Jornal Brasília Capital 445

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DF pode amenizar ou agudizar antigas angústias em 2020. Depende das escolhas do governo Chico Sant’Anna - Páginas 8 e 9

Ano IX - 445

Brasília, 28 de dezembro de 2019 a 3 de janeiro de 2020

Érika Kokay, estudantes e sindicalistas acionam Weintraub na Justiça

População reprova primeiro ano do governo Bolsonaro

Ônibus com portas dos dois lados começam a rodar na EPTG dia 1º

Os homens que não amam as mulheres é destaque em triologia

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Ray Cunha - Página 12

Brasiliense já usa energia limpa na rede da CEB DIVULGAÇÃO

LORRANE OLIVEIRA/BSB CAPITAL

Usina fotovoltaica da Organizações PaulOOctavio, em São Sebastião, produz 3 MW/mês tendo o Sol como fonte energética. “É o começo de uma longa caminhada”, diz o idealizador, Felipe Octávio (foto) Páginas 6 e 7

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Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 28 de dezembro de 2019 a 3 de janeiro de 2020 - bsbcapital.com.br

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Sindicalistas e estudantes representam contra Weintraub Pollyana Villarrreal A deputada federal Érika Kokay (PT-DF), sindicalistas da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) e do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) e lideranças do movimento estudantil do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães entraram com várias representações contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por “declarações caluniosas contra a UnB”. Nas ações, os impetrantes classificam de “levianas e caluniosas” as declarações dirigidas à UnB. O ministro afirmou, em entrevista à imprensa e na Comissão de Educação da Câmara, que havia “plantações de maconha” na universidade. Ao Supremo Tribunal Federal, Érika Kokay e as entidades pedem que, no prazo legal, o ministro responda sobre as acusações contra professores, servidores e estudantes, detalhe quais são as universidades que “plantam maconha” e

JÚLIO PONTESBSB CAPITAL

Kokay e comunidade acadêmica acusam ministro de caluniosas contra a UnB

se ele dispõe de provas para sustentar tais declarações. Ao Ministério Público Federal (MPF) o grupo pede a abertura de investigação criminal com objetivo de apurar as condutas do ministro, além da abertura de procedimentos civis e administrativos para responsabilizar Weintraub por improbida-

de administrativa. À Comissão de Ética da Presidência da República, solicitam apuração sobre as declarações e a exoneração de Weintraub do cargo. “O ministro não tem condições de permanecer no cargo”, sustenta a deputada federal. TCU – Kokay apresentou, ainda, um requerimento de informações para que o Ministério da Educação (MEC) responda acerca de agenda de Weintraub com o ministro Walton Alencar, do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo denúncias, Weintraub estaria agindo para que as contas da reitora Márcia Abrahão fossem rejeitadas, em contrariedade aos pareceres da Secretaria de Fiscalização da Educação e do Ministério Público do TCU, que pedem a aprovação das contas. No requerimento, a parlamentar questiona sobre o assunto tratado na reunião e se o ministro nega que tenha ido solicitar a reprovação das contas da UnB. A recusa das respostas por configurar crime de responsabilidade.


Brasília Capital n Política n 3 n Brasília, 28 de dezembro de 2019 a 3 de janeiro de 2020 - bsbcapital.com.br

OPERAÇÃO RODOVIDAS – Quem pegou a estrada no fim de semana que antecedeu o Natal percebeu o aumento da presença da Polícia Rodoviária Federal. Foi lançada, dia 20, a Operação Rodovidas. A meta é reduzir o número de acidentes em relação ao ano passado. Em 2018, a PRF registrou 183 acidentes nesse período, 65% a menos do que em 2011, quando foi lançada a primeira edição da Rodovida. A iniciativa, em parceria com estados, municípios e o Denatran, envolve ações educativas e de fiscalização e vai até o dia 1º de março em todo o País.

Bolsonaro é reprovado por 53% dos brasileiros PIOR RESULTADO – É o pior resultado de Bolsonaro nos quatro levantamentos realizados pelo instituto em 2019. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e realizada de 5 a 8 de dezembro, antes de as investigações contra o filho mais velho, senador

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A forma de governar de Jair Bolsonaro é reprovada por 53% da população, segundo a última pesquisa do Ibope no ano. O levantamento revela que 41% aprovam a maneira que o presidente vem conduzindo o País. Seis por cento não sabe ou não responderam.

Flávio (Sem Partido-RJ), voltarem ao noticiário. SATISFAÇÃO – O Ibope mediu também a satisfação da população com o governo: 29% consideram ótimo ou bom; 31% regular; 38%, ruim ou péssimo; e, 3%, não soube ou não respondeu à pergunta.

CONFIANÇA – Mais da metade da população disse não confiar em Bolsonaro – 56% – contra 41% que disseram acreditar nele. Na comparação com a pesquisa de setembro, os três indicadores de popularidade oscilaram para baixo, dentro da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais.

