Jornal Brasília Capital 464

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Congresso altera LDO e permite recomposição salarial da segurança do DF

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PM, Civil e Bombeiros terão reajuste

Ano IX - 464

Brasília, 16 a 22 de maio de 2020

Ibaneis aplica mata-leão em Ronaldo Caiado

PAULO H. CARVALHO AGÊNCIA BRASÍLIA

Futebol ao vivo volta à TV Canais por assinatura transmitem jogos do campeonato alemão Gustavo Pontes – Página 12

Governador ameaça fechar acesso de pacientes do Entorno com covid-19 ao sistema de saúde do DF. O chefe do Executivo goiano, que fazia cara de paisagem para a dura realidade dos moradores das cidades do estado vizinho próximas a Brasília, foi obrigado a se mexer. Pelaí – Página 3

DÊNIO SIMÕES AGÊNCIA BRASÍLIA

E MAIS: A pressa em flexibilizar as aulas presenciais nas universidades José Domingues Godoi Filho – Página 2

Bahia é exemplo de união no combate à covid-19

Começam obras do túnel de Taguatinga

Eduardo Tito – Página 4

O medo de morrer, mata Caio Simões – Página 8

Página 10

Pandemia ameaça eleições municipais

ENTREVISTAS

Chico Sant’Anna – Páginas 6 e 7

General Paulo Chagas – Página 5 Nísia Trindade de Lima – Página 8


Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 16 a 22 de maio de 2020 - bsbcapital.com.br

E

x p e d i e n t e

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Por que tanta pressa em “flexibilizar” as aulas presenciais nas universidades? José Domingues de Godoi Filho (*) AGÊNCIA SENADO

Nos últimos 40 anos, em defesa das universidades públicas, autônomas, gratuitas, laicas e democráticas, realizaram-se dezenas de paralisações. Muitas duraram até 4 meses. Todas repostas integralmente. Então, por que tanta pressa para aprovar a “flexibilização, em caráter excepcional e temporário, do desenvolvimento de estratégias de ensino-aprendizagem por meio de Tecnologias da Informação e Comunicação em substituição às estratégias presenciais para o ensino de graduação”? As propostas “articuladas” pelas universidades são tão pornográficas que faria o cartunista Carlos Zéfiro e a escritora Adelaide Carraro ficarem ruborizados. Com as polêmicas, mercantilismo e desgastes da EaD, as propostas são apresentadas escondidas por outros termos, como “flexibilização” das aulas presenciais para o ensino de graduação. Com tal ressignificação, tentam esconder a ameaça que ronda o ensino superior público e o trabalho docente para atender aos interesses de grupos educacionais mercantis. A educação se tornando uma “commodity”. A pandemia está permitindo e facilitando a realização de experimentos do ensino superior ao básico. A “flexibilidade” será aplicada na estrutura física da universidade, na exploração do trabalho docente e nos currículos, em muitos casos, já defasados e distantes do que se espera de um profissional para os próximos anos. A The Economist (1), em seu editorial de 2 de maio, defendendo os interesses do cassino global, conclama a volta às aulas, colocando a ciência contra os cuidados com a saúde. Nem com a covid-19, quase levando a óbito o primeiro ministro britânico, serviu para sensibilizar.

O mesmo caminho escolheu o Conselho Nacional de Educação (CNE), em 28/4, quando, praticamente, desconsiderou, em suas indicações, as consequências nefastas da pandemia e a falta de recursos financeiros para educação. O The Wall Street Journal (2) noticiou, em 29/4, que Washington, D.C., partes da Georgia, Texas, dentre outras regiões, após tentarem a “flexibilização” das aulas presenciais, interromperam as atividades e anteciparam o fim do período acadêmico, após verificarem que havia muita desigualdade social – nem todos os estudantes possuem acesso à Internet. Também o Le Monde (3) divulgou a posição que o ministro da Educação da França apresentou à Assembleia Nacional, reconhecendo que a “flexibilização”, também na França, deixou muitos estudantes pelo caminho em razão das desigualdades. O que ocorrerá no Brasil se a “flexibilização” for adotada? Nas universidades federais, cerca de “70,2% dos estudantes têm renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo por mês”, (ANDIFES-2019). Os riscos envolvidos não são poucos e as consequências para a educação pública enormes em todos os aspectos. Em março-2020, a Unesco (4) lançou a Coalizão Global de Educação com “os objetivos de propulsionar, no curto prazo, a utilização de tecnologias de aprendizagem remota e, no longo prazo, consolidar o uso de tecnologias de educação nos sistemas regulares de ensino”. A coalizão envolve, além da Unesco, o Banco Mundial, OCDE, ONU, OMS, UNICEF, OIT, grupos empresariais (Microsoft, Google, Facebook, Zoom, Moodle, Huawei, Fundação Telefônica, dentre outros) e organizações filantrópicas, como Khan Academy, Dubai Cares, Profuturo e Sesame Street. A OCDE (5) identificou, em 98 países, que os recursos mais usados durante a pandemia são: Google, Facebook, Microsoft, Moodle, Zoom, Youtube. E recomendou a

criação de comitês locais para a implantação das estratégias em resposta à pandemia. O trabalho deve ser organizado em duas etapas. A primeira objetivando completar o ano acadêmico “com resiliência e autoeficácia”. A segunda, considerando se ainda não houver uma vacina contra a covid-19 e o afastamento social continue necessário. No Brasil, a ONG Todos pela Educação, de empresários da educação, coordenou uma reunião com a participação do Conselho Nacional de Educação, Undime, Consed e representantes do Banco Mundial para atender ao indicado pela OCDE. Não há, na maioria das universidades, acúmulo de discussões sobre a questão. E não será sob a pressão de interesses mercantis que serão aprofundadas e tornadas maduras as decisões. A voracidade em atender aos interesses de entidades mercantis da educação é tanta que até os atos produzidos pelo MEC foram divulgados em papel timbrado da ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, “entidade que representa o ensino superior particular...” A pandemia não pode ser utilizada para descompromissar ainda mais as obrigações do Estado com a educação. Não podemos permitir mais esse golpe contra a educação pública no Brasil. (*) Professor da Faculdade de Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso (1) The Economist. Covid-19 and the Classroom. Open School First. May 02, 2020. (2) https://www.wsj.com/articles/someschool-districts-plan-to-end-the-year-early-callremote-learning-too-tough-11588084673 (3) https://www.lemonde.fr/education/ article/2020/04/29/un-retour-a-lecole-progressif-et-incertain-apresla-fin-du-confinement-liee-aucoronavirus_6038105_1473685.html (4)https://en.unesco.org/covid19/ educationresponse/globalcoalition (5)https://www.hm.ee/sites/default/files/ framework_guide_v1_002_harward.pdf


Brasília Capital n Política n 3 n Brasília, 16 a 22 de maio de 2020 - bsbcapital.com.br

Sindivarejista – O presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, sugeriu ao governador Ibaneis Rocha a suspensão temporária do passe-livre para idosos no transporte público do DF. Ele acredita que isso desafogaria o movimento nas horas de pico – no início e no fim do dia –, evitando aglomerações que contribuem para disseminar o coronavírus. “Temos o dever de trabalhar pela redução da covid-19”, justifica Castro.

