Pelaí – Página 3 ENTREVISTA GRAÇA PACHECO
Combate à violência contra a mulher sob ameaça Ano IX - 477
Brasília, 15 a 21 de agosto de 2020
Idosos podem voltar a frequentar igrejas Via Satélites – Página 8 BRASILEIRÃO
Flamengo na lanterna. Galo na cabeça Gustavo Pontes – Página 12 DIVULGAÇÃO
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Calado, Bolsonaro dispara no DataFolha
Em razão de sua raça “A carne mais barata do mercado é a carne negra/ Que vai de graça pro presídio/ E para debaixo do plástico/ Que vai de graça pro subemprego/ E pros hospitais psiquiátricos [...]”, diz a canção da eterna Elza Soares, com a crueldade da realidade transportada para a poesia. E não existe arte na crueldade do racismo estrutural brasileiro, como o praticado contra um delegado, no DF, ou protagonizado por uma juíza em Curitiba Página 9
Governo federal quer privatizar Parque da Água Mineral de Brasília
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Brasília Capital n Opinião/Política n 2 n Brasília, 15 a 21 de agosto de 2020 - bsbcapital.com.br
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x p e d i e n t e
Novo normal: o dia em que a Terra parou Eduardo Tito (*) DIVULGAÇÃO
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“Esta noite eu tive um sonho de sonhador; maluco que sou, sonhei com o dia em que a Terra parou” (**). Em 1977, Raul Seixas profetizava o dia em que a Terra parou. Passados 40 anos, o mundo é sacudido pelo novo coronavírus, que contaminou mais de 20 milhões de pessoas e matou mais 750 mil. A quarentena e o distanciamento social foram apontados pela Organização Mundial da Saúde como únicas medidas eficazes para frear a covid-19. Nasceu daí o “novo normal”, que nos obriga a reformular padrões de sociabilidade, higiene, convivência. O que é o novo normal? Conviver sem contato físico. Dados da ACI Worldwide, empresa de pagamento eletrônico, apontam
que, em 2020, o consumo via Internet cresceu 209%. A Bahia criou o aplicativo Fique No Lar, que já tem 5 mil empresas cadastradas oferecendo produtos e serviços: uma parceria entre as Secretarias de Desenvolvimento Econômico; de Ciência, Tecnologia e Inovação; e o Instituto Federal do Ceará (IFCE). Está disponível, gratuitamente, nas plataformas iOS e Android. São Paulo criou o Poupatempo Digital, com mais de 60 serviços públicos pelo celular. Iniciativas digitais são o novo normal. Cada vez que a tecnologia adentra os lares, digitalizando serviços externos, é o novo normal sendo construído, gerando conforto e segurança sanitária e física. Quanto mais digitalizamos nossos afazeres, mais tempo sobra para convivermos com familiares e entes queridos, para o lazer ou o descanso. Empresários descobriram que podem ter funcionários trabalhando de casa. Funcionários viram na tecnologia a oportunidade de trabalhar de casa. Porém, isso não é novo. O novo
normal é rotina para milhões de amantes do mundo digital. Apple, Facebook, Google, Microsoft atuam com grande parte de seus funcionários em suas residências. O novo normal é uma oportunidade de avançarmos rumo ao progresso escrito na Bandeira do Brasil. E pode nos colocar em ordem, uma vez que a desordem são as quilométricas filas dos serviços públicos, dos bancos, cartórios, ônibus lotados, calçadas aglomeradas de ambulantes e trânsito cada vez mais engarrafado. Tudo isso pode estar com os dias contados se, de fato, entendermos e praticarmos o novo normal. Infelizmente, a flexibilização nos mostrou que estamos diante de um pesadelo de consciência social, do qual podemos demorar a acordar. O novo coronavírus sacudiu o mundo. Mas tentaremos outra vez, pois é de batalha que se vive a vida. (*) Jornalista, morador de Salvador (BA) (**) Dia em que a Terra parou é uma composição de Raul Seixas e Cláudio Roberto
Vão pra Cuba e pra Venezuela! Júlio Miragaya (*) AGÊNCIA BRASIL
Os menos observadores talvez não tenham percebido, mas neste período de pandemia, com quase 21 milhões de infectados e 750 mil mortos espalhados pelo planeta, Cuba e Venezuela saíram do noticiário da grande mídia e da mira da direita mais reacionária. Será por quê? Certamente, não foi porque passaram a gozar de maior complacência por parte de seus críticos ou porque os dois países tenham se curvado às pressões do imperialismo norte-americano. Ao contrário, persiste a resistência ao implacável e criminoso boicote a ambos, que visa a quebrar suas economias e levar seus povos à rebelião contra os respectivos governos. A razão é outra: Cuba e Venezuela são exceções no enfrentamento à pandemia nas Américas, na compa-
nhia do Uruguai e, pasmem, do Paraguai. O continente conta com 11,5 milhões de infectados (55% do total mundial), sendo 5,5 milhões na América do Norte; 3,2 milhões no Brasil e 2,8 milhões nos demais países da América Latina, mas apenas 28 mil estão na Venezuela e 3,1 mil em Cuba. Dos 750 mil óbitos no mundo, 400 mil (53%) ocorreram no continente, sendo 180 mil nos EUA/Canadá; 105 mil no Brasil e 115 mil nos demais países da América Latina, com somente 250 na Venezuela e, 88, em Cuba. Ah! — dirão os “anti qualquer coisa” — mas a população dos dois países é pequena! Sim, então vejamos os dados relativos. Número de infectados por milhão: América do Norte (15.200), Brasil (15.100), resto da América Latina, exceto Cuba e Venezuela (7.300), Venezuela (980) e Cuba (270). Número de mortos por milhão: América do Norte (510), Brasil (490), resto da América Latina, exceto Cuba e Venezuela (290), Venezuela (9) e Cuba (8). Ainda comparando, Cuba tem população quase quatro vezes maior do que a do DF, mas o “quadradinho” tem 42 ve-
zes mais contaminados e 21 vezes mais óbitos que a ilha caribenha. Ah, antes que esbravejem, os dados são checados pela Johns Hopkins University. Está explicado o “silêncio” em relação aos dois países, e, no caso da Venezuela, conta também o fracasso da aventura do “governo” Juan Guaidó. A vida é mesmo feita de ironias. Para aqueles que proclamaram que a covid-19 era só uma gripezinha, que repudiaram o isolamento social, que acreditaram na salvação pela cloroquina e que, agora, diante dos mais de 100 mil óbitos, temem ser infectados e mortos pelo vírus, fica uma sugestão: esqueçam Miami. Vão pra Cuba! Vão pra Venezuela! Em tempo: se o DF fosse um país, seria o primeiro do mundo no índice de infectados, pois os 129 mil contaminados, até 12/8, correspondem a 42.300/milhão, superando o Catar (40.500/milhão). Mas os quase 2 mil mortos por aqui são dez vezes mais do que no Emirado Árabe. (*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável (UnB), ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia
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Moro no UniCeub – Sérgio agora é professor do UniCeub. O ex-juiz dará aulas à distância, a partir de setembro, às terças-feiras. O curso terá duração de 20h, período em que os alunos adquirirão “conhecimentos aprofundados a respeito dos instrumento de combate à corrupção, lavagem de dinheiro e o Estado de direito”. O curso pretende, ainda, habilitar os alunos a “solucionar problemas jurídicos práticos e a pensar de forma crítica tais matérias”.
