Fogo e Flu resistem à volta dos jogos no Cariocão
Bancários denunciam o Santander
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Caroline Romeiro – Página 15
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Flexibilização de estágios presenciais é risco para pacientes
Federação do Centro-Oeste e Sindicato de Brasília fazem projeções em prédios da cidade contra demissão de 9,4 mil trabalhadores. E pedem respeito ao Brasil Ano IX - 469
Gustavo Pontes – Página 16
Brasília, 20 a 26 de junho de 2020
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Já WeinTarde
REPRODUÇÃO TV
Pior ministro da Educação da história, Abraham Weintraub se despede lendo “cola” para gravar vídeo ao lado de Jair Bolsonaro
Entrevista Jeane Resende
“Sorte é o caralho” Página 6
Dança das cadeiras no GDF
Festival de Brasília de cinema pode ter audiodescrição
Páginas 11 e 13
Página 14
Vá de bike
Mercado de bicicletas é um dos que mais cresceram no mundo durante a pandemia. Mas o Brasil está na contramão das medidas de incentivo ao uso de meios de transporte alternativos aos automóveis, diz o professor André Pontes (foto) Páginas 8 e 9
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x p e d i e n t e
Eduardo Pedrosa (*)
Uma nova luz para a economia do DF Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diagramação / Arte final Giza Dairell (61) 9 8451-7565 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com
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O Distrito Federal está entre as melhores regiões do Brasil para geração de energia solar, graças à sua posição geográfica privilegiada e ao seu relevo sem acidentes. Além disso, Brasília é o centro político e decisório do País e poderia servir como exemplo de sustentabilidade e inovação. No entanto, praticamente toda energia consumida no DF é gerada fora daqui e por hidrelétricas. A Geração Distribuída é uma das formas que o governo encontrou para impulsionar a diversificação da nossa matriz energética e trazer a geração de energia para perto do consumidor. É a possibilidade de gerar energia na própria casa, empresa, ou até em outra área, e abater a energia gerada da conta de luz com a Companhia Energética de Brasília (CEB). Apesar de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter deixado o segmento de energia solar preocupado com o anúncio de uma revisão da resolução 482/2012, tenho feito um esforço
para que o DF apresente outros incentivos a esse mercado. O Convênio ICMS 10/2014, por exemplo, estava sem validade há alguns anos. Conseguimos renovar o convênio garantindo a isenção de ICMS para quem comprar equipamentos de energia solar. Outra queixa nas reuniões com o Setor de Energia no DF era a falta de incentivos creditícios. O Banco de Brasília não possuía uma linha de crédito para energia solar. Criamos o Programa de Incentivo à Energia Solar do BRB, com linhas atrativas para financiamento de equipamentos e de mão de obra. Recentemente, foi sancionada uma lei de minha autoria que garante aos titulares de terras rurais a possibilidade de instalar usinas fotovoltaicas como atividade fim, e não apenas como atividade de suporte, como prevê a Lei Distrital 5.803/17. Antes só era possível instalar sistemas de geração de energia solar caso servissem para dar suporte a outras atividades (agricul-
tura, pecuária, agroindústria, dentre outras), e não para exploração comercial. A energia solar é a melhor opção para o DF, talvez a única viável. O governo federal precisa entender nossas peculiaridades e enxergar nossa região como um polo de inovação e sustentabilidade, que servirá de exemplo para o Brasil. Estamos tratando, assim, de movimentar nossa economia e possibilitar a geração de emprego e renda. Assumi a luta pela modernização de nossa matriz energética e irei trabalhar, incansavelmente, para que essas pautas avancem em suas devidas instâncias e tragam benefícios para a nossa população. Esse é meu compromisso como cidadão, deputado e presidente da Frente Parlamentar em prol das Energias Renováveis no DF. (*) Deputado distrital (PTC-DF)
Arremedo fascista Antonio Villarreal (*) Uma das ações interessantes no Brasil hoje é a definição dos movimentos populares ao governo atual de ser fascista. Têm utilizado essa concepção para um governo populista que produz atos comparados aos de Benito Mussollini, em 1919, com a criação do Fasci di Combattimento (Feixe de combate), cujo principal objetivo era combater a esquerda na Itália. Mussollini juntou dois polos distintos: os miseráveis e desempregados por causa da crise econômica pós-Primeira Guerra Mundial e a classe média nacionalista e alta burguesia. Seus militantes ficaram conhecidos como fascistas. Dizia que o fascismo não crê na paz perpétua. “Só a guerra marca com um sinal de nobreza os povos que têm a coragem de afrontá-la”. E pretendia refazer o homem, o caráter, a fé. O princípio essencial da doutrina é a concepção do Estado. Tudo no Esta-
do, nada contra o Estado, nada fora do Estado. O indivíduo está subordinado às necessidades do Estado”. Ele construiu sua ideologia sobre três pilares. O primeiro é a noção de guerra contínua: os homens honrados devem ir à guerra e só os fracos e sem honra desejam a paz. A segunda, é a educação: os fascistas querem mais do que um governo autoritário. Querem interferir na vida pública e transformar a sociedade e a natureza humana pela combinação entre perseguição ideológica e terror, medo e submissão. Criavam uma explicação para tudo. Divulgavam crenças sem comprovação científica. Apresentavam um mundo fictício pela propaganda sistemática. A terceira base é a definição do Estado. Defendiam o Estado acima de tudo e todos, não pode ser questionado e deve ser comandado por um líder personalista. É no ditador que o Estado totalitário se realiza.
No atual governo brasileiro, é possível identificar os três pilares do fascismo. O governo busca incentivar e legitimar o militarismo; criar um pensamento religioso e científico para suas ações educativas e culturais de forma fictícia; e tenta desregulamentar o Estado de direito para transformá-lo em Estado totalitário sob o comando de um líder personalista. Um arremedo de fascismo. É arremedo por estar desconectado da realidade de uma sociedade que construiu, a partir da luta popular, um Estado de direito, uma Constituição democrática e um poder dividido em três. Forte o suficiente para desmascarar um novo totalitarismo no Brasil. Além de um novo elemento importante que neutraliza esse totalitarismo: o brasileiro aprendeu a lutar, se organizou, acostumou a viver na democracia e a valorizar a Vida em toda a sua dimensão. (*) Professor de História aposentado da SEEDF
LORRANE OLIVEIRA
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Alívio – A maioria dos ministros do STF votou a favor da manutenção da liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello. No ano passado, o magistrado derrubou decisão do TCU que obrigaria o governo local a devolver R$ 10 bilhões à União. O dinheiro é arrecadado do Fundo de Garantia do pessoal da segurança local.
Corte no Sistema S A Câmara aprovou, terça-feira (16), a MP que reduz pela metade, de 1º de abril a 31 de maio, as contribuições das empresas para o Sistema S. O texto será enviado ao Senado. O corte iria até junho, mas foi alterado pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ). As empresas pagarão 1,25% naqueles meses para o Sescoop; 0,75%, para o Sesi, Sesc e Sest; e 0,5%, para o Senac, Senai e Sena. SEBRAE – As alíquotas do Sebrae não mudaram. Porém, ele terá de repassar ao Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas ao menos 50% do adicional que recebe para execução das políticas de apoio às pequenas e microempresas.
Fake news O projeto de lei nº 3.221/2020 proíbe que o governo federal contrate patrocínio ou publicidade junto a empresas ou intermediários que façam anúncios, direta ou indiretamente, em provedores de aplicação de Internet que promovam desinformação ou divulguem notícias falsas. Autor da proposta, o deputado Frei Anastácio Ribeiro (PT-PB - foto) quer evitar que a União financie páginas da Internet que sejam propagadoras de fake news.