CHARGE

A Fecomércio DF investiu R$ 7 milhões na iluminação da Torre de TV, a maior árvore de Natal do País. Os recursos foram captados via Lei Rouanet de incentivo à cultura. O presidente da entidade, Francisco Maia, acredita que o aquecimento das vendas aumentará em R$ 15 milhões o faturamento do comércio durante o Natal. No período, as lojas contrataram mais de 1 mil trabalhadores. 500 mil pessoas devem visitar a Torre de 8 de dezembro a 6 de janeiro, quando a estrutura será desmontada.

Révellion do barulho

Gabinete barato A deputada Júlia Lucy (Novo) reuniu apoiadores e lideranças empresariais num jantar de prestação de contas do mandato. Ela destacou que seu gabinete não utiliza verba indenizatória, cota postal e que reduziu 50% da verba para contratação de assessores, economizando R$ 1,6 milhão em 2019. “É o gabinete mais econômico da Câmara Legislativa”, ressaltou. Atenderam ao convite da distrital para o encontro no Restaurante Oliver, entre outros, os presidentes da Fecomércio, Francisco Maia; da Fibra, Jamal Bittar; da ACDF, Fernando Brites; do Sebrae, Valdir Oliveira; e do Sindhobar, Jael Silva.

Árvore de R$ 7 milhões

Detran converte multa em advertência Mais de 22 mil condutores que cometeram, em 2019, apenas uma infração leve ou média poderão converter a multa em advertência. A conversão pode ser feita no Portal de Serviços do

Detran-DF e está prevista no artigo 267 do Código de Trânsito Brasileiro. ARRECADAÇÃO – Com isso, o Detran abriu mão de arrecadar R$ 2.9 milhões relativaos a 22.329 in-

frações. “Isso demonstra que o nosso objetivo é trabalhar com eficiência em todas as frentes: Educação, engenharia, fiscalização e atendimento ao público”, afirma o diretor-geral, Alírio Neto.

A Lava Jato não só implodiu a construtora, mas também a família Odebrecht. Após a demissão de Marcelo, o patriarca Emílio rachou de vez o clã. A esposa, Regina, não sabe se comemora a chegada de 2020 com o marido ou com o primogênito. Mesmo afastado da função executiva desde 2015, quando foi preso, Marcelo continuava na Folha de Pagamentos, tinha motorista e advogado por conta da empresa. Desde que foi solto, após fazer delação premiada, ele tinha como meta destruir o pai, o cunhado Maurício Ferro e outros executivos que responsabiliza pela derrocada da construtora.


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A reforma previdenciária produzirá incapazes para o trabalho Com a extensão do período de atividade laboral, parte dos trabalhadores não chegará ao fim da carreira

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A reforma da Previdência é uma realidade para os servidores públicos federais e trabalhadores da iniciativa privada. Com a extensão do período de atividade laboral, é seguro dizer que boa parte do contingente de trabalhadores submetidos às novas regras não vai chegar ao fim de carreira. Muitos vão ficar pelo caminho, incapazes de continuar trabalhando e com ganhos reduzidos devido ao modelo de cálculo estabelecido pelas novas regras. Pode-se aduzir outros efeitos em cascata a partir daí. O tema da aposentadoria é uma das pautas da agenda sindical e, inclusive, a previdência complementar dos servidores públicos do DF será objeto de uma palestra no Sindicato dos Médicos no dia 22 de janeiro. Retomando a questão da reforma, vamos analisar um aspecto relacionado à área da saúde: Plano

de saúde para o idoso é caro e vai se tornar inacessível para uma parcela significativa dos aposentados. Boa parte das operadoras de planos pode quebrar, prejudicando também quem tem condição de pagar. O Sistema Único de Saúde (SUS), que já sofre com baixo financiamento, ficará ainda mais sobrecarregado e demandará investimentos maiores. Adequações serão necessárias. No Chile, onde a reforma foi feita na década de 1980, para manter um padrão de vida aceitável, uma multidão de aposentados assume novos empregos ou passa a desenvolver atividades remuneradas informais. Sobre a informalidade, o jornal O Estado de S. Paulo publicou a seguinte manchete em novembro deste ano: “Emprego informal derruba produtividade da economia brasileira”. A questão da empregabilidade

Governo federal extingue 27,5 mil cargos efetivos Apesar de a aprovação da reforma administrativa ter sido adiada para 2020 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo Jair Bolsonaro iniciou uma reforma à revelia do Congresso Nacional. Extinguiu mais de 27.500 cargos efetivos do Executivo com a justificativa de organizar as carreiras do funcionalismo. Pelo Decreto nº 10.185, publicado no Diário Oficial da União de 20/12, serão extintos os cargos de mateiro, discotecário, técnico de móveis e esquadrias, locutor e seringueiro. Em nota à imprensa, o Ministério da Economia informou

que analisou cerca de 500 mil cargos para “identificar quais não são mais condizentes com a realidade federal”. Declarou que “o objetivo é evitar contratações desnecessárias e desperdício de recursos, pois são cargos obsoletos e funções que não devem mais ser repostas”. Na nota, o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Wagner Lenhart, diz que o órgão mais impactado pela medida será o Ministério da Saúde, que terá redução de 22.476 funções, o que representa cerca de 81% do total dos cargos extintos. Serão extintas 10.661 vagas de Agentes de Saúde Pública.