PAULO HENRIQUE CARVALHO/AGÊNCIA BRASÍLIA

ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Gravação compromete Bolsonaro O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, apontado pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como prova de que Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal do Rio de Janeiro, vai complicar a vida do Presidente da República. Num dos trechos tornados públicos, ele esbraveja: "Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder

minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura”. BRINCADEIRA – “Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira". A transcrição foi feita pela Advocacia-Geral da União.

Após impasse, Ibaneis e Caiado saíram vitoriosos e, com eles, a população

O mata-leão de Ibaneis em Caiado Dizem que política é um jogo de xadrez. Mas há, também, comparações com outros esportes, como esgrima e futebol. Na semana que passou, o governador Ibaneis Rocha (MDB) acrescentou uma nova modalidade à lista: as artes marciais japonesas. CARA DE PAISAGEM – Como exímio lutador, o emedebista encurralou o governador de Goiás e aplicou-lhe um definitivo mata-leão. Há 30 dias, Ronaldo Caiado (DEM) fazia cara de paisagem para o crescimento dos casos de covid-19 nos municípios do Entorno. SOBRECARGA – Sem opções por lá, os pacientes correm em busca de socorro em Brasília. E isso acaba sobrecarregando o sistema de saúde da capital, comprometendo a estratégia preventiva adotada por Ibaneis desde o primeiro momento de ameaça do novo coronavírus. NO QUEIXO – Na quinta-feira (14), Ibaneis partiu para o ataque. Anunciou que publicaria um decreto barrando a entra-

da, no DF, de ambulâncias com vítimas da pandemia vindas do Entorno. Direto no queixo de Caiado, que acusou o golpe. Tentou argumentar que era desumanidade. Mas logo percebeu que precisava reagir. GRAVATA – Ibaneis apertou a gravata em Caiado. E ele voou para Luziânia, onde anunciou que enviará, nos próximos dias, 11 respiradores para o hospital local. No mesmo instante, o governador do DF despachava no Ministério da Saúde. ÁGUAS LINDAS – Ali, obteve a garantia de que o hospital de campanha de Águas Lindas, com 100 leitos, será, finalmente, entregue à gestão do governo de Goiás e começa a funcionar no próximo dia 23. FAIR PLAY – No fim do dia, os dois chefes de Executivos, como bons desportistas, se cumprimentaram. Não houve derrotados. Só vitoriosos, especialmente as populações do DF e das cidades vizinhas do Entorno da capital da República.

Esquerda quer impeachment PT e PSol vão apresentar pedido de impeachment contra Bolsonaro. Contam com o respaldo de cerca de 300 entidades que representam a sociedade brasileira nos mais diversos setores. Não está definida a data para o lançamento do texto.

LULA – Para Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro atua com a ideia de endurecer cada vez mais para instaurar um governo autoritário. O ex-presidente considera que o Brasil não aguenta três meses do jeito que está sendo governado.

Ministro-relâmpago Um mês após assumir o cargo, Nelson Teich (foto) pediu demissão do Ministério da Saúde na sexta-feira (15). Ele tentou implantar o mesmo protocolo proposto pelo antecessor, Luiz Henrique Mandetta, para o plano de retomada das atividades econômicas e uso da cloroquina.

MARCELLO CASAL JR. / AGÊNCIA BRASIL

AVATAR – Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro detestou a proposta. Para não “manchar seu currículo”, Teich pediu o boné. Quem aceitará

ser o avatar de Bolsonaro na condução da política de saúde em plena pandemia da covid-19 e ficar com o ônus de genocida?

Juíza autoriza retorno do comércio Oito dias depois de visitar a sala de controle da covid-19 no Palácio do Buriti, a juíza da 3ª Vara Federal Cível do DF, Kátia Balbino de Carvalho, emitiu, na sexta-feira (15),

decisão que determina a reabertura escalonada dos comércios da capital do País. As datas e o planejamento do início da retomada gradual serão divulgados pelo GDF.


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Terra mãe do Brasil dá exemplo de união ao restante do País no enfrentamento da pandemia DIVULGAÇÃO

Eduardo Tito (*) “Somos ondas do mesmo mar, folhas da mesma árvore, flores do mesmo jardim”. Com essa frase, a empresa Xiaomi enviou dezenas de milhares de máscaras para o Departamento de Proteção Civil italiano para ajudar no combate ao novo coronavírus. A Itália atingiu a marca de 222 mil casos confirmados de contágio e mais de 31 mil mortes. Na quarta-feira (13), o Brasil alcançou a 6ª posição na lista dos países com o maior número de contaminados e mortos pela covid-19, com 179 mil casos confirmados e 12 mil mortes. Mesmo assim, o Presidente da República insiste em conduzir o governo a menosprezar o potencial de contágio e letalidade do vírus. DE MÃOS DADAS – A situação só não está pior graças às ações dos governadores e prefeitos que se isolaram do discurso negacionista do chefe da nação. Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), deram-se as mãos para tentar evitar o avanço de contágio do vírus. Costa, um possível candidato à Presidência em 2022, e Neto, seu opositor e provável candidato a governador em 2022, esqueceram as duras batalhas pelo eleitorado baiano e caminham unidos no combate à pandemia. O estado registrou, até terça-feira (12), mais de 6 mil casos de covid-19 e 225 óbitos em 180 municípios com registros de contaminação. A capital já ultrapassou os 4 mil casos confirmados, com 145 mortes. Em toda Bahia, 643 profissionais da saúde foram contaminados pela covid-19. Enquanto Bolsonaro não se entende com a forma correta do uso da máscara de proteção, nem com o ministro da Saúde, Nelson Teich, assim como fez com o antecessor,