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publicidade estatal”, afirma o parlamentar, citando como exemplo a ferramenta AdSense, do Google. DIVULGAÇÃO
Izalci reavalia relação com Bolsonaro Líder do governo, o senador brasiliense Izalci Lucas (PSDB) revelou a pessoas próximas que já considera a possibilidade de desembarcar da função e até da bancada de apoio. Sempre cotado para ocupar o MEC – seu nome voltou a ser especulado com a saída de Abraham Weintraub – o parlamentar não esconde a insatisfação com o tratamento que tem recebido do Planalto. Ele ainda teme se desgastar com os sucessivos escândalos envolvendo a família de Jair Bolsonaro, além dos atritos do Presidente com a imprensa. “Ninguém controla a língua dele”, disse Izalci a um interlocutor.
GOOGLE – “A CPMI das Fake News mostrou como recursos federais irrigam páginas que espalham notícias falsas as mais variadas, por meio de intermediários que não se preocupam com o destino da
Baleia Rossi lança Ibaneis Presidente nacional do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP), já inclui o governador Ibaneis Rocha como possível candidato da legenda à Presidência da República em 2022. “Ibaneis está se destacando”, declarou o líder da bancada na Câmara.
Robério denunciado por caixa 2
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Deu no The New York Times A charge do cartonista Aroeira que estampa a cruz médica sendo vandalizada por Bolsonaro correu mundo e foi destaque no The New York Times após a tentativa de censura. O jornal
mais importante do mundo destacou a mão pesada do governo brasileiro: “o pedido de investigação citou uma lei que estabelece até 4 anos de prisão por difamar o presidente”.
O TRE-DF acolheu denúncia do Ministério Público Eleitoral contra o deputado Robério Negreiros (PSD) por falsidade ideológica. O distrital teria apresentado documento supostamente falso na prestação de contas das eleições de 2014. A investigação é da Polícia Federal. Ele nega a acusação.
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Um ex-ministro de currículo “imprecionante” Brasília não comemora a demissão de Abraham do MEC: já WeinTarde Por Orlando Pontes Jair Bolsonaro se elegeu, em 2018, prometendo acabar com a corrupção e enxugar a máquina pública. Governaria com apenas 15 ministérios. Um ano e meio depois, está encurralado. A prisão, quinta-feira (18), de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho 01, abalou o Planalto. Queiroz é tido como um arquivo vivo que pode comprometer todo o clã. Para tentar formar maioria no Congresso e evitar um possível impeachment, aliou-se ao Centrão, grupo de partidos sem qualquer convicção ideológica que adere aos governos de plantão em troca de cargos e muito dinheiro. Ele sempre foi dessa turma nos 28 anos como deputado federal, mas, para conquistar o eleitorado, tornou-a em seu alvo – além do PT – durante a campanha. Para saciar a fome dos novos (velhos) aliados, as 15 Pas-
tas originais já somam 23. A última foi criada nesta semana para acomodar o deputado Fábio Faria (PSD-RN) no recriado Ministério das Comunicações, desmembrado do da Ciência e Tecnologia, que continua com o astronauta Marcos Pontes. O novo ministro é genro do animador de auditório Sílvio Santos, dono do SBT. Três ministérios estão vagos: Cultura, Saúde e Educação. A última baixa foi no MEC, com a queda, quinta-feira (18), do deseducado Abraham Weintraub. Ele sai com o título de pior ministro da Educação da história, com todos os méritos para tal alcunha acumulados ao longo de sua ineficiente e improdutiva gestão de 14 meses. Além da afinidade ideológica com Olavo de Carvalho – seu chefe e mentor, astrólogo e guru bolsonarista –, Weintraub só produziu confusão e desfinanciamento da educação. Amado pelo chamado Gabinete do Ódio e pelas alas
Bolsonaro e Weintraub: seguidores da cartilha do astrólogo Olavo de Carvalho
radicais de direita, conseguiu desagradar a toda a academia. Até mesmo pelos ataques ao vernáculo, como escrever “imprecionante” em mensagens postadas em redes sociais ou confundir o nome do escritor tcheco Franz Kafka com a iguaria da culinária árabe “kafta”. A ignorância de Weintraub passou à estupidez ao dizer, durante uma reunião ministerial, em 22/4 deste ano, que mandaria prender os ministros do Supremo Tribunal Federal, a quem chamou de vagabundos. Desde então, sua permanência tornou-se insustentável. Antes, sua coleção de intransigências, agressões e provocações havia atingido estudantes de universidades públicas, a quem qualificou de “maconheiros”; o povo chinês, por quem revelou racismo, que causou grave incidente diplomático durante a pandemia da covid-19;
e até os judeus, quando comparou uma ação da Polícia Federal, no inquérito das fake news contra bolsonaristas, ao ataque a comerciantes pela Alemanha nazista conhecida como a “noite dos cristais” e marcou o início do holocausto. Nem Brasília escapou da verborragia de Weintraub. Na reunião de abril, disparou contra a cidade, que chamou de “cancro”. É com esse “currículo” que o ex-ministro se candidata a representante do Brasil na direção do Banco Mundial (Bird). A pergunta que não quer calar é se os demais países com assento naquele colegiado vão aceitá-lo. Afinal, a lição de casa por aquelas bandas não se limita a rezar na cartilha bolsonarista do terraplanista Olavo. Bye, bye, sir Abraham! O senhor já WeinTarde e com certeza não deixará saudades nos 3 milhões de brasilienses!
Olavista radical e inimigo do ensino público pode suceder Weintraub 247 – O substituto de Abraham Weintraub no Ministério da Educação pode ser alguém menos grotesco, mas um inimigo ainda mais mortal do ensino público e olavista radical. Jussara Soares, jornalista do Estado de S. Paulo, disse que o nome cogitado para o cargo é o do secretário Nacional de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim.
Uma das possibilidades cogitadas no Palácio do Planalto é de Nadalim assumir de forma interina, dando tempo para que Bolsonaro encontre um nome para comandar a Pasta definitivamente. Assim, o Presidente repetiria o que fez no Ministério da Saúde, para o qual nomeou o general Eduardo Pazuello, até então secretário Executivo, após a demis-
são de dois ministros durante a pandemia do coronavírus. Nadalim é sócio de Arno Alcântara Júnior, dono do site “O Brasil sem medo”, de Olavo de Carvalho. Em fevereiro, o guru bolsonarista rasgou elogios ao programa “Tempo de aprender”, lançado por Nadalim, abertamente hostil às ideias de Paulo Freire e Emília Ferreiro,
dois nomes referenciais da educação mundialmente. Ex-coordenador pedagógico na escola Mundo do Balão Mágico, em Londrina, Carlos Nadalim assumiu a Secretaria de Alfabetização do MEC para, segundo ele, “libertar mentes escravas das ideias de dominação socialista” e “preparar cidadãos para o mercado de trabalho”.
Salve vidas. Use máscara.
Brasília foi a primeira cidade do Brasil a pedir para que as pessoas ficassem em casa. Você ficou. Deu exemplo. Protegeu-se. E os resultados estão aparecendo. Para que essa situação se estabilize, o GDF tornou obrigatório o uso de máscaras em todas as cidades do Distrito Federal. É uma medida para, antes de tudo, proteger você e sua família. Está comprovado que o uso da máscara é a melhor maneira de se cuidar – caso precise sair de casa. Use máscara. A vida agradece.
É segurança, é proteção, é obrigatório.
Mais informações, baixe o app da Agência Brasília.
Lave as mãos com frequência.
Use álcool gel.
Use máscara, é obrigatório.
Evite aglomerações.
