, ama seus alunos e leva em conta aspectos emocionais do aluno e o ajuda, ou o encaminha, para medidas adequadas de superação de conflitos emocionais. Caro colega professor! Passe você também de professor-instrutor para professor-educador e, finalmente, para professor-terapeuta. Dá trabalho? Dá, mas sem crescimento não há prazer em ensinar. Somente a educação extingue as trevas da ignorância. E não se se esqueça de J. Krishnamurti: “o autoconhecimento é a base da sabedoria”.

de coletiva da população precisam chegar de forma clara para todos os brasileiros, visto que a informação empodera cidadãos. Com isso, a proposta da ANVISA é adotar um modelo de rotulagem frontal de alerta para alto teor de gordura, sódio e açúcar, bem como pobre em fibras, como acontece no Chile e no Equador (modelo de semáforo). Esses dois modelos são bem aceitos pela comunidade acadêmica e científica preocupada com o assunto, e vão de encontro com uma publicação recente da Cell Metabolism, que mostrou que uma dieta baseada em alimentos ultraprocessados leva a maior ganho de peso, mesmo se consumida na mesma quantidade calórica que uma dieta baseada em

alimentos não processados. O que temos visto nas últimas semanas são declarações completamente desconexas do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com tais propostas. Ele falou pela primeira vez sobre o tema e defendeu o modelo italiano, que é meramente informativo, e não faz nenhum alerta sobre o risco do consumo excessivo de alguns compostos. Além disso, ainda falou sobre rever as orientações que o Guia de 2014 traz. Fica o alerta para a população: não podemos sofrer tamanho retrocesso!

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutriocionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)


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O vinho e o turismo no Brasil A vitivinicultura sob a perspectiva da História Ambiental Global Gil Karlos Ferri (*)

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mbora a vitivinicultura apareça como tema recorrente em diversas áreas do conhecimento de países europeus, no Brasil as pesquisas ainda são incipientes. Nas últimas décadas, o crescimento da produção e consumo de uvas e vinhos vêm conferindo especial importância ao setor vitivinícola. Notando o dinamismo deste setor e suas implicações socioambientais, precisamos compreender os processos históricos da interação entre sociedades, espaços geográficos e espécies viníferas, sob a perspectiva da História Ambiental Global. No século XX, o vinho tornou-se uma commodity de estratégica relevância econômica e social. Este interesse é justificado por sua milenar importância simbólica e cultural, bem como, notadamente, seu alto valor agregado. Para muitas culturas, o vinho é considerado um alimento. Além disso, pesquisas têm demonstrado aspectos positivos do consumo moderado do vinho para a saúde, relacionando a bebida com a prevenção de doenças, a longevidade e uma melhor qualidade de vida. No Brasil, a produção de uva e vinho tornou-se um negócio expressivo com a imigração italiana, pesquisas tecnocientíficas e incentivos governamentais. A produção vitícola teve im-

Pesquisas sobre o plantio de uvas no Brasil é incipiente, diz Gil Ferri (no detalhe)

pulso com a importação de variedades europeias, americanas e híbridas introduzidas nas áreas de colonização italiana do país, como a Serra Gaúcha e o Sul de Santa Catarina. Em consequência do crescimento do mercado consumidor, a partir da década de 1970 verifica-se uma modernização da vitivinicultura bra-

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sileira. Entre as principais regiões produtoras, destacam-se a Serra e a Campanha Gaúcha, o Planalto de Santa Catarina, o Vale do Rio São Francisco, o Norte do Paraná, o Noroeste de São Paulo e o Norte de Minas Gerais. Tratando-se de terroirs recentíssimos no mundo do vinho, o Brasil precisa (re) conhecer seu passado de

ocupação e usos da terra, para compreender a importância atual e futura de seus recursos naturais e vislumbrar a sustentabilidade nestes espaços através, quiçá, do enoturismo.

(*) Pesquisador em Vitivinicultura e História Ambiental Global (UFSC)

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