Jornal Brasília Capital 422

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R$ 2,7 bi irrigaram aprovação da nova Previdência

GDF divide em quatro etapas atendimento a famílias inscritas na Codhab. Também haverá medidas contra o desemprego

R$ 140,791 milhões foram destinados a emendas de 16 parlamentares e ex-parlamentares do DF

Pelaí - Página 3

Ano VIII - 422

Brasília, 20 a 26 de julho de 2019

Chico Sant’anna - Páginas 4 e 5

Hamburgueria Itamaraty

A ‘nova política’ brasileira trocou a pizza pelo hambúrguer. O zero três da linhagem Bolsonariana, bateu o pé: “papai, eu quero a embaixada de Washington”! “Oh, meu filho,

me diga pra quê!”. “Já sei fritar hambúrguer, papai!”. E assim, a nomeação do futuro embaixador do Brasil nos EUA virou piada nacional. O presidente Jair comprou a briga e Página 6

diz que se puder vai dar o filé mignon para o filho. Mas, antes, Eduardo terá que passar por uma sabatina e por uma votação no plenário do Senado. Por que, papai?

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Ibaneis entrega 25 mil moradias até 2023


Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 20 a 26 de julho de 2019 - bsbcapital.com.br

E

ARTIGO

x p e d i e n t e

Qual o melhor caminho: União Europeia ou Brics João Bosco Borba (*) Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diagramação / Arte final Thiago Oliveira artefinal.mapadamidia@gmail.com (61) 9 9117-4707 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com

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Uma das condições quando estamos no mundo dos adultos é tomar decisões sobre qual o melhor caminho a seguir. Isto acontece também nas decisões entre as nações, onde o impacto de uma decisão pode atingir várias gerações. No meu entender, o acordo União Europeia e Mercossul terá reflexos diretos por décadas junto à população brasileira. Quando nos debruçamos sobre a História do Brasil, existe uma lógica que se arrasta há séculos, onde a riqueza do nosso país tem como beneficiário apenas 3% da população, perpetuando uma lógica que persiste desde o tempo das colônias: os ricos cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. Enquanto o rendimento médio per capita mensal dos mais ricos em 2017 foi de R$ 6.629, o dos mais pobres foi de R$ 376. O grupo dos 10% mais ricos concentra 43,1% da renda do país. De uma forma geral, o grupo

dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representa mais de 40% da população mundial, com mais de três bilhões de pessoas, na sua maioria jovens. Os cinco países membros do Brics têm um passado e presente sociais muito semelhantes, de superação da miséria. Apenas a título de exemplo, de 1958 a 1962, nada menos de 45 milhões de chineses morreram de fome. Pouco mais de meio século depois, a China caminha para ser a primeira economia do mundo nos próximos anos. Por outro lado, esses países apresentam sucessivos aumentos no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), no PIB (Produto Interno Bruto) e na renda per capita. Nos últimos anos, foram responsáveis por cerca de 55% do crescimento econômico mundial, cenário no qual os países desenvolvidos contribuíram com apenas 20%. Esse bloco econômico – o Brics – detém 70% do petróleo, do gás, da água, do minério e do ouro do pla-

neta. Mais de 40% das florestas agricultáveis do concentram nesses cinco países, além de um respeitável exército e arsenal bélico. A nossa aliança com os Brics traria um desenvolvimento sustentável onde o benefício econômico resultaria em mais saúde e educação para nosso povo. Garantiria melhoria do transporte, acesso a novas tecnologia – afinal, a sua maioria dos países do bloco tem uma história de enfrentamento da miséria com desenvolvimento econômico e social. O acordo UE e Mercosul reforçará a lógica de um Brasil exportador de comodities onde o benefíciário serão os 3% de brasileiros mais ricos, e não a população como o todo. Ir atrás do primo rico (a Europa) é pegar a contramão da nova ordem social, que é desenvolvimento com igualdade social.