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Como surgiu a ideia de lançar o movimento? – Com a pandemia, fechei minhas empresas. Dia 12/3, fechei duas unidades. 19/3, mais duas. 20/3, os outros negócios. Me descobrir trabalhando em casa, tendo de motivar colaboradores, manter as empresas em pé. Como pagaria as contas? Pressentia colapso financeiro. Tinha de fazer algo. Não podia deixar ninguém desmotivado e deveria dar a eles força e esperança de continuidade no emprego. Lancei, em abril, o movimento, com Thais Freitas, minha sobrinha. Foi pouco tempo para tomar as providências? – Havia projetado para lançá-lo em 2021, mas vi que a hora é agora, impulsionando o objetivo de ajudar pessoas a passarem por esta tempestade, cada um em um barco diferente. Os empreendedores estão em um barco de pescador. Se não remarem, irão afundar. É quem mais está sofrendo. Quero ajudá-los com dicas, força e coragem. O movimento vai transformar vidas. Quais as principais dicas para pequenos empreendedores? – Primeiro, saber o real significado da palavra empreendedorismo. O empreendedor é aquela pessoa que sai da zona de conforto e se organiza, contrariando o senso comum com inovações, seja na forma de pensar ou de agir. Isso impacta o mercado de maneira muito positiva. Como orienta seus seguidores? – Para quem está em dificuldade, sugiro criar algo novo em seu negócio. Isso não significa gastar com custo. A pessoa pode perguntar: “Como vou criar se estou apertada?” Pode ser inovação no atendimento, no conceito, num valor da empresa. Reinventar-se. Depois que isso passar, estará conectado com seu cliente no novo normal. Como você imagina esse “novo normal”? – Todos os especialistas falam que teremos um novo normal após a pandemia. Por isso, temos de mudar a maneira de agir como empre-
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Entrevista Jeane Resende
“Ninguém vence na vida de braços cruzados” Maria Félix Fontele
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em-sucedida na área da beleza, a empresária Jeane Resende precisou se reinventar nos últimos 4 meses para não sofrer grandes perdas. Obrigada a fechar as portas das quatro unidades do Instituto Embelleze, em Taguatinga, Ceilândia, Águas Lindas e Goiânia por causa da pandemia, suspendeu cursos de cabeleireiros, manicures e outros do ramo: um dos primeiros negócios a fechar e últimos a abrir. Jeane teve de se reorganizar, em casa, para manter contato com seus colaboradores, clientes, alunos e proprietários de salão de beleza. Criou uma conexão direta com a rede de serviços, fortemente atingida pela crise. Sensibilizada, tirou da gaveta antigo projeto e lançou, pelas redes sociais, o movimento “Sorte é o caralho – desmistificando a sorte e provando que caralho não é palavrão”. O símbolo do movimento é o Trevo Raro, preto, desconstruído, numa alusão à não existência da sorte e sim à persistência, trabalho, sacrifício e renúncia como fruto do sucesso. “Sou o exemplo vivo de que a sorte é o encontro do esforço com a oportunidade e que não podemos ficar de braços cruzados esperando ela chegar”, afirma. Lançado em 15/4, a partir de uma série de vídeos, conteúdos e dicas de incentivo a pequenos empreendedores, o movimento conta com quase 15 mil seguidores no Instagram. O sucesso ensejou a produção de camisetas com os dizeres “Sorte é o caralho”, vendidas como água pela Internet. Nesta entrevista, Jeane fala do trabalho, da vida e do movimento em apoio aos microempreendedores.
endedor, pessoa, cliente, ser humano. Para mostrar que isso é possível, criei o movimento na Internet para ajudar pequenos empreendedores a realizarem algo grandioso.
Qual tem sido o retorno? – O retorno foi muito rápido. Em 15 de abril lançamos o movimento nas redes sociais; em 2 meses temos 15 mil seguidores no Instagram. Produzi uma camiseta. Está sendo um
sucesso de vendas. Sou convidada para lives e bate-papos. Em julho, lançarei meu primeiro e-book sobre beleza, nicho que domino, clientela que já conheço. Qual o seu público-alvo? – Todo tipo de empreendedor: o que vende água no semáforo, tem salão de beleza, padaria, confeitaria, loja de roupa. Meu foco são os microempreendedores. E, com certeza, a partir de 2021, lançarei um livro novo sobre empreendedorismo, ministrarei palestras para segmentos empresariais. Fale um pouco desse livro – O título é “Sorte é o caralho!” Esse é um lema que uso há tempos. Cansada de ouvir das pessoas que a trajetória de profissionais renomados era resultado da sorte, cunhei a frase que se tornaria emblemática do movimento: “Sorte é o caralho!” Vou usá-la no livro. Você vai contar sua trajetória pessoal? – Meus pais se separaram, perderam a casa e tudo que tínhamos em uma enchente em São Paulo. Mudamos para Minas. Minha mãe peregrinou o País em busca de vida melhor. Morei sozinha dos 14 aos 18 anos dando aula particular (1 real por hora/ aula). Mudei para Brasília. Fiz de tudo para sobreviver. Vendi água e balinhas nos semáforos. Como foi a guinada para se tornar uma grande empresária? – Depois dos percalços, em 2005, tornei-me franqueada do Instituto Embelleze, maior rede de franquias da América Latina. Trabalhei duro e consegui mais três franquias. Sinto-me realizada. Tenho o carinho e o respeito dos franqueadores, colaboradores, alunos e ex-alunos. Levei o Instituto a ser premiado duas vezes como a melhor franquia do Brasil (2015 e 2018) e, sete, classificada entre as melhores. Para tantas conquistas, não é preciso ter sorte? – Tudo isso não foi produto da sorte, mas de muito trabalho, dedicação e foco nos objetivos. É isso que estou passando agora aos alunos, seguidores, colaboradores e microempresários.
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Agência da 306 Sul
Asa Sul Brasília
Prédio do Bacen
Bancários denunciam abusos do Santander Sindicatos da categoria alertam para demissão de 9,4 mil trabalhadores e exigem respeito ao Brasil Com a projeção de frases como “Santander, cumpra o acordo: basta de demissões e metas abusivas!”, “Santander recebe bolsa banqueiro, mas demite 9 mil bancários. Absurdo!” e #SantanderRespeiteOBrasil, a Federação dos Bancários da Região Centro Norte e o Sindicato dos Bancá-
rios de Brasília denunciaram o programa de demissões do banco espanhol que pode levar 9,4 mil funcionários ao desemprego. A ação dos bancários ocorreu, na noite de sexta-feira (19), com o uso de canhões de laser e as frases foram projetadas nas fachadas e empenas de prédios do centro de Brasília, como as do Banco Central (Bacen), da Agência da 306 Sul e da Agência Asa Sul Brasília. “A atividade de sexta-feira integra a programação do ato nacional unificado contra as demissões no banco”, explica o diretor da Federação Centro Norte e funcionário do Santander, Anilton da Silva. O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Kleyt-
ton Morais, disse que a atividade denunciou à sociedade o desrespeito do Santander com os trabalhadores e com o povo brasileiro. “O governo Bolsonaro, via Banco Central, disponibilizou no ‘bolsa banqueiro’ a acintosa cifra de R$ 1,2 trilhão. O Santander, um dos beneficiários dessa absurda ‘bondade’, afogando-se em liquidez, estrangula o crédito, em especial, às pequenas e médias empresas, quando, na verdade, deveria liberar. Como se não bastasse, ainda ameaça demitir 9.438 empregados. Um completo absurdo!” LUCRO ACIMA DO ESPERADO – A despeito da expectativa de que o primeiro trimestre de 2020 traria forte queda do lucro e
aumento das provisões para devedores duvidosos, já refletindo o impacto da crise do novo coronavírus, o Santander Brasil (SANB11) divulgou lucro acima do esperado no primeiro trimestre de 2020: R$ 3,77 bilhões. Crescimento de 10,5% em relação ao mesmo período de 2019. Ainda assim, segundo matéria da Folha de S.Paulo, o banco teria iniciado demissões que poderão alcançar 20% do quadro de pessoal. Ou seja, mais de 9,4 mil trabalhadores. A mobilização das entidades representativas da categoria reivindica o cumprimento de acordo de não demissão no período da pandemia assumido com o movimento sindical e, fartamente, divulgado pela imprensa.