Debandada A demissão de funcionários de alto escalão era um movimento esperado pelo mercado. Depois de uma temporada no governo, em estatais ou ministérios, eles já recolheram as informações de que precisavam para tocar seus negócios. PRIVILEGIADAS – A “debandada” referida pelo ministro Paulo Guedes é jogo combinado. Essa turma volta à iniciativa privada com informações privilegiadas para adquirir os serviços que o ministro da Economia insiste em privatizar.
GPS para Bia Ao apresentar condolências pela morte de Maria Aparecida Firmo, 81 anos, quarta-feira (12), a deputada Bia Kicis (foto) (sem partido) mostrou desconhecimento da unidade da Federação por onde se elegeu. Postou no Twitter que a avó da primeira-dama Michelle Bolsonaro falecera no Hospital Regional de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela não sabia que Santa Maria é uma cidade do DF. DIVULGAÇÃO
DataFolha mexe com Bolsonaro A pesquisa DataFolha publicada, na sexta-feira (14), mexeu com Jair Bolsonaro (foto). Pela manhã, o Presidente tuitou: “Verdade, meia verdade ou fake news?”. E compartilhou o levantamento em que obteve a melhor avaliação desde o início do mandato (37% consideram o governo ótimo ou bom). No anterior, eram 32%. REJEIÇÃO – O DataFolha ainda identificou queda na rejeição: 44% consideravam a gestão ruim ou péssima, em 23 e 24, de junho e, agora, são 34% entre os 2.065 entrevistados, nos dias 11 e 12 de agosto. A avaliação regular oscilou para 27%, ante os 23% de junho, no limite da margem de erro de 2%, para mais ou para menos. AGENDA – A análise é a de que a melhora nos índices de popularidade coincide com algumas mudanças de atitude. Bolsonaro reduziu as aparições no cercadinho do Alvora-
AGÊNCIA BRASIL
da, abandonou a tática de confronto com os outros Poderes e com a imprensa e adotou a agenda positiva de entrega de obras pelo País. AUXÍLIO – Mas uma coisa é certa: o núcleo duro bolsonarista está convencido de que o auxílio emergencial de R$ 600 é o maior responsável pela aprovação do governo, especialmente no Nordeste. Portanto, Paulo Guedes terá de se virar para arrumar dinheiro – cortes nas demais áreas? – para incrementar o programa, mesmo após a pandemia do novo coronavírus.
Sob o olhar dos EUA Ex-embaixador dos EUA no Brasil (2010-13), Thomas Shannon, hoje é consultor do escritório de advocacia Arnold & Porter. E revela que “acompanhava com bastante atenção” as iniciativas do Brasil e da Venezuela de criar um bloco comercial forte na América do Sul. MERCOSUL – “O Brasil identificou que a Venezuela direcionava sua indústria de petróleo para se integrar ao mercado americano e trabalhava para trazê-la para o projeto de construção de uma América do Sul grande e coesa”, disse Shannon ao site Poder 360.
ALCA – Com o crescimento da Odebrecht e financiamentos do BNDES, o Brasil se tornaria ator principal no continente e no Caribe, criando obstáculo ao projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). LAVA-JATO – A análise de Shannon joga nova luz sobre o apoio dos EUA à Lava Jato, que resultou no desmonte da indústria nacional e na interrupção do domínio de governos de esquerda no Brasil. Simultaneamente, a crise se instalou na Venezuela. Nada é por acaso...
Codeplan traça perfil de jovens do DF A Codeplan divulgou, na quarta-feira (12), Dia Internacional da Juventude, dois estudos realizados em 2018 sobre os jovens do Distrito Federal. Um deles, intitulado “Jovens no mercado de trabalho: um olhar a partir da PDAD 2018” e, o outro, “Retratos sociais DF 2018 – Perfil da população jovem do Distrito Federal”. O primeiro traça o perfil demográfico. O segundo, aborda a questão do jovem no mercado de trabalho. PDAD – Os estudos são baseados na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) 2018 e podem ser acessados no site da companhia (www.codeplan. df.gov.br). O dia 12 de agosto foi definido pela ONU, em 1999, como Dia Internacional da Juventude, em resposta à recomendação da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, reunida em Lisboa, no ano anterior.
Weintraub é persona non grata Por iniciativa do deputado Chico Vigilante (PT), a Câmara Legislativa aprovou moção, na quarta-feira (12), que sugere o reconhecimento do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, como persona non grata em Brasília. Na sexta-feira (14), o distrital encaminhou um ofício à diretora do Banco Mundial para o Brasil informando sobre aprovação da moção e o novo “título candango” dado à Weintraub. Uma cópia da moção seguiu anexa.