após os 50 anos ganha novo vulto com a perspectiva de aposentadoria tardia. Pesquisa da consultoria Robert Half comentada em matéria do Correio Braziliense, em outubro, mostra que 69% das empresas não contrataram trabalhadores acima dessa idade motivadas por valor do salário, pouca flexibilidade, desatualização, risco de ampliação de conflitos entre gerações, apesar de estar havendo um aumento na procura de vagas de emprego por pessoas nessa faixa etária. Poderíamos seguir elencando outros tantos aspectos da repercussão dessa reforma, que me evoca a imagem de uma cebola colossal, com camadas intermináveis. Individualmente, podemos nos preparar, recorrendo a planos privados de previdência, desenvolvendo a cultura da poupança ou aprendendo sobre investimentos – ressalto que a

Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

previdência complementar tem que ser feita a partir da juventude. No âmbito grupal, resta-nos considerar desenvolver padrões de convivência mais solidários e evoluir na cultura do compartilhamento. O fato é que cada um de nós e o conjunto da sociedade estamos diante de um desafio e temos de aplicar toda a nossa criatividade e empenho para garantir que, daqui a 30 anos, não estejamos repetindo a atual crise chilena.

Embrapa vai vender 106 mil ha destinados à pesquisa Estrangulada pela EC nº 95/2016 e pela falta de investimentos do Estado, a Embrapa anuncia a venda de 106 mil ha em terras, todos destinados à pesquisa. O presidente, Luiz Celso Moretti, disse que a empresa precisa do dinheiro para “continuar conduzindo com eficiência” suas pesquisas. A redução da empresa será aprofundada em 2020. Até junho deverá ter concluído o programa de demissão incentivada, que teve a adesão de 1,3 mil servidores, cerca de 12% do quadro. Com a redução de 9,5 mil para 8,2 mil servidores, o novo desafio é redistribuir esse pessoal na sede e nos 43 centros de pesquisa.

A terceirização também está nos planos. A maior adesão ao PDI foi de trabalhadores rurais que montavam experimentos, como tratorista e operadores de máquinas. Muitos tinham de 35 a 40 anos de serviços. Moretti diz que é mais interessante terceirizar essa mão de obra por meio de uma cooperativa de trabalho e contratar pessoas para cumprirem tarefas mais simples, mais braçais. Em Brasília, que tem quatro centros de pesquisa, a ideia é realocar servidores nesses centros. Na Sede Hortaliças, dos 1,3 mil ha, são usados para pesquisa algo 300 ha. Os outros 1 mil ha são reserva de mata.


2019. Um ano de ação.

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99532-1873

Dr. Arthur Moreira

UPA Núcleo Bandeirante

Todas as UPAs e 18 hospitais reformados. Maria da Conceição Dona de casa

2019 foi um ano de muito trabalho na Saúde. Além de reformar todas as UPAs e 18 hospitais públicos, o GDF contratou 4 mil novos profissionais, comprou equipamentos hospitalares e está transformando o Hospital Regional de Taguatinga em um hospital de referência. Pouco a pouco, a Saúde no DF está começando a melhorar. Até porque vêm aí mais sete UPAs e dois novos hospitais.

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Uma luz limpa no fim Usina fotovoltaica, em São Sebastião, é o primeiro passo rumo ao uso do sol como fonte energética no DF Orlando Pontes Há uma ínfima possibilidade de a lâmpada que ilumina o ambiente em que você esteja lendo esta matéria, ou o computador no qual acessou o site ou as redes sociais do Brasília Capital, estejam conectados a uma rede da Companhia Energética de Brasília (CEB) abastecida pela energia fotovoltaica produzida pela usina de energia solar, inaugurada em novembro, em São Sebastião, pelas Organizações Paulo Octavio (OPO). A usina entrega três Mega Watts à CEB desde 1º de dezembro. Isso equivale, segundo Felipe Octavio Kubitschek, 28 anos, criador e executor do empreendimento das Organizações Paulo Octavio, “numa conta de padaria”, a 0,08% dos 3.730 MW que a estatal distribui, mensalmente, a todo o DF, de energia hidrelé-

trica produzida em Furnas. Embora o percentual ainda seja mínimo, o jovem empresário acredita que este será o caminho para a capital da República chegar, em alguns anos, ao patamar de autossustentação com o uso exclusivo de energia limpa, produzida a partir da captação da luminosidade solar natural do Centro-Oeste brasileiro. “Todo mundo admira o céu de Brasília. Inclusive eu, que sempre achei este céu algo fenomenal. Paralelamente a isso, sempre achei fascinante a ideia de poder captar a energia do sol”, conta. Segundo Felipe Octavio, no início, a ideia era muito futurista e havia o impeditivo de ele não ser engenheiro e, sim, estudante de Economia. “Só quando terminei o curso e voltei para o Brasil, me aprofundei no assunto. E, finalmente, executamos a obra”.