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O despontar de um FOTOS: DIVULGAÇÃO
Pandemia faz disparar negócios com bicicletas em todo o mundo Pollyanna Vilannova A pandemia da covid-19 tem causado desemprego no mundo. No Distrito Federal, o número de desempregados nos últimos 3 meses, segundo a Codeplan, saltou de 313 mil para 333 mil pessoas desde que o isolamento social foi adotado, em março. Mas o segmento do ciclismo não tem do que reclamar. A bicicleta é a melhor opção de transporte – além de andar a pé – para evitar o contágio pelo novo coronavírus. A redução de circulação de veículos movidos a combustíveis fósseis também reduziu a emissão de gases que provocam o efeito estufa e aumentam o aquecimento global. Vários setores sofreram um baque com a queda do consumo. No mercado de bicicletas ocorreu
André Pontes diz que pandemia promoveu ascensão do comércio de bicicletas
o contrário. Aumentou as vendas no Brasil e em muitos países, sobretudo na Europa, de onde têm
Tendência mundial A bicicleta é uma tendência mundial como solução para a mobilidade. Os países desenvolvidos a adotaram como meio de transporte. Na contramão do mundo, está a América Latina. Apenas El Salvador e Colômbia dão sinais de evolução. Argentina e Venezuela tinham boas políticas, mas, com a ascensão de empresários neoliberais ao Poder Executivo, tudo foi desestruturado. “No Brasil não existe nada”, afirma André Pontes. Ele diz que tem a péssima sensação de que o Brasil está fora do mundo porque vai na contramão de tudo. “Bicicleta é uma questão de saúde pública”, crava. De fato, a área médi-
ca provou que andar de bicicleta, até para ir ao trabalho, diminui estresse de trânsito, poluição, obesidade e melhora a saúde mental. Em países seguidores dos tratados internacionais de redução de gases, a ciência provou que o uso da bicicleta reduz a poluição e seus efeitos no meio ambiente, estimula melhoria da saúde pública e do trânsito de veículos. “Mas as pessoas não percebem que é muito mais rápido e eficiente se deslocar de bicicleta do que de automóvel ou de transporte coletivo. Brasília é um caso à parte por causa das grandes distâncias entre o trabalho e a residência”, afirma.
vindo os exemplos de incentivo ao uso de bicicletas. De um lado, a pandemia
destruiu algumas formas tradicionais de ganhar dinheiro; de outro, deu alternativas a serem desbravadas. Mobilidade, lazer, turismo, esporte e saúde são alguns dos pontos fortes que põe a bicicleta como novo investimento. A prova são os entregadores, que têm trabalhado como nunca no isolamento social no mundo. Produtos e serviços associados às bicicletas são os negócios mais utilizados e beneficiados com investimentos. Outra forma de explorar o comércio de bicicletas são as vendas, aluguéis, manutenção de equipamentos, serviços de turismo e lazer, mídia, assessorias esportivas, nutricionais, clínicas médicas para avaliação, etc. “Todos esses setores (e outros) podem se beneficiar da ascensão do uso da bicicleta”, assegura André Pontes, professor de educação física, ciclista profissional e comerciante de bicicletas. Há um ano, ele reside em João Pessoa, Paraíba, mas nasceu e viveu em Brasília. “Vim para cá pela oportunidade de negócios e por um sonho pessoal de viver na praia”, afirma.
Nova filosofia econômica Já se nota uma mudança na filosofia de vida no mundo. O aumento das vendas de bicicleta é um dos sinais da transformação. Inglaterra, França, Itália, Alemanha mostram que o consumo de componentes e de bicicletas aumentou. O setor não foi afetado pela crise da pandemia. Ao contrário. Em Roma, a prefeitura aumentou o número de ciclovias e alargou as existentes. Em Milão, foco europeu da covid-19, a prefeitura investiu
no estímulo ao uso de bicicletas e em infraestrutura. O mesmo ocorre em Londres, Bruxelas, Alemanha e França. “Não basta dizer que as pessoas devem pedalar se não oferecer uma estrutura adequada ao uso da bicicleta. Tem de ter ciclovias, educação para os motoristas. Ou seja, existe uma energia em todo o mundo em se estimular o uso de bicicletas”, afirma Gustavo Souto Maior, professor de gestão ambiental da Universidade de Brasília (UnB).
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novo mercado Aulas de ciclismo André Pontes diz que as bicicletas assistidas (com motor elétrico integrado) oferecem conforto com menos esforço e pessoas podem se locomover sem transpirar. Ele integra uma assessoria de treinamento. “Prescrevo planilhas de treinamento on-line para o Brasil inteiro e ministro aulas presenciais de ciclismo. Vislumbro novas
oportunidades de negócios para atender à crescente demanda. Há mercado para todos os tipos de clientes e empresários”, afirma. VANTAGENS – Uma das vantagens nesse negócio é a tendência mundial. Se a pessoa tiver bem posicionada, terá uma boa competitividade. Além de ser a oportunidade de trabalhar se
divertindo. Ganhos com Internet são ilimitados, mas tem de saber o que está fazendo e um plano de longo prazo. “É um negócio como outro qualquer. É preciso aproveitar oportunidades e se adaptar quando necessário”, diz. Apaixonado pelo que faz, Pontes diz que qualquer coisa é vantagem quando se trata de bicicleta.
Morte de ciclistas No Dia do Ciclista (19/8), em 2019, o Brasil registrou 11 mil mortes por atropelamento. No artigo “Câmara pode aumentar a insegurança no trânsito e ampliar mortes”, publicado no Correio Braziliense, em 15/6, Rafael Calabri, coordenador do Idec, e Ana Carbonari, presidente da UCB, informaram que, em 2018, o trânsito matou 32.655 brasileiros, o que coloca
o País na terceira posição no mundo. Esse número vai piorar por causa do Projeto de Lei nº 3.267/19, de autoria do governo Bolsonaro, que propõe alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) com impacto negativo na segurança no trânsito. Organizações protestaram contra as mudanças. Mas, na semana passada, a Câmara dos De-
putados aprovou a tramitação em caráter de urgência. Um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS), intitulado “Estado de segurança viária na Região das Américas”, classifica o Brasil como 9º país em número de mortes nas Américas: pedestres (22%), ciclistas (3%) e motociclistas (23%).
Professor se inspira em Copenhague e vira ciclista Gustavo Souto Maior (foto), professor de gestão ambiental da Universidade de Brasília (UnB), atua na pesquisa para a melhoria da mobilidade no DF e diz que a mudança de filosofia econômica e no consumo é realidade nos países civilizados. A bicicleta virou tema de sua pesquisa acadêmica e estilo de vida após uma viagem a Copenhague, em 2009, para a Conferência do Clima. “A cidade estava entupida de gente, mais de 180 países, não tinha vaga em hotel e não havia congestionamento. Nos 15 dias que estive lá, me surpreendi com a mobilidade: não havia fila em comércio e a população se deslocava de bicicleta ou a pé. Era inverno e vi executivos
com ternos e malas caras e senhoras com sapato alto de bicicleta no centro da cidade”, relata. A população se deslocava de transporte público, ônibus, metrô e trem e todos esses modais adaptados para levar bicicletas. “No metrô há vagões só para ciclistas, com local para colocar a bicicleta. No trem e nos ônibus, a mesma coisa”, diz. Na prefeitura de Copenhague descobriu por que a população com a maior renda per capita do mundo andava de bicicleta, transporte coletivo e a pé. O governo cobra impostos altos de quem compra um carro. Investe em mobilidade sustentável e distribuição de renda. Ao ver isso, Gustavo passou a pesquisar e a alargar o seu horizonte
na gestão ambiental. “Comecei a estudar e resolvi pedalar. Tinha 25 anos que não usava uma bicicleta. Comprei uma. Hoje, com 65 anos, sou ciclista inveterado e premiado”, declara.