(*) Consultor Internacional de Negócios de África e Mercosul

Future-se reestrutura financiamento das universidades Da Redação O Ministério da Educação lançou, quarta-feira (17), o programa Future-se, pelo qual o governo pretende reestruturar o financiamento de institutos e universidades federais. O programa tem como objetivo central estimular as instituições a captar receitas próprias por meio de contratos com organizações sociais e dentro de alguns modelos de negócios privados. A adesão será voluntária. A iniciativa passará por um período de consulta pública até o dia 7 de agosto. O Future-se se organiza a partir de três eixos principais: 1 – Gestão, governança e empreendedorismo; 2 – Pesquisa, inovação e internacionalização; e 3 – Pela cultura do esforço. CAPITAL PRIVADO - O eixo 1 é a principal ancoragem para o capital pri-

vado nas instituições. O programa defende que institutos e universidades se aliem a diversos modelos de fundos de investimentos para ampliar suas receitas e criar ambientes favoráveis aos negócios. No eixo 2, o governo criará um portfólio das boas práticas existentes nos institutos e universidades federais e buscará recursos internacionais que possam ser utilizados na modernização de parques tecnológicos ou na geração de patentes. O MEC defende ainda a parceria com instituições internacionais de ensino para a oferta de cursos à distância, gratuitos ou pagos, que gerem créditos aos estudantes brasileiros. PREMIAÇÃO - No eixo 3, outro ponto defendido pelo programa é o de premiar as melhores iniciativas das instituições e dos professores, que serão

incentivados a buscar rentabilidade a suas produções acadêmicas, em uma perspectiva individual. “Estamos tornando o cargo de professor universitário o melhor cargo do Brasil, porque além de ele ter o salário garantido [com o aporte dos fundos de investimentos] tudo o que ele conseguir captar será dele”, disse o secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior. E exemplificou: um professor de Economia que publicar sua produção em uma revista como a Econométrica, será remunerado. O governo também declarou a possibilidade dos docentes estabelecerem sociedade com propósitos específicos, explorarem patentes ou serem fundadores ou sócios de startups dentro das universidades, “desde que isso volte para a educação”, concluiu Arnaldo Lima Júnior.


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BELMONTE NA SAÚDE - A deputada Paula Belmonte destinou R$ 14 milhões em emendas para a Secretaria de Saúde, prioritariamente para pediatria e maternidade infantil. Dezesste unidades e 13 regiões administrativas serão contempladas. Foram contemplados os hospitais regionais da Asa Norte, Gama, Guará, Brazlândia, Ceilândia, Planaltina, Santa Maria, Samambaia, Sobradinho, Taguatinga e Paranoá e o HMIB), além das UBSs de Ceilândia, Paranoá e Planaltina e a Casa de Parto de São Sebastião.

GDF assina concessão do Mané Garrincha O governador Ibaneis Rocha (MDB) confirmou para sexta-feira, dia 26 de julho, às 12h, na tribuna de honra do Mané Garrincha, a solenidade de assinatura do contrato de concessão do Estádio Nacional de Brasília para o consórcio Arena BSB. O contrato terá validade de 35 anos, mas nos primeiros seis meses a operação será assistida pela Terracap, que continuará à frente da administração da arena durante o período de transição. O consórcio BSB Boulevard Show de Bola ficará responsável pelas instalações do conjunto esportivo que compreende, além do estádio, o ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. O Arena BSB pagará R$ 5,05 milhões por ano ao GDF, mais 5% do faturamento geral do complexo. Para o evento do dia 26, além do governador Ibaneis e convidados, estarão presentes autoridades e o presidente do consórcio, Richard Dubois. O Arena BSB é uma Sociedade Anônima (SA) de Propósito Específico (SPE), da qual participa, entre outros, a Johan Cruijtt Arena, da Holanda, antiga Amsterdam Arena. RENATO ALVES/AGÊNCIA BRASÍLIA