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Entrevista Graça Pacheco Por que a Lei Maria da Penha e outros instrumentos do Estado de defesa da mulher não estão impedindo a violência doméstica? – A lei, por si só, enquanto legislação, não impede a violência. O que combate, diminui e é capaz de intimidar os agressores é a aplicação da lei. Isso significa que somente um Estado forte, com um olhar sensibilizado para esse problema e instrumentos eficientes, pode garantir a diminuição dessa violência. Mas o que ela representou de avanço? – Tivemos um avanço na construção de políticas públicas de Estado para combater a violência doméstica, mas, com a política do Estado mínimo e a ação dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, cuja característica maior é o fomento à violência, efetivamente, os agressores passaram a ter quase que uma autorização do Estado para cometer violência. A violência contra a mulher tem aumentado por dois aspectos: pela ausência do Estado nas áreas sociais e pela política do Estado mínimo na economia. Soma-se a isso, o isolamento social por causa da pandemia. O que fazer para o Estado ser eficaz no combate a esse tipo de violência? – Reconstruir um Estado brasileiro forte. Com a legislação que temos, o Brasil é capaz de minimizar e até erradicar a violência contra a mulher e de inibir o agressor. O problema é que temos uma excelente legislação de combate à violência contra a mulher, considerada a terceira melhor do mundo, mas temos um governo que estimula a violência e um aumento crescentemente vertiginoso desse tipo de crime. Depois da LMP, quais outros instrumentos para barrar a violência contra a mulher foram instituídos no Brasil? A Lei Maria da Penha é o principal instrumento para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Após sua promulgação, há 14 anos, vários outros foram criados, derivados dela, regula-
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“O combate à violência contra as mulheres está ameaçado” Pollyanna Villannova
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uando a Lei Maria da Penha (11.340/06) fez 14 anos, no dia 7/8, a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) declarou que a pandemia da covid-19 transformou mulheres vítimas da violência doméstica em presas de seus algozes. Os números do relatório “Violência doméstica durante a pandemia de covid-19”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a pedido do Banco Mundial, e lançado em junho, confirmam a parlamentar. O feminicídio cresceu 22,2% em relação a 2019, em março e abril, em 12 estados. Houve uma mobilização para ajudar mulheres a buscarem socorro. Foi lançada a campanha do X vermelho de batom na palma da mão, botão de pânico em loja online e vídeo de automaquiagem que orienta a fazer denúncia. Com um mês de isolamento, as denúncias no 180 saltou quase 40% em relação ao mesmo mês do ano passado, disse o Ministério da Mulher (MMDH). Para falar do assunto, o Brasília Capital entrevistou Graça Pacheco, advogada na área de direitos humanos e primeira secretária de Mulheres da CUT Brasília. Ela estava à frente da Secretaria de Mulheres quando a Lei Maria da Penha foi promulgada.
mentando, instrumentalizando o Estado. Eu destacaria a Lei nº 13.104, de 2015, que alterou o artigo 121 do Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o Artigo 1º, da Lei dos Crimes Hediondos, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Esse desrespeito à lei tem que ver com a Lei Anticrime e
com o governo Bolsonaro? Se tiver, como? – Evidentemente que, quando o agressor tem fácil acesso à arma de fogo, isso, certamente, ampliará os índices de violência contra a mulher. A Lei Anticrime instituiu essa permissividade para que o porte de arma aumente e isso é visto com muita preocupação pelos movimentos de combate à violência doméstica. Pesquisas indicam que o Brasil é o quinto país do
mundo em violência doméstica. Com a Lei Anticrime, esse número vai aumentar. O atual governo foi eleito tendo como símbolo de sua campanha uma arma. O gesto da mão imitando uma arma foi o mote da campanha de Jair Bolsonaro. Isso, por si só, diz tudo a nós, mulheres. Durante a campanha, ele proferiu muitas frases de estímulo à violência contra a mulher. O governo tem grande responsabilidade no aumento de feminicídios nos últimos 19 meses. Ele foi e é o grande incentivador desse tipo de postura. O Judiciário poderia ter feito alguma intervenção em defesa da mulher para forçar o cumprimento da lei. Por que não faz? – O Judiciário é extremamente conservador. Assim, numa sociedade como a brasileira, machista, racista, homofóbica, lesbofóbica, e vivendo essa visão positivista de hoje, de recrudescimento de direitos, é claro que, dependendo da situação, os juízes vão dizer que o homem cometeu o feminicídio ou outra violência qualquer porque estava emocionado, por ter sido ferido na honra e dignidade. Os juris, por sua vez, são formados de pessoas leigas. Portanto, quando temos um Judiciário endurecido, isso tem um peso muito grande. Daí que, ao permitir o uso da arma de fogo e o porte de arma, a Lei Anticrime favorece os assassinos de mulheres. O que fazer neste cenário de violência com conivência do Estado? – Fortalecer a democracia. Estamos vivendo no Brasil uma democracia frágil. Portanto, o combate à violência às mulheres está ameaçado com o endurecimento do Estado e com o rompimento de pactos democráticos construídos nos últimos anos no nosso País, após a ditadura militar. O combate à violência contra a mulher também sucumbe à soma da democracia frágil com um Estado fraco e o desgoverno de Bolsonaro, que não tem condições de cuidar, de olhar e nem de combater qualquer tipo de violência, principalmente a violência doméstica.
� O GDF CRIOU MAIS DE 1.000 LEITOS PARA COVID-19. � JÁ ESTÃO FUNCIONANDO DOIS NOVOS HOSPITAIS. � MAIS DE 1.000 PACIENTES RECUPERADOS NO HOSPITAL DO MANÉ GARRINCHA.