As nove mil placas ocupam três lotes de 20.000m2: “É apenas o primeiro investimento das Organizações Paulo Octávio nesse ramo”, diz Felipe Octávio

Sustentável e barato O projeto da OPO é inicial e implanta energia limpa em prédios comerciais de Brasília com o objetivo de fornecer um modelo sustentável de eletricidade e de reduzir o valor das contas de luz. “A ideia de realizar esse projeto surgiu quando eu ainda era estudante e li uma matéria

na IstoÉ acerca de um estudo da Universidade de Brasília sobre o imenso potencial do DF para a fotovoltagem“, conta Felipe Octávio. Segundo ele, a usina de São Sebastião é a primeira de muitas que a OPO pretende instalar no DF. Para produzir os 3 MW/

mês, foram instaladas nove mil placas, distribuídas em três terrenos planos de 20 mil metros quadrados, cada um. A energia produzida lá é suficiente para abastecer 2.800 residências. “Cada Megawatt atende 933 residências, mas nossa ideia é usar esses 3 MW em prédios

comerciais. Temos muitos prédios comerciais na cidade e a gente quer reduzir nossa despesa com energia, de preferência com energia limpa. Queremos investir em uma forma de energia sustentável. O mundo precisa buscar coisas mais sustentáveis”, afirma Felipe.


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m do túnel

Distribuição feita pela CEB A distribuição da energia produzida na usina fotovoltaica da OPO é feita por meio da infraestrutura da CEB. A unidade de São Sebastião produz, joga na rede da CEB e, no fim do mês, a estatal abate o quantitativo nas contas de clientes indicados pela empresa produtora. “A energia vai para a rede total do DF e, no final, a CEB compensa na conta do cliente que irá usufruir da energia que produzimos”, explica. O empreendimento demorou 6

meses para ser construído e, nesse período, gerou 60 empregos diretos. As placas são de origem chinesa, mas foram adquiridas de uma distribuidora nacional. “Foi um investimento considerável em termos financeiros. Mas todo ele foi erguido com recursos próprios do nosso grupo empresarial. Esperamos que o retorno comece a acontecer dentro de 7 a 8 anos, embora logo de início, de 30 a 40 dias, a gente comece a ter redução no valor da conta”, disse.

LORRANE OLIVEIRA/BSB CAPITAL

Linhagem política Felipe Octavio é consciente do peso dos sobrenomes que carrega – do pai, ex-governador Paulo Octavio, e do bisavô, o ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Temos uma boa expectativa para o futuro. Meu bisavó, JK, construiu a cidade. Meu pai também é de uma família pioneira. Meu avô paterno, Cléo Pereira, foi o primeiro dentista profissional do DF. Meu pai ajudou a construir um pouco do que Brasília é hoje. Temos figuras ilustres na família. Diante desse passado, quero projetar um futuro fazendo a minha parte. Sei que ainda é bem pequena, mas de pouquinho se ergue grandes monumentos”, afirma. Felipe revela que seus pais querem que ele e os irmãos continuem empreendendo no DF e dando continuidade ao legado do bisavô materno, JK; dos avôs paterno e materno e do seu pai. “Queremos continuar investindo na cidade e fazendo obras porque tem esse legado da família Kubitschek. Por causa desses nomes de peso que carregamos na nossa linhagem, temos uma pressão forte, tanto empresarial como política. Mas a gente tenta controlar isso no dia a dia”. Nascido em Brasília, Felipe

Octávio Kubitschek Barbará Pereira é filho de Anna Christina Kubitschek, neta de JK – filha de Márcia Kubitschek – e do político e empresário Paulo Octávio Pereira. Assim como seu irmão, André Octávio, e seu pai, Paulo Octávio, Felipe é filiado ao PSD, e não descarta atuar na política futuramente. “Hoje estou focado 100% na empresa e só pretendo apoiar meu pai no partido político”. E completa: “Se a família resolver investir na política, o mais provável é que meu irmão, André, seja o candidato. Mas acho que ele tem um percurso a ser caminhado. É melhor iniciar a carreira como deputado distrital, para conhecer melhor Brasília. Mas, por enquanto, tudo isso é só especulação. Nada confirmado ainda”, que concluiu o ensino médio na Escola Americana, e foi fazer faculdade nos Estados Unidos, onde se formou em Economia pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Ficou 4 anos por lá e, quando se formou, trabalhou durante 2 anos na Mesa de Operações do Banco Safra. Voltou para Brasília a convite do pai, Paulo Octávio, para assumir função de executivo no grupo familiar.