O primeiro escalão do GDF e a direção do consórcio voltaram a se encontrar

GDF vai entregar 25 mil moradias até 2023 JÚLIO PONTES/BSB CAPITAL

O GDF dividiu em quatro etapas o atendimento a famílias inscritas na Codhab à espera da casa própria, uma das ações previstas no Plano Estratégico do Distrito Federal 2019-2060. As outras ações, que devem ser iniciadas ainda neste ano, envolvem medidas como redução do desemprego, aumento da competitividade do DF, aumento da disponibilidade de medicamentos para a população e redução de mortes no trânsito. ALUGUEL - Até 2023, está prevista a entrega de 25 mil unidades habitacionais e a implantação do Programa Locação Social, para redução do déficit por ônus excessivo com aluguel, e do Plano Distrital de Habitação de Interesse Social. O GDF também vai realizar melhorias em mil unidades habitacionais de famílias de baixa renda e ampliar em 20 mil unidades a oferta de lotes urbanizados para a Habitação de Interesse Social. PDOT - Dessa forma, a revisão, aprovação e implementação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT, que será revisado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) até 2021, é o instrumento básico da política territorial. ESCRITURAS - O GDF também vai entregar 100 mil escrituras de Áreas de Relevante Interesse Social (Aris) e 15 mil de Áreas de Relevante Interesse Específico (Arine). Um exemplo

é Vicente Pires, a maior ocupação irregular de interesse específico do Brasil, com uma população de mais de 80 mil habitantes. Em dois dos quatro trechos nos quais a cidade foi dividida (o Jockey Club e a Colônia Agrícola Samambaia), que pertencem à Terracap, os lotes estão sendo vendidos aos atuais moradores, que depois terão direito à escritura. CONDOMÍNIOS – Um terço da população do DF mora em áreas irregulares. Segundo estudo da Fundação João Pinheiro, seria necessário aumentar em 14% a oferta de domicílios no DF para sanar a carência de moradia. O déficit é causado pelo ônus excessivo com aluguel e a quantidade de famílias que dividem o mesmo domicílio. SAMAMBAIA - Até o fim do ano, serão entregues 2.360 unidades. O primeiro projeto será a quadra 700 do Sol Nascente (132 unidades em agosto, e mais 176 em dezembro). Depois, virá o Setor Crixá, em São Sebastião (1.904 unidades a serem entregues em outubro e novembro) e dois residenciais em Samambaia, em novembro. RECANTO - Serão aceleradas as obras do Residencial Vale da Bênção, no Recanto das Emas, que estavam paradas. Serão oferecidas 24 mil unidades. Além disso, famílias já estão sendo chamadas para se habilitar para o Itapoã Parque, que em dois anos vai oferecer 12 mil apartamentos.

Gama na agenda nacional de eventos O Gama está na moda e começa a sediar eventos nacionais. Depois de o Bezerrão ser eleito uma das sedes do Mundial de futebol sub-17, de 26 de outubro a 17 de novembro, a cidade será anfitriã do 4º Encontro Nacional Ecossocialista, uma tendência interna do Psol, nos dias 27 e 28 de julho. Militantes de 19 estados de todas as regiões do país, que conjugam a ideologia socialista com a ambientalista, estarão lá reunidos. PARQUE - “Esse encontro inverte a lógica Plano Piloto centrista. Nesse encontro no Gama faremos um debate urgente sobre o Ecossocialismo, no contexto de um governo que declarou guerra ao meio ambiente e está desmontado a política ambiental nacional construída ao longo de décadas”, diz o coordenador do evento, advogado Juan Ricthelly. Entre outros temas, serão debatidos o “Desmonte ambiental do governo Bolsonaro”, “Ecofeminismo e bem viver no Campo, Cidade e Floresta”. O evento reforça a luta pela regularização e preservação do Parque Ecológico do Gama, alvo de grilagem e ocupações irregulares.