NESTE MOMENTO DIFÍCIL, PAGAR O IPTU EM DIA PODE FAZER TODA A DIFERENÇA. Ao longo dos últimos meses, a população do Distrito Federal tem mostrado seu lado mais
Previna-se contra o CORONAVÍRUS.
solidário. Ao pagar o IPTU em dia, você continua contribuindo no combate ao coronavírus e na realização de investimentos em defesa da vida e de uma recuperação econômica mais rápida.
Chegou a hora de pagar a 4ª parcela.
FINAL DA INSCRIÇÃO
1e2
3e4
5e6
7e8
9, 0 e X
QUARTA PARCELA
17/08
18/08
19/08
20/08
21/08
Lave as mãos com frequência.
Use álcool gel.
Use máscara, é obrigatório.
Evite aglomerações.
Mais informações, baixe o App da Agência Brasília.
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Bolsonaro quer ven REPRODUÇÃO/ WIKIMEDIA
Governo inclui Parque Nacional de Brasília na lista de privatizações O fantasma da privatização ronda, novamente, o Parque Nacional de Brasília (PNB), em especial as estruturas da Água Mineral. O PNB entrou na lista de privatizações do governo Bolsonaro. A iniciativa reforça a declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, na reunião ministerial de 22 de abril, recomendou aproveitar a pandemia da Covid-19 para mudar regras ambientais que podem ser questionadas na Justiça. O anúncio da privatização do PNB foi feito, segunda-feira (10), pela secretária Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, Martha Seillier. Mas não é a primeira vez que a Administração Federal cogita privatizar a Água Mineral. No governo de Michel
Temer, o então ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, incluiu o PNB e o Parque da Chapada dos Veadeiros no rol dos privatizáveis. Editais chegaram a ser lançados. A privatização da chapada foi concluída, mas a concessão da Água Mineral não avançou porque o Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou a iniciativa em 2017. Entretanto, ao
Área abriga barragem de Santa Maria Vale destacar que o segundo principal reservatório de água potável do Distrito Federal, a Barragem de Santa Maria, está no PNB. Um decreto federal oficializará a privatização e serão iniciados estudos para modelagem e estruturação da concessão. Nessa fase, serão detalhados aspectos técnicos, econômicos, financeiros e ambientais que nortearão o edital e a gestão. Os estudos definirão atividades a serem exploradas comercialmente e o prazo que o parque será entregue à iniciativa privada. O governo diz que tudo será submetido à audiência pública. O Ministério da Economia não
definiu quanto a União vai receber da vencedora nem o quanto cobrará dos usuários. Salientou apenas que “o objetivo não é arrecadatório e almeja maiores investimentos para proteção e visitação do parque, elevando o nível da experiência dos usuários”. Especialistas ouvidos pelo blog do Chico Sant’Anna, à época, disseram que o nível de poluição sonora e impacto de iluminação, além da ampliação da frequência de usuários dessas atividades, colocam em risco a condição de unidade de conservação ambiental, afugentando animais e afetando a flora.
contrário do governo Temer, a gestão Bolsonaro quer privatizar toda a gestão do PNB, com os seus 42.300 hectares de área, e não apenas as piscinas e trilhas. Ainda não foram divulgadas as regras do novo processo de privatização, mas a assessoria de comunicação do PPI informa que a concessão à iniciativa privada será de toda a área do par-
que e “envolve a proteção de sua área e seu manejo, assim como a exploração de atividades em áreas, como piscinas e estruturas associadas. Os serviços a serem explorados deverão atender aos requisitos legais e regulamentares associados ao parque, devendo respeitar, integralmente, as condições estabelecidas no Plano de Manejo da Unidade de Conservação”.
Espaço perde função social O professor da Universidade de Brasília, Roberto Max Lucci, diz que, em se concretizando a privatização, nos moldes preconizados no governo passado, Água Mineral perderia a sua função social e de unidade de conservação ambiental e viraria um espaço elitizado e caro. “Se tornaria um clube privado para os moradores do Noroeste”, diz ele. Ao divulgar as deliberações da 13ª Reunião do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier disse que a proposta é qualificar a Água Mineral no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e incluí-lo no Plano Nacional de Desesta-
tização “para fins de concessão da prestação de serviço público, de apoio à visitação, bem como serviços de conservação e recreação em contato com a natureza”. TCU – O Tribunal de Contas da União informou que a decisão emitida, em 2017, impedindo a privatização, não mais se aplica. Atualmente, há um normativo legal que autoriza a concessão em unidades de conservação e, por fim, o PPI, em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente e o ICMBio, aprovou diversos processos de desestatização/concessão de parques nacionais, cabendo ao TCU a fiscalização.
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nder Água Mineral PSoL quer anular decreto A bancada do PSoL, na Câmara Federal, apresentou, na terça-feira (11), Projeto de Decreto Legislativo para anular o decreto do Presidente da República que incluiu o Parque Nacional de Brasília no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI). “A ação do governo configura-se como mais um grave retrocesso à proteção e ao fortalecimento da gestão de florestas públicas no Brasil e abre margem para mais ataques à gestão ambiental brasileira, a despeito do contínuo aumento dos índices de desmatamento em áreas públicas, mesmo em meio a uma pandemia”, argu-
menta o texto assinado pelos parlamentares do partido. PEDIDO DE INFORMAÇÃO – O advogado Marivaldo Pereira e o jornalista Chico Sant’Anna — ex-candidatos ao Senado pelo PSoL-DF — protocolaram cinco pedidos de informações sobre a privatização da Água Mineral. Eles solicitaram ao governo federal cópia integral do processo que deu origem ao decreto assinado por Bolsonaro. Os autores destacaram que a unidade de conservação abriga reservatório de água responsável pelo abastecimento de parte da população da capital do País e que a privatização do parque poderia colocar em
risco o manancial. O Parque Nacional abrange as Regiões Administrativas de Sobradinho e Brazlândia, no DF, e o município goiano de Padre Bernardo. Sant’Anna e Marivaldo entendem que a privatização de todo o parque interfere em competências específicas do Instituto Chico Mendes (ICMBio), estabelecidas pela Lei nº 11.516/2007, que delega ao instituto as funções de gestão, preservação e conservação (entenda-se. manejo ambiental) e não prevê a delegação a terceiros, muito menos à iniciativa privada. A lei também prevê que é competência do ICMBio executar os programas recreacionais de uso público (piscinas da Água Mineral).