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Por Chico Sant’Anna

2020: um ano déjà-vú Brasília, aos 60 anos, caminha para se defrontar com dilemas antigos. Muitos deles dizem, diretamente, ao futuro da cidade. Dependendo da escolha, poderemos amenizar ou agudizar as antigas angústias. Temas como expansão urbana, crise hídrica, mobilidade, preservação ambiental. 2020 promete ser mais um daqueles do déjà-vú, em que o brasiliense vai ter que se mobilizar para coibir a mão e os olhos gordos, em especial da especulação imobiliária. Vejamos o cenário que nos espera: PPCUB – O GDF anunciou que encaminhará à Câmara Legislativa a proposta de Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília, marco legal que objetiva preservar a proposta de Lúcio Costa. As versões dos governos anteriores foram mais um jeitinho de inserir no Plano Piloto mudanças que violam o pensamento de Costa, trazendo, para poucos, exorbitantes ganhos financeiros, sem contrapartida para a coletividade. Dentre elas, a permissão de residências nos Setores Comercial e Bancários, onde existem cerca de 7 mil salas e lojas ociosas. A ociosidade se deve à falta de modernização dessas unidades. Mas uma simples “maquiagem” as tornaria em quitinete. Num toque de mágica, ganhariam uma massa de novos

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potenciais consumidores, sem precisar baixar o preço dos imóveis, que não foram pensados para residências. Sete mil imóveis podem abrigar até 25 mil pessoas. É a metade de um bairro como o Sudoeste. As residências demandariam o uso do gás de cozinha. Introduzir redes centrais de abastecimento de gás, como ocorre com os prédios novos, seria quase impossível. A rede de esgoto é outro problema, assim como a topografia. Existem diferenças de nível superior a quatro metros de altura entre as ruas. Faltariam, ainda, equipamentos como escolas e creches, não havendo espaço para edificá-las. LEI DO SILÊNCIO – Mudanças urbanísticas como essas trazem também impactos na convivência da sociedade. Os Setores Comercial e Bancário abrigam, hoje, festas e espetáculos ruidosos, que não afetam o sossego de quem não curte baladas do porte. Levando residências para lá, seriam os artistas e produtores culturais mais uma vez exilados? Mais uma paulada na cultura? “A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte”, já sentenciavam os Titãs. QUADRA 901 NORTE – O novo PPCUB deve reviver duas polêmicas vistas na proposta da gestão Agnelo

A mancha rosa, atrás da Rodoferroviária, daria lugar a um bairro com prédios de até nove andares

Queiroz: O loteamento de 85.000 m² e mudança de uso na Quadra 901 da Asa Norte – entre a W5 e o Estádio Mané Garrincha -, e a criação de um novo núcleo urbano maior do que o Sudoeste, atrás da Rodoferroviária, perto do Parque Nacional, com prédios de até 27m de altura. A exemplo do que ocorreu com a Marinha, que permutou com uma empreiteira a Quadra 500 do Sudoeste –, existe

uma grande pressão para que o Exército libere a área. Em 2012, o coletivo Urbanistas por Brasília fez uma simulação de como ficaria a área central do Plano Piloto (vide ilustração). Em Vermelho, a implantação do projeto hoteleiro para a 901 Norte, hoje destinada a colégios, museus, teatros. O coletivo constatou que as dimensões imobiliárias propostas trazem grande dano ao centro da cidade, com a alteração do

plano original tombado pela Unesco. Por isso, a proposta do GDF para a 901 Norte já foi vetada, em 2011, pelo Iphan. As iniciativas citadas têm, em comum, o fator de agravar a concentração de empregos e serviços no Plano Piloto. Materializando-se, agravarão os problemas de trânsito, falta de estacionamentos, superlotação do transporte público, entre outros, cujos efeitos aparecem mais durante as chuvas.


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Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Mobilidade Associada aos problemas da redefinição urbanística está a histórica deficiência de mobilidade urbana no DF. Mas o governo insiste na opção rodoviarista. Além de prosseguir com a saída norte até Planaltina, está na ordem do dia a Via InterDIVULGAÇÃO

No governo Agnelo, proposta de PPCUB previa a ampliação do Setor Hoteleiro NOrte, ocupando (prédios em vermelho) a área da quadra 900

bairros, pensada há mais de 10 anos, para interligar Samambaia e Águas Claras ao Plano Piloto. A Interbairros, ou Transbrasiliana, já nasce engarrafada no seu projeto, pois, além dos moradores procedentes de Samambaia e Águas Claras, o corredor seria um grande negócio imobiliário, com empreendimentos às margens da via. Melhor seria transformar a via em uma nova linha de metrô ou de VLT. A ampliação das vias, como ocorreu na EPTG e na EPIA, é solução de curto benefício. Esses dois eixos, com novas estradas ou vias mais largas, não resolveram