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Brasília

Acompanhe também na internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress. com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Por Chico Sant’Anna

Aprovação da Previdência rendeu R$

A

WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

recente votação em primeiro turno da reforma da Previdência foi turbinada pela liberação de emendas orçamentárias em valores recordes, mesmo se comparados aos tempos da chamada “velha política”. Na primeira importante votação da era da “nova política”, a torneira do Tesouro Nacional foi aberta para escoar R$ 2,7 bilhões, empenhados em apenas dez dias. Parte do agrado (R$ 140,791 milhões) foi destinada a parlamentares e ex-parlamentares do Distrito Federal, além da chamada emenda coletiva de bancada. As emendas têm a autoria de dezesseis deputados e senadores que exerceram o mandato até dezembro de 2018, independentemente de terem sido reeleitos. Os dados são da ONG Contas Abertas, que monitora os gastos públicos. Para garantir os votos que aprovaram a reforma da Previdência, deputados obtiveram R$ 2,7 bi em liberação de emendas parlamentares

Agraciados revelam desconhecimento A coluna procurou os parlamentares e ex-parlamentares agraciados com o pagamento ou empenho. Os poucos que retornaram revelaram total desconhecimento. Indagado sobre que destino teriam os R$ 5.730.686,52 das emendas de sua autoria que foram empenhadas e os R$ 2.515.652,41 pagos, o ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania) respondeu telegraficamente: “não lembro”.

O ex-senador Hélio José (Pros), que não foi reeleito, não retornou para detalhar os R$ 6.105.574 empenhados e os R$ 2.546.701,15 pagos. A assessoria da deputada federal Érika Kokai (PT), embora tenha prometido, não detalhou para onde vão os R$ 2.377.157,91 empenhados e os R$ 3.313.495,92 pagos. A assessoria do senador Izalci Lucas (PSDB), vice-líder do governo, não soube precisar para onde foram os R$ 2.036.519,57 pagos em duas liberações. E estima que o empenho de R$ 1,5 milhão destina-se a reforçar o caixa do Ministério da Ciência e Tecnologia. O senador Reguffe (sem par-

tido) informou que a maioria de suas emendas focou a Saúde e, nessa área, as verbas são destinadas à compra de medicamentos e equipamentos, revitalização das instalações e aquisição de veículos para o Corpo de Bombeiros. Entretanto, como sua equipe já se encontrava em recesso, não tinha como detalhar onde exatamente seriam alocados R$ 9,350 milhões empenhados e o R$ 1,173 milhão pagos pela União. DESTINO - As emendas são indicações de gastos no Orçamento da União por deputados e senadores, que costumam privilegiar seus redutos eleitorais nos repasses para obras

ou programas. No caso do DF, esses valores foram divididos em dois grupos: emendas empenhadas (R$ 119.202.010,43), e emendas pagas (R$ 21.589.634,47). No primeiro caso, trata-se de um sinal verde de que o órgão ou governo beneficiado recebeu e deve preparar a documentação para a execução do contrato, serviço ou obra relacionada à emenda. No segundo, é a liberação efetiva dos valores. Segundo a Contas Abertas, de maneira geral, em todo o Brasil os recursos liberados se destinam em grande parte à Saúde, mas não soube precisar ao que exatamente se relacionam os valores.


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R$ 140 mi para o DF R$ 132 mi em emendas de bancadas JÚLIO PONTES/BSB CAPITAL

A totalidade dos parlamentares de cada estado pode apresentar ao orçamento da União emendas que representam o desejo de todo o grupo. São as chamadas Emendas de Bancadas, normalmente com maior potencial financeiro e destinadas a obras que consomem mais recursos. Para este ano foram alocados R$ 132,9 milhões para Brasília, mas o GDF tem R$ 372,6 milhões congelados no Tesouro Nacional que poderiam ser usados para resolver muitos problemas e alavancar a economia local. O montante se refere a emendas da bancada não executadas de 2016 a 2018 devido a pendências e falhas nos projetos aos quais os recursos serão destinados. Um exemplo é o viaduto do Recanto das Emas, cujo dinheiro está alocado mas os projetos e estudos técnicos não foram feitos. No balaio de agrados federais, o DF foi contemplado com o empenho de R$ 72.316.351 em emendas coletivas. Para qual destino, nem a asses-