Na pandemia, países exortam uso da bike Itália: paga um bônus de 500 euros para a compra de bicicletas e construiu ciclovias no país. Reino Unido: investiu mais de 2 bilhões de libras em infraestrutura cicloviária. Bélgica: investiu meio milhão de euros na redução da velocidade máxima no centro de Bruxelas, priorizou pedestres e ciclistas, transformou 40 km de pistas de carros e estacionamentos em ciclovias. França e Alemanha: criaram ciclofaixas urbanas. Paris: 650 km de ciclovia. Noruega: Oslo proibiu veículos no centro da cidade. Holanda: 35 mil km de ciclovias. Amsterdã: 65% dos habitantes pedalam todos os dias. EUA: em Nova Iorque, lojas e oficinas de bicicletas consideradas serviços essenciais. As citybikes são oferecidas gratuitamente a profissionais de saúde. Colômbia: 76 km de ciclofaixas móveis (abrem e fecham todos os dias) em Bogotá. Reduziu em 42% o uso do transporte público e as aglomerações.
Presente e futuro em duas rodas O Governo do Distrito Federal está obrigado, desde segunda-feira (15), a instalar uma série de equipamentos na Rodoviária do Plano Piloto para melhor servir aos usuários de bicicletas. Uma liminar capitaneada pelo Ministério Público do DF e Territórios, a partir de uma série de reclamações de usuários de bicicletas, foi deferida pelo juiz Carlos Frederico Maroja de Medeiros. O número do processo é 703440-39.2020.8.07.0018.
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Covid-19: meias paredes não impedem o vírus Em uma vistoria feita no Hospital da Região Leste (HRL), no Paranoá, na quinta-feira (18), verificamos que o isolamento para pacientes de covid-19 internados na emergência da unidade ainda tem falhas. Até aquele dia, as enfermarias de adultos e crianças internados por outras doenças era separada da internação por covid-19 por uma meia parede, que não vai até o teto. E lá se vão mais de 100 dias desde que foi diagnosticado o primeiro caso de covid-19 no Distrito Federal. Hoje, já são 30 mil. Na China, de 23 de janeiro a 3 de fevereiro, foi erguido do nada e entrou em funcionamento o Hospital de Huoshenshan, em Wuhan, com 400 leitos e todo o suporte. O nosso HRL tem 13 leitos e não tem condição de dar assistência a pacientes graves. E não é o único. A condição desse hospital não é muito diferente da das demais unidades de saúde do DF, nas quais os espaços de isolamento e o fluxo de pacientes entre áreas contaminadas e livres do novo coronavírus continuam sendo inadequados. Algumas obras foram feitas para
adaptar espaços, mas nem tudo foi concluído. O próprio hospital de campanha do Estádio Nacional Mané Garrincha teve obras iniciadas em 11 de abril e começou a funcionar em 22 de maio com metade da capacidade. Um projeto com apenas 24 dos 197 leitos com respiradores, apesar de a necessidade de mais desses equipamentos ser patente. Nesse caso, o amadorismo se mostra na elaboração e aprovação do projeto. Amadorismo, improvisação e demora têm sido as marcas na maioria das ações de enfrentamento à pandemia da covid-19 no DF a cargo da Secretaria de Estado de Saúde. Não fosse o isolamento social e o fechamento do comércio decretados precocemente, o esperado colapso do sistema já teria ocorrido. Agora, com a retomada da atividade econômica, não há mais tempo para isso. As adaptações têm de ser concluídas em todas as unidades de saúde – tanto as estruturais para áreas de isolamento e o mapeamento de fluxo de pacientes quanto as ações para capacitar e garantir a segurança
das equipes de profissionais de saúde: treinamento, testagem e fornecimento de material de proteção individual com quantidade e qualidade necessárias. Em todas as unidades de saúde circulam portadores do novo coronavírus, sintomáticos ou não. E todos os hospitais e UPA terão leitos ocupados por pacientes infectados pelo novo coronavírus. Alguns fatos indicam, no entanto, que a máquina da saúde ainda emperra: os testes quinzenais dos profissionais de saúde não estão sendo feitos, apesar de serem previstos em lei; os serviços de limpeza predial das unidades não foram reforçados e até pioraram depois da mudança da empresa que presta o serviço. Os profissionais estão cada vez mais sob pressão, com o aumento dos casos de contaminação (tanto de pacientes quanto entre os trabalhadores de saúde) e remanejamento para atuação sem treinamento em atividades com que não estão habituados. Esse esforço tem de ter contrapartida à altura das autoridades. Os passos primordiais a serem
Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
dados nesse sentido são a conclusão das adaptações pendentes, a regularização do fornecimento dos equipamentos de proteção individual, a cobrança por melhoria nos serviços terceirizados de limpeza, a regularidade na testagem dos profissionais de saúde e o devido ajuste no percentual da gratificação de insalubridade.
Basta de insensatez Júlio Miragaya (*) AGÊNCIA BRASIL
O Brasil deverá fechar esta semana com a triste marca de 1 milhão de pessoas contaminadas e 50 mil mortos pela covid -19. Se consideradas as subnotificações decorrentes da escandalosa subtestagem e dos registros em atraso, estima-se que sejam mais de 2 milhões de contaminados e cerca de 80 mil mortos. Em apenas 3 meses, o que Bolsonaro chamou de gripezinha terá matado o dobro que a gripe espanhola – a pior pandemia do século XX – vitimou, no Brasil, em um ano e
meio, e gerado a mais grave crise econômica da história do País. Embora Bolsonaro negue, este sinistro legado vai, sim, cair em seu colo. Afinal, seu desgoverno deverá responder por três crimes: a) omissão e absoluta falta de articulação intergovernamental no planejamento de ações tempestivas de combate à disseminação do vírus, e pior, estimulou o contágio com a pregação contrária ao isolamento social; b) omissão e falta de planejamento no efetivo apoio a estados e municípios na dotação de equipamentos médico-hospitalares necessários ao socorro à população mais gravemente infectada; e, c) atraso e precariedade na adoção de medidas voltadas para mitigar o impacto econômico decorrente do isolamento social, não
socorrendo de forma efetiva e tempestiva as empresas (notadamente as micro e pequenas), que paralisaram suas atividades, assim como aos trabalhadores formais e informais, obrigados a se afastarem das atividades laborais. Em suma, se o descaso do governo federal no trato da pandemia gerou consequências dramáticas na área da saúde pública. Na área econômica os resultados são igualmente devastadores. Tenho recebido críticas de economistas liberais por ter previsto, há três semanas, que o PIB brasileiro poderia ter queda de até -10% neste ano, sendo que o governo estima a queda em -4,7% e o mercado em -6,25%. Mas as recentes projeções do Banco Mundial (-8,0%) e da OCDE (entre
-7,1% e -9,4%) parecem corroborar com meu prognóstico. Durante toda a pandemia, a atuação de Bolsonaro tem sido marcada pelo descaso e leviandade no trato do problema, mas a gota d’água foi a recente incitação para que seus apoiadores invadissem hospitais para filmar supostos leitos de UTI sem ocupação. Não se trata aqui de duvidar de órgãos de imprensa, de governadores e prefeitos, mas dos profissionais de saúde, que têm colocado suas vidas em risco, e dos próprios pacientes, aumentando o risco de contaminação. É preciso dar um basta a tamanha irresponsabilidade. (*) Ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia
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VIA
Satélites
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Por Lorrane Oliveira
SOBRADINHO II E SANTA MARIA
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Troca-troca nas Administrações REPRODUÇÃO/FACEBOOK
O governador Ibaneis Rocha (MDB) fez duas trocas de administradores regionais na última semana. Em Sobradinho II, sai Alexandre Yanez, da cota pessoal do chefe do Executivo, e entra Osmar Felício, apadrinhado da deputada federal Flávia Arruda (PL). Em Santa Maria, foi exonerada, após 3 meses no cargo, Marileide Alves da Silva Romão, dando lugar a Renato Couto Mendonça. A ex-titular era indicação da distrital Jaqueline Silva (PTB).