o problema de mobilidade. A Frota de 1,8 milhão de veículos no DF cresce em 70 mil veículos por ano. A solução está no transporte coletivo de massa, em especial, sobre trilhos. Há 10 anos, contudo, o brasiliense vê o GDF pouco fazer nesse sentido. O Metrô parou no tempo. Nos últimos 10 anos não ganhou nenhum centímetro de novas linhas e está superado tecnologicamente. O governo aposta na privatização para solucionar os problemas de capilaridade, atualização tecnológica e também implação o VLT. Entretanto, políticas de atração de grandes empresários estrangeiros, como os chineses, ainda não deram resultado concreto. No ano que começa, provavelmente, haverá nova licitação do transporte de ônibus, já determinada pela Justiça, mas que desde a gestão Rollemberg, o GDF reluta em cumprir. E não está descartado novo aumento nas passagens de ônibus. Afinal, a política de preços de óleo diesel do governo Bolsonaro resultou numa alta, até 6 de dezembro, de 5,7%, contra uma inflação acumulada nos últimos 12 meses de 3,27%, segundo o IPCA/IBGE. QUE VENHA 2020! Apesar do cenário difícil, a coluna deseja um Feliz 2020 aos leitores, com um ano socialmente mais justo e igualitário.


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Nova frota atenderá a 24 linhas para a Rodoviária do Plano Piloto, W3 Sul e Norte

Ônibus com portas dos dois lados começam a operar dia 1º Chegada dos novos veículos acaba com a faixa reversa na EPTG em horários de pico Lorrane Oliveira A partir de quarta-feira (1º de janeiro), começam a circular os 160 novos ônibus com portas dos dois lados na faixa exclusiva da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Eles vão utilizar o corredor exclusivo, nos dois sentidos, em tempo integral. A nova frota atenderá a 24 linhas com destino à Rodoviária do Plano Piloto; 17, para a W3 Sul; e, 6, farão o trajeto para a W3 Norte. Também circularão no corredor, linhas semiexpressas, com veículos com porta apenas de um lado. A medida atende a uma demanda de 2010, quando a ampliação da EPTG foi concluída com a fixa exclusiva para ônibus do lado

esquerdo da via. A entrega dos veículos com portas dos dois lados estava prevista numa licitação, realizada em 2011, pela Secretaria de Transporte e Mobilidade. Com a chegada dos ônibus, finalmente funcionarão adequadamente as paradas ao longo da EPTG que nunca foram utilizadas em sua totalidade. FIM DA INVERSÃO – A chegada dos veículos adequados encerra a faixa exclusiva reversa, utilizada desde março deste ano. A inversão foi uma medida emergencial que tinha o objetivo de melhorar o trânsito na via. Com ela, houve também uma redução significativa no tempo de viagem dos passageiros, de cerca de 30 minutos.

Senado mostra quem é o energúmeno O Senado Federal aprovou, na terça-feira (17), uma sessão solene em homenagem a Paulo Freire. Isso aconteceu após o presidente Bolsonaro estarrecer o mundo chamando o patrono da educação brasileira de “energúmeno”. “A palavra não se adéqua a Paulo. Ele não é isso. Não é nenhum demônio que veio à Terra. Pelo contrário, Paulo veio à Terra para pacificar o mundo”, disse Ana Maria, educadora e viúva de Freira, à revista Época. O ato de Bolsonaro pode ser considerado de alta traição ao País. O homem que se senta à cadeira da Presidência da República, que deveria ser o primeiro guardião do patrimônio cultural do Brasil, traiu a Pátria ao tentar desclassificar um dos mais consagrados e importantes nomes da cultura e ciência brasileiras. O gesto do indivíduo à frente do Executivo revela um autêntico energúmeno, desconhecedor até da Constituição. Assim como a Bandeira do Brasil, o Hino Nacional, o Brasão, a Constituição Federal assegura ampla proteção ao Patrimônio Cultural. O inciso I, do artigo 215 da CF, incluído pela Emenda Constitucional nº 48/2005, define que o Estado deve defender e valorizar o patrimônio cultural brasileiro. A ofensa a Paulo Freire parte de quem não defende a Nação e trata o País como propriedade privada, escancarada às negociadas internacionais, e que usa o Palácio do Planalto como balcão de negócios pessoais. Freire é o único brasileiro com nome referenciado nas grandes bibliografias das melhores universidades do planeta. Sua obra é Patrimônio Cultural do mundo. Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP), explica que o grande legado de Freire foi mostrar que