Para onde vai o dinheiro? Izalci Lucas não sabe

soria do senador Izalci, o coordenador da bancada, soube informar. E olhe que o senador tem uma equipe de 85 funcionários comissionados, segundo o portal UOL. Para ver a cor dessa dinheirama, mais uma vez o GDF terá que fazer o dever de casa. E bem feito! Se não apresentar a documentação exigida, os recursos ficarão no limbo, e não se transformarão em obras e serviços para população. Com mais de 330 mil desempregados no DF, seria bom agir rápido e de forma eficiente.

Sem mandato, mas com dinheiro a repassar A demora do governo federal em liberar as emendas, que são impositivas – ou seja, não podem ficar retidas – gera uma realidade no mínimo curiosa. Parlamentares que perderam nas urnas continuam com dinheiro em caixa. E, em alguns casos, não é pouco. Juntos, os ex-deputados Augusto Carvalho (Solidariedade), Alberto Fra-

ga (DEM), Laerte Bessa (PR), Ronaldo Fonseca e Professor Pacco (ambos do Podemos), Rogério Rosso (PSD), Roney Nemer (PP) e Vitor Paulo (PRB), possuíam, na antevéspera da votação, R$ 21.822.241,00 em emendas empenhadas e R$ 10.004.265,42 pagas. Também não foi possível obter informações junto a esses políticos sobre a destinação desses valores.


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“Nova política”: de pizza para hambúrguer Possível indicação de filho de Bolsonaro para embaixada em Whashington vira piada nacional Embaixadores fora da carreira só em caráter excepcional

Orlando Pontes O Brasil mudou. Até há poucos dias, costumava-se dizer que tudo na política nacional acabava em pizza. No entanto, desde que o zero três da linhagem bolsonariana bateu o pé para tornar-se embaixador em Washington, os finais de festa passaram a ser abastecidos à base de hambúrguer. O presidente da República admite a possibilidade de satisfazer o desejo do filho, que, para demonstrar estar apto a exercer a função na mais importante representação brasileira no exterior, alegou ter feito intercâmbio nos EUA, e chegou a fritar hambúrgueres na lanchonete Popeyes. A história foi desmontada pelo jornalista Guilherme Amado, da revista Época: a Popeyes não vende hambúrguer. O passar dos dias e os desdobramentos do factóide – que desviou a atenção de assuntos realmente importantes, como as reformas da Previdência e Tributária e os vazamentos do site Intercept Brasil que comprometem o ministro da Justiça Sérgio Moro – transformaram a hipótese na mais recente piada nacional. Nas redes sociais, viralizaram vídeos onde o deputado Eduardo Bolsonaro é ridicularizado. Ora com paródias de músicas dedicadas a filhos birrentos, ora com ele próprio se enroscando em seu inglês macarrônico. Até Caetano Veloso caiu na risada... NÃO FRITA COMO EU FRITO – “Eduardo é meu filho... fala inglês, fala espanhol, tem uma vivência internacional muito grande. E frita hambúrguer também, tá legal?”, disse Jair em conversa com jornalistas no Alvorada após reunião ministerial na terça (16). "Frito melhor do que ele, talvez por isso eu seja presidente”, emendou. Bolsonaro insistiu que o zero três tem boas relações com os filhos de Donald Trump, o presidente norte-americano. E, baseado em pareceres da área jurídica do Planalto, descarta estar praticando nepotismo. Na