Rui Costa e ACM Neto esquecem a política para salvar vidas: Exemplo para Bolsonaro

Henrique Mandetta, Rui e ACM estão se alinhando cada vez mais, mesmo com ações individualizadas para combater o vírus. O processo eleitoral de 2020, que vai eleger prefeitos e vereadores, ainda é uma incerteza. A única certeza é que o vírus é real, com alta taxa de contágio e letalidade, e que a humanidade precisa de todos os esforços de petistas, democratas, comunistas e liberais para salvar o maior número possível de vidas. MAU ALUNO – Mas Bolsonaro insiste em atacar, ferozmente, o trabalho da imprensa, criticar os gestores estaduais e municipais, defender o isolamento vertical (sem apresentar um planejamento para tal), defender o uso da cloroquina, mesmo quando a OMS pede cautela na aplicação do medicamento, e não apresenta ações efetivas para combater a doença. Insiste no negacionismo do vírus para salvar a economia de um colapso. O que ele não entende é que, com a economia mundial à beira do colapso, a brasileira, com ou sem covid-19, também entra em colapso. A economia nacional é, totalmente, de-

pendente da internacional. E o mundo está focado em combater o vírus para, em segundo plano, salvar a economia. A união do governador baiano e do prefeito soteropolitano prova que o sonho de ver políticos de ideologias diferentes unidos pelo bem comum pode ser realidade. Rui e Neto, como bons baianos, caminham pelos corredores dos seus gabinetes refletindo: “Salvador, Bahia, território africano baiano sou eu, é você, somos nós uma voz, um tambor”, preocupados com a situação econômica do estado e da capital, mas, acima de tudo, preocupados com a crítica situação da saúde pública dos cidadãos. Estão preocupados em salvar o maior número de vidas para, depois, com o apoio dessas pessoas vivas, recuperar a economia e conquistar, mais uma vez, nas urnas, o voto e o apoio dos baianos. Então poderemos dizer: “Que beleza! A Bahia, nossa terra mãe, tem bons precedentes”. Que Bolsonaro aprenda a lição, mesmo já tendo demonstrado ser um péssimo aluno! (*) Jornalista do Pátria Latina

O reajuste das forças de segurança do DF está mais próximo. Na quarta-feira (13), o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que autoriza o governo a conceder o benefício para as polícias Civil e Militar e para o Corpo de Bombeiros. Agora, só depende da assinatura de uma Medida Provisório pelo Presidente da República. O governador Ibaneis Rocha acredita que o reajuste será concedido mesmo durante a pandemia da covid-19. O projeto foi enviado ao Congresso por Jair Bolsonaro depois que Ibaneis solicitou o reajuste, em dezembro de 2019. A proposta foi apreciada por deputados e senadores em sessão virtual. O texto altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para permitir a recomposição das três carreiras, custeadas pelo Fundo Constitucional do DF (FCDF). PM e Bombeiros terão uma recomposição de 25% sobre a Vantagem Pecuniária Especial (VPE). Já para a Civil, será de 8%. O impacto das medidas será de R$ 505 milhões por ano. A aprovação da matéria contou com o apoio unânime dos onze parlamentares da bancada brasiliense no Congresso. A bancada é coordenada pelo senador Izalci Lucas (PSDB), que teve seu esforço reconhecito por todos os demais integrantes – os oito deputados federais e os senadores José Antônio Reguffe (Podemos) e Leila Barros (PSB). DIVULGAÇÃO

Bahia de mãos dadas contra a covid-19

Reajuste para PM, Civil e Bombeiros fica mais próximo

Izalci: articulação reconhecida por toda a bancada do DF


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O senhor foi candidato a governador em 2018 e apoiou o presidente Jair Bolsonaro, ambos com o discurso de uma “nova política”. Como vê a aproximação dele com o Centrão? – Entendo que ele montou uma equipe de alto nível, talvez a melhor que tivemos nos ministérios do Brasil dos últimos 30 anos. Porém, não bastava apenas ser o presidente, ter vencido as eleições. Exigia uma estratégia no Congresso para fazer valer as suas propostas. O presidente apostou na popularidade dele e acreditou que isso seria o suficiente para intimidar o Congresso, o que não foi. E teve de abrir mão de algumas das suas promessas e voltar a usar à estratégia do chamado Centrão para ter maioria e poder fazer valer suas propostas no Congresso. Isso gera um preço, que ele não queria pagar, mas vai ter de pagar. Nessa equipe “de alto nível” o senhor não tem militar demais? – Não. De 22 ministros, oito são militares. Na medida em que o Presidente foi precisando de mais competências, foi buscando onde sabia que iria encontrar. Nas Forças Armadas, ele sempre vai encontrar gente com competência. Ele foi na fonte que conhecia. Praticamente um terço dos ministérios... – E se ele tivesse colocado oito médicos, seria um ministério medicinal, sanitário? Se ele tivesse convocado oito advogados, seria então judicial? Cada um vai à sua fonte. O Lula e a Dilma foram buscar bandidos, terroristas, corruptos etc. E fizeram ministérios de corruptos. O Presidente e seus aliados têm defendido o fechamento do Congresso e do STF... – Os apoiadores do Presidente, esses que estão até mesmo acampados agora na frente do Congresso, têm essas bandeiras do “fecha Congresso”, “fecha STF”, “faz intervenção militar”. “Fecha esses dois poderes e Bolsonaro vira um ditador”. O próprio Presidente já disse que não quer ouvir falar nesse assunto. Militares estão comprometidos com a legalidade. Como ente do Estado e não de governo? – Como sempre.

DIVULGAÇÃO

Entrevista Paulo Chagas

“Não basta vencer as eleições” Orlando Pontes

O

general Paulo Chagas entrou para a política em 2018. Concorreu ao Buriti pelo PRP, coligado ao PSL, pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu Presidente da República. Nesta entrevista ao Brasília

Capital, ele minimiza a ocorrência de tortura no Brasil nos 21 anos do regime militar e admite falhas do atual chefe do Executivo na condução das decisões em relação à pandemia da covid-19. Considera inevitável a aproximação de Bolsonaro com o Centrão para assegurar maioria no Congresso. Mas reforça que as Forças Armadas são uma instituição de Estado e não estão a serviço de qualquer governo.