Feiras voltam a funcionar Feiras permanentes, livres e populares voltaram a funcionar, na quarta-feira (17), das 9h às 17h. As praças de alimentação com consumo no local permanecem proibidas. A fiscalização será feita pelo GDF e por associações, que devem comunicar às autoridades eventuais irre-
O GDF doou ao Estado de Goiás 8 mil testes de covid-19. A medida vai ajudar no diagnóstico de doentes em Planaltina de Goiás, Cidade Ocidental, Novo Gama e Valparaíso, todas no Entorno de Brasília. A aplicação
gularidades e descumprimentos das determinações. Entre as regras estão a obrigatoriedade de garantir a distância mínima de 2 metros entre as pessoas, fornecer álcool em gel, uso de máscara, medição de temperatura e afastar do trabalho os funcionários do grupo de risco da covid-19.
dos testes será coordenada pelos próprios municípios. Segundo o secretário de Saúde, Francisco Araújo, a ação faz parte do acordo de cooperação firmado, em maio, com o Estado de Goiás no mês passado.
Fernando Leite assume a Novacap mir novo cargo no GDF. Yanez foi candidato a distrital pelo PP, em 2018, e teve 4,5 mil votos. Antes, foi administrador de Sobradinho e da Fercal.
Visitas da Vigilância Ambiental Sobradinho II e Santa Maria receberam equipes do Sanear Dengue. Na segunda-feira (15), o trabalho foi em cinco quadras de Buritizinho, Vale do Sol e Condomínio Mansões Sobradinho. Na terça (16), a operação ocorreu em oito quadras de Santa Maria. Ao todo, foram visitados 2.207
DISTRITO FEDERAL
GDF doa testes de covid-19 ao Entorno
SAUDADE – Alexandre Yanez resolveu se despedir usando as redes sociais. E mostrou que vai deixar saudades. Os posts no Instagram e no Facebook receberam mais de 400 comentários, quase todos parabenizando pelo trabalho executado desde o início da gestão Ibaneis. PRESTÍGIO – O monitoramento de redes sociais do Buriti detectou o prestígio do ex-administrador, o que o credencia a assu-
Kartódromo do Guará – O deputado Rodrigo Delmasso (Republicanos) anunciou a reabertura temporária do espaço para treinamento de pilotos. O distrital defendeu ainda a revitalização do local, afirmando que a licitação para a Parceria Público Privada (PPP) sairá ainda este ano. O objetivo é entregar estrutura de qualidade à comunidade. Serão duas parcerias distintas, uma para o Kartódromo e outra para o Centro Vivencial e Esportivo do Guará (Cave)
imóveis. O Sanear é coordenado pela Diretoria de Vigilância Ambiental e suas ações são focadas nas localidades com mais casos de dengue. São utilizadas armadilhas para o mosquito, aplicação de fumacê, aplicação de solução na água, recolhimento de lixo e inservíveis.
Ex-titular da Secretaria Executiva das Cidades assumiu, terça-feira (16), a presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Fernando Leite substitui o advogado Cândido Teles, que agora está à frente da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
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JOEL RODRIGUES/AGÊNCIA BRASÍLIA
CEILÂNDIA
CLDF aprova nova área habitacional e comercial O projeto de autoria do Executivo determina a desafetação de área pública na via NM3 – ao longo dos setores M e N da cidade. Os 51 novos lotes da Terracap são de uso misto (residencial
e/ou comercial. Os terrenos poderão ser revendidos pela iniciativa privada. Também estão previstos seis lotes para implantação de equipamentos públicos e para esporte e lazer.
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Caesb faz doação de sabão e sabonetes FOTOS: REPRODUÇÃO/CAESB
Ação da campanha de solidariedade da empresa distribui 8 mil itens para 1.500 moradores de Ceilândia A campanha de solidariedade e de prevenção ao novo coronavírus promovida pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) distribuiu mais 8 mil sabonetes e barras de sabão para famílias de Ceilândia que têm filhos inscritos no Projeto Golfinho, uma iniciativa social coordenada da empresa. A ação, de sexta-feira (19), foi a segunda entrega que a Caesb fez em junho. Na primeira, dia 4, 12 mil sabonetes e barras de sabão foram entregues para famílias de 250 crianças e adolescentes do Itapoã e do Paranoá. esta segunda etapa, 200 jovens moradores da Ceilândia foram contemplados. Incluindo os familiares, o benefício alcançou pelo menos 1,5 mil pessoas. Os kits individuais são compostos por 12 unidades de sabonete e cinco barras de sabão. Os itens de higiene pessoal estão sendo arrecadados desde 5 de maio, quando a Caesb lançou a ação e anunciou que passaria a receber doações para destinar às mais de 450 crianças e adolescentes inscritos no Projeto Golfinho, com idades entre 6 e 16 anos. DOADORES – Entre os doadores estão os próprios empregados e aposentados da Caesb, associados da Caesb Esportiva e Social (Caeso), equipes do Parque Tecnológico de Brasília (Biotic) e da Secretaria de Comunicação do GDF, que se uniram à campanha e viraram pontos de coleta dos itens.
Projeto Golfinho promove inclusão social Por prestar um serviço essencial à população, como o fornecimento de água de qualidade e o tratamento de esgoto, a Caesb não paralisou as suas atividades, mas precisou suspender alguns serviços. Um deles foi o Projeto Golfinho, no qual os jovens têm aulas de natação, futebol e jogos lúdicos e recebem apoio pedagógico para atividades escolares, além de aprenderem sobre educação ambiental. Com as regras de isolamento social, as crianças e os adolescentes precisam ficar em casa. Mas Caesb entende que a higiene pessoal deve ser reforçada como uma forma de prevenção à covid-19.
Companhia já fez duas doações, em junho, para família de crianças inscritas no Projeto Golfinho
Também aderiram à campanha as empresárias Heloísa Helena e Pollyana Prudente, a Drogaria Brasil, o servidor do TJDFT, Michael Xavier, a Mirante Incorporações, o Shopping DF Plaza, psicólogos e neurocientistas da HeartBrain, além de advogados e pessoas anônimas que deixam suas doações nos pontos de coleta. A Caesb atingiu a meta inicial de arrecadar 20 mil itens de higiene pessoal, mas a campanha continua para que outras famílias em situação de vulnerabilidade social recebam os itens de higiene. Quem quiser colaborar deve procurar as portarias das unida-
Onde entregar doações • Sede da Caesb – Av. Sibipiruna/Águas Claras • Unidade da Caesb no SIA Trecho 1
des da Caesb Sede e SIA, a Secom do GDF, no Palácio do Buriti, a sede do Biotic ou o Shopping DF Plaza. Quem não puder levar a doação até um dos pontos, pode entrar em contato com a Assessoria de Comunicação da Caesb pelo número 3213-7117 ou pelo e-mail ascom@caesb.df.gov.br.
• Secom do GDF (Palácio do Buriti, Térreo) • Biotic (Parque Tecnológico de Brasília, edifício de Governança, Bloco “B”, entre o Parque Nacional e a Granja do Torto) • Shopping DF Plaza (Águas Claras)
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Pandemia do novo coronavírus revela a importância do SUS Defendê-lo é exigir a revogação da EC 95/2016 para que ele possa ser qualificado a atender os mais de 140 milhões de brasileiros que o utilizam A pandemia do novo coronavírus começou na China e se espalhou por 196 países. Dados da Universidade John Hopkins, da manhã de quinta-feira (18), mostravam que a covid-19 já havia matado 450.137 pessoas e contaminado 8.383.277 no mundo. No Brasil, o combate é vergonhoso. O Presidente da República adotou o negacionismo para refutar a importância da pandemia, chamando-a de “gripezinha”. Esse foi o jeito que ele encontrou para não estabelecer um projeto coordenado entre União, estados e municípios para, de fato, enfrentar a crise sanitária. A “gripezinha” foi a jogada para não revogar a Emenda Constitucional (EC) nº 95/2016, não investir dinheiro público no Sistema Único de Saúde (SUS) e não assegurar a vida de milhões de desempregados para garantir o isolamento social.