quinta (18), disparou uma live no Facebook: “É filho meu. Se puder dar o filé mignon para ele eu dou”. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, declarou que o cargo de embaixador "é político". Opinião contrária tem o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal: o caso configuraria, sim, prática de nepotismo. Para ele, a Constituição afasta a possibilidade de o presidente nomear o filho. SABATINA – A determinação do presidente de atender a vontade do filho pode não ser suficiente para Eduardo mudar-se de Brasília para Washington. Aos 35 anos recém-completados – uma das condições para se tornar embaixador, e que talvez por isso o cargo esteja vago desde abril –, o parlamentar terá de ser sabatinado na Comissão de Relações Exteriores do Senado e aprovado pelo plenário da Casa. As duas votações são secretas. Mas a oposição pretende abrir o voto para constranger aqueles que apoiarem a indicação do zero três, altamente criticada pela opinião pública. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse ao chefe do Executivo que ele tem, sim, a prerrogativa de indicar os repre-

sentantes diplomáticos no exterior. “Independentemente da indicação, todos são iguais e todos passam por sabatina. Seja quem for", afirmou. RENÚNCIA – Pela lei atual, Eduardo precisará renunciar ao mandato de deputado. De imediato, porém, o governista Capitão Augusto (PL-SP) avisou que apresentará uma Proposta de Emenda à Constituição que permita a deputados e senadores assumirem missão diplomática sem perder seus mandatos. O deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ), que é diplomata, apresentou projeto para determinar que “sejam designados para chefe de missão diplomática permanente exclusivamente integrantes do quadro da carreira diplomática do Serviço Exterior Brasileiro”. Até aliados questionaram a escolha. A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) twittou: “Quem fez Eduardo deputado foi o povo. Isso precisa ser respeitado. Crescer, muitas vezes, implica dizer não ao pai”. Segundo levantamento de O Estado de S.Paulo, dos atuais 17 integrantes da comissão, 6 são contrários e 7 favoráveis, 3 não comentaram e só um não se manifestou – a senadora Renilde Bulhões (Pros-AL).

A Lei 11.440, de 2006, define os critérios para a escolha de chefes de missões diplomáticas. A legislação determina como regra que os embaixadores serão escolhidos entre os ministros de primeira classe ou de segunda classe do Ministério das Relações Exteriores. Porém, a lei autoriza, em caráter excepcional, que sejam escolhidos para os cargos pessoas que não façam parte da carreira diplomática, desde que sejam brasileiros natos, maiores de 35 anos, “de reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao país". A indicação é confirmada com a publicação de uma mensagem do presidente da República no Diário Oficial da União. A indicação é enviada ao presidente do Senado, que a encaminha à Comissão de Relações Exteriores. O presidente do colegiado indica um relator para apresentar um parecer em que analisa o currículo do indicado. Após a leitura, é tradicionalmente concedida vista coletiva e a sabatina é realizada em outra reunião, quando os senadores questionam o candidato. Ao final da sabatina, o colegiado submete a indicação à votação. A comissão conta com 19 senadores titulares. A votação no colegiado é secreta e precisa de maioria simples. Independentemente da aprovação ou rejeição na CRE, o plenário do Senado precisa referendar o resultado, também em voto secreto com maioria simples.


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ESPÍRITO

José Matos Revolta contra Deus não tem sentido Você é apenas uma pobre alma protestando contra a luz e o calor do sol. Coopere para melhorar o pequeno mundo à sua volta É comum, embora não seja inteligente, pessoas infantis se revoltarem com Deus frente a dificuldades e frustrações na vida. Alguns se dizem religiosos, mas a revolta indica que não entendem o Criador e nem conhecem suas leis. Para o pensador cristão Pietro Ubaldi, “Deus é um conjunto de leis”.