Durante o regime militar houve torturas, mortes de opositores. Membros do atual governo minimizam isso, como fez a secretária Regina Duarte. É possível naturalizar a tortura? – Foi feita uma revolução. Era um governo, necessariamente, autoritário porque em seguida começou a guerra contra o terrorismo. A esquerda se preparava para essa guerra há muito tempo. Se estávamos em guerra, tinha de haver morte, como houve. Em 21 anos, morreram menos de 500 pessoas. Hoje, no Brasil, morrem 500 pessoas a

cada 3 ou 4 dias. Foi uma guerra muito controlada. E dizer que houve tortura, parte do princípio de que antes não havia. Passou a acontecer e depois do período do regime militar ela deixou de existir. E isso é balela. A tortura sempre existiu, continuou existindo. Então não se pode dizer que o regime militar criou a tortura. O senhor concorda com a tortura? – Claro que não. Não posso dizer que participaria de uma coisa dessas porque está, totalmente, fora dos meus parâmetros morais e éticos.

Como está percebendo as atitudes de Bolsonaro no combate à covid-19? Concorda que as pessoas devem ir para a rua? – O que tem faltado ao governo é que nós vemos que a área da saúde diz uma coisa e o Presidente diz outra, ou pelo menos não endossa completamente. Não há um consenso do que tem de ser feito. Esse “consenso” não deveria partir de um parecer científico? – Consenso significa reunir várias pessoas e chegar a uma conclusão, que não necessariamente será a ideia de cada um deles. Isso o governo ainda não tem e eu considero uma falha. Vimos o ministro da Saúde ser surpreendido em uma coletiva com uma decisão do Presidente que interferia, diretamente, na sua pasta e que ele não tinha conhecimento. Então, ainda há falhas. O senhor poderia estar na cadeira do Ibaneis Rocha. O que faria de diferente do que ele tem feito no enfrentamento à crise? – Não tenho todas as informações, todos os dados do problema. De modo que não me sinto em condições de julgar o que tem sido feito pelo governador. Se eu fosse falar alguma coisa hoje seria achismo, e não gosto de achismo. Estamos tratando de vidas humanas, e não cabe fazer apostas. Submeto-me às decisões dele como cidadão brasiliense. O senhor tem noção sobre como poderia ser feita a retomada da atividade econômica? – Temos vários problemas. A primeira onda era só de saúde; a segunda, que estamos vivendo agora, está atingindo a economia. É mais uma razão para chegarmos a um consenso. Cabe ao chefe – ao Presidente, aos governadores, prefeitos, ouvindo seus secretariados – chegar a uma decisão. Temos de ter o que nós, militares, chamamos de “disciplina intelectual”. O chefe decidiu. Nós, que o assessoramos, tivemos oportunidade de dizer e mostrar nossos pontos de vista. Então, fazer valer a decisão dele. Podemos, então, traduzir essa “disciplina intelectual” em uma palavra: democracia. – Exatamente. Democracia. E que assim seja, amém!


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Brasília Por Chico Sant’Anna

A pandemia e as incertezas das Mudança de calendário dependerá de lei. Se for mudança de datas, exigirá emenda constitucional aprovada pelo Congresso Marcado para 4 de outubro, o primeiro turno das eleições municipais deverá levar às urnas cerca de 146 milhões de eleitores. Serão escolhidos 63 mil vereadores e os prefeitos e vice-prefeitos dos 5.568 municípios. É um dos maiores escrutínios do mundo ocidental. A epidemia da covid-19, porém, trouxe incertezas para o pleito, e há quem defenda o adiamento para 2022, fazendo coincidir com as eleições federais e de governadores.

Mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já deixou claro que uma mudança de calendário dependerá de lei. Se for mudança de datas, exigirá emenda constitucional aprovada pelo Congresso. A Justiça eleitoral, contudo, está fazendo de tudo para que não haja a necessidade de mudança no calendário municipal e o pleito aconteça sem transtornos. Até aqui, tem sido possível adaptar as exigências legais por meio das facilidades digitais. Importantes etapas,

como o prazo de filiação partidária ou mudança de partido dos candidatos, se deram sem maiores problemas, pois tudo foi feito via Internet. INTERNET – Em 3 de abril, venceu a chamada janela eleitoral, período em que políticos podiam mudar de partido para concorrer à eleição. No dia 4 – 6 meses antes do pleito –, venceu também o prazo para que potenciais candidatos registrassem, se fosse o caso, um novo domicílio eleitoral e aqueles

que tinham cargos no Poder Executivo se desincompatibilizassem. Os eleitores tiveram até 6 de maio para regularizar a situação na Justiça Eleitoral para poder votar em outubro. E este ano, por causa da covid-19, ficou mais fácil. Tudo pode ser feito pela Internet: segunda via do título, obtenção do primeiro título ou mesmo mudança de local de votação. Mais de 1,04 milhão de pessoas solicitaram à Justiça Eleitoral mudanças em seus títulos.

Comunicadores fora do ar A partir de 30 de junho, candidatos que apresentem programas de rádio ou televisão terão de se afastar dos microfones. Quem trabalha na imprensa escrita não precisa. Outra etapa que não terá mudanças é o período em que os pré-candidatos a prefeito e vereador podem fazer a vaquinha on-line, arrecadando doações dos simpatizantes. Outra vez, tudo será feito de forma virtual. Mas só podem doar pessoas físicas e o valor arrecadado só poderá ser usado, efetivamente, a partir da campanha. CONVENÇÕES – Uma etapa que poderia trazer conflitos entre as normas

eleitorais e o combate ao coronavírus seria a das convenções, tradicionalmente, realizadas presencialmente. Elas devem ocorrer de 20 de julho a 5 de agosto. As imagens desses eventos, às vezes, são usadas no marketing eleitoral. Quem faz a festa mais bonita, com mais gente e mais apoiadores importantes, em tese, se mostra uma candidatura mais forte. Mas, neste ano, tudo será diferente. Atendendo a pedido do partido Republicanos, o TSE autorizou a realização de convenções por teleconferência. Ou seja, vai ser uma “live” na tela do computador, ou mesmo do celular, com aqueles retratinhos que o brasileiro está se acostumando a lidar.

