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Com produção tendendo para o etanol, usinas freiam exportações de açúcar
Consultorias têm reduzido esti− mativas de produção já refletindo o desempenho percebido pelas usinas nesse início de moagem
Com os preços impulsionados pela recuperação da pandemia e também pela longevidade da guerra entre Rús− sia e Ucrânia, as usinas de cana−de− açúcar estão optando por uma safra mais alcooleira, provocando uma de− saceleração nas exportações de açúcar.
Quase todas as empresas envolvi− das no comércio de açúcar no Brasil tiveram cancelamentos, estimados en− tre 200.000 a 400.000 toneladas de açúcar bruto, segundo apurou a agên− cia Reuters junto a um trader de um grande comerciante internacional de commodities durante a 15ª CITI ISO DATAGRO New York Sugar & Et− hanol Conference, realizada no dia 11 de maio, em NovaYork.
Segundo Plinio Nastari, presi− dente da DATAGRO, a produção de açúcar do Centro−Sul do Brasil deve cair para 32,1 milhões de toneladas em 2022/23. Isso significaria a redu− ção de 900 mil toneladas na compa− ração com a projeção feita pela con− sultoria em março.
O presidente da DATAGRO res− saltou ainda que apesar das usinas es− tarem direcionando a maior parte da matéria−prima para a produção de etanol, uma maior produção na Ásia ainda levará a um aumento na oferta global do alimento.
Projeções recentes de analistas mostram números mais baixos de produção de açúcar e volumes mais altos de etanol porque as vendas de biocombustíveis se tor− naram mais lucrativas para as usi− nas. As vendas de etanol aumenta− ram 2,6% em abril.
Um segundo trader, que também trabalha para um grande comerciante internacional de alimentos, confirmou os cancelamentos – conhecidos no setor como “ washouts ” – e disse que a maioria dos traders está tentando ser flexível ao negociar. “São contratos take−or−pay, há uma taxa, então às vezes o custo pode ser alto para a usi− na para produzir açúcar e 55% para pro− duzir etanol. Cada ponto percentual corresponde a cerca de 700 mil tone− ladas de açúcar.
Os números recém−publicados pela UNICA da moagem de cana no Centro−Sul alertam para a real possi− bilidade de uma redução na produção de cana desta safra.Várias consultorias têm reduzido suas estimativas de pro− dução já refletindo o desempenho percebido pelas usinas nesse início de moagem.
A Archer Consulting reduziu sua estimativa na produção de cana para 2022/23 no Centro−Sul para 548 milhões de toneladas (a anterior era de 552 milhões) também reduzindo a ATR em pouco mais de um quilo por tonelada de cana, o que ajusta a pro− dução de açúcar para 31.5 milhões de toneladas, 525,000 a menos do que o ano passado.
O mix de produção, deve priorizar o etanol em 56.2% e coloca a previsão de produção do combustível em 25.4 bilhões de litros que somados ao etanol de milho totalizam 29.8 bilhões de li− tros, dos quais 11.5 bilhões de litros de anidro e 18.3 bilhões de litros de hi− dratado. Tem usina que vai elevar a produção de etanol mais de 10 pontos percentuais em relação à safra passada.
Luiz Carlos Gouvêa Carvalho, presidente da Canaplan, afirma que a temporada 2022/23 deve apresentar uma recuperação. “Parece que vamos ter uma recuperação maior na produ− tividade agrícola, mas menor na qua− lidade, ou seja, será uma safra mais ca− ra ” , disse ele na abertura da 1ª Reu− nião Canaplan Safra 2022/23, realiza− da no dia 19 de abril, em Ribeirão Preto – SP.
A consultoria estima para a safra 2022/23 um aumento entre 5% e 9% da produtividade agrícola em compa− ração com a safra anterior. Com isso, a entidade projeta uma moagem de 545 milhões de toneladas de cana, poden− do variar entre 530 a 560 milhões de toneladas, a depender das condições climáticas se mostrarem mais favorá− veis ou não.
Segundo Carvalho, o mix deverá ficar entre 40 e 45%, com o volume de açúcar ficando entre 28,6 e 34,0 mi− lhões de toneladas, e a produção de etanol ficando entre 26,5 e 28,0 bi− lhões de litros.
“A safra terá volatilidade menor, mais vai ajudar muito em termos de preço,temos um impacto bom do pon− to de vista de remuneração ” , ressaltou.