Ser religioso significa ter fé para vivenciá-las. Mas o que significa ter fé? Significa confiar que o Criador sempre age para melhor, embora respeitando o livre arbítrio dos seus filhos e, deixando-os com suas experiências para que possam aprender com elas. A vida é dialética. Da tese para a antítese, e desta para a síntese. É das

NUTRIÇÃO

Caroline Romeiro Xenobióticos. Já ouviu falar? São substâncias que podem ser encontradas num organismo, mas não são produzidas pelo corpo humano Do grego, xenos significa estranho. Xenobióticos são compostos químicos estranhos a um sistema biológico. Podem ser encontrados num organismo, mas não são subs-

TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA

tâncias produzidas ou esperadas no organismo humano. Medicamentos podem ser considerados xenobióticos, porque o corpo humano não os produz, nem eles

contradições, vitórias, derrotas, frustrações, decepções, fracassos, dor e prazer, que crescemos. Hoje melhor que ontem e amanhã melhor que hoje. Das muitas leis de Deus, as mais importantes são: Lei do Progresso: viemos a esta vida para aprender, crescer, desenvolver nossas potencialidades e dar nossa colaboração. Necessitados de ajuda permanente, percebemos que os outros também precisam de nós. E assim descobrimos a segunda Lei: a da Solidariedade. Se continuarmos interessados na vida e no viver, vemos que cada um planta e, de igual maneira, colhe. Desta forma, chegamos à terceira Lei: a da Ação e Reação, ou Lei do Carma. Não obstante, em muitos casos, percebemos que a colheita não foi igual à plantação. Isso mesmo. É que Lei de Solidariedade anula, parcial ou integralmente, a plantação negativa. É isso que os hermeneutas chamam de

Misericórdia de Deus. É por isso que Santo Agostinho ensinava: “ame, e tudo o que você fizer estará certo”. E o apóstolo Pedro, na mesma direção, lembrava: “o amor cobre (anula) a multidão de pecados”. Confie! De nada adiantará sua revolta. Você é apenas uma pobre alma protestando contra a luz e o calor do sol. Torne-se humilde e aprendiz da vida, coopere para melhorar o pequeno mundo à sua volta. Ore constantemente para desenvolver força mental e, gradativamente, se encantará com o Criador e suas leis, até o dia em que viverá na paz prometida por Jesus, tornando-se mais um auxiliar divino, onde não haverá mais dor, mas somente a felicidade eterna.

fazem parte da dieta humana. Sabe o que mais são xenobióticos? Aditivos químicos usados pela indústria de alimentos, substâncias das embalagens usadas na indústria de alimentos, agrotóxicos, etc. Portanto, temos uma exposição bastante elevada a esses compostos. E o organismo remove os xenobióticos por meio do metabolismo hepático, como uma forma de desintoxicação. Esse processo consiste na neutralização e excreção dessas substâncias. A neutralização ocorre principalmente no fígado e as principais vias de excreção são a urina, as fezes, a respiração e o suor. Alguns xenobióticos são resisten-

tes à degradação, tais como plásticos e pesticidas. Ate mesmo a garrafa plástica de água mineral pode passar xenobóticos para a água. Entre eles, o bisfenol A. Portanto, neste caso, prevenir faz parte do processo. E com isso, vale o ditado: descasque mais e desembale menos! ou seja, coma mais frutas e legumes e reduza ao máximo o cosumo de alimentos industrializados.

José Matos Professor e palestrante

Caroline Romeiro Nutriocionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)

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Brasília Capital n Cidades n 8 n Brasília, 20 a 26 de julho de 2019 - bsbcapital.com.br

A saúde como produto na prateleira Assunto de destaque do noticiário econômico da semana, uma das maiores operadoras de planos de saúde do país está em pé de guerra com uma das maiores redes hospitalares em atividade no Brasil. Não está em questão a qualidade da assistência à saúde da população, mas o lucro. Governantes e políticos não se pronunciam, mas o mercado ameaça assumir o controle das políticas de saúde brasileiras. Nesta briga específica, o objetivo do plano de saúde é mudar a forma de pagamento, impondo “pacotes de procedimento” que limitam a autonomia de hospitais, médicos e outros prestadores de serviço em relação à indicação de procedimentos necessários para o tratamento do paciente. Não está em questão se o paciente precisa ou não dos procedimentos indicados. O caso é que, sob pretexto de cobrança de eficiência, os planos de saúde não querem cobrir as despesas de seus beneficiários e buscam de todos os artifícios para limitar a cobertura. Na frente política, essas empre-