Karina Marques, Hemanuelle Jacob, Sara Damas, Erenilda de Assis e Camila Campos

Mulheres do PSol – O PSol vai apostar em mulheres nas disputas pelas prefeituras em Goiás. Em Goiânia, a escolhida será a professora Hemanuelle Jacob. Em Catalão, a pedagoga Camila Campos. Na Cidade Ocidental, a professora Karina Marques, de raízes quilombolas. Em Valparaíso, a estudante de Pedagogia Sara Damas. Em Cristalina, Erenilda de Assis.


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Acompanhe também na Internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

eleições municipais

Brasil ainda não tem o voto pela Internet

CHICO SANT’ANNA

E como será o dia 4 de outubro? Países como os Estados Unidos aceitam o voto pelo correio, mas lá a cédula é em papel. Na Estônia – que fazia parte da União Soviética –, desde 2005, o voto pode ser pela Internet. Lá, o chamado e-voto só é possível graças à existência de uma carteira de identidade inteligente. A cédula permite a autenticação remota segura por meio de assinaturas digitais. O Brasil já possui sistemas de assinaturas digitais, mas é bastante limitado, em especial a processos jurídicos.

DIVULGAÇÃO

CHICO SANT’ANNA

Festa da democracia prevista para outubro pode ser adiada: sem contato candidato–eleitor

Corpo a corpo nem pensar Duas outras etapas desafiarão a criatividade dos partidos e candidatos: a campanha, propriamente dita, e a eleição. Panfletar na rua, bandeiraços, corpo a corpo com os eleitores, abraços, beijos, criancinhas no colo..., nem pensar. Além de poder contribuir para espalhar o vírus, essas atitudes demonstrarão que o candidato pouco se importa com a saúde dos eleitores – embora, para al-

guns, que já estão no poder, isso não incomode. Resta saber se o TSE, imbuído dos bons fluídos de combate à pandemia, baixará limitações ou alterará regras da propaganda eleitoral. Voltar a permitir cavaletes fixos com publicidade dos candidatos, poderia ser uma saída mais segura. REDES – No final das contas, essa deverá ser mesmo uma

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campanha de redes sociais. Quem tiver os melhores Mailinglists, melhores grupos de Whatsapp, as páginas mais populares de Facebook e Instagram deverá levar vantagem. Quem não tiver isso, mas tiver dinheiro, poderá comprar esses serviços. E ai, outro problema para a Justiça Eleitoral: os famosos robôs, que, por uma boa paga, divulgam a milhões a mensagem desejada, nem sempre verdadeira.

Hora da urna

CADASTRAMENTO – Certamente, 2020 não será o ano do e-voto no Brasil. Muito ainda temos que caminhar. Não só na adequação da

Justiça Eleitoral, mas também na melhoria e universalização das redes de Internet, que devem ser mais seguras, e na educação de nossa população. A pandemia tem nos mostrado como estamos atrasados nessa área. O cadastramento do auxílio emergencial via Caixa Econômica revela nossa falência estrutural. Se não damos conta de cadastrar 50 milhões de necessitados, como coletar o voto de 150 milhões de eleitores? Certamente, contudo, a covid-19 poderá estimular o avanço na universalização do acesso à Internet. De sua parte, o TSE, a quem já compete a implantação da identidade digital, deverá passar a pensar seriamente na hipótese do e-voto. Afinal, o futuro ai está.


Brasília Capital n Saúde n 8 n Brasília, 16 a 22 de maio de 2020 - bsbcapital.com.br

Conte a história da Fiocruz criada na época das epidemias de varíola, peste bubônica e febre amarela. – A história da saúde pública no século 20 e a do Brasil passam pela Fiocruz. O trabalho científico se volta às grandes epidemias urbanas e às doenças dos sertões, como Chagas. A Fiocruz é essa história, sempre com aportes científicos dos pesquisadores, associando a ciência às necessidades públicas. A pandemia é desafio para esta instituição ligada ao Ministério da Saúde e que participou do movimento da reforma sanitária na Constituição de 1988 e criação do SUS. As lições aprendidas com as epidemias do passado são aplicáveis na atual crise? – Aprendeu que o País precisa fortalecer sua base científica e tecnológica e suas instituições científicas e universitárias que geram conhecimento para compreender a dinâmica da doença na sociedade e desenvolver políticas públicas. Vemos, tristemente, que insumos de saúde, como Equipamento de Proteção Individual e respiradores, não estão acessíveis. É importante investir em ciência e tecnologia e associá-las ao complexo econômico e industrial da saúde. O SUS requer uma base produtiva. A ciência tem lugar central no combate à pandemia, no momento em que movimentos anticientíficos diminuem sua relevância. Como vai se estruturar após a atual situação? – Podemos ter esperança, mas não a convicção, de que o valor social da ciência será respeitado e fortalecido. Cabe à ciência dar respostas e formar políticas públicas para proteger a sociedade. Não podemos fazer esse enunciado da importância da ciência e não trabalharmos para essa construção coletiva. Você é autora do livro Louis Pasteur e Oswaldo Cruz: tradição e inovação em saúde. Por que se valoriza tanto a figura de Oswaldo Cruz, mas não os cientistas contemporâneos? – Oswaldo Cruz é um símbolo.

PETER ILICCIEV

Entrevista Nísia Trindade de Lima

“O Brasil precisa de uma ciência forte” Valquíria Daher (*)

O

s dias de Nísia Trindade Lima têm sido agitados desde que os casos de covid-19 passaram a se multiplicar no Brasil. Primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz em 120 anos, ela

está no centro do combate à pandemia. Nesta entrevista à Ciência Hoje, que o Brasília Capital reproduz em parte (leia a íntegra em www.bsbcapital.com.br), ela fala da importância do SUS e os desafios para superar a pandemia.