DIGA NÃO
ao RETORNO
PRESENCIAL nas ESCOLAS Por amor. Pela vida. Pela família
Saiba+ O Parque Nacional de Brasília tem, praticamente, a idade de Brasília. Foi criado na gestão de João Goulart, em 29 de novembro de 1961, quando o País estava sob o regime de governo parlamentarista. Por isso, o Decreto nº 241/1961 é assinado pelo então Primeiro Ministro Tancredo Neves. O PNB possui área total de 42.300 hectares, neles são desenvolvidas pesquisas com a fauna e a flora do Cerrado. É comum a presença de onças, tamanduás e outros mamíferos. Duas piscinas, Areal e Pedreira, são as principais atrações para o usuário comum, além de um leque de trilhas para caminhada e ciclismo e um ponto de observação de aves. (*) Com informações do blog Brasília por Chico Sant’Anna
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VIA
Satélites
Leilão da Terracap – Está disponível no site da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap) o edital com a descrição dos 15 lotes. Há terrenos no Núcleo Bandeirante, Guará e Ceilândia. Para participar, os interessados precisam se cadastrar no site do leiloeiro e inserir os documentos digitalizados previstos no edital. Os lances podem ser realizados até o dia 25 de agosto.
Por Lorrane Oliveira AGÊNCIA BRASÍLIA
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DISTRITO FEDERAL
Iges inaugura central de comando
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A Central de Comando do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) foi inaugurada na quarta-feira (12). A estrutura de tecnologia avançada vai permitir o monitoramento, em tempo real, do Hospital de Base, do Hospital Regional de Santa Maria e das seis Unidades de Pronto Atendimento (UPA) administradas pelo instituto.
CEILÂNDIA/SAMAMBAIA
A estrutura é composta por telão, duas telas menores e seis computadores e custou R$ 2,984 milhões. A inovação permitirá monitorar, por meio de painéis, mais de 200 indicadores sobre serviços de saúde, como a taxa de ocupação de leitos de UTI e de enfermaria, a quantidade de internados e dados sobre atendimentos (consultas, exames, transferências etc.
Ciclovia da DF-459 está pronta O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) concluiu a construção da ciclovia da DF-459, que liga Ceilândia a Samambaia. A obra foi iniciada em fevereiro e tem uma faixa exclusiva de 2,6 km de extensão. O investimento foi de R$ 625 mil nos serviços de terraplenagem,
drenagem, pintura de faixas, colocação das placas, instalação de meios-fios e a construção de 0,3 km de calçada compartilhada. Cerca de 60 mil motoristas e mil estudantes, professores e funcionários do campus da Universidade de Brasília (UnB) de Ceilândia serão beneficiados.
Liberada presença de idosos em igrejas Decreto do GDF, publicado na terça-feira (11), autoriza o acesso de pessoas acima de 60 anos em atividades religiosas presenciais, desde que não possuam comorbidades para a covid-19. Continua vedada a presença de menores de 12
anos em cultos, missas e rituais. Igrejas e centros com capacidade inferior a 200 pessoas não podem fazer celebrações presenciais. Para esses locais, estão liberadas ações online e em drive-in, além de atendimentos e aconselhamentos individuais. AGÊNCIA BRASÍLIA
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CEILÂNDIA
Obras da Caesb beneficiam população A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) realizou obras de setorização das redes de abastecimento de água da cidade, que vão beneficiar mais de 430 mil habitantes. O projeto conta com equipamen-
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tos que permitirão identificar possíveis vazamentos de forma virtual. Ainda serão substituídos 77 km de rede para melhorar a qualidade da água que chega aos usuários. O investimento total é de R$ 21 milhões.
Novo bairro residencial
TAGUATINGA
Avança cronograma de construção do túnel A construção das muretas-guia que vão nortear a máquina durante a execução da estrutura do túnel de Taguatinga entrou em ritmo acelerado, na segunda-feira (10), como antecipou o Brasília Capital na edição 476. As primeiras etapas
foram os desvios de trânsito, a interdição da Avenida Central, a montagem do canteiro de obras e o remanejamento dos postes. A previsão de entrega é fevereiro de 2022. Serão gerados 1,7 mil empregos diretos e indiretos durante 2 anos.
O GDF entregou, quarta-feira (12), ao Exército, o projeto do novo bairro residencial Pátio Ferroviário de Brasília. O empreendimento de 4 milhões de metros quadrados, será construído nas proximidades da antiga Rodoferroviária e abrigará mais de 60 mil moradores em 21 mil imóveis.
O plano foi elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), em parceria com o Exército e com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU). O documento estabelece diretrizes urbanística, como quais áreas e altura máxima que as construções poderão ter, assim como a delimitação do uso.