sas também se articulam para impor seus planos – os econômicos, não os de saúde. O assunto começou a ganhar repercussão com publicação de reportagem pelo jornal O Globo, no domingo (14/7). Dia 18, o Extra estampou matéria em que aponta “... de olho nos brasileiros que hoje são atendidos pelo SUS, as empresas querem oferecer um modelo mais segmentado de plano, em que o acesso a serviços médicos poderá ser bem mais restrito do que os que estão no mercado atualmente.” O projeto em questão é a alteração na Lei dos Planos de Saúde (Lei (656/98). Os pesquisadores Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mário Shceffer, da Universidade de São Paulo, e a presidente do conselho diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Marilena Lazzarini, divulgaram uma análise da proposta. Eles abrem o texto afirmando que “não se tem notícia, na história recente da legislação da saúde no Brasil, de tamanho extremismo na defesa de interesses privados e empresariais.”

Basicamente, a proposta propõe a diminuição de direitos, com prejuízos a 47 milhões de usuários de planos e seguros de saúde e uma apropriação descarada dos serviços oferecidos à população pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Além de prever que os planos teriam o direito de excluir e rejeitar idosos e usuários que fossem considerados onerosos, a proposta ainda fala em reajuste pelo aumento anual da idade, não em substituição, mas além dos reajustes já previstos. Pelo desejo das operadoras, as unidades públicas de saúde teriam a obrigação de notificar as operadoras, caso atendessem seus beneficiários – seria necessário criar uma área de atendimento no SUS exclusiva para as empresas de planos de saúde. No caso de internação, a operadora poderia ou não fazer remoção. No caso de remoção contraindicada por critérios médicos, os pacientes continuariam na rede pública. Em qualquer caso, o plano de saúde só pagaria ao serviço público de saúde o valor da Tabela SUS, que é muito mais baixo do que o

Bombeiro lança romance com trama explosiva ARQUIVOS PESSOAIS

A Musa e a Fênix, romance de Luiz Izaías Pereira, será lançado no dia 30 de julho, às 19h, no restaurante Carpe Diem, da quadra 104, na Asa Sul de Brasília. O livro é editado pela Chiado Books (Portugal), com representação em São Paulo. A segunda obra do autor é ambientada em cidade pequena do interior de Minas Gerais. A primeira, O rei do pé de serra, foi a biografia de seu pai, agricultor e fazendeiro. Em A Musa e a Fênix, o escritor constrói uma trama densa, extraída de suas memórias e de alguns fatos reais, envolvendo costumes

e tradições de um Brasil conservador, onde há lugar para o preconceito e a intolerância religiosa, fatores que, segundo complementa Izaías, levam a atos insanos, como incêndios, explosões e assassinatos. Luiz Izaias nasceu no município de João Pinheiro e mora em Brasília desde 1960. Coronel aposentado do Corpo de Bombeiros, ele ressalta que o rompimento de barragens em Minas Gerais, fato que tem causado sofrimento aos moradores das localidades atingidas, é um assunto que está entre seus projetos para futuros lançamentos.

A Musa e a Fênix é o segundo livro de Luiz Izaías Pereira: memórias

Dr. Gutemberg, presidente do Sindicato dos Médicos do DF e advogado

que pagam aos hospitais e clínicas particulares conveniados. Ou seja, tirar o paciente do SUS para quê, se deixá-lo lá é mais lucrativo para o plano de saúde? A mesma lógica do lucro é o que motiva a proposta da teleconsulta, adotada por aquele mesmo plano de saúde do qual falamos no início desta conversa. Se depender do mercado, a assistência em saúde vai virar produto de luxo, disponível em sua plenitude para poucos.


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