Uma matriz que está sempre atualizada. Um pioneiro e referência. Outro fator é a ciência ser feita de uma forma diferente. Hoje em dia, coletivos e grandes equipes são importantes. A figura individualizada do cientista não existe. Um terceiro aspecto é que a ciência se democratizou: Eram pouquíssimos cientistas no início do século 20, hoje são muitos em todas as regiões. E o hospital de campanha? Além de tratamento dos pacientes, auxiliará nas pesquisas em andamento? – Nosso centro hospitalar não chamamos de hospital de campanha porque ele terá uma permanência, como uma ampliação das ações do Instituto Nacional de Infectologia. Ele vai fazer parte do estudo clínico “Solidariedade”, da OMS, que está analisan-

do medicamentos conhecidos para ver sua eficácia e segurança ao serem administrados em pacientes com covid-19. Um dos compromissos de seu programa de gestão é defender o direito à saúde universal e o SUS. Como está enfrentando a covid-19? – A pandemia, pela velocidade de transmissão e pelos casos graves que requererem longos períodos de internação e atenção especializada de alto custo, é um problema para todos os sistemas do mundo. Daí ser importante acentuar que o SUS é uma fortaleza, mas também adoece. Teríamos problemas em qualquer situação, como o mundo todo, mas se soma a isso um subfinanciamento histórico. O legado dessa pandemia é que esse sistema precisa ser fortalecido e passa pelo fortalecimento do Saúde

da Família, enfrentamento da extrema desigualdade, da falta de saneamento e água, fortalecimento da assistência e proteção social. Não se pode escapar da covid-19 e morrer de fome. Como é ser a primeira mulher presidente da Fiocruz e estar no centro dessa crise? – Essa é uma crise planetária, que coloca em xeque o modelo civilizatório, expõe a vulnerabilidade do mundo todo. É um desafio impensável para a minha geração, que participou da construção do SUS, da retomada da democracia no País. Meu papel é coordenar esforços da potência que é a Fiocruz, fazendo com que atue como um sistema. Lidamos com essa pandemia como uma grande crise sanitária e humanitária multidimensional. Precisamos salvar vidas, fortalecer o SUS e ter uma agenda para um processo que vai se alongar, lutar por uma vacina e garantir o acesso da população a ela e a outros meios de proteção. As ciências sociais têm sido deixadas em segundo plano nos investimentos do atual governo. Qual a importância das ciências sociais nessa pandemia? – Falando das emergências sanitárias, elas são fundamentais para pensarmos a dinâmica da circulação de um vírus e seu impacto na sociedade. As ciências sociais trabalham com a percepção sobre risco, com as políticas públicas. É impossível enfrentar uma pandemia sem esses recursos. As ciências sociais é que vão permitir que entendamos, por exemplo, que medidas e que comunicação vão ser, de fato, eficientes numa sociedade tão desigual como a nossa. Cientistas ligados a Fiocruz de Manaus foram ameaçados. Como vê essa coerção da pesquisa e busca de cerceamento do livre pensar por certos grupos sociais? – A ciência só pode existir com liberdade e ética. Não quer dizer que os cientistas podem fazer tudo o que querem. Confira a posição na nota do Conselho Deliberativo no site www.bsbcapital.com.br.


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Corrupção existe onde não existe transparência nem diálogo A atual pandemia, além de colocar em risco de colapso o sistema de saúde pública, ameaça sobrecarregar o Ministério Público, as polícias e demais órgãos de controle, além dos Tribunais de Justiça em todo o País. Não é o coronavírus em si, mas o vírus da corrupção que também despertou com força total. Em todo o Brasil são vistos os sintomas dessa síndrome: só na esfera dos recursos repassados pela União, são mais de 400 procedimentos de investigação abertos pelo Ministério Público Federal, em razão das compras sem licitação de bens, serviços e insumos para o enfrentamento da pandemia da covid-19. O Distrito Federal não ficou de fora – está aí a Operação Grabato, que investiga direcionamento na escolha da empresa selecionada para administrar os leitos do hospital de campanha construído no Estádio Nacional Mané Garrincha, ao custo aproximado de R$ 79 milhões. E a investigação do hospital de

campanha é só a que veio a público. Também se faz gastos milionários com testes de qualidade questionável para detecção do novo coronavírus. Por quase 70 milhões e pelo prazo de 180 dias foi feita a contratação emergencial de serviço de limpeza que, ao substituir o prestador anterior, está deixando as unidades de saúde sem lixeiras, sem sabão nem álcool – em plena pandemia, que exige ainda maior cuidado com a higiene até dentro de casa. Não será surpresa surgirem novas investigações. Em saúde, o termo emergência, invariavelmente, indica custos elevados. Na urgência, os preços sobem na mesma medida em que cresce a necessidade. Máscaras, que se compravam por centavos, passaram a valer cinco reais. Respiradores tiveram preços triplicados ou quadruplicados. É um cenário ideal para desvios e fraudes. Os gestores ficam na berlinda, a maioria com boas intenções, mas nem todos. E os oportunistas sur-

gem em enxames – especialistas e empresas vendendo soluções e milagres. Separar o joio do trigo é a difícil missão do Ministério Público. Aqui no DF, não é de hoje, nosso Legislativo também não tem dado a devida atenção a essas questões. Suspendem-se as licitações e fazem-se as compras emergenciais a preços mais elevados. É rotina e não se propõe uma diretriz para estancar essa sangria. É função do Legislativo fiscalizar o Executivo, e essa função tem sido negligenciada ou mal executada. Hoje, temos o agravante de que a falta de insumos diversos favorece a contaminação dos profissionais de saúde pela covid-19. Os servidores da Saúde acabam sendo transformados em vetores de contaminação de pacientes e de seus próprios familiares. Aumenta o número de pessoas doentes e diminui o número de profissionais disponíveis para tratá-los – esse é o retrato do atual colapso. As emergências não são contro-

Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

láveis. As instituições, sim. E todas as partes envolvidas – governantes, legisladores, servidores públicos e sociedade civil – devem ser participantes da construção dos mecanismos de aperfeiçoamento das engrenagens do serviço público. Esse tem de ser um diálogo permanente. No momento atual, só nos resta a investigação do que se aponta como irregularidades, má-fé, fraude e corrupção, e a punição de quem for responsável por esses atos.

O medo de morrer, mata Muitas pessoas estão deixando de buscar socorro para outras doenças por medo de contrair o novo coronavírus Caio Simões Souza (*) Um estudo publicado no JACC, importante jornal de cardiologia dos Estados Unidos, mostrou uma redução de 38% na realização de cateterismos cardíacos nos casos de infarto agudo do miocárdio com supra de ST (o tipo mais grave de infarto). Uma possível explicação é