a educação, a começar pela alfabetização, deve estar ligada ao mundo em que o educando vive e com o cotidiano dele. “O que Freire trouxe foi uma atenção voltada para as vivências, sobretudo das crianças, e perceber que, em vez de essas vivências serem problemas, são fatores positivos”, destaca. Essa forma de educar é a chamada Pedagogia do Oprimido, ou seja, de pessoas oprimidas que devem vencer a opressão. É por esse lado que Freire é acusado de esquerdista, subversivo e, por isso, setores conservadores – para os quais Bolsonaro trabalha – têm verdadeiro ódio dele. A obra intitulada “Pedagogia do Oprimido” foi traduzida para mais de 20 idiomas. Em 2016, o professor da London School of Economics, Elliott Green, apresentou essa obra como a mais citada em trabalhos da área de humanidades do mundo, até na Harvard. As principais teses das universidades e pesquisas científicas do planeta reconhecem em Freire o gênio da filosofia da educação. O método Paulo Freire é reconhecido mundialmente porque ajudou a alfabetizar e a educar milhões de pessoas em situações diferentes. Já Bolsonaro não tem nehuma colaboração para mundo. Mas mantém seu discurso de ódio motivos abjetos. No caso de Freire, uma das razões é a má-fé que visa a mercantilizar o direito à educação e a entregar o Sistema Nacional de Educação (SNE) à iniciativa privada, sem que isso seja questionado por quem paga impostos para ter educação pública, gratuita e de qualidade como direito fundamental.


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ESPÍRITA

José Matos Culpa, carma e libertação É corrigindo os erros, pela ação contrária, que você não permite a culpa Say Baba, o grande místico e educador da Índia do século passado, e Mahatma Gandhi, libertador daquele País, foram os primeiros místicos a entender e

efetivar o ensinamento de Cristo de libertação da roda do carma pelo amor em ação, que Carlos Pastorino chama de caridade. Jesus, após ter os pés lava-

dos por uma prostituta, despede-a, ensinando-lhe e a todos os demais presentes: “Vá em paz, minha filha. Os teus pecados lhe são perdoados porque você muito amou”. Notem que Jesus não fala ‘porque você muito sofreu’. Atormentado pelo remorso por ter assassinado uma criança muçulmana, um hindu recebe de Mahatma Gandhi o conselho espelhado em Jesus: “Procure um lar de crianças muçulmanas órfãs e adote uma delas como se fora seu filho”. Na mesma direção, Say Baba adotou, na sua escola, a Pedagogia da Reparação, que anula a culpa e o carma. Errou? Anu-

le o erro reparando o mal feito. Entristeceu? Alegre. Matou? dê vida. Destruiu? Plante, construa, conserte. Separou? Ajunte, faça reconciliação. Furtou? Devolva, indenize, faça caridade material. Abandonou os filhos? Adote. Trate os filhos dos outros como se fora seus próprios filhos. É corrigindo os erros, pela ação contrária, que você não permite a culpa. Logo, não há carma e, consequentemente, não há autopunição, tais como cegueira, aleijões, deformações, doenças, pobreza, feiura etc.

José Matos Professor e palestrante

Anvisa decide banir gordura trans dos alimentos industrializados A decisão, tomada na terça-feira (17), proíbe o uso de gorduras trans industriais em alimentos a partir de 2023. A medida prevê a implantação da norma em três fases que se iniciam com o estabelecimento de limites de gorduras trans industriais para a indústria e serviços de alimentação e prosseguem até o banimento do uso da parcialmente hidrogenada até 2023. A medida foi aprovada por unanimidade em reunião da diretoria da Anvisa, em Brasília. A gordura trans é considerada nociva à saúde e está associada a problemas cardiovasculares graves. A relatora da proposta, Alessandra Bastos, disse que profissionais de saúde do mundo todo reconhecem sua associação com doenças do coração. A Anvisa discutiu também o tempo necessário para o setor regulado se adequar às normas.

TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA

As gorduras trans industriais são encontradas nas margarinas, biscoitos, snacks, bolos, massas instantâneas, sorvetes, chocolates, pratos congelados, pipoca de micro-ondas e em quase todos os alimentos industrializados. Está presente nas frituras comercializadas em serviços de alimentação e produtos oferecidos por vendedores ambulantes. TRÊS FASES – A primeira é focada na delimitação de 2% da gordura nos óleos refinados. Nessa etapa, o prazo de adequação é de 18 meses. O prazo de restrição começa em 1º/7/2021. Nessa mesma data, entrará em vigor a segunda fase de restrição para os demais alimentos, com a adoção de 2% no total de gordura presente nos alimentos industrializados. Nessa fase, a Anvisa atingirá os consumidores porque afetará serviços de alimentação e

produtos vendidos nos mercados. Essa restrição entrará em vigor em 1º/7/2021 e vai até 1º/1/2023. A regra da segunda fase não valerá para alimentos destinados a fins industriais usados como matérias-primas. A terceira fase prevê o banimento da gordura parcialmente hidrogenada, a principal fonte de gorduras trans industriais, dos alimentos a partir de 1º/1/2023. GORDURAS TRANS – As gorduras trans, conhecidas no meio técnico como ácidos graxos trans, são um tipo de gordura que pode ser encontrada de forma natural nos alimentos derivados de animais ruminantes ou ser produzidas industrialmente na hidrogenação de óleos vegetais ou seu tratamento térmico. Nos alimentos originados de animais ruminantes, as concentrações são consideradas pequenas com níveis seguros para