Hoje, em pleno pico da pandemia, o Brasil está sem ministro de Saúde. Dois ministros saíram do cargo por divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre o encaminhamento do combate à covid-19, que segue com sua necropolítica de diminuir a importância da crise. A gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro é um desastre. Só não está pior por causa de governadores que têm promovido algum controle. A despeito da brutal subnotificação pela falta de testes, o Brasil registrou, no início da tarde de quinta (18), 955.377 casos confirmados e 47 mil mortes. Cientistas dizem que o número real de mortes por covid-19 ultrapassa 80 mil óbitos e afirmam que a pandemia está em franca expansão. IMPORTÂNCIA DO SUS – Só não está
pior por causa do SUS. Apesar do desinvestimento promovido pela EC 95/2016, o SUS resiste e tem salvado milhares de vidas afetadas pela covid-19. Muita gente que o desconsiderava, passou a reconhecê-lo. Mas ninguém cogitou revogar as medidas de restrição de recursos para a saúde. Só em 2019, a EC 95/16 causou um prejuízo de R$ 20 bilhões ao SUS. O Conselho Nacional de Saúde estima que, nos 20 anos de congelamento, o prejuízo para o SUS será da ordem de R$ 400 bilhões. A EC 95 reduziu a participação da saúde no PIB de 15,77% para 13,54%. Pode parecer um recuo pequeno, mas não é, porque a população cresce, e a contrapartida é a redução dos investimentos em saúde pública. Defender o SUS, hoje, é exigir a revogação da EC 95/2016 para que ele possa ser qualificado a atender os mais de 140 milhões de bra-
sileiros que o utilizam e às centenas de doenças que o povo enfrenta. Só o SUS faz frente à prevenção e à promoção de saúde no País. Dentre outros atendimentos, ele é o único responsável pelo Programa Nacional de Imunização, um dos mais importantes do mundo. Único local do País que atende vítimas de bichos peçonhentos e que promove a atenção primária da saúde, que o governo Bolsonaro tem desmontado. O que se assiste é a substituição dos princípios do SUS para uma visão hospitalocêntrica, em vez da promoção e defesa da saúde da população com um sistema de prevenção forte e eficiente.
Troca-troca no GDF Lorrane de Oliveira O governador Ibaneis Rocha (MDB) também trocou o titular da Educação. No GDF, entretanto, o motivo da substituição não foi político. João Pedro Ferraz alegou motivos pessoais e pediu para sair da secretaria. Ele deu lugar a Leandro Cruz (foto), ex-secretário de Esportes e Lazer. A primeira opção do governador, no entanto, era a advogada Carolina Petrarca. Ela administra a rede de restaurantes da família e é sócia de Gabriela Rollemberg, filha do escritório de advocacia da filha do antecessor do emedebista, Rodrigo Rollemberg (PSB).
As trocas não pararam por aí. Valdetário Monteiro foi exonerado da chefia da Casa Civil, dando lugar a Gustavo Rocha, ex-ministro dos Direitos Humanos do governo Michel Temer (MDB). Na segunda-feira (15), Ibaneis exonerou o subcomandante da Polícia Militar, Sérgio Luiz Ferreira de Souza, após inação da corporação contra foguetório em direção ao Supremo Tribunal Federal no fim de semana passado. ADMINISTRAÇÕES — No Jardim Botânico, o ex-administrador João Carlos Couto (indicado pelo ex-deputado distrital Raimundo Ribeiro) foi substituído por
Antônio de Pádua Amorim, apadrinhado pelo distrital Martins Machado (Republicanos). Foi a quinta troca de administradores regionais em 6 dias. Antes, o governador já havia nomeado Marcus Cotrim para a Administração de Itapoã. Ele é do grupo do ex-governador José Roberto Arruda. Em 12 de junho, Célio Rodrigues, ligado ao líder do governo na CLDF, Cláudio Abrantes (PDT), assumiu em Planaltina. Na terça (16), Renato Couto Mendonça foi indicado por Jaqueline Silva (PTB) para Santa Maria. (Leia mais sobre mudanças em Administrações Regionais em Via Satélites, na página 11)
AGENCIA BRASILIA
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Festival de Cinema pode ter audiodescrição
“A favor de tudo que o representa inclusão”
Formato favorece compreensão dos filmes por pessoas com deficiência auditiva ou visual
Bartô é “a favor de tudo o que representa inclusão”. Por isso, admite incluir a audiodescrição no festival 2020. Pondera, apenas, que o orçamento de R$ 2 milhões é muito pequeno – o GDF reduziu em R$ 1 milhão a previsão do investimento em razão do contingenciamento para o combate à pandemia do novo coronavírus. Também será necessário verificar a adaptação da audiodescrição às plataformas de streaming NetFlix e Amazon, pelas quais os filmes deverão ser exibidos (já está decidido que não haverá projeções nos cinemas). “Se os custos puderem ser cobertos pelo orçamento e a tecnologia estiver a nosso alcance, não há por que não adotarmos”, diz o secretário. A data do festival está em aberto até mesmo por questões meteorológicas. “Dezembro é período de chuvas. E assistir filmes de dentro do carro no Cine Drive-In com parabrisa ligado não é fácil”, brinca Bartô.
Orlando Pontes O 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, confirmado pelo governador Ibaneis Rocha para o fim do ano – outubro, novembro ou dezembro –, pode trazer de volta uma conquista para portadores de deficiência visual e/ou auditiva: a audiodescrição dos filmes. A “tradução” para cegos e surdos seria nos filmes das Mostras Competitiva (produção nacional) e Brasília (produção local, patrocinada pela Câmara Legislativa). A possibilidade foi admitida ao Brasília Capital pelo secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, o Bartô. A única vez que isso ocorreu foi na 40ª edição, em 2007. “Seria um
resgate histórico”, comemora o secretário de Cultura da época, Silvestre Gorgulho. Naquele ano, a “tradução” dos filmes para cegos e surdos foi coordenada pela professora Dolores Tomé, com produção do DJ Édson Santana. “Foi um trabalho fundamental para a inclusão dessas pessoas num dos maiores eventos culturais da cidade. E serviu de exemplo para o Brasil e até para outros países”, recorda Dolores. “Acessibilidade é condição
para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços e equipamentos urbanos, dos serviços de transportes e dos meios de comunicação por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. A cultura Inclusiva é um conjunto de práticas baseadas na valorização da diversidade humana, no respeito às diferenças individuais e na convivência harmoniosa em todas as etapas do processo de aprendizagem cultural”, diz ela.
Cego é quem não quer ver Gorgulho comemora a possível recriação de uma ideia surgida em sua gestão. “Foi quando aprendi uma velha lição: só é cego quem não quer ver. Essa história, há 13 anos, mudou minha vida. O exemplo de Brasília despertou a importância da acessibilidade para cegos e surdos nos cinemas e a própria produção cinematográfica”.
Antes do festival, ele foi provocado pela flautista Dolores Tomé, então coordenadora do Núcleo de Inclusão Cultural e Social da secretaria, dizendo que os cegos queriam participar do festival. Os testes para desenvolver a tecnologia da audiodescrição, no Cine Brasília, tiveram a ajuda do então presiden-
Entregamos em Domicílo ou Retire seu pedido
te da Associação Brasiliense dos Deficientes Visuais, César Achkar. A audiodescrição funcionou como legenda oculta, descrevendo as cenas no momento em que não coincidiam com a fala dos personagens, e legenda em português, fora da tela principal, para os surdos. Dolores acredita que a volta
da audiodescrição ao festival será importante para o próprio GDF. “A missão do governo é contribuir para que a pessoa possa realizar seu desenvolvimento como indivíduo e exercer a cidadania. Isso inclui facilitar o acesso a todos a lugares culturais. E por que não no Festival de Cinema?”.