AGÊNCIA SENADO

que, embora os infartos continuem ocorrendo, os pacientes estão evitando ir ao hospital ante o surgimento de sintomas como dor no peito e falta de ar, para os quais a recomendação é de buscar o pronto socorro o mais rápido possível. A falta de socorro imediato aumenta a chance de sérias complicações, tornando a situação ainda mais grave. Alguns pacientes foram a óbito em casa, sem buscar assistência. Esse assunto tem sido motivo de debate nas Sociedades Europeia e Americana de Cardiologia

e precisa ser discutido em todo o mundo, especialmente no Brasil. No dia a dia nos hospitais de Brasília temos observado o mesmo fenômeno constatado pela publicação especializada americana. Vários pacientes, por medo da covid-19, não têm buscado os hospitais, ou o têm feito tardiamente, com sintomas de infarto e outras condições graves. Isso pode piorar de modo considerável o resultado do tratamento. Na condição de médico cardiologista, recomendo e oriento a todos que evitem aglomerações, evitem ir aos prontos-socorros por questões desnecessárias ou situações eletivas. No entanto, reforço que os pacientes que apresentem sintomas cardiovasculares, como dor no

peito ou falta de ar, além de casos que inspirem cuidados de emergência (arritmias, acidente vascular cerebral, sepse, entre outros), devem procurar o pronto-socorro o mais breve possível. Temos recebido casos de pessoas dando entrada no pronto-socorro com infarto bem evoluído, chegando muito tarde, por medo do coronavírus. Precisamos buscar um ponto de equilíbrio. Do contrário, muita gente vai ficar doente ou morrer por outros motivos. Não podemos permitir que o medo de morrer de covid-19 nos leve a outras formas evitáveis de morte. (*) Médico graduado pela UnB, Mestrado em Cardiologia pela USP – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia


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Túnel de Taguatinga começa a sair do papel

DÊNIO SIMÕES/AGÊNCIA BRASÍLIA

SECRETARIA DE OBRAS/REPRODUÇÃO

GDF inicia obras de desvios de trânsito na EPTG para garantir a fluidez do tráfego durante a obra na área central da cidade Da Redação O túnel do centro de Taguatinga começa a sair do papel. O Governo do Distrito Federal iniciou, na quinta-feira (14), os desvios de trânsito necessários para a obra. O trabalho começou na alça de acesso à EPTG pelo Pistão Norte, que será alargada e ganhará mais uma faixa. No dia 18 de maio, devem ser iniciadas as obras na Ave-

VINÍCIUS DE MELLO/AGÊNCIA BRASÍLIA

67 Quando os desvios do trânsito ficarem prontos, a Avenida Central será parcialmente interditada

nida das Palmeiras. A previsão é que os desvios estejam prontos em 30 dias e que comecem a funcionar no dia 15 junho. “Queremos garantir a fluidez do tráfego e a segurança de todos durante a execução dos serviços do túnel. São mais de 135 mil veículos que circulam pela região”, explica o secretário de Obras, Luciano Carvalho. “Para isso, estamos agindo de forma preventiva e construindo

desvios eficientes, uma vez que, durante a construção do túnel, a Avenida Central será, parcialmente, interditada”, acrescenta. Serão realizados serviços de terraplanagem, pavimentação, instalação de sinalização de trânsito horizontal e vertical, limpeza de camada vegetal e corte de árvores em trechos do Pistão Norte, da Avenida das Palmeiras e no acesso à Avenida Samdu Norte.

“É importante reforçar que para as obras de desvios de trânsito não haverá qualquer interdição no fluxo atual dos veículos”, esclarece Ricardo Terenzi, subsecretário de Acompanhamento e Fiscalização de Obras do GDF. Além do consórcio de empresas responsável pela execução do túnel, as obras dos desvios de trânsito contam com apoio do Detran, DER, CEB e Novacap.

Ela só queria que a Minerva Foods limpasse seu nome Pollyanna Villarreal Depois de horas de tensão e do desabafo nas redes sociais, a dona do restaurante Dona Jú Cozinha e Bar, de Ceilândia, conseguiu limpar o nome para ter acesso a empréstimo bancário e dar uma sobrevida ao negócio, fechado desde o início pandemia do novo coronavírus, e preservar o emprego de 52 funcionários que ela chama de “filhos”. No vídeo, Jucélia Picussa fala

do sofrimento de demitir os colaboradores e de não poder pagar as dívidas. Chorando, conta que a multinacional Minerva Foods a protestou por causa de uma dívida R$ 4 mil, paga com a ajuda de funcionários. Mas a empresa não lhe enviava a carta de anuência”. Emocionada, fez o desabafo de um problema. Em vários telefonemas a Minerva alegava que não podia emitir o documento porque tudo estava fechado em razão do isolamento social.

No desespero, Jucélia soltou o vídeo na Internet e, no mesmo dia, entendeu que, ao contrário do mercado financeiro, há gente carregada de compadecimento. Em novo vídeo no Instagram, na quinta (14), ela conta, com o rosto inchado de tanto chorar: “Nunca imaginei que eu era uma pessoa tão querida. Sabe que você perceber que 52 funcionários têm chance de permanecer com você e pegar os que estão perdidinhos por aí. Muita gente me ligou

(...). E chegou na Minerva. (...). O sr. Edson me ligou ontem, nove e meia da noite me garantindo que a carta estaria aqui hoje”. A Minerva se colocou à disposição e até perguntou o que ela queria para compensar o transtorno. Mas ela só fez um apelo: “Peguem este caso e revejam casos como o meu, porque nós, pequenininhos, se tivermos chance, se vocês nos irrigarem, a gente vai sustentar a cadeia de vocês e manter vocês no topo. Revejam esses processos”.


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ESPÍRITA

José Matos Espiritualidade em alta De repente, muitos se tornam “religiosos”, divulgando e pedindo orações. Mas oração não repercute quando parte de mente indiferente ou nociva ao semelhante Bastou um vírus para a humanidade tomar consciência de que a vida é frágil e de nada adianta ter acumulado muito, principalmente por meios desonestos, que, de repente, tudo vira pó. O vírus não olha idade, sexo, cor, condição social, grau de instrução etc. De repente, muitos se tornam “religiosos”, formando grupos de

oração, divulgando orações, pedindo orações. Mas oração não repercute quando partida de mentes indiferentes ou nocivas aos semelhantes. Deus é amor. Se você quiser ser ouvido e atendido, terá de ser um instrumento de Deus, deixando de prejudicar, de prejudicar-se e cooperando com seus semelhantes.