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Não é só a covid-19 que assusta o Brasil O Brasil passa por uma série de mudanças que provocam a desorganização do estado de coisas, como resultado do processo político, com vistas a uma guinada em relação ao projeto político que antecedeu o atual governo. A mudança reflete o desejo de uma visão de parcela da população que obteve hegemonia nas eleições. No entanto, as medidas adotadas e a forma como estão sendo levadas a termo estão longe de ser consenso. Em suas ações e declarações antiestatistas e antisserviço público, o ministro da Economia Paulo Guedes se atém à função do Estado de proteger e fortalecer a economia e os mercados contra crises internas e externas. Mas trata como caspa na lapela do terno as obrigações de Estado de provisão de bens e serviços públicos e de distribuição de renda para redução de igualdades sociais – seja por garantias sociais mínimas, seja por meritocracia. Nessa toada, dispara contra os servidores públicos adjetivações descabidas e mal-intencionadas para
amesquinhá-los e colocar contra eles a opinião pública. “Parasitas”, “preguiçosos” e “inimigos” foram termos usados por Paulo Guedes contra os servidores ao atribuir a eles as mazelas do serviço público. São falaciosas as argumentações de que o serviço público se presta à corrução como regra e de que não tem qualidade. A corrupção e a incompetência que se atribui ao serviço público tem como responsáveis os afilhados políticos que ocupam cargos de gestão e chefia para atender aos interesses políticos, ideológicos, econômicos e outros de natureza não republicana dos partidos e mandatários que os colocam em suas funções. Medidas implantadas no governo Temer, como retirada de direitos e benefícios e a desoneração da Folha de Pagamento, já demonstraram que não fazem aumentar a oferta de vagas de emprego, que seria a contrapartida das empresas privadas, nem promovem o crescimento da economia. Os ganhos que o empresariado obtém dessas medidas são reverti-
dos a investimento em automação. A automação de processos, tanto pela robótica quanto pela inteligência artificial, aponta para a redução da oferta de postos de trabalho e eliminação de atividades profissionais. É o fenômeno da obsolescência humana agravado pela ideia da redução da prestação de serviços pelo Estado e retirada de garantias sociais. Apontar o empreendedorismo como único caminho para a solução é outra grande falácia. Se o trabalhador e sua família estão mais pobres, cai o consumo e a possibilidade de empreender. Mais de 90% das falências que ocorrem no país são de pequenas e microempresas. Essa, sim, é uma reforma que esperamos e queremos ver ser feita: a meritocracia aplicada à ocupação de cargos de confiança no serviço público, o fim do fisiologismo e do clientelismo nos órgãos públicos. Mudanças são necessárias, mas as que as famílias brasileiras precisam passam pela valorização e qualificação do servidor público e blindagem contra a ingerência de interesses par-
Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal
ticulares ou de grupos para proveito próprio. O objetivo deve ser o aperfeiçoamento da máquina pública e melhor prestação de serviços à população e não a supressão da oferta desses serviços pelo Estado.
Em razão de sua raça Orlando Pontes Você chega em casa cansado e convida sua filha para lanchar. Na lanchonete, é atacado por um desconhecido. Ele lhe xinga e tenta lhe agredir fisicamente. Você quer sair dali para evitar confusão e poupar a menina do constrangimento. Você é Ricardo Viana. Você é um sujeito “esquentado”. Não leva desaforo para casa. Já se envolveu em muita confusão. Curte um baseado e odeia preto. Essa raça está mais para macaco do que para gente. Se cruzar com um, vai “pegar” na porrada. Você é Pedro Henrique Martins Mendes. Você é uma pessoa que, embora sem antecedentes criminais, cometeu delitos. Se envolveu com uma turma barra pesada, praticou assaltos, acabou preso e vai a julgamento
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Em uma semana, agressores brancos desmascaram o racismo latente no Brasil
junto com a gangue. Você se chama Natan Vieira da Paz. Você nasceu em família rica. Descendência europeia. Estudou nas melhores escolas. Fez concurso para juíza. Atua numa Vara Criminal. Para você, negro tem maior grau de periculosidade do que branco. Você se cha-
ma Inês Marchalek Zarpelon. Ricardo é delegado da 3ª DP do Cruzeiro. Quebrou barreiras sociais para chegar onde está. Mora no Lago Sul de Brasília. No sábado (8), reagiu aos ataques e deu voz de prisão ao agressor. No dia seguinte, desabafou pelas redes sociais, “não como delegado, mas como negro, cidadão e pai de duas filhas negras”. Pedro Henrique, apesar dos quase 40 anos de idade, não fala por si. Vacilão, se esconde atrás do pai e do irmão até para pedir desculpas. Preto, para Pedro, é “macaco” ou “viado”. Preso após ofender o delegado, pagou fiança de R$ 3 mil. Usou o advogado para escrever uma “nota de arrego”. Vai responder processo. Inês usa a capa preta para agravar a pena dos pretos que julga. Se negro praticou delito junto com branco, vai ficar 7 meses a mais na cadeia “em razão da raça”. Mas
Pedro caguetou a juíza e a advogada dele vai acionar o Conselho Nacional de Justiça, o de Direitos Humanos e o de Igualdade Racial, além de pedir à OAB que apure a conduta da magistrada. Inês, como Pedro, não dá a cara a tapa. Divulgou nota dando o dito em sua própria sentença por não dito. “Em nenhum momento houve o propósito de discriminar qualquer pessoa por causa de sua cor. O racismo representa uma prática odiosa que causa prejuízo ao avanço civilizatório, econômico e social”. Bom seria se as desculpas esfarrapadas de Pedro e Inês fossem sinceras. Que a atitude deles fosse exceção e não a regra no Brasil. E que nossos Ricardos e Natans não sofressem discriminação “em razão da raça”. Que tenhamos raça para lutar contra as Ineses e os Pedros Henriques!