o consumo. A maior preocupação da Anvisa é com produtos industrializados. Hoje, 49 países contam com medidas regulatórias. Entre eles estão Estados Unidos, Canadá, Chile, Argentina, África do Sul, Irã e União Europeia. OBITOS – A proposta brasileira está em sintonia com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e com o Replace, da OMS. Ambos preveem ações regulatórias para eliminar o uso de gorduras trans industriais, que está associado a cerca de 160 mil mortes nas Américas, a cada ano. Em todo o mundo, são 500 mil óbitos por ano, segundo a OMS. No Brasil, estima-se que, em 2010, o consumo excessivo de AGTI foi responsável por 18.576 mortes por doenças coronarianas, 11,5% do total de óbitos por essa causa no país.

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Os homens que não amam as mulheres DIVULGAÇÃO

Primeiro livro da trilogia escrita por Stieg Larsson é literatura policial de ponta. Coisa desses tempos pós-modernos do século 21 Ray Cunha Conversando outro dia com um amigo, crítico literário, perguntei-lhe o que ele achava dos livros do americano Dan Brown, autor de O Código da Vince, seu livro mais conhecido. Ele me olhou escandalizado. “Não é literatura!”, disse-me, convicto. Neste artigo não vou falar de Dan Brown, mas do sueco Stieg Larsson. Da sua trilogia, Millennium: Os homens que não amavam as mulheres, de 2005, A menina que brincava com fogo, de 2006, e A rainha do castelo de ar, de 2007. Os três livros somam pelo menos 1.500 páginas, viagem de alguns dias dos mais intensos que já vivi. É literatura policial de ponta. Coisa desses tempos pós-modernos do século 21. Larsson não era nenhum Shakespeare, nenhum Faulkner, mas sabia escrever, e, sobretudo, sabia sobre o que estava escrevendo. Nasceu em 15 de agosto de 1954, em Estocolmo, onde viveu boa parte da sua vida, como um dos mais influentes jornalistas suecos. Aliás, o segundo papel mais importante da série Millennium é a de um jornalista, da revista Mil-

Larsson denunciou organizações neofascistas e rascistas e chegou a ser ameaçado de morte: Aula para estudantes de jornalismo

lennium, que dá, ao longo dos três livros, uma aula de jornalismo. Larsson trabalhou na agência de notícias TT e fundou e dirigiu a revista Expo. Denunciou organizações neofascistas e racistas, pelo que foi ameaçado de morte, e foi coautor de Extremhögern, livro sobre a extrema direita sueca. Os três livros de ficção de Larsson constituem-se em verdadeira aula para estudantes de jornalismo, na mesma linha de O Dossiê Odessa, de Frederick Forsyth. Esses livros, além de mostrar que o repórter, quando segue uma pista, por mais perigosa que seja, deve persistir, se vale a pena, considerando que sua denúncia será das mais relevantes para o bem-estar da democracia, ameaçada até mesmo por outros jornalistas, aquela banda podre da profissão, os corruptos, que só têm um objetivo: Pôr as garras

em alguns maços de dinheiro. Larsson morreu em 9 de novembro de 2004, aos 50 anos, de ataque cardíaco, ao subir os sete lances de escada da revista Expo, pois o elevador havia quebrado. Mas acabara de escrever e de entregar ao seu editor a série Millennium, publicada nos anos seguintes. Em 2013, a editora Norstedts convidou o escritor sueco David Lagercrantz a assumir a continuação da série, criando mais dois volumes: A garota na teia de aranha, de 2015, e A garota marcada para morrer, de 2017, ponto final da saga, que já vendeu mais de 100 milhões de livros em todo o mundo. A série foi adaptada para o cinema, com a atriz Noomi Rapace no papel de Lisbeth Salander e Michael Nyqvist no papel do jornalista Mikael Blomkvist, após versão hollywoodiana dirigida por David

Fincher, na qual Rooney Mara é Lisbeth e Daniel Craig, o melhor James Bond, é Blomkvist, na adaptação do primeiro livro da série, Os homens que não amavam as mulheres. O sucesso aumentou. Lisbeth é o nome da heroína da série Millennium. Aos 15 anos, Larsson testemunhou o estupro coletivo de uma jovem e jamais se perdoou por não tê-la ajudado. O nome dela era Lisbeth. Na ficção, Lisbeth Salander é uma hacker brilhante, desajustada social, bissexual, com corpo de menina, que faz justiça à sombra, especialmente, quanto aos homens que não amam as mulheres, os machões de todos os quilates, dos apenas imbecis aos estupradores e assassinos. Acabamos amando Lisbeth, desejando sua companhia, nem que seja apenas para se sentar à mesa da cozinha, tomar café e bater papo com ela.


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