NUTRIÇÃO

Caroline Romeiro Aprendendo a cozinhar na quarentena? Essa é uma boa hora para resgatarmos uma herança cultural que é a alimentação e a gastronomia brasileiras! Estamos há 60 dias em quarentena desde o primeiro decreto do governador Ibaneis Rocha que suspendeu as aulas no Distrito Federal e, aos poucos, foi determinando o fe-

TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA

chamento de comércio e atividades não essenciais. Uma taxa de 70% de isolamento social seria o ideal, mas nunca atingimos esse índice. O fato é que, sim, muitos de nós

Embora muitos procurem conforto na oração e na religião, a verdade é que a maioria está apenas assustada. Basta passar a crise e voltará à velha vida. Religião não significa espiritualidade. Religião é apenas a porta para a espiritualidade, desde que seja usada como um meio de treinamento, de desenvolvimento espiritual. Desenvolvimento que requer empenho, determinação, apoio de quem atravessou os desertos da caminhada. O deserto simboliza os períodos de recolhimento para estudo, oração, meditação, reflexão. Haverá dúvidas, conflitos, vozes desanimadoras e somente a persistência, a prática e o estudo clarearão os caminhos. A participação em grupos é de fundamental importância para o apoio dos colegas de mesmo nível, dos mais maduros e de instrutores. O afastamento de determinados am-

bientes e colegas fúteis e vazios é muito importante para que o candidato se fortaleça. Espiritualidade é a essência da religião; a parte oculta esquecida das religiões; a sua parte esotérica. Quando se pratica espiritualidade, lentamente mudanças acontecem na vida e no viver do iniciado. É preciso não criar ilusões de grandeza, de missionarismo, de origem alienígena. O desenvolvimento espiritual ou espiritualidade só tem início, mas não tem fim. É o bom combate de que falava São Paulo. É a batalha que Arjuna não queria enfrentar no Bhagavad Gita. Siga com os Mestres do Oriente: “Caminhe, até que não exista mais nem o caminho e nem o caminhante, e só exista o caminhar”.

estamos em casa, respeitando esse período. E, claro, muitos estamos fazendo trabalho remoto. Mas, permanecendo mais em casa, surgiu uma boa oportunidade para quem não tinha tempo ou até mesmo para quem não sabe cozinhar, aprender uma nova atividade. É cada vez mais frequente a presença de programas culinários, tanto na TV aberta como na fechada, ou no Youtube e Netflix. O acesso a esses programas, que muitas vezes ensinam preparações fáceis de serem feitas até mesmo por marinheiros de primeira viagem, tem levado muita gente para a cozinha. Nesse período, desenvolver novos hábitos e hobbies tem sido recomendado. E cozinhar pode ser, sim, um hobby terapêutico!

Além disso, nada melhor do que cuidar da saúde cozinhando. Resgatar a prática de cozinhar é uma das recomendações do nosso Guia Alimentar para a População Brasileira. Junto dessa recomendação também está a de se alimentar com alimentos in natura e minimamente processados, além de valorizar os alimentos regionais. Essa é uma boa hora para resgatarmos nossa herança cultural que é a alimentação e a gastronomia brasileiras! Aproveite o momento!

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)

CANAL 12 NA NET WWW.TVCOMUNITARIADF.COM @TVComDF

TV Comunitária de Brasília DF


Brasília Capital n Esportes n 12 n Brasília, 16 a 22 de maio de 2020 - bsbcapital.com.br

Futebol ao vivo de volta à telinha FoxSports e ESPN transmitem jogos do campeonato alemão já neste fim de semana

DIVULGAÇÃO

Confira os jogos com transmissão ao vivo: 16 de maio (sábado) 10h30 - Borussia Dortmund x Schalke (FOX SPORTS) 10h30 - Fortuna Düsseldorf x Paderborn 10h30 - RB Leipzig x Freiburg (ESPN BRASIL) 10h30 - Hoffenheim x Hertha Berlim

Gustavo Pontes Sem jogos desde 11 de março, o campeonato alemão voltará neste fim de semana com jogos sem a presença de público e com medidas de segurança para evitar contágio e propagação do novo coronavírus. Antes da volta da competição, todos os jogadores e membros das comissões técnicas dos clubes foram testados mais de uma

vez e apenas 0,005% testaram positivo para a covid-19. Dentre outras medidas adotadas, os atletas ficaram em isolamento por 7 dias antes de entrarem em campo. Ao contrário do Brasil, a Alemanha é um dos países que mais vem fazendo testes com a população e já está em fase de volta das principais atividades. Os testes nos clubes de futebol representam apenas 0,4% do total.

10h30 - Augsburg x Wolfsburg (FOX SPORTS 2) 13h30 - Eintracht Frankfurt x Borussia M’gladbach (FOX SPORTS) 17 de maio (domingo) 10h30 - Colônia x Mainz (ESPN BRASIL) 13h00 - Union Berlin x Bayern de Munique (FOX SPORTS) 18 de maio (segunda-feira) 15h30 - Werder Bremen x Bayer Leverkusen (ESPN BRASIL)

Globo reprisa jogos históricos de grandes clubes

Flu é o único do Rio a não demitir durante a pandemia

Após o sucesso na transmissão de jogos marcantes da seleção brasileira nas últimas semanas, a Globo irá reprisar, a partir deste domingo (17), jogos marcantes dos principais

Devido à pandemia do novo coronavírus, os clubes de futebol também estão passando por dificuldades financeiras. Com isso, Flamengo, Vasco e Botafogo anunciaram a demissão de funcionários em meio à crise e, entre os grandes do Rio de Janeiro, apenas o Fluminense anunciou que fez acordos de redução salarial com jogadores e de alguns diretores, gerentes e prestadores de serviço para que não precisasse demitir ninguém. Na semana passada, Fluminense e Botafogo foram os dois únicos clu-

clubes do Brasil. No DF, foram escolhidas partidas dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, os mais populares entre os torcedores da capital. Confira a programação da emissora:

17/05 - Flamengo 2 x 1 River Plate – final da Libertadores 2019 24/05 - Barcelona-EQU 1 x 2 Vasco, final da Libertadores 1998 31/05 - Palmeiras 2 x 3 Fluminense, Brasileirão 2012 07/06 - Santos 1 x 1 Botafogo, final do Brasileirão 1995

bes a não assinar documento da Federação de Futebol do estado (FERJ) a favor da volta dos treinamentos, mesmo com o Rio de Janeiro sendo uma das cidades que mais vem sofrendo com a pandemia. Vale lembrar que o Fluminense tem uma dívida da CLT com jogadores e funcionários desde março. Estagiários ainda não receberam em 2020. No dia 7 de maio venceu o mês de abril. Os direitos de imagem dos atletas que têm o benefício estão atrasados desde o ano passado. (GP)


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