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Série de documentários sobre os 60 anos de Brasília resgata histórias de candangos e pioneiros Toda história é um elemento vivo. Por isso, ela precisa ser visitada e revisitada e, sempre que possível, é desejável periódicas revisões para resgatar fatos e personagens que ficaram esquecidos ou ocultos no tempo. Esse é o conceito que norteia a série de documentários sobre os 60 anos de Brasília. O projeto intitulado “LX – Sessenta” está em fase de pesquisa e desenvolvimento, dividido em episódios que tratam de diversos temas, sempre com o foco central em fatos e personagens inéditos ou pouco conhecidos do grande público. Eduardo Monteiro, jornalista e produtor cultural que coordena o projeto, acredita ser essa a fase mais importante: “É uma empreitada grandiosa, digna da verdadeira odisseia que foi a construção de Brasília. Cada fato novo ou personagem descoberto leva a novas pesquisas. Uma verdadeira bola de neve. Portanto, é preciso ter paciência, determinação e, sobretudo, muito trabalho em equipe”. Ainda segundo Monteiro, são muitos os locais que faltam ser visitados. Entre eles, os arquivos da atual EBC; da extinta Rede Manchete; o Museu da Imagem e do Som; e os arquivos públicos do DF, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais. Sem falar de historiadores, escritores, jornalistas etc., como Ronaldo Costa Couto, Adirson Vasconcelos, Nina Tubino, Silvestre Gorgulho, Renato Riella. Ele mostra uma vasta lista de nomes. Muitos depoimentos já foram gravados. COMÍCIO DE JATAÍ – A linha de pesquisa tem como marco referencial o lendário Comício de Jataí, de 4 de abril de 1955, que marca a arrancada para a campanha vitoriosa de JK à Presidência da República e a reta final para a construção de Brasília. Mas há inúmeras visitas à chamada “pré-história” de Brasília, bem como,
BENTO VIANA/ARQUIVO GDF
Uma Brasília para chamar de nossa
um passeio aos tempos atuais, traçando um paralelo onde se pretende mostrar a formação do jeito e da alma brasiliense e resgatar o orgulho da obra de candangos e pioneiros. “Nessa viagem, a gente vai tirando do limbo muitos nomes. Para citar apenas três, lembramos de Joaquim Alfredo da Silva Tavares, a quem JK, pessoalmente, encarregou de cuidar da agricultura e pecuária do DF; Jofre Mozart Soares, “braço direito” de
Bernardo Sayão, engenheiro decisivo em todo o processo; e até Djalma Sabiá, único fundador vivo da escola de samba Salgueiro e membro da comitiva responsável por homenagear JK em seu aniversário de 57 anos, no dia 12 de setembro de 1959, data em que também nascia o Lago Paranoá. Para mim, o marco simbólico do nascimento do samba e do carnaval em Brasília”. A equipe de produção conta, além de Eduardo Monteiro, com
Bernardo Sayão Neto (supervisão geral); Diógenes Dias (diretor de fotografia); Dagoberto de Menezes (pesquisa); Roberto Astorino (produtor) e e terá ainda o jornalista Renato Riella, como consultor de conteúdo histórico e jornalístico. Ao tempo em que a equipe trabalha na pesquisa, seus membros mantêm os pés no chão. “É preciso registrar que a história de Brasília é muito bem contada, por isso não queremos apenas fazer mais um documentário. Desejamos algo novo na estética, forma e conteúdo. Nossa pretensão é bem maior”, ressalta Eduardo Monteiro. Para realizar esse desafio, o jornalista busca parceiros e investidores. “Esse projeto é da população de Brasília, de todo o DF e Entorno. É um legado que pretendemos deixar para as gerações da Capital da Esperança, que segue em busca da consolidação de sua identidade. Como diriam os poetas Fernando Brant e Milton Nascimento, “os sonhos não envelhecem".
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NUTRIÇÃO
Caroline Romeiro Dieta para o planeta Crescimento do consumo de carne compromete a saúde das pessoas e da Mãe Terra Em 2019, a revista The Lancet publicou uma série de artigos sobre o padrão dietético da humanidade na atualidade em diferentes regiões do planeta e qual o impacto disso para as futuras gerações. Um fato que precisa ser destacado
é que o consumo de carne em, praticamente, todos os continentes, com raríssimas exceções em alguns países, é bem elevado. O problema é que isso não parece ser um padrão sustentável para as próximas gerações. Há alguns anos, dietas baseadas
ESPÍRITA
José Matos A Terra é um hospício. Cure-se! Cuidado com os moralistas. Eles condenam nos outros o que fizeram, fazem ou morrem de vontade de fazer O terapeuta Maurício de Castro ensina: “Quase toda pessoa infeliz quer ver os outros em igual situação. Quem está de bem, deseja felicidade, paz e amor. Pessoas amargas, irônicas, que espalham a desarmonia, são pessoas frustradas. Em vez de usarem a própria força
TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA
para resolver seus problemas e encontrar a felicidade, elas provocam infelicidade nos outros, aumentando a sua própria infelicidade”. Tem homem que odeia mulher. Tem mulher que odeia homem. Tem gente que se odeia. Tem gente que odeia a vida. Tem
em vegetais, ou do inglês Plant Based Diet, têm sido avaliadas e destacadas como um padrão dietético que, além de saudável por ser rico em frutas e vegetais, é altamente sustentável. Para as gerações futuras, esse parece ser o caminho. Não com a exploração das lavouras de extensão e produção de monoculturas. O caminho seria
gente que odeia gente. Tem gente que odeia animais. São doentes e não desconfiam. Se desconfiarem e procurarem ajuda, se curarão. Cuidado com os moralistas. Eles condenam nos outros o que fizeram, fazem ou morrem de vontade de fazer. Cuidado com os “bons”! Quem se acha bom é porque desconhece ou ignora a sua parte ruim, escura. Essa parte negada é que Jung chama de Sombra. Quanto mais podre uma pessoa é, mais intransigente na defesa da moral. É errado defender a moral? Não. Errado é o radicalismo e a intransigência em sua defesa. Isso mostra que a pessoa esconde algo de ruim. Gente de verdade se mostra pelos exemplos: tolera, compreende e ensina, se houver espaço. Como, então, ser verdadeiro e ter compreensão e tolerância com os outros? Conhecendo-se. Todos temos tudo de bom em
a agricultura familiar e orgânica, num projeto integrado de proteção às vegetações nativas, dos mananciais aquíferos e da natureza como um todo. Mas isso não interessa aos grandes capitalistas e ao chamado “mercado agrícola internacional”. E assim, enquanto eles ganham cada vez mais, a população se alimenta mal, adoece e, continua contribuindo para adoecer o planeta. Uma constatação presente que compromete o futuro de todo o ecossistema mundial. Quando vamos começar a ajudar nossa Mãe Terra? Pelo visto, já está passando da hora de darmos o primeiro passo...