202 Sul
Taguatinga Norte
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NUTRIÇÃO
Caroline Romeiro Como ficam as práticas profissionais nos cursos da saúde durante a pandemia? MEC flexibiliza estágios presenciais. Conselhos profissionais são contrários às práticas remotas Imagine você, leitor, sabendo que o seu nutricionista, fisioterapeuta, enfermeiro, profissional de educação física, médico, psicólogo, entre ou-
tros profissionais – especialmente aqui me refiro aos da saúde – não realizaram as práticas presenciais de estágio, uma etapa fundamental para
ESPÍRITA
José Matos Amargura, amor cura Se você não acredita que é capaz e não desliga das chatices da vida, sempre lastimando, vai se amargurar É possível alguém passar por muito sofrimento, principalmente na infância, superar, tornar-se uma pessoa amorosa e ser capaz de ajudar outros em situação idêntica? Sim, esse é o objetivo da Logoterapia, criada pelo dr. Victor Frankl, ex-prisioneiro de campo de concentração nazista que a expôs no
TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA
seu livro “Em busca de sentido”. De modo semelhante, Louise Hay, no livro “Você pode curar sua vida”, narra todo sofrimento que passou na infância, a superação e as técnicas de libertação. A verdade é que o ser humano é capaz, desde que não entre na onda de vítima, de coitadismo e queixa.
a formação desses trabalhadores. Você confiaria a sua vida e sua saúde a eles? Pois bem. O que está acontecendo no Brasil, neste momento, é que o Ministério da Educação está flexibilizando algumas das práticas profissionais. E a escolha por validar atividades remotas, como práticas profissionais, ou não, está nas mãos das instituições de ensino superior. A esmagadora maioria dos conselhos profissionais são contra a realização de práticas de estágio de forma remota. Mas, ainda assim, algumas instituições já estão realizando essas atividades práticas remotamente. O Conselho Federal de Nutricionistas e o Conselho Regional (CRN1), os quais conheço de perto, opõem-se a essa prática.
Se você é estudante ou pai de estudante da área da saúde, não deixe que isso aconteça! Como cidadão, brigue por seus direitos e exija que o seu estágio para a conclusão do seu curso seja realizado, presencialmente, quando isso voltar a ser possível e seguro. Para os que estão usando a desculpa de que o CFN liberou os atendimentos online pelos nutricionistas, entendam que isso não vale para os estudantes. A sociedade deve exigir a garantia da execução adequada dessa etapa fundamental da formação profissional. Não seja omisso!
É a queixa constante que o faz se tornar revoltado, desanimado, e se manter no estado de amargura. Qualquer situação de sofrimento que ocorreu, naturalmente, isto é, sem a pessoa ter buscado, faz parte do propósito. Contudo, se você não acredita que é capaz e não desliga das chatices da vida, sempre lastimando, vai se amargurar. Amargura, amor cura! Quanto mais revolta, inconformação e desespero diante das dificuldades e acontecimentos, mais necessidade de sabedoria. Calma! Resolva! Peça ajuda ou administre da melhor forma e desligue. As chatices da vida acontecem por necessidade do seu carma e dharma para você se tornar melhor, mais maduro, mais sábio. Pense no que ela quer lhe ensinar. Aprenda e ajude outros a atravessar situação idêntica. Na economia da vida, tudo deve ser aproveitado. Viver é topar em pedras e tirá-las para que
outros não topem. Desta vida, você só leva o bem-feito, as boas lembranças, o conhecimento. Não seja mais um arrependido no fim da vida: “Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu queria, não a vida que os outros queriam que eu vivesse. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos; de ter ficado mais com meus amigos; de ter me permitido ser mais feliz”. “A vida não deve ser tão somente envelhecer; deve ser crescer. Então, a compaixão surge. Você se torna uma bênção para o mundo. Quando a alegria de outra pessoa for a sua alegria, você terá entendido o significado de amar”. No fim, na hora da morte, a sua vida passará como um filme. Que você possa rir.
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
José Matos Professor e palestrante
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TV Comunitária de Brasília DF
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Respeitem os vovôs DIVULGAÇÃO/NETFLU
Botafogo e Fluminense se unem contra autorização da Prefeitura e da Federação do Rio para volta dos jogos Gustavo Pontes
campeonato. Flamengo e Bangu disputaram Três pontos na Taça Rio enquanto ao lado do estádio vazio um hospital de campanha estava lotado de pessoas lutando pela vida – duas foram a óbito, ali, na última semana. O estadual, que há muitos anos é tachado de esvaziado, torna-se agora um adversário das recomendações sanitárias de isolamento social para evitar a propagação da covid-19. Sem a presença de público e sem transmissão pela TV.
O Campeonato Carioca foi a primeira competição a ser reiniciada no Brasil após a suspensão dos jogos devido à pandemia do novo coronavírus. Flamengo e Bangu se enfrentaram, quinta-feira (18), no Maracanã (vitória do rubro-negro por 3 a 0), apenas 15 dias após o dia com maior número de mortes no Rio de Janeiro. O Flamengo havia voltado a treinar em seu CT antes da autorização
PELO MUNDO – Após a redução do número de novos casos de covid-19, Espanha, Itália e Inglaterra retomaram seus campeonatos nacionais, seguindo protocolos de segurança e sem público nos estádios. Os campeonatos espanhol e inglês esperaram 69 dias após o pico da doença para retornarem, enquanto o italiano retomou seus jogos 76 dias depois do pico da pandemia no país.
das autoridades e pressionou a FERJ para que a competição recomeçasse o quanto antes. O rubro-negro propõe que isso seja feito seguindo protocolos de saúde. O Vasco e os clubes pequenos concordaram. FUTEBOL E MORTES – Botafogo e Fluminense, os clubes mais antigos
inscritos na Federação, já anunciaram que não entrarão em campo na segunda-feira (22). Ambos retornaram aos treinos, na sexta-feira (19), e só aceitam jogar a partir de julho. Mas a união dos “vovôs” foi insuficiente. Na semana em que completou 70 anos, o Maracanã recebeu o primeiro jogo desde a suspensão do
MP muda direitos de transmissão O presidente Jair Bolsonaro assinou, quinta-feira (18), uma Medida Provisória que muda a configuração dos direitos de transmissão do futebol brasileiro. Anteriormente, para uma emissora transmitir uma parti-
da, era necessário entrar em acordo com as duas equipes envolvidas. A partir de agora, basta fechar contrato com o clube mandante para ter autonomia para transmitir os jogos em suas próprias platafor-
Candangão
mas ou em seu canal do YouTube, por exemplo. Além disso, a MP 984 ainda diz que, em caso de indefinição quanto ao mandante do jogo, a exibição será realizada mediante acordo com as duas agremiações.
Outra mudança é o repasse de 5% do valor da receita dos direitos de transmissão, diretamente, aos jogadores que participarem da partida, sem a mediação do sindicato dos atletas, como era feito antes (GP).
RICARDO BOTELHO
Real Brasília inicia testagem de atletas O Real Brasília foi o segundo time do Distrito Federal, após o Brasiliense, a se reapresentar para realizar exames em seus atletas. Na quarta-feira (17), os primeiros testes foram feitos em membros da diretoria, comissão técnica e alguns jogadores que estão alojados no Centro de Treinamentos do clube.
Já classificado para a próxima fase para enfrentar o Capital, o Leão do Planalto terá de entrar em campo antes para uma partida pendente da fase de grupos contra o Gama. O jogo poderá mudar o caminho do alviverde, que, em caso de derrota, perderá a liderança para o Brasiliense. (GP)
O Real Brasília foi o segundo time do Distrito Federal a reapresentar os exames