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
nós e também, tudo de ruim. Leia o “Sermão das Bem Aventuranças”, também conhecido como Sermão do Monte. Lá tem tudo o que você precisa para se tornar digno e se realizar. Os grandes mestres, até mesmo Jesus, não aceitam o adjetivo de bons. Quem pensa que é bom é apenas iludido. O que é uma boa pessoa? É aquela que eliminou o mal em si. Não fala mais no mal, não pensa mais, não age mais; somos apenas esforçados. Cresça! A evolução é a sinfonia inacabada, mas, quanto mais você cresce, mais feliz se torna. Abra sua mente. Aja localmente, mas pense globalmente. Num pomar tem 100 flores diferentes, por que tirar néctar só de uma? Cresça e ajude a crescer. Isso é tudo!
José Matos Professor e palestrante
CANAL 12 NA NET WWW.TVCOMUNITARIADF.COM @TVComDF
TV Comunitária de Brasília DF
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BRASILEIRÃO
CANDANGÃO
De cabeça para baixo
Gama perto da semifinal
Gustavo Pontes O Brasileirão começou enquanto o País alcançava a triste marca de 100 mortos vítimas da covid-19. E como era de esperar, o futebol não é imune ao vírus. Prova disso foi o surto no elenco do Goiás, que, poucas horas antes da estreia, teve a notícia de que nove jogadores testaram positivo. A partida foi adiada minutos antes, com o São Paulo já em campo. O tema gerou debates. Na quarta-feira (12), o Atlético-GO jogou contra o Flamengo com jogadores que haviam testado positivo. Segundo o médico da CBF, não havia risco de contaminação e os atletas foram liberados. O atual campeão sentiu a falta do técnico Jorge Jesus e perdeu duas partidas consecutivas, para Atlético-MG e Atlético-GO, e ocupa a última posição após duas rodadas. Na ponta de cima da tabela,
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O argentino Sampaoli agitou o Galo e surge como favorito ao título
Athletico-PR, Atlético-MG e Internacional têm 100% de aproveitamento. Destaque para o Galo do técnico argentino Jorge Sampaoli, que mostra o melhor futebol e desponta como favorito ao título após vencer Flamengo e Corinthians. Alguns times jogaram apenas uma partida, caso dos cariocas Vasco e Botafogo. O cruzmalti-
no estreou com vitória diante do Sport e o Alvinegro empatou com o Bragantino. Outro que estreou na segunda rodada foi o São Paulo, que venceu o Fortaleza, dirigido pelo técnico Rogério Ceni, que, pela primeira vez, enfrentou o clube no qual foi ídolo como jogador.
Jogos do fim de semana: Sábado Grêmio x Corinthians – 19h (Arena do Grêmio) Coritiba x Flamengo – 19h30 (Couto Pereira) Palmeiras x Goiás – 21h30 (Allianz Parque) Domingo Atlético-MG x Ceará – 11h (Mineirão) Vasco x São Paulo – 16h (São Januário) Bahia x Bragantino – 16h (Pituaçu) Fluminense x Internacional – 18h (Maracanã) Atlético-GO x Sport – 19h (Olímpico) Fortaleza x Botafogo – 19h30 (Castelão) Santos x Athletico-PR – 19h45 (Vila Belmiro)
Neymar dá show e PSG avança A torcida brasileira parou ver Neymar no jogo decisivo entre o Paris Saint German e o Atalanta, quarta-feira (12), pela Champions League. E o ex-atacante do Santos não decepcionou. Após campanha na Internet que alcançou mais de 1 milhão de menções a ele no Twitter, antes e durante o jogo, o craque criou as principais jogadas do PSG, perdeu três grandes oportunidades, mas foi decisivo na segunda etapa. Juntamente com o jovem fenômeno francês Mbape, virou o placar em 5 minutos para garantir a classificação e sair eleito como o melhor em campo.
DIVULGAÇÃO / PSG
Craque brasileiro é a maior esperança dos franceses para tentar o título inédito
O Atalanta chegou como time sensação por ter feito mais de 100 gols no Campeonato Italiano. Mas foi
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Neymar quem prendeu as atenções como craque do jogo e a frase que bombou na Internet: o pai ta ON. Agora o PSG vai enfrentar o Redbull Leipzig, da Alemanha, que surpreendeu o Atlético de Madrid, na quinta-feira, e venceu por 2 a 1. Com isso haverá um finalista inédito na Champions (o time francês ou o alemão). Do outro lado da chave, o Barcelona joga contra o Bayern, na sexta-feira (14), e o Manchester City enfrenta o Lyon no sábado. Ambos as partidas acontecem, às 16h, com transmissão por canais por assinatura. (GP)
Entre os favoritos a avançar à próxima fase do Campeonato Brasiliense, o Gama deu o passo mais importante: goleou o Sobradinho (5 a 0). Antes da pausa devido à pandemia, o Alviverde liderava rumo ao bicampeonato. No entanto, na volta, passou a se preocupar com os salários atrasados e a saída de Tarta, seu principal jogador. Mas o time não perdeu o ritmo. Venceu o Real Brasília no fechamento da fase anterior e humilhou o Leão da Serra no jogo de ida das quartas de final. Brasiliense, Real Brasília e Formosa, que tinham vantagem antes de a bola rolar, a mantiveram. O Tsunami do Cerrado vai mais tranquilo para o jogo de volta após vencer o Taguatinga (1 a 0). O Jacaré esbarrou numa atuação inspiradíssima do goleiro Matheus Lorenzo e ficou no empate com o Luziânia. Se repetir o resultado, fica com a vaga. No duelo dos azuis, no Mané Garrincha, a poucos metros do hospital de campanha, o Real Brasília saiu na frente com gol de Gilvan, artilheiro do campeonato, e o Capital empatou no segundo tempo. O Leão do Planalto joga pelo empate, domingo. (GP)
Jogos de volta: Sábado Gama x Sobradinho – 17h (Bezerrão) Domingo Brasiliense x Luziânia – 11h (Mané Garrincha) Formosa x Taguatinga – 15h30 (Diogão) Real Brasília x Capital – 15h30 (Defelê, com transmissão da TV Brasília)
202 Sul
Taguatinga Norte